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ÓRGÃO AUDITADO: SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO - SMH TITULAR : Jorge Ricardo Bittar Secretário de Habitação PERÍODO : 05/09/2011 à 12/12/2011 Execução: Giuliano Barbirato Alvim Viana Assessor - Técnico de Controle Externo Matricula: 40/901.370-7 Luizimar de Araújo Júnior Engenheiro Matricula: 40/901.707-0 Anderson Gewehr Pontes Técnico de Controle Externo Matricula: 40/901.246-9

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ÓRGÃO AUDITADO: SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO - SMH TITULAR : Jorge Ricardo Bittar

Secretário de Habitação PERÍODO : 05/09/2011 à 12/12/2011

Execução:

Giuliano Barbirato Alvim Viana Assessor - Técnico de Controle Externo

Matricula: 40/901.370-7

Luizimar de Araújo Júnior Engenheiro

Matricula: 40/901.707-0

Anderson Gewehr Pontes Técnico de Controle Externo

Matricula: 40/901.246-9

SGCE / Secretaria Geral de Controle Externo

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LISTA DE SIGLAS

AEIS Área de Especial Interesse Social

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

CEF Caixa Econômica Federal

COTS Caderno de Orientação Técnico Social

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil

CVL Secretaria Municipal da Casa Civil

DORIO Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

EDI Espaço de Desenvolvimento Infantil

FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

GEORIO Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro

IAB Instituto de Arquitetos do Brasil

IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IPP Instituto Pereira Passos

LOA Lei Orçamentária Anual

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PCRJ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

POUSO Posto de Orientação Urbanística e Social

PPA Plano Plurianual

PROAP Programa de Urbanização de Assentamentos Populares

PTTS Projeto Técnico de Trabalho Social

QCI Quadro de Composição de Investimentos

SABREN Sistema de Assentamentos de Baixa Renda

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SCOS Sistema de Controle de Ocupação do Solo

SEOP Secretaria Municipal de Ordem Pública

SGCE Secretaria Geral de Controle Externo

SMAC Secretaria Municipal de Meio Ambiente

SMAS Secretaria Municipal de Assistência Social

SMF Secretaria Municipal de Fazenda

SMH Secretaria Municipal de Habitação

SMU Secretaria Municipal de Urbanismo

SNHIS Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social

SWOT Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) Ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente),

TCMRJ Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro

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LISTA DE TABELAS

TABELA I - Investimentos

TABELA II - Indicadores por programa – Programa 0210

TABELA III - Indicadores por programa – Programa 0321

TABELA IV - PROAP III / LOA 2011

TABELA V - Urbanização de Assentamentos Precários / LOA 2011

TABELA VI - Trabalhos sociais

TABELA VII - Metas físicas em relação a domicílios atendidos

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Programa Morar Carioca

Figura 2 – Construção do Centro de trabalho, emprego e renda no Morro da Providência

Figura 3 – Detalhe do futuro Plano Inclinado no Morro da Providência

Figuras 4 e 5 – Casas do conjunto habitacional da Colônia Juliano Moreira

Figura 6 – Apartamentos do conjunto habitacional da Colônia Juliano Moreira

Figura 7 – Pavimentação de ruas da Colônia Juliano Moreira

Figura 8 – Construção da Vila dos Idosos

Figura 9 – Construção do Espaço de Desenvolvimento Infantil Leila Diniz

Figura 10 – Contenção na Favela São Carlos

Figura 11 – Pavimentação de via na Favela São Carlos

Figura 12 – Execução de escadaria na Favela São Carlos

Figura 13 – Iluminação na Favela São Carlos

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 : Questões de auditoria

QUADRO 2 : Stakeholders

QUADRO 3 : Classificação dos assentamentos

GRÁFICOS

GRÁFICO 1 : Fontes de Recursos – PROAP III

GRÁFICO 2 : Fontes de Recursos – Urbanização de Assentamentos Precários

GRÁFICO 3 : Principais pendências para o repasse de recursos

GRÁFICO 4 : Situação Física das obras

ANEXOS

ANEXO 1 : Ofício de Apresentação

ANEXO 2 : Matriz de Planejamento

ANEXO 3 : Análise SWOT

ANEXO 4 : Indicadores do Programa PROAP III

ANEXO 5 : Indicadores do Programa Urbanização de Assentamentos Precários

ANEXO 6 : Matriz de Achados

ANEXO 7 : Caderno de Orientação Técnico Social da CEF

ANEXO 8 : Acompanhamento das licitações

ANEXO 9 : Memorando TCMRJ nº 03/2011

ANEXO 10 : Principais pendências para o repasse de recursos

ANEXO 11 : Situação física das obras do Morar Carioca – Fase 1

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ÍNDICE

1. Introdução ...................................................................................... 7 1.1. Identificação do objeto da auditoria ............................................................ 7 1.2. Antecedentes ..................................................................................................... 7 1.3. Objetivos e escopo da auditoria .................................................................... 8 1.4. Metodologia...................................................................................................... 10

2. Visão Geral ................................................................................... 10 2.1. Conceitos ........................................................................................................... 10 2.2. Principais Stakeholders .................................................................................... 12 2.3. Aspectos Gerais do Plano Municipal de Integração de Assentamentos Precários Informais - Morar Carioca..................................................................... 13 2.3.1. Classificação dos Assentamentos ............................................................. 13 2.3.2. Projetos ............................................................................................................ 14 2.3.3. Monitoramento e controle das favelas .................................................... 14 2.3.4. Regularização Fundiária .............................................................................. 15 2.3.5. Previsão de Investimento............................................................................. 16 2.4. Aspectos orçamentários e financeiros......................................................... 17 2.4.1. Plano Plurianual (PPA) .................................................................................. 17 2.4.2. Lei Orçamentária Anual - LOA ................................................................... 20 2.5. Fases do Morar Carioca.................................................................................. 23 2.6. Execução do Morar Carioca ......................................................................... 23 2.7. Avaliação Pós-ocupacional .......................................................................... 28

3. Achados de Auditoria ................................................................. 29 3.1. Monitoramento do trabalho social............................................................... 29 3.2. Morosidade no cumprimento de exigências para liberação de recursos ...................................................................................................................... 32 3.3. Situação física das obras do Morar Carioca – Fase 1............................... 34 3.4. Metodologia de apuração do cumprimento das metas físicas ............ 35

4. Oportunidades de melhoria ....................................................... 37

5. Conclusão..................................................................................... 38

6. Proposta de encaminhamento .................................................. 38

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1. Introdução

1.1. Identificação do objeto da auditoria

O objeto desta auditoria de natureza operacional são as ações que

integram, no Plano Plurianual – PPA 2010/2013, o Plano Municipal de

Integração de Assentamentos Precários Informais - Morar Carioca,

gerido pela Secretaria Municipal de Habitação - SMH.

A SMH atua na urbanização e regularização de favelas e loteamentos,

ao mesmo tempo em que promove a construção de moradias para

famílias com baixa renda.

O Plano Municipal de Integração de Assentamentos Precários Informais

foi criado em julho de 2010 pela Prefeitura do Rio de Janeiro com o

objetivo de promover a inclusão social através da integração urbana e

social completa e definitiva de todas as favelas do município até o

ano de 2020. O programa faz parte do legado da Prefeitura para

realização das Olimpíadas e tem como meta investir R$ 8 bilhões,

sendo 2 bilhões até 2012.

O Morar Carioca envolve um amplo processo de planejamento

urbano, além da implantação de infraestrutura, equipamentos e

serviços, visando assegurar melhores condições de habitabilidade,

mediante o cumprimento das metas estabelecidas pelo Município.

1.2. Antecedentes

A programação de auditoria para o presente exercício foi aprovada

nesta Corte de Contas em Sessão Plenária de 17/01/2011, processo

TCMRJ 40/163/2011.

O Morar Carioca foi selecionado em razão de ser o principal plano

habitacional da atual gestão do Município do Rio de Janeiro, tendo

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como finalidade a inclusão social e a justiça territorial, duas marcas do

Plano do Legado Urbano das Olimpíadas de 2016.

Ademais, a conquista de condições de moradia digna e segura

constitui-se um dos principais instrumentos de inserção do cidadão e

de sua família na comunidade em que vivem.

Corroborando esse pensamento, a Constituição da República

Federativa do Brasil (CRFB), em seu art 6º, incluiu a moradia como

direito social fundamental do indivíduo, sendo a habitação satisfatória

pressuposto para dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos

da CRFB, conforme art. 1º, inciso III.

Ainda sobre o tema, a Carta Magna, em seu art. 23, inciso IX,

determina que é de competência comum da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios “promover programas de construção

de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de

saneamento básico”.

1.3. Objetivos e escopo da auditoria

O objetivo da auditoria foi verificar em que medida a concepção,

execução e operacionalização do Plano Municipal de Integração de

Assentamentos Precários Informais - Morar Carioca têm contribuído

para a melhoria efetiva da qualidade de vida da população

envolvida.

É necessário avaliar a efetividade do Morar Carioca, diante da

possibilidade de se identificar boas práticas para, se possível,

incorporá-las na sua operacionalização, bem como contribuir para

que o gestor implemente uma adequada avaliação do Plano.

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Esses objetivos foram considerados para a definição dos problemas de

auditoria, que foram desdobrados em quatro questões, conforme

apresentados a seguir:

QUADRO 1 : Questões de auditoria

Questão Subquestão 1.1)Os procedimentos de planejamento definidos no órgão consideram a avaliação das ações executadas? 1.2) Há utilização de uma metodologia definida a partir de indicadores sociais, ambientais e de saúde para que seja estabelecida uma hierarquização das áreas de intervenção prioritária? 1.3) Como foram selecionadas as favelas contempladas pelo Morar Carioca ?

1) O programa tem atingido o objetivo de promover a melhoria das condições de habitabilidade nos assentamentos precários definido no PPA?

1.4) Dentro das favelas contempladas, quais são os critérios de escolha das habitações/famílias beneficiadas pelo Plano? 2.1)O indicador estabelecido no PPA 2010/2013 reflete a realidade atual e a esperada?

2) As metas previstas estão sendo alcançadas? 2.2) Há correlação das metas físicas

estabelecidas no PPA 2010/2013 com o indicador e a proposta orçamentária?

3) Qual a representatividade das ações do programa face à demanda geral do Município? 4) Como é otimizada a aplicação dos recursos do programa?

Fonte: Matriz de Planejamento

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1.4. Metodologia

Durante a etapa de planejamento da auditoria, foi consultada a

legislação pertinente, pesquisada a bibliografia e os documentos

obtidos junto à Secretaria Municipal de Habitação.

Com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre o assunto, bem

como identificar as áreas que poderiam demandar um

aprofundamento da investigação, foram desenvolvidas, ainda, as

seguintes técnicas de diagnóstico de auditoria:

a) Matriz de Planejamento (Anexo 2);

b) Análise SWOT (Anexo 3);

c) Análise Stakeholders

2. Visão Geral

2.1. Conceitos

Ao lado da alimentação, a habitação figura no rol das necessidades

mais básicas do ser humano. Para cada indivíduo desenvolver suas

capacidades e até se integrar socialmente é fundamental possuir

moradia.

Como já salientado, o fato é que a habitação satisfatória consiste em

pressuposto para a dignidade da pessoa humana, um dos

fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, III da CRFB).

O autor Nelson Saule Júnior esclarece que:

"A dignidade da pessoa humana como comando constitucional será observada quando os componentes de uma moradia adequada forem reconhecidos pelo Poder Público e pelos agentes privados, responsáveis pela execução de programas e projetos de habitação e interesse social, como elementos necessários à satisfação do direito à moradia". 1

1 Na obra "A Proteção Jurídica da Moradia nos Assentamentos Irregulares". Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris, 2004, pág. 149.

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Em observação dirigida à realidade brasileira, o autor afirma que para

a moradia ser classificada como adequada precisaria englobar os

seguintes itens: "segurança jurídica da posse, disponibilidade de

serviços e infraestrutura, custos da moradia acessível, habitabilidade,

acessibilidade e localização e adequação cultural".

Ainda nos dizeres de Nelson Saule Júnior:

"Nas normas definidoras do direito à moradia a aplicação é imediata o que faz com que sua eficácia seja plena. Isto é, de imediato, o Estado brasileiro tem a obrigação de adotar as políticas, ações e demais medidas compreendidas e extraídas do texto constitucional para assegurar e tornar efetivo esse direito, em especial aos que se encontram no estado de pobreza e miséria. Essa obrigação não significa, de forma alguma, prover e dar habitação para todos os cidadãos, mas sim construir políticas públicas que garanta o acesso de todos ao mercado habitacional, constituindo planos e programas habitacionais com recursos públicos e privados para os segmentos sociais que não têm acesso ao mercado e vivem em condições precárias de habitabilidade e situação indigna de vida". 2

Em suma, o que se conclui é que por força constitucional, os

Municípios, como também a União, os Estados e o Distrito Federal,

devem possuir programas e planos habitacionais. Esse conjunto de

ações é que efetivará as opções, prioridades e linhas de ação

contempladas na política habitacional nacional, estadual e municipal,

conforme o caso. Os entes federativos estão obrigados a elaborá-la

não só moralmente, mas também do ponto de vista jurídico. Desta

forma o Município do Rio de Janeiro ao adotar o Plano Morar Carioca

cumpre a sua função constitucional.

2 Na obra citada, págs. 182 e 183. Celso Antônio Bandeira de Mello afirma também que, a partir da Constituição, o Estado brasileiro tem obrigação imediata de estabelecer as medidas necessárias para efetivar os direitos econômicos, culturais e sociais, entre os quais se inclui o direito à moradia (no artigo "Eficácia das Normas Constitucionais sobre Justiça Social", publicado na Revista de Direito Público nº 57/58, págs. 253/254)

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2.2. Principais Stakeholders3

Os stakeholders foram divididos em grupos primários e secundários,

sendo os primeiros os mais afetados, tanto positiva (os beneficiários),

como negativamente (os realocados involuntariamente). Os grupos

secundários são os intermediários no processo de prestação de

serviços.

QUADRO 2 : Stakeholders

3 A técnica de auditoria chamada Análise Stakeholder (Port. nº 5, 18/02/2002, do TCU, que está no boletim TCU nº 13, de 25/02/02) consiste na identificação dos principais atores envolvidos, dos seus interesses e do modo como esses interesses irão afetar os riscos e a viabilidade de programas ou projetos.

PESSOAS/INSTITUIÇÕES CHAVES

PARA REALIZAÇÃO DO MORAR CARIOCA INTERESSE

GRUPOS DE INTERESSES PRIMÁRIOS

População

SMH

Qualidade de vida (usuária)

Gerenciamento do Programa

GRUPOS DE INTERESSES

SECUNDÁRIOS

SMF – Secretaria Municipal de Fazenda TCMRJ SMAC – Secretaria Municipal de Meio Ambiente SMU- Secretaria Municipal de Urbanismo SEOP – Secretaria Municipal de Ordem Pública SMAS- Secretaria Municipal de Assistência Social

Alocação de recursos x metas físicas.

Análise da efetividade/eficácia da atividade. Verificação da sustentabilidade ambiental e emissão de licenças Legislação Urbanística e aprovação dos equipamentos urbanos Planejamento, coordenação e monitoramento das atividades relativas ao ordenamento urbano Cadastramento das famílias beneficiadas

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2.3. Aspectos Gerais do Plano Municipal de Integração de

Assentamentos Precários Informais - Morar Carioca

2.3.1. Classificação dos Assentamentos

Preliminarmente, é preciso entender que as favelas cariocas não se

encontram dispersas pelo território de forma desconexa. Algumas têm

um contorno claramente definido, enquanto outras se encontram

agrupadas em conjunto, com fortes relações entre si.

Respeitando essa dinâmica, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro –

PCRJ, em lugar de abordar cada uma delas como se fossem casos

independentes, procedeu a seu agrupamento, o que permitiu

estabelecer dois tipos básicos, denominadas “Unidades”. O primeiro se

refere às favelas isoladas e o segundo àquelas agrupadas em

complexo.

É a partir desta classificação que se pode definir a solução mais

adequada para cada caso. De forma sintética, das 1040 favelas

identificadas pelo Instituto Pereira Passos – IPP em 2011, 494

correspondem à classificação de “favela isolada”, enquanto as

demais 546 estão agrupadas em 147 complexos, perfazendo um total

de 641 unidades.

QUADRO 3 : Classificação dos assentamentos

FAVELAS DO RIO DE JANEIRO Classificação Definição Quantidade

Favelas isoladas Aquelas com limite claramente identificáveis, com denominação própria e distante de outros assentamentos

494

Complexo de favelas

Formadas por favelas que por sua proximidade formam uma mancha urbana única. Excetuam-se dessa classificação as favelas que estão separadas por elementos construídos que dificultem a circulação dos moradores, ou que pertençam às bacias de contribuição distintas

147

Fonte: Instituto Pereira Passos – Sistema de Assentamentos de Baixa Renda (SABREN).

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Assim, tendo em conta a totalidade de assentamentos da cidade e

suas características, a Prefeitura definiu a abrangência das ações

compreendidas pelo Morar Carioca.

2.3.2. Projetos

Considerando que 54 das 641 unidades se encontram urbanizadas, a

meta do Morar Carioca é atuar em todos os 587 assentamentos

precários restantes, beneficiando mais de 240 mil domicílios até 2020.

Para alcançar a meta de urbanização, a Prefeitura firmou um

convênio com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ).

A primeira ação desse convênio foi a realização do “Concurso Morar

Carioca – Conceituação e Prática em Urbanização de Favelas”, por

meio do edital SMH nº 01/2010, publicado no Diário Oficial do Rio de

Janeiro – DORIO do dia 13/10/2010. Este concurso teve como objetivo

selecionar equipes multidisciplinares, coordenadas por arquitetos, para

elaborar projetos de urbanização em diversas favelas na cidade.

O resultado do Concurso foi homologado em 21/12/2010, estando as

equipes vencedoras incumbidas de projetar as intervenções que

beneficiarão uma área de aproximadamente 12 milhões de metros

quadrados, onde serão implantados infraestrutura, equipamentos

comunitários, além de programas sociais, culturais e de lazer.

2.3.3. Monitoramento e controle das favelas

Para melhor eficácia do Morar Carioca é necessário um controle do

crescimento das favelas existentes e do surgimento de novas. Neste

sentido, foram criados os Postos de Orientação Urbanística e Social –

POUSOs, que são unidades descentralizadas da Coordenadoria de

Orientação e Regularização Urbanística da Secretaria Municipal de

Urbanismo. Os POUSOs estão imbuídos em fazer vigorar a legislação

urbanística no tocante à preservação do espaço público e o controle

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do crescimento das comunidades, fiscalizando e orientando quanto

ao uso do solo e prestando apoio na regularização fundiária e

urbanística. Além disso, eles apoiarão o Sistema de Controle de

Ocupação do Solo (SCOS), como postos de alerta e encaminhamento

das demandas locais aos órgãos competentes.

Os POUSOs são compostos de arquitetos, engenheiros, assistentes

sociais e agentes comunitários locais. Hoje existem 30 POUSOs atuando

em 61 favelas e a meta é implantar mais 100 até 2020, alcançando

assim 130 em toda a cidade. Cabe ressaltar que para aproveitar ao

máximo os recursos humanos, um só Pouso cuida de várias favelas.

Além da atuação da SMU, a Secretaria de Ordem Pública (SEOP) é co-

responsável pelas atividades de planejamento, coordenação e

monitoramento de atividades relativas ao ordenamento urbano.

2.3.4. Regularização Fundiária

A Gerência de Regularização Urbanística e Fundiária atua na

regularização de Áreas de Especial Interesse Social (AEIS), como

favelas, loteamentos, reassentamentos e conjuntos habitacionais. A

ação tem o objetivo de reconhecer e garantir a segurança da posse e

o acesso ao título de propriedade pelo morador. A iniciativa visa

contribuir para ampliar os direitos de cidadania da população das

regiões beneficiadas, através da moradia digna, da qualificação do

ambiente urbano e da existência jurídica e administrativa da

habitação. Além disso, busca-se ainda a inserção das áreas

regularizadas nas rotinas de planejamento e controle do uso e

ocupação do solo da cidade, complementando as melhorias que

acompanham as obras de urbanização.

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As ações de regularização objetivam estabelecer um canal de

participação com o morador, a partir de atividades de comunicação,

sensibilização e divulgação nas diversas fases do trabalho.

As etapas da regularização urbanística e fundiária das AEIS abrangem

a pesquisa fundiária, o cadastro dos lotes e das edificações, o

cadastro socioeconômico da população, a elaboração dos projetos

de legalização dos parcelamentos e a titulação dos moradores.

Os títulos concretizam-se através da emissão de documentos que

abrangem concessão do direito real de uso, concessão de uso

especial para fins de moradia, termo de compra e venda e o título de

legitimação da posse.

Estão em processo de licitação a regularização fundiária nos Morros da

Coroa (proc. adm. nº 16/ 001.395/2011) e da Babilônia (proc. adm. nº

16/ 001.396/2011).

2.3.5. Previsão de Investimento

O Morar Carioca é um compromisso internacional da Cidade, pois

integra o Plano de Legado Urbano das Olimpíadas de 2016. Para a

realização do projeto até 2020 o investimento previsto será de R$ 8

bilhões, com recursos da Prefeitura do Rio de Janeiro, Governo Federal

e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), atendendo

aproximadamente 276.139 domicílios. As obras de urbanização serão

executadas respeitando o porte e a condição de urbanização de

cada tipo de unidade.

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TABELA I - Investimentos

Fonte: IPP

Das 641 unidades existentes, há um número estimado de cerca de 138

unidades cuja impossibilidade de urbanização está sendo verificada

através da realização de diagnóstico, tomando-se em conta as

situações de risco assim como a inadequação para o uso residencial.

As famílias residentes nestas áreas serão cadastradas e reassentadas

em unidades habitacionais produzidas pelo Programa Minha Casa,

Minha Vida.

Caso o diagnóstico aponte para a possibilidade de urbanização, as

unidades serão incluídas no Morar Carioca, com enquadramento nas

outras categorias descritas na tabela acima.

2.4. Aspectos orçamentários e financeiros

2.4.1. Plano Plurianual (PPA)

O PPA 2010-20134, no campo da infraestrutura urbana, tem como

diretriz promover parcerias com o governo federal e instituições

privadas, com vistas a viabilizar a produção de unidades habitacionais

4 Lei nº 5.215/2010 de revisão do Plano Plurianual do quadriênio 2010/2013.

TIPO UNIDADES DOMICÍLIOS CUSTO POR DOMICÍLIO

R$

INVESTIMENTO R$

Favelas não urbanizáveis(estimado) 138 12.973 51.000 661.623.000

Favelas com menos de 100 domicílios

193 7.409 22.000 162.998.000

Favelas entre 100 e 500 domicílios

159 37.066 22.000 815.452.000

Favelas com mais de 500 domicílios, parcialmente urbanizadas

36 114.144 25.500 2.910.672.000

Favelas com mais de 500 domicílios, não

urbanizadas 61 104.547 32.500 3.397.777.500

Totais 587 276.139 7.948.522.500

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de baixa renda e a legalização de assentamentos informais e

conjuntos habitacionais.

Neste âmbito se encaixa o Morar Carioca, que tem por objetivo tornar

o Município do Rio de Janeiro referência mundial em melhoria do

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), qualidade de vida e

inclusão social.

O Morar Carioca, dentro do PPA 2010-2013, está inserido nos Programas

0210 e 0321.

Figura 1 - Programa Morar Carioca

Fonte: SMH

O Programa de Urbanização de Assentamentos Populares (PROAP III)

tem como objetivo geral melhorar a qualidade de vida da população

urbana de baixa renda, aumentando a disponibilidade dos serviços

urbanos e sociais em favelas e loteamentos irregulares. Este programa

será financiado com recursos do BID com a contrapartida do Município

do Rio de Janeiro, tendo os indicadores descritos na tabela a seguir:

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TABELA II - Indicadores por programa – Programa 0210

INDICADORES

Descrição Unidade de medida

Índice de Referência

Índice Esperado

Taxas de domicílios atendidos pelo PROAP Percentagem 0,00 90,00

Número de famílias atendidas pelo PROAP Unidade 0 30.059

Fonte: Lei nº 5.215/2010 (anexo 4)

O Programa de Urbanização de Assentamentos Precários tem como

objetivo geral promover a melhoria das condições de habitabilidade

nos assentamentos precários, com impacto na redução da incidência

e do desordenamento dos assentamentos subnormais, por meio da

urbanização, regularização urbanística e fundiária, inclusão produtiva

e social, e sustentabilidade ambiental. Este programa será financiado

com recursos da União e do Município do Rio de Janeiro, tendo os

indicadores descritos na tabela abaixo:

TABELA III - Indicadores por programa – Programa 0321

INDICADORES

Descrição Unidade de medida

Índice de Referência

Índice Esperado

Número de lotes / domicílios irregulares inscritos na SMH Unidade 95.000 76.000

Número de domicílios sem infraestrutura inscritos no Programa Habitabilidade nos Assentamentos Precários

Unidade 57.345 0

Taxa de participação comunitária nos Programas / Projetos desenvolvidos no SMH

Percentagem 80,00 100,00

Fonte: Lei nº 5.215/2010 (anexo 5)

Para melhor gestão de recursos, os programas acima estão divididos

em várias ações e produtos que serão descritos no item subseqüente,

pertinente a Lei Orçamentária Anual de 2011.

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2.4.2. Lei Orçamentária Anual - LOA5

A LOA 2011 prevê investimentos de R$ 557.783.234,00 com o Morar

Carioca, sendo R$ 86.837.188,00 no Programa PROAP III e

R$ 473.946.046,00 no Programa Urbanização de Assentamentos

Precários conforme tabelas IV e V esquematizadas abaixo:

TABELA IV - PROAP III / LOA 2011

AÇÃO PRODUTO META 2011 TIPO FONTE VALOR

3184 Obra em Favela Unidade 6.392 101 27.255.309

3186

Comunidade Assistida/

Participação Comunitária

Unidade 3.981 112 51.782.944

1510 Urbanização Integrada do PROAP III

3187

Família Realocada /

Indenizações e Aquisições de

imóveis

Unidade 3.888

PI6

79.038.253

3178 Projeto Elaborado Unidade 3 100 449.538

101 1.462.800 1511 Administração e

Projetos do PROAP III 3179

Relatório Elaborado -

Gerenciamento/ Supervisão

Unidade 1 PI

1.912.338

101 4.415.448

112 549.549 1512

Regularização Urbana

e Fundiária do PROAP

3181

Domicílio / Lote Atendido com

Regularização Fundiária

Unidade 1.010 PI

4.964.997

3190 Pessoa

Capacitada Unidade 3.981 101 372.600

112 549.000 1513

Desenvolvimento Institucional do

PROAP III 3192 Produto de

Comunicação Social Elaborado

Unidade 1 PI

921.600

SUBTOTAL 86.837.188

Fonte: Lei nº 5.247/2011

5 Aprovada pela Lei nº 5.247, publicada no DO RIO de 19/01/2011

6 A sigla PI refere-se ao tipo de despesa de capital denominado investimento. Os investimentos são classificados na Lei 4320/64, em seu art.12, § 4º, como dotações para o planejamento e a execução de obras...

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TABELA V - Urbanização de Assentamentos Precários / LOA 2011

AÇÃO PRODUTO META 2011 TIPO FONTE VALOR

100 87.700.834 3119

Domicílios Atendidos

Unidade 10.875 102 7.548.304

108 43.199.480

146 49.317.519

1002 PAC –

Urbanização

3122 Lote / Domicílios Regularizados

Unidade 12.477

PI

187.766.137

1035

Regularização Urbanística e Fundiária de Assentamentos

de Baixa Renda

3123 Lote / Domicílios Regularizados

Unidade 220 PI 100 225.000

100 16.953.434

101 8.359.949

102 1.977.718 3125

Lote / Domicílios Regularizados

Unidade 12.649

108 6.509.735

110

65.810.701

112 123.787.118

113 282.865

146 55.721.530

1215

Urbanização de

Assentamentos Informais

3126 Domicílios Atendidos

Unidade 13.095

PI

279.403.050

3237 Plano Elaborado Unidade 1 100

200.000

118

3.751.855

1892

Plano Municipal de Habitação de Interesse Social 3192

Produto de Comunicação Social Elaborado

Unidade 1 C7

3.951.855

2497 Atividades Sociais Complementares N/T N/T C 100 2.400.000

2860 Estudos e Projetos para Implantação de

Infraestrutura Urbana N/T N/T C 100 200.000

2253 Recuperação da Qualidade Ambiental e Urbanização de Áreas de Baixa Renda

Unidade A

definir PI 100 4

SUBTOTAL 473.946.046

Fonte: Lei nº 5.247/2011

7 A sigla C refere-se ao tipo de despesa corrente denominado custeio. Os custeios são classificados na Lei 4320/64, em seu art.12, § 1º, como dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis.

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Dentro do PROAP III os recursos originários da Prefeitura8 perfazem

cerca de 40% do total a ser investido, enquanto no Programa de

Urbanização de Assentamentos Precários os mesmos totalizam 25%. A

distribuição dos investimentos por fonte de recurso pode ser visualizada

nos gráficos 1 e 2:

GRÁFICO 1 : Fontes de Recursos – PROAP III

0,52%

38,59%

60,90%

Fonte 100

Fonte 101

Fonte 112

GRÁFICO 2 : Fontes de Recursos – Urbanização de Assentamentos Precários

8 Recursos originários da Prefeitura: Fontes 100, 101 e 102.

22,72%2,01%10,49%

13,89%

26,12% 22,16%

1,76%

0,06%0,79%

Fonte 100

Fonte 101

Fonte 102

Fonte 108

Fonte 110

Fonte 112

Fonte113

Fonte 118

Fonte 146

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2.5. Fases do Morar Carioca

Foram definidas três grandes fases para implantação do Morar

Carioca:

Morar Carioca Fase 1: Integra projetos cujos financiamentos estavam

em fase de contratação ou faziam parte do banco de projetos da

SMH.

Morar Carioca Fase 2: Foram priorizados 40 agrupamentos, de acordo

com os critérios destacados no quadro abaixo, cujos projetos serão

contratados entre 2011 e 2012, com prazo de conclusão de 2 anos.

Morar Carioca Fase 3: Compreende o restante das favelas urbanizáveis

com mais de 100 domicílios.

2.6. Execução do Morar Carioca

O estágio atual do Morar Carioca se concentra na Fase 1, onde as

obras de urbanização serão executadas, respeitando o porte e a

condição de cada tipo de unidade.

Nos pequenos assentamentos com menos de 100 domicílios serão

executadas pequenas obras de rede de abastecimento de água,

esgotamento sanitário, drenagem pluvial, iluminação pública e

pavimentação.

Nas favelas entre 100 e 500 domicílios o programa de habitação de

urbanização básica prevê a construção de sistema de abastecimento

de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, iluminação pública

e viária, além de áreas de lazer, paisagismo, eliminação de áreas de

risco e regularização urbanística.

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Nas favelas com mais de 500 domicílios existem dois tipos de

classificação:

a) Parcialmente urbanizadas9 – onde haverá ações complementares

de urbanização em sistemas de abastecimento de água, esgotamento

sanitário, drenagem pluvial, iluminação pública e viária, além de áreas

de lazer, paisagismo, equipamentos públicos, ampliação da

acessibilidade, eliminação de áreas de risco, desadensamento parcial

e regularização urbanística.

b) Não urbanizadas - serão realizados programas de urbanização com

construção, complementação ou ampliação de sistema de

abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial,

iluminação pública e viária, além de áreas de lazer, paisagismo,

equipamentos públicos, ampliação da acessibilidade, eliminação de

áreas de risco, desadensamento parcial, regularização urbanística,

promoção de novas oportunidades habitacionais e conservação e

manutenção dos serviços e equipamentos públicos.

Atualmente estão em fase de execução 35 obras, nas quais estão

inclusos: Centro de Trabalho e Emprego, Plano Inclinado, Centros

Esportivos, Espaço de Desenvolvimento Infantil, apartamentos e casas

do conjunto habitacional, entre outros.

De forma ilustrativa foram selecionadas algumas obras relevantes,

conforme figuras a seguir:

9 Favela parcialmente urbanizada é aquela que foi objeto de programas de urbanização integrada, que ainda requer a complementação e/ou recuperação da infraestrutura.

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Figura 2 – Construção do Centro de Trabalho, Emprego e Renda no Morro da Providência

Figura 3 – Detalhe do futuro Plano Inclinado no Morro da Providência

Figuras 4 e 5 – Casas do conjunto habitacional da Colônia Juliano Moreira

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Figura 6 – Apartamentos do conjunto habitacional da Colônia Juliano Moreira

Figura 7 – Pavimentação de ruas da Colônia Juliano Moreira

Figura 8 – Construção da Vila dos Idosos Figura 9 – Construção do Espaço de Desenvolvimento Infantil Leila Diniz

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Figura 10 – Contenção na Favela São Carlos Figura 11 – Pavimentação de via na Favela São Carlos

Figura 12 – Execução de escadaria na Favela São Carlos

Figura 13 – Iluminação na Favela São Carlos

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2.7. Avaliação Pós-ocupacional

Avaliação pós-ocupacional é um procedimento que deve ocorrer no

final da execução dos contratos do Morar Carioca, permitindo ao

Gestor o monitoramento das ações e de seus resultados, avaliando

também o modo, em que medida e por que determinadas famílias

foram beneficiadas.

Para este fim a SMH contrata, no decorrer das obras, empresas de

gerenciamento que, mensalmente, através de relatórios gerenciais,

indicam principais problemas, análise de risco, acompanhamento dos

cronogramas de desembolso e metas.

Ao final das obras, a empresa gerenciadora elaborará relatório final,

com registros fotográficos, medidas executadas, valores financeiros e

sugestões para suporte e manutenção. Além disso, serão formadas

Comissões Especiais de Aceite Definitivo, com indicação dos

responsáveis na SMH que irão avaliar a qualidade da intervenção e se

a execução ocorreu de acordo com o que foi contratado.

A SMH elaborou uma licitação cujo termo de referência é a

contratação de serviços técnicos especializados para a apoiar a

Secretaria no gerenciamento do PROAP III (PA 16/000.435/2011 –

TCMRJ 40/2662/2011, em tramitação).

Este gerenciamento tem como escopo, de forma exemplificativa, a

análise de resultados, detalhando produtos e efeitos; identificação das

causas que afetaram ou contribuíram para sustentabilidade do

projeto; síntese dos impactos socioambientais; apoio na avaliação de

impactos do programa, medindo sua eficácia com base nos

indicadores de objetivos e resultados descritos na matriz final, incluindo

a avaliação da efetividade dos programas sociais financiados pelo

PROAP III.

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Para um alcance maior desta avaliação pós-ocupacional, está em

fase de licitação o PA 16/001.310/2011, cujo objeto é o Gerenciamento

Morar Carioca, que inclui outras comunidades não contempladas pelo

PROAP III.

3. Achados de Auditoria

A avaliação do Plano Morar Carioca foi consubstanciada na Matriz de

Achados (anexo 6) e nos achados de auditoria explanados a seguir:

3.1. Monitoramento do trabalho social

O trabalho técnico social nos programas de desenvolvimento urbano

destinados às populações de baixa renda visa a contribuir para a

sustentabilidade e sucesso dos mesmos, propiciando o envolvimento

dos beneficiários.

Esse trabalho consiste no conjunto de ações educativas adequadas à

realidade socioeconômica e cultural da população, com o intuito de

promover a mobilização comunitária, a educação ambiental e a

capacitação profissional, procurando atender às principais demandas

sociais existentes.

A participação comunitária nos processos de decisão, implantação e

manutenção do empreendimento, compromete os beneficiários,

levando-os a exercerem seus direitos e deveres, propicia a

manifestação da população atendida para a produção de

intervenções adequadas às suas necessidades e realidade socio-

cultural, permitindo também transparência e afirmação da cidadania.

O trabalho social é desenvolvido a partir da elaboração do Projeto

Técnico de Trabalho Social – PTTS, cuja formulação está baseada no

Caderno de Orientação Técnico Social – COTS (anexo 7), produzido

pela Caixa Econômica Federal (CEF).

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A partir do PTTS é elaborado o termo de referência que é a base da

licitação do trabalho social. São selecionadas empresas cujo objeto

social e equipe existente têm comprovadamente experiência no

desenvolvimento de ações sociais.

A SMH vem realizando licitações para contratação de organização

especializada com experiência na questão da participação social, de

forma a subsidiar novas ações, bem como os escritórios de arquitetura,

objetivando a realização dos diagnósticos sociais participativos,

conforme tabela abaixo.

TABELA VI - Trabalhos sociais

Processo Objeto Valor Prazo

16/001.322/10 TRABALHO TÉCNICO SOCIAL - Morro da Coroa/ Babilônia / Chapéu Mangueira 2.128.826,43 24 meses

16/000.672/11 TRABALHO TÉCNICO SOCIAL – Morro da

Providência 1.067.968,80 24 meses

16/000.464/11

DIAGNÓSTICO SOCIAL - Providência, Chapadão, Pedreira, Est. D’Alva,

N.S.Guia, Pq. Prol Penha 620.500,00 6 meses

16/001.241/11 TRABALHO TÉCNICO SOCIAL – Colônia

Juliano Moreira 1.560.000,00 24 meses

Fonte: SMH ( anexo 8)

Posteriormente à elaboração dos trabalhos sociais, surge a

necessidade de montagem de um sistema de monitoramento social

para criação de indicadores.

Nesse sentido, a Secretaria Municipal de Habitação, através de uma

dispensa de licitação (proc. adm. 16/000.697/2011), buscou a

contratação de uma organização, na qual a empresa beneficiada foi

o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), que

apresentou na sua proposta técnica destaque para um

monitoramento ativo para a Fase 2 do Morar Carioca, atendendo as

seguintes diretrizes:

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a) Realizar pesquisas de campo quantitativas, por amostragem

probabilística, dos chefes de domicílio das favelas dos 40

agrupamentos;

b) Elaborar o diagnóstico social participativo em consonância com o

cronograma de implantação dos projetos urbanísticos do Morar

Carioca;

c) Desenhar e montar um sistema de monitoramento de indicadores

sociais;

d) Estimular, durante o prazo de execução dos serviços, a

participação qualificada dos moradores das favelas inseridas no

âmbito do Morar Carioca, para promover diálogo nas propostas

de urbanização e integração à cidade do Rio de Janeiro;

e) Realizar pesquisas adicionais em continuidade ao processo de

monitoramento e avaliação.

Fica caracterizada a ausência de sistema de monitoramento social

para a Fase 1 do Morar Carioca, que se comprova através da resposta

ao Memorando TCMRJ nº 03 (anexo 9), bem como pelo fato de não

haver previsão de contratação.

Por conseqüência, a SMH desconhece se o trabalho social

programado atingiu os resultados a que se propunha, haja vista que a

realização de um diagnóstico social em todas as suas fases favorece a

correta apropriação e uso dos sistemas/melhorias implantados, por

meio de atividades de caráter informativo e educativo, bem como da

melhoria econômico-financeira da comunidade e por atividades que

possibilitem a disseminação de informações referentes à educação

sanitária e ambiental.

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3.2. Morosidade no cumprimento de exigências para liberação de

recursos

Considerando que a efetividade das ações do Morar Carioca

depende do aparato financeiro do BID e da União, sendo que esses

recursos são intermediados pelo agente financeiro Caixa Econômica

Federal, entendeu-se necessário diagnosticar quais os entraves

enfrentados pela SMH na gestão local do Plano.

Foram questionadas quais dificuldades vinham sendo encontradas na

contratação dos recursos do Programa e as principais apresentadas

encontram-se elencadas no gráfico abaixo, que resume o quadro de

pendências da CEF em atendimento pela SMH (anexo 10).

GRÁFICO 3 : Principais pendências para o repasse de recursos

31%

28%

12%

0% 10% 20% 30% 40%

Necessidade deRegularizaçãofundiária

A não atualização doCronograma Físico eFinanceiro

Não atendimento aoPlano de TrabalhoTécnico Social- PTTS

Como está evidenciado no gráfico acima, as principais dificuldades na

contratação de recursos do programa são, respectivamente, o não

atendimento ao Plano de Trabalho Técnico Social- PTTS (31%), a não

atualização do Cronograma Físico e Financeiro (28%) e a necessidade

de regularização fundiária (12%).

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Foram consideradas como outras dificuldades, além das já

mencionadas, as seguintes pendências, que somando perfazem 29%:

a) Declaração de cumprimento da Lei nº 11.124/200510;

b) Indicação de Terrenos;

c) Reenvio de Cronograma Físico e Financeiro

d) Envio de documentos e projetos

e) Suspensão do contrato de gerenciamento

f) Projeto de contenção da GEORIO

g) Análise de Orçamento

h) Readequação do Quadro de Composição de Investimentos - QCI.

O aperfeiçoamento da capacidade institucional da SMH em

administrar as exigências estipuladas pelo Agente Financeiro para

liberação de recursos beneficia não só as ações do Plano Morar

Carioca, mas a própria gestão de outros programas executados pelo

Município do Rio de Janeiro, como, por exemplo, o Programa Minha

Casa Minha Vida.

O fortalecimento da capacidade de planejamento e análise dos

municípios revela-se, assim, como fator decisivo para a definição e

implementação da política habitacional do país.

A elaboração de um diagnóstico situacional em que haja uma análise

pormenorizada dos documentos necessários exigidos pela Caixa

Econômica Federal para a liberação de recursos evitaria a existência

de pendências.

Dessa forma, pretende-se propiciar maior eficiência alocativa na

consignação de recursos orçamentários às ações do Programa. A

partir desse diagnóstico situacional, aliado, no que couber, à utilização

de outros critérios relevantes, o Gestor do Plano Morar Carioca terá

10 A Lei nº 11.124/2005 dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social - SNHIS, cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS.

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melhor conhecimento das necessidades locais, que poderão servir

como suporte no rateio das dotações.

Por extensão, contribuirá para a integração de programas, trará maior

equidade na alocação dos recursos e fortalecerá o controle quanto

ao cumprimento das prioridades destacadas nesses diagnósticos.

3.3. Situação física das obras do Morar Carioca – Fase 1

De acordo com o controle da SMH (anexo 11), verifica-se que 30% das

obras estão concluídas ou em fase de conclusão.

Dentro das obras não concluídas, que atinge o percentual de 70%: 12%

se encontram suspensas; 23,0% atrasadas e 35% em situação normal,

isto é, seu andamento está de acordo com o cronograma físico.

GRÁFICO 4: Situação Física das obras

Essa situação evidencia que a eficácia do programa pode estar

comprometida, tendo em vista o percentual significativo de atrasos e

suspensões na Fase 1 do Morar Carioca.

23%

12%35%

30%

ATRASADAS

SUSPENSAS

NORMAL

CONCLUÍDA

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Os atrasos e suspensões são decorrentes da dificuldade no

cumprimento das exigências estabelecidas pela Caixa Econômica

Federal, bem como da necessidade de adequação dos projetos

executivos, readequação de planilhas orçamentárias e não

cumprimento dos cronogramas físico-financeiros.

Os atrasos reiterados das obras e as constantes paralisações

atrapalham, ainda, a continuidade dos trabalhos sociais, assim como a

substituição de famílias que vinham sendo beneficiadas.

É recomendável, nesse sentido, que se crie indicador de desempenho

relativo aos contratos de repasse de obras que estejam na situação

paralisada, atrasada ou não-iniciada, seja por motivo de

responsabilidade do Contratante como da Contratada, discriminando-

os por tipo de situação, como, por exemplo, contingenciamento

orçamentário, atraso no repasse, pendência na documentação de

engenharia, imprevisão na implementação de projetos e outros.

3.4. Metodologia de apuração do cumprimento das metas físicas

As fases de controle e a avaliação em um processo de planejamento

servem, principalmente, para apurar os pontos positivos e negativos, e

verificar o quanto das metas iniciais foram alcançadas, de modo a se

obter um melhor norteamento para os próximos passos de execução

de um programa.

Nisso tem grande importância a veracidade dos dados referentes à

execução física, para que, a partir daí, sejam analisadas as causas dos

resultados verificados, e posteriormente sejam tomadas decisões .

No âmbito do PPA 2010-2013, o Plano Morar Carioca, no Programa

Urbanização de Assentamentos Precários, possui 2 (duas) ações cujo

produto tem como indicador o número de domicílios atendidos.

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TABELA VII - Metas físicas em relação a domicílios atendidos

AÇÃO PRODUTO META 2011

1002 PAC –

Urbanização 3119

Domicílios Atendidos

Unidade 10.875

1215

Urbanização de

Assentamentos Informais

3126 Domicílios Atendidos

Unidade 13.095

A metodologia de apuração do cumprimento das metas físicas só

considera o número de domicílios atendidos ao término das obras, isto

é, quando todas as melhorias de infraestrutura, como, por exemplo,

água e esgoto, estão disponíveis aos moradores.

As metas físicas estipuladas no PPA devem ser cumpridas anualmente,

no entanto as obras do Morar Carioca acabam ultrapassando o

período de um ano, o que dificulta a correta avaliação do

cumprimento do índice. Desta forma, as metas anuais acabam não

sendo cumpridas pela SMH, gerando uma possível distorção na

avaliação do programa, prejudicando o redimensionamento das

metas físicas para o planejamento dos anos posteriores.

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No intuito de buscar uma solução que evite a distorção anual das

metas físicas, seria necessário que a SMH adotasse uma outra forma de

contabilização da execução física, ou avaliasse a possibilidade de

alteração do indicador que leva em consideração domicílios

atendidos.

Com isso, espera-se que os dados disponíveis sejam fidedignos a ponto

de permitir uma correta avaliação do programa dentro de um

paradigma de gestão orientada para resultados.

4. Oportunidades de melhoria

A partir das considerações apresentadas ao longo deste relatório, a

equipe de auditoria sugere à jurisdicionada a adoção das seguintes

oportunidades de melhoria:

a) Tendo em vista que a 1ª fase do Morar Carioca está no inicio de

execução, com obras inclusive ainda não iniciadas, recomenda-se

que se estude uma forma de criar um sistema de monitoramento que

gere indicadores sociais fidedignos para esta fase, conforme relatado

no item 3.1;

b) Elaboração de um diagnóstico situacional em que haja uma análise

pormenorizada dos documentos necessários exigidos pela Caixa

Econômica Federal para a liberação de recursos, evitando o

surgimento de pendências, conforme relatado no item 3.2;

c) Recomenda-se que se crie indicador de desempenho relativo aos

contratos de repasse de obras que estejam na situação paralisada,

atrasada ou não-iniciada, seja por motivo de responsabilidade do

Contratante como da Contratada, discriminando-os por tipo de

situação, tendo em vista o previsto no item 3.3;

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d) No intuito de buscar uma solução que evite a distorção anual das

metas físicas, seria necessário que se adotasse uma outra forma de

contabilização da execução física, ou avaliasse a possibilidade de

alteração do indicador que leva em consideração domicílios

atendidos, tendo em vista o exposto no item 3.4.

5. Conclusão

Assim, esta Comissão propõe que cópia do presente e de seus anexos

sejam remetidos à SMH, para que se manifeste sobre as oportunidades

de melhoria propostas no item 4, e, considerando-as cabíveis, junte aos

autos o plano de ação com os respectivos prazos de implementação

das mesmas.

6. Proposta de encaminhamento

Por fim, sugere-se o encaminhamento de cópia do presente relatório,

juntamente com os anexos para os órgãos abaixo listados:

6.1. ao Gabinete do Prefeito; 6.2. à Secretaria Municipal da Casa Civil (CVL); 6.3. à Secretaria Municipal de Fazenda (SMF); 6.4. à Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). Espera-se que a implementação das Oportunidades de Melhoria,

formuladas pelo TCMRJ, possa contribuir para uma utilização mais

efetiva dos recursos disponíveis.

Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2011.

Giuliano Barbirato Viana Técnico de Controle Externo

Matrícula 40/901.370

Luizimar Feliciano Jr. Engenheiro

Matrícula 40/901.707

Anderson Gewehr Pontes Técnico de Controle Externo

Matrícula 40/901246

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