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ORIENTAÇÕES RELATIVAS ÀS MELHORES PRÁTICAS EUROPEIAS IMOBILIZAÇÃO DE CARGA NOS TRANSPORTES RODOVIÁRIOS Transporte

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ORIENTAES RELATIVAS S MELHORES PRTICAS EUROPEIAS

IMOBILIZAO DE CARGA NOS TRANSPORTES RODOVIRIOS

Transporte

Imobilizao de Carga nos Transportes Rodovirios

Orientaes relativas s Melhores Prticas Europeias 2014

Verso final, 8 de maio de 2014

Europe Direct um servio que responde s suas perguntas sobre a Unio Europeia

Linha telefnica gratuita (*):

00 800 6 7 8 9 10 11(*) As informaes prestadas so gratuitas, tal como a maior parte das chamadas, embora

alguns operadores, cabines telefnicas ou hotis as possam cobrar.

Mais informaes sobre a Unio Europeia encontram-se disponveis na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu)

Cover illustration: zaschnaus - Fotolia.com

Luxemburgo: Servio das Publicaes da Unio Europeia, 2014

Print ISBN 978-92-79-43677-2 doi:10.2832/86009 MI-06-14-080-PT-C PDF ISBN 978-92-79-43655-0 doi:10.2832/75224 MI-06-14-080-PT-N

Unio Europeia, 2014 Reproduo autorizada mediante indicao da fonte

Printed in Luxembourg

Impresso em papel branqueado sem cloro elementar (ECF)

http://europa.eu

3

Notas

1. As presentes orientaes relativas s melhores prticas foram elaboradas por um grupo de peri-tos criado pela Direo-Geral da Mobilidade e dos Transportes e composto por peritos desig-nados pelos Estados-Membros e pelo setor dos transportes.

2. As presentes orientaes relativas s melhores prticas podem constituir uma referncia para todas as partes pblicas ou privadas direta ou indiretamente interessadas na questo da imobi-lizao de carga. Este documento deve ser lido e utilizado como auxiliar aplicao de prticas seguras e experimentadas nesta rea.

3. O documento no tem carter vinculativo na aceo de um ato jurdico adotado pela Unio. Apenas apresenta o conhecimento acumulado de peritos europeus neste domnio. A adeso aos princpios e sistemas descritos nas presentes orientaes deve ser reconhecida pelas autorida-des responsveis pela aplicao da legislao como permitindo nveis de segurana adequados execuo de operaes de transporte rodovirio. Aquando da utilizao das presentes orien-taes, necessrio verificar se os sistemas utilizados so adequados situao em causa e, se aplicvel, adotar medidas adicionais.

4. importante ter em considerao que os Estados-Membros podem ter requisitos especficos relativos imobilizao da carga no abrangidos pelas presentes orientaes. Por este motivo, recomendado consultar as autoridades competentes para indagar sobre a existncia de even-tuais requisitos especficos.

5. O presente documento est disponvel para consulta pblica. Pode ser descarregado gratuita-mente do stio Web da Comisso Europeia.1

6. Inevitavelmente, como consequncia da experincia adicional e do desenvolvimento contnuo das tcnicas e dos sistemas de imobilizao da carga, as presentes orientaes necessitaro de ser revistas e alteradas periodicamente, conforme necessrio. O leitor deve consultar o stio Web da Comisso Europeia para obter informaes sobre a ltima edio disponvel do guia. Quaisquer sugestes para melhorar ou complementar o seu contedo so bem-vindas e devem ser enviadas para o endereo indicado na nota de rodap2. As questes gerais relativas s pre-sentes orientaes devem ser enviadas para o mesmo endereo.

1 http://ec.europa.eu/transport/roadsafety/vehicles/best_practice_guidelines_en.htm2 Comisso Europeia, Direo-Geral da Mobilidade e dos Transportes, Unidade de Segurana Rodoviria, 200 rue de la Loi,

BE-1049 Bruxelas. Endereo de correio eletrnico: [email protected]

5

ndice

1. Captulo 1 Contexto geral 9

1.1. mbito e objetivos 9

1.2. Normas em vigor 10

1.3. Responsabilidades operacionais 10

1.4. Parmetros fsicos 12

1.5. Distribuio da carga 14

1.6. Equipamento do veculo 15

2. Estrutura do veculo 16

2.1. Taipais laterais 17

2.2. Painel de proteo da cabina 17

2.3. Taipal traseiro 18

2.4. Bordo do piso 19

2.5. Escoras 19

2.6. Pontos de amarrao 22

2.7. Equipamento especfico 24

2.8. Contentores ISO (ISO 1496-1) 24

2.8.1. Taipais traseiros 24

2.8.2. Taipais laterais 24

2.8.3. Pontos de fixao e de amarrao 24

2.8.4. Fechos rotativos 25

2.9. Caixas mveis 25

3. Acondicionamento 26

3.1. Materiais de acondicionamento 26

3.1.1. Pelcula retrtil 27

3.1.2. Coberturas extensveis 27

3.1.3. Pelcula extensvel 27

3.1.4. Pelcula previamente esticada 27

3.1.5. Cintas 28

3.1.6. Redes 28

6

3.2. Mtodos de acondicionamento 28

3.2.1. Acondicionamento no transporte com base na forma 28

3.2.2. Acondicionamento no transporte com base na fora 29

3.3. Mtodos de ensaio do acondicionamento 30

4. Equipamento de imobilizao 32

4.1. Amarraes 32

4.1.1. Cintas de amarrao 32

4.1.2. Correntes 33

4.1.3. Cabos de ao 34

4.2. Equipamento para aumento de atrito 34

4.2.1. Revestimento 35

4.2.2. Tapetes antiderrapantes de borracha 35

4.2.3. Tapetes antiderrapantes (sem borracha) 35

4.2.4. Folhas antiderrapantes 35

4.3. Barras de bloqueio 36

4.4. Materiais de enchimento 37

4.5. Protetores de canto 38

4.6. Redes ou toldos 39

4.7. Outros materiais de imobilizao 39

5. Mtodos de imobilizao de carga 40

5.1. Princpio geral 40

5.2. Travamento 40

5.3. Bloqueio local 40

5.4. Bloqueio geral 42

5.5. Amarrao direta 42

5.5.1. Amarrao diagonal 43

5.5.2. Amarrao paralela 43

5.5.3. Amarrao em meio-lao 43

5.5.4. Amarrao com lanantes 44

5.6. Amarrao de topo 44

5.7. Observaes gerais sobre mtodos de imobilizao 45

7

6. Clculos 47

6.1. Exemplo 1 Caixa de madeira com centro de gravidade baixo 47

6.1.1. Deslizamento 48

6.1.2. Carga com massa m impedida de deslizar por duas amarraes de topo 48

6.1.3. Carga com massa impedida de deslizar para a frente pela amarrao com lanantes 48

6.1.4. Peso da carga impedido de deslizar por duas amarraes de topo e pela amarrao com lanantes 49

6.1.5. Inclinao 49

6.1.6. Concluso 50

6.2. Exemplo 2 caixa de madeira com centro de gravidade elevado 50

6.2.1. Deslizamento 50

6.2.2. Peso da carga impedido de deslizar por duas amarraes de topo 51

6.2.3. Peso da carga impedido de deslizar para a frente pela amarrao com lanantes 51

6.2.4. Peso da carga impedido de deslizar por duas amarraes de topo e pela amarrao com lanantes 52

6.2.5. Inclinao 52

6.2.6. Peso da carga impedido de inclinar para os lados por duas amarraes de topo 52

6.2.7. Concluso 53

6.3. Exemplo 3 Bens de consumo em paletes 53

7. Verificao da imobilizao de carga 55

7.1. Classificao das deficincias 55

7.2. Mtodos de inspeo 55

7.3. Avaliao das deficincias 56

8. Exemplos de dispositivos de imobilizao de carga para mercadorias especficas 57

8.1. Painis arrumados numa plataforma com armaes em A 57

8.2. Cargas de madeira 58

8.2.1. Madeira serrada embalada 58

8.2.2. Toros de madeira e madeira serrada no embalada 59

8.2.3. Postes longos 61

8.3. Contentores de grandes dimenses 62

8.4. Transporte de mquinas mveis 62

8

8.5. Transporte de automveis, furges e pequenos reboques 64

8.6. Transporte de camies, reboques e quadros em camies 67

8.7. Transporte de bobinas 67

8.7.1. Bobinas com mais de 10 toneladas 67

8.7.2. Bobinas com menos de 10 toneladas 69

8.8. Bebidas 70

8.9. Transporte de mercadorias em paletes 70

8.10. Transporte de mercadorias em paletes utilizando amarrao cruzada 72

8.11. Cargas mistas 74

Apndice 1. Smbolos 75

Apndice 2. Guia Rpido sobre Amarraes 76

A.2.1. Processo e limitaes 76

A.2.2. O equipamento de imobilizao de carga deve suportar... 76

A.2.3. Condies para imobilizar a carga tendo em conta o presente Guia Rpido sobre Amarraes 76

A.2.4. Bloqueio 77

A.2.5. Outras formas de imobilizar a carga 79

A.2.6. Deslizamento 80

A.2.7. Inclinao 81

A.2.8. Amarrao em lao 82

A.2.9. Amarrao com lanantes 84

A.2.10. Amarrao direta 86

A.2.11. Amarrao de topo 87

A.2.12. Outros equipamentos de amarrao 89

A.2.13. Carga constituda por vrias camadas 90

A.2.14. Outros tipos de carga 91

Apndice 3. Fatores de atrito 92

Apndice 4. Avaliao de deficincias 93

9

1. Captulo 1 Contexto geral

1.1. mbito e objetivos

As presentes orientaes visam disponibilizar instrues e conselhos prticos bsicos a todas as pessoas envolvidas nas operaes de carga/descarga e imobilizao da carga nos veculos, incluindo trans-portadores e expedidores. Tambm sero teis para os organismos responsveis pela aplicao da legislao e pela inspeo tcnica na estrada em conformidade com a Diretiva 2014/47/EU e com as decises dos tribunais. Podem igualmente servir de base aos Estados-Membros quando estes adotarem medidas necessrias para implementar a formao de motoristas, em conformidade com a Diretiva 2003/59/CE relativa qualificao inicial e formao contnua dos motoristas de determinados veculos rodovirios afetos ao transporte de mercadorias e de passageiros. Pretendem ainda servir de guia para a imobilizao adequada da carga em todas as situaes que possam ocorrer em situaes normais de trnsito. As orientaes serviro igualmente como base comum para a aplicao da imo-bilizao da carga, na prtica, e da legislao nessa matria.

Durante o transporte, todos os artigos devem ser impedidos de deslizar, inclinar, rolar, deslocar, sofrer deformao substancial e rotao em qualquer direo recorrendo a mtodos tais como o travamento, bloqueio, amarrao ou a combinaes destes. Este acondicionamento permite pro-teger as pessoas envolvidas nas operaes de carga, descarga e conduo do veculo, em conjunto com outros utentes da estrada, pees, a prpria carga e o veculo.

A carga deve ser colocada no veculo de modo a no pr em perigo pessoas ou mercadorias, des-locar-se ou cair do veculo.

Todos os dias ocorrem acidentes e incidentes rodovirios devido a cargas mal arrumadas e/ou imobilizadas. As presentes orientaes relativas s melhores prticas europeias fornecem infor-maes fsicas e tcnicas de base, bem como regras prticas de imobilizao nos transportes rodo-virios. Para informaes mais pormenorizadas devem ser consultadas as normas internacionais. As orientaes no substituem os resultados dos ensaios extensos disponveis, em toda a Europa, relativamente a tipos especficos de carga ou de condies de transporte especficas, nem descre-vem pormenorizadamente todas as solues possveis para todas as cargas possveis. As presentes orientaes destinam-se a todas as pessoas envolvidas na cadeia de transporte que planeiam, pre-param, supervisionam ou verificam o transporte rodovirio a fim de garantir operaes de trans-porte seguras.

Estas orientaes relativas s melhores prticas europeias baseiam-se na norma europeia EN 12195-13. As orientaes apresentam as melhores prticas atualmente existentes neste domnio, com destaque para os veculos com uma massa mxima superior a 3,5 toneladas. Aquando da utili-zao das presentes orientaes, necessrio verificar se os sistemas utilizados so adequados para a situao em causa e, se aplicvel, adotar medidas adicionais.

Estas orientaes relativas s melhores prticas europeias destinam-se a apoiar a aplicao das nor-mas internacionais estabelecidas pelo ADR e pela Diretiva 2014/47/UE relativa inspeo tcnica na estrada.

3 Norma EN12195-1 Reteno de carga em veculos rodovirios Segurana Parte 1 Clculo das foras de imobilizao. No momento da elaborao das presentes orientaes era aplicvel a verso EN12195-1:2010.

10

Outras orientaes podem fornecer mais informaes ou mtodos alternativos para carga e/ou veculos especficos, mas no devem descrever requisitos adicionais ou outras limitaes e devem estar sempre alinhadas com a norma europeia EN 12195-1.

1.2. Normas em vigor

As presentes orientaes europeias sobre a imobilizao da carga baseiam-se em leis da fsica rela-cionadas com o atrito, a gravidade, a dinmica e a resistncia dos materiais. No entanto, a aplicao diria dessas leis pode ser complexa. A fim de simplificar a conceo e a verificao dos dispositivos de imobilizao de carga, as normas especficas relacionadas com a resistncia e o desempenho de uma superstrutura, os dispositivos de imobilizao, os materiais utilizados para a imobilizao de carga, etc., esto disponveis na verso mais recente das seguintes normas internacionais4:

Norma1 Tema

EN 12195-1 Clculo das foras de amarrao

EN 12640 Pontos de amarrao

EN 12642 Resistncia da estrutura da carroaria do veculo

EN 12195 -2 Cintas e correias de amarrao feitas de fibras sintticas

EN 12195-3 Correntes de amarrao

EN 12195-4 Cabos de amarrao em ao

ISO 1161, ISO 1496 Contentor ISO

EN 283 Caixas mveis

EN 12641 Encerados

EUMOS 40511 Postes Escoras

EUMOS 40509 Acondicionamento no transporte

As normas nacionais e locais que contradigam estas normas internacionais ou que descrevam outras limitaes no devem ser aplicadas ao transporte internacional.

Para operaes de transporte intermodal podem ser aplicados outros requisitos, tal como o cdigo de prticas sobre acondicionamento de unidades de transporte de carga (cdigo UTC) da OMI/ILO/CEE-ONU.

1.3. Responsabilidades operacionais

Todas as partes envolvidas no processo logstico, incluindo embaladores, carregadores, transporta-doras, operadores e motoristas, tm um papel a desempenhar no sentido de assegurar que a carga devidamente embalada e carregada num veculo adequado.

importante compreender que as responsabilidades em matria de imobilizao de carga se baseiam em regulamentos e convenes internacionais, na legislao nacional e/ou em contratos entre as partes envolvidas.

4 Para transportes que utilizem veculos com massa mxima autorizada de 3,5 toneladas, podero ser aplicveis outras normas, tais como a ISO 27955 e ISO 27956.

5 As normas encontram-se normalmente disponveis nos institutos nacionais de normalizao

11

Recomenda-se um acordo contratual sobre responsabilidades operacionais. Na ausncia de tal acordo entre as partes envolvidas, e no obstante qualquer legislao, a cadeia de responsabilidades descrita infra identifica importantes responsabilidades operacionais relacionadas com a imobiliza-o da carga:

Responsabilidades/aes relacionadas com o planeamento de transporte:

1. descrio correta da carga, incluindo, pelo menos

a) a massa da carga e de cada unidade de cargab) a posio do centro de gravidade de cada unidade de carga, quando este no se encontrar

no meio c) dimenses envolventes de cada unidade de carga d) limitaes de empilhamento e orientaes a aplicar durante o transporte e) todas as informaes adicionais necessrias para uma correta imobilizao

2. assegurar que as unidades de carga so devidamente acondicionadas para suportar os esforos expectveis em condies normais de transporte, incluindo as foras de amarrao aplicveis

3. assegurar que as mercadorias perigosas so devidamente classificadas, embaladas e rotuladas

4. assegurar que a documentao relativa ao transporte de mercadorias perigosas preenchida e assinada

5. assegurar que o veculo e o equipamento de imobilizao so adequados carga a transportar

6. assegurar que todas as informaes relacionadas com as capacidades de imobilizao de carga do veculo so comunicadas ao carregador

7. assegurar que no ocorre nenhuma interao indesejada entre cargas de diferentes carregadores

Responsabilidades/aes relacionadas com o carregamento:

1. assegurar que s carregada carga segura e adequada para transporte

2. verificar se se encontra disponvel um plano de imobilizao de carga aquando do incio do carregamento

3. assegurar que podem ser fornecidos todos os certificados das peas do veculo utilizadas para a imobilizao da carga

4. assegurar que o veculo se encontra em boas condies e que o compartimento de carga se encontra limpo

5. assegurar que todo o equipamento necessrio para a imobilizao da carga se encontra dispo-nvel e em boas condies aquando do incio do carregamento

6. assegurar que o piso do veculo no submetido a esforos excessivos durante as operaes de carga

7. assegurar que a carga devidamente distribuda no veculo, tendo em conta a distribuio da carga sobre os eixos do veculo e as folgas aceitveis (no plano de imobilizao, se disponvel)

8. assegurar que o veculo no sobrecarregado

12

9. assegurar que o equipamento adicional necessrio, como materiais antiderrapantes, materiais de enchimento e esteiras, barras de bloqueio e todos os outros equipamentos de imobilizao de carga que devem ser fixados durante as operaes de carga, devidamente empregado (de acordo com o plano de imobilizao, se disponvel)

10. assegurar que o veculo devidamente selado, se e quando aplicvel

11. assegurar que todo o equipamento de amarrao devidamente utilizado (de acordo com o plano de imobilizao, se disponvel)

12. fecho do veculo, se aplicvel

Responsabilidades/aes relacionadas com a conduo:

1. realizar uma inspeo visual do exterior do veculo e da carga, caso seja acessvel, para verificar situaes evidentes de falta de segurana

2. assegurar que todos os certificados/marcaes das peas do veculo utilizadas para a imobiliza-o da carga podem ser disponibilizados, se necessrio

3. efetuar, tanto quanto possvel, verificaes regulares da imobilizao da carga durante o trajeto

1.4. Parmetros fsicos

A conceo dos dispositivos de imobilizao de carga deve basear-se em:

Aceleraes,

Fatores de atrito,

Fatores de segurana,

Mtodos de ensaio.

Estes parmetros e mtodos so abordados e descritos na norma europeia EN 12195-1.

A soma dos efeitos de travamento, bloqueio, amarrao direta e amarrao por atrito pode ser utilizada para impedir que a carga se mova, deslize, incline, rode, se desloque, se deforme conside-ravelmente ou gire (em torno de qualquer eixo vertical).

A fim de simplificar a ao dos motoristas, dos carregadores e do pessoal competente, os dispositi-vos de imobilizao da carga podem ser concebidos de acordo com o Guia Rpido sobre Amarra-es (ver anexo). O nmero, o tipo e o mtodo de amarrao e os dispositivos de imobilizao de carga podem ser diferentes desde que estejam em conformidade com as normas.

O dispositivo de imobilizao de carga deve ser capaz de suportar...

0,8 of the cargo weight forwards 0,5 of the cargo weight sideways and towards the rear 0,6 of the cargo weight sideways if there is risk of the load tipping

13

Figura1: Foras mssicas durante o transporte rodovirio

Atrito:As foras de atrito mximas so o resultado da fora de contacto entre dois objetos multiplicada pelo coeficiente de atrito.

Figura 2: Fora de atrito

Nota: Se a fora de contacto G entre os dois objetos for reduzida, a fora de atrito tambm ser reduzida. Caso a fora entre os dois elementos seja igual a 0, a fora de atrito ser nula. As vibraes verticais podem reduzir a fora vertical entre a carga e a plataforma de carga!

Figura 3: Vibraes verticais durante a conduo

14

1.5. Distribuio da carga

Quando determinada carga colocada num veculo, as dimenses, os pesos brutos e por eixo mximos autorizados no devem ser excedidos. As cargas mnimas por eixo devem ser igualmente consideradas para garantir estabilidade, direo e travagem adequadas, previstas quer pela legisla-o quer pelo fabricante do veculo.

As unidades de transporte so particularmente sensveis posio do centro de gravidade da carga, devido a cargas por eixo especificadas para manter a capacidade de direo e de travagem. Estes veculos podem estar equipados de diagramas especficos (ver exemplos apresentados abaixo, Figura 4 e Figura 5), que indicam a carga til admissvel em funo da posio longitudinal do seu centro de gravidade. Normalmente, a carga til mxima s pode ser utilizada quando o centro de gravidade se situa dentro de limites estreitos, que correspondem aproximadamente a metade do comprimento do espao de carga.

O fabricante do veculo ou da carroaria deve disponibilizar diagramas de distribuio de carga. Estes podem igualmente ser calculados posteriormente com a geometria do veculo, todas as car-gas por eixo mnimas e mximas do veculo, a distribuio da tara sobre os diferentes eixos, bem como com a carga til mxima, quer introduzindo dados numa folha de clculo ou recorrendo a programas informticos simples. Tais programas encontram-se disponveis na Internet a preos muito acessveis ou mesmo gratuitamente.

A distribuio de carga segundo o diagrama de distribuio de carga em veculos ajudar a no exceder as cargas mximas admissveis por eixo do veculo.

Exemplos de diagrama de distribuio de carga de um camio tpico de 18 toneladas e 2 eixos:

Figura 4: Diagrama de distribuio de carga para um camio de dois eixos

Exemplo de um diagrama de distribuio de carga de um semirreboque tpico de 13,6 m:

Figura 5: Diagrama de distribuio de carga para um semirreboque de 3 eixos

15

1.6. Equipamento do veculo

necessrio ter em considerao que quaisquer acessrios ou equipamentos transportados, de forma permanente ou temporria, pelo veculo so tambm considerados parte da carga. Os danos que uma perna de aterragem mal segura pode provocar se se distender enquanto o veculo se encontra em movimento so enormes, como algumas experincias fatais comprovaram.

Os equipamentos soltos, tais como cintas, cabos, coberturas, etc., devem igualmente ser transpor-tados de modo a no constiturem perigo para os outros utentes das vias. Uma boa prtica consiste em ter um compartimento separado onde possam ser armazenados em segurana estes elementos quando no esto a ser utilizados. No entanto, se forem mantidos na cabina do motorista, devem ser devidamente arrumados de modo a que no possam interferir com quaisquer controlos do motorista.

16

2. Estrutura do veculo

As normas europeias EN 12640, EN 12641, EN 12642 e EN 283 preveem requisitos relativos estrutura do veculo e aos pontos de amarrao das unidades de transporte de carga (UTC), aos veculos e s caixas mveis, tal como descrito abaixo.

A quantidade de dispositivos de imobilizao de carga nas diferentes UTC depende do tipo de carga, bem como da resistncia dos taipais laterais, do painel de proteo da cabina e do taipal traseiro.

Comparao dos requisitos relativos resistncia dos taipais laterais, do painel de proteo da cabina e do taipal traseiro da UTC.

VECULO DE TIPO CAIXA

VECULO COM COBER-TURA RGIDA/NO

RGIDA (TAIPAIS LATE-RAIS COM DOBRADI-

AS)

VECULO COM CORTI-NAS LATERAIS

EN 12642 L

Painel de proteo da cabina: FR = 40 % da carga til P, mximo 5 000 daN Taipal traseiro: FR = 25 % da carga til P, mximo 3 100 daN

EN 12642 XL

Painel de proteo da cabina: FR = 50 % da carga til P Taipal traseiro: FR = 30 % da carga til P

Figura6: Requisitos de resistncia das diferentes unidades de transporte de carga (UTC)

Os tipos de veculo assinalados a verde tm taipais laterais resistentes; os assinalados a amarelo tm taipais laterais destinados unicamente ao bloqueio na base; e os taipais laterais dos veculos

17

assinalados a vermelho so considerados unicamente como proteo contra as intempries. A uti-lizao prtica das diferentes resistncias descrita abaixo.

necessrio ter em ateno que, se os taipais laterais so utilizados para o bloqueio da carga, importante que o tipo e o nmero de ripas estejam conformes com o certificado de ensaio. As ripas devem ser colocadas de forma a que o peso da carga seja distribudo nas partes de suporte de carga dos taipais laterais; coberturas, viga do tejadilho e piso.

2.1. Taipais laterais

Os veculos esto agrupados nas seguintes categorias em funo da resistncia dos taipais laterais:

EN 12642 XL com resistncia de 40 % da carga til (0,4 P)

EN L 12642 L com resistncia de 30 % da carga til (0,3 P)

Sem resistncia; 0 % da carga til

Taipais laterais EN 12642 XLSe forem construdos de acordo com a norma EN 12642 XL, os taipais laterais so ensaiados de modo a que possam aguentar uma fora correspondente a 40 % da carga til (0,4 P), distribuda uniformemente ao longo do comprimento e a, pelo menos, 75 % da altura interna do taipal lateral. A acelerao lateral de projeto de 0,5 g. Assim, se o fator de atrito for de pelo menos 0,1, os taipais laterais sero suficientemente fortes para suportar as foras laterais de toda a carga til.

Taipais laterais EN 12642 LSe forem construdos de acordo com a norma EN 12642 L, os taipais laterais de um reboque de tipo caixa so ensaiados de modo a que possam aguentar uma fora correspondente a 30 % da carga til (0,3 P), distribuda uniformemente ao longo do comprimento e da altura do taipal lateral. A acelerao lateral de projeto de 0,5 g. Assim, se o fator de atrito for de pelo menos 0,2, os taipais laterais sero suficientemente fortes para suportar as foras laterais de toda a carga til.

necessrio ter em ateno que os taipais laterais de um veculo com cortinas laterais construdo de acordo com a norma EN 12642 L so considerados unicamente como proteo contra as intempries.

Taipais laterais sem resistnciaQuando a carga transportada numa unidade de transporte de carga sem paredes laterais fortes, o peso total da carga deve ser devidamente imobilizado com amarraes a fim de evitar movimentos laterais, conforme explicado no Guia Rpido sobre Amarraes.

2.2. Painel de proteo da cabina

O painel de proteo da cabina pode oferecer as seguintes resistncias:

EN 12642 XL, com resistncia de 50 % da carga til (0,5 P)

EN 12642 L, com resistncia de 40 % da carga til (0,4 P), mximo 5 000 daN

UTC no marcada ou carga no arrumada devidamente contra o painel de proteo da cabina: 0 % da carga til.

Os fatores de atrito so calculados de acordo com a norma EN 12195-1:2010.

18

Painel de proteo da cabina EN 12642 XLSe o painel de proteo da cabina for construdo de acordo com a norma EN 12642 XL, capaz de suportar uma fora correspondente a 50 % da carga til (0,5 P). A acelerao para a frente de projeto de 0,8 g. Assim, se o fator de atrito for de pelo menos 0,3, o painel de proteo da cabina ser suficientemente forte para suportar as foras para a frente de toda a carga til.

Painel de proteo da cabina EN 12642 LOs painis de proteo da cabina construdos de acordo com a norma EN 12642 L so capazes de suportar uma fora correspondente a 40 % da carga til dos veculos (0,4 P). No entanto, para os veculos cuja carga til seja superior a 12,5 toneladas, a resistncia exigida limitada a uma fora de 5 000 daN. No que diz respeito a este limite, o quadro 1 indica para diferentes fatores de atrito o peso da carga, em toneladas, que pode ser travado contra um painel de proteo da cabina com uma resistncia limitada de 5000 daN. Se a massa da carga superar o valor indicado na tabela, ser necessrio recorrer a dispositivos de imobilizao adicionais.

Fator de atrito

Massa da carga que pode ser travada para a frente contra o painel de proteo da cabina (em toneladas)

0,15 7,8

0,20 8,4

0,25 9,2

0,30 10,1

0,35 11,3

0,40 12,7

0,45 14,5

0,50 16,9

0,55 20,3

0,60 25,4

Quadro1:

Painel de proteo da cabina sem resistnciaQuando a carga transportada numa unidade de transporte de carga com um painel de proteo da cabina sem resistncia ou quando no devidamente arrumada contra o painel de proteo da cabina, todo o peso da carga deve ser devidamente imobilizado com amarraes a fim de evitar movimentos para a frente, conforme explicado no Guia Rpido sobre Amarraes.

2.3. Taipal traseiro

O taipal traseiro pode oferecer as seguintes resistncias:

EN 12642 XL, com resistncia de 30 % da carga til (0,3 P)

EN 12642 L, com resistncia de 25 % da carga til (0,25 P), mximo 3 100 daN

UTC no marcada ou carga no devidamente arrumada contra o taipal traseiro: 0 % da carga til.

Os fatores de atrito so calculados de acordo com a norma EN 12195-1:2010.

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Taipal traseiro EN 12642 XLSe o taipal traseiro for construdo de acordo com a norma EN 12642 XL capaz de suportar uma fora correspondente a 30 % da carga til (0,3 P). A acelerao para trs de projeto de 0,5 g. Assim, se o fator de atrito for de pelo menos 0,2, o taipal traseiro ser suficientemente forte para suportar as foras para trs de toda a carga til.

Taipal traseiro EN 12642 LOs taipais traseiros construdos de acordo com a norma EN 12642 L so capazes de suportar uma fora correspondente a 25 % da carga til dos veculos (0,25 P). No entanto, para os veculos cuja carga til seja superior a 12,5 toneladas, a resistncia exigida limitada a uma fora de 3 100 daN. No que diz respeito a este limite, o quadro 2 indica, para diferentes fatores de atrito, o peso da carga, em toneladas, que pode ser travado contra um taipal traseiro com uma resistncia limitada de 3 100 daN. Se a massa da carga superar o valor indicado na tabela, ser necessrio recorrer a dispositivos de imobilizao adicionais.

Fator de atrito

Massa de carga que pode ser travada para trs contra o taipal traseiro (em toneladas)

0,15 9,0

0,20 10,5

0,25 12,6

0,30 15,8

0,35 21,0

0,40 31,6

Quadro2

Taipal traseiro sem resistnciaQuando a carga transportada numa unidade de transporte de carga com um taipal traseiro sem resistncia ou quando no devidamente arrumada contra o taipal traseiro, todo o peso da carga deve estar devidamente imobilizado com amarraes a fim de evitar movimentos para trs, em conformidade com o Guia Rpido sobre Amarraes ou com instrues alternativas que garantam um nvel equivalente de segurana.

Imobilizao contra as portasSe forem concebidas para proporcionar uma resistncia de bloqueio definida, as portas podem ser consideradas um excelente meio de delimitao do espao de carga, desde que a carga esteja arru-mada de forma a evitar impactos contra as portas e a impedir que esta caia aquando da abertura das portas.

2.4. Bordo do piso

O bordo do piso muito til para impedir que a carga deslize para fora da plataforma em sentido lateral. De acordo com a norma EN 12642:2006, a sua altura deve ser de, pelo menos, 15 mm e suportar uma fora de carga til de 0,4 (P).

2.5. Escoras

As escoras so frequentemente muito teis para a imobilizao de carga. Podem ser soldadas na superstrutura do veculo, mas na maioria das vezes so montadas em orifcios especficos da supers-trutura. As escoras so utilizadas em ambos os lados do veculo para a imobilizao de cargas por

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bloqueio em direes transversais (ver captulo 5). A colocao em linha de alguns postes na dire-o longitudinal, ao meio da largura da plataforma de carga, muito til (por exemplo, para uma combinao de bloqueio e amarrao em lao). Em muitos veculos, podem tambm ser utilizados postes para bloqueio para a frente. Um ou mais postes so colocados imediatamente frente da carga. Uma cinta pode preferencialmente ser utilizada no topo para suportar os postes.

Figura7: Escoras utilizadas para bloqueio para a frente

Uma escora pode ser utilizada para bloqueio, um dos mtodos de imobilizao da carga. A fim de utilizar este mtodo, recomendvel conhecer a capacidade de resistncia de um poste. Essa capa-cidade depende do tipo de carga (carga concentrada, carga distribuda ou mista) e da sua fora de alavanca. A capacidade de bloqueio de referncia (RBC) numa determinada direo de um poste montado a carga mxima distribuda de forma uniforme e segura na parte inferior do poste (1 m a contar da base do poste). Isto significa que a capacidade de bloqueio de referncia tem em conta a resistncia do seu suporte. A capacidade de bloqueio de referncia pode ser utilizada para veri-ficar se o poste consegue suportar uma fora especfica com uma fora de alavanca especfica. As frmulas para calcular a fora mxima Fmax em caso de fora distribuda ou de carga concentrada constam da figura 8.

Fmax =RBC[daN]1[m]

h[m]Fmax =

RBC[daN]

12

[m]h[m]

Figura8: Clculo da fora mxima Fmax

A capacidade de bloqueio de referncia das escoras varia entre 250 e 10 000 daN e muito difcil de calcular, uma vez que depende da resistncia do material, das dimenses do seu elemento e da resistncia do seu suporte. Por conseguinte, a capacidade de bloqueio de referncia deve ser cer-tificada pelo fabricante do veculo. As escoras no devem ser utilizadas noutros veculos que no aquele para o qual foram concebidas e testadas.

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A capacidade de bloqueio de referncia de uma escora montada no depende da altura desde que o elemento do poste seja o mesmo. Podem ser utilizadas escoras com alturas diferentes e no necessrio qualquer certificado ou teste adicional.

Em alguns casos, as escoras so ligadas (por exemplo, duas escoras, uma em cada lado do veculo, so ligadas no topo por uma corrente). A capacidade de bloqueio total do sistema completo com as duas escoras e a corrente tem de ser testada e no pode ser calculada de acordo com as capacidades de bloqueio de ambos os postes em separado.

Exemplos de clculo das escoras:

Exemplo1: Dois tubos com a mesma massa e com um dimetro de 1,2 m. Existem dois pares de escoras, cada um com uma capacidade de bloqueio de referncia de 1 800 daN. Qual a massa mxima dos tubos que estas escoras podem suportar com esta configurao? Estes tubos usam uma carga concentrada. Por conse-guinte, deve ser escolhida a frmula direita.

Assim, a fora mxima Fmax de 3 000 daN. Tendo em conta que um tubo uma carga que se encontra em risco de inclinao, o limite apli-cvel ao movimento lateral de 0,6 g.

3 000 / 0,6 = 5 000

De um modo geral, os dois tubos em conjunto podem ter uma massa mxima de 5 toneladas.

Exemplo 2: Vrios tubos empilhados a uma altura de 1,3 m.

Existem dois pares de escoras, cada um com uma capacidade de bloqueio de referncia de 1 800 daN. Qual a massa mxima dos tubos que estas escoras podem suportar com esta con-figurao? Estes tubos aplicam uma carga dis-tribuda e, por conseguinte, deve ser aplicada a frmula esquerda.

Por conseguinte, a fora mxima Fmax de 2 769 daN. Tendo em conta que um tubo uma carga que se encontra em risco de inclinao, o limite aplicvel aos movimentos laterais de 0,6 g.

2 769 / 0,6 = 4 615

De um modo geral, estes tubos podem ter uma massa mxima de 4,6 toneladas.

Fmax = =21800 3000 [daN][daN]

1

2[m]

0,6[m]

Figura 9: Clculo da Fmax

Fmax = =21800 2769 [daN][daN]1[m]

1,3[m]

Figura 10: Clculo da Fmax

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2.6. Pontos de amarrao

Um ponto de amarrao um dispositivo de imobilizao especfico num veculo ao qual uma amarrao, corrente ou cabo de ao poder ser diretamente ligado. Um ponto de amarrao pode ser, por exem-plo, uma corrente, um gancho, um anel, um ombro de amarrao.

Um ponto de fixao um termo mais genrico. Os pontos de fixao incluem pontos de amarrao, a estrutura da carroaria do veculo e calhas ou tbuas para a fixao de barras de escora, painis de blo-queio, etc.

Os pontos de amarrao nos porta-cargas devem ser colocados em pares, opostos uns aos outros, ao longo das paredes laterais, com um espaamento longitudinal de 0,7 a 1,2 m e a um mximo de 0,25 metros do bordo exterior. prefervel utilizar barras com pontos de fixao consecutivos. Cada ponto de amarrao deve, em conformidade com a norma EN12640, suportar, pelo menos, as seguintes foras de amarrao:

Massa total do veculo em toneladas Resistncia do ponto de amarrao em daN

3,5 a 7,5 800

acima de 7,5 a 12,0 1 000

superior a 12,0 2 000*

*(normalmente, recomenda-se 4000 daN)

Quadro 3

Considera-se que os pontos de amarrao em boas condies num veculo tambm ele em boas condies cumprem os requisitos mencionados no quadro 3 acima, mesmo que no se encontrem disponveis certificados.

Na figura seguinte, so apresentados dispositivos de amarrao na forma de tensor fixo, bem como ganchos instalados no porta-cargas.

Figura12: Ilh de amarrao

Figura 11: Barra de fixao

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Uma carga de trao mais elevada do que os valores indicados no quadro 3 admissvel em todas as direes ou num determinado sentido se o ponto de amarrao for certificado de acordo com a norma e se o veculo tiver a marcao adequada.

A carga admissvel num ponto de amarrao fixo pode ser significativamente inferior resis-tncia do ponto de amarrao. Quando se utiliza um ponto de amarrao, deve-se fazer uma distino entre um certificado do ponto de amarrao e um certificado do ponto de amarrao fixo de acordo com a norma EN12640. Alguns pontos de amarrao so certificados para efei-tos de elevao, mas praticamente no resistem a foras na direo de uma amarrao.

Os pontos de amarrao utilizados para a amarrao de partes pesadas da carga so motivo de grande preocupao. Em alguns casos, vrias correntes ou cintas de amarrao so utilizadas para reter uma carga pesada numa direo. Cada corrente ou cinta destinada a reter a carga nessa direo fixada num ponto de amarrao. Na maior parte dos casos, as foras de inrcia geraro foras desiguais nestes pontos de amarrao. prefervel utilizar um nico ponto de amarrao rgido.

Em alguns casos, so montados na estrutura da carroaria pontos de amarrao estilo roquete. Estes no cumprem as normas EN12640 ou EN12195-2. Tendo em conta que se encontram disponveis em diferentes tamanhos e qualidades, desconhece-se a resistncia mnima geral. Podem ser utilizados de acordo com as especificaes do respetivo certificado de ensaio.

A estrutura da carroaria do veculo deve ser considerada muito rgida e resistente a foras eleva-das. Por conseguinte, em determinados casos, esta estrutura pode ser utilizada para a imobilizao de carga em conjunto com o equipamento de fixao adequado, tal como:

A viga longitudinal, situada esquerda e direita, por baixo da plataforma de carga da maioria dos veculos, pode ser utilizada para fixar um gancho adequado para amarrao de topo e amarraes em lao.

O nmero de amarraes presas viga longitudinal e a respetiva fora de amarrao total devem ser suficientes para evitar a deformao da carroaria do veculo.

As partes estruturais de um reboque com plataforma de carga baixa podem ser utilizadas para fixar correntes de ganchos.

Outros pontos de fixao podem ser utilizados de acordo com as orientaes do fabricante e de acordo com as cargas certificadas que os mesmos podem suportar.

Os orifcios de fixao nas perspetivas laterais (esquerda e direita) da plataforma de carga podem resistir a foras elevadas na maior parte das direes. Se no existirem orientaes do fabricante, podem ser carregados 2 orifcios de fixao por metro com as foras indicadas no quadro 3.

As calhas da plataforma de carga, do tejadilho do veculo e dos taipais laterais podem suportar foras elevadas na direo lon-gitudinal, mas praticamente no resistem a foras transversais superfcie qual se encontram fixadas. Por conseguinte, no devem ser utilizadas juntamente com amarraes, salvo espe-cificao em contrrio do fabricante. Devem ser utilizadas com barras de bloqueio especficas que cumpram as especificaes do certificado de ensaio. Os tipos comuns de barras de bloqueio e as suas limitaes so descritos no ponto 4.3.

Figura 13: Orifcio de fixao na perspetiva lateral

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2.7. Equipamento especfico

Para alguns tipos de carga, so utilizados veculos constru-dos para o efeito, incluindo equipamento de imobilizao de carga especfico. O fabricante deve certificar a resistncia do veculo de acordo com a norma EN12642 e o equipamento especfico de acordo com a norma EN12195-2 a 4. O veculo e o equipamento em questo devem ser utilizados de acordo com as orientaes do fabricante.

No que se refere a transportes especiais, a imobilizao da carga pode ser muito complexa e exigir a anlise de um perito. A deformao do veculo, da prpria carga e do equi-pamento de imobilizao pode gerar foras inesperadas, sobretudo durante as manobras.

2.8. Contentores ISO (ISO 1496-1)

1 Piso

2 Longarina da base

3 Soleira da porta

4 Pilar de canto

5 Tejadilho

6 Lambril do taipal

7 Caixilho superior da porta

8 Porta traseira

9 Taipal traseiro

10 Longarina do tejadilho

11 Pala de reforo

Figura 15: Vista explodida do projeto e da construo do contentor

2.8.1. Taipais traseiros

De acordo com a norma ISO, os taipais frontais e traseiros (portas da retaguarda) devem suportar uma carga interna (fora) equivalente a 40 % do peso mximo da carga, distribuda uniformemente ao longo de toda a superfcie do taipal traseiro (superfcie da porta).

2.8.2. Taipais laterais

Os taipais laterais devem suportar uma carga interna (fora) equivalente a 60 % do peso mximo da carga, distribuda uniformemente ao longo de toda a parede.

2.8.3. Pontos de fixao e de amarrao

A maioria dos contentores de carga tem um nmero limitado de anis e barras de amarrao. Quando os anis de amarrao so instalados, a ancoragem da parte inferior tem uma capacidade

Figura 14: Placas de ao transportadas a menos de 45

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de amarrao de, pelo menos, 1 000 daN em qualquer direo. Os contentores mais recentes tm, em muitos casos, pontos de ancoragem com uma capacidade de amarrao de 2 000 daN. Os pon-tos de amarrao das calhas laterais superiores tm uma capacidade de amarrao de, pelo menos, 500 daN.

2.8.4. Fechos rotativos

Os fechos rotativos so bastante conhecidos para fixar um contentor a um porta-contento-res. Basicamente, um fecho rotativo consti-tudo por um pino colocado num orifcio pre-sente na carga. impossvel a carga mover-se devido forma desta ligao. Por razes de segurana, deve utilizar-se sempre um sistema para evitar que o travamento se solte.

Mesmo para os contentores ISO, existem vrios modelos dis-ponveis, quer sejam retrteis ou no retrteis, operados de forma automtica ou manual. Os fechos rotativos tambm podem ser utilizados em outra carga de contentor. Para trans-porte de engradados com botijas de gs, alguns veculos utili-zam fechos rotativos para imobilizar os engradados na plata-forma de carga.

2.9. Caixas mveis

Os valores da fora de carga relativos s caixas mveis so indicados na norma EN283 e so quase equivalen-tes aos de uma carroaria padro para veculos de trans-porte especificada na norma EN12642, cdigo L (ver captulos 2.1 a 2.3 supra).

Figura16: Fecho rotativo

Figura17: Fecho rotativo comcontentor

Figura18: Caixa mvel

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3. Acondicionamento

3.1. Materiais de acondicionamento

A carga a transportar por via rodoviria muitas vezes embalada. A Conveno CMR no exige que a carga seja acondicionada, mas isenta a transportadora da sua responsabilidade por perda ou dano se a carga no for devidamente acondicionada. Dependendo do tipo do produto e do modo de transporte, o acondicionamento tem como principais funes proteger o produto de intem-pries, proteger o produto durante as operaes de carga e descarga, impedir que o produto seja danificado e permitir uma imobilizao eficiente da carga.

Para produtos de grandes dimenses (por exemplo, mquinas), utiliza-se um tipo de acondiciona-mento especfico. Pode tratar-se de uma plataforma para suportar os produtos e de uma cobertura rgida ou flexvel.

Para produtos de menor dimenso, utilizam-se nveis de acondicionamento diferentes:

O acondicionamento primrio todo aquele que envolve os produtos, como latas, caixas para bolachas, garrafas para bebidas, etc.

Pode ser utilizado acondicionamento secundrio para facilitar o manuseamento e a manipula-o: tabuleiros com 12 caixas de bolachas, engradados com 24 garrafas, etc. Os produtos emba-lados com embalagem secundria so frequentemente denominados produtos agrupados.

O acondicionamento tercirio, frequentemente denominado acondicionamento no transporte. Este nvel de acondicionamento deve permitir uma manipulao e um transporte seguros e fceis. O acondicionamento no transporte inclui paletes (madeira, plsticos, materiais mistos, etc), separadores (carto canelado, carto prensado, folhas antideslizamento, papel revestido, contraplacado, etc), protetores de bordos (carto ou multimateriais), cintas (PE, PP, PET, fibra de vidro ou ao), pelculas (cobertura extensvel, pelcula extensvel, pelcula retrtil), caixas (carto canelado, plstico, alumnio, madeira ou ao). De igual modo, diferentes tipos de cola e de esteiras so considerados acondicionamento no transporte.

O acondicionamento no transporte deve resistir s foras externas exercidas sobre a unidade de carga. A intensidade, o local e a durao destas foras dependem do mtodo de imobilizao da carga utilizado. Significa isto que a rigidez do acondicionamento no transporte tem um forte impacto no mtodo de imobilizao de carga recomendado. Se o acondicionamento no transporte no for suficientemente resistente para manter a unidade de carga em condies e protegida dos impactos que ocorrem durante o transporte, deve recorrer-se ao mtodo de bloqueio geral.

A rigidez de uma unidade de carga depende fortemente de todos os nveis do acondicionamento: o acondicionamento secundrio, o acondicionamento primrio e o prprio produto podem influen-ciar o comportamento de uma unidade de carga (por exemplo, uma unidade de carga de garrafas em PET comporta-se de forma muito mais flexvel se as garrafas contiverem gua sem gs em vez de gua gaseificada). No entanto, considera-se que o acondicionamento no transporte torna uma unidade de carga mais rgida. O acondicionamento no transporte tipo caixa concebido para resis-tir a foras horizontais especficas, conforme especificado pelo fabricante. A correta aplicao das cintas e/ou de pelcula pode tornar mais rgida a maioria das unidades de carga.

So descritos a seguir determinados materiais utilizados para acondicionamento no transporte que podem ajudar a tornar mais rgida uma unidade de carga.

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3.1.1. Pelcula retrtil

A pelcula retrtil um tipo especial de pelcula bastante espessa que se encontra disponvel em tubos ou como pelcula lisa num rolo. Um tubo maior do que a unidade de carga a embalar pas-sado sobre a unidade. A unidade de carga pode ser envolta em pelcula lisa. A pelcula enrolada numa unidade de carga frequentemente aquecida por meio de ar quente. Este tipo especfico de pelcula ir retrair em torno da unidade de carga. Quando corretamente utilizada, a pelcula retrtil pode ser muito eficaz para tornar uma unidade de carga mais rgida. frequentemente utilizada em tijolos, em algumas embalagens de fertilizantes, etc. A utilizao de pelcula retrtil na Europa est a diminuir, sobretudo devido a custos relativamente elevados e ao risco de incndio durante a sua utilizao. A principal vantagem de uma pelcula retrtil a possibilidade de ser aplicada manualmente e retrada mediante a utilizao de um simples queimador a gs.

3.1.2. Coberturas extensveis

Uma cobertura extensvel constituda por material de pelcula que retrai aps ser esticado. utili-zada como tubo menor do que a unidade de carga. Uma mquina especfica deve ser utilizada para esticar o tubo e pass-lo sobre a unidade de carga. Este conceito foi desenvolvido como proteo das unidades de carga contra as intempries, podendo ser aplicado automaticamente com elevada rapidez. A aplicao manual no possvel, uma vez que as foras utilizadas para esticar a pelcula so demasiado elevadas. Uma cobertura extensvel pode perfeitamente tornar uma unidade de carga mais rgida caso seja devidamente concebida e aplicada. Para produtos em camadas, a cober-tura extensvel deve ser esticada no sentido vertical durante a aplicao. As principais vantagens incluem aplicao automtica, elevada rapidez, proteo ideal contra as intempries e um custo mais baixo em relao s coberturas retrteis. A principal desvantagem a sua reduzida flexibi-lidade: unidades de carga com diferentes dimenses requerem uma cobertura com a dimenso adequada e com parmetros de aplicao especficos. Uma cobertura que seja alguns centmetros maior do que o tamanho ideal praticamente no torna a unidade de carga mais rgida.

3.1.3. Pelcula extensvel

A pelcula extensvel uma pelcula muito fina (10 a 30 mcrons) normalmente disponvel em bobinas de 50 cm de largura. A unidade de carga envolta com pelcula atravs de uma mquina que a estica em 2 fases. A primeira fase realizada entre dois rolos na mquina de embalar; a segunda fase realizada entre o segundo rolo e a unidade de carga. Para alm da primeira e da segunda fases, muitos mais parmetros so importantes para obter uma unidade de carga rgida, tais como: a sobreposio, o nmero de voltas em funo da altura, a velocidade de embalamento, o nmero de cabos e o tipo de pelcula. A pelcula extensvel pode tornar rgidos quase todos os tipos de unidades de carga se forem escolhidos os parmetros mais adequados. O facto de a aplicao manual no ser possvel, de uma proteo perfeita contra intempries ser impossvel e de os parmetros necessrios poderem ser consideravelmente diferentes em funo de pequenas alteraes dos produtos embalados constituem as principais desvantagens.

3.1.4. Pelcula previamente esticada

A pelcula previamente esticada o tipo de pelcula mais frequentemente utilizado para acondicionamento no

Figura 19: imobilizao de carga insuficiente apenas por meio de pelcula extensvel

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transporte. sobretudo vendida em bobinas de 50 cm de largura e bastante semelhante pelcula extensvel esticada entre dois rolos. A unidade de carga envolta manualmente com pelcula ou atravs de uma simples mquina de embalar. Quando a pelcula aplicada manualmente, fica a faltar a segunda fase: no existe praticamente tenso alguma entre a carga e a pelcula. Isto pode impedir a queda de pilhas de produtos, mas no impede que as camadas deslizem. Por conseguinte, a pelcula previamente esticada no deve ser utilizada para tornar manualmente rgidas as unida-des de carga.

3.1.5. Cintas

As cintas so bem conhecidas e so fabricadas em PP, PET, PE, ao ou materiais reforados com fibra de vidro. Podem ser aplicadas manual ou automaticamente num plano horizontal ou vertical em torno da unidade de carga. O efeito das cintas depende fortemente dos produtos que se pre-tende tornar rgidos. So muito teis para impedir a inclinao de partes da carga. Podem impedir o deslizamento ao empurrar as camadas umas contra as outras, aumentando assim o atrito. No entanto, as cintas devem ser devidamente esticadas. Em muitos casos, as cintas tendem a danificar os produtos, a menos que seja aplicada uma proteo para os cantos. A principal vantagem das cintas o seu custo muito reduzido; a principal desvantagem das cintas em PP, PET e PE a sua tendncia para perder a tenso ao longo do tempo. Dever existir especial cuidado para evitar situaes de perigo aquando do corte das cintas.

3.1.6. Redes

As redes podem ser utilizadas para manter produtos numa palete. A principal vantagem de uma rede, em comparao com a pelcula e as cintas, o facto de a mesma poder ser aberta para retirar ou adicionar produtos e, em seguida, facilmente fechada. Apesar de existirem alguns sistemas inte-ligentes para esticar a rede em torno do produto e fixar os produtos numa palete, praticamente impossvel evitar a deformao da carga durante o transporte rodovirio devido s foras de inr-cia. Com exceo da combinao de uma rede especfica para uma categoria especfica de produ-tos, no se pode considerar que uma rede seja uma soluo adequada para o acondicionamento no transporte.

3.2. Mtodos de acondicionamento

No contexto da imobilizao de carga e da rigidez das unidades de carga, so utilizados dois mto-dos de acondicionamento bsicos para evitar a deformao excessiva das unidades de carga: emba-lagem com base na forma e embalagem com base na fora O acondicionamento com base na forma normalmente prefervel por razes de segurana, mas nem sempre economicamente vivel.

3.2.1. Acondicionamento no transporte com base na forma

Os produtos so colocados num tipo de contentor rgido. Caso existam folgas, estas devem ser preenchidas a fim de evitar o movimento dos produtos no interior do contentor. Os taipais do con-tentor podem ser fechados ou ter uma estrutura aberta. Os taipais podem ser fixos ou rebatveis. Os contentores de ao so muitas vezes concebidos para transportar tipos especficos de produtos (por exemplo, na indstria automvel). As paletes-caixas de plstico so a combinao de uma palete e de uma caixa frequentemente utilizada uma caixa ondulada retangular, hexagonal ou octogonal fixada a uma palete de madeira ou de plstico. Os contentores com rodas so utilizados na distri-buio e em diversos setores industriais e podem ter rodas giratrias ou fixas.

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Os fabricantes deste acondicionamento no transporte de tipo caixa devem especificar a fora est-tica mxima horizontal, segura e distribuda, que os taipais da caixa conseguem suportar sem qual-quer outro apoio. Desde que a fora real exercida sobre os taipais da caixa - resultante das foras de inrcia mximas durante o transporte - seja inferior a esta fora mxima segura, a caixa pode ser imobilizada da mesma maneira que os outros contentores rgidos.

Em muitos casos, so evitados quaisquer movimentos de produtos no interior do contentor a fim de prevenir danos no produto. No entanto, mesmo que no se esperem danos no produto, devem ser evitados quaisquer movimentos de produtos no interior do contentor por motivos de segu-rana do transporte. A energia cintica gerada durante o movimento pode resultar numa fora de impacto elevada sobre a parede do contentor. Mesmo que o contentor resista a esta fora, esta pode comprometer a estabilidade do veculo.

3.2.2. Acondicionamento no transporte com base na fora

O acondicionamento atravs de pelcula e/ou de cintas considerada uma embalagem com base na fora, mesmo que outros efeitos possam contribuir para o seu reforo.

Quando sujeito a foras de inrcia horizontais, um produto tende a deslizar e a inclinar. Muitas vezes so colocadas numa palete vrias camadas de produtos agrupados ou de sacos. Neste caso, podem ocorrer vrios tipos de falhas e o acondicionamento no transporte deve gerar as foras necessrias para evitar tais falhas.

deslizamento de todas as camadas sobre a palete: pode ser evitado aumentando o atrito entre a palete e a carga e/ou utilizando uma pelcula adequada na parte superior da palete e na parte inferior da carga. Em alguns casos, utilizam-se barris para evitar o deslizamento da carga (por exemplo, engradados com cerveja em paletes de plstico ou de madeira) ou uma palete (trans-formando, assim, o acondicionamento com base na fora num acondicionamento com base na forma). Impedir o deslizamento de carga mediante a utilizao de pelcula algo praticamente impossvel, se o atrito entre a palete e a carga for reduzido (e se a palete estiver sobredimensio-nada em relao carga).

o deslizamento entre camadas pode ser evitado aumentando o atrito, mediante a utilizao de uma pelcula adequada e aplicando cola entre as camadas. As camadas podem ser encaixadas noutras camadas (por exemplo, o caso dos engradados de bebidas). Encontram-se disponveis no mercado separadores de elevado atrito. necessrio ter em ateno que as camadas no tratadas de carto canelado ou prensado tendem a aumentar o risco de deslizamento.

elevao de uma ou mais camadas. Se o deslizamento enquanto tal for evitado, uma ou mais camadas podem inclinar-se em torno de um dos bordos inferiores da camada. Como resultado deste efeito de elevao da carga, o atrito entre camadas nulo e alguns sistemas de encaixe soltam-se, ainda assim, levando a uma deformao quase ilimitada da unidade de carga. A elevao da carga pode ser evitada recorrendo a cintas ou a uma pelcula devidamente aplicada.

Mesmo que o deslizamento e a inclinao sejam evitados, a tendncia para a carga deslizar e inclinar continuar a existir. Isto pode gerar elevadas foras de compresso verticais em algu-mas zonas da carga, resultando numa queda repentina do prprio produto ou no colapso do acondicionamento primrio ou secundrio. Esta falha s pode ser evitada por meio de uma alterao do acondicionamento primrio e/ou secundrio. importante ter em ateno que a amarrao de topo (ver captulo 5) ir aumentar o risco de colapso.

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Inclinao na camada: todos os produtos numa camada tendem a inclinar simultaneamente na mesma direo. A superfcie de apoio da camada aumenta ligeiramente. Significa isto que a falha pode ser evitada por foras de trao adequadas em torno da camada. Se o acondicio-namento secundrio for suficientemente rgido, estas foras de trao podero ser criadas por pelculas ou cintas devidamente esticadas. No entanto, o melhor mtodo consiste em modificar o padro de empilhamento ou o acondicionamento primrio ou secundrio.

Rotura: evidente que as foras de inrcia so proporcionais massa dos produtos a reter. Quanto mais baixa for a posio numa palete, mais elevadas so as foras de inrcia na parte mais alta. Por outro lado, as foras de reteno da pelcula de acondicionamento tambm so normalmente mais elevadas na parte inferior da palete. Se a fora de reteno do acondiciona-mento no for proporcional s foras de inrcia, a carga da palete pode dividir-se em duas par-tes. Isto pode ser evitado ao aumentar a qualidade do acondicionamento nessa zona (aumento da tenso da pelcula e/ou do atrito).

Pequenas alteraes do acondicionamento primrio, secundrio ou do acondicionamento no transporte podem originar outro tipo de falha. A fim de evitar todas estas falhas, podem ser aplica-das foras carga por meio de pelculas e/ou cintas:

As foras descendentes aumentam as foras de contacto entre camadas e entre a camada infe-rior e a palete. Estas foras de contacto so proporcionais ao atrito num plano horizontal.

A fora circunferencial a uma altura especfica impede o aumento da superfcie de apoio a essa mesma altura.

Teoricamente, os movimentos relativos de camadas podem tambm ser impedidos meramente atravs das foras da pelcula.

Uma vez que o atrito entre camadas e entre produtos individuais ou agrupados no conhecido e afetado por deformaes locais dos materiais, e uma vez que os efeitos dinmicos em cargas defor-mveis so bastante complexos, no possvel calcular as foras da interao necessria entre a pelcula/cintas e a carga. A rigidez de uma unidade de carga especfica no pode ser estimada atra-vs de inspeo (visual) nem atravs de medio das foras do acondicionamento no transporte.

3.3. Mtodos de ensaio do acondicionamento

A rigidez de uma unidade de carga pode ser testada atravs da realizao de um ensaio. Uma vez que todas as unidades de carga tendem a deformar-se, o nvel de deformao aceitvel foi descrito em pormenor nas normas de acondicionamento especficas. igualmente descrito, detalhada-mente, o mtodo para quantificar diferentes tipos de deformao. A deformao mais importante medida num plano paralelo plataforma de carga e calculada enquanto percentagem da altura da unidade de carga (quando imobilizada num piso horizontal). Esta deformao elstica deve ser inferior a 10 %; aps o ensaio, esta deformao permanente deve ser inferior a 6 cm e inferior a 5 %. Os produtos, bem como o acondicionamento primrio e secundrio, no devem apresentar quaisquer deformaes ou danos permanentes.

Pode ser utilizado qualquer um dos seguintes trs mtodos de ensaio:

Num teste de inclinao, a plataforma de carga inclina. Um ngulo de inclinao de 26,6 cor-responde a uma fora de inrcia de 0,5 g e um ngulo de inclinao de 38,7 corresponde a 0,8g (abordagem esttica simples de acordo com a norma EN12195-1).

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Um teste de acelerao a nvel da palete aplica foras de inrcia durante pelo menos 0,3 s. Uma durao mais curta das foras de inrcia pode no resultar na deformao mxima no estado estacionrio da unidade de carga deformvel. A fim de incluir os efeitos dinmicos no teste, a acelerao deve ser aplicada num intervalo de tempo de 0,05 s (abordagem dinmica de acordo com a norma EUMOS 40509).

Um teste de acelerao a nvel do veculo. A unidade de carga colocada num veculo que guiado numa curva em S para gerar uma fora de inrcia de 0,5 g, incluindo os efeitos dinmi-cos. efetuada uma travagem de emergncia para gerar uma fora de inrcia de 0,8 g. Os requi-sitos mais pormenorizados e o mtodo de medio so descritos na norma europeia (aborda-gem dinmica de acordo com a norma EN12642).

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4. Equipamento de imobilizao

4.1. Amarraes

Nos transportes rodovirios, as cintas de amarrao ou correntes so as mais frequentemente uti-lizadas. Os cabos de ao tm vantagens para tipos de carga especficos.

Todos estes tipos de amarraes s podem transferir foras de trao. A fora de tenso mxima admissvel expressa em CA, ou seja, capacidade de amarrao. Esta constitui uma poro da resistncia rutura e indicada em unidades de fora, ou seja, quilonewtons (kN) ou decanewtons (daN).

4.1.1. Cintas de amarrao

A norma EN12195-2 descreve as cintas de amarrao de fibras sintticas. Podem ser fabricadas como um todo ou em duas partes. Na maior parte das vezes, tm um sistema de roquete para esti-car a cinta, empurrando ou puxando a pega do roquete. O roquete deve estar sempre bloqueado durante o transporte.

As extremidades da cinta podem ter diferentes tipos de ganchos ou anis para prender devidamente a cinta aos pontos de fixao no veculo ou na carga. (imagem)

Devem ser usadas de acordo com as especificaes do fabricante. Para a maioria dos tipos de carga, o material das cintas no importante.

O material da cinta de amarrao encontra-se mencio-nado no rtulo. Outra marcao importante o valor FTP (Fora de Tenso Padro). Trata-se da fora de ten-so na cinta aps esticar o roquete com uma fora manual padro de 50 daN quando a cinta esticada de forma linear entre dois pontos. A fora de tenso real pode ser diferente da FTP superior ou inferior.

Outras informaes que devem ser mencionadas no rtulo so indicadas na figura 21.

Muitos fabricantes mencionam dois valores para a CA. Apenas o valor mais baixo definido na norma e deve ser utilizado na frmula de clculo indicada no captulo 6. praticamente impossvel calcular visualmente o valor da FTP e CA de uma cinta de amarrao. por isso que o rtulo necessrio.

Algumas cintas de amarrao so concebidas para serem esticadas por um guincho fixado ao veculo, na maioria das vezes por baixo da plataforma de carga.

Figura 20: Roquete para cinta deamarrao

Figura 21: Rtulo da cinta de amarrao

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Deve ser prestada especial ateno a fim de evitar danos na cinta de amarrao e no seu rtulo. Uma cinta de amarrao esticada pode ser facilmente cortada por extremidades cortantes do ve-culo ou da carga. Os bordos de perfis ou placas de ao, os bordos cortantes de beto, os bordos lisos de certos engradados de plstico rgido e afins no devem estar em contacto direto com uma cinta de amarrao. Encontram-se disponveis no mercado mangas de proteo concebidas para deslizarem sobre a cinta e serem posicionadas sobre os bordos cortantes. Como alternativa, podem ser utilizados protetores para cantos.

possvel medir a tenso real (FT) de uma cinta. Algumas cintas so vendidas com um indica-dor de tenso incorporado que permite calcular aproximadamente a fora de tenso real. Encon-tram-se igualmente disponveis instrumentos de medio manuais para cintas com uma largura de 50 mm, que permitem medir a fora de tenso real com uma preciso superior a 50 daN (Figura 23). O instrumento de medio manual pode ser montado sobre uma amarrao em tenso para efeitos de medio. Encontra-se igualmente disponvel uma verso eletrnica e mais precisa deste instrumento de medio. Podem tambm ser usadas clulas de carga padro para verificar as foras de tenso reais, mas s podem ser montadas em conjunto com a amarrao.

Figura 22: Proteo em bordos cortantes

Figura 23: Dispositivo para medir a fora de tenso

As empresas de transportes profissionais utilizam com mais frequncia cintas de amarrao em PES com uma largura de 50 mm, com uma FTP compreendida entre 250 e 500 daN e uma AC compreendida entre 1 600 e 2 000 daN. A tenso real de uma amarrao esticada com um roquete varia entre 0 e 600 daN. Encontram-se disponveis cintas de amarrao com FTP de 1000 daN e CA de 10 000 daN, mas raramente so utilizadas.

Para efeitos de clculo, a tenso real (FT) deve ser medida no lado do tensor.

4.1.2. Correntes

A norma EN12195-3 descreve as correntes que podem ser utilizadas para imobilizar carga para trans-porte rodovirio. Estas correntes so normalmente correntes de elo

curto com ganchos ou anis especficos a fixar ao veculo e/ou carga. A principal diferena relati-vamente s correntes de elevao o tensor. O tensor pode ser uma parte no amovvel da corrente (ver imagem) ou um dispositivo separado que fixado algures ao longo da corrente, que deve estar esticada (ver imagem). Encontram-se disponveis no mercado vrios tensores, tais como roquetes e esticadores. A norma EN12195-3 especifica que os tensores devem ter mecanismos que evitem desprendimentos. So proibidos tensores que possuam uma folga superior a 150 mm aps serem esticados.

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Dimetro nominal da corrente (em mm)

Capacidade de amarrao mxima (em daN)

6 2 2007 3 0008 4 0009 5 000

10 6 30011 7 50013 10 00016 16 00018 20 00020 25 00022 30 000

Quadro4:

As correntes devem ter um rtulo que mencione o valor da CA. O valor mximo da CA para a classe 8 indicado no quadro.

As correntes so bastante adequadas para ligar um ponto de amarrao da carga a um ponto de amarrao do veculo, de modo a que a corrente no entre em contacto com quaisquer outras par-tes. Em alguns casos, as correntes entram em contacto com os bordos do veculo ou do produto. Uma vez que no deslizam facilmente sobre os cantos, as correntes podem no estar esticadas ao longo do seu comprimento. Pode ser til um dispositivo especfico para melhorar o deslizamento de uma corrente sobre um canto.

As correntes e os diferentes tipos de ganchos devem ser utilizados de acordo com as especificaes do fabricante. Um gancho aberto deve ser fixado a um anel concebido para tal e nunca a um elo convencional de uma corrente. Um gancho de reduo deve ser preso a um elo de uma corrente.

As correntes danificadas no devem ser utilizadas e devem ser retiradas de circulao. De igual modo, a resistncia de uma corrente gasta pouco fivel. Regra geral, uma corrente considerada gasta assim que o seu comprimento for mais de 3 % superior ao seu comprimento terico.

4.1.3. Cabos de ao

A norma EN12195-4 descreve os cabos de ao que podem ser utiliza-dos para amarrao. Os cabos de ao so esticados por meio de tensores de tipo guincho fixados no veculo, por tensores de tipo roquete separados ou por cintas de amarrao curtas com um esticador de roquete. Os cabos de ao so especialmente adequados para imobilizar tapetes de ao. O valor da CA de cabos de ao indicado pelo fabricante.

4.2. Equipamento para aumento de atrito

Podem ser usados materiais de atrito elevado para aumentar o atrito entre a base da plataforma e a carga, bem como entre as camadas da carga quando necessrio. Existem diferentes tipos de

Figura 24: Cabos de ao esticados por um guincho

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materiais de atrito elevado, por exemplo revestimentos, carpetes, tapetes de borracha e folhas de papel (folhas antiderrapantes) cobertos com materiais de atrito. Estes materiais podem ser utili-zados em conjunto com outros sistemas de imobilizao. O equipamento para aumento de atrito pode estar solto, fixado plataforma, integrado na carga ou fixado unidade de carga.

4.2.1. Revestimento

Na maioria das vezes aplicado um revestimento plataforma de carga. O fator atrito em con-junto com um material de contacto especfico da carga deve ser determinado conforme descrito na norma EN12195-1:2010.

4.2.2. Tapetes antiderrapantes de borracha

Pode ser utilizada borracha vulcanizada ou borracha aglomerada e diferentes tipos de aditivos e/ou reforos. Alguns fabricantes adicionam um granulado colorido especfico. A espessura dos tapetes pode variar entre 2 e 30 mm.

Para uma superfcie de contacto limpa, molhada ou seca, o fator de atrito de todos estes tipos de tapetes de borracha em conjunto com qualquer outro material de 0,6. Para uma superfcie de contacto com neve, gelo, gordura ou leo, o fator de atrito muito menor, tal como descrito na norma EN12195-1:2010. Um fator de atrito superior a 0,6 aplicvel caso tal seja confirmado num certificado de ensaio de acordo com a norma EN12195-1:2010.

No existem normas gerais sobre as dimenses mnimas dos tapetes de borracha a utilizar. A dimenso e a espessura dos tapetes devem ser devidamente escolhidas a fim de garantir que o peso da carga totalmente transferido por meio de tapetes de borracha, tendo em conta a compresso dos tapetes sob elevada presso, a deformao da carga e, eventualmente, a deformao da plata-forma de carga. Os tapetes com dimenses inferiores a 10 cm 10 cm podem tender a enrolar-se sob uma fora tangencial e, portanto, no devem ser utilizados.

necessrio ter cuidado aquando da utilizao de tapetes de borracha sob bordos cortantes. Devido presso de contacto e s vibraes elevadas, alguns tipos de tapetes de borracha podem ser perfu-rados, reduzindo assim o atrito. Alguns tipos de tapetes de borracha feitos de borracha aglomerada so propensos a este fenmeno. Em contrapartida, a borracha aglomerada mais adequada em ambientes empoeirados.

4.2.3. Tapetes antiderrapantes (sem borracha)

So igualmente utilizados em tapetes antiderrapantes materiais que no a borracha. O fator de atrito destes materiais deve ser garantido por um certificado de ensaio de acordo com a norma EN12195-1:2010. Esto a ser usados materiais de tipo espuma, os quais so colocados por baixo das cargas da palete ou entre as paletes e a sua carga. O fator de atrito pode atingir valores at 1,2 para combinaes de materiais especficas em condies ideais. Tal como acontece com o revestimento, o fator de atrito tende a diminuir ao longo do tempo. Se estes tapetes forem muito finos, poder ser necessrio cobrir toda a superfcie de contacto.

4.2.4. Folhas antiderrapantes

Trata-se de folhas base de papel com um revestimento de atrito elevado em silicone, PU ou outros. Estas folhas so frequentemente utilizadas entre camadas de mercadorias sobre paletes e

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so igualmente muito adequadas para o transporte de remessas e cargas similares. Encontram-se disponveis em variantes muito finas e variantes de carto canelado espesso e devem ser devida-mente escolhidas tendo em conta as foras de inrcia que tendem a rasg-las.

4.3. Barras de bloqueio

As barras de bloqueio so concebi-das para serem montadas em vecu-los, quer a nvel vertical, entre a pla-taforma de carga e o tejadilho, quer a nvel horizontal, entre ambos os taipais laterais. No se encontra dis-ponvel nenhuma verso final de uma norma internacional especfica para barras de bloqueio. importante esta-belecer uma distino entre a resis-tncia de uma barra de bloqueio, con-forme especificada pelo fabricante, e a capacidade de bloqueio de uma barra de bloqueio. A capacidade de bloqueio depende fortemente da fixao da barra de bloqueio ao veculo.

A fixao de barras de bloqueio mais comum base de atrito.

Figura 26: Barra de bloqueio com fixao base de atrito em taipais/ripas laterais.

A capacidade de bloqueio tpica situa-se entre 80 e 200 daN.

As barras de bloqueio mais modernas so fixadas em orifcios existentes no veculo. Uma vez que no existem dimenses padro para os orifcios, as barras de bloqueio so fornecidas juntamente com o veculo e com um certificado que menciona a sua capacidade de bloqueio. Por norma, esta varia entre 200 daN e 2 000 daN, dependendo principalmente da qualidade da fixao das barras nos orifcios.

Figura 25: Barras de bloqueio

Figura 27: Ripas de alumnio com orifcios para barras de bloqueio

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4.4. Materiais de enchimento

Uma imobilizao eficaz da carga atravs de um sistema de bloqueio obriga a uma arru-mao compacta dos volumes de carga con-tra os dispositivos de bloqueio do porta-car-gas e entre os volumes de carga individuais. Se a carga no ocupar os espaos entre as paredes traseiras e laterais e no for fixada de outro modo, as folgas devem ser preen-chidas com material de enchimento a fim de criar foras compressivas que proporcionem um bloqueio satisfatrio da carga. Essas for-as compressivas devem ser proporcionais ao peso total da carga.

So indicados, a seguir, alguns materiais de enchimento que podem ser usados.

Paletes de carga

As paletes de carga constituem frequentemente um material de enchimento adequado. Se o espao livre junto dos dispositivos de bloqueio for superior altura de uma EURO-palete (cerca de 15 cm), ento a folga pode ser preenchida, por exemplo, com este tipo de paletes colocadas na vertical, de modo a que a carga fique adequadamente imobilizada. Se o espao livre junto das paredes laterais de qualquer lado da seco de carga for inferior altura de uma EURO-palete, ento a folga da parede lateral pode ser preenchida com material de enchimento adequado como, por exemplo, tbuas de madeira.

Almofadas de ar

As almofadas de ar insuflveis encontram-se disponveis como artigos descartveis ou reciclveis. As almofadas so fceis de instalar e so insufladas com ar comprimido, muitas vezes atravs de uma sada no sistema de ar comprimido do camio. Os forne-cedores de almofadas de ar devem disponibilizar as instrues e as recomendaes relativas capacidade de carga e presso de ar adequada. importante evitar danos nas almofadas de ar resultantes do desgaste devido ao uso. As almofadas de ar nunca devem ser utilizadas como material de enchimento contra portas ou superfcies ou partes no rgidas.

Existem igualmente no mercado diferentes materiais base de papel que podem ser utilizados para enchimento, tais como carto para enchimento e carto amassado.

Alguns camionistas utilizam placas de material isolante, tais como placas em PU, para preencher folgas.

Figura 28 Material de enchimento entre filas de carga

Figura 29: Almofada de ar para bloqueio lateral

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4.5. Protetores de canto

No existem normas internacionais relativas a protetores de canto. Um protetor de canto pode ter mais do que uma funo:

Proteger as cintas de danos provocados pelas extremidades cortantes da carga

Proteger a carga de danos provocados pelas cintas

Facilitar o deslizamento das cintas na direo longitudinal sobre a carga

Distribuir a fora das cintas sobre uma superfcie mais abrangente da carga

Alguns protetores de canto podem ter uma funo adicio-nal especfica, como a de evitar que a cinta deslize na direo transversal (por exemplo, man-ter a cinta na devida posio sobre um bordo cilndrico da carga).

Encontram-se disponveis no mercado vrios modelos de protetores de canto com dife-rentes funes e custos. Alguns dos modelos so reproduzidos na imagem... ; as peas de pls-tico em L so colocadas sobre os cantos da carga e a amarra-o colocada sobre o protetor

de canto. Este mtodo muito eficaz, embora seja difcil de aplicar em alguns casos. Por vezes, mais fcil colocar mangas protetoras ao longo da cinta (frequentemente denominadas protetores de desgaste); estas so eficazes para proteger a cinta mas no distribuem a fora sobre uma super-fcie maior.

Alguns protetores de canto podem ter um comprimento considervel. No entanto, no so con-cebidos para substituir o acondicionamento no transporte da carga e no servem para manter a forma da carga (ver imagem). Tm como principal funo distribuir as foras de amarrao ao longo de uma superfcie mais ampla, tal como explicado no ponto 5.7.2.

Os protetores de canto no devem provocar situaes de perigo durante o processo de amarrao e/ou de transporte. A utilizao de placas de ao dobradas como protetores de canto no aceitvel, uma vez que pode causar leses graves durante o processo de amarrao e durante o transporte.

No aceitvel a utilizao de tapetes antiderrapantes como protetor de canto.

Figura 30: Protetores de canto

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4.6. Redes ou toldos

As redes utilizadas na imobilizao ou na reten-o de determinados tipos de carga podem ser fabricadas com cintas de amarrao ou cordas de fibra natural ou sinttica ou cabo de ao. As redes de fixao so normalmente utilizadas como barreiras para dividir o espao de carga em compartimentos. As redes em corda ou em cordo fino podem ser utilizadas para imobili-zar cargas nas paletes ou diretamente no ve-culo, como sistema primrio de reteno. Os seus efeitos podem ser calculados utilizando as

frmulas da norma EN12195-1 para amarrao direta ou amarrao descendente, conforme o caso.

Podem ser utilizadas redes mais leves para cobrir veculos abertos e peque-nos contentores quando o tipo de carga no requer um toldo. Devem ser adotadas medidas para garantir que as partes metlicas das redes no esto corrodas ou danificadas, que as cin-tas no esto cortadas e que todas as costuras se encontram em boas con-dies. As redes em corda ou cordo fino devem ser inspecionadas a fim de detetar eventuais cortes ou outros danos nas fibras. Se necessrio, devem ser efetuadas reparaes por uma pessoa competente antes da utilizao da rede. O tamanho da malha da rede deve ser inferior ao da mais pequena parte da carga.

As redes podem igualmente ser usadas para garantir que a carga no cair do veculo aquando da abertura das portas (por exemplo, no caso de um veculo de classificao XL carregado com carga contra as portas traseiras).

4.7. Outros materiais de imobilizao

Vrios outros materiais so utilizados para a imobilizao de carga e so tambm muito adequados em alguns casos.

A madeira utilizada como material de separao, sobretudo em contentores, mas tambm em reboques de caixa aberta ou noutros veculos de transporte rodovirio. Podem ser utilizados bar-rotes de madeira para preencher folgas entre unidades de carga e entre estas e as partes rgidas do veculo. Podem ser cravados na plataforma de carga do veculo ou ainda travados junto de partes rgidas do veculo.

Figura 31: Imobilizao com toldos

Figura 32: Imobilizao com rede e amarrao direta na direo da frente

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5. Mtodos de imobilizao de carga

5.1. Princpio geral

O princpio de base da imobilizao de carga consiste em evitar movimentos de partes da carga em relao plataforma de carga devido a aceleraes do veculo nas direes longitudinal e transver-sal. S podem ser aceites movimentos provocados por deformaes elsticas de unidades de carga e de equipamento de imobilizao, desde que no causem foras de impacto elevadas inaceitveis nos taipais do veculo ou noutro equipamento de reteno. A fim de evitar estes movimentos relati-vos, podem ser utilizados, em separado ou em conjunto, os seguintes mtodos de reteno bsicos.

travamento,

bloqueio,

amarrao direta,

amarrao de topo

Os mtodos de reteno utilizados devem ser capazes de suportar as diferentes condies climti-cas (temperatura, humidade, etc.) que podero ser encontradas durante a viagem.

5.2. Travamento

O travamento , de longe, o melhor mtodo de imobilizao de carga. O veculo e a carga tm uma forma especfica que concebida para se encaixarem e para evitar o movimento relativo. A resis-tncia da conceo deve ser previamente verificada. Tal sistema de travamento deve ser utilizado de acordo com as especificaes do fabricante.

Um exemplo bem conhecido o fecho rotativo para contentores ISO. O prprio contentor consi-derado uma carga que deve ser imobilizada no reboque de contentor. Devem ser utilizados 4 fechos rotativos para impedir quaisquer movimentos relativos do contentor no reboque.

Outro exemplo a utilizao de engradados de ao para botijas de gs pressurizado. Os ps dos engradados so concebidos para se encaixarem nos orifcios da plataforma de carga de um veculo concebido para transportar engradados. utilizada uma cavilha especfica para travar os ps nos orifcios em questo.

5.3. Bloqueio local

Se a unidade de carga a imobilizar for suficientemente rgida, possvel recorrer ao bloqueio local.

O deslizamento impedido atravs da colocao de suportes rgidos nas direes da frente, de trs e em cada direo transversal.

As unidades de carga so contrapostas a um taipal rgido, vedao ou poste(s) ou a outra uni-dade de carga.

Caso um suporte direto contra uma parte rgida do veculo no seja possvel, as folgas podem ser preenchidas com pedaos de madeira ou solues similares.

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Figura 33: Bloqueio

Quando uma unidade de carga propensa inclinao, esta evitada por meio de bloqueio local atravs da colocao de suportes rgidos a uma altura razovel. Para que tal seja seguro sem recor-rer a qualquer tipo de clculo, a unidade de carga bloqueada acima do centro de gravidade. Uma barra de bloqueio horizontal ou vertical frequentemente utilizada para impedir a inclinao da carga.

Um tipo especfico de bloqueio local o bloqueio em altura ou o bloqueio com painel. frequentemente utilizado para transportar algumas unidades de carga sobre uma camada inferior. Ao utilizar determinado tipo de material de suporte como, por exemplo, pale-tes de carga, a seco de carga elevada de modo a formar uma elevao e a camada mais elevada da carga fica localmente imobilizada em posio lon-gitudinal, como ilustra a figura... de notar que as foras utilizadas para bloqueio na parte superior da unidade de carga podem ser consideravelmente ele-vadas. Esta concentrao de foras pode ser reduzida ao colocar as paletes na vertical entre duas seces consecutivas.

Um outro tipo de bloqueio local consiste na utilizao de cunhas para impedir que objetos cilndri-cos se movam ao longo da plataforma de carga.

As cunhas de bloqueio devem ter um ngulo de aproximadamente 37 para impedir que a carga se mova para a frente e um ngulo de aproximadamente 30 para evitar que a mesma role para trs ou para os lados. As cunhas devem estar em contacto com o objeto cilndrico no plano inclinado e devem estar fixadas plataforma de carga, uma vez que o objeto cilndrico tende a mover as cunhas para trs. A fora horizontal exercida para trs sobre a cunha de 0,8 G ou 0,5 G (em que G o peso do cilindro).

A altura das cunhas deve ser de:

no mnimo R/3 (tero do raio do cilindro), se no existir amarrao de topo ou,

no mximo 200 mm, se o rolamento sobre as cunhas for impedido de outra maneira (por exemplo, amarrao de topo).

Figura 34: Bloqueio com painel utilizando a palete de carga

Figura 35: Cunhas de bloqueio

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As cunhas pontiagudas com um ngulo de 15 possuem uma capacidade de imobilizao de carga limitada e a sua principal funo a de manter as mercadorias com forma cilndrica imo-bilizadas durante as operaes de carga e descarga. A vantagem do pequeno ngulo permitir que a cunha trave, normalmente, de forma automtica em condies estticas: no desliza na horizontal por baixo do peso do cilindro.

Uma cunha de apoio utiliza duas cunhas longas imobilizadas por meio de contraventamento cruzado regulvel (por exemplo, parafusos). O contraventamento cruzado deve ser disposto de modo a que exista uma distncia de aproximadamente 20 mm entre o cilindro e a plataforma de carga. As cunhas devem ter um ngulo de 37 para permitir um bloqueio na direo longi-tudinal e um ngulo de aproximadamente 30 para um bloqueio na direo transversal.

5.4. Bloqueio geral

No que se refere ao bloqueio geral, os espaos vazios devem ser preenchidos, podendo s-lo, pre-ferencialmente, com paletes vazias inseridas vertical ou horizontalmente e apertadas por barrotes de madeira adicionais, se necessrio. No devem ser utilizados para este fim materiais que possam deformar ou encolher permanentemente, tais como panos de serapilheira ou espuma slida de resistncia limitada. As pequenas folgas entre unidades de carga e artigos semelhantes, que no podem ser evitadas e que so necessrias para facilitar o processo de carga e descarga das merca-dorias, so aceitveis e no necessitam de ser preenchidas. Somente no caso de bloqueio geral, o espao vazio total em qualquer direo horizontal no deve exceder os 15 cm. No entanto, entre cargas densas e rgidas, tais como ao, beto ou pedra, os espaos vazios devem ser reduzidos, tanto quanto possvel.

5.5. Amarrao direta

Os dispositivos de amarrao so utilizados para gerar uma fora na direo oposta s foras de inrcia. A aplicao deste mtodo depende do tipo de carga.

No que toca a todas as varian-tes de amarrao direta, a carga deve poder mover-se. Este movimento provoca um aumento da fora na amar-rao. Esta fora crescente deve impedir o movimento da carga. Uma vez que as cintas de amarrao tendem a esti-car 7 % e que todos os movi-mentos de carga devem ser to reduzidos quanto possvel, a pr-tenso das cintas de amar-rao deve ser a mais elevada possvel, mas no superior a 0,5 CA. Para correntes, cabos de ao e cabos de alta tecnolo-gia, a pr-tenso ideal infe-rior a 0,5 CA. Para unidades de carga muito pesadas numa plataforma de carga deformvel, reco-menda-se a elaborao de um estudo pormenorizado da pr-tenso.

Figura 36: Amarrao direta

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5.5.1. Amarrao diagonal

As unidades de carga com pontos de amarrao rgidos podem, normalmente, ser imobilizadas atravs de quatro cintas de amarrao direta. Cada cinta de amarrao liga um ponto de amarrao presente na carga a um ponto de amarrao presente no veculo, aproximadamente na direo das diagonais da plataforma de carga. Apenas no caso de amarrao com quatro cintas de amarrao, as cintas no devem ser paralelas ao plano vertical no sentido da marcha do veculo, como tambm no devem ser paralelas ao plano vertical na direo transversal. Os ngulos entre a cinta e o plano horizontal devem ser to reduzidos quanto possvel, tendo em conta a rigidez dos pontos de amar-rao (muitos pontos de amarrao no devem ser utilizados num ngulo inferior a 30). O ngulo entre a cinta e o sentido da marcha do veculo , de preferncia, entre 30 e 45, se a amarrao diagonal no for combinada com bloqueio. Podem ser admissveis ngulos de maior ou menor amplitude, desde que as foras consequentes mais elevadas nas cintas de amarrao e nos pontos de amarrao sejam aceitveis.

Se existir um ponto de amarrao muito rgido sobre a carga, pode ser usado para prender duas cintas. Se no existirem pontos de amarrao adequados, os mesmos podem, em alguns casos, ser criados por meio de uma linga de elevao.

Se uma determinada cinta ou ponto de amarrao no tiver resistncia suficiente, deve ser substitudo, de preferncia, por uma cinta ou um ponto de amarrao mais forte. Poder ser necessria a utilizao de uma cinta adicional devido resis-tncia limitada dos pontos de amarrao ou do equipamento. Se forem utilizadas mais de duas cintas em qualquer direo, um fator de segurana deve ser aplicado para que se tenha em conta uma distribuio desigual das foras nas cintas.

5.5.2. Amarrao paralela

So utilizadas 8 cintas para ligar 8 pontos de amarrao no veculo a 8 pontos de fixao na carga. As 8 cintas tm todas o mesmo comprimento e so posicionadas 2 a 2 de forma paralela. 2 cin-tas paralelas impedem movimentos frontais, 2 cintas paralelas impedem movimentos para trs, 2 impedem movimentos para a esquerda e outras 2 impedem movimentos para a direita. Com a utilizao de 2 cintas para uma s direo, as foras das cintas e dos pontos de amarrao so infe-riores s existentes no caso da amarrao diagonal. Na maior parte dos casos, a amarrao diagonal mais barata do que a amarrao paralela e to eficaz quanto esta.

5.5.3. Amarrao em meio-lao

A amarrao em meio-lao (s vezes denominada amarrao em lao) muitas vezes aplicada para impedir movimentos transversais de elementos de carga compridos. So utilizadas, pelo menos, 3 cintas. No entanto, prefervel a utilizao de 4. Cada cinta tem incio num ponto de amarrao prximo do lado do veculo, passa por baixo da carga e regressa por cima dela at chegar ao mesmo ponto de amarrao ou a um ponto de amarrao prximo. Recomenda-se a utilizao de 2 cintas na

Figura 37: Amarrao diagonal

Figura 38: Amarrao em meio-lao

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parte dianteira da carga comprida e 2 cintas perto da parte traseira da mesma. Duas cintas tm in-cio no lado direito e outras 2 no lado esquerdo. Estas 4 cintas tm um efeito limitado na preveno do deslize da carga na direo longitudinal.

5.5.4. Amarrao com lanantes

A amarrao com lanantes pode ser aplicada para impedir movimentos da carga (deslizamento e inclinao) numa nica direo, na maioria das vezes para