orientação tecnica escala de braden

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  • DIRE O-GERAL D A SAD E | Alamed a D. Afonso Henriques, 45 - 1049-005 Lisboa | Tel: 218430500 | Fax: 218430530 | E-mai l: geral@d gs.pt | www.dgs.pt 1 - Este documento foi redigido ao abrigo do novo Acordo Ortogrfico -

    NMERO: 017/2011

    DATA: 19/05/2011

    ASSUNTO: Escala de Braden: Verso Adulto e Peditrica (Braden Q)

    PALAVRAS-CHAVE: lceras de Presso

    PARA: Mdicos e Enfermeiros do Servio Nacional de Sade

    CONTACTOS: Departamento da Qualidade na Sade ([email protected])

    Nos termos da alnea c) do n. 2 do artigo 2. do Decreto Regulamentar n. 66/2007, de 29 de maio, na redao dada pelo Decreto Regulamentar n. 21/2008, de 2 de dezembro, emite-se a Orientao seguinte:

    1. Deve proceder-se avaliao do risco de desenvolvimento de lcera de presso nos doentes, em todos os contextos assistenciais, independentemente do diagnstico clnico e necessidades em cuidados de sade, nas primeiras seis horas aps a admisso do doente.

    2. A aplicao da Escala de Braden no domiclio deve ser realizada durante a primeira visita domiciliria.

    3. Os instrumentos validados em Portugal para a avaliao do risco no adulto so a Escala de Braden1 (Anexo I) e o instrumento da avaliao da pele (Anexo II).

    4. Na criana utilizada a Escala de Braden Q2 (Anexo III) e o instrumento de avaliao da pele (Anexo II).

    5. Os resultados obtidos atravs da aplicao da Escala devem ser registados no processo clnico. 6. A avaliao clnica complementa, obrigatoriamente, os instrumentos referidos anteriormente. 7. O risco de desenvolvimento de lcera de presso deve ser reavaliado periodicamente, de acordo

    com a seguinte tabela:

    Perodos recomendados de reavaliao do risco de desenvolvimento de lceras de presso, com a utilizao da

    Escala de Braden (verso adulto) e Braden Q (verso peditrica)

    Internamentos Hospitalares

    Servios de Urgncia

    e

    Unidades de Cuidados

    Intensivos

    Unidades de Cuidados

    Continuados

    e Paliativos

    Cuidados Domicilirios

    Doentes que no permaneam mais de 48 no servio

    48/48 Horas 24/24 Horas 48/48 Horas Semanalmente Apenas se existir alguma

    intercorrncia

    8. Os doentes em que foi aplicada a Escala de Braden devem ser estratificados nas categorias de baixo

    e alto risco de desenvolvimento de lcera de presso (Anexo IV). 9. A presente Orientao revoga a Circular Informativa da Direo-Geral da Sade, n 35/DSQC/DSC

    de 12/12/2008, sobre avaliao do risco para a lcera de Presso - Escala de Risco de Braden. CRITRIOS

    1. So critrios de aplicao da Escala de Braden e Braden Q,: a) Doentes com idade superior a 18 anos - Escala de Braden; b) Doentes com idades compreendidas entre os 21 dias de vida e os 18 anos de idade - Escala

    de Braden Q.

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    2. So critrios de excluso da aplicao da Escala de Braden:

    a) Doentes em situao de assistncia ambulatria ou em qualquer situao em que no est previsto tempo de internamento superior ou igual a 24horas, a menos que exista mudana do estado clnico do doente;

    b) Portadores de doena mental; c) Portadores de patologia em que esteja implcito o risco de automutilao.

    3. So critrios de estratificao do risco (Anexo IV): Atravs da aplicao da Escala de Braden e Braden Q, os doentes devem ser categorizados em dois nveis de risco, em que o ponto de cut-off, ser 16 e 22 respetivamente, da seguinte forma:

    a) Alto Risco de Desenvolvimento de lceras de presso no adulto - valor final 16; b) Baixo Risco de Desenvolvimento de lceras de presso no adulto - valor final 17; c) Alto Risco de Desenvolvimento de lceras de presso na criana - valor final < 22 d) Baixo Risco de Desenvolvimento de lceras de presso na criana - valor final 22.

    FUNDAMENTAO As lceras de presso so um problema de sade pblica e um indicador da qualidade dos cuidados prestados. Causam sofrimento e diminuio da qualidade de vida dos doentes e seus cuidadores3,4, podendo levar morte. Constituem um problema recorrente em Portugal. Estima-se que cerca de 95% das lceras de presso so evitveis atravs da identificao precoce do grau de risco. O conhecimento da etiologia e fatores de risco associados ao desenvolvimento de lceras de presso so a chave para o sucesso das estratgias de preveno5. A avaliao do risco de desenvolvimento de lceras de presso fundamental no planeamento e implementao de medidas para a sua preveno e tratamento. O registo e a caracterizao das lceras de presso so fundamentais para a monitorizao adequada dos cuidados prestados aos doentes, uma vez que permitem estabelecer corretamente medidas de tratamento e melhorias nos cuidados aos doentes. Os dados epidemiolgicos portugueses mais recentes so relativos aos cuidados hospitalares, onde a prevalncia mdia de lceras de presso de cerca de 11,5%. Estratificando por servios especficos, como os servios de Medicina, a prevalncia mdia sobe para 17,5%1. Os doentes com lcera de presso, tm um maior nmero de dias de internamento e readmisses, o que se traduz em maiores encargos financeiros para o Servio Nacional de Sade 6,7,8. APOIO CIENTFICO Ana Cristina Costa, Anbal Justiniano, Cristina Miguns, Laurinda Miranda, Teresa Garcia, Paulo Alves, Pedro Lopes Ferreira, Pedro Pacheco, Rosa Maria Nascimento, Rosa Maria Ribeiro BIBLIOGRAFIA 1

    Ferreira, Pedro; Miguns, Cristina; Gouveia, Joo; Furtado, Ktia. Risco de desenvolvimento de lceras de presso: implementao nacional da escala de braden. Lusodidacta. 2007 2 Miguns C, Ferreira PL. Avaliao do risco de desenvolver lceras de presso na populao peditrica: validao da

    verso portuguesa da Escala de Braden Q. Nursing 2009 Jun;21:12-6 3

    Russo CA, Elixhauser A. Hospitalizations related to pressure sores. Statistical Brief #3. AHRQ Healthcare cost and

    utilization project. April 2006. Disponvel em: www.hcup-us.ahrq.gov/reports/statbriefs/sb3.pdf.

    Acesso a 24/01/2007.

  • Orientao n 17/2011 de 19/05/2011 3

    4

    Vangilder C, Macfarlane GD, Meyer S.Results of nine international pressure ulcer surveys: 1989 to 2005. Ostomy

    Wound Management 2008 54(2): 4054 5

    National Pressure Ulcer Advisory Panel and European Pressure Ulcer Advisory Panel . Prevention and treatment of pressure ulcers: clinical practice Guidelines. Washington DC: National Pressure Ulcer Advisory Panel, 2009. 6

    Allman RM, Goode PS, Burst N, Bartolucci AA, Thomas DR. Pressure Ulcers, hospital complications and disease severity: impact on hospital costs and lenght of stay. Advanced Wound Care. 1999;12:22 -30. 7

    Ducker A. Pressure ulcers: assesment, prevention and compliance. Case manager. 2002; 12 (4):6 1-65. 8

    Strausberg J, Kroger K, Maier I, Schneider H, Niebel W. Interdisciplinary Decubitus Project. Pressure ulcers in

    secondary care: incidence, prevalence and relevance. Advanced Skin Wound Care. 2005, Apr;18 (3):140-5

    Francisco George

    Diretor-Geral da Sade

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    ANEXO I

    Escala de Braden - Adulto

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    ANEXO II Instrumento de Avaliao da Pele

    Nota: De acordo com as Guidelines de preveno e tratamento das lceras de presso, a terminologia alterou de grau para categoria

    5.

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    ANEXO III

    Escala de Braden Q - Peditrica

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    ANEXO IV

    Operacionalizao da Escala de Braden

    1. A Escala de Braden constituda por seis subescalas. a) As subescalas tm como objetivo a avaliao das seguintes dimenses: Perceo sensorial,

    Humidade da pele, Atividade, Mobilidade, Nutrio, Frico e Foras de Deslizamento; b) O valor atribudo a cada subescala varia entre 1 e 4 (o menor valor corresponde a um maior

    risco de desenvolvimento de lcera de presso); c) O valor obtido atravs do somatrio dos valores atribudos a cada subescala varia entre 6 e

    23. 2. A Escala de Braden Q (Peditrica) constituda pelas seis subescalas da Escala de Braden original e

    uma subescala de perfuso/oxigenao tecidular; a) Tal como referido anteriormente, o valor atribudo a cada subescala varia entre 1 e 4 (o

    menor valor corresponde a um maior risco de desenvolvimento de lcera de presso); b) O valor obtido atravs do somatrio dos valores atribudos a cada subescala varia entre 7 e

    28. 3. Paralelamente aplicao da Escala de Braden ou Braden Q, avaliado o estado da pele atravs do

    instrumento de avaliao da pele (Anexo II). 4. Devem ser considerados os seguintes nveis de risco:

    a) Alto risco (i) Existncia de alto risco de desenvolvimento de lceras de presso, por um ou mais que

    um fator de risco. Deve ser avaliado de acordo com os prazos estipulados anteriormente.

    (ii) Recomenda-se que cada uma das subescalas deva ser analisada individualmente, com a finalidade de implementar intervenes preventivas para cada uma.

    b) Baixo risco (i) Baixa probabilidade de desenvolvimento de lceras de presso nos scores de fatores

    de risco - dever manter-se uma vigilncia de acordo com o indicado anteriormente. O facto de estar categorizado como de baixo risco de desenvolvimento de lceras de presso no significa que no esteja em risco.

    (ii) O juzo clnico do profissional deve fazer sempre parte desta avaliao. 5. Deve ser feita a avaliao do estado da pele:

    a) As caractersticas e tipo de alteraes relacionadas com a integridade cutnea, devem ser avaliadas com o instrumento da avaliao da pele (Anexo II).

    b) As lceras de presso so classificadas segundo o Sistema de Classificao da National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) / European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP)5 (Anexo V).

    c) Este sistema de classificao encontra-se disponvel para consulta, nas verses portuguesas, no site da Direo-Geral da Sade e das sociedades cientficas nacionais. Os originais encontram-se disponveis nos sites da EPUAP e NPUAP.

    d) Recomenda-se que a avaliao do estado da pele seja realizada durante os cuidados de higiene ou conforto pele.

    6. Devem existir protocolos preventivos, de acordo com a realidade institucional: a) Os protocolos devem ser elaborados por nvel de risco ou por subescala afetada. b) recomendvel que, os mesmos, sejam adequados aos scores mais baixos por cada subescala.

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    7. Deve ser feita educao das pessoas em risco de desenvolvimento de lceras de presso e da famlia/cuidador: a) A educao das pessoas com risco de desenvolvimento de lceras de presso e dos

    familiares/cuidadores, no que se refere aos cuidados a ter com a preveno das lceras de presso, prioritria para se reduzir no apenas o aparecimento de novos casos como a gravidade do quadro clnico.

    b) Deve ser elaborado um manual de apoio ao cuidador/famlia, de forma a ser dada continuidade a cuidados e ensinos previamente estabelecidos e implementados.

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    ANEXO V

    Sistema Classificao da National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) / European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP)

    1. Definio de lcera de presso:

    a) uma leso localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminncia ssea.

    b) Esta leso resultado da presso ou de uma combinao entre esta e as foras de toro 5. 2. So categorias das lceras de presso:

    a) Categoria I: Eritema no branquevel (i) Pele intacta com rubor no branquevel numa rea localizada, normalmente sobre

    uma proeminncia ssea. (ii) Em pele de pigmentao escura pode no ser visvel o branqueamento; a sua cor pode

    ser diferente da pele em redor. (iii) A rea pode estar dolorosa, dura, mole, mais quente ou mais fria comparativamente ao

    tecido adjacente. (iv) A categoria I pode ser difcil de identificar em indivduos com tons de pele escuros. (v) Pode ser indicativo de pessoas em risco.

    b) Categoria II: perda parcial da espessura da pele (i) Perda parcial da espessura da derme, que se apresenta como uma ferida superficial

    (rasa) com leito vermelho rosa sem esfacelo. (ii) Pode tambm apresentar-se como flitena fechada ou aberta, preenchida por lquido

    seroso ou sero-hemtico. (iii) Apresenta-se como uma lcera brilhante ou seca, sem crosta ou equimose. (iv) Esta categoria no deve ser usada para descrever fissuras da pele, queimaduras por

    abraso, dermatite associada a incontinncia, macerao ou escoriaes. (v) Equimose indicador de leso profunda.

    c) Categoria III: Perda total da espessura da pele (i) Perda total da espessura tecidular. (ii) Pode ser visvel o tecido adiposo subcutneo, mas no esto expostos os ossos,

    tendes ou msculos. (iii) Pode estar presente algum tecido desvitalizado (fibrina hmida), mas no oculta a

    profundidade dos tecidos lesados. (iv) Pode incluir leso cavitria e encapsulamento. (v) A profundidade de uma lcera de categoria III varia com a localizao anatmica. (vi) A asa do nariz, orelhas, regio occipital e malolos no tm tecido subcutneo

    (adiposo) e uma lcera de categoria III pode ser superficial. (vii) Em contrapartida, em zonas com tecido adiposo abundante podem desenvolver-se

    lceras de presso de categoria III extremamente profundas. O osso/tendo no so visveis ou diretamente palpveis.

    d) Categoria IV: Perda total da espessura dos tecidos (i) Perda total da espessura dos tecidos com exposio ssea, dos tendes ou msculos. (ii) Pode estar presente tecido desvitalizado (fibrina hmida) e ou tecido necrtico. (iii) Frequentemente so cavitadas e fistulizadas. (iv) A profundidade de uma lcera de presso de categoria IV varia com a localizao

    anatmica.

  • Orientao n 17/2011 de 19/05/2011 10

    (v) Na asa do nariz, orelhas, regio occipital e malolos estas lceras podem ser superficiais.

    (vi) Uma lcera de categoria IV pode atingir msculo e/ou estruturas de suporte (i.e. fascia, tendo ou cpsula articular) tornando a osteomielite e a ostete provveis de acontecer. Existe osso/msculo exposto visvel ou diretamente palpvel.

    2011-05-19T16:32:37+0100Francisco Henrique Moura George