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    Documento produzido em 25-07-2008

    ORIENTAO VOCACIONAL E INDIVDUOSPORTADORES DE HIV/SIDA

    (2008)

    Joana Mafalda Batista SobralPsicloga licenciada pela Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade do Porto,

    Portugal. Mestranda em Consulta Psicolgica de Jovens e Adultos na Faculdade de Psicologia e de Cinciasda Educao da Universidade do Porto, Portugal

    Contactos:[email protected]

    RESUMO

    Este artigo surge na tentativa de dar resposta s necessidades particulares de indivduos

    portadores de VIH/SIDA que se encontram desempregados, apresentando um projecto de

    Consulta Psicolgica e Orientao Vocacional. Far-se-, inicialmente, uma breve caracterizao

    da doena seguida da sua contextualizao em Portugal, segundo os relatrios de sade mais

    recentes. Em seguida avanar-se- com uma anlise psicolgica das implicaes da doena para avida em geral, salientando-se as repercusses especficas da mesma para o domnio vocacional.

    Por ltimo, apresentam-se as dimenses estruturantes consideradas basilares para um projecto

    desta natureza dirigido a esta populao especfica.

    Palavras-chave: orientao vocacional, HIV/SIDA

    O que a SIDA?

    O Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (SIDA) uma doena causada pelo vrus da

    imunodeficincia humana (VIH). Este vrus ataca o sistema imunitrio do organismo, destruindo

    a sua capacidade de se defender face a outras doenas. Podemos assim distinguir entre pessoas

    infectadas pelo VIH e pessoas com SIDA. Tal como no caso de outras infeces, o sistema

    imunitrio de uma pessoa infectada pelo VIH produz anticorpos contra este vrus, os quais sedetectam atravs de uma simples anlise ao sangue. A presena destes anticorpos determina a

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    seropositividade de uma pessoa. Ser seropositivo no significa ter sinais ou sintoma da doena,

    podendo a pessoa aparentar um estado saudvel durante um perodo de incubao do vrus que

    pode prolongar-se por vrios anos. No entanto, estando esta pessoa infectada, isto , estando o

    vrus presente no seu organismo, poder transmiti-lo a outras pessoas (o VIH transmite-se atravs

    do sangue, secrees sexuais e da me infectada para o filho, quer durante a gravidez, parto ou

    amamentao). A SIDA propriamente dita s aparece mais tarde, relacionando-se com a

    degradao progressiva do sistema imunitrio e a concomitante diminuio das defesas. Esta

    doena diagnosticada a partir do momento em que aparecem das denominadas doenas

    oportunistas e mediante a realizao de anlise clnicas especficas.

    Como Berry e Hunt (2004) defendem, podemos pensar na progresso do VIH/SIDA como

    um continuum, cujo incio corresponde entrada do vrus no organismo, pelas diversas vias,

    culminando posteriormente com o diagnstico de SIDA. O perodo de tempo entre a entrada do

    VIH no organismo e o diagnstico de SIDA pode variar tendo em conta os cuidados e apoios que

    a pessoa tiver, nomeadamente, evitar re-infectar-se, higiene pessoal, acompanhamento e

    tratamentos mdicos adequados, bem como apoio de pessoas significativas. Durante esta fase os

    indivduos podem ser considerados sintomticos ou assintomticos, no caso de exibirem, ou no,

    uma variedade de doenas e infeces (Hedge e Sherr, 1995). Sabe-se, actualmente, que a

    utilizao correcta de medicamentos que retardam a multiplicao do vrus conjugados com

    medicamentos que previnem as doenas oportunistas pode retardar por vrios anos o

    aparecimento da SIDA, percebendo-se assim a importncia de os seguir rigorosamente. Os

    sintomas podem variar de pessoa para pessoa, sendo que a maioria apresenta fadiga, perda depeso, problemas de pele e pneumonia (Berry e Hunt, 2004). H medida que a carga infecciosa,

    isto , a quantidade de VIH encontrada no sangue, aumenta e o nvel de glbulos brancos (que

    ajudam o sistema imunitrio a funcionar correctamente) diminui, os sintomas vo-se tornando,

    progressivamente, mais intensos, podendo estender-se a febres prolongadas, suores nocturnos,

    diarreia, dores de cabea, dificuldades respiratrias, dificuldades na deglutio e problemas de

    viso, dificuldades de concentrao e perturbaes na memria a curto prazo. (Berry e Hunt,

    2004). A partir do momento em que diagnosticada SIDA a pessoa manter o mesmo

    diagnstico, mesmo na ausncia destes sintomas.

    Actualmente o tratamento usado para combater a SIDA baseia-se numa combinao de

    medicamentos denominada Terapia Antiretroviral, uma vez que engloba medicamentos

    inibidores de RT e de enzimas proteolticas, reduzindo o risco da progresso de HIV e morte

    (Berry e Hunt, 2004). No entanto, apesar destes benefcios esta terapia requere um compromisso

    para toda a vida o que, alm de poder ser demasiado exigente para os seropositivos, acarreta

    alguns efeitos secundrios indesejveis. Alm disto, o horrio de toma dos medicamentos

    interfere significativamente com a sua rotina diria, exige ausncia de consumo de outro tipo de

    drogas, restrio alimentar, implicaes cognitivas e dfices de memria bem como exposio,aquando da toma, da sua condio de doentes (Berry e Hunt, 2004). Centrando-nos no impacto

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    que os medicamentos podem ter no domnio laboral, salienta-se como principal efeito, a

    interferncia na sua disponibilidade quer para tomar os medicamentos quer para comparecer a

    consultas mdicas (Berry e Hunt, 2004).

    A SIDA em Portugal

    Segundo o ltimo Relatrio NORTE 2015 no mbito da Sade, realizado em parceria com a

    Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional do Norte e o Conselho Regional do

    Norte, A SIDA em Portugal representa hoje um dos principais problemas de sade, no s pelo

    impacto que a doena representa para os indivduos, que vm a sua esperana e qualidade de vida

    reduzirem-se de forma drstica, mas tambm pelos elevados custos, directos e indirectos, que

    incidem sobre as famlias e a sociedade em geral (Gonalves, 2005). O primeiro caso clnico de

    infeco pelo VIH em Portugal foi diagnosticado em Outubro de 1983, no entanto, e segundo osdados mais recentes, apresentados num relatrio pela responsabilidade do Centro de Vigilncia

    Epidemiolgica das Doenas Transmissveis do Instituto Nacional de Sade, em colaborao

    com a Coordenao Nacional Para a Infeco VIH/SIDA, em 31 de Dezembro de 2005

    existiriam j 28 370 casos de infeco VIH / SIDA nos diferentes estdios. Segundo a ONU,

    Portugal o segundo pas da Unio Europeia com mais casos de SIDA. Mesmo assim, salienta-se

    que a doena poder estar subavaliada, quer pela subnotificao de casos, quer pelo elevado

    nmero de pessoas que ainda no realizaram o teste de despistagem do VIH.

    Aps uma breve caracterizao da doena, e tendo em conta a sua representatividade nopas, torna-se evidente que se trata de uma realidade que afecta um considervel nmero de

    pessoas e que, como tal, no poder ser ignorada. Apresentar-se-, em seguida, uma anlise

    psicolgica das implicaes da SIDA salientando-se as repercusses que a mesma poder ter no

    domnio vocacional.

    Anlise psicolgica do VIH/SIDA como questo vocacional

    Aquando dos primeiros diagnsticos da SIDA o trabalho dos psiclogos com este tipo de

    doentes era muito limitado no tempo, uma vez que se tratava de uma doena fatal. Como tal,

    estes limitavam-se a ajudar as pessoas a aprender a viver com uma doena terminal (Berry e

    Hunt, 2004). Durante os primeiros tempos de emergncia da SIDA, os indivduos s tomavam

    conhecimento da sua condio quando j se encontravam gravemente doentes, e, como tal,

    impedidos de trabalhar (Hedge e Sherr, 1995). No entanto, e dado os desenvolvimentos nos

    tratamentos mdicos dos ltimos anos, actualmente a SIDA passou a ser uma doena crnica.

    Actualmente, as pessoas portadoras de VIH, especialmente as que tm acesso a tratamento

    mdicos adequados, vivem mais tempo e com mais sade (Berry e Hunt, 2004). Assim, a

    mudana do VIH/SIDA de doena mortal para doena crnica prolongada no tempo criou uma

    necessidade de ateno para o processo de viver com, em vez de morrer com, esta doena

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    (Barrio e Shoffner, 2005, p. 326) De facto, os novos medicamentos melhoraram a funo

    imunitria, reduziram a mortalidade, diminuram os sintomas e melhoraram a qualidade de vida

    (Martin, Chernoff e Buitron, 2005). Assim, e para estas pessoas, a insero no mundo do trabalho

    torna-se, cada vez mais, uma opo vivel e desejvel, podendo traduzir-se em mudanas

    significativas nos domnios financeiro, social, emocional, promovendo o seu bem estar

    psicolgico, e contribuindo para sua motivao (Berry e Hunt, 2004).

    Tal como avana Conyers (2005, p. 67) uma das maneiras mais teis de compreender

    muitos dos avanos e desafios no que diz respeito reabilitao vocacional de indivduos com

    VIH/SIDA ver esta doena atravs de uma perspectiva de uma incapacidade emergente, isto ,

    uma doena que apareceu recentemente na populao e que aumentou rapidamente na sua

    incidncia. De facto, as questes psicolgicas com que se defrontam indivduos com SIDA so

    muito parecidas com as de indivduos com outros tipos de doenas crnicas, sendo, no entanto

    acrescidas do estigma que est normalmente associado a esta doena (Berry e Hunt, 2004),

    especialmente dada a associao com o tipo de transmisso pela via sexual e consumo de drogas.

    Assim, e apesar dos aspectos relacionados com o trabalho para as pessoas que vivem com VIH

    serem semelhantes aos de outras perturbaes fsicas e psicolgicas, a natureza crnica,

    imprevisvel e estigmatizante desta doena implica uma ateno especial s preocupaes e

    necessidades especficas desta populao (Barrio e Shoffner, 2005, p. 326).

    Tal como Guerra (1998, p. 33) afirma se cada ser humano tem a sua individualidade

    prpria, provvel que se encontrem reaces diversas quando da informao da sua

    seropositividade. A sua reaco depende, ento, do indivduo, mas tambm de vrios aspectos

    psicossociais, neuropsiquitricos e orgnicos (Guerra, 1994). De facto, vrios autores salientam

    que um dos melhores preditores da sade mental de uma pessoa a quem diagnosticada SIDA

    mesmo a sua sade mental antes da doena (Guerra, 1998). Estudos referenciados pela mesma

    autora diferenciam, ainda, aspectos psicolgicos caractersticos da populao homo e

    heterossexual, bem como toxicodependente. No entanto, e de uma forma geral, pode indicar-se

    que a um estado inicial de choque, seguem-se a incerteza e ansiedade, as alteraes ao estilo de

    vida, modificaes da rotina (Hedge e Sherr, 1995; Guerra, 1999) e, inevitavelmente, dos planos

    para o futuro, nomeadamente no que diz respeito gesto da vida profissional, dada a dvidaquanto progresso da doena e as suas consequncias econmicas e sociais. Podem igualmente

    surgir associados sentimentos de revolta, medo e culpa (Guerra, 1992), choque, desespero, raiva

    e isolamento (Berry e Hunt, 2004) potenciadores de uma possvel depresso.

    As motivaes que os seropositivos apontam como mais determinantes para o seu regresso

    ao trabalho so o aumento salarial, o desejo de ser um membro activo contribuindo para a

    sociedade, o desejo de contactos interpessoais e o sentido de realizao (Berry e Hunt, 2004),

    sentir-se bem consigo prprio, sentido de independncia (Escovitz e Donegan, 2005), sentido

    positivo de identidade, distraco da doena, esperana no futuro (Barrio e Shoffner, 2005), bemcomo o sentido de pertena e de significado para as suas vidas (Hoffman, 1997; Escovitz e

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    Donegan, 2005). No entanto, h algumas variveis a ter em conta, nomeadamente a idade (os

    mais novos tendem a contemplar de forma mais decisiva a ideia de regressar ao trabalho), a

    escolaridade (quanto mais elevada, maior a vontade de reingressar), tempo de doena (quanto

    menos tempo, mais probabilidade de voltar ao trabalho) e sade (Martin et. al, 2005). Alguns

    estudos actuais chegam mesmo a avanar que o trabalho em si um factor importante para a

    recuperao e tratamento de pessoas com SIDA (Escovitz e Donegan, 2005).

    Por outro lado, e como barreiras para o seu reingresso no mundo laboral identificam as

    implicaes para os seguros de vida, preocupaes com a incluso dos seus regimes de

    medicao do quotidiano laboral, apreenso relativa a discriminao, desconhecimento dos

    direitos laborais (Escovitz e Donegan, 2005), desactualizao das suas competncias, experincia

    e escolaridade, receios relacionados com discriminao e estigmatizao (Berry e Hunt, 2004),

    efeitos psicolgicos (medo de exposio a doenas, ansiedade) e sociais (Martin et al., 2005).

    A grande maioria dos desempregados portadores do vrus da SIDA parecem necessitar de

    apoio no que diz respeito a competncias de empregabilidade, procura e manuteno de emprego

    (Berry e Hunt, 2004). Da mesma forma parecem beneficiar de informao e apoio quanto aos

    recursos da sua comunidade, apoio na procura e manuteno de empregos competitivos,

    empregos que estejam associados a seguros mdicos e ajustes adequados, quer na adequao de

    horrios de trabalho, quer na alteraes de responsabilidades (Berry e Hunt, 2004).

    O que importante constar num programa de orientao vocacional dirigido apessoas com SIDA?

    Antes de mais, e tendo em conta a especificidade desta populao, necessrio que os

    psiclogos tenham em considerao os seus prprios esteretipos e preconceitos face SIDA, de

    forma a que no discriminem, nem julguem os seus clientes (Berry e Hunt, 2004), sendo

    fundamental estar bem informados acerca da doena, suas caractersticas especficas,

    necessidades e tratamentos disponveis.

    Dadas as caractersticas j apresentadas da doena e conhecido o impacto na qualidade de

    vida (que se ir repercutir na sua capacidade de empregabilidade) de seguir um regime

    medicamentoso correcto, ser importante explorar junto dos clientes o tipo de medicamentos a

    que esto sujeitos, o seu nvel de motivao para seguir o tratamento, bem como o seu nvel de

    adeso para que se possam desenvolver estratgias que ajudem a mant-lo (Berry e Hunt, 2004).

    Por outro lado, e tendo em conta a realidade portuguesa, o estatuto de empregabilidade

    parece ser muito valorizado, pelo que os desempregados podero experienciar baixa auto-estima,

    baixa auto-eficcia, ansiedade e desestabilizao do seu estatuto de identidade (Berry e Hunt,

    2004), aspectos que naturalmente devero merecer a ateno dos psiclogos numa interveno

    junto desta populao especfica.

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    Uma das grandes preocupaes dos doentes com SIDA aquando de uma situao de

    empregabilidade o dilema relativo a informar, ou no, os outros acerca da sua condio de

    sade. Neste aspecto caber aos psiclogos ajudar estes indivduos a ponderar e manter uma

    deciso relativa a este aspecto. Vrios estudos indicam que os indivduos podem preferir no

    revelar o seu estatuto de doente com SIDA s entidades empregadoras por receio de

    discriminao por parte de superiores ou colegas de trabalho, mesmo perdendo assim os

    benefcios que poderiam requerer (Berry e Hunt, 2004). No entanto, e dada a imprevisibilidade

    da natureza da doena, podem ocorrer mudanas profundas nos sintomas, agravando-os e

    deteriorando a sua qualidade de vida, o que se traduzir em mudanas na sua capacidade de

    trabalhar. Far parte do trabalho do psiclogo apoiar os consulentes a ajustar-se s mudanas do

    seu estado de sade, minimizando as possveis consequncias negativas nos seus empregos. Para

    algumas pessoas, a deciso de contar aos outros o seu estatuto pode acarretar uma grande

    ansiedade que se repercuta nos seus planos vocacionais (Berry e Hunt, 2004), podendo optar poromitir essa informao por desejo de manter a sua privacidade e recear possveis consequncias

    negativas. Por outro lado, assumir a sua doena poder diminuir o stresse relacionado com a

    omisso e aumentar o bem-estar psicolgico (Berry e Hunt, 2004).

    No que diz respeito aos ajustes necessrios ao emprego, alm de se atender aos aspectos

    individuais de cada um, os mais comuns so a modificao do horrio de trabalho, de forma a

    poder inserir a toma de medicamentos, dispensa para consultas mdicas frequentes, reduo de

    um tipo de trabalho fisicamente exigente, tarefas que acarretem menor stresse ou

    responsabilidades e pausas regulares ao longo do dia. Assim, os ajustes necessrios segundo cadaconsulente devero ser apurados e tidos em considerao na escolha vocacional.

    De uma maneira geral, e para Barrio e Shoffner (2005), que seguem uma perspectiva

    ecolgica, as intervenes ao nvel da orientao vocacional com este tipo de populao devem

    contemplar especificamente a clarificao e afirmao de opes de vida, gesto de vrios papis,

    obteno dos recursos necessrios, promoo de ambientes de trabalho saudveis, e ligao dos

    indivduos modelos.

    Todos os aspectos mencionados ao longo desta anlise, desde a importncia do seguimento

    de um regime medicamentoso, a relevncia do trabalho, a deciso de revelar aos outros o seu

    estatuto de sade, os ajustes necessrios no emprego, devero, ento, ser contemplados no

    delineamento de um projecto de consulta psicolgica de orientao vocacional face a esta

    populao especfica de doentes portadores de VIH/SIDA. No entanto, e antes de avanar com a

    proposta de projecto e interveno propriamente dita, convm especificar a base terica que se

    pretende que o sustente.

    Adopta-se, assim, uma perspectiva construtiva-ecolgica-desenvolvimental, isto , supe-se

    um equilbrio entre experincias de explorao-integrao, uma continuidade temporal, que

    englobe experincias mediadas pela relao sujeitomundo. Considera-se, naturalmente, que o

    desenvolvimento vocacional se processa ao longo da histria desenvolvimental do sujeito, na

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    qual este constri e desconstri constantemente o seu percurso (Gonalves, 1997), pelo que far

    todo o sentido intervir neste tipo de populao independentemente do seu percurso passado. Esta

    perspectiva defende, ento, que o desenvolvimento vocacional se integra no mbito do

    desenvolvimento psicolgico global (Campos, 1976), processando-se nas relaes que o sujeito

    estabelece com o que o rodeia. A insero do vocacional no plano mais alargado da existncia

    humana tem consequncias notrias do primeiro sobre a construo de uma identidade pessoal.

    Confrontados com a seropositividade, e vendo afectados vrios domnios da sua vida, o domnio

    vocacional sofrer certamente consequncias directas e indirectas deste novo estado de sade,

    pelo que merecer consideraes especficas.

    Pretende-se que a orientao vocacional ajude neste processo de construo pela elaborao

    e implementao de um projecto prprio (Campos, 1980) no desenvolvimento de um percurso

    nico e individual. Este processo deve, ento, proporcionar experincias significativas que se

    situem num nvel de desenvolvimento ligeiramente superior ao actualmente apresentado pelo

    indivduo, desafiando, desta forma, a sua organizao presente. Deve, igualmente, promover o

    envolvimento emocional e uma atitude de compromisso, proporcionando o desempenho em

    situaes reais, isto , de maior significado para o sujeito. Essas experincias devem ser

    acompanhadas de reflexes permanentes, equilibradas e guiadas pelo psiclogo, para que possam

    ser integradas no sistema pessoal do sujeito. Esta integrao de experincias deve promover a

    expresso, discusso e reflexo atravs da considerao de diferentes perspectivas, explorao de

    crenas, percepes, sentimentos e medos, no estando reservada a experincias proporcionadas

    no mbito do processo de orientao vocacional, mas podendo ser alargada a outras experinciassignificativas que o sujeito vivencie e que sejam consideradas pertinentes (Coimbra, Campos, e

    Imaginrio, 1994). Por ltimo convm ainda salientar a importncia da dimenso temporal para a

    transformao da auto-organizao do indivduo (no podendo ser esperada grande eficcia de

    um processo que se revele curto ou intermitente) bem como a importncia da intencionalizao

    no domnio vocacional e promoo de significao pessoal de todas as actividades desenvolvidas

    no mbito do processo (Imaginrio e Campos, 1987).

    Dimenses estruturantes do projecto de consulta psicolgica de orientao vocacionaldirigido a pessoas com VIH/SIDA

    Esta ltima seco pretende apresentar as vrias dimenses estruturantes de um processo de

    consulta psicolgica de orientao vocacional dirigida a indivduos com VIH/SIDA. No entanto,

    e antes de o fazer, talvez seja necessrio clarificar o tipo de interveno que se pretende delinear.

    Trata-se, ento, de um processo de consulta psicolgica em grupo para indivduos a quem foi

    diagnosticada a presena de VIH/SIDA, sendo heterogneos quanto idade, gnero e forma de

    transmisso do vrus, que se encontram actualmente desempregados. Prev-se que, ao longo

    destas sesses se possa promover o contacto com outros indivduos, igualmente seropositivos que

    funcionem como modelos para os elementos do grupo. De facto, tal como Barrio e Shoffner

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    (2005, p. 332) defendem, os modelos podem servir como fontes de suporte, esperana e ligao

    para pessoas que vivem com SIDA, na medida em que, uma vez que os indivduos seropositivos

    podem ter baixa auto-estima e auto-eficcia, como j referido, podero beneficiar do contacto

    com indivduos que, estando nas mesmas condies (no caso a mesma doena), sejam

    motivadores pela sua experincia de sucesso. Como complemento das sesses em grupo esto

    igualmente previstas consultas individuais para um acompanhamento mais prximo das

    necessidades especficas de cada indivduo. Nestas consultas a nvel individual pretende-se

    identificar e explorar pedidos, problemas e/ou necessidades especficas do consulente, explorar a

    histria individual e laboral identificando variveis pessoais e contextos relevantes, explorar o

    tipo de qualidade de experincias de explorao e investimentos, acontecimentos de vida

    relevantes (enfatizando a experincia de tomada de conscincia da doena), determinantes de

    escolhas anteriores, sensibilizar para a natureza desenvolvimental do projecto vocacional,

    promover a conscincia de regularidades e reforar o sentido do self, definir tarefas concretas eespecficas para encontrar emprego consoante a explorao e reflexo dos vrios aspectos

    abordados nas sesses em grupo, verificar se essas tarefas foram ou no conseguidas,

    identificando-se quais os obstculos encontrados e promover a reflexo acerca de possveis

    barreiras que interfiram com a motivao para regressar ao trabalho (Martin et. al, 2005). No

    entanto, e uma vez que este projecto se pretende apresentar como modalidade em grupo, ter em

    ateno as caractersticas especficas deste tipo de interveno.

    Um dos pilares de qualquer processo de consulta psicolgica de orientao vocacional ,

    naturalmente, o estabelecimento de um contexto interpessoal seguro (Brown e Brooks, 1991).Apesar de estar subjacente a todo o processo como objectivo comum, o incio do mesmo

    corresponde ao estabelecimento de uma relao que permita a criao de uma situao adequada

    ao atendimento dos consulentes, baseada, naturalmente numa atitude de permanente escuta

    activa. Tratando-se de uma interveno em grupo, ser to importante o estabelecimento de uma

    relao colaborativa de empatia entre os consulentes e o psiclogo como entre os prprios

    consulentes entre si, pelo que este aspecto dever merecer uma especial ateno. Assim, dever-

    se- tentar quebrar a sensao inicial de desconforto perante a integrao num novo grupo,

    promovendo o conhecimento e a interaco entre os diferentes elementos.

    A par do estabelecimento da relao, um dos primeiros passos a seguir para a

    implementao de um projecto de consulta psicolgica e orientao vocacional dever ser a

    avaliao das necessidades especficas da populao alvo, de forma a definir problemas e

    necessidades objectivas, bem como recursos disponveis (Martin et al., 2005). Assim, e alm de

    toda a pesquisa que serviu de base ao delineamento deste projecto, ser necessrio apurar junto

    dos consulentes as suas principais necessidades, devendo todo o processo sofrer as alteraes

    necessrias para dar resposta s mesmas. De facto, sendo os indivduos diferentes, as suas

    necessidades podero (devero) ser igualmente diferentes, devendo o psiclogo conduzir uma

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    avaliao cuidada das necessidades dos clientes para que possa planear a interveno (Barrio e

    Shoffner, 2005, p. 330).

    Ser igualmente pertinente promover a explorao conjunta da natureza e especificidades

    de um processo de Consulta Psicolgica de Orientao Vocacional. Desta forma, pretender-se-

    identificar e clarificar as expectativas dos consulentes relativamente s actividades subjacentes a

    este processo, sua durao, ao papel e interveno dos psiclogos e ao seu prprio papel, aos

    resultados ou objectivos a alcanar, explorando-se igualmente o significado do seu envolvimento

    (Brown e Brooks, 1991). Dever igualmente ser negociado e estabelecido um compromisso

    comum elaborando um contrato relativo aos vrios parmetros das sesses, definindo-se as

    normas de funcionamento do grupo. Por ltimo, e neste primeiro momento, ser pertinente

    explorar e desafiar as crenas, representaes e construes socialmente veiculadas relativas ao

    vocacional, quanto noo de carreira e vocao, quanto natureza e caractersticas das tarefas

    de transio vocacional, uma vez que estas podem ser erradas e influenciar negativamente o

    processo (Lewis e Gilhousen, 1981).

    Poder ser igualmente til neste momento inicial do processo, promover a reflexo e

    discusso no grupo, das vantagens e desvantagens do seguimento dos regimes de medicao,

    uma vez que se poder associar a interrupo dos tratamentos ao aumento dos sintomas e,

    consequentemente diminuio da sua capacidade para trabalhar (Berry e Hunt, 2005). Por outro

    lado, e ao nvel das estratgias para os manter, poder-se-, por exemplo, associar a toma dos

    medicamentos a qualquer outra actividade diria que realizem ou programar um relgio para que

    se lembrem da hora de o fazer.

    Num segundo momento do processo centrar-se- a interveno na explorao de

    alternativas. Este momento contemplar a explorao e clarificao das opes de vida (Barrio e

    Shoffner, 2005), nomeadamente atravs da explorao de valores que podero sustentar uma

    deciso vocacional ou uma direco a seguir, bem como discusso acerca das vantagens e

    desvantagens de regressar ao trabalho (Martin et. al, 2005). Assim, os psiclogos devem assistir e

    apoiar na identificao e clarificao de valores que podero influenciar a tomada de deciso

    vocacional bem como o estabelecimento de planos futuros. Os valores so crenas duradoiras,

    critrios pessoais de significao de realidade que nos conferem pistas quanto importncia das

    coisas que nos rodeiam, conferindo-nos motivao e satisfao pessoal (Brown e Brooks, 1991).

    No entanto, uma vez mais deve ser tida em considerao a especificidade desta populao, uma

    vez que provvel que a experincia de estar doente com VIH tenha um grande impacto nas

    prioridades e valores do indivduo (Barrio e Shoffner, 2005, p. 329), podendo significar novas

    perspectivas acerca do papel do trabalho, do que ser mais valorizado e do que poder ser um

    trabalho significativo. Dever-se-o ento desenvolver actividades que permitam compreender a

    importncia dos valores e da sua explorao, tomar conscincia dos valores que esto

    cristalizados (isto , entranhados na personalidade, na estrutura do self), aceder hierarquia dosvalores e interpret-los em funo das implicaes para a orientao vocacional. Se as

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    perspectivas tradicionais so orientadas para o futuro, no podemos deixar de pensar que o futuro

    dos indivduos com VIH pode ser altamente imprevisvel, preferindo os seropositivos viver,

    muitas vezes, para o presente. Assim, poder ser pertinente reflectir acerca da significncia e

    pertinncia de regressar ao trabalho, proporcionando-se a oportunidade de pesar as alternativas

    de forma a conseguir traar um percurso vocacional (Martin et. al, 2005), mesmo que diferentes

    dos esperados tradicionalmente (Barrio e Shoffner, 2005). De uma forma mais concreta, dever

    ser incentivada a reflexo acerca dos obstculos ao regresso ao trabalho, nomeadamente o medo

    de perder benefcios sociais (Timmons e Fesko, 2004), a discriminao, como pedir ajustes ao

    trabalho, ponderao do que vai ter que abdicar ao trabalhar e identificao de pessoas que

    apoiem ou desaprovem a busca de emprego (Martin e tal, 2005).

    Como j referido, a proposta terica que sustenta este projecto postula a insero do

    vocacional no plano mais alargado da existncia e desenvolvimento humano. Assim,

    independentemente da seropositividade, os indivduos podero acumular os papis de

    companheiro, pai, trabalhador, cidado, entre outros. No entanto, e sendo seropositivos, tero

    igualmente o papel de pacientes, que poder ter implicaes especficas para o trabalho, tais

    como visitas regulares ao mdico e seguimento de rotinas de medicamentos. Assim, uma viso

    tradicional de emprego (central na vida, carreira linear) poder-se- revelar desajustada, sendo

    necessria uma redefinio do trabalho, identificando possveis solues que preencham as

    necessidades relacionadas com o domnio vocacional e os ajustes necessrios sua doena

    (Barrio e Shoffner, 2005). Estes ajustes podero traduzir-se no trabalho a partir de casa, trabalho

    por conta prpria, em part-time, como voluntrio, etc. (Barrio e Shoffner, 2005). O trabalho empart-time, por exemplo, poder ser mesmo uma forma de os consulentes terem a oportunidade de

    praticar competncias relacionadas com o trabalho, desenvolver auto-confiana e a sua

    capacidade de perseguir objectivos (Paul-Ward, Bravement, Kielhfner e Levin, 2005).

    Associado aos valores vocacionais, e tendo ponderado vrias alternativas que os podero

    satisfazer, ser complementar a explorao de interesses vocacionais bem como competncias de

    forma a sustentar a sua deciso. Assim, dever-se- compreender os interesses como produto de

    uma histria de experincias de vida, explorando-se retrospectivamente as representaes que

    foram sendo construdas acerca de si e do mundo e relacionando-se os interesses com valores ecompetncias pessoais (Brown e Brooks, 1991). No que diz respeito s competncias dever-se-

    proceder a uma explorao da percepo subjectiva das competncias, partindo-se de cada

    consulente e do que ele se sentir capaz de realizar, tendo sempre em considerao a progresso da

    doena que lhe est associada. Esta explorao dever merecer uma particular ateno uma vez

    que as capacidades podero ser subestimadas. De facto, se por um lado, encontramos como

    mediadores cognitivos das competncias a percepo de auto-eficcia e expectativas de sucesso e

    insucesso, por outro h que considerar que os doentes com VIH/SIDA, como j foi referido ao

    longo do artigo, podem experinciar baixa auto-estima e baixa auto-eficcia. Desta forma, aexplorao de competncias dever primar pela valorizao das vrias experincias de vida, quer

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    profissionais, quer no profissionais, enquanto fontes de aprendizagem de competncias.

    Pretende-se, assim, identificar um perfil de competncias para que, avaliando e diferenciando

    alternativas ocupacionais j colocadas, se possa associar a profisses que possam suscitar

    interesse e permitam satisfazer os valores igualmente identificados.

    Um dos aspectos j mencionados aquando da anlise psicolgica do impacto da

    seropositividade foi a deciso de partilhar, ou no, o estatuto de doente seropositivo no local de

    trabalho, sendo igualmente uma proposta de Barrio e Shoffner (2005) a promoo de um

    ambiente laboral saudvel e positivo. Assim, e para ajudar nesta deciso poder ser til produzir

    um discurso focalizado nos contributos positivos de assumir em detrimento de discursos

    politicamente correctos (Timmons e Fesko, 2004) ou identificar possveis fontes de apoio social,

    recorrendo, por exemplo ao prprio grupo para discutir vantagens e desvantagens de assumir a

    seropositividade, explorar as condies legais que promovem a confidencialidade e impedem a

    discriminao, potenciar situaes de role-playing que permitam reflectir acerca da melhor forma

    de o fazer, decidir o tipo de informao a disponibilizar e lidar com questes indesejveis,

    promovendo, a partir destas experincia de role taking em situaes de entrevistas reais, que se

    podero revelar como mais significativas.

    Tendo sido abordados todos os aspectos mencionados ao longo do processo, e tendo-se

    procedido a todas as alteraes necessrias de forma a responder convenientemente s

    necessidades especficas de cada consulente, ser ainda necessrio proceder finalizao

    adequada do processo. Assim, dever-se- proceder a uma avaliao da percepo de utilidade e

    satisfao do processo, bem como da eficcia do mesmo enquanto potenciador do

    desenvolvimento, revendo-se os objectivos do mesmo e consolidando os aspectos abordados.

    Alm disso, ajudar-se- e apoiar-se- na definio de objectivos a longo prazo, antecipando-se

    possveis obstculos e ponderando-se formas adaptativas de os ultrapassar, potenciar-se- a

    manuteno do contacto entre os diferentes elementos de forma a dar continuidade s relaes

    positivas estabelecidas, promover-se- o contacto com o psiclogo de forma a que se possam ir

    monitorizando os progressos e demonstrar-se- franca disponibilidade para um futuro apoio

    necessrio (Martin e tal, 2005).

    Todo este programa poder ser complementado com consultoria com potenciais entidades

    empregadoras, explorando-se os mitos relacionados com a doena, formas de transmisso,

    evoluo, consequncias para a sade, tratamentos mdicos, medos face a possveis situaes de

    contgio e desvantagens de contratar pessoas com este tipo de doena, como o facto de serem

    menos produtivas, por exemplo (Berry e Hunt, 2004).

    Como limitaes deste projecto podero ser apontadas, partida, a ausncia de

    considerao das relaes entre seropositividade e a toxicodependncia ou abuso de substnciasque poder ser bastante variada, historial mdico (condio fsica e mental) (Paul-Ward et al.,

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    2005), cultural (nvel socio-econmico) e expectativas sociais (Conyers, 2004). H ainda que ter

    em considerao que dados os avanos mdicos e cientficos e as constantes experincias e

    estudos que envolvem o VIH/SIDA h uma necessidade constante de actualizao de dados,

    necessidades e servios disponibilizados (Escovitz e Donegan, 2005).

    Por ltimo, talvez seja pertinente ressalvar que nem todas as pessoas com SIDA renem as

    condies necessrias para regressar ao mundo do trabalho, devendo ponderar convenientemente

    as vantagens e desvantagens, antecipar possveis consequncias para o seu estado de sade,

    obstculos a ultrapassar e motivao para o fazer (Martin et al., 2005).

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