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ORIENTAÇÕES PARA A REFLEXÃO, FACE AO 21º CAPĺTULO GERAL Comissão Preparatória do 21º Capítulo Geral

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ORIENTAÇÕES PARA A REFLEXÃO,FACE AO 21º CAPĺTULO GERAL

Comissão Preparatória do 21º Capítulo GeralRoma, 30 de janeiro de 2009

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INTRODUÇÃO

Queridos irmãos, leigos e jovens maristasA Comissão preparatória do 21º Capítulo Geral se reuniu de 28 de novembro a 3 de dezembro de 2008 para conhecer e analisar as respostas que nos chegaram na primeira fase preparatória.

Queremos agradecer a contribuição que deram para esse importante trabalho. Uma rápida estatística revela que em torno de 6.000 pessoas participaram do processo de discernimento ao qual convidáramos 2.500 irmãos, 2.100 leigos, 550 pessoas dos organismos maristas e 820 jovens. Os números demonstram o interesse suscitado pelo próximo Capítulo geral, o que significa um estímulo para todos.

Queremos agradecer também a riqueza das contribuições que recebemos. O conjunto dos documentos que chegaram das diversas Províncias, já sintetizados em nível local, representa um relatório de quase 400 páginas.

O presente documento que lhes enviamos é, junto com a Circular do Ir. Seán – “Corações novos para um mundo novo”, mais o Relatório do Conselho geral, um dos três documentos que tínhamos anunciado como instrumentos de reflexão, na segunda fase preparatória ao Capítulo. Para facilitar a leitura do presente documento, apresentamos em seguida sua organização geral:

- A primeira parte é uma síntese das respostas à Consulta Inicial.- A segunda parte oferece pistas para aprofundar a reflexão e suscitar o diálogo, a partir das

idéias contidas na síntese.- A terceira parte contém um plano de ação para o desenvolvimento da segunda fase, que vai

de fevereiro de 2009 até o Capítulo geral.

Durante a Consulta Inicial, vocês participaram da reflexão mediante um processo de discernimento grupal e de síntese provincial. Na segunda fase, os irmãos capitulares têm uma tarefa específica: escutar a cada irmão em nome do Instituto. Para isso, deixamos que cada Província se organize livremente, de acordo com o coordenador regional, membro da Comissão preparatória. Convidamo-los, pois, a participarem desta segunda fase, conforme as indicações da respectiva Província.

Com a publicação dos resultados da Consulta Inicial e com a eleição dos delegados ao Capítulo, entramos na dinâmica do Capítulo geral. Seja para nós um tempo de escuta do Espírito. Que Maria e Marcelino nos acompanhem neste peregrinar!

Em nome da comissão preparatória,

Ir. Maurice Berquet, Conselheiro Geral Ir. Teodoro GragedaCoordenador Secretário

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PRIMEIRA PARTESíntese das respostas da Consulta Inicial

Esta primeira parte oferece uma síntese das respostas da Consulta Inicial, realizada no Instituto, de julho a outubro de 2008.

Metodologia * A primeira fase da consulta foi feita em 4 grupos diferentes, cada um com questionário específico: comunidades de irmãos, grupos de leigos maristas, organismos maristas e grupos de jovens maristas. Um facilitador provincial, nomeado pelo Ir. Provincial, fez uma síntese na Província e enviou-a para o Irmão Teodoro Grageda, Secretário da Comissão preparatória.

* Em novembro de 2008, alguns membros da Comissão preparatória começaram a ler as contribuições das Províncias e a preparar uma síntese para a reunião da Comissão preparatória, de 28 de novembro a 3 de dezembro. A elaboração dessa síntese obedeceu a um processo. Uma primeira leitura permitiu-nos identificar os quatro temas maiores que surgiram dos grupos e de cada uma das Unidades administrativas. Na síntese usamos números para mostrar quantas pessoas ou grupos tinham expressado a mesma opinião. Quando duas ideias eram muito semelhantes, reunimo-las sob um mesmo nome. Uma revisão final permitiu-nos incluir outras questões, que em algumas Províncias apareciam em 5º ou 6º lugar, em ordem de importância.

* Na elaboração da síntese de todo o Instituto, pudemos identificar os sete temas mais destacados. Nesse trabalho estivemos atentos à voz de cada continente. Pareceu-nos muito importante que o

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Instituto inteiro estivesse presente em nosso relatório. A internacionalidade do Instituto é um ponto importante, enfatizado mais vezes pelo Ir. Seán. O resultado foi o seguinte:

- Uma lista de 7 temas para as comunidades: a identidade e a vocação dos Irmãos; missão; leigos maristas e colaboração entre leigos e irmãos; espiritualidade; consagração e comunidade; governo e, finalmente, a autonomia econômica.

- Uma lista de 4 temas para os leigos maristas: a vocação dos irmãos, missão, colaboração entre leigos e irmãos e espiritualidade.

- Uma lista de 6 temas propostos pelos organismos maristas: identidade, missão, leigo marista, consagração, governo e reestruturação. Uma pergunta especial dirigida a esse grupo referia-se às estruturas de governo e à animação do Instituto.

- Uma lista de 5 temas para os grupos de jovens maristas: identidade, leigo marista, missão, espiritualidade e consagração.

As páginas seguintes oferecem uma visão detalhada dos temas citados. As perguntas 1, Temas/Desafios, e 2, Propostas concretas, eram comuns a todos os grupos. Reunimos as respostas dos irmãos e comunidades, aquelas dos organismos maristas, e as dos leigos maristas e jovens. As motivações dadas para identificar temas e propostas não constam desta síntese. Foram úteis para entender melhor o significado dos desafios e planos de ação sugeridos.

A. Visão de conjunto das perguntas 1-2: Preocupações e linhas de ação Neste parágrafo oferecemos uma breve síntese das respostas das Províncias à Consulta Inicial. É possível organizar as respostas em torno de alguns títulos, chamados temas. Estes são: a identidade e a vocação dos irmãos; missão; leigo marista e colaboração entre leigos e irmãos; espiritualidade; consagração e comunidade; governo e autonomia econômica.

1. IDENTIDADE E VOCAÇÃO DOS IRMÃOS 1.1. Existe certa confusão entre os elementos que são comuns e os que são específicos na caracterização dos irmãos e leigos. É preciso definir a identidade do irmão marista e esclarecer nossas vocações respectivas de irmãos e leigos. Este é um sentimento expressado por irmãos, leigos e organismos maristas, na América Latina, África, Europa e Oceania.

1.2. Os irmãos da África e da Ásia constataram que há uma diminuição de vocações no Instituto. Alguns sugeriram um novo ano vocacional no Instituto, além de outros meios: mais irmãos sejam destinados à pastoral vocacional em tempo completo, mais irmãos em contato com os jovens e mais abertura das comunidades. A fidelidade e a perseverança são temas capitais, no que se refere à crise de vocações, tal como o indicaram os irmãos e leigos da África e da América Latina. Alguns sugerem maior acompanhamento dos irmãos, e programas de renovação para irmãos e leigos.

1.3. Na opinião dos irmãos e organismos da Oceania, Ásia e África, a vocação à vida religiosa de Irmão não é suficientemente significativa ou relevante para a Igreja e para o mundo. Entretanto, os irmãos da América do Norte afirmam que os Irmãos maristas têm algo a oferecer à Igreja. 1.4. Nossa formação inicial, atual, não responde aos desafios da vida religiosa de hoje. Assim por exemplo o aumento dos leigos, em nossas obras é um desafio. Há quem sugira a atualização do ‘Guia de Formação’. Os Irmãos, leigos e jovens da América latina e da África assinalaram isso.

2. A MISSÃO

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2.1. Na Europa, foi anotada a necessidade de apresentar um Evangelho encarnado, mais do que uma doutrina. O desafio está na atenção aos valores, em face do mundo materialista, para evangelizar verdadeiramente. Na América Latina e na Ásia, se vê a necessidade de uma nova evangelização num mundo novo. A América do Norte e do Sul expressam que precisamos oferecer experiências de Igreja, e a Ásia acrescenta que devemos apresentar Jesus Cristo. Todas estas são vozes dos irmãos e jovens.

2.2. Irmãos, leigos, organismos maristas e jovens estão de acordo em que a solidariedade é um elemento importante da missão. A América fala de opção pelos pobres, enquanto a Ásia convoca os irmãos e leigos a fazerem-se presentes, junto aos menos favorecidos. A Europa propõe que os movimentos de jovens se comprometam com o trabalho social. Ocupar-se com os mais necessitados está entre as prioridades tanto da América Latina como da Europa.

2.3. Os irmãos, organismos maristas e jovens da Europa sublinharam a necessidade de desenvolver uma presença educativa informal, nova e audaz. A América Latina sublinha que, mais do que procurar lugares, trata-se da necessidade de novas formas de presença. Esta presença, na perspectiva asiática, deve levar em conta as realidades sociais.

2.4. A necessidade de proximidade ao que é marista foi lembrada pelos irmãos, leigos e jovens da América Latina e da Ásia. A Europa concorda com a América Latina na importância de os Irmãos estarem perto da juventude. A Ásia denominou isso de ser Champagnat presente no espírito da amizade. O perigo está em desconhecer os desafios dos jovens.

2.5. Grupos de leigos e organismos maristas, na América Latina e na Ásia, insistem na necessidade de maior visibilidade na missão e nas instituições maristas. Não podemos esquecer de tornar visível a identidade marista em nossos trabalhos, como foi sugerido pela América do Norte.

2.6. Desenvolver a defesa das crianças é um sentimento compartilhado pelos irmãos, leigos e organismos maristas na Europa, América Latina, Oceania e Ásia.

2.7. Pensando em superar as fronteiras e ampliar os horizontes, irmãos, leigos e jovens da Europa, Ásia e Américas afirmaram a necessidade de reforçar e apoiar a Missão ‘ad gentes’. Além disso, a América propôs a possibilidade de os jovens e leigos participarem nessa tarefa. A África pede uma avaliação do atual programa ‘ad gentes’.

2.8. Ampliando a área da missão, os irmãos, leigos e jovens da América Latina e América do Norte propõem que essa missão marista seja estendida às famílias. A Ásia pensa que é uma boa ideia para o intercâmbio de pessoas.

2.9. Os quatro grupos específicos na América Latina e na Ásia, falando sobre a colaboração com os leigos, creem que precisamos desenvolver uma visão comum da missão marista, entre os irmãos e leigos.

2.10. A educação formal é uma parte da missão. Os irmãos, leigos e jovens da África e América Latina, mesmo afirmando que a escola é um lugar privilegiado para a missão, dizem que é preciso haver mais universidades de qualidade e centros para a juventude que ofereçam uma educação crítica, com nova pedagogia. Além disso, algumas vozes da África nos dizem que os colégios precisam ser atualizados na área da tecnologia da informação. A Ásia nos recorda a importância de promover a educação marista. Sugerem também que nossos programas de educação se estendam e se abram aos temas do ambiente e da paz. A América do Norte identificou a necessidade de as escolas maristas se voltarem ao trabalho em favor dos jovens oriundos de famílias desestruturadas.

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A África, América do Norte e Ásia também lembram a necessidade de tornar a educação marista economicamente mais acessível.

2.11. Manter vivo o carisma marista em nossos trabalhos apostólicos é uma preocupação para muitos. A maioria sugere que se continue e desenvolva a formação do quadro do pessoal na espiritualidade e no carisma maristas. Alguns propõem a criação de um Secretariado Internacional para a educação marista; outros solicitam que se disponha, em cada Unidade administrativa, de um centro Champagnat aberto para todos.

3. LEIGOS MARISTAS E COLABORAÇÃO ENTRE LEIGOS E IRMÃOS 3.1. Os irmãos e leigos da África e da América Latina solicitam que a identidade do leigo e dos irmãos seja definida mais claramente. Na mesma linha, a Europa sugere que se obtenha para eles um reconhecimento legal.

3.2. Alguns da Europa e da América Latina solicitam a definição de novas formas de compromisso para os leigos maristas, enquanto a África sugere explorar novos modos de compartilhar a vida e a missão. A Ásia pede um estudo sobre o tema da pertença ao Instituto de pessoas não cristãs.

3.3. Irmãos, leigos e jovens, na América Latina e na África, consideram necessário esclarecer até que ponto os leigos podem participar na tomada de decisões. Da Oceania chega a necessidade de avaliar as estruturas atuais, enquanto a Europa crê estar aberta à idéia da corresponsabilidade. A América Latina e a Oceania concordam no aspecto de que não se avança na área da tomada de decisões entre irmãos e leigos.

3.4. Todos os grupos da América Latina, África, América do Norte e Ásia pensam que são necessários planos de formação conjunta, especialmente na área da espiritualidade. Pensa-se na possibilidade de redigir um Guia de Formação para irmãos e leigos, com a inclusão de um capítulo especial: a liderança.

3.5. A idéia de comunidades mistas representa um desafio para nós. O tema foi debatido por todos os grupos da América Latina e da Oceania. No entanto, há um acordo geral em apoiar e ampliar essas comunidades mistas, sobretudo para missões específicas.

3.6. Os irmãos e os jovens, na Ásia e Europa, veem a necessidade de fortalecer o Movimento Champagnat da Família Marista e dar-lhe autoridade.

3.7. Há modos diferentes de viver e de atualizar o carisma, segundo os irmãos, leigos e jovens da América Latina, Oceania e Ásia, enquanto na África se constatou que há grande desejo de vivê-lo. Os da Oceania acrescentaram a importância da vida de oração e a Ásia lembrou, repetidamente, a necessidade de centrar nossas vidas em Jesus.

3.8. Os leigos da América Latina observaram que é necessária uma pastoral vocacional para os leigos, porque, segundo eles, a vocação dos irmãos e leigos maristas parece não estar suficientemente diferenciada.

3.9. Os irmãos da América Latina lembram a necessidade de trabalhar prioritariamente na solidariedade e de realizar um esforço conjunto, irmãos e leigos em favor dos mais desfavorecidos.

4. ESPIRITUALIDADE

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4.1. O lugar de Maria, segundo os irmãos da Oceania, está um tanto ofuscado. Os da América do Norte e Ásia dizem que o espírito marista deve influenciar o ambiente de trabalho.

4.2. Os irmãos da América do Norte e da América Latina falam do progressivo desenvolvimento da espiritualidade marista. Para apoiar essa realidade, é preciso estabelecer um processo de crescimento, a partir de uma visão mais moderna, que promova a unificação pessoal e a integração da vida. É preciso assegurar estruturas e recursos que os irmãos e os leigos propuseram para levar a bom termo o mencionado crescimento.

4.3. A Europa e a América Latina sugerem aprofundar o documento “Água da Rocha”, mediante cursos, seminários e retiros.

4.4. A simplicidade, o espírito de família e seguir Jesus, do jeito de Maria, são características maristas importantes para os leigos da Ásia.

4.5. Tal como o veem os jovens da América Latina, precisamos atacar o tema da formação à espiritualidade marista.

5. CONSAGRAÇÃO E COMUNIDADE

5.1. O tema da vida de oração foi apresentado pelos irmãos e organismos maristas da África e da Ásia. As respostas da África revelam uma fé enfraquecida. Jesus como centro é um tema partilhado nas contribuições recebidas da América Latina e Ásia. Há um apelo para prestar maior atenção à vida de oração, tanto pessoal quanto comunitária.

5.2. Os irmãos e organismos maristas da Europa insistem na necessidade de dar testemunho do Evangelho. Os da América Latina falam de um estilo de vida simples para chegar a ser povo de Deus.

5.3. O acompanhamento vocacional é um tema importante que merece atenção; leigos, organismos maristas e jovens da África lamentam a realidade dos irmãos que abandonam o Instituto. A América Latina e a Ásia veem a necessidade de fortalecer a vocação dos irmãos, dado que há sempre maior necessidade deles. É preciso imaginar nova forma de animação vocacional. Também assim, vozes da América Latina e da África falam de promover a pastoral vocacional e de amparar a vocação do irmão. Os formadores precisam atualizar-se, acrescenta a África.

5.4. Os irmãos africanos, os leigos e organismos maristas veem nas comunidades de irmãos um crescente individualismo e materialismo e uma relação interpessoal fraca. Da América Latina e Ásia chega o eco de uma nova vida religiosa marista que integre o projeto de vida comunitária e o projeto pessoal de vida, sublinhando ao mesmo tempo a simplicidade e a centralidade de Jesus Cristo. As respostas latino-americanas partilham, com as do Oceania, a necessidade de ser visível, fraterna, próxima e profética. Uma comunidade de estilo novo, integrada na Igreja e na sociedade, conforme proposta da América Latina. Isso significa, lembra a Ásia, que as velhas tradições não são aplicáveis, hoje. Por que não promover um “Ano da Comunidade”, em todo o Instituto? sugerem alguns, na Europa. As Américas propõem a introdução do processo de discernimento em todos os níveis.

5.5. Nossos irmãos necessitam de novos processos formativos; intensificar a formação acadêmica e promover a formação contínua. Os irmãos e leigos da América Latina lembram isso. A Ásia e a Europa insistem na necessidade de programas de formação à vida comunitária e para os líderes de comunidade.

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5.6. Para um novo mundo, os irmãos da Ásia fazem observar que manter-nos apegados às tradições pode não ajudar a viver nossa consagração, hoje.

6. GOVERNO

6.1. O fato de haver poucos líderes e a necessidade de promover uma liderança que gere vida foram expressados pelos irmãos e organismos maristas da África e da Ásia. Na Europa, se falou de coerência e de líderes que sejam modelos em sua função. As vozes da Ásia acrescentaram que é preciso animar e promover a participação dos leigos na liderança.

6.2. A Europa sugere continuar com o tipo de Conselho geral ampliado, mas pede estruturas mais simples e eficazes.

6.3. As estruturas de gestão precisam ser atualizadas e é preciso estudar a sustentabilidade das obras maristas. Este ponto foi apresentado pela América Latina e África.

6.4. No que se refere à estrutura de governo, os leigos e os organismos maristas, na Europa e Oceania, observaram que é insuficiente a presença das regiões no Conselho geral. Por isso é necessário um novo modelo de Administração geral. A Europa e a América Latina trazem a idéia de criar novos secretariados, por ex., Educação e Jovens.

6.5. A Oceania lembrou o problema de corpos de governo separados para a vida religiosa e a missão/carisma, como modo de esclarecer responsabilidades e tomada de decisões, entre irmãos e leigos.

6.6. A reestruturação, tal como é vista pelos organismos maristas da África, complicou a missão dos provinciais. As distâncias aumentaram e a falta de comunicação traz dificuldades em muitos lugares. A Ásia assinala que as novas estruturas não deveriam sobrecarregar os provinciais, mas dar-lhes mais tempo. Há sugestões da América latina, da África e Europa para avaliar o processo da reestruturação e seus resultados.

7. AUTONOMIA ECONÔMICA Este ponto foi tratado pela África e Ásia. 7.1. Os organismos maristas e algumas comunidades da África manifestam a dificuldade em conseguir a autonomia econômica. Reconhecem-se demasiado dependentes. Alguns sugerem a elaboração de projetos autossuficientes que possam sustentar a missão marista ou projetos que gerem receitas para as necessidades da Província.

7.2. Os organismos maristas, na Ásia e na África, insistem na necessidade de estabilizar a área econômica. A reestruturação criou Unidades administrativas muito extensas e, em conseqüência, despesas muito altas.

B. Visão de conjunto da pergunta 3, específica para cada grupo A pergunta 3 da Consulta Inicial era específica para cada grupo. Segue uma síntese das respostas, por regiões.

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1. IRMÃOS

As motivações que nos animam a dar nossa vida cada dia como Irmãos Maristas

Segundo comentários, esta pergunta ofereceu a oportunidade para uma partilha em profundidade, entre os irmãos. Registramos as três motivações mais importantes que ocorreram em cada região do Instituto.

Na Europa, os irmãos insistem na palavra Fidelidade: a fidelidade ao chamado de Deus; Deus ama e eu quero responder. Tenho a certeza de que Deus sempre foi fiel. Como pessoa consagrada, entrego-me à minha comunidade e aos outros.

Na África, as três motivações principais foram: tornar Jesus conhecido e amado, através dos nossos projetos educativos e da solidariedade com os jovens e com os pobres. Responder ao amor de Deus, de Jesus e de Maria, através dos meios espirituais: a oração, os sacramentos, a Eucaristia, a devoção mariana, os retiros e encontros de espiritualidade. Anima-nos o testemunho dos irmãos anciãos e dos mártires, além do apoio da vida fraterna.

Na Ásia e na Oceania, a fé profunda é a motivação principal que anima os irmãos. A convicção de que Deus me quer aqui. A possibilidade de evangelizar é também outra razão. E por fim, a alegria de viver a vida em plenitude, cheia de sentido.

Nas Américas, a motivação principal é o amor a Jesus Cristo e a seu Evangelho, como Maria, Marcelino e São José. Nossa missão: tornar Jesus conhecido e amado por crianças e jovens, através da educação. Nossa fé e nossa resposta ao chamado de Deus para viver o Evangelho como Irmão Marista.

2. ORGANISMOS MARISTAS Esta pergunta não foi respondida por todas as Províncias. O que apresentamos não reflete, pois, a opinião de todo o Instituto. As respostas são apresentadas por regiões.

MUDANÇAS OU ALTERAÇÕES nas ESTRUTURAS DE ANIMAÇÃO E DE GOVERNO do INSTITUTO que nos parecem apropriadas para melhor responder a esses temas ou desafios, e para aplicar as propostas de ação.

2.1. Organização geral Para a Europa e América Latina, é necessário descentralizar o governo, reforçando o nível regional; ter um Conselheiro geral vivendo em cada região. Sugere-se que o Conselho geral ampliado seja institucionalizado. Para a Europa, é preciso repensar o estilo das visitas do Conselho geral, no que se refere à duração e ao conteúdo.

2.2. Administração geral Quanto à Administração geral, os pontos de vista são diferentes. Para a Europa, é preciso simplificar a administração e reduzir o número dos secretariados. Duas palavras-chave para essa reorganização são: economia e simplicidade. No entanto, uma Província sugere aumentar o número de Conselheiros gerais, em vez de criar mais secretariados e equipes internacionais para temas específicos.

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Por sua vez, a América sugere manter os secretariados e comissões existentes e assegurar a continuidade, especialmente na missão e no laicato. São propostos dois outros secretariados: juventude e formação.

2.3. Lugar dos leigos Para a América Latina, o número cada vez maior de leigos comprometidos com o Instituto obriga a desenvolver a corresponsabilidade e a formação deles, nas estruturas de animação e de governo. Na opinião da América Latina e da Europa, os leigos devem ser integrados nas estruturas de animação e governo.Uma Província da Oceania propõe estabelecer estruturas que distingam melhor entre o que pertence ao carisma e à missão, de um lado, e o que pertence à vida religiosa, por outra.

2.4. Pastoral vocacional A América Latina e a Ásia animam a procura de meios e estruturas para desenvolver uma cultura vocacional bem como caminhos novos para essa pastoral.

3. LEIGOS E JOVENS MARISTAS

Esta pergunta foi feita de modo igual aos grupos de jovens e para os leigos maristas. A realidade desses grupos varia bastante de região a região. As respostas desses dois grupos são sintetizadas e apresentadas por regiões.

O que queremos pedir ao Instituto dos Irmãos Maristas, hoje?

3.1. Partilhar com os leigos Os leigos maristas de América Latina se perguntam qual é o lugar do laicato nas estruturas de animação e de governo do Instituto. Desejos expressados: que os leigos possam participar das decisões, possam exercer lideranças, que se confie neles e se lhes delegue trabalho. Segundo a Ásia, isso supõe uma formação à liderança marista, e um esclarecimento da participação dos leigos, em vista de sua união com o Instituto.

Os leigos e os jovens da América Latina insistem na abertura de mais espaços para favorecer o intercâmbio. Experiências desse gênero favorecem a criação de comunidades mistas. De modo geral pleiteiam maior participação dos leigos e dos jovens na vida do Instituto. Alguns propõem a promoção de peregrinações de irmãos e leigos aos lugares maristas.

Os leigos da Oceania sugerem explorar a possibilidade de se constituírem outras modalidades de comunidade marista, em que se integrem novas formas de vocação à fraternidade. No mesmo sentido, alguns leigos da América Latina propõem a criação de uma forma de vida leiga comprometida.

Outros, na Europa, sugerem que a criação de novas entidades locais, escolas ou comunidades seja feita em sintonia com toda a família marista.

Alguns jovens da América Latina se animam a oferecer experiências de comunidade para irmãos, leigos e jovens.

3.2. Promoção do laicato marista

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Na Europa e na América Latina, os leigos desejam que o laicato marista seja valorizado e promovido em todos os níveis do Instituto. Isso requer a criação de espaços para a formação humana e espiritual, tendo em vista conhecer melhor o carisma. Pede-se especificamente um apoio econômico para o Movimento Champagnat da Família Marista. Pensa-se também num guia de formação para leigos maristas. Na África, os leigos insistem em torno de uma necessária abertura dos irmãos aos jovens e aos leigos. Para a Oceania, é importante continuar a trabalhar positivamente com os leigos.

Os jovens da Europa desejam que se dê forte impulso aos movimentos juvenis maristas. Os da América Latina pedem a ampliação da pastoral juvenil marista para todas as Unidades administrativas do Instituto, e sondam a possibilidade de convocar uma assembleia internacional da juventude marista.

Por isso é necessário favorecer a adesão de todos os organismos maristas a esse movimento de jovens. Outro desejo é a coordenação internacional ou regional de todos os movimentos de jovens maristas.

3.3. Consagração religiosa Para os jovens da África e da América Latina, é necessário que os irmãos caminhem nas pegadas de Marcelino Champagnat; que sejam exemplos.

Os leigos da Ásia e da Europa esperam dos irmãos um autêntico testemunho de vida evangélica, na realidade humana de hoje; que centrem sua vida em Jesus Cristo como Maria e, para isso, não receiem perder suas garantias.

Para os jovens e leigos da América Latina e da Ásia, é preciso ‘investir’ na vocação religiosa do irmão, devolver sentido à vida consagrada por meio dos votos em comunidades abertas, explorar caminhos novos para alimentar vocações.

3.4. Missão marista Os jovens da África expressam a necessidade da presença e do apoio dos irmãos. Os leigos da Ásia, por sua vez, solicitam uma presença de qualidade e a vizinhança dos irmãos. Em conseqüência, os irmãos precisam estar liberados das tarefas administrativas para poder contatar com os jovens e acompanhá-los. Ainda, que as comunidades estejam integradas na comunidade local.

Assim como os leigos da América Latina, os jovens desejam que a educação marista seja mais acessível aos pobres. Os leigos da Oceania almejam que os irmãos maristas continuem sendo uma presença significativa nas escolas maristas, mediante a presença, partilha e acompanhamento.

Os leigos da Ásia convidam o Instituto a dedicar-se aos “jovens em situação de risco”, e a enviar mais irmãos aos países pobres e até mesmo a explorar outras formas, além da educação, para enfrentar as urgências sociais. Na mesma linha, os jovens da América Latina desejam uma presença nas periferias. Coincidem nesse pensar com os leigos da região que exigem mais profetismo e ação em favor da justiça e dos pobres.

Alguns leigos da Europa pedem uma definição mais clara do conceito de evangelização. Que o Instituto ofereça uma visão renovada no quadro da Igreja. Desejam que em cada obra marista exista uma comunidade marista.

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Segundo os jovens e leigos da América Latina, existe um grande desejo de partilhar a vida e a missão marista. Por isso, sugerem de encorajar as experiências de voluntariado dos leigos maristas, criando espaços para o trabalho dos jovens com as crianças e adolescentes.

Finalmente, os jovens da América Latina pedem que se invista na formação dos irmãos e dos leigos, por causa da missão.

C. Visão de conjunto da pergunta 4: AS CENAS DE NOSSO PASSADO, Instituto, e a BÍBLIA. Nota: Nesta síntese, recolhemos as duas principais respostas de cada região do Instituto.

1. A cena de nosso passado Instituto, que mais nos inspira hoje em nosso compromisso, e nos convida a renovar o coração para um novo mundo.

1.1. Dos irmãos

A cena (fato) mais citada de nosso passado foi a "Experiência Montagne". Aparece em primeiro ou segundo lugar, em cada região. A segunda cena: a “Mesa de Lavalla” é mencionada pelas Américas e Europa. Essa imagem é vista como um símbolo de nossa vida de família. Do mesmo modo, embora com matiz diferente, a Ásia e a Oceania propõem a cena de Champagnat e os primeiros irmãos construindo L’Hermitage. A África põe a ênfase no Testamento Espiritual do Pe. Champagnat.

1.2. Dos leigos maristas A mesma cena foi escolhida pelos leigos maristas no mundo inteiro: a Experiência Montagne. Lavalla também foi proposta pelos leigos maristas da Europa, enquanto as Américas preferem a figura do Padre Champagnat construindo L’Hermitage com os primeiros irmãos.

1.3. Dos jovens Para os jovens das Américas, a Experiência Montagne vem em primeiro lugar. Para a Europa, vem em segundo lugar. Para os jovens da Europa, em primeiro lugar está o Irmão Silvestre que pula nos ombros de Marcelino. Na Ásia e na Oceania, os jovens maristas nos oferecem esta frase de Champagnat: “para bem educar as crianças é preciso amá-las”. O Lembrai-vos vem em segundo lugar para os jovens das Américas.

Nota: Nesta síntese, recolhemos as duas contribuições mais significativas de cada Região do Instituto.

2. A cena da Bíblia que mais nos inspira, hoje, em nosso compromisso e que nos convida a renovar o coração para um novo mundo.

2.1. Dos irmãos As Bodas de Caná são mencionadas pelos irmãos da Ásia, das Américas e Oceania. Os irmãos das Américas e da África optam pela frase de Jesus: “Deixem vir a mim as criancinhas” O Bom Samaritano é citado pelos irmãos da Europa; os da África sugerem um texto relacionado com a missão: “Ide ao mundo inteiro e fazei discípulos...”

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2.2. Dos leigos maristas Na Europa, os leigos maristas propõem a cena dos discípulos de Emaús. Na África, cita-se a seguinte frase de Ezequiel: “Tirar-lhes-ei o coração de pedra e dar-lhes-ei um coração de carne”. Na Ásia e Oceania, as Bodas de Caná; nas Américas, a Anunciação. 2.3. Dos jovens Na Ásia e Oceania, os jovens mencionam as Bem-aventuranças e o mandamento de Jesus: “Buscai primeiro o Reino”. Nas Américas, é proposta a passagem do jovem rico e esta frase de São Paulo: “O amor é paciente...”

SEGUNDA PARTEPISTAS PARA APROFUNDAR A REFLEXÃO

INTRODUÇÃO

Estando o avô de visita em casa, a mãe lhe pediu que cuidasse dos dois filhos, enquanto ela ia ao supermercado. Os meninos estavam fazendo os deveres escolares com os seus computadores. O avô queria ser algo mais do que guardião e prontificou a ajudá-los, para que pudessem descansar um

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pouco. Pensou que podia continuar a escrever o que o neto estava copiando mecanicamente de um livro de consultas.

“Se me ensinas o mais básico do computador, disse ele, poderei ajudar-te no teu trabalho”. Foi assim que começou a receber as suas primeiras lições de informática. O neto passou quase uma hora ensinando-lhe o fundamental do “word”. Quando os meninos saíram para jogar, o avô, sozinho em casa, começou a trabalhar. Mais tarde, no jantar, exclamou com admiração: “Ah como é inteligente essa máquina”. Toda a família o fitou com curiosidade. Ele continuou: “Chegou a pedir-me que fechasse a janela”. Todos na mesa soltaram uma gargalhada e procuraram explicar-lhe que o computador se referia a janela virtual, isto é, ao quadro que delimita o texto na tela, e não a uma janela real, porque o computador não tem sensibilidade nem emoções que lhe façam sentir gosto ou desgosto.

Ainda assim, o avô não cedia. Dispunha de uma evidência irrefutável; “Enquanto fechava a janela do quarto, a mensagem desapareceu da tela”, repetia sem cessar. Ele não sabia que tais mensagens se mostram por curto espaço de tempo. De nada serviam as explicações. Todas lhe pareciam demasiado complicadas para serem certas, surpreendendo-se da resistência alheia diante do óbvio dos fatos. Duas felizes coincidências, janela aberta e brevidade das mensagens do sistema, o haviam convertido no homem mais convencido do mundo: sem lugar para dúvidas, as suas respostas eram as que melhor explicavam o sucedido.

De fato estamos diante de um mundo novo, que está emergindo a toda a velocidade. Os novos contextos pedem novas respostas, caminhos e presenças de novo cunho para dar a conhecer e amar a Jesus. O Capítulo Geral se apresenta como graça renovada de Deus para ajudar-nos todos a discernir esta novidade: vinho novo em odres novos (MC, 2,22). As mudanças são tão globais que já não servem simples remendos (MC, 2, 21). A intuição nos diz que não encontraremos essa novidade nem nos livros nem nas teologias mais atualizadas, por mais que possam auxiliar-nos. As respostas autênticas se encontram no coração, no centro do que realmente vivemos. Não valem composições ou convenções. Necessitamos de corações novos, dispostos a percorrer esse caminho de busca. É inútil querer chegar ao destino sem trilhar o caminho. Os caminhos são os que renovam os corações, não o destino. A meta só mostra o resultado, não acrescenta nada. Desse modo, não é surpreendente que o Irmão Seán nos convide insistentemente à revolução do coração, a empreender um caminho de profunda conversão pessoal e institucional. Significa que temos caminho por percorrer.

Nas páginas seguintes, propomos um itinerário de busca pessoal e reflexão compartilhada. Nesta atitude de colocar sobre a mesa o que realmente vivemos, temos oportunidade de encontrar o que realmente buscamos e, com isso, renovar o nosso coração, para que este mundo cambiante veja em nós o testemunho vivo que o convide a descobrir a força do Evangelho.

Baseamos este itinerário em quatro temas que, depois de analisar com atenção os resultados das reflexões e sugestões que nos chegaram das Províncias e Distritos, percebemos que pedem atenção prioritária no Instituto:

- A identidade do Irmão,- O leigo marista,- A missão marista,- A espiritualidade marista.

São quatro temas que requerem esforço especial de reflexão e aprofundamento para chegar a uma compreensão clara e de consenso sobre a natureza e implicações operativas, ademais de concentrar a atenção da maioria dos Irmãos e também dos leigos. No fim desta seção, enumeramos outros seis

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temas que apareceram de forma proeminente nas sínteses enviadas pelas Províncias e Distritos em outubro:

- Estruturas e animação de governo,- Comunidade,- Formação,- Pastoral vocacional,- Pastoral juvenil,- Missão ‘ad gentes’.

Esses seis temas comportam rica base de reflexão, tanto na Igreja quanto no nosso Instituto, e pedem agora linhas claras de ação. A reflexão que o Capítulo Geral ofereça sobre os quatro primeiros temas, que consideramos prioritários, será importante ajuda para definir as linhas de ação destes outros seis.

Ao apresentar esta seleção, pretendemos dar um passo a mais na nossa preparação do Capítulo. Estamos todos convidados a refletir, orar e partilhar sugestões sobre os citados temas, pessoal e comunitariamente. Este trabalho nos ajudará a partilhar a temática com os capitulares das nossas Unidades administrativas. Agora eles são os ouvidos do Instituto para todos nós. O que fazemos chegar até eles vai preparar os seus corações. Ainda que livres para tratar destes e de outros assuntos, o caminho previamente andado vai auxiliá-los no melhor cumprimento da sua missão.

Expomos a nossa reflexão relativa a cada um dos quatro temas prioritários a partir de cinco perspectivas.

- Motivos que nos movem a apresentar este tema: razões que nos levaram a privilegiar este tema.

- Contexto histórico e situação atual: nesta parte oferecemos pontos de referência que nos ajudam a dar perspectiva histórica à realidade de hoje.

- Se não avançamos neste tema, podemos intuir as consequências: nesta seção temos carregado as tintas para suscitar reflexão e debate. Algumas das afirmações estão inspiradas nas contribuições que recebemos da Consulta Inicial. Se não avançamos, a realidade não se detém e segue evoluindo de acordo com a sua própria inércia: imaginar a situação resultante nos ajuda a reconhecer o que agora é necessário impulsionar.

- Caminhos de busca. Aqui encontraremos pistas por onde avançar. Algumas provêm dos aportes da Consulta Inicial, mas também das experiências de outros grupos eclesiais. Cabe advertir que estas pistas podem expressar alternativas divergentes. Com ser tão variadas, não são necessariamente coerentes entre si.

- A questão determinante: nesta seção fizemos esforços de identificar um ou mais elementos centrais que definem o coração de cada tema, isto é, aquele ponto sensível que parece estar condicionado neste momento e que, se for bem resolvido, dá solução a muitas questões.

Nota importante: Finalmente queremos sublinhar que procuramos um estilo que provoque reflexão e debate. Afirmações e propostas que se oferecem nas páginas que seguem não representam, em nenhum caso, o pensamento oficial da Comissão preparatória como tal, tampouco, por certo, o pensamento do Conselho geral nem do Superior geral. Simplesmente têm nas suas mãos um instrumento de trabalho que pretende estimular a meditação e, na medida do possível, o diálogo e a partilha comunitária e provincial. Cada comunidade e Província pode concretizar melhor a forma de partilhar as reflexões de acordo com o tempo disponível, tipo de grupo etc.

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A. OS 4 GRANDES TEMAS QUE PROPOMOS À REFLEXÃO DOS IRMÃOS

1. A IDENTIDADE DO IRMÃO

1.1. Motivos que nos movem a apresentar este tema

A consulta lançada a todas as Unidades administrativas, de junho a outubro de 2008, teve como instrumento facilitador o caderno “Caminhando para o 21º Capítulo Geral”, e terminou com o envio de uma síntese à Comissão Preparatória. Esses subsídios sublinham o interesse por alguns aspectos tradicionais e aparentemente dispersos, como vida religiosa, consagração, votos, fidelidade, perseverança, crise vocacional, comunidade, formação ou pastoral vocacional; mas, no seu conjunto, apontam uma questão de fundo que, neste momento do Instituto, aparece relevante e decisiva: A identidade do irmão. Da resposta que dermos dependem todos esses elementos, com mais um: o nosso futuro no seu conjunto. A força emergente do laicato e a consciência de uma missão realmente compartilhada põem na mira a essência de ser Irmão religioso consagrado. Como se complementam, como se potenciam e enriquecem mutuamente a vida e a missão do Irmão religioso consagrado marista e a do leigo marista? A pergunta sobre a identidade resulta inevitável, ainda mais quando surge a intuição de comunidades mistas, de Irmãos e leigos ou sobre modalidades de associação mais ou menos formal entre eles.

Por outra parte, o lugar do Irmão religioso consagrado na comunidade eclesial e a compreensão que dele se tem se tornam confusos em uma Igreja sempre mais atenta ao ministério, identificado habitualmente com uma função que outros não fazem. Que oferece à Igreja a vocação de Irmão religioso consagrado?

1.2. Contexto histórico e situação atual

Na Igreja

Antes do Vaticano II:

- Buscava-se identificar a vida religiosa dentro da estrutura hierárquica da Igreja.- Esta identidade se fundava na diferença, na consciência de classe ou na condição de

segregado, entendido como sagrado e oposto a profano. - Os religiosos não ordenados acentuavam a sua pertença à vida religiosa acima do seu caráter

de Irmão, porque naquela acreditavam encontrar mais assegurada a sua identidade.

A partir do Vaticano II:

- O decreto “Perfectae Caritatis” concebe a Vida religiosa, à margem da estrutura hierárquica da Igreja.

- Em face das dúvidas e confusões posteriores ao Concilio, as congregações clericais se refugiaram na sua Ordenação sacerdotal; as religiosas ficaram na intempérie, mas se apoiam na sua condição feminina, ao passo que os Irmãos religiosos (VC 60) aparecem como exceção marginal: nem mulheres nem ordenados.

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- Os Congressos da União de Superiores Gerais e a exortação apostólica “Vita Consecrata” (1996) ensaiam nova busca para situar a vida religiosa no coração de uma Igreja de comunhão, mais círculo que pirâmide.

No Instituto

Os Capítulos posteriores ao Concílio (1968, 1976, 1985) iniciaram uma reflexão sobre a condição de “Irmão” (por exemplo, “Irmãos Maristas Hoje e as Novas Constituições”); mas progressivamente a atenção se foi deslocando para uma nova compreensão da missão em chave de solidariedade e inclusão a respeito dos leigos. Já notamos esta tendência no Capítulo de 1976, com o documento “Pobreza e Justiça” e prosseguiu depois, em 1985 e 1993. Ao descobrir a nossa missão como partilhada, de novo surgiu a pergunta sobre a razão de ser Irmão. O apelo a “escolher a vida” do Capítulo anterior (2001) fez-nos procurar as fontes do nosso “trabalho” e de novo nos encontramos em face da questão do nosso “ser”.

1.3. Se não avançamos neste tema, podemos intuir as consequências:

Persistir nessa indefinição significa acentuar a confusão de vocações, prejudicando especialmente a do Irmão, inclinando-se tanto para o laicato que, pelo seu número e presença, adquire peso difícil de superar, quanto para os ministérios ordenados.

Esta confusão e perda da especificidade do Irmão:

- deixa sem argumentos a pastoral vocacional. Ser Irmão para quê? Posso viver tudo o que é marista sem os votos, que apenas acrescentam inconvenientes, dizem alguns;

- pode acentuar a crise pessoal de alguns Irmãos sobre o sentido do que são e do que fazem;

- supõe o risco de fusão da identidade para o lado do leigo; e a fusão tende a assumir o alheio como próprio, com diluição do específico;

- a vida religiosa perde uma modalidade profética e uma expressão peculiar para continuar sendo “memória viva do que a Igreja deve ser” (Ir. Seán Sammon)

- finalmente, isso constitui empobrecimento da própria Igreja, porque vai desaparecendo uma vocação alternativa e complementar de outras.

Sem recriar a referência básica ao nosso batismo, a identidade do Irmão:

- tenderá a clericalizar-se, buscando referências de classe que nos segreguem do resto da comunidade eclesial e do mundo,

- ou tenderá a secularizar-se, deslocando a sua razão de ser para o fazer, para a eficiência e disponibilidade ou as relações.

1.4. Caminhos de busca

Observando as tendências atuais nas instituições e movimentos religiosos, poderíamos intuir diversos caminhos para os que procuram essa identidade, ainda por achar ou debilitada:

1) A comunidade, como lugar de referência básica que alenta o sentido de pertença dos seus membros mediante relações humanas de qualidade

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2) Uma intensa vida de oração e meditação da Palavra que nos vá transformando verdadeiramente em homens de Deus

3) Uma missão sempre mais solidária, disponível para qualquer fronteira, na vanguarda das situações mais extremas e disposta a assumir riscos

4) A radicalidade de uma vida simples e austera, que se percebe no modo de vestir, de comer, de trabalhar, de morar, e cujo testemunho pretende despertar consciências

5) A visibilidade pública com sinais manifestos que expressem a vinculação à transcendência: hábito, objetos, práticas, gestos, espaços e tempos reservados

6) A identificação com os próprios modelos institucionais, como o fundador, os primeiros Irmãos, os mártires e o conjunto do patrimônio espiritual.

- Possivelmente tudo seja necessário; porém qual é a porta de entrada?

- Qualquer desses aspectos pode ser vivido com vontade de autoafirmação, em face das demais pessoas e, somente por isso, o seu valor de identidade daria azo a críticas. Podemos identificar atitudes de autoafirmação em nós e dialogar sobre elas?

- Sabemos que a disponibilidade para o diálogo com outras vocações no seio da Igreja deveria ser um caminho sempre aberto, porquanto toda a identidade se vive e se constitui em relação com outras. Como facilitamos o diálogo eclesial de vida religiosa onde a vocação do Irmão religioso adquire o seu peso específico e vital dentro da comunidade eclesial?

- O fenômeno do Irmão religioso, como homem consagrado a Deus em pobreza, castidade e obediência, vai mais além da realidade da Igreja Católica. Dá-se em diferentes Igrejas Cristãs e em grandes regiões do mundo. Que medos sinto diante dos crentes de outro credo? Que nos diz o coração ante tantos monges budistas e ortodoxos totalmente dedicados à contemplação e à solidariedade com os que sofrem?

1.5. A questão determinante

A vocação tinha perfil bem definido nas ordens religiosas anteriores ao século dezenove; mas contribuições como as de João Batista de la Salle, primeiro, e do Pe. Champagnat depois, junto a outras fundações da época, ajudaram a mudá-lo substancialmente, oferecendo uma leitura cristã dos valores emergentes do momento: liberdade, igualdade e fraternidade, entre outros.

Hoje estamos assistindo a certa mudança cultural de grandes proporções, equiparável àquela que nos viu nascer como Instituto. Nada escapa a esta mudança e, por causa dela, muitas coisas vão morrer, outras nascerão e algumas sobreviverão, embora transformadas. Daí esta pergunta: Que perfil de Irmão religioso tem possibilidade de futuro?

Nessas situações de mudança, as realidades mais frágeis se tornam as mais vulneráveis; mas, precisamente por isso, também se tornam mais flexíveis. Esta capacidade de adaptação é decisiva para a sobrevivência. Deparamo-nos com o desafio de descobrir o novo rosto de Irmão religioso de que a Igreja e o mundo vão precisar. Por certo ele terá de imergir nas profundezas do “ser” mais do que no “fazer”, mas sabendo que nada chega a ‘ser’ sem a cumplicidade do ‘fazer’.

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A condição de batizados deveria oferecer-nos o fundamento sólido da vinculação com os leigos e, simultaneamente, a referência essencial da nossa especificidade de Irmãos religiosos, vale dizer, a matriz pela qual regenerar a vitalidade e o sentido específico dos nossos votos.

Dito de outro modo, haveria para o Irmão uma forma específica de viver cada um dos votos religiosos? Ou o caráter de Irmão não representa nada a respeito dos mesmos votos de um religioso sacerdote? Se assim é, um Irmão seria um religioso diminuído, com menos competências. Qual é a alternativa a esta percepção?

Além dos votos, podemos descobrir outros aspectos que articulam a identidade específica de Irmão?

Não só nos livros encontraremos as respostas adequadas, mas sobretudo remexendo e compartilhando a nossa experiência vital de Irmãos. É aí que estão as respostas de que necessitamos.

2. O LEIGO MARISTA

2.1. Motivos que nos movem a apresentar este tema

Apesar de que as realidades dos leigos maristas são muito diferentes em todo o Instituto, a Consulta Inicial aponta isso como tema emergente e urgente. A primeira preocupação vai em torno do aspecto da identidade, que não somente se define pelo que se é, mas também, e cada vez mais, pelas relações que se estabelecem com os demais. Neste sentido, a reflexão sobre a identidade do Irmão incide diretamente sobre aquela do leigo marista e as duas se implicam reciprocamente.

Esta aproximação vocacional do leigo com o carisma marista convida-nos a descobrir nova perspectiva deste carisma como dom para toda a Igreja e a promover e acompanhar a reflexão deles sobre sua missão, espiritualidade e expressão da fraternidade. Na canonização de são Marcelino Champagnat, a Igreja reconheceu o Fundador como parte do seu patrimônio universal, não circunscrito como exclusividade a um estreito círculo de religiosos.

O aparecimento da consciência do leigo marista vai associado ao desejo de compartilhar pensamentos mais profundamente com os Irmãos. Ainda assim, a natureza desta partilha depende, em grande medida, da personalidade dos interlocutores e das suas perspectivas. Entre os leigos há quem deseja constituir-se à margem de qualquer interferência por parte dos Irmãos; a grande maioria aspira a contar com a sua presença, mesmo simbólica, e sobremodo com o seu apoio e participação de igual a igual; finalmente, também há quem os prefira sempre como animadores, assessores ou organizadores. Entre os Irmãos também encontramos essas mesmas percepções sobre o seu próprio papel em todo este processo.

Outro aspecto é o da procura de algum tipo de compromisso formal por parte dos leigos, assunto de que podem irromper algumas expressões públicas, como, por exemplo, o Movimento Champagnat da Família Marista. Quando se vai dando essa realidade, vamos ter o desafio de como articular essa constelação de entidade marista e de integrá-la nos diversos ambientes da nossa vida de Irmãos, como a formação, a vida comunitária, a pastoral vocacional e a corresponsabilidade, entre outros.

2.2. Contexto histórico e situação atual

Na Igreja

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Antes do Vaticano II, a Igreja se compreendia como realidade prevalentemente hierárquica e clerical. Fundada sobre a ordem ministerial, relegava o leigo ao último lugar. A missão e vocação do leigo apareciam indefinidas e confusas; somente se lhe assinalava uma função específica, sob a estreita supervisão da autoridade hierárquica.

Depois do Vaticano II, vemos surgir uma Igreja de comunhão que recupera o batismo e o apelo universal à santidade como o fundamento de toda a vocação cristã e também do leigo. Como exemplo, descrevemos, em seguida, alguns processos vividos recentemente no Ocidente católico. Em outras partes do planeta, também há mudanças de ritmo próprio.

Fruto da primeira etapa pós-conciliar, os leigos vão tomando a iniciativa e criam os seus próprios espaços, abertos à participação de toda a comunidade eclesial: comunidades de base, focolarinos, Lopiano, neocatecumenais, Santo Egídio, Taizé, Leão de Judá, Emanuel, entidades diocesanas. O mundo é considerado o âmbito de competência específico da vocação laical. Paralelamente, a vida religiosa se abre ao reconhecimento do leigo como colaborador na missão.

No início do decênio dos 90, surge com mais força a busca de um lugar específico do leigo no seio da Igreja e não só no mundo. As vocações e os ministérios vão perdendo os seus ambientes exclusivos e são percebidos em relação, uns com os outros, em forma de rede, de modo que a comunidade eclesial já não é competência exclusiva de uns, senão de todos e não só para o seu sustento econômico. A “Christifidelis laici” (João Paulo II, Exortação Sinodal, 30 de dezembro de 1988) e, mais tarde, a “Instrução acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes” (Congregação para o Clero, 15 de agosto de 1997) intentam responder a essas inquietudes. A vida religiosa vai percebendo o leigo como associado ou parceiro, de igual para igual, primariamente na missão; mas, pouco a pouco, também outros aspectos do carisma se tornam suscetíveis de ser positivamente compartilhados pelos leigos, como a espiritualidade e a fraternidade.

Uma vez enfatizada a relação de umas vocações com outras, nestes últimos anos, surge a tendência de procurar o aporte específico de cada uma, nesta “rede eclesial” de vocações e ministérios. Acentua-se o aspecto plural da comunidade eclesial, como agregado enriquecedor de aportes diversos e mutuamente interpelantes. Não só a missão, mas também o carisma, no seu conjunto, aparece como lugar de encontro entre religiosos e leigos, com carisma comum a ambos.

No Instituto

As formas clássicas de estar em contato com o carisma tinham sido consequência direta da nossa ação apostólica escolar: alunos, pais de alunos e antigos alunos.

A incorporação de professores leigos foi concebida, no início, como exceção inevitável ou como substituição provisória. A nossa experiência de trabalho, ombro a ombro, e o caminho feito pela Igreja nestes últimos anos nos levaram a reconhecer a riqueza do dom e presente inesperado que comporta a presença laical.

Em meados dos anos 80, pôs-se em marcha o Movimento Champagnat da Família Marista. A partir de 1993, são convidados ao Capítulo Geral e também a muitos dos Capítulos Provinciais; sem que diminuam as visitas de Irmãos a N. D. de l’Hermitage, a presença de leigos aumenta e quase supera aquelas. O Capítulo de 2003 teve a intuição de formular um apelo em “alargar a tenda”. Irmãos e leigos compartilhamos, de igual para igual, a missão marista a propósito do processo de Mendes. Finalmente, ensaiamos uma codificação da nossa espiritualidade em comum e apta para ambos: “Água da Rocha”.

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2.3. Se não avançamos neste tema, podemos intuir as consequências.

Intuímos consequências diferentes, conforme as regiões do Instituto, de acordo com a realidade atual do laicato do lugar.

Quando olhamos o futuro, temos a revelação clara da urgência e importância de um laicato marista, ancorado profundamente na espiritualidade e no carisma de são Marcelino. É tarefa que necessita levar-se a cabo nos próximos anos.

Uma falta de ação decidida neste âmbito pode ter consequências lamentáveis.

Em algumas regiões, os leigos irão assumindo os postos que os Irmãos já não podem preencher, mas sem outro horizonte que não o de ser herdeiros de uma organização de prestigiosa tradição pedagógica. É fácil intuir que a gestão devorará as últimas energias dessas gerações de Irmãos e leigos maristas; no fim as obras tenderão a converter-se em empresas com ânimo de lucro. Nesses lugares, os Irmãos se extinguirão, quase ao mesmo tempo que os leigos maristas e, com eles, tendem a findar o carisma e a presença marista.

Em outras regiões, sem horizonte que estimule a caminhar para um maior compromisso, a rotina e o cansaço vão consumir os leigos maristas, que acabarão buscando em outros lares o calor e a espiritualidade e novas formas de compromisso laical. Os Irmãos irão encerrando-se no seu mundo, desconectados da realidade circundante. É o passo prévio da situação descrita acima, mas aprazada, por causa do maior número de efetivos com que se encontram atualmente.

Por último, também podemos vislumbrar que a ausência e inibição dos leigos autóctones, em algumas regiões do Instituto, contrastará fortemente com a presença maciça de leigos estrangeiros em projetos de cooperação internacional. Passada a perplexidade inicial, se não se dá a resposta adequada, essas regiões propenderão a repetir a história dos outros lugares e quiçá com maior velocidade.

Podemos identificar a nossa região? Vemos alternativa para a situação que aqui se descreve?

2.4. Caminhos de busca

2.4.1. Muitas instituições religiosas estão debatendo o lugar do leigo no próprio carisma.

- Algumas preferem respeitar as diferenças de estado e delimitar com clareza os ambientes compartilhados, como a missão ou alguma faceta da espiritualidade, vividas em geral em entidades jurídicas praticamente independentes.

- Outras tendem a sublinhar o espaço comum de encontro, apresentando a especificidade de cada vocação como modalidade do mesmo carisma.

2.4.2. Sejam quais forem os perfis que vá adotando a identidade do leigo marista, a formação parece constituir o passo inelutável. Contando sempre com os conteúdos básicos da fé cristã, a orientação, que deve tomar a formação especificamente marista, pode seguir diferentes roteiros:

- Uma formação mais orientada ao conhecimento profundo da tradição e espiritualidade marista;

- ou uma formação atenta à experiência humana e espiritual que alimenta o compromisso apostólico;

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- ou uma formação mais centrada na melhora profissional e na qualidade do nosso serviço educativo.

2.4.3. O apelo a compartilhar missão, espiritualidade e vida nos sugere a busca de diferentes desenvolvimentos comunitários:

- Uma comunidade de vida debaixo do mesmo teto parece constituir uma experiência limitada no tempo, com a finalidade de descobrir, vivenciar e adquirir alguns elementos determinados. Mediante experiências múltiplas, bem discernidas e avaliadas, iremos adquirindo bases sólidas para constituir comunidades vitais de Irmãos e leigos a longo prazo.

- Hoje em dia, parece-nos mais acessível estabelecer um ambiente comum, onde partilhar algo como a oração, a experiência, o descanso, a festa ou a refeição; tudo isso vivido como caminho de formação, desenhada conjuntamente, visando ao auxílio mútuo em recriar a nossa identidade, a partir da comunhão e do respeito.

2.4.4. Finalmente, cumpre ver como apoiar as áreas onde este desenvolvimento é embrionário e topa com dificuldades para avançar. Há quem pensa que é melhor não forçar processos e deixar que se deem espontaneamente, quando a situação haja amadurecido. Outros creem que essa inibição nos faz desperdiçar a graça que se nos dá neste momento e pode passar adiante.

Encontramos alternativas em cada um desses caminhos de procura; por qual me inclino e por quê?

2.5. A questão determinante

Boa parte da própria identidade vem configurada pelas relações que estabelecemos. Enquanto não se explicitam fórmulas de relação entre Irmãos e leigos maristas, fica difícil esclarecer a identidade, visualizar a pertença e articular a sua presença nas nossas estruturas

Da resposta a este desafio depende o tipo de apoio que devemos dar à sua formação, os ambientes e a natureza da corresponsabilidade e a constituição e configuração de comunidades de leigos maristas e de comunidades mistas de Irmãos e leigos maristas.

Hoje, pois, além de prosseguir no aprofundamento do conhecimento mútuo e da formação conjunta, parece necessário abrir a reflexão sobre as formas de Associação. Em termos gerais, a experiência já nos indica que há diversidade de modelos para ir avançando, como o trio abaixo.

- Compartilhar a mesma casa e mesa, isto é, Irmãos e leigos vivendo em comunidade, respeitando as diferenças, mas pondo tudo em comum e com projeto de vida comunitária compartilhado.

- Estabelecer mesas diferentes numa mesma casa, isto é, Irmãos e leigos vivendo em comum, a partir de uma mesma espiritualidade e carisma, compartilhando uma mesma missão, mas vivendo em formas de associação específicas, embora federadas de algum modo: os Irmãos formam as suas comunidades e os leigos formam as suas fraternidades, ou até mesmo as suas comunidades.

- Construir casas diferentes e a missão se fixa no lugar do encontro. Quer dizer que Irmãos e leigos compartilham a mesma missão; mas os tipos de associação dos leigos são formalmente independentes entre si e também do Instituto dos Irmãos. Por qual me inclino e por quê?

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Se queremos algo conjunto, evidentemente este caminho deve ser percorrido por ambos, de forma harmônica. Não se trata de uma decisão dos Irmãos sem contar com os leigos maristas, nem uma decisão unilateral dos leigos maristas que os Irmãos devam assumir.

Às vezes surgem dúvidas sobre quem deve tomar a iniciativa e sobre a função do Instituto neste processo. De momento, o Instituto segue sendo o vínculo histórico e espiritual com o carisma de Champagnat e a expressão formal da sua continuidade. A participação do Instituto é necessária para garantir a autenticidade de outras formas de encarnação deste mesmo carisma, sem que por isso deva assumir uma posição de governo nelas. Não obstante, também podem aparecer novas expressões inspiradas na tradição marista, mas de todo independentes do Instituto. Neste caso, o carisma de Champagnat será um elemento a mais, entre outros, que participará na configuração de um novo carisma na Igreja. É algo bem conhecido na história da espiritualidade e da vida religiosa.

3. NO CORAÇÃO DO CARISMA: A MISSÃO MARISTA

3.1 Motivos que nos movem a apresentar este tema

Este tema aglutina aportes coincidentes em todos os grupos e regiões, tal como se pode apreciar na primeira parte deste documento e tem como fundo a convicção de que a nossa razão de ser parte de uma missão que congrega uma comunidade e inspira uma espiritualidade particular. Em continuação, indicamos os aspectos da Consulta inicial que cativaram a nossa atenção, seja pela ressonância afetiva que produziram, seja pela ênfase com que foram mencionados.

3.1.1. Vejamos, em primeiro lugar, alguns pontos particularmente sensíveis para um bom grupo de participantes na Consulta inicial e que refletem as suas preocupações centrais a respeito da missão:

- A dedicação aos pobres e aos mais desfavorecidos- A presença real entre as crianças e jovens de hoje- A corresponsabilidade na missão com os leigos maristas- A qualidade evangelizadora das nossas obras e tarefas apostólicas

3.1.2. Em segundo lugar, há aportes que põem em evidência elementos da nossa missão, que estão vivendo uma tensão que busca, mas que não consegue facilmente o equilíbrio de exigências aparentemente encontradas;

- Busca da qualidade evangelização e pobreza: no desejo de responder às novas exigências pedagógicas e a responsabilidade de oferecer um serviço educativo de qualidade sói criar certo conflito com a qualidade evangelizadora, com o testemunho de austeridade ou nossa vocação de serviço aos pobres.

- Diversidade de tarefas visibilidade e identidade marista delas: a diversificação de presenças e tarefas apostólicas, especialmente se não seguem algum critério orientador, costumam ir em detrimento da visibilidade e identidade da missão marista, embora contemos com exemplos admiráveis de entrega.

- Realidade vocacional viabilidade das obras: a realidade vocacional dos Irmãos constitui uma inquietude inevitável para a viabilidade das obras, mesmo contando com boa equipe de leigos. Colocar Irmãos em pastoral ou novas presenças acentua a precariedade de algumas obras e não é fácil encontrar o equilíbrio.

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3.1.3. Por último, temos recebido subsídios que falam de novas fronteiras e oferecem referências novidadeiras e sugestivas, como base para reler a missão marista hoje, a interrogam e a lançam a novos horizontes. Algumas delas sintonizam temas emergentes nas nossas sociedades e suscitam até mesmo nova linguagem e compreensão da missão:

- Infância em risco- Refugiados e deslocados- Imigrantes em países desenvolvidos- Vítimas ecológicas- Marginalizados afetivos, de famílias desestruturadas- Exploração do trabalho- Direitos da infância- Justiça e infância.

No passado, a missão marista se apresentava como assistência caritativa ou como catequese. Com frequência, hoje se apresenta como serviço, ministério e carisma. Ainda assim, os ambientes da justiça e os direitos humanos despontam no horizonte e oferecem novas referências; não só como uma parte da nossa missão, mas toda ela adquire novos matizes, quando é lida com base nessas categorias.

3.2. Contexto histórico e situação atual

Na Igreja

Notemos brevemente as mudanças na compreensão de quatro termos associados à missão cristã.

3.2.1. Missão. Antigamente só os clérigos tinham missão, ao passo que os trabalhos seculares atendidos por leigos estavam excluídos de qualquer consideração sagrada. O Vaticano II reivindica o ambiente secular como objeto da missão cristã, em toda a sua plenitude.

3.2.2. Educação. Durante muitos séculos se associou aos clérigos a educação como algo específico e complementar da sua condição. No princípio, a Igreja a ofereceu como meio de catequização; logo evoluiu para uma visão assistencialista. Hoje se trata simplesmente de um direito humano e nada menos.

3.2.3. Evangelização. Inicialmente, o termo estava estreitamente vinculado à conversão, entendida como mudança de religião, e ao batismo de infiéis. Hoje nos evoca a oferta que se desprende do Evangelho e que, acima de tudo, se transmite pelo testemunho comprometido, aberto a compartilhar com outros o dom precioso que nos foi dado. Tudo isso adquire nova compreensão, quando se coloca no contexto do diálogo inter-religioso e intercultural.

3.2.4. Obras apostólicas. Elas adquiriram função subsidiária, quando a Sociedade ainda não havia resolvido como oferecer esses serviços à população. Conscientizada a sociedade e criadas as suas próprias redes de serviços sociais, se estabelece certa competição com as obras apostólicas que devem reivindicar o seu direito a existir como oferta plural numa sociedade democrática. Hoje, porém, a comunidade eclesial começa a questionar-se acerca do desafio profético que estas obras deveriam oferecer à sociedade, antes que lançar-se à luta pela sobrevivência, induzidos pela economia de mercado e pela sociedade de consumo.

No Instituto

Vejamos dois exemplos da evolução vivida no Instituto.

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- É curioso notar que uma palavra tão corrente como missão era praticamente desconhecida para os nossos Irmãos de outrora e ausente das categorias habituais na reflexão anterior ao Vaticano II. No seu lugar se falava de labor apostólico ou ação pastoral. A missão e os missionários eram termos circunscritos à expansão da fé por novas terras. O nosso primeiro Capítulo pós-conciliar de 1968 dedica um documento à “vida apostólica”, sem que a palavra missão adquira alguma relevância; há outro documento diferente para as “missões”.

- Basta recordar alguns dos nossos textos oficiais para perceber a extraordinária evolução vivida no Instituto. Evoluiu-se dos “Avisos, Lições e Sentenças” (1869) aos documentos “Vida Apostólica” (1968), “Oração-apostolado-comunidade” (1976, preocupado pela integração da vida, “Missão educativa marista” (1998). “Irmãos e leigos juntos na missão, somos semeadores da Boa-nova” (MEM, p.5). Temos ainda as propostas que nos chegam de Mendes (2007). “A nossa missão, formada e informada pela nossa rica herança espiritual, vai exigir experiências transformadoras que desenvolvam as nossas vocações diferentes e complementares”. (Doc. Mendes, p. 1).

3.3. Se não avançamos neste tema, podemos intuir as consequências.

A paixão pela missão marista: fazer conhecer e amar Jesus às crianças e jovens pobres, eis o fogo que inspirou a nossa fundação. A nossa missão terá plena vitalidade, se se vive com esta mesma paixão e fogo. Se a nossa fé se debilita, a vivência da espiritualidade e do carisma marista se diluem nas nossas vidas e na missão, deixaremos de ser luz e sal para os jovens de hoje.

Como acrescentar este fogo nas nossas vidas e na nossa missão de cada dia?

O grito de são Marcelino “necessitamos de Irmãos” é um grito que escutamos reiteradamente hoje, de modo particular dos leigos maristas.

Embora a realidade vocacional não seja igual em todo o Instituto, em todas as partes se percebe a escassez de Irmãos para atender a tudo o que quereríamos. O envelhecimento acelerado em algumas regiões acentua essa realidade. Se não se tomam decisões claras e corajosas, a inércia nos levará inexoravelmente para as seguintes situações no concernente às pessoas e às obras:

- Irmãos aposentados. Muitos Irmãos, em idade de aposentadoria, não se sentem preparados para afrontar essa nova etapa e sofrem muito ao deixar o labor educativo. Alguns até chegam a considerar-se “aposentados da missão”. Por emulação da sociedade civil, o tempo e as possibilidades que esta etapa oferece se consideram de livre disposição do indivíduo; nem todos o aproveitam da mesma forma. Como ajudar-nos uns aos outros para que a aposentadoria se converta em novo espaço e oportunidade para ser apóstolo marista que atrai e inspira os jovens de hoje?

- Irmãos em atividade. Se não corrigimos a tendência, a realidade pode levar-nos a ser prisioneiros da gestão, ocupados em atender enfermarias, dispersos em missões pessoais, sem projeto coletivo, afastados das crianças e jovens e dos pobres. Este quadro deixa sem argumentos a pastoral vocacional.

Veja-se o gesto que faz pensar: religiosas idosas de uma congregação feminina decidiram visitar as residências públicas de anciãos, para que todas as jovens religiosas pudessem prosseguir comprometidas com a missão que elas também haviam desempenhado antes.

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- Leigos. Se eles continuam subsidiários dos Irmãos, dificilmente poderão prolongar a vida marista de uma obra. Uma prótese não encomprida a vida, porque não tem vida própria.

- Diversidade de presenças. A fecundidade da missão marista se lançou a novas fronteiras. Sem critério orientador, sem demora podemos entrar em competição no destino a dar aos recursos humanos. Se a diversidade não se integra em projeto coletivo e compartilhado, degenera em dispersão que dilui a identidade da missão e a sua visibilidade para o público.

- Sentido das obras. Sem maior definição, fica complicado escapar da espiral da competição. A qualidade educativa será no fim a justificativa real de uma obra, enquanto a evangelização e a sensibilidade solidária serão seu motivo piedoso mas prescindível.

- Qualidade das obras. Instalados na rotina e seguros do nosso prestígio, o nosso serviço educativo, social e pastoral irá perdendo atualidade.

- Gestão das obras. Sem mais fórmulas que as atuais, alguns Irmãos ou leigos deverão assumir a gestão de mais de uma obra, estabelecendo um modelo de teledireção, ou gestão virtual, que nos afastará cada vez mais das pessoas e das realidades locais.

- Viabilidade das obras. Em alguns lugares, o Instituto pode ir perdendo o controle efetivo da gestão; mas poderá continuar assumindo a totalidade das responsabilidades jurídicas. Este panorama sói alentar a irresponsabilidade de quem gestiona no seu nome e, assim, acaba ameaçando o futuro das próprias obras.

3.4. Caminhos de busca

Neste ambiente da missão, temos várias frentes abertas. Em primeiro lugar, cumpre escutar atentamente o que o processo de Mendes suscitou, tanto em nível de Província quanto de Instituto. Um processo destas características tende a dizer-nos alguma coisa. Que vemos nele para iluminar os próximos oito anos? Irmãos e leigos podemos avançar juntos em busca de novas claves que nos permitam recriar de contínuo o vigor da missão marista.

A “missão” não é alheia ao tema da identidade de Irmão. As dificuldades da missão que tantos Irmãos encontram, ao chegarem à aposentadoria, são reveladoras de que algo nos falta na nossa compreensão da “missão marista”. Por onde avançar para adquirir um sentido de missão que abarque a vida inteira? Que alternativas podemos oferecer?

Outro aspecto importante a respeito dos Irmãos é a sua relação com as obras. Desde a origem, as obras eram expressão da vitalidade apostólica do Instituto. Estava claro que a vida dos Irmãos vinha em primeiro lugar, as obras eram a sua consequência. Pouco a pouco, fomos assumindo compromissos institucionais e as suas exigências se nos fazem tão imperiosas, que a vida dos Irmãos acaba submissa a elas até extremos discutíveis. Quantas vezes observamos que determinada realidade comunitária não é minimamente salutar, mas se mantém por causa de uma obra? Quais são as prioridades na hora de exercer a missão, especialmente para os Irmãos mais jovens? É evidente que nos sentimos responsáveis das obras; mas, por certo, cumpre estar consciente dos limites e estabelecer alguns equilíbrios, se não quisermos converter-nos em simples gestores de obras apostólicas.

Importa buscar alguma alternativa à progressiva concentração de responsabilidades em poucas mãos. Delegamos os postos intermédios; porém costumamos reservar-nos as últimas instâncias de decisão, até mesmo em nível local. Não haverá fórmulas para compartilhar com os leigos, de igual para igual, essas responsabilidades e também as suas consequências?

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Algumas contribuições que nos chegam da primeira consulta apontam a dificuldade de muitos de nós e de muitas das nossas instituições para viver a nossa missão em comunhão de corações com a Igreja. Igualmente se faz notar a dificuldade para a comunidade integrar-se, de modo satisfatório e eficiente, nos planos de pastoral conjunta da diocese e de outras estruturas da Igreja. Não terá chegado o momento de analisar esta situação que inquieta tantos de nós? Entendemos verdadeiramente a natureza da nossa Igreja e a importância essencial da nossa pertença a ela?

3.5. A questão determinante

A importância das questões que acabamos de apresentar e muitas outras vinculadas à missão não nos permitem avançar com meros remendos para suportar a inação por mais oito anos. Por onde começar, quando essas questões são tão diferentes e dispersas?

A chave pode estar precisamente aí: essa disparidade revela, no fundo, a ausência de uma “visão compartilhada”. Algumas controvérsias estéreis sobre missão revelam que a nossa visão dela ainda é fragmentária e muito dependente do horizonte local de cada um ou da sua própria tarefa. A nossa miopia continua sendo a eficácia do labor conjunto, diluindo o seu significado e debilitando-nos todos.

Em face disso, cumpre desenvolver, sem demora, uma visão comum que dê vigor, sentido e eficácia ao rico leque de presenças que a vida marista gera. Não se trata de somar tudo sem critério, mas de buscar a coluna vertebral que tudo sustém e tudo questiona. A partir dessa visão comum, deveria ver-se com maior clareza o modo de abordar com coerência os desafios anteriores: leigos e Irmãos na missão, situação dos Irmãos, Irmãos aposentados, relação com as obras, futuro das obras, estruturas administrativas, corresponsabilidade, até mesmo projetos como a missão “ad gentes”.´

Evidentemente, esta visão comum precisa ir além de formulações tradicionais, como a simples promoção humana mediante a educação ou a evangelização por meio da catequese. O mundo novo que está nascendo requer respostas novas. Podemos sugerir alguma pista?

4. NAS FONTES DO CARISMA: A ESPIRITUALIDADE MARISTA

4.1. Motivos que nos movem a apresentar este tema

Ademais dos elementos recolhidos nas duas primeiras perguntas sobre os desafios e as linhas de ação, os Irmãos explicitaram as suas fontes de espiritualidade, ao compartilhar a a terceira pergunta, que pede razões para continuar entregando a própria vida como Irmão Marista. Razões que nos animam a entregar a nossa vida cada dia”. (Caminhando para o 21º Capítulo Geral, p. 51, Roma, maio de 2008)

Damo-nos conta de que, sem raízes espirituais, a vida marista fica finalmente sem razões. É a versão marista da sentença de André Malraux: “O século vinte e um será religioso ou não será”. Ou a de Karl Rahner: “O século vinte e um será místico ou não será”.

Percebe-se a necessidade que não se pode diferir, isto é, a revitalização interior, que recupere o gozo de uma vida fundada realmente na fé. Junto a isso, as contribuições são sensíveis em face do grande leque de apelos à espiritualidade marista: redescobrir o dom do batismo e de Maria, o acompanhamento pessoal, como meio indiscutível numa sociedade despersonalizada, a dimensão comunitária e apostólica da espiritualidade, a participação na vida de fé da comunidade eclesial, a formação etc. Todos esses aspectos do nosso ser marista, visando-se à espiritualidade sólida,

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requerem processos continuados e perseverantes; já não serve uma espiritualidade intermitente, circunscrita aos breves períodos de formação intensiva ou aos tempos de oração esporádica.

Por último, o surgir do laicato marista nos faz tomar maior consciência da energia, riqueza e atrativo da espiritualidade marista, apesar da sua humilde aparência. Não parece, pois, que a força interior de uma espiritualidade dependa do prestígio público alcançado.

4.2. Contexto histórico e situação atual

Na Igreja

Convivem três sensibilidades simultaneamente, como expressão de três épocas:

- A tradicional, centrada nas práticas religiosas, nos atos de piedade, nas devoções particulares, etc.

- A moderna, que vive a espiritualidade como relação interpessoal com Deus, presidida pela razão e na qual se integra iniludivelmente o compromisso pelo homem e pela sociedade.

- E a pós-moderna, que busca novos espaços interiores para além da racionalidade, espaços em que prevalece a sensibilidade, o emocional e intuitivo e a atenção ao outro em particular, mais que as estruturas e os grupos.

Nas sociedades ditas “avançadas”, percebe-se a superação da recusa de Deus (ateísmo) e da própria inibição agnóstica, para dar lugar a um discreto mas firme ressurgir da busca espiritual, preferentemente desinstitucionalizada.

No Instituto

O fato de sermos Irmãos não impede que sejamos filhos da nossa época e percebamos em nós essas mesmas sensibilidades. Os nossos textos o testemunham. Dos “Avisos, Lições e Sentenças”, testemunhos eloquentes da primeira etapa, das Regras comuns (1852) que influenciaram a vida dos Irmãos por mais de cem anos, chegamos aos documentos capitulares de 1968 e 1976, em que encontramos umas tantas reflexões sobre a vida de oração, como espaço de relação e integração pessoal. A expressão “espiritualidade marista” passa quase despercebida até nas Circulares, “Movimento Champagnat da família Marista” (1991) e “Espiritualidade apostólica marista” (1992) do Irmão Charles Howard e se converte em herdeira da expressão “espírito do Instituto”, que conta com um documento capitular de 1968 e uma circular do Irmão Basílio Rueda de 1975.

No Capítulo de 2001, ressoa com força o apelo a centrar a vida em Jesus Cristo. Acabamos de viver o ano da espiritualidade marista e dispomos de uma primeira versão do documento “Água da Rocha” (2007-2008), com proposta de inclusão, para leigos e Irmãos.

Neste breve percurso, talvez caiba destacar dois fenômenos recentes que afetaram a vida de muitos Irmãos:

- O retorno às fontes, que preconizava o Vaticano II, significou o redescobrimento do Fundador e dos primeiros Irmãos com força inusitada.

- A vinculação a movimentos eclesiais de espiritualidade, em que muitos Irmãos nutriram a sua vida interior: Cursilhos de cristandade, Mundo Melhor do Pe. Lombardi, Taizé, Focolarinos, movimento carismático, etc.

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4.3. Se não avançamos neste tema, podemos intuir as consequências.

- Sem espaços compartilhados de espiritualidade, a comunidade se converterá, cada vez mais, em residência profissional e, com o fluir do tempo, em residência de aposentados.

- Sem pontos comuns e compartilhados na vivência espiritual, os Irmãos se dispersarão ainda mais, buscando o fogo em outros lares espirituais, cada um para o seu lado, deixando muda a oferta vocacional marista.

- Sem vinculação com a missão e com o que vivemos no cotidiano, a nossa espiritualidade se esvaziará de verdade e, ainda que “bebamos vinho, vamos pregar água”.

- Sem Maria no nosso caminho interior e à margem dos nossos modelos próximos de santidade, como o fundador, os primeiros Irmãos ou os nossos mártires, a nossa proposta espiritual terá pouco de específico que possa ser vivido por outras vias.

- Sem referência básica e radical à fé ou, dito de outro modo, à dimensão batismal, a nossa espiritualidade irá em busca de sensações, de bem-estar, de equilíbrio pessoal, tudo legítimo e respeitável, mas vazio na prática, porque simples simulacro do encontro pessoal com Cristo. Algumas buscas, resistências ou fugas só vão refletir a latente e persistente “crise de fé”.

4.4. Caminhos de busca

4.4.1. Devemos acentuar uma espiritualidade cristã genérica, atenta especialmente às referências que oferece a Igreja local ou universal, ou devemos privilegiar, de preferência, as raízes particulares do nosso patrimônio espiritual marista?

4.4.2. Podemos perguntar-nos: Quando resulta valioso incorporar as propostas de vida que provêm de outras espiritualidades cristãs e quando acaba sendo uma fuga que reflete a incapacidade de sintonizar as fontes espirituais da nossa própria tradição marista?

4.4.3. É interessante identificar as atitudes comunitárias que impedem a busca e o desenvolvimento de espaços compartilhados de crescimento espiritual para os membros dela. Podemos detectar as atitudes da nossa comunidade?

4.4.4. A presença de Maria entre nós não se reduz à difusão de uma advocação mariana, de uma prática, de uma imagem, mas se vincula diretamente a uma atitude vital e a um modo de ser Igreja. Podemos explicá-lo para nós com exemplos?

4.4.5. Há entre nós Irmãos que, muito espirituais, martirizam a sua comunidade, e Irmãos que, imersos nas obras, revestem o seu ativismo de espiritualidade apostólica. Como ajudar-nos a reconhecer os nossos desvios espirituais?

4.5. A questão determinante

A pluralidade de todos esses ingredientes dificulta a nossa percepção do essencial, sem o qual tudo o mais se torna irrelevante. Como entrever o essencial em meio de tantos aspectos, todos eles importantes e necessários?

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O mundo global convida-nos à acolhida, sem prejuízo de toda a semente plantada por Deus no seio de qualquer tradição religiosa ou cultural. A espiritualidade não pode converter-se em exercício de autoafirmação em face dos demais. Impele-nos a desenvolver, sem demora, uma vivência holística de compreensão e integração da espiritualidade marista, fundada em séria opção de fé em Jesus Cristo. No nosso caso, essa opção tem um selo específico, no estilo de Maria, e seria interessante compartilhar em que se caracteriza, porquanto aí radica a essência do nosso caráter mariano.

Dar como implícita a opção de fé no fundo do que motiva as nossas eleições fica cada dia mais problemático. Há sinais externos que permitem que duvidemos disso. Poderíamos identificá-los e compartilhá-los? Dito com termos mais simples e evangélicos: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda”. Estamos verdadeiramente dispostos a assumir esse risco? Quais são, no fim de contas, os nossos outros apoios que sustêm as nossas opções e dignas justificações?

Nos próximos anos, talvez descubramos novos e ainda melhores dons na nossa tradição espiritual, ao percorrer esse caminho de busca com os leigos. Juntos aprenderemos a integrar melhor os diferentes aspectos, visto que enfatizar alguns em detrimento de outros acaba comprometendo tudo seriamente. Juntos veremos também, com mais clareza, aquilo que nos é específico.

B. OUTROS TEMAS PARA A REFLEXÃO E PARA O DIÁLOGO

A Consulta Inicial lançou outras preocupações e desafios com peso considerável. Apresentamo-los aqui, em conjunto, muito conscientes da sua importância; mas os percebemos como temas que necessitam, neste momento, de melhores orientações de ação inspiradas pelos quatro temas prioritários, que são os seguintes:

- Estruturas de animação e governo- Comunidade- Formação- Pastoral vocacional- Pastoral juvenil- Missão ad gentes

Convidamo-los a refletir sobre estes temas mais específicos, e rezar e compartilhar. Se não podem tratar de todos, evidentemente os aconselhamos a selecionar aqueles de que estão mais próximos, ou até mesmo outros que considerem tão importantes como estes, ainda que não hajam conseguido tanto apoio por parte de cerca de seis mil pessoas, entre Irmãos e leigos, que participaram na Consulta inicial de maio-outubro de 2008. De maneira especial, queremos recomendar que sejam trabalhados pelos organismos provinciais que tratam deles ou com eles se relacionam: casas de formação, equipes de pastoral, assembléias de superiores, conselhos provinciais.

Para aprofundá-los, podem seguir-se os passos indicados na apresentação dos quatro grandes temas:

- Motivos que nos movem a apresentar este tema- Contexto histórico e situação atual- Se não avançamos neste tema, podemos intuir as consequências- Caminhos de busca- A questão determinante

Esta constitui uma proposta de trabalho; mas, logicamente, em cada lugar cumpre prever as dinâmicas e instrumentos que melhor se ajustem à própria realidade.

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TERCEIRA PARTEPlano de ação

O plano de ação que segue apresenta a segunda etapa da nossa preparação do Capítulo geral. Esta etapa se divide em quatro fases, de dois meses cada uma. As fases são estas: Preparação, Escuta, Eco e Informe.

Fase 1: Preparação (janeiro e fevereiro de 2009) A segunda fase é um processo em si mesma; em consequência, é necessário que os membros do Capítulo, como os Irmãos nas comunidades, leigos maristas e jovens, tenham a possibilidade de bem viver este tempo de preparação. Para isso, há três documentos que serão muito úteis. Em primeiro lugar a Circular do Irmão Superior Geral, Seán Sammon: “Convocação ao 21º Capítulo Geral dos Pequenos Irmãos de Maria fundados por Marcelino Champagnat”. O segundo documento são as “Orientações para reflexão face ao 21º Capítulo Geral”, elaborado pela Comissão Preparatória. O terceiro é o Relatório do Conselho Geral.

A decisão de como proceder na segunda fase depende fundamentalmente das diferentes Unidades administrativas. Mesmo assim, queremos ressaltar o fato de que este processo aponta, sobretudo, a formação dos membros do Capítulo. Os Coordenadores Regionais, que são todos membros da Comissão Preparatória, vão estabelecer reuniões com os membros do Capítulo das suas regiões respectivas, no começo e/ou no fim do processo, se possível, para ajudá-los a ver como proceder nesta fase particular. Os web sites serão também recurso importante, em especial durante este período, visto

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que vamos pôr à disposição materiais para as celebrações, meditações e reuniões, além de outros materiais úteis.

As comunidades de Irmãos, leigos maristas e jovens vão receber também os documentos mencionados. Eles, na sua vez, vão entrar neste período de preparação em atmosfera de oração e reflexão compartilhada, para estabelecer as bases do período 2.

Fase 2: Escuta (março e abril de 2009)

Tendo vivido o período de preparação, os membros do Capítulo se encontrarão com as comunidades de Irmãos, leigos maristas e jovens, para escutar as suas reflexões acerca dos documentos que tiveram à sua disposição.

Aqui a tarefa fundamental é escutar. Deixamos que os membros organizem as reuniões com os diferentes grupos como creiam conveniente. Ainda assim, insistimos em que se empenhem em entrar em contato com o maior número possível de grupos, se não todos. Por exemplo, os membros do Capítulo, em cada fim de semana, caso tenham a oportunidade, poderiam ir às comunidades ou a outros grupos. Também poderiam estabelecer reuniões por áreas ou zonas. Até mesmo poderiam aproveitar as reuniões já organizadas pelas Unidades administrativas, reservando algum momento específico para estas reuniões particulares. Este processo de escuta não se limita apenas às reuniões; poderia também desenvolver-se em forma de retiros ou encontros de oração.

As assembleias regionais, se estão programadas para esse período, oferecem igualmente um marco idôneo para que ocorra esta escuta. Ademais, seria interessante organizar nas respectivas regiões algum encontro dos grupos relevantes daquela área do Instituto com os capitulares. De fato, existe ampla gama de possibilidades.

Fase 3: Eco (maio e junho de 2009) Após o período de escuta, os membros do Capítulo fazem eco daquilo que receberam e o transmitem aos Irmãos, leigos maristas e jovens. Para isso propomos que cada membro do Capítulo escreva uma carta aberta, compartilhando a sua percepção do que escutou da parte dos diferentes grupos da sua Província.

Depois disso, os membros poderão encontrar-se como região, compartilhando e intercambiando tudo o que escutaram. Este intercâmbio pode consistir em compartilhar as suas cartas pessoais, para pôr realmente em comum o que os Irmãos, leigos maristas e jovens estão dizendo.

O resultado que se espera desse encontro regional de membros do Capítulo é uma carta que deverá ser a voz dessa região particular. Esta carta definiria as questões significativas de cada um dos temas sugeridos no presente documento, chamado “Orientações para reflexão face ao 21º Capítulo Geral”.

Esta carta regional será enviada à Comissão Preparatória antes do final de junho de 2009.

Fase 4: Informe (julho e agosto de 2009) A Comissão Preparatória trabalhará o Documento de Conclusão, baseando-se principalmente nas cartas das regiões. Nele se mencionarão os problemas significativos para cada um dos temas propostos nas Orientações para a Reflexão e se indicarão claramente as prioridades. O resultado desse esforço será um eco geral que ofereça uma visão global da situação do Instituto. Os membros do Capítulo receberão este documento que, assim esperamos, vai ser um dos principais materiais para levar ao 21º Capítulo Geral.

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Objetivos Estratégias Recursos Pessoas Implicadas

Datas Indicativ

asPeríodo 1:

Preparação

- Ler e refletir sobre os três documentos

- Formar os membros do Capítulo

- Reflexão pessoal

- Reunião da comunidade

- Retiros

- Convocação ao 21º Capítulo Geral dos Pequenos Irmãos de Maria fundados por Marcelino Champagnat

- Orientações para a Reflexão, face ao 21º Capítulo Geral

- Relatório do Conselho Geral

- Web site

- Os coordenadores regionais

- Os membros do Capítulo

- Os Irmãos - Os leigos

maristas - Os jovens

janeiro e fevereiro de 2009

Período 2:

Escuta

- Escutar os Irmãos, leigos maristas e jovens: seus pontos de vista e reflexões .

- Reunião de Comunidade

- Encontros por Área/Região

- Reunião da UA

- Assembleia regional

- Retiros - Encontros de

oração

Meios ou recursos da Unidade Administrativa ou da Região

- Os membros do Capítulo

- Os Irmãos - Os leigos

maristas - Os jovens

março e abril de

2009

Período 3:

Eco

- Dar um eco aos irmãos, leigos maristas e jovens

- Identificar os problemas significativos e as prioridades para a ação

- Escrever uma carta aberta pessoal

- Reunião regional para compartilhar as cartas pessoais

- Escrever uma Carta Regional que será enviada a Roma

Documentos mencionados anteriormente

Os membros do Capítulo

maio e junho de

2009

Período 4:

Informe

- Recolher as Cartas Regionais - Escrever o Documento Conclusivo

Encontro Cartas Regionais A Comissão Preparatória

julho e agosto de

2009

CONCLUSÃO

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Se o Senhor não edifica a casa,em vão trabalham os construtores (salmo 126)

Conhecemos muito bem as palavras do salmo. Eram muito gratas a são Marcelino Champagnat, que as repetia amiúde. Como no Magnificat de Maria, há palavras que desbordam do coração, porque têm sentido muito rico e são de grande inspiração para o futuro.

Sabemos que tudo o que Marcelino empreendeu durante a sua vida, havia-o encomendado antes a Deus durante muito tempo na oração. Construir l’Hermitage foi um desses projetos. Para muitos dos seus coevos, Marcelino era presunçoso. Para o Pe, Champagnat esse projeto, antes de tudo, era um apelo da fé. É o nosso Hermitage atual. Sentimo-nos orgulhosos daquilo que ele começou e queremos continuar, para a maior glória de Deus.

Nossa Senhora de l’Hermitage, lugar afastado, foi pensado inicialmente para ser lugar de formação, descanso, oração e trabalho. Seria um lugar onde o Fundador convidaria os Irmãos a descansar, fora do alcance da multidão, lugar em que prazerosamente passaria a noite rezando, lugar em que se levantaria muito cedo para confiar a sua jornada ao Pai.

Para Marcelino Champagnat, Nossa Senhora de l’Hermitage era obra de Deus, na qual ele contribuiu com todas as suas forças e com toda a sua energia, para oferecer às gerações de Irmãos e leigos um lugar de enriquecimento marista. Ali se encontra sempre a rocha que ele fendeu, o silêncio das colinas dos arredores, a água do Gier, de que bebeu e de que se utilizou.

A preparação do 2lº Capítulo Geral convida-nos a ter uma fé audaz, a mudar os nossos corações, já que a missão marista continua necessária, na atualidade do nosso mundo, onde os gritos das crianças e jovens por educar e evangelizar se tornam mais prementes.

Que o Senhor, que fez grandes coisas na pessoa de são Marcelino Champagnat, nos dê a sua mesma fé audaz, fé capaz de discernir os apelos interiores e entrar sem demora na preparação do 21º Capítulo Geral, para o bem da Igreja e do mundo.

Com o Irmão Seán, nosso Superior geral, reivindiquemos o espírito de l’Hermitage.

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