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O mercado mundial de sementes movimenta US$ 37 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) Por: JESUS RIOS O CRÍTICO ___________________________ A semente é o núcleo da agricultura, sem ela não há o que plantar e o que colher, não há precisão de preparar a terra, de investir em máqui- nas para arar, adubar, plantar, molhar, não há necessidade de funcionários, de agrotóxi- cos ou qualquer tipo de de- fensivo agrícola, e caso fal- tem sementes de qualidade, milhões de pessoas passarão fome. Ao longo do desenvolvi- mento humano, o homem vem se adaptando às variações da natureza para a permanên- cia de sua espécie, através do uso e da busca de novas tecnologias, principalmente para sua alimentação. Da- dos antropológicos revelam que, na antiga Mesopotâmia, nas margens dos Rios Tigre e Eufrates, os “homo sapiens” buscavam disponibilidades hídricas para a preparação do solo. Transformavam pân- tanos em terras férteis para o plantio, além de estocar parte da colheita em casos de fenômenos naturais. Naque- la época, já eram visíveis os primeiros passos tecnológicos para sustentar menos que um terço, dos 7 bilhões de pes- soas do planeta hoje, sendo 201 milhões brasileiros. “Existe no solo um com- plexo enorme de organismos que podem danificar as se- mentes e as plântulas e todo o potencial produtivo da planta, que está armazenado nas sementes. O tratamento de sementes proporciona o controle de pragas iniciais, melhor estabelecimento do “stand” (desenvolvimento) da lavoura e melhor “arranque” das plantas. Assim, a proteção das sementes é essencial para o sucesso no estabelecimento do cultivo e no sucesso da produtividade”. Assim expli- ca o professor, doutor do de- partamento de fitossanidade da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Geraldo As sementes são os “grãos de ouro” do agronegócio Fungicidas A diferença entre a lavoura de sementes tratadas e a não tratadas

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O mercado mundial de sementes movimenta US$ 37 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem)

Por: JESUS RIOS O CRÍTICO___________________________

A semente é o núcleo da agricultura, sem ela não há o que plantar e o que colher, não há precisão de preparar a terra, de investir em máqui-nas para arar, adubar, plantar, molhar, não há necessidade de funcionários, de agrotóxi-cos ou qualquer tipo de de-fensivo agrícola, e caso fal-tem sementes de qualidade, milhões de pessoas passarão fome. Ao longo do desenvolvi-mento humano, o homem vem se adaptando às variações da natureza para a permanên-cia de sua espécie, através do uso e da busca de novas tecnologias, principalmente para sua alimentação. Da-dos antropológicos revelam que, na antiga Mesopotâmia, nas margens dos Rios Tigre e Eufrates, os “homo sapiens” buscavam disponibilidades hídricas para a preparação

do solo. Transformavam pân-tanos em terras férteis para o plantio, além de estocar parte da colheita em casos de fenômenos naturais. Naque-la época, já eram visíveis os primeiros passos tecnológicos para sustentar menos que um terço, dos 7 bilhões de pes-soas do planeta hoje, sendo 201 milhões brasileiros. “Existe no solo um com-plexo enorme de organismos que podem danificar as se-mentes e as plântulas e todo o potencial produtivo da

planta, que está armazenado nas sementes. O tratamento de sementes proporciona o controle de pragas iniciais, melhor estabelecimento do “stand” (desenvolvimento) da lavoura e melhor “arranque” das plantas. Assim, a proteção das sementes é essencial para o sucesso no estabelecimento do cultivo e no sucesso da produtividade”. Assim expli-ca o professor, doutor do de-partamento de fitossanidade da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Geraldo

As sementes são os “grãos de ouro” do agronegócio

Fungicidas A diferença entre a lavoura de sementes tratadas e a não tratadas

Papa a Revista Rural. As sementes tratadas com a quantidade de fungicida ad equada resistem às tempera-turas do solo, aos seus próp-rios fungos e aos patógenos da terra por muito mais tempo (até 30 dias).Quantidade ade-quada de fungicida contribui também para a germinação saudável, influencia a redução da dose de pulverização aé-rea, economiza cerca de 5 % do custo total de produção da lavoura e diminui a necessi-

dade da ressemeadura. Nos anos 90 cerca de 5% de sojicultores tinham con-dições de acesso às tecnolo-gias das sementes; hoje são cerca de 95%. De dois sacos de sementes de 50 kg por área, muitos agricultores che-gam a economizar metade dessa porcentagem. O mer-cado mundial de sementes movimenta US$ 37 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira de Se-mentes e Mudas (Abrasem). Recomenda-se a compra da semente já tratada, sem que se tenha o trabalho de manipulá-la na propriedade do agricultor. O motivo que

explica esta indicação cor-responde à má aplicação do fungicida, inseticidas, mi-cronutrientes, polímeros ou corantes, que devem ser con-juntos para melhor aderên-cia e diminuição de supostos efeitos tóxicos sobre as célu-las. Há cerca de 22 produtos registrados para o tratamento de sementes e 168 para com-baterem a cultura do milho entre outras. “Sempre a apli-cação deve ser com produtos e dosagens recomendados. O uso de produtos não reco-mendados e dosagem acima

do correto irão danificar as sementes” visionou o agrôno-mo da Tropical Melhoramen-tos e Genética (TMG), Paulo Watanabe. Os equipamentos utilizados pelo próprio agricultor para o processo de manipulação con-vencional, como betoneira ou tambor giratório com eixo excêntrico, são inferiores às máquinas utilizadas em labo-ratórios especializados por não darem total cobertura e aderência às sementes, pela submissão aos riscos de in-toxicação dos operadores e o

tempo gasto é superior, já que cada composição do processo deve passar por tanques difer-entes, uma vez que foi proibi-da a mistura de agrotóxicos. Quanto aos produtores que não fazem o tratamento das sementes, devem plantar den-tro do melhor clima possível para diminuir risco de perda. Foi da Seed Care Institute (SCI), local onde são trabal-hadas todas as tecnologias da maior tratadora de sementes do Brasil e uma das maiores

do mundo a Syngenta, que surgiu a Avicta Completo - um novo conceito de se-mentes para milho e soja, que reúne em um só produto o controle de fungos, pragas, nematóides. Faz uma tripla proteção em sementes, com componentes corretos, nas dosagens certas para as duas culturas de sementes. O di-retor de tratamentos de se-mentes da Syngenta, Fabian Quiroga revelou na Revista Rural (edição 179, janeiro de 2013), que está sendo de-senvolvido em parceria com a Universidade da Flórida (EUA), um novo nematicida específico para nematóides de

cisto e um biológico ligado ao fósforo para complemen-tarem a Avicta e a Intacta “A Syngenta investe muito neste segmento. Estamos trazen-do tecnologias de fora para adaptá-las e aplicá-las aqui no Brasil” afirma ele. “Entendo que todas as pes-soas querem ter a certeza de que os alimentos que ingerem e que as comidas que dão aos seus filhos são seguras. To-dos os nossos produtos são submetidos a números e rig-orosos ensaios científicos ao longo de vários anos, posteri-ormente tem que ser sujeitos à aprovação das autoridades competentes de cada país” es-clarece Mike Mack, CEO da Syngenta. Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária (Embra-pa) sugere que uma maneira de conhecer a qualidade do produto que se está adquirin-do é consultando o Atestado de Garantia de Semente, for-necido pelo vendedor. Neles são transcritas as informações

dos laudos de análises de se-mente, que têm validade até cinco meses após a data de análise. Ao consulta-lo, o agri-cultor deve prestar atenção às porcentagens de germinação e à sua validade, pureza física e varietal e manchas-café, in-dicadas na coluna. Os valores devem ser compatíveis com os padrões mínimos de quali-dade de semente estabeleci-dos para cada estado. No Brasil, dois sistemas de produção de sementes oper-am integradamente, o de cer-tificação e o de fiscalização, que ofertam sementes certi-ficadas e fiscalizadas. Nessas duas classes de sementes, a qualidade é garantida através de padrões mínimos de ger-minação, purezas física e va-rietal e sanidade, exigidos por normas de produção e com-ercialização estabelecidas e controladas pelo Governo. Existe ainda um sistema on-line, desenvolvido para a cer-tificação e para possibilitar a rastreabilidade dos lotes.

Em junho de 2012, O Brasil foi o primeiro país da América Latina a sediar o Wold Seed Congress (Congresso Mun-dial de Sementes). O maior evento do mundo deste setor, que ocorreu na Cidade Mara-vilhosa (RJ), onde discuti-ram sobre o papel da semente para a agricultura sustentável, biotecnologia, fitossanidade, propriedade intelectual, trata-mento, uso, produção e comé-rcio da semente e combate à pirataria. Ao se evitar a regressão da tecnologia na agricultura e dentro das cadeias do agron-egócio, defendem-se ao mes-mo tempo milhares de super-mercados, minimercados ou mercearias da esquina sem alimentação estocada para fornecer aos consumidores, os quais precisam se alimen-tar a quaisquer custos. Custos estes, que são mais acessíveis se não houver desequilíbrio no processo da oferta e da procura.

“Entendo que todas as pessoas querem ter a certeza de que os alimentos que ingerem e que as comidas que dão aos seus filhos são seguras. Todos

os nossos produtos são submetidos a números e rigorosos en-saios científicos ao longo de vários anos, posteriormente tem que ser sujeitos à aprovação das autoridades competentes de cada país”Mike Mack, CEO da Syngenta