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Orientações ao DirigenteMunicipal de Educaçãofundamentos, políticas e práticas

Orientações ao DirigenteMunicipal de Educaçãofundamentos, políticas e práticas

Orientações ao Dirigente

Municipal de Educação

fundamentos, políticas e práticas

O documento Orientações para o Dirigente Municipal de Educação ‒ fundamentos, políticas e práticas oferece subsídios para a implementação e execução de políticas e programas educacionais no âmbito municipal. Em cada uma de suas seis seções propicia reflexões, pistas e orientações conduzindo a um planejamento e gestão globais da política educacional, capazes de contribuir para o enfrentamento dos antigos e novos desafios postos aos sistemas e redes públicas municipais de ensino do Brasil. Espera-se, desse modo, que seja utilizado como um instrumento prático e de apoio pelos Dirigentes Municipais de Educação - DME de todo o país.

Realização ApoioApoio institucional

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Ficha técnicaCaderno de Orientações ao Dirigente Municipal de Educação fundamentos, políticas e práticas Agenda dos Cem Primeiros Dias

Realização: UndimeApoio institucional: Fundação Itaú SocialApoio: Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Ministério da Educação - Governo Federal

Dezembro de 2008

ConteúdoDaisy VasconcelosPaulo Roberto Roma BuzarRaimundo Nonato Palhano SilvaRaimundo Moacir Mendes Feitosa

RevisãoJustina Iva de Araújo SilvaVivian Ka Fuhr Melcop - DF 8126JP

MontagemDavid Telles - CE 01644JP

Arte e diagramaçãoManoel Teixeira de Souza FilhoHelena Lamenza - logomarca da Missão do Dirigente Municipal de Educação

Tiragem 12.000 exemplares

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ExpedienteDiretoria executiva 2007/ 2009

Presidenta: Justina Iva de Araújo Silva - DME de Natal/ RN

Vice-presidenta: Suely Duque Rodarte - DME de Carmo da Cachoeira/ MG

Secretário de articulação: Carlos Eduardo Sanches - DME de Castro/PR Suplente: Washinghton Luís de Sousa Bonfim - DME de Teresina/ PI

Secretária de coordenação técnica: Maria de Nazaré Salles de Sucupira Monteiro - DME de Amapá/ APSuplente: Agda Magali de Queiróz - DME de Brasil Novo / PA

Secretária de comunicação: Maria Cecília Amendola da MottaDME de Campo Grande/MS Secretário de finanças: Flávio Romero Guimarães - DME de Campina Grande/ PB

Secretária de assuntos jurídicos: Jardeni de Azevedo Francisco Jadel DME de Casimiro de Abreu/ RJSuplente: Isaías Tadeu Alves de Macedo - DME de Ituiutaba / MG

Presidenta Região Centro-Oeste: Lúcia Schuster - DME de Água Boa/ MTSuplente: Manuelina Martins da Silva Arantes Cabral - DME de Costa Rica / MS

Presidenta Região Nordeste: Maria Luiza Martins Aléssio - DME de Recife/ PESuplente: Flávio de Araújo Barbosa - DME de São Gonçalo do Amarante/ CE

Presidente Região Norte: Moacir Fecury Ferreira da SilvaDME de Rio Branco/ ACSuplente: Raimunda Lucineide Gonçalves Pinheiro - DME de Santarém / PA

Presidente Região Sudeste: José Aparecido Duran NetoDME de Votuporanga/ SPSuplente: Célia Maria Vilela Tavares - DME de Cariacica / ES

Presidenta Região Sul: Magela Lingner Formiga - DME de Esteio/ RSSuplente: Marcos Aurélio Schemberger - DME de Campina Grande do Sul / PR

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Secretaria executiva

Secretária executiva: Vivian Ka Fuhr MelcopSecretária administrativa: Luciane Guimarães de OliveiraAssessoria administrativa: Celza Chaves, Fátima Soares, José Nilson de MeloAssessoria de comunicação social: Nana Cunha, David Telles

[email protected] - Q. 6 - Bloco A - Ed. Carioca - salas 611/ 613CEP 70.306-000 - Brasília/ DFTelefone: 61 3037 7888Fax: 61 3039 6030

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ApresentaçãoTrabalhar em prol da educação brasileira envolve muito esforço e compromisso de todos os segmentos sociais. A dívida social dos governos e da própria sociedade com a alfabetização de nossas crianças é histórica e, justamente por isso, precisa de personagens que atuem com responsabilidade e dedicação.

Muitos avanços ocorreram nos últimos dez anos e é cada vez mais necessária a união entre governos federal, estaduais e municipais e movimentos na conquista de mais melhorias sociais.

Oportunidades de acesso e qualidade de ensino e aprendizagem são as principais bandeiras da Undime, que atua há 23 anos na defesa da educação pública, apoiando municípios a implementar programas e projetos de políticas educacionais.

O caderno Orientações ao Dirigente Municipal de Educação – fundamentos, políticas e práticas e seu anexo Agenda dos Cem Primeiros Dias são publicações da Undime, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef e do Ministério da Educação. Traduzem o sentimento da instituição pela qualidade e visa, principalmente, possibilitar a continuidade de iniciativas bem sucedidas de gestões anteriores, transpondo barreiras políticas e ideológicas.

Com esses materiais, a Undime espera contribuir para que o gestor público compreenda a importância de sua missão e saiba como atuar frente aos desafios do trabalho de uma Secretaria. O Caderno foi elaborado por especialistas e outros Dirigentes de Educação, que sabem, na prática, como funcionam as legislações, as prestações de contas e o gerenciamento da educação nos municípios, visando ao atendimento dos direitos das crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

Leia e consulte o Caderno e a Agenda sempre que necessário e os considere como uma ferramenta de trabalho. Boa sorte, boa leitura e conte com a Undime!

Justina Iva de Araújo SilvaDirigente Municipal de Educação do Natal/ RNPresidenta da Undime

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SumárioIntrodução

A Undime e o seu papel estratégico Uma trajetória pela educação municipalNovos desafios

A missão do Dirigente Municipal de Educação

Planejamento da educação no municípioSignificado e importância do planejamento para a política educacional

Instrumentos de apoio ao planejamento da educação municipalPlano Nacional de Educação – PNEPlano Municipal de Educação – PMEPlano de Desenvolvimento da Educação – PDECompromisso Todos pela Educação Plano de Ações Articuladas – PARPlanejamento Estratégico da Secretaria – PESLevantamento da Situação Escolar – LSEMicroplanejamento EducacionalFundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb

Metodologia de cálculo do per capita alunoPlanejamento da gestão do Fundeb

Aplicação dos 60% do FundebAplicação dos 40% do Fundeb

Controle Social do FundebLei de Responsabilidade Fiscal – LRFPlano Plurianual – PPALei de Diretrizes Orçamentárias – LDOLei Orçamentária Anual – LOASistemas de monitoramento e avaliação

Gestão municipal da educação com qualidade social

Construção da Gestão Democrática

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Construção do Sistema Municipal de Ensino

Áreas de Competências das Secretarias de EducaçãoGestão político-institucional

Gestão administrativa e organizacionalRelevância do fortalecimento institucionalCompetências da gestão administrativo-organizacionalOrganização, estrutura e funcionamento do Sistema Municipal de EnsinoRegularização de escolas da rede municipalPlano de Carreira e RemuneraçãoPiso Salarial Nacional e os PCRControle interno e externo

Gestão orçamentária e financeiraSobre o financiamento da educaçãoFontes de recursos da educaçãoGestão orçamentária da educaçãoPrestação de ContasSiopeSiconv

Gestão da informaçãoIncorporação da informação como ferramenta da gestão com qualidade socialSimecEducacensoIndicadores de desempenho da gestão educacionalNúcleos de estatísticas educacionais

Gestão pedagógicaProjeto político–pedagógico municipalCompetências pedagógicas do órgão gestor municipalPrincipais dimensões da gestão pedagógicaDesenvolvimento pedagógico de modalidades de educação Desenvolvimento pedagógico e avaliação

Gestão participativaBusca contínua do desenvolvimento da gestão educacional

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GovernançaRegime de Colaboração entre os entes federados

Relacionamento com as associações de Prefeitos

Parcerias com o Terceiro Setor e os Movimentos SociaisTerceiro SetorMovimentos Sociais

Conselhos da área educacionalConselho Nacional de Educação – CNEConselhos Estaduais de Educação – CEEsConselho Municipal de Educação – CMEConselho de Acompanhamento e Controle Social do FundebConselho de Alimentação EscolarConselhos EscolaresConselho Tutelar

Outros Conselhos da área socialNacionaisConselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - ConandaConselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – Conade

MunicipaisConselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCAConselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência - ComdeConselho Municipal de Assistência Social – CMASConselho Municipal de Saúde – CMS

Protagonismo juvenil

Articulação escola-comunidade

Conferência Municipal de Educação

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Políticas e programas para a educação básica municipal

Transferências voluntárias/ FNDEBrasil AlfabetizadoCaminho da EscolaPró-Infância - Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação InfantilProgramas via PAR

Transferências automáticas/ FNDEBiblioteca na Escola - PNBELivros didáticosPrograma Nacional de Alimentação EscolarPrograma Dinheiro Direto na Escola – PDDEPrograma Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE

Avaliação, formação docente e incentivo à aprendizagemProva BrasilProvinha BrasilOlimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicasOlimpíada Brasileira da Língua PortuguesaTV EscolaRede Interativa Virtual de Educação – RivedPortal do Professor

Programas IntersetoriaisBolsa FamíliaSaúde na EscolaOlhar BrasilPrograma Benefício de Prestação Continuada - BPC na EscolaProjovem

Entidades educacionais e redes

Referências Bibliográficas

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - fundamentos, políticas e práticas

Orientações ao Dirigente Municipal de Educação fundamentos, políticas e práticas

“A educação tem por finalidadeo pleno desenvolvimento do educando,

seu preparo para o exercício da cidadania e a suaqualificação para o trabalho, inspirada nos princípios

de liberdade e nos ideais de solidariedade humana1 ”.

1 - Artigo 205 da Constituição Federal - CF de 1988 e artigo 2º da Lei 9394/ 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB.

O documento Orientações para o Dirigente Municipal de Educação – fundamentos, políticas e práticas oferece subsídios para a implementação e execução de políticas e programas educacionais no âmbito municipal.

Em cada uma de suas seis seções propicia reflexões, pistas e orientações conduzindo a um planejamento e gestão globais da política educacional, capazes de contribuir para o enfrentamento dos antigos e novos desafios postos aos sistemas e redes públicas municipais de ensino do Brasil. Espera-se, desse modo, que seja utilizado como um instrumento prático e de apoio pelos Dirigentes Municipais de Educação - DME de todo o país.

O trabalho discute o papel estratégico da Undime, destacando a sua função organizadora e mobilizadora, além de outros temas de igual relevância para a defesa e valorização dos interesses da educação municipal. Aborda a missão do DME no atual contexto nacional, regional e local, destacando a realidade e perspectivas do cargo nos contextos histórico e social recentes.

Contém um conjunto de orientações e informações básicas para o desenvolvimento educacional no município, procurando, de uma maneira sintética e objetiva, explicitar os conteúdos das principais políticas educacionais e instrumentos de planejamento em vigor no Brasil, seguido de cuidados e precauções que devem ser observados em sua execução.

Introdução A Undime utiliza o termo Dirigente ao invés de Secretário de Educação visando demonstrar o seu entendimento quanto à importância do cargo. O responsável pela educação no município não deve ser apenas um executor das políticas de governo, mas, sim, deve assumir seu papel mobilizador na construção de políticas de Estado no âmbito municipal.

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - fundamentos, políticas e práticas

Enumera várias medidas da política educacional e linhas de ação que poderão contribuir para ampliar o desempenho do sistema educacional em uma perspectiva de rede2 , fazendo com que a educação municipal possa contribuir para a construção de uma sociedade mais participativa e democrática.

Enfoca o papel da governança, envolvendo as articulações interinstitucionais, com destaque para o significado do chamado Regime de Colaboração, determinado na legislação básica para a área da educação. Além do disposto na LDB, aborda questões a respeito da colaboração com as associações de Prefeitos e sua importância para a Undime e para a política de educação no município, referentes às parcerias com a sociedade civil e com os movimentos sociais e seus benefícios para uma gestão pública da educação com qualidade social.

Políticas e programas nacionais voltados à melhoria da qualidade da educação básica municipal estão relacionados, assim como um grupo nacional de instituições, redes, entidades e movimentos da área educacional.

2 - O sentido de rede, neste caso, refere-se ao conceito explicitado na pesquisa publicada em 2008 pelo Unicef e pela Undime, Redes de Aprendizagem – Boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender, disponível na página do Unicef: www.unicef.org.br

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A Undime e o seu papel estratégico

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - A Undime e o seu papel estratégico

A Undime surge em 1986, no interior do processo de redemocratização do país, inserindo-se nos movimentos sociais que se constituíram em

defesa da universalização da educação básica de qualidade social e na construção de um mundo socialmente justo. Desde as origens, seus

compromissos éticos mobilizam ações que propiciam a formação de Dirigentes Municipais de Educação, fortalecem a autonomia dos

municípios na gestão das políticas educacionais e buscam assegurar o atendimento escolar sob a ótica do direito.

Edla de Araújo Lira Soarespresidenta fundadora da Undime em 1986/ 87 e em 1995/ 96

A Undime é uma associação civil, sem fins lucrativos, dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, com sede em Brasília. Criada durante o 1º. Encontro Nacional dos Dirigentes Metropolitanos de Educação, em março de 1986, em Recife, a Undime realizou, neste ano, o 1º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação com o tema “Os Rumos da Educação Municipal”. Nesta ocasião formalizou-se sua criação, com a finalidade de organizar todos os DME do país.

A Undime respeita e representa a diversidade do país. Nesse sentido, visando sua consolidação e seu fortalecimento institucional, adota as seguintes estratégias político-administrativas:

a) manter-se em nível suprapartidário;b) lutar pela defesa da educação pública com qualidade social para todos e como direito público subjetivo;c) intensificar a articulação e o diálogo com os setores governamentais e não-governamentais;d) organizar os DME propiciando recursos políticos, técnicos e de formação profissional para o exercício dos seus cargos;e) coletar, produzir e divulgar informações relativas a ética, cultura de paz, cidadania, direitos humanos, democracia, educação, a tir de um planejamento integrado e participativo.

Uma trajetória pela educação municipal

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - A Undime e o seu papel estratégico

Assim, suas deliberações são tomadas por meio de suas instâncias: Fórum Nacional, realizado ordinariamente a cada dois anos; Conselho Nacional de Representantes – CNR, formado por 104 DME, quatro Dirigentes eleitos em cada um dos Fóruns Estaduais; diretoria executiva, doze membros titulares e Conselho Fiscal, três membros titulares. Em ambos os casos a eleição ocorre nos Fóruns Nacionais Ordinários.

Cabe à diretoria executiva concretizar as deliberações dos fóruns. Por meio de sua direção e de seu CNR, a Undime cumpre o papel não só de elaborar e propor políticas, mas de trabalhar no sentido de construir consensos e, também, de interagir com organizações afins para assegurar os direitos dos alunos e de suas famílias. Nenhuma posição que interfira na gestão municipal deve ser tomada sem considerar o debate feito de forma democrática, coletiva e consensual.

Em cada Estado, os Dirigentes se organizam em seccionais3 da Undime, que podem se dividir em microrregionais para intensificar a comunicação e acelerar processos de mobilização. Além de organizar os Dirigentes, a Undime e suas seccionais têm como objetivos propor mecanismos para assegurar, prioritariamente, a educação básica em uma perspectiva municipalista, buscando a universalização do atendimento, o ensino de qualidade; propiciar capacitação, visando avanços na construção de uma educação democrática, inclusiva, competente, cidadã e participativa; entre outros.

Os seus principais produtos e serviços estão ligados à participação nas formulações de políticas educacionais nacionais, estaduais e municipais e correspondentes acompanhamentos e monitoramentos; articulação e coordenação dos interesses comuns das Secretarias Municipais de Educação; ações ligadas à política de formação dos dirigentes educacionais; prestação de assessoramentos técnicos; realização de Fóruns, seminários, congressos e afins, além de articulações com órgãos da sociedade civil e dos movimentos sociais organizados.

Sua secretaria executiva nacional está sediada em Brasília e seu funcionamento é essencial para garantir a organização e a execução de políticas e de planos de trabalho comuns. O principal instrumento de mobilização é o Portal da Undime, criado em fevereiro de 2003. Nele são divulgadas notícias educacionais, parcerias, prêmios e é prestada assessoria gratuita por meio do “fale conosco”. Semanalmente é publicado o boletim eletrônico “Em pauta”, encaminhado aos Dirigentes cadastrados.

3 - O Art. 13 do estatuto da Undime e seu parágrafo único dispõem que “A entidade se organizará em todas as unidades federadas por meio de seccionais estaduais. Parágrafo único – Às seccionais da Undime é facultada a organização de microrregiões em número exigido pelas demandas”.

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - A Undime e o seu papel estratégico

A Revista Educação Municipal é outro instrumento de informação da Undime, que visa desta vez, ampliar a discussão da educação pública com toda a sociedade. O projeto teve inicio em 1988 e, desde então, a Revista é um espaço para divulgação de trabalhos e artigos científicos de especialistas em educação.

Em seus 20 anos, a Revista Educação Municipal acompanhou as transformações da sociedade, e é claro, de alunos e professores da rede pública e privada. Como um produto da Undime, é espaço e testemunha de inúmeros esforços, individuais e coletivos, na construção de políticas que promovam a cidadania por meio da educação.

Em 2008, a Revista sofreu uma grande reformulação para acompanhar o dinamismo contemporâneo, suas diversidades e pluraridades de mídias. Artigos de especialistas e da Undime, entrevistas com grandes personalidades educacionais, agenda de eventos e prazos para adesão em programas e projetos do Governo, foram as principais inovações da Revista.

A Undime conseguiu evoluir de maneira expressiva, conquistando reconhecimento público e visibilidade social. Tais conquistas foram obtidas graças ao trabalho de um grupo de profissionais, de sua equipe própria e de instituições parceiras, todos compromissados com o desenvolvimento social, com a expansão dos direitos de cidadania, em particular das crianças, dos adolescentes e dos adultos, com a conquista de uma educação pública básica com qualidade social.

A Undime é citada e vista como exemplo a ser seguido. Sua produção intelectual é reconhecida e publicada por entidades estaduais, nacionais e até mesmo por organizações internacionais, como o Unicef e a Unesco.

Existem pelo menos cinco desafios que precisam ser enfrentados pela Undime e suas seccionais e que precisam contar com o envolvimento dos novos Dirigentes:

a) tornar-se referência na organização e planejamento de projetos e empreendimentos dos próprios Dirigentes Municipais de Educação;

Novos desafios

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b) fortalecer seu corpo técnico e administrativo, com vistas a melhorar, ainda mais, a sua capacidade institucional de resposta às demandas;c) garantir que não haja descontinuidade das ações e da gestão da entidade nos momentos de transição das diretorias nacional e estaduais;d) garantir a implantação de uma secretaria executiva em cada seccional com a infra-estrutura adequada para seu funcionamento regular;e) fortalecer sua política de alianças e parcerias com os agentes que movimentam a sociedade. E esta será uma teia em que não haverá privilegiados: ONGs, movimentos sociais, governos estaduais e federal, além de organizações privadas. Atualmente, em muitos lugares do mundo, as mais importantes experiências educacionais e de transformação social e cultural decorrem da capacidade que as instituições tiveram de articular essa multiplicidade de agentes sociais em uma direção comum.f) garantir a representação institucional das seccionais da Undime nos Conselhos Estaduais de Educação e demais órgãos colegiados voltados para definição das políticas públicas educacionais.g) intensificar sua auto-sustentação, em particular no que diz respeito à autonomia financeira, em um contexto cada vez mais exigente de competências, mesmo aquelas que envolvem apenas articulação e mobilização para as causas da educação pública. Ainda hoje a Undime enfrenta problemas financeiros por conta da falta de apoio dos municípios.

Aos Dirigentes Municipais de Educação, que assumem os seus postos no dia primeiro de janeiro de 2009, em todo o Brasil, ficam esses e outros desafios para o crescimento da Undime.

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A missão do Dirigente Municipal de Educação

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Missão do Dirigente Municipal de Educação

Ser um Dirigente Municipal de Educação no atual contexto brasileiro e internacional é uma das mais desafiadoras missões. Este ponto de vista se aplica a todos os DME dos pequenos, médios e grandes municípios, sejam pobres ou ricos, desenvolvidos ou não.

A educação é fundamental na formação social, econômica, política e cultural de qualquer sociedade. No mundo moderno, o conhecimento é um dos fatores básicos para o desenvolvimento humano. Na medida em que os meios de produção estão deixando de ser hierarquizados, os arranjos educativos assumem papéis decisivos para garantir a efetividade das políticas públicas em todos os níveis.

Os Dirigentes Educacionais brasileiros devem oferecer, além de suas competências técnicas, uma cota pessoal de responsabilidade e compromisso à causa que abraçaram. Dessa forma, o Dirigente cumprirá efetivamente com a sua missão de gestor público: garantir o direito de aprender de todos e de cada um em sua plenitude, isto é, conteúdos escolares de qualidade e formação cidadã.

Em suas mãos estão os pesos de uma dívida social historicamente acumulada. Sendo assim, o DME precisa fazer com que a sua ação, de algum modo, contribua para superar os desafios de um sistema público de ensino que ainda não tem correspondido aos anseios do desenvolvimento da nação brasileira, sobretudo, para a maior parte das crianças e jovens de famílias das classes trabalhadoras.

Nesse sentido, o DME, principalmente aquele que atua nas regiões mais pobres e nos grandes centros, ao lado dos atributos intelectuais e éticos que precisa ter, deve ser um agente civilizador, pois será sempre desafiado a promover o desenvolvimento humano.

Outro aspecto diz respeito à própria responsabilidade social e pública que o Dirigente da Educação possui, que se encontra configurada na LDB em vigor e nos demais instrumentos jurídicos que regulam o seu papel social no contexto nacional, regional, estadual e municipal.

Vale lembrar que o DME é um agente público a quem compete assegurar o acesso à educação pública com qualidade social, direito inalienável de cidadania, presente na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases, no Estatuto da Criança e do Adolescente e em documentos internacionais.

“Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tão pouco sem ela a sociedade muda”. Paulo Freire

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Planejamento da educação no município

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Planejamento da educação no município

Os Dirigentes Municipais de Educação, por dever das funções públicas que exercem, são homens e mulheres de ação e precisam continuadamente de conhecimentos da realidade para realizar com eficiência as políticas que estão sob suas responsabilidades. Trabalham com recursos limitados e pouco tempo para implementar projetos, e por isso, não podem prescindir de planejamento.

Uma forma de conhecer mais rapidamente as demandas mais urgentes é a elaboração de um diagnóstico, que pode ser construído pela própria equipe da Secretaria, a partir de sondagens, entrevistas e aplicação de questionários juntos aos gestores escolares, professores, alunos, coordenadores, trabalhadores na educação, pais de alunos, ex-dirigentes e membros da comunidade.

Contudo, esse diagnóstico não é capaz de identificar os meios e critérios que a Secretaria tem empregado para o encaminhamento dessas demandas. Conhecer o fluxo histórico e informal do órgão gestor pode ser um grande aliado para o fortalecimento e manutenção, ou para a modificação ou superação de determinados procedimentos.

Ignorar essa dinâmica, certamente será uma decisão que favorecerá a permanência de práticas instaladas e dificultará um processo de mudanças. Além de estimular o surgimento de focos de resistência para a elaboração e execução de qualquer planejamento.

Uma atitude importante do planejamento será um profundo mergulho na estrutura informal da Secretaria e na realidade educacional do município. Dessa forma, pode-se entender mais sobre as demandas que chegam com mais facilidade ou descobrir o curso daquelas que sempre encontram o indeferimento como resposta.

Significado e importância do planejamento para a política educacional

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Planejamento da educação no município

Qualquer que seja o período em que o Dirigente assuma a Secretaria de Educação, provavelmente, inúmeras demandas já o aguardam e outras tantas chegarão até a conclusão do planejamento. Das grandes às pequenas redes municipais de ensino os pleitos educacionais, geralmente, se enquadram nos seguintes grupos:

a) construção, reforma e manutenção física de escolas;b) aquisição e manutenção de equipamentos e bens escolares;c) movimentação, formação e valorização dos trabalhadores em educação;d) aquisição de materiais; e) informações orçamentárias, estatísticas e pedagógicas; ef) pagamentos diversos.

Estes grupos reúnem apenas as demandas e pedidos que estão sobre a mesa. Existem, ainda, outras demandas: as expectativas das crianças quanto ao parque infantil; a carteira do aluno canhoto; a violência nas escolas; o atendimento às demandas específicas das escolas do campo. Todas estas devem ser percebidas pelo Dirigente, pois geralmente não se revelam em um contexto educacional com tantos pontos a se resolver.

O enfrentamento ou não dessas demandas é o que distinguirá o burocrata do gestor de educação, dando significado e sentido à sua administração. Em decorrência desse enfrentamento, o Dirigente permanecerá no cargo, mesmo que tenha a autonomia negada, pois o seu compromisso é reafirmado a cada conquista.

Diversos estudos e pesquisas sobre educação municipal podem auxiliar na compreensão dos desafios da educação básica, assim como aumentam as alternativas para a construção do planejamento.

A pesquisa Redes de Aprendizagem – boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender, idealizado pela Undime e o Unicef, é um desses exemplos. Corrobora com o que já afirmava a série de estudos do Programa de Pesquisa e Operacionalização de Políticas Educacionais, que teve a participação do MEC, Undime, CNTE, Unicef, Banco Mundial e universidades públicas. Esta série apresenta importantes recomendações para a melhoria da qualidade de ensino da educação básica, bem como as ações necessárias e suas implicações financeiras, que podem ser apropriadas e adequadas ao planejamento e à gestão.

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Na pesquisa Redes de Aprendizagem, identificou-se que, nos 37 municípios analisados, o centro das atenções é o aluno e existe uma clara compreensão de que o sentido de todo o esforço é a garantia do seu direito de aprender. Dessa forma, a proximidade da Secretaria com as escolas promove seu planejamento em uma dinâmica de troca e fluxo de informações, que gera um clima de compromisso de toda a comunidade com as questões locais e com a qualidade da educação.

Diante do exposto, constata-se que o planejamento da Educação Municipal deve considerar, com a devida atenção, os seguintes aspectos:

- o estágio em que se encontram o Plano de Ações Articuladas – PAR e o processo de elaboração do Plano Municipal de Educação – PME, se está elaborado, aprovado ou implementado; - a necessidade da alfabetização de crianças, jovens, adultos e idosos;- a necessidade de garantir a educação infantil como direito de todas as crianças a partir dos 6 meses de idade;- a oferta de educação inclusiva, não só no sentido de garantir a matrícula e a aprendizagem de todas pessoas com deficiência em salas regulares de ensino, mas também no sentido de ser instrumento de eqüidade educacional;- a manutenção da universalidade do ensino fundamental para as crianças e adolescentes de seis a quatorze anos de idade - ensino fundamental de nove anos;- as condições em que estão processando a oferta de educação do campo, educação escolar indígena e educação em áreas remanescentes de quilombos, a depender do caso;- a gestão democrática e participativa da escola;- os projetos político-pedagógicos do sistema e das escolas, concomitantemente;- a forma de organização espacial e temporal das escolas que se caracteriza pela infra-estrutura física adequada e a condição de escola seriada ou em ciclos;- as propostas curriculares para os níveis e modalidades de ensino com as quais trabalha, assegurando-se o diálogo com os demais sistemas;- a valorização dos profissionais da educação, desdobrada em formação continuada em serviço, Estatuto e Plano de Carreira

Os municípios que já possuem seu PAR revisado pelo MEC podem consultar o resultado da análise técnica, o texto do Termo de Cooperação e acompanhar a liberação dos recursos pelo FNDE por meio do Portal do MEC na Internet: www.mec.gov.br. Basta clicar no banner eletrônico do PAR e marcar as opções desejadas. Isso permite, ainda, o controle social por parte da comunidade local.

Na página 159, o PAR será abordado de forma mais específica.

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e Remuneração, onde se inclui a questão do Piso Salarial Profissional Nacional do Magistério;- a avaliação sistêmica, desagregada em avaliação do rendimento dos alunos, considerando-se aqui a busca de melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb, avaliação da gestão escolar e avaliação do desempenho profissional;- além dos diversos planos, programas e projetos dos governos municipal, estadual e federal.

Na página 84, o Plano de Carreira e Remuneração será abordado de forma mais específica.

Não é possível pensar e administrar todos esses fatores e suas complexidades de forma improvisada, sem planejamento. Além disso, não é qualquer tipo de planejamento que ajudará na busca de soluções. O planejamento tradicional, do cálculo racional e imediatista que diagnostica a educação pública exclusivamente como gastos do governo - sem concebê-la como um investimento necessário e objetivo para melhorar o presente e, mais ainda, o futuro - não atende às necessidades. É um tipo de planejamento autoritário que falha por não incluir o outro – que significa considerar as forças sociais e suas relações de produção. No máximo fica nas considerações relativas aos marcos legais e a diagnósticos socioeconômicos, elaborados por quem vivencia de fora os Sistemas Municipais de Educação. As diretrizes e programas de metas, por estas razões, tornam-se incompatíveis com os interesses da situação analisada e estudada.

Os Dirigentes Municipais de Educação para enfrentar os desafios têm que se valer do planejamento construído democrática e participativamente. Não é preciso, para isto, pensar em grandes consultorias. Por menor que seja o município o Dirigente e o Prefeito deve implantar seus espaços de planejamento, estes devem funcionar integrados às demais atividades dos Sistemas de Educação ou das prefeituras. Deve entender o planejamento como a articulação constante e incessante da estratégia e da tática que guia a ação do dia-a-dia e que a essência do planejamento é a mediação que o mesmo promove entre o conhecimento e a ação.

Da mesma forma que a realidade é dinâmica, o planejamento educacional deve se adequar aos ambientes externo e interno. Para tanto, é necessário conhecer muito bem como foram construídas as suas prioridades. Por sua vez, as prioridades, independente das ferramentas

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utilizadas para mapear e classificar as demandas, são agrupadas por afinidade, para, em seguida, identificar as suas urgências, seu impacto e sua viabilidade social e econômica. São esses procedimentos que darão pistas importantes para ordenar as prioridades. Apropriando-se desse processo o Gestor estará apto a praticar a flexibilidade do planejamento, fazendo trocas ou concessões necessárias e justas, sem que para isso comprometa o que já foi feito.

Outro elemento que desvia a equipe municipal da gestão eficaz do planejamento é o tempo excessivo e atenção gastos em uma determinada atividade, em detrimento de outras mais importantes. Para enfrentar esse problema é relevante que o Dirigente Municipal de Educação, bem como a equipe de gestão, conheça e exercite o Princípio de Pareto. Este princípio propõe que um grupo de 20% das atividades bem direcionadas é responsável por 80% dos resultados. Na verdade, o que este princípio pretende afirmar é que o Dirigente deve concentrar seus esforços e energias no essencial e fundamental, e por isso, o exercício diário desse princípio é um bom aliado para não se perder o foco do que foi planejado e definido como essencial.

Por mais bem sucedido que pareça o processo de implementação do planejamento, o gestor de educação não pode ignorar as suas etapas de monitoramento e avaliação - fase que aponta o grau de desempenho entre o que foi previsto e o executado. Essa relação é fundamental para identificar se as estratégias e políticas adotadas pela Secretaria têm contribuído ou não para a melhoria da qualidade da educação, ou para demonstrar as falhas e erros em tempo suficiente que permita as intervenções necessárias, capazes de ajustar ou corrigir o curso das ações previstas.

O Dirigente Municipal de Educação deve estar atento aos principais fatores que causam falhas no processo de planejamento:

a) antes do início da elaboração: não há adequada estruturação orgânica do setor; ignora-se a importância e significado do planejamento; desconhece-se a natureza do planejamento; desconsidera-se o contexto de desenvolvimento do planejamento.b) durante a elaboração: desconhecimento dos conceitos básicos; inadequado envolvimento dos níveis hierárquicos; erros na elaboração em si; baixa credibilidade do planejamento.c) durante a implementação: não é previsto ou seguido o

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sistema de controle e avaliação; interação inadequada com os colaboradores.

Com estes cuidados e orientações o Dirigente Municipal de Educação acerca-se de instrumentos capazes de evitar a movimentação de suas energias em uma ação inativa ou reativa para assegurá-las no investimento de uma Secretaria Municipal de Educação propositiva e competente, capaz de assumir e superar os desafios impostos.

O Plano Nacional de Educação – PNE foi construído paralelamente pelo governo federal, por meio de audiências e seminários e pela sociedade civil, a partir de três Congressos Nacionais de Educação – Coned (1996, 1997 e 1999). Após a aprovação do PNE, pela Lei 10.172/ 01, com vetos presidenciais, ainda foram organizados dois Coned em 2003 e em 2004.

O PNE, plano decenal do Estado brasileiro para a educação, estipula diretrizes, metas e tem por objetivos: a elevação global do nível de escolaridade da população; a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e permanência, com sucesso, na educação pública; e a democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais.

É importante ressaltar que a concretização das metas presentes no PNE até 2011 é proporcional aos resultados obtidos por todas as unidades da federação. Portanto, o sucesso do PNE depende do desempenho dos Planos Estaduais e Municipais de Educação.

Instrumentos de apoio ao planejamento da educação municipal Plano Nacional de Educação – PNE

A leitura e apropriação desse Plano são imprescindíveis à equipe técnica da Secretaria de Educação o que favorecerá a compreensão e a análise suficientes para nortear a construção do PME, ou no caso do município que já o possui, revisar as metas estabelecidas concernentes às etapas e modalidades da educação básica, magistério da educação básica, financiamento e gestão.

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De acordo com a Constituição Federal, a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados, municípios e Distrito Federal e cada um dos entes federados têm autonomia para elaborar suas políticas, estrutura e organização político-administrativa e, na forma da lei, devem planejar e implementar medidas que atendam aos interesses coletivos e públicos locais e regionais, de forma articulada com os interesses do país. Sendo assim, os Dirigentes Estaduais e Municipais de Educação devem elaborar ou revisar, se for o caso, os Planos Estaduais ou Municipais de Educação. Como o prazo de vigência do PNE é de dez anos, ou seja, até 2011, torna-se urgente aos Estados e municípios a elaboração de seus planos.

Segundo Monlevade (2004, p. 92), “o PME não é um Plano do Sistema ou da Rede de Ensino do Município, mas um Plano de Educação do Município”, é um Plano de Estado e não de governo. Por não ser dependente do Plano Estadual, deve conseguir integrar as demandas municipais com as diretrizes e metas do Plano Estadual de Educação (quando existir) e do Nacional, respeitando as particularidades locais e deve fortalecer a implementação ou as ações do Sistema Municipal de Ensino. “A história, a geografia, a demografia do Município, e sua proposta de desenvolvimento é que determinam as metas e as estratégias de suas ações na educação escolar”.

Plano Municipal de Educação – PME

Para elaborar o Plano Municipal de Educação, são necessárias quatro fases, conforme descreve Monlevade (2004, p.87): 1ª) analisar as bases legais do Regime de Colaboração; a existência de um Plano de Educação do município; as demandas e recursos da rede municipal de ensino;2ª) determinar os objetivos gerais e específicos do município;3ª) os antecedentes de colaboração com o Estado; a convocação dos atores: comissão ou fórum; o estudo geográfico e demográfico do município; o histórico do município; a história da educação escolar e da rede municipal de ensino; as demandas atuais de escolarização: mini censo ou amostragem; o levantamento dos recursos financeiros; o estudo das alternativas de atendimento escolar; as tomadas de decisão estratégicas: comissão ou

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conferência; a descrição das metas, ações e prazos; os mecanismos de acompanhamento e avaliação;4ª) o roteiro de redação e a tramitação do ante-projeto na Câmara Municipal.

Para a elaboração do PME, devem ser consultados: o Plano Nacional de Educação, o roteiro elaborado pelo prof. Monlevade, quando consultor da Undime, o Documento Norteador para a Elaboração de Plano Municipal de Educação (MEC), e o documento final da Conferência Nacional de Educação Básica.

Após o processo de construção, o Plano vai à Câmara de Vereadores. “Parte do sucesso do PME se deve a que seja discutido, entendido e votado com rapidez na Câmara Municipal. Assim sua tramitação será uma aula de cidadania” (MONLEVADE, 2004, p.106).

Finalmente, após a aprovação pela Câmara, é chegado o momento de sua implementação, acompanhamento e avaliação. O controle social do PME pode ser feito por um Fórum Permanente, constituído especificamente para isso, ou pelo próprio Conselho Municipal de Educação.

O Compromisso Todos pela Educação/ PDE, lançado em 2007, expressa as metas do PDE, constituindo-se em 28 diretrizes consideradas boas práticas do ponto de vista do planejamento e da gestão na área da educação pública, com foco no ensino-aprendizagem. Repercute, ainda, no Regime de Colaboração, incorporando novos elementos, estabelecendo novas parcerias e alterando a forma de repasse de recursos aos municípios que se davam no âmbito do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.

Introduz uma nova forma de financiamento para as transferências voluntárias que passaram a ter caráter plurianual a partir do Plano de Ações Articuladas - PAR que deverá se respaldar em um instrumento diagnóstico chamado Levantamento da Situação Escolar - LSE. Este instrumento agrupa as informações em detalhes, chegando, inclusive, ao interior de cada escola.

Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE

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Em decorrência da necessidade de se promover mudanças e agilidade no desenvolvimento da educação básica brasileira é que surge o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, que tem por principal objetivo a melhoria da qualidade da educação básica e, para isso, prevê duas frentes: a do apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação e a mobilização de recursos e de parcerias da sociedade em apoio ao trabalho do Distrito Federal, Estados e Municípios em suas redes e escolas.

Para se alterar o cenário da educação básica brasileira é importante estabelecer quais mudanças são necessárias e definir o horizonte que se pretende alcançar. Para isso, o Compromisso estabelece a meta de um Ideb igual ou superior a 6,0, para o Brasil até 2022, que é a média encontrada entre os países mais desenvolvidos do mundo.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb é o mecanismo central para a definição do Plano de Metas do Compromisso. O índice tem a capacidade de avaliar o ensino por escola, município ou Estado, estabelecendo notas que variam de 0 a 10, a partir do desempenho dos alunos na Prova Brasil e no Saeb, bem como as taxas de aprovação, reprovação e abandono escolar.

Para participar do Compromisso, o Dirigente deve verificar junto à Secretaria Municipal de Educação se o município já é signatário, caso não o seja, o DME deve, junto ao Ministério da Educação, assinar o Termo de Adesão, comprometendo-se com o cumprimento das metas do Ideb para o respectivo município, a partir do desenvolvimento de um grupo de 28 diretrizes, a saber:

Compromisso Todos pela Educação

Com base no Ideb foram estimados os pontos de partida de cada escola, rede e sistema de ensino, bem como os pontos de chegada que cada um deve alcançar. São os seguintes os desafios nacionais:

a) as séries iniciais do ensino fundamental com nota igual a 3,8 e deverão atingir a nota 6,0 em 2022;b) as séries finais do ensino fundamental com nota igual a 3,5 deverão atingir a nota 5,5 em 2022;c) o ensino médio têm nota 3,4 e deverá atingir a nota 5,2 em 2022.

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I - estabelecer como foco a aprendizagem, apontando resultados concretos a atingir; II - alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, aferindo os resultados por exame periódico específico;III - acompanhar cada aluno da rede individualmente, mediante registro da sua freqüência e do seu desempenho em avaliações, que devem ser realizadas periodicamente;IV - combater a repetência, dadas as especificidades de cada rede, pela adoção de práticas como aulas de reforço no contra-turno, estudos de recuperação e progressão parcial;V - combater a evasão pelo acompanhamento individual das razões da não-freqüência do educando e sua superação; VI - matricular o aluno na escola mais próxima da sua residência; VII - ampliar as possibilidades de permanência do educando sob responsabilidade da escola para além da jornada regular; VIII - valorizar a formação ética, artística e a educação física; IX - garantir o acesso e permanência das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas;X - promover a educação infantil; XI - manter programa de alfabetização de jovens e adultos; XII - instituir programa próprio ou em Regime de Colaboração para formação inicial e continuada de profissionais da educação;XIII - implantar plano de carreira, cargos e salários para os profissionais da educação, privilegiando o mérito, a formação e a avaliação do desempenho;XIV - valorizar o mérito do trabalhador da educação, representado pelo desempenho eficiente no trabalho, dedicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade, realização de projetos e trabalhos especializados, cursos de atualização e desenvolvimento profissional;XV - dar conseqüência ao período probatório, tornando o professor efetivo estável após avaliação, de preferência externa, ao sistema educacional local;XVI - envolver todos os professores na discussão e elaboração do projeto político pedagógico, respeitadas as especificidades de cada escola;

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XVII - incorporar ao núcleo gestor da escola coordenadores pedagógicos que acompanhem as dificuldades enfrentadas pelo professor;XVIII - fixar regras claras, considerados mérito e desempenho, para nomeação e exoneração de diretor de escola;XIX - divulgar na escola e na comunidade os dados relativos à área da educação, com ênfase no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb;XX - acompanhar e avaliar, com participação da comunidade e do Conselho de Educação, as políticas públicas na área de educação e garantir condições, sobretudo institucionais, de continuidade das ações efetivas, preservando a memória daquelas realizadas;XXI - zelar pela transparência da gestão pública na área da educação, garantindo o funcionamento efetivo, autônomo e articulado dos conselhos de controle social;XXII - promover a gestão participativa na rede de ensino; XXIII - elaborar plano de educação e instalar Conselho de Educação, quando inexistentes;XXIV - integrar os programas da área da educação com os de outras áreas como saúde, esporte, assistência social, cultura, dentre outras, com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola;XXV - fomentar e apoiar os conselhos escolares, envolvendo as famílias dos alunos, com as atribuições, dentre outras, de zelar pela manutenção da escola e pelo monitoramento das ações e cumprimento das metas do Compromisso;XXVI - transformar a escola num espaço comunitário e manter ou recuperar aqueles espaços e equipamentos públicos da cidade que possam ser utilizados pela comunidade escolar;XXVII - firmar parcerias externas à comunidade escolar, visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a promoção de projetos socioculturais e ações educativas;XXVIII - organizar um comitê local do Compromisso, com representantes das associações de empresários, trabalhadores, sociedade civil, Ministério Público, Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional público, encarregado da mobilização da sociedade e do acompanhamento das metas de evolução do Ideb.

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Sabendo das principais diretrizes estabelecidas nacionalmente para a superação dos baixos indicadores educacionais, cabe ao DME planejar as ações de sua Secretaria e se estruturar para que o município contribua para o cumprimento das metas, esforçando-se na divulgação das diretrizes propostas para o município, produzindo instrumentos capazes de avaliar a evolução do Compromisso, sem esquecer que as principais conquistas se darão dentro da escola.

Após a adesão do município ao Plano de Metas “Compromisso Todos pela Educação” deve-se construir um diagnóstico, que é indispensável para a elaboração do Plano de Ações Articuladas. O PAR é de caráter participativo e tem por objetivo promover uma análise compartilhada da situação educacional na Rede Municipal e é uma grande oportunidade para estimular o planejamento das ações da Secretaria.

O Ministério da Educação apóia técnica e financeiramente o desenvolvimento do PAR nos municípios prioritários a partir dos índices obtidos no Ideb. Uma equipe de especialistas em planejamento e gestão educacional realiza visitas técnicas aos municípios com o objetivo de auxiliar a Secretaria Municipal de Educação no levantamento diagnóstico da situação educacional da rede de ensino para elaboração do PAR, com perspectiva de quatro anos. Além disso, é acordada a implementação de comitês estaduais em que se reúnem Secretaria Estadual de Educação, Universidade Federal e Undime para melhor organizar tal atendimento e somar esforços.

É importante ressaltar que a principal responsabilidade no processo de construção do PAR é do município, representado pela equipe técnica, pois o papel do especialista é de um colaborador voltado, basicamente, para a orientação na coleta e no detalhamento das informações.

Plano de Ações Articuladas – PAR

Os municípios que já possuem seu PAR revisado pelo MEC podem consultar o resultado da análise técnica, o texto do Termo de Cooperação e acompanhar a liberação dos recursos pelo FNDE por meio do Portal do MEC: www.mec.gov.br. Basta clicar no banner eletrônico do PAR e marcar as opções desejadas. Isso permite, ainda, o controle social por parte da sua comunidade.

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A partir desse diagnóstico o PAR constrói uma matriz de ações com as respectivas prioridades, cronograma e responsabilidades, para um período de quatro anos. É a partir desse instrumento plurianual que o FNDE atenderá as demandas educacionais dos entes federados.

Portanto, é necessário que o DME mantenha a equipe técnica que foi capacitada e instrumentalizada, pelos especialistas, promovendo-a a integrar permanentemente a equipe de planejamento da Secretaria de Educação, além de reconhecer e valorizar o seu trabalho.

Outro aspecto inovador do PAR é que revitaliza e produz expectativas para a concretização do PME, tornando viável sua implementação.

Para a construção do PAR, levam-se em consideração quatro eixos de ação: Gestão Educacional; Formação de Professores e Profissionais de Serviços e Apoio Escolar; Práticas Pedagógicas e Avaliação; e Infra-Estrutura Física e Recursos Pedagógicos, identificados e priorizados no diagnóstico.

Desse modo, tanto o diagnóstico quanto o PAR precisam ser revisados e atualizados constantemente, apropriados como um instrumento de planejamento e gestão do próprio município, mecanismos que podem servir de referência para outras atividades da gestão municipal, como a revisão do Plano Plurianual, da definição Lei de Diretrizes Orçamentária e a própria Lei Orçamentária Anual.Os novos DME devem trabalhar no sentido de equipar a Secretaria Municipal de Educação e as escolas, de tecnologias da informação (computadores, programas e internet), pois o PAR e os demais programas e informações estão, mais facilmente, acessíveis em endereços eletrônicos do que nos tradicionais meios de comunicação, que demandam muito mais recursos e tempo.

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Essa ferramenta de gestão permite um estudo mais elaborado sobre a situação da Secretaria Municipal de Educação, bem como mapeia seus processos, analisa seu desempenho, levanta as condições de funcionamento e resultados, verifica o clima organizacional e a qualidade das relações internas e externas.

É necessário o envolvimento do Dirigente Municipal de Educação, pois com base nesse estudo se observa um cenário futuro para a Secretaria com foco na gestão da escola e na aprendizagem do aluno, propondo, quando necessário, a reestrutura e a racionalização dos processos da secretaria, assim como os objetivos, as estratégias, os processos e quais pessoas, prazos e recursos serão necessários para alcançá-lo.

O LSE é um instrumento de gestão desenvolvido pelo Ministério da Educação para se conhecer minuciosamente o interior da escola. A partir dele a Secretaria Municipal de Educação será capaz de:

a) identificar as condições físicas dos prédios escolares e a disponibilidade do mobiliário, equipamento e material didático existente;b) verificar a situação das escolas frente aos padrões mínimos para o funcionamento;c) estabelecer prioridades de atendimento para o Projeto de Adequação do Prédio Escolar e o programa de aquisição de mobiliário e equipamento.d) avaliar os resultados da adequação escolar e do fornecimento do mobiliário.

O LSE, também, dispõe de um sistema informatizado para ser gerido pela Secretaria de Educação, que permite ao gestor atualizar as informações referentes à situação escolar e ter acesso a relatórios atualizados com o objetivo de favorecer o processo decisório do Gestor de Educação quanto à melhoria das condições dos prédios escolares.

Planejamento Estratégico da Secretaria – PES

Levantamento da Situação Escolar – LSE

Atualize-se sobre o sistema na página do FNDE www.fnde.gov.br.

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Como o município pode apresentar um quadro de expansão ou retração da população, o que faz surgir ou desaparecer bairros ou povoados, torna-se necessário um estudo criterioso desses movimentos e como se dá a cobertura escolar no município.

Caso haja uma defasagem entre demanda e cobertura escolar na cidade, o Microplanejamento Educacional é uma excelente ferramenta de diagnóstico de área, pois tem como objetivo orientar e subsidiar a Secretaria Municipal de Educação quanto à relação da disposição dos prédios escolares e as atuais demandas educacionais do município.

A partir desse Microplanejamento o Dirigente Municipal de Educação terá à disposição um estudo que indica as principais necessidades de ajustes de atendimento da demanda de alunos, destacando-se a reorganização da rede escolar quanto:

a) as áreas em que não existe atendimento e há a necessidade de se construir escola;b) quais escolas precisam ser ampliadas;c) quais escolas estão ociosas, isto é, com espaços subutilizados por falta de demanda;d) balanço entre déficit e superávit de salas de aula, material didático, professores e outros profissionais necessários ao funcionamento da escola.

A concretização desse estudo é indispensável, principalmente, naqueles municípios em que os critérios para a construção e ampliação de escolas são definidos na ausência do Dirigente Municipal de Educação, critérios que explicam porque tantos alunos estudam longe de casa. Realizar o Microplanejamento Educacional é a possibilidade de se garantir o direito do aluno estudar o mais próximo de casa possível.

Microplanejamento Educacional

Atenção para a Lei 11.700/ 2008.

Para acessar toda a legislação brasileira, acesse o Portal da Presidência www.presidencia.gov.br. Acesse as leis, selecionando leis ordinárias e o ano de sua promulgação

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Com o movimento dos Pioneiros da Educação, na década de 1930, é que surge a idéia de se garantir um investimento mínimo por aluno, com o objetivo de diminuir o impacto das diferenças regionais no financiamento da educação. Tal idéia tomou concretude por meio da constituição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização dos Profissionais do Magistério – Fundef regulamentado pela Lei 9.424/2006.

Dez anos depois as demais etapas e modalidades da educação básica foram contempladas em um novo Fundo. Deve-se mencionar que o subdimensionamento, durante todos esses anos, do valor do custo aluno/ ano, dificultou a gestão dos Dirigentes na busca de uma educação de qualidade. Desde que o Fundef foi criado, a educação básica brasileira obteve ganhos à disciplina e transparência na metodologia de financiamento.

Em 2007 surge a Lei 11.494, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb incluindo as etapas e modalidades de ensino não abrangidas pelo Fundef, e, portanto, estabelecendo a vinculação de recursos para financiamento de toda a educação básica.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento

da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação – Fundeb

O Fundeb possui como características:

a) abrangência de toda a educação básica: Educação Infantil - creche e pré-escola; Ensino Fundamental, Ensino Médio - regular e profissionalizante; e a Educação de Jovens e Adultos;b) implementação é gradativa, na razão de 1/3 do atendimento das matrículas da Educação Infantil, Ensino Médio e da EJA, atingindo a totalização em 2009; c) vigência de 14 anos, portanto, estabelecendo-se até 2020;

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d) ampliação de 15% (quinze por cento) para 20% (vinte por cento) da subvinculação de determinadas receitas dos Estados, Municípios e do Distrito Federal; os demais 5% (cinco por cento) da vinculação constitucional continuam integrando os recursos da educação necessários ao custeio das despesas de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE);e) inclusão de novos impostos (IPVA, ITR e ITCMD) na conta do Fundeb. Os impostos da arrecadação municipal (ISS, IPTU e IRRF) não integram esse Fundo, mas permanecem na vinculação constitucional dos 25% (vinte e cinco por cento);f) garantia de um mecanismo de aporte financeiro da União ao Fundo com valores e metodologia de repasse a saber: R$ 2 bilhões em 2007, R$ 3 bilhões em 2008, R$ 4,5 bilhões em 2009 e não menos que 10% do Fundeb a partir de 2010;g) definição de 17 variações de valores do custo aluno ano, considerando etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica:h) é instituído em cada um dos Estados brasileiros, o que significa que os recursos de um determinado Estado não são distribuídos ou transferidos para outro Estado;i) redistribuição dos recursos se dá entre o Estado e os respectivos municípios, proporcionalmente à matrícula das redes de ensino;

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a) a unidade de composição do Fundeb é o valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente. É com base nesse per capita nacional que se determina qual unidade da federação receberá ou não complementação da União. Quando a soma da receita do Fundo Estadual, dividida pela matrícula da educação básica pública resultar em um per capita estadual inferior ao valor definido nacionalmente, haverá complementação da União.b) multiplicando-se o número de alunos matriculados na rede de ensino, do ano anterior, pelo per capita das respectivas etapas de ensino, encontra-se a estimativa anual do Fundeb para o município;c) os recursos que compõem o Fundeb têm duas fontes principais – 20% (vinte por cento) dos impostos dos Estados e Municípios, 20% (vinte por cento) dos fundos de participação (FPE e FPM) desses entes federados e complemento da União, conforme demonstrado a seguir:

Metodologia de cálculo do per capita aluno

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Mecanismo de composição do Fundeb

Composição Fundeb20% Impostos*

IPI - Exp

20% Transferências*

FPMFPE

20% Complemento da União

* a partir de 2009

Até jul 45%Até dez 85%

ICMS - desineraçãoICMS - EstadualIPVA ITRITCMDIPTUITBIIRRFISS

Instituição Financeira(BB)

20% dos impostos e Transferências do Estado e dos Municípios

Redistribuição dos Recursos Proporcional ao (Nº matrículas)

Per capita estadual nacional

Complemento da União

FundebRedeEstadual

FundebRedes

Municipais

ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços; IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados; FPM: Fundo de Participação dos Municípios; FPE: Fundo de Participação dos Estados. (N. da E.); IPTU: Imposto Predial e Territorial Urbano; ISS: sigla simplificada de ISSQN ( Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza); ITBI: Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso Intervivos.

Após a retenção dos 20% sobre os impostos e transferências próprias dos Estados e municípios, estes são creditados em uma conta administrada pelo Banco do Brasil, que se encarrega da redistribuição dos recursos proporcionalmente ao número de matrículas das respectivas Redes de Ensino.

De acordo com o gráfico a seguir, a complementação da União em 2007 foi de 4,16%, o que demonstra um crescimento do aporte de recursos federais na complementação do Fundo que, na vigência do Fundef variou, em média, entre 1 a 3%. Cabe ressaltar que a partir de 2010, a União contribuirá com, no mínimo, 10% do Fundeb.

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Planejamento da educação no município

Fonte: MEC/FNDE/Estimativa Fundeb 2007

Composição dos recursosdo Fundeb/ 2007

ICMS - 66,52%IPI exp - 1,03%LC 87/96 - 0,68%FPM - 12,99%FPE - 12,41%ITR - 0,03%ITCMD - 0,15%IPVA - 2,04%Compl. da União - 4,16%

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Planejamento da gestão do Fundeb

A Lei 11.494/2007 (ver figura 2) determina que, no mínimo, 60% (sessenta por cento) do Fundo sejam destinados à remuneração dos profissionais do magistério e, no máximo, 40% (quarenta por cento) para as despesas de manutenção e desenvolvimento de Ensino (MDE), incluídas também, a remuneração dos demais trabalhadores em educação.

Para bem gerir a aplicação dos recursos do Fundeb é indispensável levantar as seguintes informações:

a) mapear as condições das escolas; b) identificar o quadro dos profissionais da educação;c) estimar o valor anual do Fundeb;d) estimar as parcelas mensais do Fundeb;e) estimar as despesas fixas: folhas de pagamentos, convênios, despesas com água, luz, telefone e transporte escolar, aluguel, etc, que podem ser pagas com recursos do Fundo;f) estimar uma reserva técnica mensal do Fundeb: poupança, em torno de 10% para garantir o pagamento do 13º salário e abono de 1/3 férias dos profissionais da educação.

Totalizando-se as despesas fixas citadas no item “e” e subtraídas do Fundeb anual, encontra-se o valor estimado, que o Dirigente Municipal de Educação terá para aplicar nos Programas de Manutenção e Desenvolvimento de Ensino: construção, reforma, ampliação e manutenção de escolas, aquisição e manutenção de equipamentos e formação continuada, conforme definem os artigos 70 e 71 da LDB.

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Fundeb Município

Mínimo de 60%

Remuneração

Profissional do

Magistério

Professor

Coordenador

Diretor

Inspetor

Supervisor

Orientador

Mínimo de 40%

Despesas de MDE

Pessoal

Administrativo

e operacional

da educação

Construção

Reforma

Manutenção

Equipamentos

Formação

Material Didático

Estudos

Serviços Gerais

Transporte Escolar

Aplicação dos 60% do Fundeb

Em primeiro lugar a cota dos 60% (sessenta por cento) do Fundeb, é exclusiva para a remuneração dos profissionais do magistério que são os docentes e profissionais que oferecem suporte pedagógico direto ao exercício da docência: direção ou administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão, orientação educacional e coordenação pedagógica. Não podem ser remunerados com essa cota: zeladoras, vigias, merendeiras, professores em disfunção, assessores e Secretário Municipal de Educação, por não estarem exercendo a atividade de docência ou de apoio de pedagógico.

Conhecendo, antecipadamente, as receitas disponíveis para desenvolver suas ações, o Dirigente terá segurança para a

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manutenção das ações previamente planejadas. Caso que não ocorre, por exemplo, com os gestores de saúde que só conhecerão suas receitas após os procedimentos realizados. Esta é uma das principais características do Fundeb.

Com base nessa informação privilegiada e com a perspectiva de melhorar a eficácia da aplicação dos recursos do Fundeb, o Secretário de Educação em uma de suas primeiras ações, como Dirigente, deve calcular a quantidade de alunos por profissional do magistério da Rede Municipal.

O resultado dessa relação definirá margens seguras para o planejamento das despesas com a remuneração dos profissionais do magistério e nas demais despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino. Pois, se a média da rede de ensino estiver em torno de 25 alunos por professor, a remuneração média desse profissional para uma jornada de 25 horas semanais será em torno do valor per capita do aluno. Se a média dessa relação for superior a 25 alunos por professor, melhores salários podem ser pagos. Mas, se a relação for inferior a 25 alunos por professor, a remuneração média, também, tende a ser inferior.

Vários motivos contribuem para diminuir a relação aluno/ professor nas redes de ensino:

a) cessão de professores para outras áreas e órgãos;b) elevado número de professores de licença, afastados ou em disfunção;c) benefícios que reduzem a carga horária do professor na sala de aula; d) municípios que têm muitos alunos, mas distribuídos em muitas e pequenas escolas na zona rural.

Em geral toda atitude que retira o professor da sala de aula, força a Secretaria de Educação a providenciar outro profissional para substituí-lo. Independente de serem legítimas ou não as razões que motivem tais substituições, o fato é que essa atitude implicará aumentos na folha de pagamento, sem o respectivo aumento das receitas do Fundeb. Pois a lógica do incremento das receitas desse Fundo é proporcional ao número de alunos e não ao número de professores, ou seja, o mesmo recurso dividido por mais professores significa menores salários para cada um.

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Caso a relação aluno/ professor seja baixa e resulte da elevada cessão e disfunção docente, o gestor de educação deve informar imediatamente a situação à Administração para que seja regularizada a situação, pois o aumento indiscriminado do quadro de professores trará conseqüências graves para a gestão.

O Dirigente Municipal tem que estar atento, pois existem Secretarias Municipais de Educação em que mais de 20% de sua força de trabalho está cedida para outros órgãos, recebendo seus salários com recursos destinados a Educação, mesmo havendo determinação legal em contrário.

Quanto às demais licenças, sobretudo as que reduzem a carga horária do docente na sala de aula, deve ficar claro aos professores que isto tem um custo, que é ver diminuída a possibilidade de aumento salarial, principalmente, para os pequenos municípios que não dispõem de receitas extras para assumir mais encargos.

Caso mais complexo e de solução mais difícil, que reduz a relação aluno/ professor, é a originada de municípios que são formados por muitos e pequenos povoados, que em razão da dispersão populacional, das distâncias e pressão dessas comunidades, escolas são construídas às vezes para atender cinco, dez ou doze alunos por professor.

Para o atendimento dessas demandas, têm-se experimentado duas ações: transporte escolar ou a nucleação de pequenas escolas, mas seja qual for a decisão deverá passar por um estudo de viabilização e, se possível, a realização do Microplanejamento Educacional, assegurando a participação da comunidade na tomada da decisão.

Em anos anteriores, a informação antecipada das receitas do Fundeb não tem sido bem administrada por alguns gestores, pois se tem noticiado, freqüentemente, que muitos municípios têm atrasado a folha de pagamento do magistério. Não conseguem cumprir, nos prazos legais, o pagamento do 13º salário dos professores, ou o oposto, municípios pagando 15 ou 18 salários. Há algo de errado com a administração do Fundeb nesses municípios.

O que se tem observado para a ocorrência desses fatos, é que, no primeiro caso, estes municípios gastam totalmente as parcelas que recebem do Fundeb, não deixando nenhuma reserva. Recomenda-se

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uma reserva mensal em torno de 10% (dez por cento), pois quando completada a décima parcela o município terá poupado o suficiente para cumprir os encargos legais.

Por outro lado, existem municípios que pagam, anualmente, mais de 15 salários para os professores. Em alguns casos, observa-se que os salários pagos mensalmente são tão pequenos, que no fim do exercício, não é possível cumprir o investimento de, pelo menos, 60% (sessenta por cento) do Fundeb à remuneração dos profissionais do magistério. Para atingir este percentual mínimo, lançam mão do artifício dos salários ou abonos extras. Esta prática, bem vista por alguns gestores, na verdade causa prejuízo aos servidores, pois os salários não pagos durante o ano, transformados em abono, no futuro trarão prejuízos à aposentadoria do servidor.

Ponto que tem causado discordância entre educadores e Dirigentes Municipais de Educação é o fato de muitos educadores ignorarem que os encargos relacionados à contrapartida da Prefeitura relacionada ao INSS ou Fundos de Pensão Municipais integram a parcela dos 60% (sessenta por cento) destinados à remuneração dos profissionais do magistério. Situação que é esclarecida na Lei 11.494, inciso I, art. 22, que define remuneração como: “o total de pagamentos devidos aos profissionais do magistério da educação, em decorrência do efetivo exercício em cargo, emprego ou função, integrantes da estrutura, quadro ou tabela de servidores do Estado, Distrito Federal ou Município, conforme o caso, inclusive os encargos sociais incidentes” (grifo nosso).

Outro instrumento que deve orientar o planejamento da cota dos 60% do Fundeb é a Lei nº 11.738/07 que regulamenta o Piso Salarial Profissional do Magistério público da educação básica, definindo-o como o valor abaixo do qual a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras de magistério público de educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.

O valor definido desse piso foi de R$ 950,00 (novecentos e cinqüenta reais) para o profissional do magistério com formação em nível médio, modalidade normal. A Lei nº 11738/08 prevê, inclusive, o índice de atualização do piso que será igual ao índice de crescimento do valor anual mínimo por aluno, referente aos anos iniciais do Ensino Fundamental urbano. Portanto, a partir do primeiro ano de vigência o valor do piso salarial será atualizado, anualmente, com base nesse índice.

É importante acompanhar na página da Undime na Internet -undime.org.br - o julgamento de liminar na Ação Direta de constitucionalidade (ADI) 4167, ajuizada no STF contra a Lei do Piso Salarial por cinco Governadores.

Veja mais sobre o Piso na página 86.

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Conforme o exposto, percebe-se que não é uma tarefa simples o planejamento da remuneração dos profissionais do magistério, sobretudo para aqueles municípios em que as fontes de receitas são limitadas. Espera-se que esse conjunto de informações auxilie o Dirigente Municipal de Educação na construção de Planos de Carreira e Remuneração mais justos para com os profissionais e coerentes com a capacidade de receitas de cada município.

Aplicação dos 40% do Fundeb

Atenção especial deve ter o Dirigente Municipal com as despesas realizadas com a conta do Fundeb, sobretudo com as realizadas com a parcela dos 40% desse Fundo, pois boa parte dos problemas enfrentados com os Tribunais de Contas Estaduais e Federais, o Ministério Público, denúncias, auditorias e processos resultam da má aplicação desses recursos.

As despesas da parcela dos 40% (quarenta por cento) do Fundeb, estão disciplinadas nos artigos 70 e 71 da LDB, que orientam as despesas de MDE.

No art. 70 da LDB estão relacionadas as despesas que podem ser realizadas com recursos do Fundeb, a saber:

a) remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação;b) aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino;c) uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;d) levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando o aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;e) realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos Sistemas de Ensino;f) concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;g) amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos do artigo 70 da LDB; eh) aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar.

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Todas estas orientações têm se demonstrado insuficientes frente à quantidade e a diversidade das despesas realizadas pela Secretaria de Educação. Um mecanismo utilizado para se definir, com mais segurança, se determinada despesa pode ou não ser realizada com recursos dos 40% (quarenta por cento) é sempre questionar se a atividade a ser desenvolvida, o objeto a ser adquirido, ou a construção a ser realizada é para os alunos da educação básica e, se estes gastos se enquadram na recomendação da LDB. Porém, se ainda restar dúvida vale consultar o MEC, as Undime nos Estados, ou ainda utilizar o serviço “Fale conosco” no Portal da Undime.

A LDB relaciona no art. 71 os grupos de despesas que não podem ocorrer com recursos do Fundeb:

a) pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos Sistemas de Ensino, que não vise, principalmente, o aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão;b) subvenção às instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural;c) formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;d) programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica e outras formas de assistência social;e) obras de infra-estrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;f ) pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.

Destes gastos, os grupos que têm gerado muitas dúvidas e objeto de ação do Ministério Público são os citados nas letras “d” e “e”. Quanto às despesas do grupo “d” devem correr sempre com recursos da Saúde ou da Assistência Social.

As obras de infra-estrutura têm que estar associadas e acomodadas na área da escola da rede municipal, de preferência que seja própria e sempre com a documentação predial regularizada. A seguir alguns exemplos de despesas que podem ou não ser realizadas com os 40% do Fundeb e ou os 25% das receitas municipais constitucionalmente vinculadas à educação:

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a) a construção de um Ginásio de Esporte - se for edificado na praça pública, não pode ser custeado com recursos do Fundeb;b) a reforma do Teatro Municipal: se o teatro estiver na área da escola municipal, a reforma pode ser custeada com recursos da educação;c) a aquisição de instrumentos musicais: se for para a Banda Municipal o Fundeb não pode financiar, mas se for para as aulas de música da escola, sim;d) aquisição de equipamentos esportivos: se for para a seleção do município não, mas se for para a prática de educação física e/ou disputa dos jogos escolares, sim;e) contratação de serviços de transporte: se for para a participação dos alunos da rede municipal nos jogos estudantis é despesa da educação, assim como se for para a condução de seus professores para participação em congressos de educação;f) diárias, passagens e hospedagens – para o pessoal da educação, em missão do interesse da educação básica, configura-se como despesa da educação;

Por outro lado não basta que qualquer construção ou serviço aconteça dentro do perímetro da escola para que se legitime como despesa da educação. Existem várias escolas que acomodam, em sua área, o Posto de Saúde, neste caso, todas as despesas decorrentes desse posto, inclusive a construção e reforma, correm por conta dos recursos da Saúde.

Atenção especial com as despesas de combustível que deve ser coerente com o consumo dos veículos que estão à disposição da Secretaria de Educação, pois no ato da elaboração do Censo Escolar, informam-se, detalhadamente, as características dessa frota. Logo, a partir dessa informação, estima-se a capacidade de consumo de combustível da Secretaria e qualquer gasto acima da margem aceitável, pode ser medida de auditoria.

Lamentavelmente, muitos gestores ainda assinam prestações de contas sem ler os empenhos e as notas fiscais, alegam que não há tempo para rever os documentos, mas esse comportamento não é o adequado e é insuficiente para isentá-los de responsabilidade, pois o Secretário Municipal de Educação é, legalmente, o ordenador de despesas desse Fundo.

A prestação de contas desses recursos segue uma dinâmica especial e merece toda a atenção e dedicação do Dirigente Municipal de Educação.

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Controle Social do Fundeb

A lei 11.494/07 prevê duas alternativas de controle social: pela criação de Conselho de Acompanhamento do Fundeb ou por meio do Conselho Municipal de Educação (CME) que deve instituir uma câmara específica para o acompanhamento e o controle social do Fundeb, sendo que a sua composição deve ser igual à recomendada para a criação do Conselho do Fundeb e as decisões da câmara são terminativas.

A atribuição principal desse Conselho é acompanhar e garantir a correta gestão dos recursos, especialmente, em relação à distribuição, transferência e aplicação.

O Dirigente deve estimular a transparência na utilização dos recursos públicos.

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi regulamentada pela Lei nº 101/2000 e inseriu novos mecanismos de restrição orçamentária na legislação brasileira, gerando novas responsabilidades para os administradores públicos quanto à elaboração e execução do orçamento. Além de instituir mecanismos de transparência fiscal e controle social dos gastos públicos.

Essa norma precisa ser, atentamente, apreendida pelo Gestor municipal de educação, pois fornecerá referências importantes para a elaboração do planejamento orçamentário da Secretaria Municipal de Educação, sobretudo por: impor limites e procedimentos aos gastos com pessoal; proibir a criação de despesas de duração continuada sem fonte segura de receitas e estipular penalidades para quem os descumprir, dentre outras.

Essa Lei determina o limite de 54% da receita corrente líquida do município para pagamento de despesas com pessoal do executivo, enquanto a Lei do Fundeb disciplina que, no mínimo, 60% desse Fundo sejam aplicados na remuneração dos profissionais da educação básica. Isso sugere um conflito entre normas, mas não o é, pois deve-se ressaltar que a imposição desse limite da LRF é para os gastos globais de pessoal da Prefeitura e não por unidade orçamentária.

A verificação do cumprimento dos limites será realizada ao final de cada quadrimestre. Quando a despesa total com pessoal chegar a 95% do limite, são vedados ao Poder Executivo: conceder vantagem,

Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF

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Embora a matéria orçamentária pareça difícil para muitos educadores, merece atenção especial e envolvimento da equipe gestora da Secretaria de Educação, que precisa se preparar tecnicamente para o processo de construção do orçamento municipal.

Muitos Dirigentes falham e não participam das decisões estratégicas do município, dentre outras razões, por não dominarem a composição das peças orçamentárias e desconhecerem os mecanismos de financiamento da educação. Nesse caso, o Prefeito Municipal buscará em outras fontes as informações de que necessita, afastando o DME do nível estratégico da gestão.

Mas se o Prefeito Municipal encontrar no Dirigente de Educação segurança e informações essenciais para auxiliá-lo no processo de decisão, certamente, o Dirigente terá voz ativa e será a principal referência quando o assunto for educação.

Para isso deve-se estimular o chefe do executivo a convidar a Secretaria de Finanças e/ ou Assessoria Contábil para expor e divulgar as técnicas, prazos e metodologia a serem desenvolvidas para a construção do PPA, LDO e da LOA. Ou o Gestor junto com sua equipe se apropriam e participam ativamente desse processo orçamentário, ou a autonomia financeira ficará mais distante e a ordenação de despesas correrá o risco de não ter na Secretaria de Educação seu principal gestor orçamentário.

O DME deve apresentar habilidades suficientes para demonstrar a necessidade dessa decisão ao chefe do executivo, apresentando os pontos

Plano Plurianual – PPA

aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, ressalvada a derivada de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual.

Três outros importantes instrumentos de planejamento que nenhum Dirigente Municipal de Educação pode deixar de conhecer e participar da elaboração são: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, pois são estes instrumentos que estimam as receitas e disciplinam a execução e o desembolso dos recursos da educação.

Para conquistar autonomia na gestão dos recursos é importante que o DME conheça o que deve fazer assim que assumir a Secretaria. Com esse objetivo, a Undime também lançou a Agenda dos Cem Primeiros Dias.

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positivos da participação da Secretaria de Educação nesse processo, demonstrando como as demandas sociais educacionais podem ser superadas se contempladas no orçamento, bem como, os custos políticos e sociais da ausência da Secretaria de Educação nesse processo.

O Plano Plurianual (PPA), previsto em lei, deve ser elaborado pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais sempre no primeiro ano de suas gestões, com duração de quatro anos, para ser cumprido a partir do segundo ano de governo. Dessa forma, as atividades do primeiro ano correspondem àquelas previstas no PPA aprovado na gestão anterior.

Por definirem para um período de quatro anos as prioridades, diretrizes, os objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e, para as relativas aos programas de duração continuada, o Plano Municipal de Educação, e o Plano de Ações Articuladas - PAR são instrumentos indispensáveis para qualificar a participação do Gestor de Educação na fase de elaboração do PPA.

Por exercer um cargo de confiança e de assessoria o DME deve ter a iniciativa de orientar o Prefeito a promover um amplo debate com a sociedade para elaborar o PPA de forma democrática e participativa, envolvendo todos os setores da sociedade civil e do governo e, assim, legitimá-lo, protegendo-o das práticas dominadas pelos gabinetes e consultorias que, em geral, sufocam as expectativas e o desenvolvimento do município.

Mas se a opção do chefe do executivo for pelas consultorias externas e afastar o DME das atividades orçamentárias, deve-se alertar que, mesmo nessa condição de isolamento, isso não isenta o DME de suas responsabilidades legais perante a execução orçamentária. Tendo dela participado ou não, no momento da investigação de denúncias de irregularidades no setor educacional quem será chamado para prestar esclarecimentos ao Ministério Público é o DME.

O poder executivo federal tem até 31 de agosto de seu primeiro ano de mandato para elaborar e encaminhar a proposta do PPA para o Legislativo, que deve apreciar e aprová-lo até 15 de dezembro. Entretanto, estes prazos apresentam variações entre os entes federados.

Com o intuito de favorecer o bom encaminhamento do processo orçamentário, o DME deve, também, estabelecer diálogo permanente

Consulte a Lei Orgânica de seu município para identificar quais são as respectivas datas.

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com as instituições municipais e a sociedade civil. Para isso, é necessário compreender a importância do desempenho do papel e as responsabilidades que cada um representa no ciclo orçamentário do município, cabendo:

a) ao Executivo municipal a elaboração, execução e o controle Interno. b) à Câmara Legislativa a apreciação, aprovação e Controle Externo, com auxílio do Tribunal de Contas;c) ao Ministério Público, quando provocado, realizar investigação e abrir processo para incriminar os responsáveis por irregularidades;d) ao Judiciário promover o julgamento de irregularidades aferidas no controle; ee) à sociedade civil a responsabilidade do controle social desde a participação do processo de elaboração do PPA, do acompanhamento na execução das políticas públicas e na avaliação de seus resultados.

Com o intuito de favorecer o bom encaminhamento do processo orçamentário, o DME deve, também, estabelecer diálogo permanente com as instituições municipais e a sociedade civil. Para isso, é necessário compreender a importância do desempenho do papel e as responsabilidades que cada um representa no ciclo orçamentário do município, cabendo:

a) ao Executivo municipal a elaboração, execução e o controle Interno. b) à Câmara Legislativa a apreciação, aprovação e Controle Externo, com auxílio do Tribunal de Contas;c) ao Ministério Público, quando provocado, realizar investigação e abrir processo para incriminar os responsáveis por irregularidades;d) ao Judiciário promover o julgamento de irregularidades aferidas no controle; ee) à sociedade civil a responsabilidade do controle social desde a participação do processo de elaboração do PPA, do acompanhamento na execução das políticas públicas e na avaliação de seus resultados.

Se houver necessidade de alteração nas metas e objetivos da política educacional, inclusão ou exclusão de ações previstas, adequação dos valores propostos, o Dirigente Municipal de Educação poderá fazê-lo, pois é possível alterar o PPA, anualmente, a partir da Lei de Revisão do PPA, que o executivo deve elaborar e submetê-la à apreciação da Câmara Legislativa. Convém lembrar que é a partir do PPA que deve ser construída a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orgânica Anual.

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Planejamento da educação no município

A LDO estabelece as metas e prioridades da administração pública, com o objetivo de orientar a elaboração do orçamento do ano seguinte, assim como trata sobre a alteração na legislação tributária. A LDO dispõe, também, sobre:

a) equilíbrio entre receitas e despesas;b) metas fiscais;c) riscos fiscais;d) condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;e) forma de utilização e montante da reserva de contingência a integrar a lei orçamentária anual;f) concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita.

Nessa perspectiva a LDO é o instrumento que permite o equilíbrio entre receitas e despesas, dispondo sobre as condições e as exigências para transferência de recursos a entidades públicas e privadas, bem como, sobre as metas e riscos fiscais.

É importante ressaltar ao DME, também, que a LDO é elaborada para o ano subseqüente, e por isso, ele terá que elaborar seu primeiro orçamento anual com base na LDO que foi aprovada no ano anterior, portanto, do mandato que o precedeu. Mas terá de cumprir o mesmo ritual, elaborando quatro Leis, sendo que a última será executada no primeiro ano do próximo mandato. O Poder Executivo Municipal deve enviar a proposta da LDO para o Legislativo até 15 de abril e a Câmara Municipal terá até 30 de junho, ou até sua última sessão, para apreciar e aprová-la.

A equipe gestora da educação deve ficar atenta e colaborar com os cálculos das estimativas de receitas da Educação e realizar gastos com base no planejamento da Secretaria de Educação. Cuidado especial quanto à variação do número de alunos matriculados na Rede Municipal, pois se houve um aumento significativo de matrículas, significa que entrará mais recursos do Fundeb no ano seguinte, caso contrário, deve-se, proporcionalmente, reduzir a estimativa desse Fundo, bem como as despesas que dele decorrem, com o objetivo da garantia do equilíbrio fiscal.

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO

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Com base nas prioridades e metas contidas no PPA e na LDO que deverão ser atingidas no ano em curso, o executivo municipal encaminhará ao Legislativo a Lei Orçamentária Anual (LOA), que expressará de forma objetiva e quantificada os recursos monetários que a Prefeitura e seus órgãos da administração direta e indireta disporão para a efetiva realização dos gastos governamentais do município. A LOA deve ser encaminhada até 31 de agosto para o Legislativo, que terá até 15 de dezembro para análise e aprovação.

Como a LOA disciplina todas as ações do Governo. Ela é composta pelos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimentos das Empresas Estatais.

Todo planejamento exige que sejam estabelecidos mecanismos, rotinas ou sistemas de monitoramento e avaliação, pois estes instrumentos serão capazes de informar o gestor da situação e rumo das atividades planejadas: na presteza, na medida e com tempo suficientes para que se produzam as ações de manutenção requeridas. Para que toda ferramenta de gestão seja bem desenvolvida, é necessário ser conhecida, assimilada e, sobretudo, utilizada pela equipe gestora da Secretaria e das unidades escolares. Por melhor que seja a ferramenta de avaliação, ela não terá efeitos positivos se as informações produzidas por esse sistema não encontrar pessoas que promovam mudanças, adaptações e comprometimento necessários à execução planejada e esperada.

A ausência da cultura de avaliação e os baixos índices de utilização dos sistemas de monitoramento nas organizações, revelam-se como causas do fracasso dos planejamentos. Dentre as razões da resistência para se institucionalizar estes sistemas, está a avaliação voltada para a vigilância e punição dos que não conseguem atingir suas metas, ou aqueles que são meramente usados como instrumentos para classificar escolas, professores e alunos. Encarados dessa forma, esses sistemas, sempre vão encontrar resistência e não cumprirão seu objetivo.

Lei Orçamentária Anual – LOA

Sistemas de monitoramento e avaliação

Desenvolver e manter um ambiente em que os sistemas de avaliação e monitoramento sejam entendidos como recursos que promovam oportunidades de crescimento pessoal, institucional ou de gestão. Essa é a atitude requerida do Dirigente Municipal de Educação.

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Com o objetivo de estimular e subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas para a área educacional, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Texeira – Inep promove estudos, pesqui-sas e avaliações gerando informações relevantes e confiáveis sobre o sistema educacional brasileiro.

Para tanto, o Inep realiza, anualmente, o Censo Escolar que é a coleta de informações gerais e específicas de todas as escolas brasileiras. O Dirigente de Educação deve acompanhar, cuidadosamente, o for-necimento dessas informações, pois é com base neste Censo que são calculados os recursos do Fundeb, dos programas de alimentação escolar, livro didático, transporte escolar, dentre outros programas do MEC e do FNDE.

O Instituto mantém o Sistema de Avaliação da Educação Básica, que reúne a Prova Brasil e o Saeb que são instrumentos capazes de aval-iar o que os alunos sabem em termos de habilidades e competências e, não, simplesmente, de conteúdo, produzindo informações estraté-gicas para a gestão da educação municipal, e indispensáveis para o planejamento de políticas públicas comprometidas com a melhoria da aprendizagem dos alunos.

Embora a participação das escolas seja espontânea nesse sistema de avaliação, vale alertar o Dirigente Municipal de Educação que é com base nos resultados dessas avaliações (Saeb e Prova Brasil) que é calcu-lado o Ideb do município, índice que norteará as metas e a participação nos programas do Compromisso Todos Pela Educação.

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Gestão municipal da educação com qualidade social

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Construção da Gestão DemocráticaHá várias décadas o Brasil tenta conduzir sua política educacional e a gestão administrativa e financeira da educação com base em um plano nacional. A característica marcante desse processo tem sido sua flagrante descontinuidade e inconclusividade, além de outras dificuldades intrínsecas a uma realidade nacional repleta de diferenças e desigualdades em vários contextos.

A partir de 1988, coincidindo com a promulgação da Constituição de 1988, a mobilização social pela reforma e por um plano da educação pública efetivo aumentou muito, reforçada pela Conferência de Jomtien, de 1990, que levou à elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos, entre 1993-1994, culminando com a LDB de 1996. A LDB, por sua vez, retoma a Conferência Mundial da Tailândia, recolocando o Plano Nacional de Educação – PNE - na agenda, cuja elaboração vai de 1997 a 2001, quando se transforma em Lei.

O PNE, como se viu no processo de elaboração e aprovação, apesar de não espelhar plenamente a aspiração da sociedade educadora e civil organizada e dos vetos que recebeu, é um Plano com inovações no cenário brasileiro. Ele não é um plano da União, não é um plano de Governo, não é um plano de Secretaria de Educação, nem de qualquer Rede de Ensino. É um plano nacional, um plano de Estado e um plano global que deve refletir o projeto de educação que a sociedade brasileira aspira para seu povo.

Por esse motivo, pelo que determina a Lei e pelos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, o PNE e os demais que dele decorrem, são desenvolvidos por governos e sociedade civil organizada e contam com o apoio e participação decisivos dos segmentos ligados ao desenvolvimento social. Deverão se envolver no processo o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público e as organizações representativas da iniciativa privada que atuam na área educacional e que, por isso, assumem responsabilidades sociais concretas.

A elaboração, execução e acompanhamento dos Planos Decenais dos Estados e dos Municípios são importantes porque reforçam duas dimensões estratégicas da gestão educacional: a da responsabilidade política e histórica e a da possibilidade de mudança concreta.

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No primeiro caso, em função do dever cívico que têm, Governo e sociedade precisam dar uma resposta contundente aos desafios colocados aos sistemas educacionais públicos, cujas características centrais são ainda os baixos índices de desempenho de suas redes escolares.

No segundo caso, a gestão por projetos, a partir dos planos existentes, cria uma nova oportunidade de enfrentamento dos graves problemas que entravam a educação pública do país, em seus vários níveis, modalidades e dependências administrativas. Este fato deve ser encarado com a maior seriedade possível, sem o que faltarão compromissos e inspirações para produzir novas alternativas de superação.

Executa-se, em geral e muitas vezes de forma imperfeita, a política e a administração da educação a partir exclusivamente dos parâmetros, diretrizes e prioridades externas.

Precisa-se crescer muito na direção de projetos instituintes, aqueles que surgem das comunidades educativas municipais, que estão mais próximos da realidade educacional, e assim, podem enfrentar com mais precisão os problemas recorrentes. Não é por outra razão que há estímulos de prêmios, campanhas, estudos e pesquisas para evidenciar e divulgar as boas práticas educativas que muitos municípios já realizam no país.

Fica evidente, portanto, que a reversão do problema educacional passa, obrigatoriamente, por uma ampla e geral convocação da sociedade e de seus setores organizados na direção de um modelo de gestão democrática e com qualidade social, englobando os Sistemas e Redes de Ensino, em que terão papel relevante e vital as escolas e demais instituições ligadas à educação.

Não é possível continuar administrando e gerindo as políticas públicas de educação e os órgãos de direção educacional à base de iniciativas de impacto, de improvisos, “achismos” e reprodução de experiências sem as devidas adequações, pois têm se revelado incapazes de atingir o núcleo dos problemas.

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Construção do Sistema Municipal de Ensino

Segundo a Constituição de 1988 a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado democrático de direito, sendo seus fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Os Artigos 29 a 31 tratam especificamente dos Municípios.

O Artigo 211 aborda os Sistemas de Ensino. De acordo com a Constituição a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em Regime de Colaboração seus Sistemas de Ensino. Fica estabelecido que os Municípios atuarão prioritariamente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em vigor, os Municípios devem:

I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino;V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.

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A mesma Lei abre a possibilidade dos municípios optarem por se integrar ao Sistema Estadual de Ensino ou compor com ele um Sistema Único de Educação Básica.

O município, portanto, é um ente federativo autônomo e a federação é a forma de Estado pela qual o poder é distribuído, assegurando-se a autonomia dos entes políticos que a integram.

Como nos demais entes da federação, a Administração Pública Municipal está subordinada aos princípios da legalidade, publicidade, impessoalidade, moralidade e eficiência.

Os dados disponíveis revelam, com muita clareza, que a municipalização da educação, entendida como um patamar de autonomia sistêmica, ainda permanece como uma meta a ser alcançada em todas as regiões do país, sobretudo naquelas mais carentes.

No Relatório Final do Proforti I - Programa de Fortalecimento Institucional das Secretarias Municipais de Educação do Semi-Árido/ Ministério da Educação, realizado em 2006, constata-se, a partir dos atores educacionais, que ainda há muito o que desenvolver.

Referendados pela legislação em vigor, a partir da Constituição e da nova LDB, os municípios são, portanto, entes federativos autônomos, onde se inclui a gestão educacional. A eles são transferidas uma série de responsabilidades quanto à condução das políticas públicas para os serviços de consumo coletivo, em especial a gestão da Educação Básica, que envolve a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, além de outras responsabilidades sobre a educação em meio rural, educação de jovens e adultos, educação especial, educação escolar indígena e educação de comunidades quilombolas.

As lições aprendidas durante a execução do Proforti indicam a importância estratégica do fortalecimento da gestão e do planejamento educacional, em nível local, como um dos recursos essenciais que o Gestor da educação deve utilizar para evitar que a municipalização do ensino se dê de forma errada e não se desenvolva de modo efetivo.

O atual estágio de desenvolvimento da sociedade brasileira faz da gestão eficaz uma ferramenta estratégica para a boa estruturação e organização dos sistemas educacionais nos municípios. Sabe-se não ser fácil atingir

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este propósito, na medida em que a grande maioria dos municípios ainda carece de experiências na área da gestão de políticas públicas e, sobretudo, não possuem recursos humanos, materiais e financeiros para começar uma ação imediata e eficaz.

Áreas de competências das Secretarias de

Educação

O trabalho de uma Secretaria Municipal de Educação deve se voltar, em termos práticos, para a melhoria da qualidade da educação em seu território de abrangência, recorrendo a indicadores de desempenho para aferir os resultados obtidos a partir da execução de sua programação de trabalho.

Dentre as dimensões da gestão educacional, a da gestão político-institucional é uma das mais desafiadoras e que mais apresenta dificuldades de superação. A razão disto deve-se ao predomínio, em boa parte dos municípios, de um sistema político ainda reticente ao reconhecimento da necessidade de mais autonomia das Secretarias de Educação, como instâncias capacitadas para liderar o processo de transformação e evolução da Educação Básica Municipal.

Para atingir plenamente estas aspirações muito esforço e trabalho precisam ser concretizados. A seguir são apresentadas as características das principais dimensões da moderna gestão democrática, buscando-se com isso oferecer subsídios técnicos ao Gestor, instrumentalizando-o para que seja, cada vez mais, preparado para adotar medidas que promovam a melhoria da qualidade social da educação em seu município.

Ao buscar aprimorar a gestão educacional dos municípios brasileiros, o que se espera é que as Secretarias de Educação sejam capazes de contribuir para o avanço do ambiente educativo, das práticas pedagógicas, da avaliação, da gestão escolar democrática, da formação e condições de trabalho dos professores, do ambiente físico escolar e do acesso, sucesso e permanência dos alunos na escola.

Gestão político-institucional

Não se fortalece o poder local sem participação ativa da população e da sociedade organizada. A centralização do poder é altamente prejudicial ao desenvolvimento das comunidades, dos municípios e das unidades federadas, que necessitam emergir em plenitude.

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As lideranças que estão assumindo as Prefeituras, as Câmaras de Vereadores, as Secretarias de Educação devem se comprometer com o fim das centralizações do poder, em que ocorrem situações que fazem com que: a) as decisões sejam sempre tomadas de cima para baixo; b) a participação popular apresente-se fragilizada, chegando, em alguns casos, a uma situação de ausência; e c) o clientelismo, sob os mais diferentes disfarces, ainda permaneça vivo.

Está claro que é mais do que urgente um novo modo de governar em contextos marcados por desigualdades profundas. A gestão dos governos municipais precisa se abrir à participação da cidadania organizada. Apesar de terem crescido nos últimos anos, são ainda pouco eficazes os canais de interlocução e mediação entre o Governo e a sociedade em muitos municípios brasileiros.

Deve-se entender o controle social como o núcleo da questão que trata das relações entre sociedade e Estado. Seu conteúdo está associado à capacidade que tem a sociedade organizada de influir e atuar nas políticas públicas, sobretudo na educação. Seu objetivo imediato é melhorar o atendimento das populações pelo poder público, defendendo os direitos dos cidadãos como beneficiários prioritários das políticas governamentais. Sem perder, contudo, a perspectiva de que, em estágios superiores de sociabilidade, o controle social deve ir mais fundo, mais além, deve ter como premissa o fortalecimento da capacidade dos cidadãos de se auto-governarem.

Uma das formas de atuação do controle social será o desenvolvimento de instrumentos e instituições cada vez mais consistentes e adequados à efetividade das ações da sociedade civil organizada.

É preciso instituir uma nova regulação política para reconstruir e ampliar o espaço público e a legitimidade do mandato político. Alguns mecanismos vêm sendo testados no país, embora incipientes, tais como o planejamento participativo das ações estratégicas, construção de esferas não-estatais, valorização e fortalecimento dos conselhos de co-gestão, elaboração de políticas setoriais, capacitação para gestão e proposição de políticas públicas.

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Como tornar tudo isso algo prático, aplicável nos municípios, nas cidades e no Estado como um todo?

Precisa-se rever o planejamento e a gestão do desenvolvimento. Não será fácil fazer isso. Uma das maiores dificuldades está na capacidade técnica e de gestão dos municípios. Percebe-se que, no que tange aos aspectos mais técnicos da gestão político-intitucional, as Secretarias de Educação muito pouco coordenam, fazem planejamento, efetivam avaliação educacional, realizam a programação e execução orçamentária ou investem na produção, organização e difusão de informações estatísticas.

Por outro lado, o gestor educacional deve saber que a aquisição de poderes para governar a educação municipal de forma cada vez mais autônoma, passará, obrigatoriamente, por sua capacidade de articulação com os poderes instituídos e com os munícipes organizados. Nesse sentido, deverá, prioritariamente, estabelecer e fortalecer relações de parceria e confiança com o Prefeito e Vereadores.

Uma boa estratégia nesse sentido é buscar parcerias com os organismos estaduais, nacionais e internacionais de fomento à educação municipal, vinculados ao setor público ou à sociedade.

Desenvolver planejamento e gestão requer, cada vez mais, parcerias e ações focadas. Muitos consideram as parcerias e as redes ferramentas insubstituíveis, pois colocam a gestão da política pública em contato direto com a realidade do ambiente em que se insere.

Claro que não é fácil chegar a esse patamar de intersetorialidade, sobretudo pelo fato de a administração pública brasileira se caracterizar por uma forte setorialização, difícil de ser rompida, sobretudo por que as máquinas partidárias ainda estão organizadas segundo a lógica da patronagem estatal.

Programas de capacitação serão muito importantes para despertar o interesse e capacitar quadros para a realização de gestões políticas efetivas e competentes.

Com efeito, a gestão intersetorial em rede pressupõe a combinação de três dimensões fundamentais: a) uma liderança aberta, capaz de compartilhar poderes; b) a existência de uma cultura de colaboração, dotada de confiança e credibilidade; e c) existência de estruturas compartilhadas, capazes de conduzir a objetivos comuns e focados.

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O cenário, todavia é favorável. São cada vez mais numerosos os organismos e iniciativas estaduais, nacionais, internacionais e, sobretudo, sociais de fomento e apoio à educação municipal e local.

Movimentos como Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Objetivos do Milênio, Todos pela Educação, Fóruns Estaduais de EJA, Fóruns Estaduais de Educação Infantil, Mieib, Movimentos Pró-Creche, Faça Parte, Amigos da Escola, ou iniciativas de entidades como Undime, Uncme, Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, Consed, CNTE, Contee, Anpae, Anped, Anfope, Unicef, Unesco, Fundação Abrinq, Fundação Ford, Fundação Itaú Social, Cenpec, Ação Educativa, dentre muitas outras, têm trabalhado pelo direito de aprender e influenciado as políticas governamentais em todos os níveis.

A participação das universidades públicas é outro aspecto relevante nesse contexto. Antes inacessíveis, hoje se lançam com consciência nos movimentos e programas voltados ao desenvolvimento da Educação Básica Pública Municipal.

A gestão pública da educação conta com atores antigos e novos, que possibilitam mais sucesso em iniciativas. Alguns exemplos: BNDES, Ministério Público, Associação Brasileira de Magistrados, Associação Brasileira de Municípios, Frente Nacional de Prefeitos, Confederação Nacional de Municípios, Conselho Nacional de Educação, FNDE, Secretaria de Assuntos Federativos da Presidência da República e Conanda.

O sentido de toda e qualquer melhoria da gestão administrativa e organizacional da educação nos municípios é gerar capacidade de respostas rápidas e eficientes às necessidades e aspirações da comunidade educativa, sobretudo da comunidade escolar. Fortalecer a capacidade de gestão das Secretarias de Educação só terá sentido se for para cumprir esse papel.

Em termos amplos, pode-se dizer que muito precisa ser feito para estruturar e organizar a administração no interior das Secretarias Municipais de Educação. Entendendo-se, no caso, a estrutura administrativa como um conjunto de unidades, departamentos, divisões, seções e outros setores que compõem e dão forma à organização educacional, indicando

Gestão administrativa e organizacional

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divisões básicas de trabalho e linhas de autoridade e subordinação.

O exame da situação administrativa propriamente dita revela que, em grande parte, as Secretarias necessitam ser pensadas ou repensadas na perspectiva do cumprimento de suas atribuições institucionais. Em sua maioria não dispõem de um organograma, por exemplo. O simples fato de o possuírem é visto quase sempre como um trunfo e mesmo como sinal de modernização e diferencial técnico.

No que tange aos aspectos da gestão de pessoas, nota-se que muito precisa ser feito ou corrigido, pois, praticamente, não existem fixadas as diretrizes e os procedimentos relativos aos servidores que atuam nas Secretarias e nas Redes Escolares, a não ser aqueles mínimos, geralmente localizados na Prefeitura.

Os procedimentos relativos a designações de servidores, controles de processos e de diárias, controles de férias, concessão de vantagens, contratações temporárias, realização de concursos públicos, planos de carreira e remuneração e, sobretudo, aquelas ligadas às funções de planejamento são muito pouco desenvolvidos, muito menos dentro das Secretarias de Educação.

Nota-se também, a partir dos dados disponíveis, que é muito fraca a gestão de material e patrimônio, bem como a coordenação dos serviços gerais. Aqui, também, as Secretarias pouco realizam, uma vez que a aquisição de materiais, equipamentos e afins em geral são processadas fora. Questões ligadas ao inventário patrimonial, representado pelos bens móveis e imóveis, são, em grande parte, desconhecidas.

No campo dos serviços gerais realizam pouco no que diz respeito à segurança, limpeza e demais atividades inerentes à área.

Ao enfatizar para os Dirigentes de Educação o ponto de vista de que a gestão não se encerra apenas na dimensão pedagógica, mas estende-se à administração geral, às finanças e orçamentos, à busca de resultados efetivos na prestação de serviços, este trabalho se propõe a alargar a compreensão sobre o tema e certamente este fato produzirá resultados positivos em muito pouco tempo.

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Percebe-se, por conseguinte, que, para se atingir uma gestão realmente eficiente da política municipal de educação, capaz de assegurar o direito de aprender dos alunos, elevar a qualidade de vida da população e o avanço da eficiência econômica, é preciso incrementar e priorizar a política de modernização das institucionalidades.

Isto significa investir em mobilização social, recursos humanos, novos instrumentos técnicos, sistemas de informação, administração participativa e no fortalecimento de parcerias entre os agentes públicos e os atores privados.

Os novos recursos e instrumentos para melhorar a eficiência só terão conseqüências efetivas se estiverem em sintonia com a cultura local. Significa dizer que os avanços gerenciais e administrativos, além de estarem voltados a atender mais rapidamente e melhor as demandas da comunidade educativa, deverão respeitar as especificidades e valorizar as potencialidades de cada território, região ou município.

Reestruturar e fortalecer as instâncias responsáveis pela administração e gestão da política educacional passa por um rigoroso conhecimento e diagnóstico das limitações locais que precisam ser superadas. Significa criar instrumentos capazes de rever processos de trabalhos anteriores e a construção de novos parâmetros que levem ao desenvolvimento sustentável das organizações e instituições que operam a política pública de educação em suas múltiplas manifestações.

Para cumprir os desafios postos à gestão administrativa e organizacional da política educacional, o órgão gestor terá que investir no seu fortalecimento institucional, destacando-se, nesse sentido, os avanços em áreas estratégicas como:

– gestão de pessoas, principalmente na capacitação profissional;– gestão de recursos financeiros, recursos físicos e materiais;– gestão de dados, informações e conhecimento.– democratização da gestão, expressa acima de tudo na transparência administrativa e na participação do corpo social da escola.

Não há possibilidade de modernização de institucionalidades sem contextualização, capacitação técnica e absorção de tecnologias de gerenciamento.

Relevância do fortalecimento institucional

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O fortalecimento institucional da Secretaria de Educação e dos órgãos que compõem o sistema ou rede de ensino também significa:

a) organizar-se para que o foco da educação seja a aprendizagem dos alunos;b) conhecer novos princípios e instrumentos que elevem o padrão de gestão;c) reorganizar sua estrutura, rever seu funcionamento e redesenhar os processos de gestão para melhorar a qualidade dos serviços educacionais; d) ter total clareza de como está organizada a educação nacional e municipal e suas incumbências;e) formar permanentemente os profissionais que constituem o órgão gestor e seus associados;f) adotar e implementar um padrão de gestão educacional capaz de atender às demandas advindas da sociedade em transformação e desenvolver a capacidade de influenciar essas transformações;g) desenvolver competências capazes de liderar processos novos, superar obstáculos e contornar situações complexas.O caminho indicado é o da plena articulação com as escolas, propiciando-lhes assistência técnica e assessoria competentes. O ideal é atingir um estágio de mobilização e articulação permanentes entre o órgão gestor, a escola e a sociedade.

Para se ter compromisso com a aprendizagem dos alunos, o órgão gestor deve concretamente abrir-se ao diálogo com a rede escolar, não mais adotar a prática usual de determinar o que as escolas devem fazer e sim apoiar e estimular o que as escolas fazem.

Não resta dúvida que para garantir o fortalecimento institucional do órgão gestor e de seus órgãos vinculados, algumas ações complementares precisam ser feitas, destacando-se:

- informatização da Secretaria Municipal de Educação; - desenvolvimento de uma política efetiva de valorização dos recursos humanos; - acompanhamento e avaliação dos estabelecimentos de Educação Infantil, Ensino Fundamental e demais níveis e modalidades existentes;- implementação de ações de capacitação do corpo técnico do órgão gestor e do quadro docente, técnico, administrativo e de serviços gerais das escolas da rede ou sistema de ensino; - capacitação dos integrantes dos Conselhos Sociais vinculados à área de educação, como o Conselho Municipal de Educação, Conselho do Fundeb e o Conselho da Alimentação Escolar.

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Uma peça que não deve faltar no processo de fortalecimento institucional é a que se relaciona com a formalização das iniciativas modernizadoras e inovadoras. Trata-se da elaboração e aprovação do Regimento do órgão gestor e de seus componentes, no qual fique configurada a estrutura organizacional, o funcionamento e a governança interna.

O processo de fortalecimento institucional do órgão gestor e de seus componentes implica, necessariamente, em rever ou mesmo reinventar a organização estrutural, o seu modo de funcionamento e gestão, a formação do quadro docente e técnico-administrativo, o fortalecimento

Normalmente a estrutura de um Regimento está assim configu-rada:

- Capítulo I – Finalidades, Objetivos e Competências. Elaborados em consonância com a legislação nacional (Constituição de 1988, LDB 9.394/96, PNE) e a legislação municipal (Lei Orgânica Mu-nicipal, PME, Lei do Sistema de Ensino, se houver). Expressa, de forma clara e objetiva, a proposta do órgão gestor para atender às necessidades educacionais da população, respeitando as pe-culiaridades locais, porém, dentro de um projeto abrangente.- Capítulo II – Estrutura. Detalhamento da estrutura do órgão gestor, indicando a opção adotada com referência à organiza-ção das suas funções: por grupos de trabalho, departamentos, setores, gerências, coordenações, sub-coordenações, entre out-ras alternativas.- Capítulo III – Competências e responsabilidades. Detalhamento das competências e responsabilidades de cada grupo de trab-alho, departamento, coordenação, enfim, de cada unidade que compõe a estrutura do órgão gestor.- Capítulo IV – Atribuições. Detalhamento das atribuições de cada um dos cargos criados para a estrutura do órgão gestor. Es-tão incluídas as atribuições do próprio gestor e dos demais servi-dores, de acordo com as funções que desempenham.- Capítulo V – Disposições gerais e transitórias. Incluem outros dispositivos de interesse do Município como, por exemplo: regu-lamentação dos cargos comissionados, criação de outros cargos para dar suporte à estrutura do órgão gestor e procedimentos para a transição da estrutura antiga para a nova.

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A gestão administrativa e organizacional envolve um elenco muito grande de ações e procedimentos associados ao pleno cumprimento das suas competências institucionais. Que se processarão segundo os princípios básicos da gestão democrática, participativa e estratégica, no sentido da valorização de um consistente planejamento de médio prazo, pelo menos.

Para que isto venha a acontecer é preciso definir claramente a estruturação, o funcionamento e o modelo de gestão da Secretaria, com base em orientações teórico-práticas , que irão servir de referência ao novo padrão de gestão, focado na qualidade social e na aprendizagem dos alunos. A conseqüência imediata é a existência de um conjunto de procedimentos e rotinas de trabalho que possam viabilizar o seu desenvolvimento institucional

Competências da gestão administrativo-organizacional

O órgão gestor, portanto, precisar preparar-se para realizar atividades capazes de: a) estabelecer diretrizes e organizar os procedimentos relativos aos servidores lotados nas escolas de sua rede ou sistema de ensino; b) administrar o seu próprio quadro de pessoal; c) gerir recursos humanos da rede ou sistema de ensino; d) designar servidores para os seus diversos setores de trabalho; e) controlar licenças, férias, cessão de servidores da rede ou sistema, concessão de vantagens; f) contratação temporária de profissionais e realização de concursos públicos;

das suas relações com a comunidade local, a compreensão do seu papel no contexto da educação nacional e, sobretudo, a construção da autonomia das escolas, o revigoramento do Regime de Colaboração, a criação de espaços para a participação da comunidade.

Tudo isso sob a coordenação de um planejamento institucional capaz de promover a avaliação, a capacitação técnica e pedagógica e a informatização da sua rede ou sistema, focado claramente na elevação da qualidade da gestão educacional voltada para a aprendizagem dos alunos.

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g) gerir o plano de carreira do magistério; h) solicitar, adquirir, conservar e distribuir material para as escolas; i) organizar os registros de controle de material e documentação do patrimônio da rede ou sistema de ensino; j) acompanhar os projetos de construção a serem realizados; k) realizar o inventário do imobiliário e do material permanente; l) articular-se com outros setores da administração pública para proceder à regularização de terrenos e prédios.

Outra área de atividades importante é a que trata da aquisição e contratação de serviços, segundo critérios e procedimentos que bus-cam garantir o uso adequado dos recursos públicos. Cabe ao órgão gestor, nesse particular, fazer a adequação das compras e da contrata-ção de serviços às necessidades da rede ou sistema de ensino.

Planejamento e organização são requisitos indispensáveis para essa função, por envolver a definição do bem a ser adquirido ou serviço a ser contratado; requisição do interessado, autorização da despesa, pre-paração do edital de licitação ou carta-convite, divulgação do edital ou carta-convite, julgamento das propostas pela Comissão de Licita-ção, análise de recursos sobre a licitação, homologação da licitação, aquisição do bem ou contratação do serviço e fornecimento do bem ou serviço pelo fornecedor contratado.

Além disso, são requisitos necessários ao órgão gestor, a fim de que cumpra suas atribuições administrativas, a organização e controle de documentos e correspondências recebidas e expedidas; atendimento de boa qualidade ao público; execução de serviços de limpeza, higiene e segurança dos imóveis e controle do uso dos veículos.

Outra área importante vinculada à gestão administrativo-organizacio-nal é a que se refere ao apoio aos estudantes. É recomendável a criação de uma coordenação para tais programas de assistência ao educando. Alguns são indispensáveis:

A recorrência para tais atividades é a Lei 8.666/93 que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

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Programa de alimentação:

- acompanhar a aquisição e distribuição dos gêneros;- assessorar as escolas na elaboração do cardápio e promover a capacitação das merendeiras e dos membros do Conselho de Alimentação Escolar.

Programa de Transporte:

- planejar e gerir a oferta, tanto em termos quantitativos, como qualitativos;- monitorar o cumprimento pelas escalas de horários, a pontualidade, o tempo de duração das viagens, a segurança dos alunos e as opções para a oferta desse serviço;- dispor de informações sobre ônibus escolares mantidos pela Secretaria, locação de veículos, terceirização de serviços, passes escolares, etc.;- promover a capacitações dos profissionais que prestam o serviço de transporte;- criar meios que possibilitem aos pais, alunos e professores acompanhar a oferta de transporte escolar.

Programa/ Serviço de saúde:

- articulação com órgãos ou instituições de saúde para promover serviços de atendimento odontológico, oftalmológico e clínico aos alunos.

Programas suplementares de material didático:

- supervisionar a aquisição, distribuição e conservação de livros, lápis, cadernos, borrachas, uniformes, fardamentos, etc.;- coordenar o processo de escolha do livro didático junto às escolas e seus professores, estimulando uma análise criteriosa e voltada para as necessidades de aprendizagem dos alunos.

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Cabe também ao órgão gestor a administração e a organização direta, ou indireta, no caso de atribuição descentralizada às escolas, para matrículas e registros escolares. A Secretaria deve proceder orientação geral sobre os registros escolares e passar as orientações às escolas de como organizar internamente as informações do desempenho dos alunos para o planejamento das matrículas.

É fundamental, por outro lado, que o processamento da matrícula seja informatizado, seja centralizado na Secretaria ou descentralizado para as escolas. É da competência do órgão gestor a publicização das normas disciplinadoras do processo de matrícula na rede ou sistema de ensino. Para tanto, devem ser elaborados formulários específicos ou manuais para orientar a matrícula e seus procedimentos.

Uma das escolhas a ser feita pelo Dirigente e a comunidade educacional é optar entre se instituir como rede ou sistema municipal de ensino. Há diferenças substantivas entre os dois modelos de organização educacional. A rede de ensino é a forma mais comum e que caracteriza a grande maioria da educação municipal.

São características da rede de ensino:

- existência de escolas que não constituem um sistema, pois seguem determinações e orientações normativas do sistema estadual. - poder municipal sem prerrogativa de formular normas educacionais próprias e complementares ( seguem as normas definidas na esfera do Governo Estadual por meio do Conselho Estadual de Educação ).- relação de dependência ao Sistema Estadual em matéria educacional.

São, por outro lado, características do Sistema de Ensino:

- educação municipal como Sistema de Ensino autônomo em relação ao Sistema Estadual.- capacidade normativa própria, que assegura a definição de normas complementares pelo próprio município: lei municipal ou decreto do Prefeito, portarias da Secretaria Municipal de Educação, pareceres

Organização, estrutura e funcionamento do Sistema

Municipal de Ensino

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e resoluções ou deliberações do Conselho Municipal de Educação.- processo de construção da identidade do Sistema Municipal de Educação.

Para facilitar a escolha entre rede ou sistema de ensino alinham-se a seguir algumas vantagens da opção por organizar-se sob a forma de Sistema Municipal de Ensino:

- autonomia, nos limites da legislação mais geral, em matéria educacional.- prerrogativa de elaborar normas complementares mais adequadas às peculiaridades locais.- agilização de processos diversos, particularmente aqueles referentes à autorização de funcionamento e credenciamento de novas escolas.- participação mais efetiva da sociedade nos processos de gestão, de definição de prioridades e metas e no controle e acompanhamento das políticas públicas educacionais.- superação da cultura de dependência ao sistema estadual.

Não é necessário muito esforço para perceber as vantagens do sistema de ensino em relação à rede de ensino, pois o desejável é que os municípios façam a gestão autônoma de sua política educacional. No entanto, alguns fatores fazem que isso não ocorra, em razão de:

(1) carência de pessoal qualificado para a estruturação e implementação do sistema de educação; e (2) questões políticas locais, motivadas em sua maioria pela prevalência de um poder local ainda marcado pelo clientelismo e pelo fisiologismo.

Antes de aprofundar essas questões, convém um exame do que é necessário para a institucionalização de um sistema municipal de ensino. Em sentido amplo e de acordo com a legislação em vigor são requisitos:

- organização efetiva dos órgãos e instituições de ensino (Secretaria de Educação, Conselho Municipal de Educação, principalmente) que constituirão o sistema.- regulamentação de questões referentes à educação no âmbito do município: gestão democrática do ensino público, condições de oferta de ensino pela iniciativa privada, graus progressivos de autonomia para as escolas públicas, adequação do calendário escolar

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às peculiaridades locais, dentre outros.- instauração de processos de planejamento educacional em todos os níveis institucionais.

A institucionalização do sistema municipal de ensino não deve ser um procedimento meramente formal. Requer, para sua sustentabilidade no tempo, ampla discussão (fóruns, plenárias, reuniões), com os diversos segmentos da sociedade civil e da comunidade escolar sobre a decisão pelo sistema próprio de ensino, definindo as fases e o período de implantação.

Tomadas essas providências, deve-se partir para a elaboração de Projeto da Lei do Sistema Municipal de Ensino (independe da anuência do Estado). Pode ser mais ou menos abrangente; caso a opção seja por uma Lei mais concisa, posteriormente, deverá ser detalhada em leis específicas. Não se deve esquecer questões práticas como a organização ou reorganização dos órgãos administrativos (secretaria de educação ou equivalente) e normativo (CME), para que sejam criadas as condições necessárias à autonomia que a institucionalização do Sistema pressupõe.

Com efeito, são vários os componentes de um sistema municipal de ensino. O primeiro e mais importante são as instituições públicas de ensino, no caso as escolas. Em seu Art. 12, a LDB atribui às escolas os seguintes papéis:

- desenvolver sua proposta pedagógica;- administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;- assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidos;- zelar para que o plano de trabalho de cada docente seja cumprido;- criar meios para acompanhar o rendimento dos alunos, proporcionando trabalhos de recuperação paralela dos estudos escolares quando necessário;- desenvolver articulações entre escola, família e comunidade;- manter os pais e responsáveis informados sobre a vida escolar do aluno, bem como sobre o desenvolvimento da sua proposta pedagógica.

Outros elementos de um sistema de ensino são os órgãos municipais de educação, assim estruturados:

- Órgão gestor, representado pela Secretaria Municipal de Educação,

Outro passo importante é a análise da Lei Orgânica do Município, para verificar se nela existe alguma incompatibilidade em relação à institucionalização do sistema municipal de ensino. Se houver, devem ser feitos encaminhamentos para a sua alteração.

Feitos estes procedimentos o momento seguinte é a comunicação aos órgãos estaduais de que o município assumiu plenamente a condição de ente federativo autônomo em matéria de política e gestão educacional.

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A gestão de uma unidade escolar deve se dar em articulação com o Conselho Escolar, de modo a se fortalecer o princípio da participação, da democracia e da autonomia da escola.

departamento de ensino, ou órgão equivalente;- Órgão colegiado, representado pelo Conselho Municipal de Educação que atua como mediador entre sociedade civil e o poder público local na definição das políticas educacionais (função normativa, acompanhamento da execução das políticas educacionais. controle e fiscalização social).

Outros órgãos colegiados importantes, que podem ou não integrar o sistema municipal de ensino, são:

(2) Conselho de Alimentação Escolar, que faz o acompanhamento da aplicação dos recursos federais do Programa Nacional de Alimentação Escolar.

(1) Conselho Municipal do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb;

(3) o terceiro bloco de componentes do sistema municipal de ensino é representado pelas Normas Complementares. Na conformidade da LDB, em seu Artigo 11, inciso III, os municípios devem prever normas complementares para o seu sistema de ensino, as quais serão responsáveis por assegurar a necessária unidade normativa da educação em todo país. São originadas: a) no poder legislativo: Lei do Sistema Municipal de Ensino, Lei do Conselho Municipal de Educação, Lei do Plano de Carreira; b) no poder executivo: os atos próprios (decretos e portarias) e, (c) no Conselho Municipal de Educação (pareceres e resoluções)

Outro componente extremamente importante é o Plano Municipal de Educação, imprescindível tanto para o município que optou por se integrar ao sistema estadual, como o que institucionalizou o seu sistema de ensino. Deve ser construído com a participação da comunidade escolar e local e ter duração plurianual, além de orientar as decisões e ações de todo o sistema educacional, abrangendo níveis e modalidades de ensino. O Plano deve estar em consonância com os objetivos, diretrizes e metas presentes no Plano Nacional de Educação (PNE) e promover a adequação das metas gerais da educação nacional às especificidades locais, definindo as estratégias a serem adotadas de acordo com a realidade do município. Deve

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ser elaborado em consonância com a legislação e os instrumentos de planejamento já existentes no município.

Um dos argumentos mais fortes para justificar a opção municipal por se instituir como sistema de ensino é justamente o de que sendo um sistema autônomo, o problema da regularização escolar pode ser enfrentado e resolvido com maior rapidez, uma vez que se elimina a dependência ao sistema estadual.

Realmente é enorme o número de escolas municipais que se encontram em situação irregular, que ocasiona acúmulo de processos nos Consel-hos Estaduais de Educação vindos de municípios.

Além de produzirem um conceito negativo ao trabalho do órgão gestor da educação, tais situações prejudicam estudantes e suas famílias. O enfrentamento dessa situação é inadiável e merece, para uma solução rápida e eficaz, ser equacionada logo e com prioridade máxima.

O Plano de Carreira e Remuneração – PCR dos servidores da educação municipal representa uma das institucionalidades das mais relevantes para o processo de amadurecimento e desenvolvimento da política pública de educação, sobretudo no momento atual, marcado pela criação de um Piso Salarial Nacional para os profissionais da educação.

Vincula-se também ao grau de organização dos profissionais da educação municipal e retrata a valorização da educação e do ensino pela administração pública local.

Deve ser elaborado de forma democrática e participativa, com amplas consultas, debates e seminários envolvendo os segmentos representa-tivos da categoria e as autoridades públicas municipais.

Necessita obrigatoriamente estar associado a uma política de forma-ção continuada de todos os profissionais e ao estímulo à inserção nos meios de divulgação e produção de conhecimentos no campo educa-cional.

Regularização de escolas da rede municipal

Plano de Carreira e Remuneração

O PCR está associado a uma cultura funcional e profissional desenvolvida no município e é mobilizador de transformações nessa cultura.

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Precisa ser elaborado de modo técnico e responsável a fim de que não se repitam experiências passadas, sobretudo a partir da implantação do Fundef em 1996, quando as exigências de sua obrigatoriedade acabaram estimulando uma série de terceirizações que levaram os planos de carreira a verdadeiras linhas de montagem, retirando-lhes a identidade e o caráter político-institucional.

Ter um bom roteiro geral para elaborar internamente o PCR é aconselhável. Um bom roteiro geral deve conter:

1. Introdução2. A importância do PCR3. Etapas para elaboração

3.1 – Identificação da situação do Quadro e Carreira do Magistério Municipal.3.2 – Organização da comissãotécnica

3.2.1 – Levantamento e conhecimento da Legislação3.2.2 – Análise e revisão do Estatuto do Magistério/Legislação Mu-nicipal sobre Quadro e Carreira, verificando sua adequação.3.2.3 – Elaboração da proposta preliminar do PCR3.2.4 – Discussão da proposta com os segmentos organizados da educação municipal.3.2.5 – Elaboração do Anteposto de Lei.

4. Proposta de conteúdo básico do PCR

4.1 – Objetivos4.2 – Principais conceitos.4.3 – Composição do Quadro do Magistério.4.4 – Ingresso no Quadro do Magistério.

4.4.1 – Requisitos para preenchimento dos cargos e das funções.

4.5 – Estruturação da Carreira do Magistério.

4.5.1 – Avaliação de desempenho.

4.6 – Jornada de trabalho.4.7 – Afastamentos.

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4.8 – Vencimento e gratificações.4.9 – Situações transitórias.4.10 - Anexos: Glossário.

Outra providência de relevância é a realização de oficinas sobre Planos de Carreira, começando pela discussão do financiamento da educação no Brasil. Um bom texto sobre a história do financiamento da educação e a gestão das políticas públicas é o livro do autor João Monlevade - Educação Pública no Brasil : Contos e Descontos – Capítulos 1 e 2, no qual apresenta uma periodização que começa com o período de “Socialização” (de 30.000 a.C. até 22 de abril de 1500) e prossegue até o momento da Constituição de 1988, que, pela ótica do escritor, representa o momento do “Engessamento, dos Avanços e Diferenças”.

É fundamental identificar e estudar os marcos legais associados ao PCR, sobretudo a legislação constitucional, com destaque para os Art. 7º, 37 e 39 da CF, a Lei do Fundeb e a Lei nº 11.738, do Piso Salarial Profissional. Convém examinar também o significado da Resolução 03/97 da CEB/CNE para o disciplinamento do PCR.

Nas oficinas sobre os PCR é importante incluir a identificação e análise das Fontes do Financiamento da Educação Básica, partindo em seguida para a análise e discussão de balanços municipais, aliadas a uma visualização das demandas de escolarização no Brasil e, sobretudo, da demanda de responsabilidade do ente municipal. Os novos secretários municipais de educação, logo após ocuparem

suas cadeiras, terão que negociar com os sindicatos representativos do magistério para rever o plano de carreira da categoria, ou em alguns casos, criar pela primeira vez este importante instrumento de valorização profissional, posto que o artigo 6º da lei nº 11.738/08 determina que todos os planos sejam criados ou revistos até 31 de dezembro de 2009.

Dentre os desafios postos está o cumprimento da lei nº 11.738 de 2008, que estabelece um piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, no valor de R$ 950,00 mensais, tendo como referência a formação em nível médio e uma jornada de 40 horas semanais.

Piso Salarial Nacional e os PCR

A vigência do Piso cria por si só essa necessidade. É preciso repensar as formas de progressão funcional, estabelecer diferenciação entre habilitações diferentes, incentivando com isso que os profissionais do magistério continuem estudando. É necessário estabelecer relação entre o maior e o menor vencimento, dentre outras mudanças.

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Empenhar-se para realizar uma boa gestão, tanto no sentido pedagógico, como no sentido administrativo é muito importante para o DME, pois evitará as desagradáveis, embora necessárias e legalmente previstas, cobranças dos órgãos de controle públicos e sociais.

O controle interno da administração pública é constituído pelos órgãos de auditoria e de contabilidade do município. O controle externo é representado pela Câmara Legislativa Municipal, pelos Tribunais de Contas e pelos Conselhos Tutelares. A fiscalização, que pode e deve ser exercida pela sociedade, de forma direta ou por meio dos conselhos municipais compreende o controle social.

Esta prerrogativa decorre da Constituição Federal de 1988, que inova a relação do Estado com a sociedade, tendo por base a participação de organizações sociais na formulação e co-gestão das políticas públicas e estabelece a criação de Conselhos, entendidos como instâncias de negociação e pactuação das propostas institucionais e das demandas da comunidade.

Os Conselhos são instâncias deliberativas de um sistema descentralizado e participativo, constituídos em cada esfera de governo com caráter permanente e composição paritária, isto é, igual número

Controle interno e externo

O piso será implantado de forma gradativa. Os prefeitos e governadores não poderão pagar menos que 2/3 do seu valor a partir de janeiro de 2009. Em janeiro de 2010 devem pagar o valor total, corrigido nos termos da legislação vigente.

Em 2009, o valor pode ser calculado levando em conta a remuneração, ou seja, vencimento inicial mais gratificações.

O pressuposto da lei é que o recurso recebido via repasse do Fundeb, somado a arrecadação própria é suficiente para arcar com o novo valor. Caso o município não possua condições de pagar o piso, poderá pedir ajuda financeira ao executivo federal, contanto que comprove por a + b que isso é verdade, a partir de critérios que estão em processo de discussão e estudos de impacto. A União poderá usar até 10% do recurso destinado a complementação do Fundeb para socorrer estes municípios.

O Gestor municipal da educação é co-responsável pela utilização correta de, no mínimo, 25% das receitas vinculadas de impostos e transferências constitucionais. Qualquer irregularidade incorrerá em falta grave junto a tais órgãos.

Entende-se por controle social a capacidade que tem a sociedade organizada de atuar nas políticas públicas, em conjunto com o Estado, para estabelecer suas necessidades, interesses e controlar a execução destas políticas.

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de representantes do governo e da sociedade civil. São eles, portanto, órgãos colegiados de caráter deliberativo, com funções de formular estratégias, controlar e fiscalizar a execução das políticas públicas, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros.

Os gestores públicos municipais, nos quais se inclui o DME, devem ver os Conselhos como órgãos capazes de contribuir para sua gestão, sobretudo prestando assessoramento e monitorando os processos de implementação das políticas públicas municipais e não como ameaças à administração municipal.

A pior atitude é estabelecer com os Conselhos legitimamente constituídos relações de dominação e de cooptação, ainda muito fortes nos municípios brasileiros. Uma gestão republicana da educação pública implica no respeito ao poder legítimo dos Conselhos e no respeito à sua autonomia.

A autoridade dos Conselhos de controle social depende naturalmente de sua capacidade de não se afastar dos movimentos que os indicaram. É indispensável a competência política e técnica para representar e defender os interesses da sociedade.

Não resta dúvida que uma das estratégias fundamentais para que o controle social feito pelos Conselhos se torne eficaz se relaciona a um verdadeiro programa de capacitação dos conselheiros que os integram. Desenvolver um processo contínuo de formação dos conselheiros, instrumentalizando-os para o efetivo exercício do controle social, é fundamental e imprescindível. Conselhos como o Municipal de Educação, o do Fundeb, o de Alimentação Escolar e os Conselhos Escolares não cumprirão os seus papéis sem formação permanente voltada a um padrão de competência técnica e pedagógica. Uma política de formação e capacitação permanentes que seja capaz de superar os desafios enfrentados decorrentes da falta de conhecimento, falta de legitimidade e inexistência de condições físicas, materiais e políticas para sua atuação.

O Conselho não deve se limitar à defesa dos interesses específicos da entidade ou movimento que representa. Precisa atuar como interlocutor de suas bases, levando ao Conselho as suas demandas e retornando com as decisões de interesses das bases.

Os Conselhos Sociais serão abordados na página 143.

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A gestão orçamentária e financeira é uma das áreas mais desafiadoras, pois, no geral, as Secretarias não participam diretamente desse processo.

A gestão plena dos 25% das receitas de impostos e transferências vinculados à educação, pelo órgão gestor da educação, revela um passo firme na direção da autonomia. Em geral, é feita pelos órgãos fazendários e administrativos das Prefeituras, que, em muitos casos, contratam contadores externos para essas operações.

São ainda bem poucas as Secretarias que conhecem os procedimentos para realizar despesas, efetuar pagamentos, fazer prestações de contas, realizar compras de materiais, contratação de serviços, enfim concretizarem os gastos necessários à manutenção e ao desenvolvimento da educação.

É fundamental que os Dirigentes das Secretarias possuam os conhecimentos básicos sobre as diretrizes orçamentárias e financeiras estabelecidas pela legislação, mesmo que não executem em seus âmbitos as referidas operações. Nestes casos as Secretarias não podem renunciar à obrigação de, pelo menos, acompanharem e influírem nas decisões de ordem orçamentário-financeira.

O Brasil compromete pouco mais de 4% do seu Produto Interno Bruto com o financiamento da educação. Estudos de instituições da área e de pesquisadores respeitados demonstram que o país precisaria investir mais, algo que no mínimo se aproximasse de 7% do PIB.

Sem fontes específicas de financiamento a política educacional não existiria, pois se trata de algo insubstituível para que as políticas venham se materializar.

Sem recursos financeiros é impossível construir ou reformar uma escola, construir uma biblioteca ou equipar um laboratório de ciências. Assim como não seria possível remunerar os profissionais da educação ou investir em sua formação técnica e pedagógica. Por isso, os recursos

Gestão orçamentária e financeira

Sobre o financiamento da educação

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financeiros devem ser tratados da melhor maneira possível, com total zelo, porque, além de tudo, são escassos. Dissipar recursos por má gestão ou desinteligência administrativa, ou, pior ainda, por razões eticamente condenáveis, representa uma calamidade para a efetividade das políticas públicas.

Como o financiamento da educação pode apoiar os compromissos assumidos com a gestão administrativa e organizacional dotada de qualidade social?

Os desafios são expressivos, sobretudo quando se olha a realidade das regiões mais pobres do país: milhões de analfabetos absolutos ou funcionais, baixo acesso à educação infantil, média e profissional e, principalmente, baixa qualidade do ensino-aprendizagem de um modo geral.

Estudiosos do financiamento público da educação no Brasil afirmam que o financiamento precisa se voltar para o enfrentamento de três problemas cruciais, a saber, acesso, permanência e sucesso, integrando-os e relendo-os a partir do desenvolvimento social e da garantia dos direitos humanos.

A resposta de Paulo Freire era simples e precisa: o recurso deve estar onde se encontra o discurso, isto é, o discurso da qualidade social da educação deve estar associado a um esforço concreto de investimento na ação pedagógica transformadora.

Uma das primeiras providências do Gestor da educação é fazer um levantamento da situação da Secretaria de Educação do município quanto ao planejamento financeiro. Acessar informações acerca das bases legais do financiamento da educação, procurando entender os aspectos das origens, valores e mecanismos de aplicação dos recursos é uma medida indispensável.

Com efeito, já se demonstrou que recursos financeiros são essenciais. Todavia, sozinhos, não são suficientes para garantir a melhoria da educação.

A preocupação com a gestão da educação em seu sentindo amplo continua sendo a prioridade e, para tanto, convém estabelecer uma adequada distribuição dos recursos entre os órgãos gestores municipais da educação.

Fontes de recursos da educação

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Quais são os recursos públicos vinculados para a educação?

A Constituição Federal de 1988 (art.212) dispõe que:

A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

Segundo o Art. 68 da LDB a educação pública tem as seguintes fontes de financiamentos:

I- Receitas de impostos próprios da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios;II- Receitas de transferências constitucionais e de outras transferências;III- Receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;IV- Receita de incentivos fiscais;V- Outros recursos previstos em lei.

A COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social contribui para que os estados e municípios forneçam merenda para crianças de creches, pré-escolas e estabelecimentos de Ensino Fundamental por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

O Salário Educação criado em 1964, está vinculado constitucionalmente, - art. 212, §5º da CF, e foi regulamentado pelas Leis nºs 9.424/96, 9.766/98 e 10.832/03 e pelos Decretos nº 3.142/99 e 4.943/03. Destina-se ao financiamento de programas, projetos e ações da educação básica pública.

A alíquota é de 2,5%, incidente sobre o valor total das remunerações pagas ou creditadas pelas empresas, a qualquer título, aos segurados empregados, ressalvadas as exceções legais.

Cabe ao FNDE tanto o papel da gestão da arrecadação da contribuição social do salário-educação, quanto o da distribuição dos recursos, na

Em síntese, o quadro é esse: União – 18% da receita resultante de impostos; Estados e Distrito Federal – 25% da receita resultante de impostos, incluídas as transferências. Municípios – 25% da receita resultante de impostos, incluídas as transferências.

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forma prevista na legislação. Ao INSS, por meio da “Guia da Previdência Social (GPS)”, na rubrica Outras Entidades - Campo 9, cabe também proceder a arrecadação da referida contribuição.

A soma das parcelas arrecadadas pelos dois órgãos constitui a arrecadação bruta da contribuição social do salário-educação. Deduzido 1% (um por cento) a favor do INSS, a título de taxa de administração pelos valores por ele arrecadados e descontadas as despesas realizadas com o Sistema de Manutenção de Ensino, tem-se a arrecadação líquida.

Com essas mudanças, após a dedução dos 10% destinados ao financiamento dos programas geridos pelo FNDE, 1/3 dos recursos constitui a cota federal e 2/3 correspondem à cota estadual e municipal.

a) parcelamento junto ao FNDE e das folhas de pagamento seja ou superior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais);

b) obrigatoriedade do recolhimento de todas as receitas da União, inclusive as oriundas da arrecadação direta e indireta do salário-educação na Conta Única do Tesouro Nacional;

Em 2003, foram introduzidas diversas mudanças nas formas de arrecadação e distribuição da contribuição social do salário-educação, em função da edição das Leis nº 10.832/03 e nº 10.707/03 e dos Decretos nº 4.943/03 e nº 4.950/04. As alterações foram as seguintes:

d) repasse da cota municipal diretamente pelo FNDE às prefeituras com base no critério da proporcionalidade do número de alunos matriculados no ensino fundamental, em substituição à sistemática anterior, pela qual os valores eram repassados às Secretarias Estaduais de Educação, que se responsabilizavam por redistribuir os recursos aos municípios.

c) desvinculação de 10% do valor destinado às cotas, que passou a ser destinado a financiamentos de programas geridos pelo FNDE;

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O poder público tem que administrar seu orçamento em razão das receitas que possui em caixa e daquelas que serão passíveis de arrecadação junto às famílias e às empresas. Para isso, os gestores públicos deverão elaborar um orçamento, no qual será especificada a previsão de arrecadação de receitas e os programas e ações que terão prioridade na alocação dos recursos humanos, físicos e financeiros para o cumprimento das metas previstas no Plano de Ação governamental.

O orçamento público é um documento legal em que são expressos a previsão de arrecadação das receitas e o planejamento de sua alocação nos programas e ações que serão implementados pela administração pública para atender às necessidades da coletividade. Sabe-se que o financiamento dessas ações é realizado por toda a sociedade por meio do pagamento de impostos, taxas e contribuições à administração pública, que tem a função de arrecadar e administrar a aplicação desses tributos.

Como os recursos são escassos e as necessidades da população ilimitadas, é preciso planejar, ou seja, faz-se necessário enumerar as ações que deverão ter prioridade na execução orçamentária, assim como sua forma de implementação por meio das políticas públicas e um programa de trabalho, conforme estabelece o art. 2º da Lei Federal n.º 4.320/1964:

A lei do orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.

Como o orçamento é composto por estimativas de receitas e despesas, cuja realização efetiva poderá ser maior ou menor que os valores previstos, é preciso programar os desembolsos que serão realizados ao longo do ano de acordo com a disponibilidade financeira da administração e o cumprimento das exigências legais para a realização dos dispêndios.

Gestão orçamentária da educação

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Essa programação está prevista na Lei n.º4.320/1964, que determina que:

“Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar”.

A programação financeira é a etapa da execução orçamentária na qual se estabelecem os critérios de desembolso da administração pública para um determinado período conforme a previsão do comportamento das receitas, os limites dos créditos orçamentários, as demandas pela realização de dispêndios e as tendências dos resultados da arrecadação, que podem ser de déficit, superávit ou equilíbrio.

A licitação consiste na escolha que conjuga o melhor preço e/ ou melhor técnica para a aquisição de um bem ou serviço, ela deve ocorrer quando houver a necessidade de aquisição de produtos e obtenção de serviços e obras pela administração pública, e pode ser realizada por meio das seguintes modalidades: concorrência, tomada de preços, convite e pregão.

O processo de licitação deverá ser amplamente divulgado para permitir a formulação e a apresentação de propostas por todos aqueles que se considerarem aptos perante os critérios divulgados em edital público. Com isso, o governo poderá obter melhores condições em preços, prazos e qualidade dos produtos e serviços demandados.

O empenho da despesa é uma etapa obrigatória na execução orçamentária, que garante ao credor a realização do pagamento após o cumprimento de suas obrigações contratuais, já que constitui o comprometimento efetivo da dotação orçamentária para a realização de uma determinada despesa.

A realização de despesas sem prévio empenho é proibida e seu valor não pode ser superior ao da dotação orçamentária. Caso o montante orçado seja menor que o valor a ser pago, deve-se solicitar previamente a autorização de um crédito adicional ao Poder Legislativo.

Os créditos adicionais podem ser classificados em:

(a) suplementares, utilizados para a execução de despesas não computadas ou dotadas de manei¬ra insuficiente na Lei Orçamentária;

A execução orçamentária deve seguir as etapas de programação, licitação, empenho, liquidação e pagamento.

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(b) especiais, correspondentes ao pedido de crédito adicional para cobrir despesas sem dotação orçamentária es¬pecífica e(c) extraordinários, destinados à execução de despesas urgentes e imprevistas.

A aprovação de créditos suplementares e especiais depende do excesso de arrecadação, da anulação parcial de dotações orçamentárias ou, ainda, de operações de crédito autorizadas.

A liquidação é a etapa contábil na qual são analisados todos os documentos que comprovam que a despesa ocorreu. Essa verificação deve confirmar a origem, o objeto, o valor e o destinatário do que se deve pagar por meio da análise do contrato, da nota de empenho, da nota fiscal do fornecedor e de outros documentos que comprovem que o serviço foi realizado ou que o produto foi entregue.

O pagamento consiste na transferência dos valores monetários para o fornecedor do bem ou prestador do serviço e constitui a etapa final da execução orçamentária, quando é emitida a nota de pagamento da despesa, que autoriza a quitação do compromisso efetivado.

Como está amplamente demonstrado, os recursos públicos só podem ser utilizados mediante um plano e um orçamento definido previamente.

O mais amplo é o Plano Plurianual, como visto em capítulo anterior, elaborado para um período de quatro anos, no qual o município faz uma previsão do que deverá ser realizado com os recursos que estarão disponíveis, fixa diretrizes pra a ação do governo, objetivos a serem alcançados e metas a serem atingidas.

Em seguida vem a Lei de Diretrizes Orçamentárias, como também já examinado, elaborada anualmente com a finalidade de orientar a elaboração do orçamento e fixar as prioridades e metas constantes do Plano Plurianual que deverão figurar no próximo orçamento.

Por último o Orçamento Anual, já apreciado, que apresenta a especificação e os valores estimados de cada uma das receitas a serem arrecadadas e sua aplicação. As despesas serão distribuídas entre os órgãos que compõem a administração municipal e, em cada órgão, entre os diversos programas e ações que serão desenvolvidos ao longo do ano.

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Em síntese, o orçamento municipal só tem validade legal depois de apreciado e aprovado pela Câmara Municipal e transformado em lei pelo Prefeito. Iniciado o ano para o qual o orçamento foi aprovado, passa-se à fase de execução orçamentária.

Realizar despesas orçamentárias e financeiras exige cuidados e atenções especiais do Gestor e dos ordenadores de despesas em geral, observando atentamente a definição trazida na LDB, art 70 e 71, sobre despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino.

Vale ressaltar que as demandas sociais em geral, são maiores que os recursos disponíveis pelo ente federado. Os representantes eleitos pela sociedade terão, portanto, que decidir qual será a alocação dos recursos provenientes dos tributos pagos pelas famílias e empresas. Por tudo isso, a elaboração do orçamento é um momento político importante para garantir o atendimento satisfatório da população por meio da prestação de serviços públicos com qualidade e para o cumprimento do Plano de Governo.

A prestação de contas dos recursos utilizados pela área educacional é obrigatória, conforme disposto na Instrução Normativa (IN) da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) nº 01/97, inciso I, do § 1º, do art. 5º, e alterações, relativas a convênios e, nas demais legislações sobre a matéria que se encontram vigorando. Elas podem ser feitas de forma parcial e final, conforme acertos prévios.

A forma parcial consiste na documentação a ser apresentada para comprovar a execução de uma parcela recebida, quando os recursos são liberados em três ou mais parcelas (conforme § 2º, art. 21, da IN/STN nº 01/97 e alterações).

A forma final é o produto da consolidação das prestações de contas parciais, referente ao total dos recursos recebidos. Normalmente é apresentada depois da consecução do objeto e objetivos pactuados. Os prazos variam, sendo o mais comum até 60 dias após a execução, sobretudo em se tratando de convênio.

Prestação de Contas

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O FNDE alerta que convênios ou contratos de repasse firmados sob o Decreto nº 6.170, de 2007, e da Portaria Interministerial nº 127/08, dos Ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão, da Fazenda e do Controle e Transparência serão geridos no Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse – Siconv. A prestação de contas dos recursos recebidos deverá seguir as regras dispostas nos artigos 56 a 58 da Portaria Interministerial nº 127/08.

O mesmo FNDE orienta que convênios ou contratos de repasses firmados sob o regimento da IN/STN nº 01/97, e alterações, estão sujeitos às regras do referido normativo. Todavia, as regras do Decreto nº 6.170, de 2007, e da Portaria Interministerial nº 127/08, podem ser aplicadas para beneficiar a execução do objeto do convênio.

Outra questão importante relaciona-se à análise das prestações de contas recebidas das Unidades Executoras das escolas, consolidá-las no formulário Demonstrativo Sintético Anual da Execução Físico-Financeira do PDDE e encaminhá-lo ao referido Fundo até 28 de fevereiro do ano subseqüente ao do recebimento dos recursos. O formulário preenchido deve ir acompanhado, quando for o caso, da Relação de Unidades Executoras Inadimplentes com Prestação de Contas, contendo o registro daquelas cujas prestações de contas não foram aprovadas ou não foram apresentadas.

As Unidades Executoras inadimplentes terão o prazo máximo de 30 (trinta) dias para sua regularização ou apresentação. Se deixarem de cumprir essa exigência os repasses serão suspensos e serão adotadas medidas pertinentes à instauração da respectiva Tomada de Contas Especial.

Os recursos do Fundeb também exigem atenção especial quanto à prestação de contas.

De acordo com o disposto na Lei nº 11.494/2007, a fiscalização dos recursos do Fundeb é realizada pelos Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios e, quando há recursos federais na composição do fundo em um determinado Estado, pelo Tribunal de Contas da União e pela Controladoria-Geral da União.

Em seu Guia de orientações aos Dirigentes educacionais o FNDE destaca o Ministério Público, que mesmo não sendo uma instância de fiscalização de forma específica, tem a relevante atribuição de zelar pelo efetivo e pleno cumprimento da lei. Nesse aspecto, desempenha uma função que

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complementa a atuação dos Tribunais de Contas quando são detectadas irregularidades, tomando providências formais no âmbito do Poder Judiciário.

Em suas orientações o FNDE deixa claro que o não cumprimento das disposições legais relacionadas ao Fundeb produz sanções adminis-trativas, civis e penais, cujas penalidades são:

“Para os Estados e Municípios:

- rejeição das contas, mediante parecer prévio do Tribunal de Contas competente, com o conseqüente encaminhamento da questão ao respectivo Poder Legislativo e, caso a rejeição seja confirmada, à autoridade competente e ao Ministério Público;- impossibilidade de celebração de convênios junto à administ-ração federal (no caso de Estados) e junto às administrações fed-eral e estadual (no caso de municípios), quando exigida certidão negativa do respectivo Tribunal de Contas;- impossibilidade de realização de operações de crédito junto a instituições financeiras (empréstimos junto a bancos);- perda da assistência financeira da União (no caso de Estados) e

A legislação estabelece, segundo o FNDE, a obrigatoriedade dos governos apresentarem a comprovação da utilização dos recursos do FUNDEB com a seguinte periodicidade:- mensalmente: ao CACS/ Fundeb, conforme estabelece o Art. 25 da Lei nº 11.494/2007; apresentação de relatórios gerenciais sobre o recebimento e emprego dos recursos do Fundo.- bimestralmente: com base no disposto no § 3º, Art. 165 da Constituição Federal, e Art. 72 da LDB (Lei nº 9.394/96); relatórios do respectivo Poder Executivo, resumindo a execução orçamentária, evidenciando as despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino em favor da educação básica, à conta do Fundeb.- anualmente: prestação de conta ao respectivo Tribunal de Contas, de acordo com instruções dessa instituição, que poderá adotar mecanismos de verificação com periodicidades diferentes (bimestrais, semestrais etc.,), instruída com parecer do CACS/Fundeb.

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da União e do Estado (no caso de município), conforme artigos 76 e 87, § 6º, da LDB (Lei 9.394/96);- intervenção da União no Estado (CF, art. 34, VII, e) e do Estado no município (CF, art. 35, III).

Para o Chefe do Poder Executivo:

- sujeição a processo por crime de responsabilidade, se carac-terizados os tipos penais previstos no art. 1º, III (aplicar indevi-damente verbas públicas) e XIV (negar execução à lei federal) do Decreto-lei nº 201/67. Nestes casos, a pena prevista é de de-tenção de três meses a três anos. A condenação definitiva por estes crimes de responsabilidade acarreta a perda do cargo, a inabilitação para exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, pelo prazo de cinco anos (art. 1º, § 2º, Decreto-Lei nº 201/67);- sujeição a processo por crime de responsabilidade, se caracter-izada a negligência no oferecimento do ensino obrigatório (art. 5º, § 4º, LDB);- sujeição a processo penal, se caracterizado que a aplicação de verba pública foi diversa à prevista em lei (art. 315 do Código Penal). A pena é de 1 a 3 meses de detenção ou multa;- inelegibilidade, por cinco anos, se suas contas forem rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se a questão houver sido ou estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário (art. 1º, g, Lei Com-plementar nº 64/90).”

Vê-se, assim, que atenção especial deve ser dada à documentação comprobatória das despesas efetuadas com os recursos recebidos, sejam locais, estaduais ou nacionais. Algumas sugestões das autoridades de fiscalização e controle externo para facilitar as prestações de conta:

a) manter organizados nos arquivos da Prefeitura os documentos relativos aos convênios ou instrumentos similares que gerir, desde a proposta de celebração até o término de sua execução; b) providenciar os extratos das contas específicas de todo o período do convênio e a cópia dos respectivos cheques emitidos, juntando-os à documentação arquivada na Prefeitura;

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c) prestar contas de tudo que puder durante sua gestão, evitando que o Prefeito sucessor tenha que fazê-lo; d) arquivar na Prefeitura cópia das prestações de contas apresentadas e respectivos comprovantes de entrega ao concedente dos recursos; e) exigir da nova administração o recibo da entrega formal de toda documentação relativa aos convênios executados e em curso (inclusive cópia das respectivas prestações de contas), especificando os documentos de forma detalhada; f) manter em seu arquivo particular, sempre que possível, cópia dos documentos listados nos itens acima; g) manter atualizados endereços, e-mails e telefones junto aos órgãos concedentes e à Receita Federal do Brasil, para permitir contatos futuros.

Não esquecer que o Decreto-Lei nº 201/1967 prevê aplicação de penas rigorosas para administradores que deixarem de prestar contas anuais da administração financeira do município à Câmara de Vereadores ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos prazos e condições estabelecidos.

De acordo com este Decreto, os administradores devem também apresentar relatórios (prestação de contas) relativos à aplicação de recursos, empréstimos, financiamentos, subvenções ou auxílios internos ou externos recebidos a qualquer título.

O Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação - Siope foi desenvolvido pelo Inep, com o apoio do MEC, por meio da Secretaria de Educação Básica, resultado de parceria com o FNDE, Secretaria do Tesouro Nacional/ STN/ MF, Ministério Público Federal e Tribunais de Contas.

Consiste em um sistema informatizado e interativo, dotado das seguintes características: facilidade de acesso; plataforma amigável; sistema de filtros de consistência; crítica automática no envio dos dados; confiabilidade dos dados; e base compartilhada.

O Siope coleta, processa e dissemina eletronicamente os dados da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios relativos às receitas

Siope

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O Siope é muito útil tanto para os gestores da educação, em qualquer uma das esferas de governo, como à sociedade civil organizada e aos próprios cidadãos, pois contam com uma ferramenta que ajuda a administrar e planejar as políticas públicas, bem como contribui para facilitar o controle interno, externo e também o controle social.

A possibilidade de acesso às informações atualizadas sobre a execução orçamentária e financeira na área educacional é algo inédito no contexto brasileiro e possibilita que um número maior de pessoas possam conhecer os investimentos públicos em educação.

Outra facilidade oferecida pelo Siope é associada à produção de indicadores de eficiência dos investimentos, pois os dados que disponibiliza permitem aos entes federativos, sobretudo aos municípios, avaliarem o desempenho das ações a cargo da área educacional.

Após o preenchimento das informações, os responsáveis por sua alimentação deverão enviar os formulários eletrônicos para o banco de dados central do Sistema.

totais, aos recursos vinculados à educação e às correspondentes despesas realizadas, desagregadas segundo nível de ensino e natureza.

O SIOPE segue o prazo de transmissão dos dados determinado pelos Tribunais de Contas: 30 de abril para os municípios e 31 de maio para os estados. Após esta data, os entes que não tiverem demonstrado pelo SIOPE a aplicação mínima (25%) em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino - MDE terão as transferências voluntárias da União bloqueadas por meio do Cadastro Único de Convênios.

O Siope pode ser acessado na internet em www.fnde.gov.br. Os agentes públicos, para alimentar o referido sistema com os dados exigidos, deverão fazer o download da ferramenta.

Outra ferramenta válida para a gestão pública e para o apoio ao controle social das políticas governamentais e da educação, em particular, é o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse – Sinconv, criado na conformidade do §1º, do art. 13, do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007.

Siconv

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A legislação que trata da matéria define Convênios como acordos, ajustes ou qualquer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando a execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.

O Sistema está sob a supervisão de uma Comissão Gestora, criada pela Portaria Interministerial nº 165, de 20 de junho de 2008, assinada pelos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, da Fazenda e do Controle e da Transparência, com base nos Art. 13 e 18 do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007.

O cadastramento do órgão no Portal dos Convênios deverá ser solicitado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que irá cadastrar um servidor do órgão com perfil de “Cadastrador Parcial”. O Cadastrador Parcial do Órgão, por sua vez, irá cadastrar os demais servidores, atribuindo perfis específicos a cada um deles em função da atividade a ser realizada. Os servidores cadastrados receberão por mensagem eletrônica a senha para acesso ao Sistema.

São obrigatoriamente cadastrados no Sinconv:

a) Acordos de Cooperação Técnica – celebrados entre a República Federativa do Brasil e Organismo Internacional, Agência Governamental Estrangeira ou Organismo Multilateral de Crédito, que envolva o recebimento de recursos financeiros externos não reembolsáveis. b) Contrato de Repasse – instrumento utilizado para transferência de recursos financeiros da União para Estados, Municípios e Distrito Federal, por intermédio de instituição ou agência financeira oficial federais, destinadas à execução de programas governamentais.c) Convênio - acordo ou ajuste que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal,

É um Sistema criado por iniciativa do Governo Federal e está disponível no portal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão ou diretamente pelo endereçowww.convenios.gov.br. Encontra-se desenvolvido em plataforma web, que permite aos órgãos concedentes e convenentes o gerenciamento on-line de todos os convênios cadastrados.

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direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos.d) Termo de Cooperação - instrumento de descentralização de crédito entre órgãos e entidades da administração pública federal, direta e indireta. e) Termo de Parceria - instrumento previsto na Lei 9.790/99, para transferência de recursos para organizações sociais de interesse público.f) Convênio e Contrato de Repasse – forma conjugada de instrumentos que se aplica aos casos em que os recursos de determinado programa possam ser transferidos por intermédio de convênios a determinados proponentes e por meio de contratos de repasse a outros.

Importante notar que desde 1º de setembro de 2008, o portal de convênios do Governo Federal deverá ser utilizado para todos os atos de celebração, alteração, liberação de recursos, acompanhamento da execução e prestação de contas de convênios e contratos de repasse firmados com recursos voluntários da União.

As visões sobre a sociedade do futuro, também denominada de sociedade do conhecimento, nas quais se destacam as contribuições de Alvin Tofler, revelam que a capacidade de transformar informações em conhecimento é a chave para a riqueza das nações.

Investir na capacitação e valorização do trabalho cooperativo é um dos primeiros passos para transformar informação em conhecimento, pois o conhecimento coletivo é conseqüência da interação entre as pessoas.

Isto significa criar uma cultura de valorização do capital intelectual, associado à utilização de tecnologias e sistemas informatizados, pois, cresce a certeza de que a tomada de decisão deve se processar cada vez mais rápida.

A gestão do conhecimento é, portanto um processo sistemático, articulado e intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de informações e conhecimentos, com o propósito de atingir a qualidade organizacional e social das instituições.

Gestão da informação

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O conhecimento, por outro lado, pode ser implícito ou explícito. Uma boa gestão do conhecimento existente em uma instituição educacional, por exemplo, possibilita tornar acessíveis grandes quantidades de informação, compartilhando as melhores práticas e tecnologias; permite a identificação e mapeamento dos níveis de conhecimento e informações ligados ao sistema ou rede de ensino, recuperando as memórias organizacionais; possibilita apoiar a geração de novos conhecimentos, propiciando o estabelecimento de novos compartilhamentos, dando vida aos dados, tornando-os utilizáveis e úteis, transformando-os em informação essencial ao desenvolvimento pessoal e comunitário; e, por fim, favorece a organização e acrescenta lógica aos dados de forma a torná-los compreensíveis e aplicáveis à realidade.

Além do Censo Escolar e de outros levantamentos realizados em parceria com as Secretarias Estaduais e com o Ministério da Educação, à Secretaria de Educação cabe produzir, organizar e difundir informações e estatísticas educacionais atualizadas sobre a realidade da educação do município.

Ao órgão gestor da educação ou equivalente compete proceder à coleta e organização de outras informações relevantes sobre a sua rede ou sistema de ensino. É nesse contexto que se revela a importância estratégica da informatização do referido órgão e dos demais vinculados, implicando em investimentos firmes na capacitação da equipe gestora para o uso das tecnologias de informação e comunicação.

Ao órgão gestor da educação ou equivalente compete proceder à coleta e organização de outras informações relevantes sobre a sua rede ou sistema de ensino. É nesse contexto que se revela a importância estratégica da informatização do referido órgão e dos demais vinculados, implicando em investimentos firmes na capacitação da equipe gestora para o uso das tecnologias de informação e comunicação.

Incorporação da informação como ferramenta da gestão com qualidade social

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Uma ação importante é sensibilizar gestores de educação e suas equipes de técnicos quanto à necessidade e os benefícios do uso da informatização como ferramenta facilitadora de trabalho.

No mesmo patamar situa-se o treinamento das equipes técnicas ou de técnicos isolados, maneira útil para facilitar e viabilizar a implantação e a operacionalização de sistemas de informatização que venham a ser adotados pelo órgão gestor e seus vinculados.

Saber em que grau de informatização se encontra a Secretaria e a rede ou sistema de ensino é medida indispensável. Qual o tratamento que é dado aos números, estatísticas e indicadores educacionais disponíveis, a começar pelos resultados dos Censos Escolares, assim como às estatísticas produzidas por órgãos especializados como o Inep, IBGE, entre outros?

Fica evidenciado que a apropriação de informações essenciais, para que os gestores possam atuar com competência, implicará na melhoria da gestão pedagógica, envolvendo processos de ensino e aprendizagem; na melhoria da gestão administrativa, englobando temas como estrutura e funcionamento das instituições educacionais; no aprimoramento da gestão político-institucional, por intermédio das relações com as esferas econômicas, políticas e culturais em nível local e nacional, além da influência positiva na gestão orçamentário-financeira, afetando o planejamento, execução e prestação de contas dos recursos recebidos, entre outros.

Mapear e organizar o fluxo das informações educacionais do município é urgente para modernizar a Secretaria de Educação. Em seguida é preciso identificar as suas necessidades de gerenciamento da informação e propor soluções eficientes e eficazes para o enfrentamento dos problemas encontrados. O diagnóstico realizado possibilita estudar alternativas para gerenciamento do fluxo de informação.

Uma política de informatização do órgão gestor da educação municipal implica no desenvolvimento de sua capacidade de produção, organização e difusão de informações estatísticas.

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O Sistema Integrado de Planejamento, Orçamento e Finanças do Ministério da Educação - Simec é uma ferramenta que pode ser acessado de qualquer computador que esteja ligado à internet.

É recomendável acessá-lo pelo navegador Mozilla Firefox, segundo seus programadores. Foi redesenhado, recentemente, para receber os dados e informações do PDE e Plano de Ações Articuladas - PAR. Assim, o acompanhamento do trâmite do PAR é feito pelo Simec, onde são disponibilizadas outras informações importantes para o município.

O Educacenso é um banco de dados e um sistema de informações no qual são lançados e processados os registros do Censo Escolar, responsável pelo levantamento dos dados da educação básica. É uma pesquisa declaratória anual, de âmbito nacional.

Os dados são coletados por meio de questionários próprios e a unidade de informação é a escola. O informante, anteriormente, era o diretor ou responsável pela escola e hoje são os próprios alunos da rede escolar.

São seus objetivos: fornecer informações estatístico-educacionais para realização de análises, diagnósticos e avaliações sobre a educação brasileira; orientar a definição de políticas educacionais.

Simec

Educacenso

O cadastro no Simec deve ser solicitado pelo DME. Para isso deve seguir os procedimentos disponíveis na página http://simec.mec.gov.br .

O Censo, com base nos dados dos alunos e dos docentes, permite:

a) diagnósticos sobre a trajetória dos alunos: onde estudam durante a vida escolar; rendimento escolar (aprovação e reprovação); desempenho escolar (na Prova Brasil e no Saeb).b) diagnósticos sobre a trajetória dos docentes: necessidade de professores; adequação da formação às disciplinas que ministram; funções docentes que exercem; escolas em que trabalham; tempo de permanência nas escolas.

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Indicadores são como sinais que revelam aspectos de determinada realidade ou que podem qualificar algo. O exemplo do doente é muito comum: para saber se uma pessoa está enferma, usam-se vários indicadores: febre, dor, desânimo. Para saber se a economia do país vai bem, utilizam-se como indicadores a inflação, a taxa de juros, etc.

A variação dos indicadores possibilita constatar mudanças no comportamento do fato e ou do fenômeno que está sob investigação.

Com um bom conjunto de indicadores tem-se, de forma simples e acessível, um quadro de sinais que possibilita identificar o que está dando certo e o que não está apropriado na escola. Com isso, todos podem tomar conhecimento da realidade, discutir e decidir as prioridades de ação para melhorá-lo.

Os dados de alunos e docentes do Cadastro Nacional da Educação Básica – CADMEC (PGC+PAC) somavam, em 2006, 2,5 milhões de professores cadastrados e 56 milhões de alunos.

Indicadores de desempenho da gestão educacional

Mais informações: www.mec.gov.br/inep/educacenso; 0800 61 6161

De um modo geral, espera-se que os indicadores captem pelo menos as seguintes dimensões da ação educacional monitorada:

2. efeitos: nesta dimensão prioriza-se a sustentabilidade dos resultados aferidos;

1. resultados: são construídos indicadores que avaliam resultados quantitativos (de produção física, de aumento de resultados, de melhoria de qualidade, de inserção, de participação em programas educacionais, etc.) e qualitativos (de organização e autonomia de comunidades, de auto-organização e planejamento de ações de desenvolvimento, de melhoria da organização, de valorização dos segmentos da comunidade escolar);

3. impactos: implica em indicadores que medem a mudança da situação anterior para a situação posterior à ação do programa.

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É importante organizar um setor, por menor que seja, para cuidar da gestão da informação. Uma iniciativa nessa direção é criar na Secretaria um núcleo de estatísticas educacionais. Já foi o tempo em que os dados estatísticos sobre a educação brasileira eram difíceis. Hoje, em função do avanço dessa área, tem-se uma variedade muito grande de banco de dados sobre a realidade educacional, em todos os seus níveis administrativos e sobre os vários níveis e modalidades de educação.

O Núcleo se encarrega de levantar as estatísticas relacionadas à realidade do município, disponíveis no MEC, Inep, IBGE, por exemplo, e tantos outros bancos de dados nacionais e internacionais, sem se descuidar do levantamento de dados do seu sistema ou rede de ensino não disponíveis em tais bancos.

Esse procedimento significa investir em uma nova cultura de gestão que poderá ser muito útil no esforço de modernização administrativa e gerencial.

Núcleos de estatísticas educacionais

O planejamento e gestão pedagógica da educação municipal serão eficazes se forem entendidos dentro dos exatos limites de seus contextos e suas possibilidades.

De imediato é conveniente entender que só se planeja e organiza o desenvolvimento da área pedagógica da Secretaria de Educação se estiver claro o projeto político-pedagógico municipal e de sua rede escolar, que, por seu turno, devem estar articulados aos projetos do Estado e da União, que devem responder à pergunta sobre o tipo de nação que se pretende construir.

Aparentemente pode parecer um tanto distante da realidade, mas é fundamental que o Gestor compreenda que o projeto de nação influi fortemente para a efetividade das políticas educacionais e políticas públicas de modo geral.

Gestão pedagógica

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Os dados sobre o momento atual possibilitam ver que em muitos municípios cada vez mais se enfatiza a relevância da dimensão pedagógica para o trabalho das Secretarias, sobretudo para o exercício dos seus papéis de orientação e de gestão do sistema educacional como um todo.

O desafio inicial é demonstrar as interfaces entre a teoria e a prática, sempre referidas aos contextos municipais sob o ponto de vista social, político, educacional e histórico. O sentido maior deverá ser demonstrar o que é e para que serve o planejamento e a gestão pedagógica da política pública de educação e o que podem representar como instrumentos de racionalidade e de eficácia administrativa, em termos das possibilidades de se atingir metas e concretizar planos educacionais.

Para tanto, deve-se, sempre que necessário, propiciar uma rápida recorrência às principais vertentes teóricas e metodológicas que informam a questão na atualidade, sempre na perspectiva de demonstrar ao Gestor educacional o valor estratégico de ações planejadas e de uma boa gestão para o desenvolvimento dos sistemas municipais de ensino. O caminho mais fácil para isso é construir parcerias com as universidades públicas existentes no entorno municipal.

Como um grande número de municípios ainda não dispõe de estruturas administrativas consolidadas e, por essa razão, em boa parte deles, a gestão pedagógica ainda se faz de modo improvisado, deve-se buscar um conjunto de dados e informações de natureza administrativa, técnica e pedagógica, que o gestor público precisa conhecer antes de iniciar a sua gestão, começando pela própria Secretaria Municipal de Educação e pelas escolas da rede.

Representa sair de um estágio marcado por baixa efetividade, e galgar outros patamares em que a qualidade do ensino seja uma constante.

Adotar o planejamento e a gestão participativa e democrática como ferramentas para o desenvolvimento pedagógico da educação municipal é também essencial para atingir bons resultados na administração como um todo, pois, significam recorrer a uma técnica e a um método racional para melhor colher os objetivos de uma educação com qualidade social efetiva.

Um dos mais instigantes desafios da gestão e do planejamento pedagógico de base local é contribuir para a efetivação de uma educação pública de qualidade social.

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Enfrentar esse desafio passa necessariamente pela organização do Sistema Municipal de Ensino e da rede escolar em especial, o que implica em mais investimento em formação de recursos humanos e de dirigentes educacionais, com atenção especial na qualificação para a gestão pedagógica e administrativa; integrar a política educacional ao conjunto das políticas públicas, priorizando-as dentro do plano de governo das prefeituras; elaborar, de forma participativa, o plano municipal de educação, espelho fiel de uma vontade coletiva em favor do desenvolvimento educacional; valorizar radicalmente os profissionais da educação em todos os níveis, oferecendo-lhes não só capacitação permanente, mas, sobretudo, condições de trabalho e de vida verdadeiramente dignas.

Priorizar o projeto político-pedagógico municipal traz muitos benefícios para a gestão e também para o Gestor. Para a gestão porque terá o referencial básico para planejar os seus passos

Também é importante mobilizar a comunidade escolar e a comunidade de pais e amigos da escola em favor da construção de uma escola pública de qualidade comprovada para assim ter condições de se igualar às demais escolas das outras redes de ensino, além de outras iniciativas internas e externas, como estímulo à participação estudantil, ao envolvimento de outros setores produtivos e organizados da sociedade, ao funcionamento autônomo dos conselhos de deliberação coletiva e de controle social, por exemplo.

Assim organizado, o órgão gestor da educação municipal pode efetivamente contribuir para a execução das atividades vinculadas à gestão pedagógica.

Iniciar a gestão da educação municipal colocando na agenda das prioridades a construção do projeto político-pedagógico do município é algo que merece elogios. Isto porque, em geral, os gestores são pressionados pelo cotidiano administrativo a negligenciar a elaboração do Projeto.

Projeto político–pedagógico municipal

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É importante que o Gestor saiba rigorosamente as competências pedagógicas de uma Secretaria de Educação para não neutralizar as competências e responsabilidade próprias da rede escolar, lugar no qual se processa a dinâmica do ensino e da aprendizagem, portanto o fenômeno educativo.

O foco principal da gestão é a escola e a aprendizagem do aluno. O princípio fundamental desse padrão de gestão é a participação da sociedade no acompanhamento da qualidade da educação.

É por meio da educação que são desenvolvidas formas de ser e conviver na cultura global, valorizando o local, condição essencial para se formar cidadãos capazes de entender criticamente o processo que envolve as forças sociais nos embates pela conquista dos direitos de cidadania, em especial aqueles relacionados aos direitos civis, políticos e sociais.

Construído o projeto, de forma participativa e democrática, o município contará com um projeto pedagógico próprio que servirá de referência aos seus planos, programas e projetos educacionais. Com base nesse projeto será possível a reorganização dos conteúdos curriculares; o estabelecimento de critérios para a formação e atuação dos profissionais de educação; a introdução de novas concepções de currículo e projetos pedagógicos escolares; a importância da prática de planejamento, acompanhamento e avaliação do trabalho pedagógico; o desenvolvimento da gestão democrática na escola; e tantas outras contribuições que certamente farão da educação municipal um exemplo de gestão pública capaz de assegurar a qualidade social da educação.

Competências pedagógicas do órgão gestor municipal

de curto, médio e longo prazos e, para o Gestor, pelo fato de possibilitar o contato direto com as comunidades municipais e suas aspirações.A importância do projeto está no próprio significado e no papel da educação. Educação entendida como um espaço de formação e de construção social, política e cultural, voltado, sobretudo, para a potencialização dos sujeitos e da sociedade.

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A estrutura organizacional da Prefeitura deve ser bem compreendida por quem vai atuar nessa dimensão, pois deve-se pensar no sistema tendo clareza de como, na dimensão administrativa, todas as secretarias se articulam.

As atividades de gestão pedagógica a cargo da Secretaria de Educação devem priorizar o desenvolvimento da gestão escolar e dizem respeito às diretrizes gerais que o órgão gestor deve definir, ouvidas as escolas da rede. Dentre as atribuições do órgão gestor, destacam-se:

- organização do trabalho pedagógico;- apoio aos aspectos administrativos e financeiros da escola;- desenvolvimento da gestão democrática;- realização da matrícula e organização de registros escolares;- assessoria às escolas na análise e discussão das diretrizes curriculares nacionais e no desenvolvimento de programas de formação para os profissionais que atuam nas escolas da rede ou sistema de ensino;- apoio à organização do trabalho pedagógico, atentando para os níveis e modalidades de educação escolar que o município deve oferecer (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação do Campo, Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e outros);- articulação com as escolas visando o desenvolvimento das funções de planejamento, avaliação educacional e produção, organização e difusão de informações e estatísticas educacionais;- organização e atualização dos registros funcionais dos servidores;conhecimento e aplicação da legislação vigente no que se refere à distribuição do trabalho, habilitação e funções;- encaminhamento de freqüência dos servidores para efeito de pagamento;

Por tais motivos, a gestão pedagógica e político-institucional da rede escolar ficam sujeitas ao bom desempenho do órgão gestor na realização de atividades administrativas, já abordadas em tópicos anteriores. Se não houver uma boa gestão de pessoal, execução financeira, gestão de material e patrimônio, coordenação de serviços gerais e coordenação de programas de assistência ao educando, além do apoio e assistência técnica à área pedagógica, com certeza o sistema e a rede escolar não responderão aos desafios de uma educação com qualidade social.

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- organização das horas-atividades na jornada de trabalho dos docentes para promover atividades de formação continuada;- implementação de procedimentos de avaliação de desempenho internos à escola, identificando suas necessidades quanto a recursos humanos e promovendo sua análise e discussão no planeja-mento e implementação das políticas educacionais do município;- entendimento do objetivo da escola associado ao desenvolvimento humano por meio de uma aprendizagem constante;- preparação de sujeitos para ser e conviver numa sociedade em constante transformação, participando da construção dessa sociedade;- construção de formas democráticas e participativas de propostas pedagógicas que atendam as necessidades e demandas da população;

A gestão da dimensão pedagógica pela Secretaria de Educação implica em um padrão de organização que seja capaz de administrar os seguintes aspectos essenciais, os quais se realizam em estreita ligação entre as equipes pedagógicas, técnicas e administrativas do órgão gestor e da rede escolar:

Principais dimensões da gestão pedagógica

Organização do trabalho pedagógico

Desenvolvimento da gestão escolar

– Formas em que são prestadas assessorias às escolas na elaboração e execução da sua proposta pedagógica e do seu regimento.– Participação de gestores escolares e representantes dos professores em eventos para definições sobre as diretrizes que devem orientar a elaboração da proposta pedagógica e do regimento escolar.– Orientação às escolas sobre as diretrizes e parâmetros curriculares nacionais, estadual e municipal.

– formas de incentivo e assessoramento às escolas para instituírem os conselhos escolares.– apoio às escolas para promover a participação dos pais e representantes nas atividades que realizam.– Orientação às escolas no fortalecimento da integração escola e comunidade.

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– assessoramento às escolas no seu relacionamento com outras entidades.– ações voltadas para o apoio às escolas no estabelecimento de parcerias, convênios, etc.

Apoio do órgão gestor aos aspectos administrativos e financeiros da escola

Coordenação de programas de assistência ao educando

– formas de como se realiza o assessoramento às escolas na gestão de pessoal e na orientação na elaboração do quadro de pessoal e demais necessidades em termos de recursos humanos.– formas de como se realiza o assessoramento às escolas na gestão financeira, no acompanhamento do repasse de recursos, na elaboração do plano de aplicação, análise da prestação de contas, etc.– formas de como se realiza o assessoramento às escolas na gestão de material, no planejamento, aquisição e manutenção de bens e serviços.

– formas de coordenação e implementação dos programas de assistência ao educando.– formas de aquisição e distribuição de gêneros para a merenda escolar, incluindo treinamento de merendeiras.– acompanhamento das ações de assistência à saúde do educando e formas de assessoramento prestados.– formas de acompanhamento e funcionamento do serviço de transporte escolar.– estabelecimento de critérios e formas de apoio nas exigências legais para a celebração de contratos com as empresas de ônibus.– orientação aos motoristas que conduzem os alunos e fiscalização do serviço, envolvendo inclusive os professores, os alunos e familiares nas avaliações periódicas desses serviços.

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Além das orientações pedagógicas relativas aos níveis de ensino previstos na legislação, com destaque para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, a Secretaria de Educação deve buscar o aprimoramento dos conteúdos e da gestão das várias modalidades de educação que estão sob sua supervisão.

Os desafios da gestão pedagógica para a educação do campo são também relevantes. Os resultados observados mostram a importância estratégica de uma agenda imediata em favor da educação do campo nos municípios. São poucos os casos de municípios que possuem alguma diferenciação pedagógica para as escolas localizadas nas áreas rurais.

Tudo leva a crer que os conteúdos que as escolas estão passando não correspondem às necessidades e desejos sociais, sobretudo se não contextualizam o que ensinam. A leitura atenta da realidade deixa patente a questão dos permanentes divórcios entre teoria e prática, entre vida e escola e entre pensamento pedagógico e o ensino escolar, sinalizando para a importância de um projeto pedagógico municipal mais articulado com o contexto.

O desafio de articular a oferta de educação básica às peculiaridades da vida no campo é dos mais evidentes. Na grande maioria das escolas rurais, oferece-se o ensino multisseriado e unidocente. São escolas que funcionam dentro de uma outra lógica de construção do conhecimento e que, por isso, precisam ser melhor apoiadas, compreendidas e acompanhadas.

Para as escolas do campo deve-se proceder imediatamente a elaboração e execução da proposta pedagógica, que sejam considerados conteúdos e metodologias que atendam às necessidades e interesses da população rural. Recomenda-se igualmente a organização escolar própria e adequação do calendário escolar ao calendário agrícola e condições climáticas, ou seja, melhor adequação à natureza do trabalho na zona rural. Existem experiências positivas nessa direção, como as escolas famílias agrícolas. Ponto importante é a organização e garantia de oferta de transporte escolar (do campo para o campo, preferencialmente) para os alunos que necessitam.

Desenvolvimento pedagógico de modalidades de educação

O MEC disponibiliza inúmeras orientações e diretrizes para o desenvolvimento da educação inclusiva, envolvendo a educação do campo, dos afro-descendentes, quilombola, indígena e especial.

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O recomendável é que a Secretaria de Educação crie um núcleo para assessorar e prestar assistência técnica em educação especial e outras modalidades educacionais existentes em sua rede escolar. Fará uma grande diferença se agir desse modo.

Para organizar as atividades de avaliação na rede ou Sistema de ensino torna-se necessário criar um núcleo para montagem e acompanhamento sistemático de indicadores da qualidade na educação em seus vários níveis e modalidades, especialmente indicadores da qualidade da educação infantil.

O desenvolvimento pedagógico necessita de avaliação permanente para se retroalimentar. Adotar a avaliação educacional como política de gestão é algo não só recomendável, mas indispensável para se atingir uma educação pública com qualidade social. Algumas questões precisam ser respondidas sem perda de tempo:

– Existe algum sistema de avaliação externa da aprendizagem? A partir de que referências as escolas avaliam os alunos? O órgão gestor participa do seu planejamento, orienta as escolas nesse processo? De que forma?– Existe alguma forma de avaliação de desempenho dos profissionais da educação? De que forma a equipe gestora realiza essa atividade?– O órgão gestor desenvolve algum processo de avaliação institucional? Acompanha e orienta as escolas nesse sentido?

A avaliação educacional é, portanto uma forma de análise dos resultados do sistema educacional, se efetivando por meio de procedimentos mais participativos, visando à superação dos problemas.

Desenvolvimento pedagógico e avaliação

Três são as dimensões fundamentais da avaliação:- avaliação institucional do funcionamento dos estabelecimentos - de ensino e dos órgãos da educação (administrativo e colegiados).- avaliação dos resultados do processo educacional, aferido pela aprendizagem dos alunos.- a avaliação de desempenho dos profissionais da educação, para identificar as demandas por formação continuada, com vistas a assegurar uma educação com qualidade social.

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Um novo contexto político exige novas demandas e agendas participativas. Como visto em seções anteriores, a Constituição de 1988, a LDB e as conquistas sociais do povo brasileiro apontam em favor da adoção da gestão participativa e democrática como algo indispensável para atingir a almejada qualidade social da educação nacional.

Ao assumirem seus postos de direção os Gestores precisam convocar todos à participação: a equipe da Secretaria, a comunidade escolar, o entorno da escola e a comunidade mais ampla do município. Motivos para isso são tantos. O mais forte deixa claro que a responsabilidade com a melhoria da educação é de todos, não apenas da Secretaria ou da escola e que a qualidade social da educação só se constrói nesses contextos participativos plenos de cidadania.

O lugar mais apropriado para o desenvolvimento do conceito de qualidade social da educação é a escola. Ao assumir compromissos com a qualidade social, assume também a sua necessidade de ser um espaço de criação, de construção, de promoção dos direitos humanos, de contato com as demandas mais imediatas de uma comunidade e assim aspirar em transformar-se em um pólo de uma comunidade de aprendizagem.

Evidentemente, assumir compromissos com a qualidade social denota planejar e gerir a educação de outra maneira, distinta do padrão convencional, sem criatividade e subordinado às pressões cotidianas. Significa ir além do simples aporte de mais recursos. Representa sobretudo uma outra maneira de ver a escola e entender a função social da educação. Implica em dar importância ao conhecimento e ao saber para a construção de uma sociedade mais democrática, capaz de oferecer educação com qualidade para todos. Em síntese, quer dizer a promoção do desenvolvimento do país, integrado com o desenvolvimento dos direitos de cada cidadão.

Gestão participativa

A qualidade social da educação associa a ética pessoal e social ao conhecimento e ao saber, procurando promover a inclusão social, superar as desigualdades sociais, valorizar a diversidade cultural, preservar o meio ambiente e promover o desenvolvimento local.

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Em termos práticos, pode-se dizer que o órgão gestor da educação municipal para exercitar uma gestão verdadeiramente participativa deve primeiramente assessorar as escolas para o desenvolvimento de ações voltadas para uma gestão escolar plenamente participativa, mobilizando e assessorando a referida instituição para que o funcionamento dos conselhos escolares seja eficaz e para que se articule da melhor maneira possível com as entidades representativas da comunidade local (associações de bairro, clube de mães, ONGs, etc) e da comunidade escolar (grêmios estudantis, associações de pais e sindicato de professores).

Outra forma de praticar a gestão democrática é estimular e realizar com regularidade assembléias participativas nas quais tenham direito a voz e voto toda a comunidade educacional, tanto a parcela interna quanto a externa.

A estratégia de promoção das ações intersetoriais também precisa ganhar vida e ser permanentemente estimulada e incrementada. O órgão gestor deve promover sempre o diálogo aberto e produtivo, interna e externamente, com todos os setores conexos à educação.

No caso especial dos alunos, o estímulo ao seu protagonismo na escola ajuda muito em seu desenvolvimento pessoal e, também, como estudante, pois se sentirá estimulado a participar mais ativamente da vida escolar e do cotidiano da sala de aula.

A forma apropriada é a do desenvolvimento dos Grêmios Estudantis, espaços de participação juvenil que precisam ser estimulados, uma vez que possuem uma longa história de vida no contexto da educação pública nacional.

Veja mais sobre conselhos escolares na pág 138

Veja mais sobre protagonismo juve-nil na página 150

A atual realidade brasileira estimula os Gestores da educação pública a investirem na busca da efetividade e da eficácia do seu trabalho cotidiano. O desenvolvimento gerencial, além disso, deve ser entendido como instrumento apropriado para:

a) instituir uma política de melhorias baseada nos princípios constitucionais da equidade, qualidade e gestão democrática da educação;

Busca contínua do desenvolvimento da gestão educacional

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b) fazer com que as gestões municipais possam oferecer respostas rápidas e de qualidade às necessidades sociais;c) fomentar parcerias com instituições;d) criar intercâmbio de informações entre os órgãos de educação e implantar tecnologias de gerenciamento educacional adequadas ao cenário legal e às perspectivas da educação brasileira.

É preciso uma atenção redobrada com a democratização. É preocupante a ausência de uma cultura sobre a democracia em muitos municípios. Este fato contribui fortemente para generalização da falta de autonomia das Secretarias.

A escassez ainda é forte em grande número de municípios e em suas instituições. A precariedade da infra-estrutura física, ambiental, de recursos e equipamentos e de pessoas minimamente capacitadas para atender às demandas da gestão educacional não desapareceu, mas pode ser superada com bom planejamento e gestão eficaz.

Um desafio recorrente: necessita-se desconstruir as formas políticas atrasadas que combinam centralização, descontinuidade, carência de recursos humanos e carência de equipamentos. A saída começa pela efetivação de uma gestão em rede e focada na aprendizagem dos alunos. A leitura da realidade indica que as Secretarias de Educação precisam canalizar os seus esforços gerenciais para assegurar:

a) melhoria da infra-estrutura; b) implantação e implementação de institucionalidades (Sistemas de Ensino, Conselhos Municipais de Educação, Conselhos de Controle Social, Conselhos Escolares, etc.); c) inovações e tecnologias de informação e comunicação; d) gestão democrática; e) foco nas políticas, planos, projetos que levem à aprendizagem dos alunos e, por último; f) desenvolvimento de parcerias, redes, e alianças de valor estratégico para o fortalecimento dos órgãos gestores da educação.

Enfim, os Gestores municipais da educação devem valorizar e priorizar investimentos em novas institucionalidades, sobretudo visando desenvolver mecanismos e instrumentos de planejamento e gestão capazes de fortalecer a autonomia institucional e a qualidade social da educação oferecida à infância, à juventude, aos adultos e idosos.

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Governança

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Pode-se afirmar que o conceito de governança ultrapassa os limites da ação burocrática de qualquer Dirigente comprometido com o processo de gestão democrática. O que se tem na atualidade é uma diversidade de fatores que poderão auxiliar um gestor no desenvolvimento de suas atribuições.

As necessidades solicitam de um DME ações articuladas com outros atores sociais, muito mais amplas que as questões meramente burocráticas, que também são necessárias para o andamento de boa parte dos processos decisórios. Com ações de bom relacionamento com os diversos setores, um DME passa a ser visto como um líder capaz de articular parcerias e políticas públicas.

A educação com qualidade social vai além dos muros escolares, perpassa por todos os canais da sociedade na qual está inserida e pela qual busca reformas e hoje se espera de um Dirigente uma atitude de liderança, na qual possa estabelecer diálogos e parcerias que possam dar ênfase ao processo educacional.

Neste sentido, a capacidade governativa não é avaliada somente por meio dos resultados das políticas públicas, mas também pela forma pela qual o gestor exerce a sua liderança, que é fator decisivo para que essas políticas sejam desenvolvidas. Nesta direção, o conceito de governança refere-se aos padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e por meio das fronteiras do sistema.

Incluem-se, nesse entendimento, não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os partidos políticos, como também redes sociais informais (fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias e associações de diversos tipos, porém, envolve toda a sociedade.

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Regime de Colaboração entre os entes federadosO Regime de Colaboração entre os sistemas de ensino (municipais, estaduais e federal) está consagrado nas normas constitucionais sobre universalização do Ensino Fundamental e referentes à garantia de educação básica para os brasileiros. No parágrafo 4o, da Emenda Constitucional 14, está consignado: Na organização dos sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.

Conforme abordado na página 33, que trata sobre a municipalização da educação, a possibilidade de superação de algumas carências do sistema educacional está na efetivação do Regime de Colaboração entre os entes federados, sob o ponto de vista de que o planejamento participativo/ colaborativo das políticas públicas de educação constituiu-se em uma estratégia significativa para desenvolver e potencializar o processo educativo.

Algumas áreas em que o Regime de Colaboração é chave e sem o qual a propensão à inviabilidade das ações é altíssima: implantação e operacionalização do Fundeb; definições sobre sistemáticas de aplicação dos recursos à educação; rateio e distribuição da cota do Salário-Educação; institucionalização dos Sistemas Municipais de Ensino; implantação de Conselhos Municipais de Educação; política de gestão das redes de ensino em suas várias modalidades (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, por exemplo); planos de carreira e remuneração; política de formação docente e administrativa; habilitação de professores leigos e diretrizes curriculares.

Tendo como marcos legais a Constituição Federal de 1988 (art.211), a Emenda Constitucional nº 14 (Encargos Estados e Municípios) e a LDB (artigos 8º, 9º, 10º e 11º (atribuições das instâncias), o Regime de Colaboração, cujas características são a co-ordenação, co-responsabilidade, interdependência entre União, Estados e Municípios, respeito à autonomia e interações e relações negociadas, pode ocorrer sob diversas maneiras, desde a transferência de recursos financeiros e responsabilidades até a prestação de assessoria técnica para o fortalecimento da gestão municipal. O importante é que haja uma boa articulação entre os entes federados.

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Governança

Relacionamento com as associações de Prefeitos

A partir da Constituição de 1998, com a municipalização dos diversos serviços públicos, em especial os ligados a saúde e educação, as responsabilidades dos gestores do executivo municipal foram ampliadas. Diante desta nova realidade percebe-se a necessidade de uma maior união entre os gestores municipais, com objetivo de somar esforços em prol da municipalização com qualidade social. Neste contexto, surgem entidades de representação e fortalecimento municipal – associações de municípios e de prefeitos.

A principal missão das diversas associações de municípios e prefeitos existentes no país é lutar pelo fortalecimento da autonomia municipal e do movimento municipalista. Como representantes das prefeituras municipais buscam convênios/ parcerias estratégicas no sentido de

Hoje existe o Regime de Colaboração entre a União e os entes federados, por meio do MEC. Esse Regime de Colaboração se dá por meio de apoio financeiro e suporte técnico mediante os múltiplos programas de formação de professores, apoio na elaboração do PAR e consultorias do Programa Brasil Alfabetizado, financiamento do transporte escolar, Proinfância, etc. Porém, entre os Estados e Municípios ainda há um longo caminho a percorrer.

O desafio atual do DME é fazer com que este Regime de Colaboração ocorra, também, de maneira efetiva, entre os Estados e os Municípios. Como não existe legislação específica para este fim, faz-se necessário o estabelecimento de parcerias que definam o próprio processo de organização das redes, com distribuição de competências.

Outro caminho a ser seguido é o fortalecimento do processo de articulação com as seccionais da Undime, visto que podem fazer a ponte de articulação e debate ente estado e municípios. É im-portante garantir o assento das Undime nos Conselhos Estaduais de Educação, pois fica inviável cada município individualmente conversar com o Conselho Estadual. Garantindo, por meio do for-talecimento da Undime, um espaço de discussão de interesse da educação municipal, o DME tem a possibilidade de buscar para seu município parceria necessárias para o desenvolvimento de ações que favoreçam a rede.

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viabilizar estudos técnicos e elaboração de projetos que propiciem melhoria na qualidade da gestão municipal e, conseqüentemente a qualidade de vida da população.

Em suas ações destaca-se a organização e disseminação de informações acerca de vários assuntos de interesse do município: dados estatísticos gerais, educacionais, econômicos, dentre outros.

É valioso ao DME um estreito relacionamento com as referidas associações, no sentido de reforçar a compreensão acerca da missão de uma secretaria municipal de educação e sua importância social, bem como apresentar projetos e propostas que possam fortalecer a autonomia do Dirigente.

Acredita-se que a partir de ações de parceria com os diversos setores sociais e de um forte trabalho de conscientização os Dirigentes Municipais de Educação poderão alcançar a tão necessária autonomia como gestores públicos.

Parcerias com o Terceiro Setor e os Movimentos Sociais

Mediante as experiências de ações em parceria, o setor público e a sociedade aprendem a somar esforços na busca de soluções para um melhor atendimento à sociedade, adentrando em situações nas quais o governo não tem condições de atuar sozinho.

Para dar forma a estas parcerias surgem instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, constituindo, desta forma o Terceiro Setor, que é a nomenclatura sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. São elas: Organizações Não Governamentais - ONGs, entidades filantrópicas, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPs, e outras formas de organizações ou associações civis sem fins lucrativos.

Terceiro Setor

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Movimento social é uma expressão utilizada para denominar organizações estruturadas com o objetivo de associar cidadãos e entidades que tenham interesses em comum, para a defesa ou promoção de certos objetivos perante a sociedade.

Os movimentos sociais são espaços de criação da sociedade civil e, ao mesmo tempo, expressões de poder na sociedade. Têm caráter distintamente político e constituem-se como processos político-sociais. Ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos que se estruturam a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em conflito. Mediante essas ações desenvolve-se um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva para o movimento, a partir dos interesses em comum. Os movimentos sociais são capazes de gerar uma série de inovações nas esferas pública (estatal e não-estatal) e privada; participam direta ou indiretamente da luta política de um país,

Movimentos Sociais

Tendo como objetivo o desenvolvimento político, econômico, social e cultural, no território de sua atuação, as instituições ligadas ao Terceiro Setor têm características próprias que as diferenciam de instituições governamentais (Primeiro Setor) e empresariais (Segundo Setor), a saber:

1. são formalmente constituídas;2. sua estrutura básica é não governamental, ou seja, não são ligadas institucionalmente a governos;3. realizam sua própria gestão, não sendo controladas externamente;4. não têm fins lucrativos, portanto a geração de lucros ou excedentes financeiros deve ser reinvestida integralmente na organização;5. devem possuir, em algum grau, mão-de-obra voluntária, ou seja, não remunerada.

Hoje, o conceito de Terceiro Setor começa a se ampliar para além do círculo das ONGs e OSCIPs, valorizando outros fatores e serviços como a responsabilidade social empresarial, as associações beneficentes e recreativas, as iniciativas das igrejas e o trabalho voluntário. Tais instituições podem ser importantes parceiras da educação municipal, sem, contudo, substituir o papel da SME.

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e contribuem para o desenvolvimento e a transformação da sociedade civil e política.

Para a Educação Municipal parcerias com esses segmentos são importantíssimas, pois muitas vezes, por meio delas, determinadas demandas que são postas no interior da escola podem ser atendidas com sucesso. Atualmente as instituições privadas, no cumprimento de prestar a sua função de responsabilidade social, estão vindo ao encontro dos setores públicos, respondem à demanda e podem fazer um trabalho importante.

É importante que o Dirigente mapeie todas as possibilidades existentes na comunidade para que possa estabelecer um canal de diálogo e estabelecer novas parcerias. Crianças e adolescentes quando incluídos em programas sociais e outras ações na área de arte e cultura, têm um melhor desempenho escolar. Além disso, essas atividades contribuem para sua formação cidadã.

- Atribuição normativa é aquela pela qual um conselheiro interpreta a legislação com os devidos cuidados e se dá por meio de Pareceres e Resoluções, para tanto, ela deve ter provisão legal e sua intencionalidade é a de executar o ordenamento jurídico que lhe dá fundamento.- Atribuição deliberativa é assim entendida quando a lei atribui ao Conselho competência específica para decidir, em instância final, sobre determinadas questões.- Atribuição consultiva tem o caráter de assessoramento e é exercida por meio de Pareceres aprovados pelo Colegiado, respondendo a consultas do governo ou da sociedade, interpretando a legislação ou propondo medidas e normas para o aperfeiçoamento.

Conselhos sociais são colegiados organizados e compostos por representantes dos segmentos sociais e do governo que trabalham em nome e a favor da sociedade. São espaços de discussão, articulação e negociação de demandas sociais para definição e execução de políticas públicas. Suas atribuições podem ser normativas, deliberativas, consultivas e fiscalizadoras.

Conselhos da área educacional

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Existem nas mais variadas formas e com os mais diferentes níveis de participação. Respeitadas suas especificidades todos são de fundamental importância para o controle social das políticas públicas, servindo de canal à manifestação democrática dos cidadãos.

A representação e a participação da sociedade em um Conselho Social correspondem à democracia participativa, que dá nova dinâmica e sentido à relação entre governantes e governados, posto que em uma sociedade democrática faz-se necessária a integração entre representação e participação, constituindo a essência dos Conselhos Sociais.

A escolha dos representantes da sociedade local para compor os conselhos sociais deverá recair sobre aqueles que tenham as melhores condições de liderança, técnicas e políticas de contribuir para a construção e o desenvolvimento das políticas públicas, devendo o gestor público assegurar os meios e as condições de trabalho que garantam o pleno funcionamento dos Conselhos, resguardada sua autonomia.

Tão importante quanto conhecer o funcionamento dos conselhos é compreender que esses colegiados têm um papel preponderante para o bom desenvolvimento da democracia participativa. O apoio e a parceria com os conselhos sociais, sejam eles direta ou indiretamente ligados à educação, existentes em todos os âmbitos – Federal, Estadual e Municipal - muito tem contribuído para a garantia do direito de aprender.

- Atribuição fiscalizadora ocorre quando o conselho é revestido de competência legal para fiscalizar o cumprimento de normas e a legalidade ou legitimidade de ações, aprová-las ou determinar providências para sua alteração.

O Conselho Nacional de Educação é um órgão colegiado integrante do Ministério da Educação. Foi constituído pela Lei 9.131/95, com o objetivo de colaborar na formulação da Política Nacional de Educação. Seu Artigo 7º. dispõe que suas atribuições

Conselho Nacional de Educação – CNE

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são normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro da Educação.

Tem por missão a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que permitam garantir a participação da sociedade no desenvolvimento, refinamento e estabilização da educação nacional de qualidade.

O CNE é constituído por dois órgãos colegiados - Câmara de Educação Básica e a Câmara de Educação Superior. As Câmaras de Educação Básica e de Educação Superior são constituídas, cada uma, por doze conselheiros, sendo membros natos em cada Câmara, respectivamente, o Secretário de Educação Básica e o Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, nomeados pelo Presidente da República.

A Câmara de Educação Básica tem como atribuições: analisar e emitir pareceres sobre procedimentos e resultados de processos de avaliação da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, Médio, Profissional e Educação Especial, dispor sobre diretrizes curriculares propostas pelo Ministério da Educação e acompanhar a execução do Plano Nacional de Educação (PNE).

A Câmara de Educação Superior responde apenas nos processos relativos aos cursos de Direito e a alguns da área de saúde (Medicina, Psicologia e Odontologia), sobre o credenciamento das instituições que pretendem ministrar cursos na área jurídica e da saúde, bem como sobre o credenciamento e o recredenciamento de Universidades e Centros Universitários. No que se refere aos Estatutos e Regimentos, a competência da Câmara restringe-se, hoje, à aprovação dos Estatutos das Universidades e Centros Universitários.

Em síntese, as competências do CNE são:

- subsidiar a elaboração e acompanhar a execução do Plano Nacional de Educação.- deliberar sobre autorização e credenciamento de instituições de ensino e aperfeiçoamento dos sistemas educacionais.- estabelecer diretrizes, normas e analisar questões relativas a aplicação da legislação educacional.

O CNE pode e deve ser utilizado pelo Dirigente como fonte de consulta permanente, tanto para Resoluções e Pareceres quanto para responder a questões específicas do planejamento e gestão municipal da educação.

Para acompanhar as resoluções e os pareceres do CNE acesse: http://portal.mec.gov.br/cne/

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Os Conselhos Estaduais de Educação tem autonomia para atuar, no âmbito dos sistemas estaduais de educação, de forma suplementar ao Conselho Nacional de Educação. É um órgão colegiado fiscalizador, consultivo, deliberativo e normativo do Sistema Estadual de Ensino, assumindo uma função estratégica na formulação e acompanhamento de políticas públicas que envolvam os sistemas estaduais e redes municipais de ensino. Pode ser um forte aliado nas questões referentes ao regime de cooperação entre Estado e municípios.

É de competência dos CEEs deliberar acerca de diversas matérias, dentre as quais se podem destacar:

- aprovar o Plano Estadual de Educação e sua reformulação, supervisionando e controlando sua execução, na forma da legislação vigente;- sugerir à Secretaria de Estado da Educação as medidas que julgar necessárias para melhor solução dos problemas educacionais;- aprovar os planos elaborados pelos órgãos competentes que visem a obtenção de recursos financeiros destinados ao Sistema Estadual de Ensino ou aos programas de educação dos Municípios integrados nos planos estaduais;- delegar parte de suas competências a Conselhos de Educação que se organizem nos Municípios, isoladamente ou congregados em microrregiões;- examinar a composição dos Conselhos previstos no inciso anterior, principalmente no que diz respeito à capacitação de seus membros, como preliminar para delegação de competência e fixação de sua extensão;- examinar e aprovar a proposta orçamentária do exercício seguinte;- aprovar os regulamentos e a orientação do ensino, dentro das limitações expressas na Constituição Federal, na Constituição do Estado e nas leis decorrentes;- estabelecer normas para autorização de funcionamento, reconhecimento e inspeção dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio;

Conselhos Estaduais de Educação - CEEs

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- autorizar o funcionamento e reconhecer estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio;- relacionar as matérias entre quais poderá cada estabelecimento escolher as quais devam constituir a parte diversificada do currículo, definindo-lhes os objetivos e a amplitude;- estabelecer critérios relacionados com equivalência de estudos, mínimos de freqüência para remoção, regime de matrícula e transferência de alunos;- aprovar a organização de cursos de estudos suplementares, complementares ou de extensão do sistema de ensino;- fixar às normas para a elaboração de regimento, para os estabelecimentos de ensino fundamental, de ensino médio e supletivo, em que fique assegurada a unidade básica estrutural e funcional do sistema estadual de ensino, preservada a necessária flexibilidade didática de cada escola;- aprovar normas e programas para a adoção de técnicas a serem associadas aos programas de alfabetização de adultos, visando a iniciação profissional dos interessados;- autorizar o funcionamento e fiscalizar os estabelecimentos isolados de ensino superior estaduais e municipais;- fixar diretrizes para a expansão do ensino superior no Estado;

No caso dos municípios que ainda não implantaram seus sistemas autônomos de ensino, o DME deve intensificar a articulação e aprofundar o diálogo com o CEE, de forma a:

- agilizar processos de regularização da sua rede escolar;- agilizar processos de regularização das escolas conveniadas (Decreto 6253, parágrafos 3º. dos Artigos 14 e 15;- buscar apoio do Conselho Estadual para a implantação do Sistema Municipal de Ensino.

De acordo com a União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação – Uncme, o Conselho Municipal de Educação exerce o papel de articulador e mediador das questões educacionais da sociedade local, junto ao gestor do poder público municipal. É um órgão de ampla representatividade, com funções normativas, consultivas, mobilizadoras e fiscalizadoras.

Conselho Municipal de Educação – CME

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Ocupa posição fundamental na efetivação da gestão democrática do Sistema ou da Rede de Ensino, bem como na consolidação da autonomia dos municípios no gerenciamento de suas políticas educacionais, devendo, para tanto, estabelecer diálogo contínuo com a Secretaria Municipal de Educação.

Com o objetivo de garantir a ampla participação da sociedade, respeitando a competência técnica exigida para o exercício das atribuições dos conselheiros, o CME poderá ser composto por representantes de pais, alunos, professores, associações de moradores, sindicatos, Secretaria Municipal de Educação e demais órgãos e entidades ligados à educação municipal - do setor público e privado - escolhidos democraticamente pelos segmentos que representam.

Neste sentido, são funções do CME::

Normativa- autorização de funcionamento das escolas da rede municipal; - autorização de funcionamento das instituições de Educação Infantil da rede privada; particular; comunitária; confessional e filantrópica (quando o município tiver Sistema Municipal de Ensino implantado); - elaboração de normas complementares para o sistema de ensino;ConsultivaVersa sobre a exposição e o julgamento acerca de determinados assuntos, a saber:- projetos, programas educacionais e experiências pedagógicas renovadoras do Executivo e das escolas; - Plano Municipal de Educação; - medidas e programas para formação de professores;- acordos e convênios; - questões educacionais que lhe forem submetidas pelas escolas, SME, Câmara Municipal e outros, nos termos da Lei. Deliberativa- elabora o seu Regimento e Plano de atividades; - toma medidas para melhoria do fluxo e do rendimento escolar; - busca formas de relação com a comunidade, entre outras.

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Fiscalizadora- acompanhamento da transferência e controle da aplicação de recursos para a educação no Município; - cumprimento do plano municipal de educação; - desempenho do Sistema Municipal de Ensino, entre outras.

Cabe ressaltar que os Conselhos dos Municípios nos quais não há sistema próprio de ensino não exercem a função normativa, porém a participação do CME é de fundamental importância para o assessoramento e acompanhamento das ações referentes à educação municipal.

Entretanto, sua criação, que não é obrigatória, é de suma importância para a Educação Municipal, por constituir um elo de interlocução entre a sociedade e o poder público, participando da formulação, implantação, supervisão e avaliação das políticas educacionais do município, da defesa do direito de todos à educação com qualidade social, e mobilizando os poderes públicos municipais quanto às suas responsabilidades no atendimento das demandas dos diversos segmentos, em conformidade com as políticas públicas da educação.

Em suas atividades, o efetivo controle social deve prevalecer sobre aquelas de natureza cartorial e os pormenores burocráticos do cotidiano educacional. Daí a importância da representatividade e legitimidade perante a comunidade local de cada um dos integrantes do Conselho.

Vale destacar que a Lei do Fundeb permite ao Conselho Municipal de Educação criar uma câmara específica para o acompanhamento e controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo, observado o disposto no inciso IV do §1º e nos §§2º, 3º, 4º e 5º do art. 24 da Lei 11.494.

Os passos para a criação do Conselho Municipal de Educação estão disponíveis nos documentos do Pró-Conselho www.mec.gov.br/seb na área Fortalecimento Institucional e Gestão Educacional.

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O Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb é um colegiado, cuja função principal é proceder ao acompanhamento e controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo. São funções do Conselho:

- acompanhar e controlar a distribuição, transferência e aplicação dos recursos do Fundeb;- supervisionar a realização do censo escolar;- supervisionar a elaboração da proposta orçamentária anual;- instruir, com parecer, as prestações de contas a serem apresentadas ao respectivo Tribunal de Contas; e- acompanhar e controlar a execução dos recursos federais transferidos à conta do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar – PNATE e do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos, verificando os registros contábeis e os demonstrativos gerenciais relativos aos recursos repassados, responsabilizando-se pelo recebimento e análise da Prestação de Contas desses Programas. O Conselho deverá encaminhar ao FNDE o Demonstrativo Sintético Anual da Execução Físico-Financeira, acompanhado de parecer conclusivo e, ainda, notificar o órgão Executor dos Programas e o FNDE, quando houver ocorrência de eventuais irregularidades na utilização dos recursos.

Conselho de Acompanhamento e Controle

Social do Fundeb

O Conselho do Fundeb não é uma nova instância de controle, mas sim de representação social, não devendo ser confundido com o controle interno e externo. Estes são de responsabilidade do Poder Executivo e Tribunal de Contas, respectivamente. Igualmente, não é gestor ou administrador dos recursos do Fundeb. Sua ação é acompanhar toda a gestão dos recursos do Fundo, seja com relação à receita, seja com relação à despesa ou uso desses recursos. Para tanto deve atuar com autonomia e independência, visto que o colegiado não é subordinado ou vinculado ao Poder Executivo.

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Sua criação, respeitando o disposto na Lei, deve ocorrer por meio de legislação municipal específica (Decreto ou Lei), e seus membros devem ser indicados pelos segmentos que representam. Assim sendo, o colegiado deverá ser composto por, no mínimo, nove membros, sendo:

A escolha dos representantes dos professores, diretores, pais de alunos e servidores das escolas, deve ser realizada pelos grupos organizados ou organizações de classe que representam esses segmentos e comunicada ao Chefe do Poder Executivo para que, por ato oficial, os nomeie para o exercício das funções de conselheiros. Se no Município houver um Conselho Municipal de Educação e Conselho Tutelar, um de seus membros também deverá integrar o Conselho do Fundeb.

Apesar de existir o número mínimo de nove membros para a composição do Conselho, na legislação não existe limite máximo para esse número, devendo, todavia, ser observada a paridade e equilíbrio na distribuição das representações.

A participação da sociedade na gestão pública é um direito assegurado pela Constituição Federal e deve ser garantida em todas as instâncias. O controle social por meio do acompanhamento e fiscalização permanentes dos recursos educacionais pela sociedade é a garantia da retidão na gestão dos recursos do Fundo.

- 2 (dois) representantes do Poder Executivo Municipal, dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal de Educação ou órgão educacional equivalente;- 1 (um) representante dos professores da educação básica pública;- 1 (um) representante dos diretores das escolas básicas públicas;- 1 (um) representante dos servidores técnico-administrativos das escolas básicas públicas;- 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básica pública;- 2 (dois) representantes dos estudantes da educação básica pública, um dos quais indicado pela entidade de estudantes secundaristas.

A Lei do Fundeb permite ainda que o Conselho de Acompanhamento e Controle Social seja instituído por meio de uma câmara específica no âmbito do Conselho Municipal de Educação.

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Uma boa relação entre a Secretaria Municipal de Educação e o Conselho inicia-se pela garantia do bom funcionamento do órgão colegiado. Para tanto, o Dirigente deve organizar sua gestão orçamentária e financeira de modo a que os registros fiquem acessíveis à fiscalização da comunidade e dos órgãos de controle. Além disso, deve contribuir para a capacitação dos conselheiros visando ao pleno exercício de suas atribuições. Um Conselho bem estruturado e dotado de competências técnicas poderá oferecer subsídios valiosos para a melhoria da gestão orçamentária e financeira não apenas da Secretaria de Educação como de toda a administração municipal. Esse estilo de governança contribuirá decisivamente para o fim da chamada “prefeiturização” dos conselhos de controle social, por todos considerada prejudicial ao avanço da gestão democrática e participativa das políticas públicas municipais.

Conselho de Alimentação Escolar

O Conselho de Alimentação Escolar – CAE é um órgão colegiado deliberativo e autônomo, que tem como função acompanhar e assessorar a Prefeitura na política de alimentação escolar, seja ela financiada com recursos próprios ou transferidos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE/ FNDE.

O papel do Conselho é de extrema importância para a qualidade da alimentação, uma vez que, toda sociedade, por meio de seus representantes, assume sua parcela de responsabilidade. O principal objetivo do Conselho é fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros e zelar pela qualidade dos produtos, desde a compra até a distribuição nas escolas.

São outras atribuições do CAE:

- orientar sobre o armazenamento dos gêneros alimentícios;- acompanhar a execução físico-financeira do Programa, zelando pela aplicabilidade dos recursos;- comunicar à Prefeitura Municipal a ocorrência de irregularidades em relação aos gêneros alimentícios, tais como: vencimento de prazo de validade, deterioração, desvios e furtos;- divulgar em locais públicos os recursos financeiros do PNAE transferidos à Prefeitura, bem como outros recursos investidos na

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política de alimentação escolar; - receber, analisar e emitir parecer sobre a prestação de contas do PNAE enviada pela Prefeitura e remetê-la ao FNDE.

O Conselho deve ser composto por sete representantes de setores da sociedade envolvidos no Programa, conforme o disposto na Resolução CD/ FNDE nº36/ 2006, art. 16º. A atuação do CAE é fundamental para o funcionamento correto do PNAE, porque são os conselheiros que podem acompanhar mais de perto todas as etapas do fornecimento da merenda. Cabe ao FNDE e ao CAE fiscalizar a execução do programa, sem prejuízo da atuação dos demais órgãos de controle interno e externo, ou seja, do Tribunal de Contas da União - TCU, da Secretaria Federal de Controle Interno -SFCI e do Ministério Público.

O Dirigente Municipal de Educação tem no CAE um importante parceiro para o sucesso da política de alimentação escolar, na medida em que o Conselho desenvolve ações preventivas, capazes de subsidiar a Secretaria no controle de sua qualidade nutricional. Estudos confirmam a importância dessa alimentação para a saúde do escolar, uma vez que boa parte deles tem na merenda uma de suas principais refeições balanceadas. Além disso, os dados revelam que a merenda é um fator positivo para a aprendizagem e a permanência dos alunos nas escolas públicas.

A democratização da gestão escolar por meio do fortalecimento dos mecanismos de participação na escola, em especial do Conselho Escolar, pode-se apresentar como uma escolha viável para envolver os diferentes segmentos das comunidades local e escolar nas questões e problemas vivenciados na escola.

Para que o Conselho cumpra seu papel é necessário planejar todas as atividades, de modo que o acompanhamento e a fiscalização ocorram durante cada fase planejada pelos gestores. Desta forma tem-se a garantia que, ao final do ano letivo, todos os alunos tenham realizado suas refeições com qualidade na escola e que a prestação de contas seja realizada com precisão.

Conselhos Escolares

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O Conselho Escolar é um colegiado formado por todos os segmentos da comunidade escolar, constituído por pais, alunos, professores, direção e funcionários. Tem asseguradas as funções consultiva, deliberativa, normativa e fiscal.

Com o estabelecimento de ações compartilhadas, o Conselho Escolar deve funcionar como uma estratégia para a realização do princípio constitucional da gestão democrática da educação pública. O Conselho tem a possibilidade de tornar-se um grande aliado na luta pelo fortalecimento da unidade escolar e pela democratização das relações escolares. Por estas razões pode ser considerado o órgão máximo da escola.

De acordo com suas funções, são atribuições do Conselho Escolar:

- coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do Regimento Escolar;- conclamar assembléias gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;- garantir a participação das comunidades escolar e local na definição do projeto político-pedagógico da unidade escolar;- submeter e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola;- propor e coordenar discussões juntos aos segmentos e votar as alterações metodológicas, didáticas e administrativas na escola, respeitada a legislação vigente;- participar da elaboração do calendário escolar, no que incumbir à unidade escolar, observada a legislação em vigor;- acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros) propondo, quando necessárias, intervenções pedagógicas e medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar;- elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando ampliar a qualificação de sua atuação- aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção

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da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, propondo alterações, se for o caso;- fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar;- encorajar relações de cooperação e intercâmbio com outros Conselhos Escolares, Conselho Municipal de Educação e demais conselhos sociais.

Para que seja possível o cumprimento de suas atribuições os membros do Conselho devem se reunir de maneira sistemática, com freqüência mensal. Além dessas reuniões, também é aconselhada a realização de assembléias gerais com a participação de todos os segmentos da comunidade escolar.

O conselho tem importância estratégica para proporcionar maior envolvimento da comunidade escolar no processo educacional, especialmente, dos pais de alunos e, por este motivo, deve ser valorizado por toda comunidade educativa. Desta forma, em sua constituição deve-se observar a proporcionalidade entre os membros, de maneira a garantir a participação igualitária de todos os segmentos.

Os Conselhos Escolares devem ser percebidos pelo DME como parceiros na gestão das escolas públicas municipais, pois têm condições de atuar desde a programação e fiscalização de recursos financeiros até o auxílio na elaboração e alteração do regimento escolar e projeto político pedagógico. Desta forma, o Conselho une-se ao DME na busca de uma educação pública com qualidade social para todos os estudantes da rede municipal.

A Constituição Federal Brasileira define que o atendimento dos direitos da criança e do adolescente será realizado com a participação da população na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis por meio de organizações representativas. As políticas são executadas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA. O controle das ações é feito em dois níveis: das políticas públicas realiza-se na esfera do CMDCA; da pessoa e da família lesadas em seus direitos, realiza-se na esfera do Conselho Tutelar.

Conselho Tutelar

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Tem autonomia para desempenhar as atribuições que lhe são confiadas pelo Estatuto Federal que o instituiu. No âmbito de suas decisões não se subordina a nenhum outro órgão. Exerce funções de caráter administrativo e de assessoramento ao Poder Executivo, representado em sua esfera municipal pela Prefeitura.

O Conselho Tutelar é um serviço público de interesse local, cumprindo a norma federal - Estatuto da Criança e do Adolescente. A lei municipal suplementa a legislação federal, organizando um serviço público local que tem caráter essencial no campo da proteção à infância e à juventude.

Em sendo conveniente ao Município, haverá tantos Conselhos Tutelares quantos forem julgados necessários. A norma geral federal, que é o ECA, em seu artigo 132, aponta que haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução.

O Conselho Tutelar tem por atribuições:

- acolher crianças e adolescentes e aplicar medidas de proteção. - atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas pertinentes previstas no ECA. - promover a execução de suas decisões, podendo requisitar serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificadamente, descumprir suas decisões. -levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Estatuto tenha como infração administrativa ou penal. - encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes. - tomar providências para que sejam cumpridas as medidas sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores. - expedir notificações em casos de sua competência.

O Conselho Tutelar é um órgão novo na sociedade brasileira. É permanente, autônomo e não jurisdicional, ou seja, não integra o Poder Judiciário. Tem o potencial de contribuir para profundas e significativas mudanças no atendimento a crianças e adolescentes. Sua missão é zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.

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- requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e adolescentes, quando necessário. - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente. - entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. - encaminhar ao Ministério Público casos que demandam ações judiciais de perda ou suspensão do pátrio poder. - fiscalizar as entidades governamentais e não-governamentais que executem programas de proteção e sócio-educativos.

No quadro a seguir, encontra-se uma síntese das características mais relevantes do Conselho Tutelar.

- Espaço de garantia (promoção e defesa) dos direitos assegurados às crianças e aos adolescentes - Atende queixas, reclamações, reivindicações e solicitações feitas pelas crianças, adolescentes, famílias, comunidades e cidadãos.- Não é uma entidade de atendimento direto – abrigo, internato, etc.- Exerce as funções de escutar, orientar, aconselhar, encaminhar e acompanhar os casos.- Não assiste diretamente às crianças, aos adolescentes e às suas famílias.- Aplica as medidas protetoras pertinentes a cada caso.- Não presta diretamente serviços necessários à efetivação dos direitos da criança e do adolescente. - Faz requisições de serviços necessários à efetivação do atendimento adequado de cada caso.- Não substitui as funções dos programas de atendimento à criança e ao adolescente. - Contribui para o planejamento e a formulação de políticas e planos municipais de atendimento à criança, ao adolescente e às suas famílias.

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É fundamental que a Secretaria Municipal de Educação e suas escolas mantenham uma relação próxima com o Conselho Tutelar, sobretudo para a implementação de projetos político-pedagógicos que garantam os direitos da infância e da adolescência, bem como no acompanhamento do rendimento e da freqüência escolar.

Nacionais

Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente é um órgão colegiado de composição paritária, integrado por quatorze representantes do Poder Executivo, indicados pelos Ministros de Estado, assegurada a participação dos órgãos executores das políticas sociais básicas e, em igual número, por representantes de entidades não-governamentais de âmbito nacional de atendimento, promoção, defesa e garantia dos direitos da criança e do adolescente.

O Conselho está vinculado administrativamente à Secretaria Especial de Direitos Humanos, órgão da Presidência da República e sua finalidade precípua é deliberar e controlar a política de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente no nível federal.

Dentre as principais competências legais do Conanda, distingue-se:

- elaborar as normas da Política Nacional de Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente, fiscalizando as ações de execução previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente; - buscar a integração e articulação com os Conselhos Estaduais, Distrital, Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselhos Tutelares, os diversos Conselhos Setoriais, Órgãos estaduais, distritais e municipais e entidades não-governamentais;- analisar as políticas nacional, estaduais, distrital e municipais de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, bem como, a atuação dos Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, na execução dessas políticas;- promover e apoiar campanhas educativas sobre os direitos da

Outros Conselhos da área social

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criança e do adolescente, com indicação de medidas a serem adotadas nos casos de atentados, ou violação desses direitos;- estimular, apoiar e promover a manutenção de bancos de dados, com o intuito de propiciar o fluxo permanente de informações sobre a situação da criança e do adolescente;- acompanhar a elaboração da Proposta Orçamentária e a execução do Orçamento da União, indicando as modificações necessárias à consecução dos objetivos da política formulada para a promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;- administrar o Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente – FNCA.

Seu funcionamento, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (art 88, inciso II), é exercido por uma Plenária que se reúne em assembléias ordinárias mensais, com o auxilio das Comissões Temáticas (Políticas Públicas, Orçamento e Finanças, Articulação e Comunicação) e Grupos de Trabalho (Conselhos Tutelares e Medidas Socioeducativas).

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – Conade

Cabe a toda sociedade, órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa com deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos. Para garantir que este direito seja assegurado a todos os cidadãos foi instituído o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – Conade.

O Conade é órgão superior de deliberação colegiada, vinculado à Presidência da República por meio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Sua principal competência é acompanhar e avaliar o desenvolvimento da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer,

Assim como os demais conselhos nacionais, o Conanda pode e deve ser utilizado pelo Dirigente como fonte de consulta perma-nente, tanto para Resoluções e Pareceres, quanto para respond-er a questões específicas do planejamento e gestão municipal da educação e políticas públicas para o atendimento de acrianças e adolescentes.

Para acompanhar as resoluções e os pareceres do Conanda acesse: http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presi-dencia/sedh/con-selho/conanda/

Apesar de o Conade e demais legisla-ções utilizarem o termo “pessoa por-tadora de deficiên-cia”, a nomencla-tura atual é “pessoa com deficiência”, conforme definido pela Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, ratificada pelo Congresso Nacional em 2008.

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política urbana, dirigidas a este grupo social.

A composição dos membros do Conselho é paritária (Art. 12), sendo formada por representantes de instituições governamentais e da sociedade civil. Seus membros reúnem-se mensalmente em caráter ordinário e suas reuniões são públicas, salvo deliberação em contrário por um de seus membros.

Municipais

Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA é um órgão criado por determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, com atribuições deliberativas e de controle social.

Tais como os demais conselhos, o CMDCA deve ser formado paritariamente por membros do governo municipal, indicados pelo Prefeito, e membros da sociedade civil escolhidos e indicados, por meio de assembléias de suas organizações representativas.

O DME, ao manter uma relação de cooperação e intercâmbio com estes conselhos, poderá ter ampliada a prática da intersetorialidade de ações em favor da educação. A execução de projetos em conjunto – educação, saúde e assistência social – poderá render bons frutos na construção de uma educação pública com qualidade social.

É fundamental que o CMDCA seja organizado e funcione regularmente, tendo um papel ativo na construção e aperfeiçoamento de políticas municipais de atenção às crianças e aos adolescentes. Deve estabelecer relações de cooperação com todos os órgãos e entidades municipais envolvidos direta ou indiretamente com a proteção integral da criança e do adolescente. Constituir, fazer funcionar e colaborar com o CMDCA é garantir o direito da participação do cidadão na definição das ações de atendimento às crianças e aos adolescentes. Sua existência e funcionamento adequado fazem do Conselho um instrumento da democracia participativa.

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A principal atribuição do CMDCA é fazer com que o ECA seja cumprido em seu município, intervindo na esfera decisória do Poder Executivo, com caráter deliberativo para disciplinar e garantir a execução da política de atendimento às crianças e aos adolescentes. Para tanto deve participar de uma política municipal de proteção integral para crianças e adolescentes, com a manutenção de um sistema municipal de atendimento que articule e integre todos os recursos municipais. Neste sentido, é fundamental que a Secretaria Municipal de Educação esteja sempre em sintonia com o Conselho.

Demais atribuições do Conselho:

- participar ativamente da elaboração da lei orçamentária do município, zelando para que o percentual de dotação orçamentária destinado à construção de uma política de proteção integral para crianças e adolescentes seja compatível com as necessidades reais de atendimento.- administrar o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, destinado a financiar a criação de um Sistema Municipal de Atendimento (programas de proteção e socioeducativos), as atividades de formação de conselheiros e de comunicação com a sociedade.- controlar a execução de políticas de proteção às crianças e aos adolescentes.- constituir normas, orientar e proceder ao registro das entidades governamentais e não-governamentais de atendimento a crianças e adolescentes, comunicando o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.- acompanhar e estudar as demandas municipais de atendimento, verificando áreas em que existe excesso ou falta de programas, bem como a adequação de programas existentes às reais necessidades municipais.- divulgar os direitos das crianças e dos adolescentes e os mecanismos de exigibilidade desses direitos.- presidir o processo de escolha dos conselheiros tutelares.

Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Comde

O Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência é um órgão colegiado permanente, devendo ter caráter deliberativo,

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fiscalizador, autônomo administrativa e financeiramente, formulador de diretrizes e monitorador da execução das políticas públicas municipais voltadas às pessoas com deficiência, em defesa da inclusão social e no combate a qualquer forma de discriminação.

A composição do Conselho deve ser feita de forma paritária, com representantes de instituições governamentais e da sociedade civil. A escolha desses representantes deverá considerar a representatividade e a efetiva atuação em nível municipal na defesa dos direitos da pessoa com deficiência.

Em material organizado pelo Conade e pela Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde, as principais atribuições e competências do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência são:

- zelar pela efetiva implantação, implementação, defesa e promoção dos direitos da pessoa com deficiência;- propor diretrizes, acompanhar planos, políticas e programas nos segmentos da administração local/ regional para garantir os direitos e a integração da pessoa com deficiência;- acompanhar o planejamento e avaliar a execução, mediante relatórios de gestão, das políticas e programas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer, política urbana e outras que objetivem a integração da pessoa com deficiência;- opinar e acompanhar a elaboração de leis municipais que tratem dos direitos da pessoa com deficiência;- recomendar o cumprimento e divulgar as leis municipais e qualquer norma legal pertinentes aos direitos da pessoa com deficiência;- propor a elaboração de estudos e pesquisas que objetivem a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência;- propor e incentivar a realização de campanhas visando à prevenção de deficiências e à promoção dos direitos da pessoa com deficiência;- receber e encaminhar aos órgãos competentes as petições, denúncias e reclamações formuladas por qualquer pessoa ou entidade, quando ocorrer ameaça ou violação de direitos da pessoa com deficiência, assegurados nas leis e na Constituição Federal, exigindo a adoção de medidas efetivas de proteção e reparação;

Segundo diretrizes do Conade, os conselheiros, titulares e suplentes, representantes dos órgãos governamentais, serão indicados pelo Prefeito, podendo ter representação das seguintes Secretarias Municipais: Procuradoria, Trabalho, Ação Social, Saúde, Educação, Cultura, Turismo, Esporte, Infra-Estrutura, Transporte e Fazenda.

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- convocar Conferências de Direitos da Pessoa com Deficiência, de acordo com o Conade.

O Gestor da educação deve estreitar laços com o Comde de seu município, na perspectiva de construir parcerias voltadas para o desenvolvimento da política de educação inclusiva, tanto no aspecto pedagógico quanto no aspecto físico-estrutural da rede escolar. Outra linha de articulação com o aludido Conselho refere-se à definição recursos orçamentários necessários aos programas e projetos voltados às pessoas com deficiência.

Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS

O Conselho de Assistência Social - CMAS é um órgão colegiado de caráter permanente, com funções consultivas e deliberativas que faz parte da estrutura básica da secretaria de assistência social ou órgão municipal equivalente.

Deve ser criado por meio de lei municipal e sua composição deve ser paritária, assegurando que 50% dos membros sejam representantes da administração pública e os demais, representantes dos usuários, prestadores de serviço e profissionais da área. Desta forma, deve-se observar a competência técnica dos membros do Conselho, garantindo que tenham plenas condições de atuar como legítimos defensores dos segmentos que representam.

O CMAS é a instância local de formulação de estratégias e de controle da execução da política pública de assistência social, auxiliando a Câmara Municipal na elaboração de leis, e o Prefeito na sua execução.

Nesse mesmo sentido, são competências do Conselho:

- atuar na formulação e controle da execução da política de Assistência Social; - fiscalizar o Fundo Municipal de Assistência Social; - recomendar medidas para o aperfeiçoamento da organização e funcionamento dos serviços prestados na área de assistência social- estudar propostas e denúncias sobre a área de assistência social- somarem-se ao Poder Executivo na consecução da política de descentralização da assistência social;- atuar na política de assistência social;

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- acompanhar e analisar os serviços prestados na área da assistência social no município;- fiscalizar os órgãos públicos e privados que integrem o sistema municipal de assistência social.

Conselho Municipal de Saúde - CMS

O Conselho Municipal de Saúde é um órgão permanente e deliberativo que atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo Prefeito. É criado por lei municipal e deve possuir autonomia, além de uma estrutura administrativa mínima para cumprir suas atribuições. O gestor municipal deverá garantir os recursos financeiros e materiais necessários para o funcionamento regular do Conselho.

É composto, de forma paritária, por 50% de representação de usuários e 50% de representantes do governo municipal, prestadores de serviços (conveniados ou não ao SUS – privado/filantrópico) e dos profissionais de saúde.

Ao CMS cabe, no campo econômico/ financeiro, apreciar, alterar e aprovar previamente: o orçamento anual, as programações trimestrais de aplicação de recursos, fiscalizar a aplicação de recursos e aprovar as prestações de contas, antes de serem consolidadas as gerais da prefeitura. Exerce funções deliberativas, normativas, fiscalizadoras e consultivas, objetivando basicamente o estabelecimento, acompanhamento, controle e avaliação da política municipal de saúde. No âmbito de suas atribuições, também compete ao CMS:

- instituir, coordenar e supervisionar Comissões Intersetoriais e outras que julgar necessárias, inclusive Grupos de Trabalho, integradas pelas secretarias e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil - articular-se com outros conselhos setoriais com a finalidade de cooperação mútua e de estabelecimento de estratégias comuns para o fortalecimento do sistema de participação e Controle Social.

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Protagonismo juvenilO protagonismo juvenil tem como essência o envolvimento dos educandos no exercício do voluntariado social e é visto como uma prática formadora, crítica, construtiva, criativa e solidária. A atuação dos jovens estudantes deve voltar-se para a operacionalização de soluções a problemas sociais e, no caso específico do protagonismo estudantil, a busca de soluções para problemas na escola e integração dos jovens nas questões educacionais. Visa, também, contribuir para a formação intelectual e cidadã dos alunos, na medida em que promove práticas de autonomização, de identidades, de organização e cooperação entre os membros da comunidade escolar.

Sendo a escola um local de excelência para o desenvolvimento da consciência cidadã, onde os jovens têm muito a ouvir, a dizer e a realizar, esta deve se voltar para a consolidação do protagonismo estudantil. Para tanto, a organização dos grêmios estudantis, estimula a formação política dos alunos. A unidade organizacional do educando, seja ela grêmio ou diretório estudantil, se constitui em verdadeiro laboratório de formação político-cidadã. O desenvolvimento da cidadania plena pressupõe uma formação política. A participação em Grêmios é um processo de formação e, o qual deve se iniciar desde o ensino fundamental.

Pode-se afirmar que as atividades realizadas pelo Grêmio Estudantil junto à comunidade escolar, tendo em vista o trabalho voluntário e solidário, estabelecem relações de coerência com a cultura escolar, numa dinâmica que em termos gerais se apresenta como sendo útil,

A proposta de protagonismo juvenil pressupõe um novo modelo de relacionamento do mundo adulto com as novas gerações e da escola com os educandos. Esse relacionamento baseia-se na não imposição aos jovens de uma ideologia em função da qual eles devam atuar no contexto social. Ao contrário, a partir das regras básicas do convívio democrático, o jovem vai atuar, para, em algum momento de seu futuro, posicionar-se politicamente de forma mais amadurecida e lúcida, com base não só em idéias, mas, principalmente, em suas experiências (práticas e vivências) concretas em face da realidade.

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Articulação escola-comunidadeUm ponto de extrema importância na administração da educação municipal é a proveitosa articulação escola-comunidade. Na busca de uma democracia participativa não mais se concebe uma escola afastada da comunidade a qual deve servir. Também neste aspecto, cabe ao Dirigente Municipal de Educação o papel de incentivador e articulador desta relação que tantos benefícios pode acarretar ao processo educativo.

Como visto em item anterior, um dos caminhos para alcançar estes benefícios é o fortalecimento dos conselhos sociais, em especial dos conselhos escolares, desde que garantida a representação de setores da sociedade, além dos membros da comunidade escolar. Outra

eficaz e eficiente e que é alimentada pela cultura escolar, referenciada nos denominados quatro pilares da educação, com ênfase no lema do “aprender a aprender.

Nesse sentido, o DME deve colaborar de maneira a tornar o protagonismo estudantil uma prática formativa de participação cidadã. A secretaria municipal de educação pode ter como planejamento o estímulo à formação política dos estudantes, sendo que um dos instrumentos é o estimulo à organização em grêmios estudantis. Para tanto, o Dirigente pode sensibilizar diretores, coordenadores e professores para o devido estímulo e apoio a criação de grêmios, bem como destinar um espaço na própria Secretaria de educação para essa articulação.

Com toda certeza, o apoio ao protagonismo estudantil poderá ser o canal para a comunicação entre secretaria municipal de educação e os alunos, sujeitos de todo o esforço para a melhoria da educação pública.

Sabe-se que quando a comunidade tem o sentimento de pertencimento com a escola, quando tem seu espaço assegurado dentro dela, passa a cuidar, sendo parceira, solidária e defensora do espaço escolar. Outro aspecto positivo e já comprovado da boa articulação entre a escola e seu entorno é que quanto maior a participação dos pais e da comunidade na escola, maiores são as possibilidades de um bom desempenho por parte dos alunos e professores.

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ação com bons resultados é a criação de canais de comunicação com a comunidade.

O Dirigente pode trabalhar com os diretores e equipe técnico-pedagógica da escola e estimular para que haja efetivamente a criação dos canais de comunicação e articulação com a comunidade. O objetivo destas ações é fazer com que a comunidade passe a ver a escola como sua e quando isso ocorre os ganhos são incomensuráveis. Dentre eles pode-se destacar: redução de ações de vandalismo, melhor rendimento escolar dos alunos, maior envolvimento da comunidade na busca de soluções para problemas ocorridos no interior da escola.

Outro aspecto relevante é que, por meio de uma boa articulação, se tem a possibilidade de identificar e levar para o interior das escolas pessoas da comunidade que possam contribuir para o resgate da cultura local – são os agentes de cultura. Esses agentes, quando descobertos, podem ser excelentes parceiros da escola, levando elementos da cultura da comunidade para os alunos. Desta forma, se tem a garantia da perpetuação dos elementos culturais específicos de cada comunidade.

É fundamental que o Dirigente, sua equipe e os membros da escola estejam abertos a novas possibilidades de parcerias e que sejam sensíveis à possibilidade de que pessoas aprendam umas com as outras, onde cada cidadão tem o que ensinar e aprender com o outro.

Conferência Municipal de EducaçãoComo visto no item quer trata da gestão democrática, página 65, não é mais possível continuar administrando a política educacional com ações de impacto e improvisos, sem o apoio e participação de toda sociedade. Considera-se justa e necessária a efetiva intervenção da sociedade nos assuntos de interesse coletivo, de forma a determinar o real rumo do desenvolvimento do país.

Este é o princípio da democracia participativa, movimento pelo qual se acredita que com o envolvimento dos diversos atores sociais, governo e comunidade, juntos, encontrarão soluções que possam atenuar os problemas enfrentados pela sociedade.

O encontro de soluções que visem a melhoria da educação deve passar por uma convocação da sociedade e de seus setores organizados para juntos discutirem e buscarem soluções adequadas a cada caso. Neste contexto insere-se a Conferência Municipal de Educação, que é um momento democrático da participação da comunidade na definição e no acompanhamento

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A organização e a estrutura de uma conferência municipal de educação pode criar e fortalecer espaços de debate no município e na escola acerca dos problemas educacionais e sociais da comunidade e perceber como eles interferem e se relacionam com o mundo. Além disto, a conferência se constitui em um momento privilegiado para reflexionar coletivamente e tomar decisões pertinentes a políticas e práticas educacionais que garantam o direito de aprender, tais como:

- ouvir a voz dos estudantes, dos pais e dos profissionais da educação e da comunidade local;- avaliar o sistema de gestão educacional na busca da construção de uma esfera público-participativa;- realizar um diagnóstico da situação educacional no município;- apreciar e discutir as propostas pedagógicas em desenvolvimento nas escolas;- discutir e eleger prioridades para a educação do município;- deliberar diretrizes, objetivos e metas para a educação no município;- analisar a implementação das diretrizes, metas e ações para a elaboração do Plano Municipal de Educação – caso não haja.;- discutir diretrizes para a revisão e atualização do Plano Municipal de Educação; - promover intercâmbio entre a sociedade civil e os profissionais de educação;- propor programas de valorização dos profissionais de educação;- discutir temas educacionais com repercussões nacionais no qual o município tem sua parcela de influência;- estudar ações que reflitam em mecanismos de uma política de gestão democrática com inclusão.

da política educacional municipal. É um processo que coloca a educação como centro de debate, oportunizando a todas as camadas da população participarem, opinarem e deliberarem.

No primeiro semestre do ano de 2009 é de extrema importância a realização de conferências municipais de educação em cada município brasileiro ou, em alguns casos, em um município pólo, reunindo um grupo de municípios vizinhos. Estas conferências

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terão como objetivo principal a preparação para Conferência Nacional de Educação, que acontecerá no ano de 2010, em Brasília/ DF.

A Conferência Nacional de Educação discutirá temas da Educação Infantil ao Ensino Superior, portanto os municípios devem coordenar, realizar e discutir a educação no território municipal, não só a educação sob sua responsabilidade. Esta conferência terá um papel fundamental na educação brasileira, pois seu produto final é a elaboração de um Sistema Nacional de Educação, que será construído definitivamente neste momento. Portanto a participação de todos é de extremo valor.

Como a conferência deve tratar de toda a educação e não especificamente o que é municipalizado, o envolvimento do dirigente municipal, será de suma importância tanto no planejamento e coordenação quanto durante a execução da Conferência, pois deverá ser um articulador entre as diversas esferas participantes: Secretaria Estadual, universidades, Secretaria Municipal e sociedade civil. Desta forma, espera-se que a secretaria de educação do município seja o elemento de articulação e coordenação

Além de articulador, o DME deve garantir recursos municipais para execução dessa conferência. É um trabalho, portanto, de mobilização e articulação com os demais entes que trabalham com educação: setores públicos e privados, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior. No planejamento financeiro da Secretaria, deve ocorrer a previsão de recursos que assegurem a realização da Conferência.

Verifique na Undime de seu Estado como estão os trabalhos e as deliberações da Comissão Organizadora Estadual.

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Políticas e programas para a educação básica municipal

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Políticas e programas para a educação básica municipal

A transferência voluntária é o repasse do Governo Federal para Estados, Municípios ou Distrito Federal, por meio de celebração de acordo, convênios ou similares, que tem como objetivo a realização de obras e/ou serviços de interesse comum.

O Programa Brasil Alfabetizado, criado desde 2003 para alfabetizar pessoas com 15 anos ou mais, sofreu algumas modificações a partir do PDE. Pelo menos, 75% dos professores deverão ser da rede pública de ensino e desenvolverem esse trabalho no contra turno de suas atividades. Para isso, receberão uma bolsa do Ministério da Educação.

O Programa, que atua em todo o território nacional, tem prioridade para o Nordeste, onde se encontra a maioria dos municípios com índice de analfabetismo acima de 35% e para os jovens de 15 a 29 anos.

O Programa Brasil Alfabetizado já atendeu, desde a sua criação, cerca de 7 milhões de adultos. A previsão de atendimento para 2008 é de 1,3 milhão de alfabetizandos.

O Caminho da Escola, programa que beneficia alunos da zona rural com o transporte escolar, auxilia a compra e renovação da frota de ônibus escolares. O objetivo do programa é diminuir a evasão escolar na área rural.

Os incentivos para a compra são proporcionados por linhas de financiamento do BNDES. Uma das novidades é a isenção de impostos na compra de novos ônibus. A procura por recursos excedeu as expectativas e a previsão é de que se tenha 4 mil novos meios de transporte de 2008 a 2011, entre ônibus, miniônibus, microônibus e embarcações.

Transferências voluntárias – FNDE/ Ministério da Educação

Brasil Alfabetizado

Caminho da Escola

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Políticas e programas para a educação básica municipal Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Políticas e programas para a educação básica municipal

O Governo Federal entende que construção de creches e escolas de educação infantil e a reestruturação e aquisição de equipamentos para a rede física escolar desse nível educacional são indispensáveis à melhoria da qualidade da educação. Por isso, criou o Pro-Infância, que tem o objetivo de construir e reformar creches, alem da aquisição de mobília. O Programa é parte das ações do PDE/ MEC.

O município interessado no Programa deve aderir ao Programa Todos pela Educação, na página do FNDE, bem como elaborar o Plano de Ações Articuladas - PAR. O município deve ainda enviar, via Correios, toda a documentação exigida para o FNDE e estar com seus dados orçamentários relativos à educação atualizados no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação - Siope do Ministério da Educação e deter título de dominialidade do terreno onde haverá a edificação.

As escolas construídas ou reformadas no âmbito do programa deverão priorizar a acessibilidade, fazendo as adequações necessárias a fim de permitir seu uso por portadores de necessidades especiais, criando e sinalizando rotas acessíveis, ligando os ambientes de uso pedagógico, administrativo, recreativo, esportivo e de alimentação (salas de aula, fraldários, bibliotecas, salas de leitura, salas de informática, sanitários, recreio coberto, refeitório, secretaria etc.). Para tanto, devem-se construir rampas, colocar corrimãos, adequar sanitários, e outras ações cabíveis, sempre considerando as orientações da ABNT NBR 3050.

Para a construção dos novos prédios, será habilitado um projeto-padrão que tem capacidade de atendimento a 120 crianças em período integral ou até 240 crianças, se distribuídos em turnos matutino e vespertino.

A transferência de recursos para a execução de projeto aprovado é efetuada por meio de celebração de convênio entre o FNDE e o município ou o Distrito Federal. Os recursos são transferidos em parcelas, de acordo com o descrito no Plano de Trabalho elaborado pelo município.

Pró-Infância - Programa Nacional de

Reestruturação e Aparelhagem da Rede

Escolar Pública de Educação Infantil

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Políticas e programas para a educação básica municipal

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Políticas e programas para a educação básica municipal

Secretaria de Educação Básica - SEB:

a) Ensino Fundamental com 9 anosb) Profuncionárioc) Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação - Pradimed) Pró-Conselhoe) Pró-Letramentof) Pró-Licenciaturag) Pró-Formaçãoh) Pró-Infantili) PDE Escolaj) Programa de Apoio à Leitura e à Escrita - PRALERk) Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básical) Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - Gestar I e IIm) Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolaresn) Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - Secad:

a) ProJovem - Campob) Mais Educaçãoc) Com-Vidas - Vamos Cuidar do Brasil com as Escolasd) Escola Ativae) Programa de Construção, Reforma ou Ampliação de Escolas do Campof) Programa de Construção, Reforma ou Ampliação de Escolas Indígenag) Pró-Campo – Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campoh) Pró-Indi - Formação inicial e continuada de professores indígenas em nível superiori) Rede de Educação para Diversidadej) Programa Escola Aberta: educação, cultura, esporte e trabalho para a juventude k) Escola que Protege

Programas via PAR

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l) Projeto de Capacitação de Educadores da Rede Básica em Educação dos Direitos Humanosm) Lei 10639

Secretaria de Educação Especial - Seesp

a) Programa de Educação Inclusiva: direito à diversidadeb) Programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial a Distânciac) Programa de Salas de Recursos Multifuncionaisd) Programa Escola Acessível

Secretaria de Educação a Distância - Seed

a) ProInfob) Programa de Formação Continuada Mídias na Educaçãoc) FormAção pela Escola

Ao contrário das transferências voluntárias, as automáticas consistem na transferência de recursos para o município sem a necessidade de um convênio ou contrato. O repasse é feito para uma conta aberta em nome do beneficiário e é empregado na descentralização de recursos destinados à área da educação. Os programas aderidos com tais verbas estão sob responsabilidade do FNDE.

O programa foi criado para garantir a distribuição de livros para alunos e professores da rede pública. Inicialmente, a distribuição era feita apenas para o Ensino Fundamental, mas com o PDE, o programa foi ampliado para a Educação Infantil e Ensino Médio.

Para a escolha dos acervos o MEC conta com o apoio da SBPC, que seleciona os livros mais importantes em todas as áreas do conhecimento. Essa seleção, que é de 160 livros, é disponibilizada para as escolas, que escolhem 35 obras.

Transferências automáticas – FNDE/ Ministério da Educação

Biblioteca na Escola - PNBE

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O governo federal executa três programas voltados ao livro didático, mantidos com recursos da União: o Programa Nacional do Livro Didático - PNLD, o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio - PNLEM e o Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos - PNLA.

São atendidos, por meio dos programas, os alunos de todas as séries da educação básica da rede pública, os matriculados em classes do programa Brasil Alfabetizado, e os estudantes com deficiência visual (livro didático em braille), de escolas de educação especial públicas e das instituições privadas comunitárias e filantrópicas.

A execução é feita diretamente pelo FNDE, não havendo repasse de recursos para as aquisições de livros, que são realizadas de forma centralizada. Depois da compra, eles são enviados aos estados, municípios, entidades comunitárias e filantrópicas e entidades parceiras do Brasil Alfabetizado. A definição do quantitativo de livros a ser adquirido é feita com base no censo escolar do ano anterior.

Os resultados do processo de escolha são publicados no Diário Oficial da União e, se for necessário, os estados e municípios podem solicitar alterações, com a devida comprovação de erro.

Livros didáticos

Nesse momento, o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação verifica quais as obras mais votadas em todos os estados e forma 27 acervos com 80 títulos cada um. Um acervo para cada estado.

A intenção do Ministério da Educação é dar continuidade ao projeto formando acervos nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Nos anos seguintes o objetivo é distribuir, alternadamente, para o ensino infantil e as séries iniciais do ensino fundamental nos anos pares e ensino médio e série finais do ensino fundamental nos anos ímpares.

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PNLD e PNLEM

Ensino fundamental (1º ano): material específico para o processo de alfabetização.

Ensino fundamental (2º ano ao 9º ano): Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia

Ensino médio: Língua Portuguesa, Matemática, História, Biologia, Química, Geografia, Física.

PNLA

Livros didáticos para atender especificamente ao público jovem e adulto e dar apoio aos alfabetizadores.

O PNAE, criado em 1955, garante por meio da transferência de recursos financeiros, alimentação escolar a alunos da educação infantil e ensino fundamental, inclusive de escolas indígenas, matriculados em escolas publica ou filantrópicas. O objetivo é atender as necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como promover a formação de hábitos alimentares saudáveis.

Os recursos do PNAE estão assegurados no Orçamento Geral da União e são transferidos as entidades executoras (Distrito Federal, estados e municípios). Essas entidades têm autonomia para administrar os recursos e complementá-los, conforme a Constituição. Os Estados e Municípios ainda são responsáveis pela elaboração do cardápio, que deve ser feito por um nutricionista habilitado.

O repasse é feito aos estados e municípios, com base no censo escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. O programa é acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAEs), pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da União - TCU, pela Secretaria Federal de Controle Interno - SFCI e pelo Ministério Público.

Programa Nacional de Alimentação Escolar

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A finalidade do PDDE é ajudar, de forma suplementar, escolas do ensino fundamental da rede municipal, estadual e do Distrito Federal, com o objetivo de trazer melhorias a infra-estrutura física e pedagógica das escolas, bem como o reforço da autogestão escolar nos planos financeiro, administrativo e didático e a elevação dos índices de desempenho da educação básica.

Os recursos são transferidos independente de convênios com o FNDE, de acordo com o censo escolar do ano anterior e destinam-se a cobertura de despesas como: aquisição de material permanente, quando recursos de capital, manutenção, conservação e pequenos reparos no prédio da escola, avaliação da aprendizagem, implantação de projeto pedagógico, funcionamento das escolas nos fins de semana, promoção da Educação Integral.

Em 2008, o PDDE passou a atuar na implantação da Educação Integral nas escolas, que consiste em aumentar, pelo menos, para 07 horas diárias o horário letivo. Isso acrescenta atividades culturais, artísticas, esportivas ou de aprendizagem. Com a ampliação das ações, o orçamento chega a R$ 944, 9 milhões. Quase o dobro de 2007.

O PNATE tem como finalidade garantir o acesso e a permanência de alu-nos, que moram na zona rural, da rede publica do Ensino Fundamental e que dependem de transporte escolar. O Programa baseia-se na transfer-ência de recursos sem a necessidade de convênio para suprir as despesas com o transporte, tais como, consertos, impostos, combustível, serviços de mecânica, funilaria e lanternagem, etc., além de permitir o pagamento de serviços de terceiros para o transporte escolar dos alunos.

Os valores são repassados diretamente aos estados e municípios e são feitos em 09 parcelas, de marco a novembro.

Em 2008, o cálculo do montante de recursos financeiros a serem destinados aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios tem como base o

Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE

Programa Nacional de Apoio ao Transporte

Escolar – PNATE

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quantitativo de alunos da zona rural transportados e informados no Censo Escolar relativo ao exercício de 2007; os Fatores de Necessidade de Recursos do Município (FNR-M) e de Correção de Desigualdade Regional (FCDR). Para o cálculo do Fator de Necessidade de Recursos do Município, foi acrescido o Ideb.

A Prova Brasil é um sistema de avaliação utilizado pelo MEC visando obter informações sobre educação nos municípios, com o objetivo de ajudar aos governantes no investimento de recursos e a comunidade escolar no desenvolvimento de ações pedagógicas e administrativas.

A prova, que teve seu inicio em 2005, é aplicada pelo INEP a alunos de 4ª a 8ª serie do ensino fundamental. São provas de português e matemática, além de um questionário sócio-econômico. Como resultado, o exame fornece as médias nacionais, regionais e municipais para escolas e os entes federados.

É por meio da Prova Brasil que se realiza uma das mais importantes avaliações de ensino do Brasil, o IDEB. Ou seja, a Prova Brasil reflete a realidade das escolas publicas do ensino fundamental brasileiro, todos os anos.

Prova Brasil

Avaliação, formação docente e incentivo à aprendizagem

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A Provinha Brasil é um instrumento de avaliação criado pelo Inep, com o objetivo de montar um diagnostico do nível de alfabetização de crianças da rede pública de ensino após o primeiro ano de escolaridade.

Essa avaliação possibilita, a partir de seus resultados, que tanto os gestores públicos quanto os professores interfiram em possíveis níveis de deficiência no processo de alfabetização dessas crianças, melhorando assim a evolução na aprendizagem.

A Provinha Brasil é um dos programas que compõem o PDE e sua adesão pelas secretarias estaduais e municipais é voluntária e deve ser feita no Portal do MEC. Após a adesão, os municípios podem fazer o download do material. Fica sob responsabilidade de cada município o sigilo do teste, bem como sua aplicação e correção. A Provinha Brasil tem fins pedagógicos e, portanto, não tem objetivos classificatórios.

A Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas é um projeto voltado para as escolas públicas, seus professores e alunos que cria, na competição, um ambiente estimulante para o estudo da matemática.

A Olimpíada se caracteriza por um conjunto de atividades que vão desde as provas, suas aplicações e correções até Programa de Iniciação Cientifica realizado em diversas partes do país. E os índices de resultados são satisfatórios. Os números mostram que muitos estudantes melhoram o desempenho em outras disciplinas, mudam a visão que possuem da matemática e conseguem bons índices de aprovação em concursos e vestibulares.

Provinha Brasil

Olimpíada Brasileira de Matemática das

escolas públicas

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A Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa, uma parceria entre MEC, Fundação Itaú Social e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária - Cenpec, consiste em um programa de desenvolvimento de métodos pelos professores, em sala de aula, seguindo um caderno de orientações. Isso gera uma melhor didática para os professores e uma maior compreensão da língua pelos alunos.

Alunos de escolas públicas do 5º ao 9º ano do ensino fundamental podem participar, bem como alunos dos dois últimos anos do ensino médio. Os prêmios são medalhas, divulgação dos trabalhos classificados e bolsas de iniciação científica.

A TV Escola é um canal de televisão do Ministério da Educação que capacita, aperfeiçoa e atualiza educadores da rede pública desde 1996, contribuindo para a melhoria da educação na escola. O professor pode, além de utilizar o canal para enriquecer seu conhecimento, usar DVDs em aula para os alunos.

Os principais objetivos da TV Escola são o aperfeiçoamento e valorização dos professores da rede pública, o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem e a melhoria da qualidade do ensino.

O RIVED – Rede Interativa Virtual de Educação visa disponibilizar virtualmente conteúdos pedagógicos da Educação Básica, objetivando aliar a informática ao conteúdo escolar. Com isso é possível estimular o raciocínio, desenvolver o pensamento crítico dos alunos e melhorar sua aprendizagem.

Uma das metas do Ministério da Educação é a política de informatização das escolas brasileiras. A previsão do Governo Federal é a instalação de 25 mil laboratórios de informática, 22 mil escolas com banda larga e 100 mil professores capacitados ainda esse ano.

Olimpíada Brasileira da Língua Portuguesa

TV Escola

Rede Interativa Virtual de Educação – Rived

Portal do Professor

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Dentro dessa política está o Portal do Professor. Ajuda a preparar aulas, disponibilizando fotos, mapas e vídeos, de acordo com o currículo de cada disciplina. Permite que o professor busque informações sobre cursos de formação em Estados, Municípios e até na área federal. Além disso, disponibiliza chats e blogs que permitem a integração entre os profissionais, e conta com links de bibliotecas e museus. Notícias e os vídeos ainda podem ser produzidos pelos próprios professores e serem divulgadas no Jornal do Professor, também disponível no Portal.

O Programa Bolsa Família (PBF) beneficia, por meio de transferência direta de renda, famílias em situação de pobreza, com renda entre R$ 60,01 a R$ 120,00 e de extrema pobreza, com renda mensal até R$ 60,00. O PBF pauta-se na promoção de alívio imediato da pobreza, reforço ao cumprimento de direitos sociais básicos de saúde e educação e coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. Um dos exemplos de programas complementar é o programa de geração de emprego e renda.

O Programa integra o FOME ZERO que visa assegurar o direito humano à alimentação adequada, contribuindo para erradicação da extrema pobreza.

O Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Saúde lançou, em junho de 2008, O Programa Saúde na Escola que tem como meta melhorar e prevenir a saúde de alunos e professores sem que eles precisem sair da escola.

O Programa faz a avaliação de alunos e garante o atendimento para tratamento de males comuns como odontológico e oftalmológico. Ajuda também os professores a cuidar de problemas de saúde como a Síndrome de Burnout, que é o desinteresse profundo pelo trabalho.

Bolsa Família

Saúde na Escola

Programas Intersetoriais

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Além disso, o Programa auxilia na prevenção, realizando oficinas sobre alcoolismo e incentivando hábitos saudáveis, como boa alimentação e prática de exercícios físicos. Para que tudo isso aconteça basta que os municípios, estados e Distrito Federal façam adesão ao programa.

Com o objetivo de reduzir a evasão escolar, o Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Saúde lançou o Programa Olhar Brasil, com o objetivo de identificar e corrigir problemas visuais. O Programa permite também que a comunidade escolar tenha mais acesso à consultas oftalmológicas. O público alvo são os alunos da Educação Básica e os alfabetizandos do Programa Brasil Alfabetizado (PBA).

Uma das ações do Programa é capacitar os alfabetizadores e coordenadores do Programa Brasil Alfabetizado para fazer a triagem dos alunos e encaminhá-los às consultas. O Governo Federal tem o intuito de expandir o Olhar Brasil a todos os Estados e Municípios que tenham parceria com o PBA.

O Programa BPC na Escola tem por objetivo identificar as barreiras que impedem a inserção e a permanência na escola de crianças e jovens, de 0 a 18 anos, com alguma deficiência, atendidos pelo Programa Beneficio de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC).

Essas dificuldades serão identificadas por meio de questionários que avaliam as condições de saúde, educação e assistência desses beneficiados. Numa de suas primeiras ações, o BPC na Escola encontrou cerca de 270 mil crianças e jovens fora da escola. Um dos fatores apontados como dificuldade para o acesso a escola foi o transporte.

A partir desses questionários será possível identificar as dificuldades para que essas pessoas tenham acesso à escola e orientar as políticas públicas que atenderão a essa população.

Olhar Brasil

Programa Benefício de Prestação Continuada -

BPC na Escola

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - Políticas e programas para a educação básica municipal

Lançado em 2005 pelo Governo Federal, o Programa faz parte da Política Nacional de Juventude, que compreende, além da Secretaria Nacional de Juventude e do Conselho Nacional de Juventude, o desenvolvimento do Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária – ProJovem.

A iniciativa visa promover ações integradas em diferentes áreas e ministérios e, por isso, reúne representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República, da Casa Civil e dos Ministérios da Educação, do Desenvolvimento Social, do Trabalho e Emprego, da Cultura, do Esporte e do Planejamento.

O Programa foi reformulado e suas frentes de atuação foram divididas em modalidades:- ProJovem Adolescente, que objetiva complementar a proteção social básica à família, oferecendo mecanismos para garantir a convivência familiar e comunitária e criar condições para a inserção, reinserção e permanência do jovem no sistema educacional. Consiste na reestruturação do programa Agente Jovem e destina-se a jovens de 15 a 17 anos.- ProJovem Urbano, que tem como finalidade elevar o grau de escolaridade, incentivando a conclusão do ensino fundamental, a qualificação profissional e o desenvolvimento de experiências de participação cidadã. Constitui uma reformulação do ProJovem – Programa Nacional de Inclusão de Jovens.- ProJovem Campo, que busca fortalecer e ampliar o acesso e a permanência dos jovens agricultores familiares no sistema educacional, promovendo elevação da escolaridade - com a conclusão do ensino fundamental - qualificação e formação profissional, como via para o desenvolvimento humano e o exercício da cidadania. Valendo-se do regime de alternância dos ciclos agrícolas, reorganiza o programa Saberes da Terra.- ProJovem Trabalhador, que unifica os programas Consórcio Social da Juventude, Juventude Cidadã e Escola de Fábrica, visa à preparação dos jovens para o mercado de trabalho e ocupações alternativas geradoras de renda.

Projovem

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - fundamentos, políticas e práticas

Entidades educacionais e redesABRUEM – Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais

ANDES/ SN - Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior.

Andifes – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

Anfope - Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação

Anpae - Associação Nacional de Política e Administração da Educação

Anped - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação

Campanha Nacional pelo Direito à Educação

CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

Confenapa - Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos

Consed - Conselho Nacional de Secretários de Educação

Contee - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino

Fasubra - Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras

FNCEE – Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação

Forgrad - Fórum Brasileiro de Pró-Reitores de Graduação

Forumdir - Fórum Nacional de Diretores de Faculdades/ Centros/ Departamentos de Educação ou Equivalentes das Universidades Públicas Brasileiras

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - fundamentos, políticas e práticas

Fóruns de Educação de Jovens e Adultos

Mieib – Movimento Interfóruns de Educação Infantil no Brasil

PROIFES - Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior

SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

Sinasefe - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional

UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

Uncme – União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação

UNE – União Nacional dos Estudantes

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - fundamentos, políticas e práticas

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Orientações ao Dirigente Municipal de Educação - fundamentos, políticas e práticas

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Orientações ao DirigenteMunicipal de Educaçãofundamentos, políticas e práticas

Orientações ao DirigenteMunicipal de Educaçãofundamentos, políticas e práticas

Orientações ao Dirigente

Municipal de Educação

fundamentos, políticas e práticas

O documento Orientações para o Dirigente Municipal de Educação ‒ fundamentos, políticas e práticas oferece subsídios para a implementação e execução de políticas e programas educacionais no âmbito municipal. Em cada uma de suas seis seções propicia reflexões, pistas e orientações conduzindo a um planejamento e gestão globais da política educacional, capazes de contribuir para o enfrentamento dos antigos e novos desafios postos aos sistemas e redes públicas municipais de ensino do Brasil. Espera-se, desse modo, que seja utilizado como um instrumento prático e de apoio pelos Dirigentes Municipais de Educação - DME de todo o país.

Realização ApoioApoio institucional

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