organizaÇÃo do trabalho pedagÓgico em uma escola...
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM UMA
ESCOLA BILINGUE DE BRASÍLIA: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO.
LUANA PRICILLA DOS SANTOS
Brasília, novembro de 2012
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM UMA
ESCOLA BILINGUE DE BRASÍLIA: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO.
Comissão Examinadora:
Professor Doutor Paulo Sérgio de Andrade Bareicha (orientador).
Faculdade de Educação da Universidade de Brasília
Professor José Luis Villar Mela (examinador)
Faculdade de Educação da Universidade de Brasília
Professora Inês Maria Z. Pires de Almeida (examinadora)
Faculdade de Educação da Universidade de Brasília
Trabalho Final de Curso apresentado como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciada em Pedagogia, à Comissão
Examinadora da Faculdade de Educação
da Universidade de Brasília, sob orientação
do Profº. Dr. Paulo Sérgio de Andrade
Bareicha.
LUANA PRICILLA DOS SANTOS
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que me
ajudaram de alguma maneira para sua
execução, em especial a minha família,
por todo o apoio.
AGRADECIMENTOS
Agradeço antes de tudo, a Deus, por ter iluminado a minha trajetória desde o
primeiro dia de aula na Universidade e por ter me dado forças para continuar firme e
forte até o último dia.
À minha mãe, mulher guerreira que sempre lutou para me dar sempre do bom e
do melhor, amor, carinho, educação e por ter me criado sozinha me apoiando sempre
em todos os meus sonhos.
À minha família, que sempre está presente na minha vida, nos momentos bons
e ruins, mostrando que a família é o melhor presente que alguém pode ter.
Às professoras, colegas de trabalho, em especial Juliana Magalhães que tanto
me ensinou sobre essa profissão em tão pouco tempo e Ana Luisa por me ensinar que
educar é, acima de tudo, uma lição de amor, e não posso deixar de mencionar a Isabela,
professora exemplar que admiro muito.
E aos professores da Faculdade de Educação por toda aprendizagem e lições
que tive durante a minha formação.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 9
PARTE 1 - MEMORIAL EDUCATIVO 10
PARTE 2 – MONOGRAFIA 15
JUSTIFICATIVA 15
Objeto de Estudo 15
Relevância do Estudo 15
Objetivo Geral 15
Objetivos Específicos 15
CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO 18
1.1 Contextualização da Trajetória dos Professores no Brasil 18
1.2 A Formação de Professores 21
1.3 A Formação Continuada 27
1.4 A Interdisciplinaridade 27
1.5 Aquisição da Segunda Língua 32
1.5.1 Bilinguismo 32
1.5.2 O Bilinguismo e o seu Processo de Ensino-Aprendizagem 35
1.5.3 A Melhor Idade para a Aquisição da Segunda Língua 36
1.6 Organização do Trabalho Pedagógico 38
CAPÍTULO I1 - METODOLOGIA 41
2.1 Metodologia Utilizada 41
2.2 Critérios de Seleção dos Participantes 42
CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO 43
3.1 Contextualização da Escola 43
3.2 Caracterização da Turma 51
3.3 Espaços 52
3.4 Rotina do Intermediate Kindergaten 53
3.5 Tempo 54
3.6 Questionários 56
3.7 Análises Discursivas 61
CAPÍTULO IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS 77
PARTE III - PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS 79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80
APÊNDICE A 82
APÊNDICE B 84
7
RESUMO
O presente trabalho enfoca a organização do trabalho pedagógico em uma escola
bilíngüe de Brasília, tendo como objetivo principal investigar a organização do trabalho
pedagógico na opinião de professores, destacando a formação desses na relevância do
desenvolvimento da criança na imersão da segunda língua, além das estratégias que
essas utilizam para facilitar o processo de ensino-aprendizagem destacando as
dificuldades enfrentadas pelas crianças da faixa etária observada. Os sujeitos da
pesquisa foram os professores e os pais, tendo sido utilizados questionários para coleta
de dados e análise e interpretação dos mesmos. Conclui-se que o trabalho é fundamental
para análise e compreensão do trabalho pedagógico e como esse vem sendo visto, pelos
professores e pais, que fazem parte da escola observada.
Palavras-chave: Organização do trabalho, bilingüismo e formação de professor.
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ABSTRACT
The following project focus on the organization of pedagogical practices in a dual
language school in Brasilia. One of the main objectives of this work is to investigate the
importance of the teacher‟s training to the child development in the second language
immersion. Also strategies used to alleviate the learning process are investigated
highlighting the difficulties faced by children in the observed age group. The subjects to
the research were teachers and parents who answered interview questionnaires for the
data collection which was analyzed and interpreted. We conclude that the job is critical
to the analysis and understanding of the pedagogical work and how this is being seen by
teachers to parents who come to school observed.
Keywords: Practice organization, bilingualism, teacher training
9
APRESENTAÇÃO
O estudo apresentado a seguir teve como inspiração uma escola de ensino
regular de Brasília, constituída em 21 de novembro de 2005. Desde que entrei para o
seu corpo docente, pude notar a diferença de ensino e metodologia adotada pela escola.
O sistema da escola integra a Educação Infantil e o Ensino Fundamental até o
5º ano; é uma instituição privada que está presente em cerca de 18 países, e que vem
oferecendo capacitação corporativa, recrutamento de professores, contato com o idioma
inglês e gerência de projetos educacionais.
O método da escola traz para o Brasil as práticas modernas de educação
bilíngüe canadense.
A escola tem como um dos objetivos, cuidar e educar as crianças ampliando
suas experiências e conhecimentos, dando um significado à convivência da criança em
sociedade, além de assumir o compromisso de educar crianças de dois a dez anos,
contribuindo para uma sociedade mais justa e democrática.
Conforme a Proposta Pedagógica da Escola observada (2010, p. 07) apresenta
ainda alguns objetivos específicos:
1. Oferecer ensino de excelência, tendo como meios básicos o
pleno domínio da leitura, escrita e do cálculo;
2. Ofertar ambiente favorável à construção de habilidades e de
competências na perspectiva bilíngüe (Português e Inglês),
facilitando, ao final dessa etapa a comunicação e a expressão
de forma eficaz nos dois idiomas.
3. Fornecer aporte teórico metodológico, para o processo de
alfabetização e letramento das crianças, na Língua Portuguesa e
Inglesa.
4. Promover ambientes diferenciados para o desenvolvimento das
múltiplas linguagens pertinentes a cada etapa de ensino.
5. Valorizar a pluralidade cultural, oferecendo espaço próprio à
aquisição da segunda língua, o inglês;
6. Oferecer recursos para que os educandos satisfaçam suas
necessidades e desejos e os expressem de forma autônoma e
natural;
7. Valorizar a pesquisa e as vivências dos educandos como aporte
para aprendizagens significativas;
8. Criar condições para o desenvolvimento do educando,
assegurando-lhe formação indispensável para o exercício da
cidadania; [...]
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PARTE I
MEMORIAL EDUCATIVO
Sou Luana Pricilla dos Santos, brasiliense e sempre morei nessa cidade
maravilhosa. Nasci dia 23 de julho de 1991. Sou filha de pai brasiliense, Orlando Alves
e mãe Cearense, Maria Diozana, sou filha única e muito amada. Seria injusto da minha
parte, falar de mim sem fazer uma referência em especial a minha mãe, afinal é a minha
base, sem ela eu não seria quem sou hoje, foi graças a ela que pude estudar nas
melhores escolas de Brasília, desde pequena.
Aos sete meses de idade minha mãe me colocou em um berçário chamado
CNEC localizado na Asa Norte (DF), ficava durante a manhã e tarde, minha mãe ia me
buscar todos os dias no finalzinho da tarde. Dessa escola infelizmente eu não tenho
nenhuma lembrança pelo fato de ser muito novinha, mas a minha mãe adorava a escola
e as minhas professoras, tenho várias fotos que revelam que fui muito bem tratada lá.
Entrei muito cedo, pois meus pais trabalhavam o dia todo e não tinham com quem me
deixar e a minha mãe nunca gostou da idéia de contratar uma babá.
Em 1998, aos seis anos de idade, minha mãe optou em me colocar na escola
VIVER também localizada na Asa Norte, onde realizei a minha alfabetização. Não
consigo me lembrar, mas minha mãe sempre me diz que eu adorava a minha professora
que me introduziu no mundo das letras.
Não estudei em muitas escolas, foram apenas três e, em 1999, uma amiga de
infância foi estudar na escola La Salle, localizada na Asa Sul (DF); e acabei indo junto.
Foi nessa escola onde tive experiências maravilhosas, afinal de contas eu passei nada
mais nada menos do que dez anos da minha vida lá, conheci amigos que levo comigo
até hoje e professores exemplares que nunca vou esquecer. Dentre várias atividades
extra classe, eu realizei diversas, como, dança estilo jazz, vôlei, futebol, canto coral e,
principalmente, o teatro. Em todas essas atividades sempre realizava algumas
apresentações. Eu era uma aluna de sentar na primeira carteira para que pudesse prestar
mais atenção na aula, no fundo sempre tinha os meninos que conversavam o tempo todo
e isso atrapalhava. Sempre fui esforçada e estudava bastante para não ficar de
recuperação.
Estudava no turno matutino, mas devido à separação dos meus pais aos meus
nove anos, comecei a fazer essas atividades extra classe. Então eu estudava de manhã e
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fazia as outras atividades durante a tarde, dependendo da época do ano, quando chegava
mais perto das provas alguns professores ofereciam uma espécie de reforço que os
alunos que tivessem interesse podiam participar, sem falar nas aulas que a escola
oferecia para os alunos interessados em cursar o PAS, mas muitos alunos optaram em
fazer um cursinho fora da escola, mas como a minha locomoção era mais difícil eu
acabei fazendo as aulas do La Salle mesmo.
Em relação às matérias, lembro que dependia da série que eu estava no meu
ensino fundamental me lembro que eu detestava a matemática, acredito que não tinha
ido muito com a cara do professor, pois quando cheguei ao Ensino Médio comecei a
gostar da disciplina devido ao meu professor Everton que era espetacular. Nunca vi um
professor de matemática tão inteligente quanto ele. Não sei como, mas ele transformava
a matemática em algo super interessante, onde os números que antigamente não faziam
o menor sentido passaram a fazer parte de uma espécie de leitura e tudo ficou mais fácil
a partir de então.
Agora, nunca fui muito fã de química e física. A minha sorte é que tive
professores maravilhosos e inteligentes que também conseguiram fazer com que eu
entendesse essas matérias que não são nada simples. São poucos os professores que me
recordo tanto dos nomes quantos dos rostos, mas o Crispim, com suas brincadeiras e
leis da física fazia com que as aulas se tornassem mais divertidas. Já o João, meu
professor de biologia não tem igual, as suas aulas foram as melhores de todas, está para
nascer um professor como ele, a genética e os reinos eram as coisas mais fantásticas que
podíamos ver no Ensino Médio, apesar da confusão que eu fazia com os tipos de grupos
sanguíneos, o João fazia uns esquemas para que nenhum aluno esquecesse na hora do
vestibular, ele trabalhava em conjunto com a professora Cláudia, que também não
ficava para trás, ela não era nada engraçada, mas fazia muito bem o seu papel e
mostrava pra quê estava lá.
Na língua portuguesa, era uma tristeza, por incrível que pareça as professoras
não eram tão boas assim. Não sei se eu era a única que achava isso, mas a minha luta
com a literatura não foi muito fácil, tive professoras bravas que achavam que eram as
donas do conhecimento e isso dificultou um pouco o aprendizado, mas isso é passado.
Mais para frente vou poder falar de outra experiência e essa sim foi boa, pois aprendi o
que já deveria ter aprendido antes.
Educação física, como eu dei trabalho para os meus professores, sinceramente
eu nem sei como eu passava de ano nessa disciplina, na verdade eu nem sei como eu
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tirava notas altas se eu não fazia nada, praticar algum esporte era um sacrifício, não
gostava de ficar correndo em volta da quadra antes de iniciar alguma atividade, sendo
sincera sempre detestei educação física, porque, eu sempre saia machucada.
O Inglês da escola nem me interessava tanto assim, porque era mais a
gramática e não tinha nada de fluência, foi então que minha mãe decidiu me colocar no
cursinho de Inglês, comecei fazendo Inglês na Cooplem, mas não gostei tanto da
metodologia, cursei apenas um semestre e transferi para outro curso chamado Long Lan,
mas também, só cursei um semestre e em seguida fui para a Wizard, onde estou
cursando até hoje, falta apenas um semestre para a minha formação, quando entrei para
a Wizard tomei gosto pelo inglês, comecei a ouvir muita música e a assistir vários
filmes em Inglês, foi assim que tive vontade e incentivo para realizar esse trabalho sem
antes falar da escola onde trabalho atualmente, a Maple Bear foi a maior incentivadora
desse tema.
No final de 2008, quando tive que fazer a escolha de qual curso gostaria de
seguir para a minha vida, foi o maior desespero, afinal eu tive que fazer uma decisão
difícil, muito cedo, mesmo porque aos dezessete anos eu não tinha a certeza do que
gostaria de seguir para toda a minha vida, foi então que optei por Pedagogia na UnB,
mas ao mesmo tempo prestei o vestibular do CEUB, para Psicologia. O resultado do
CEUB saiu primeiro que o da UnB, e como tinha sido aprovada, minha mãe fez a minha
matricula para Psicologia. Como estava certa de que iria cursar apenas Psicologia, pois
na minha cabeça eu não tinha chance nenhuma de entrar para a UnB, acabei indo viajar
para Fortaleza com a minha mãe. Quando foi o nosso último dia de viagem a minha tia
Dioneuda me liga logo cedinho, consequentemente me acordando, para dar a notícia de
que eu tinha sido aprovada na UnB pelo PAS. Eu nem acreditei. Sai correndo para olhar
o resultado no computador do hotel, foi então que li meu nome na lista dos aprovados.
Foi a maior alegria para toda a família, afinal eu fui a primeira a entrar na
UnB. Assim que voltei de viagem fomos todos para a pizzaria D‟Mama comemorar a
minha aprovação. Em janeiro de 2009 acabei cursando Psicologia no CEUB e
Pedagogia na UnB, foi um semestre maravilhoso, conheci pessoas inesquecíveis que me
ajudaram bastante nesse primeiro momento, mas também passei por momentos
complicados no CEUB. De qualquer forma aprendi muito com professores e colegas,
mas ao final do semestre minha mãe decidiu comprar um novo apartamento, com isso
tive que abandonar o curso de Psicologia logo no primeiro semestre, devido a questões
financeiras. Uma motivação foi de que eu voltaria ao curso logo que terminasse
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Pedagogia, mas com o passar dos semestre na UnB, eu pude percebi que Psicologia não
era o curso que gostaria de fazer, hoje em dia não me vejo dentro de um consultório,
ouvindo os problemas dos outros e sim dentro de uma sala de aula com crianças.
No meu segundo semestre de Pedagogia, minha tia Diozete me convidou para
dar aulas particulares para o seu filho que estava de recuperação em algumas matérias.
Logo quando ela me ligou, disse que era apenas matemática e português, no meu
primeiro dia de trabalho, quando fui olhar o boletim do meu primo Carlos, notei que
suas notas eram vermelhas em quase todas as disciplinas, foi então que passei a dar
aulas todos os dias de tarde, a cada dia podíamos estudar aproximadamente três ou
quatro matérias. A minha maior dificuldade nisso tudo, é que meu primo não conseguia
me enxergar como sua professora e sim como sua prima, e meu maior medo nessa
situação é que se ele não conseguisse ser aprovado no final do ano e eu acabaria sendo a
culpada disso tudo. Isso eu não conseguia suportar. Foi assim que fui atrás de outro
emprego como free lancer (trabalho temporário de final de ano) no Park Shopping.
Deixei meu currículo em várias lojas, mas acabei sendo contratada na Kipling. Passei
quase três meses trabalhando lá, mas o que eu queria mesmo era trabalhar na minha área
e em março de 2010 eu recebi uma mensagem no meu celular: era uma proposta do
CIEE para um estágio, no Colégio Le Petit Galois, no dia seguinte fui fazer o exame
que o CIEE aplica, quando cheguei ao local, havia aproximadamente 50 meninas para a
vaga que não tinha sido divulgada a quantidade, inclusive duas amigas do curso de
Pedagogia, estavam lá concorrendo junto comigo.
Após terminar a redação do CIEE, fui conversar com a psicóloga deles, ela
pegou todos os meus dados e disse que ligaria para dar o resultado. Eu já estava crente
de que não seria aprovada, pelo fato de ter várias meninas concorrendo. Dentro de duas
semanas, ligaram-me do CIEE dizendo que tinha sido aprovada. Quando cheguei ao Le
Petit Galois, havia mais quatro meninas para apenas uma vaga. Todas fizemos uma
prova escrita com aproximadamente cinco páginas, além de uma apresentação na frente
de todas e uma conversa com a psicopedagoga e coordenadora da escola.
Depois de um mês elas ligaram-me dizendo que eu tinha sido aprovada na
seleção delas, foi um momento de euforia, fiquei tão feliz que não sabia o que fazer,
quando comecei a trabalhar lá, eu aprendi tantas coisas com a professora regente,
Juliana Magalhães, nunca tinha visto uma professora daquele nível. Ela é simplesmente
excelente, aprendi muito em tão pouco tempo, nem tive a oportunidade de trabalhar com
14
ela tanto tempo, quatro meses depois surgiu a proposta de trabalho numa escola
bilíngüe, a estou trabalhando atualmente.
Comecei o estágio em agosto de 2010, um pouco apreensiva por ter largado o
outro estágio, mas estava empolgada por ter que lidar com uma situação completamente
diferente, já que agora não poderia mais poder falar em português, tinha que começar a
usar meu Inglês fora do cursinho, e eu nunca tinha feito isso antes. No início do estágio,
achei um pouco complicado, pois a metodologia da escola era completamente diferente
da que eu estava acostumada. Na outra escola eu nem podia ter tanto contato físico com
as crianças e logo de cara na Maple Bear fui surpreendia já que lá todos pediam para
que eu fosse pró-ativa e ter mais contato com as crianças.
Assim que entrei na escola, recebi o cargo de professora assistente de uma
turma de cinco/seis anos de idade e permaneci até o final do ano, no início do ano de
2011 fui para uma turma de “JK”, crianças de quatro anos, mas fiquei apenas duas
semanas devido a problemas com a professora regente. Então acabei voltando para a
turma de Intermediate Kindergaten e sei que vou trabalhar o ano de 2012 com a mesma
faixa etária e as mesmas professoras regentes.
Tive um grande aproveitamento de conhecimento com as duas professoras,
tanto a de Inglês quanto a de Português, elas ensinaram-me uma diversidade de
conteúdos e me acolheram durante o ano letivo, gosto bastante do meu lugar de trabalho
e tenho pensamento positivo de crescer dentro da empresa.
Devido ao meu trabalho nessa escola, foi que eu tive o interesse de buscar
saber mais sobre o bilingüismo e sobre como as crianças lidam com a segunda língua.
Queria aprender um pouco mais sobre esse processo e suas conseqüências, como forma
também de poder ajudar ainda mais os meus alunos e compreender o meu real papel
como professora, na influência de uma segunda língua. Devido a tamanha curiosidade
decidi aprofundar-me em leituras e estudos sobre o bilingüismo, gerando então o tema
da minha pesquisa monográfica.
E agora é com grande alegria que venho concluindo a minha formação em
Pedagogia, e nesse momento tenho muita esperança de ensinar as crianças com todo o
investimento que a educação deve ser tratada.
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PARTE II – MONOGRAFIA
JUSTIFICATIVA
Com o mundo de hoje, é normal que os pais venham se preocupando cada vez
mais cedo com o futuro dos filhos e quando se fala de mercado de trabalho, não basta
que a pessoa saiba falar apenas a sua língua materna, exigisse-se no mínimo o
conhecimento de duas línguas e, devido, a esse fator os pais vêm buscado cada vez mais
escolas bilíngües para que seus filhos aprendam precocemente uma segunda língua.
Vendo por esse lado, vem aumentando bastante o número de escolas bilíngües
no Brasil, inclusive em Brasília existem cerca de cinco escolas que são voltadas para a
educação bilíngüe. Assim é o caso do contexto da presente pesquisa, que foi realizada
em uma escola bilíngüe (Inglês-Português) de Brasília, com observações desde agosto
de 2010, mas com um aprofundamento a partir de fevereiro de 2012, com intenção de
compreender qual seria a importância da organização do trabalho pedagógico na
formação do professor, em uma escola cujo foco principal é a introdução de uma
segunda língua.
Devido ao grande crescimento desse tipo de escola, torna-se fundamental
investigar melhor, sobre essa temática, uma vez que são poucas as pesquisas no Brasil
que abordam a educação bilíngüe infantil. Torna-se importante investigar acerca da
organização do trabalho pedagógico, uma vez que os pais optam por escolas bilíngües.
Os mesmos passam a fazer uma exigência à parte que seria além do filho aprender o que
aprenderia numa escola tradicional ser também inserido na segunda língua tendo como
objetivo ser fluente na mesma, dessa forma é importante destacar se as expectativas dos
pais estão sendo alcançadas.
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo geral identificar e
investigar a organização do trabalho pedagógico dando importância à formação do
professor para o desenvolvimento da criança em um contexto educação de imersão na
língua-alvo, sendo assim, na educação bilíngüe.
Para aprofundar nessa temática serão explorados então os seguintes objetivos
específicos, a serem analisados a partir do questionário que foi aplicado com as
professoras da escola pesquisada:
- Analisar a formação dos professores;
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- Verificar o uso de estratégias por parte das professoras para facilitar o
ensino-aprendizagem;
- Investigar as habilidades que as crianças observadas possuem na segunda
língua;
- Constatar as dificuldades apresentadas pelos alunos;
- Discutir a escolha do material didático;
Para que se tornasse possível, investigou-se uma turma de crianças inseridas em
uma escola bilíngüe em Brasília (DF), observando as aulas ministradas em inglês e
português, analisando a fluência das crianças na segunda língua.
A escolha da escola observada se deu pelo fato da pesquisadora além de
trabalhar desde 2010 na escola, apresenta ter grande interesse pela educação bilíngüe e
seus desencadeamentos. Em razão a pesquisadora já acompanhar as crianças dessa
turma diariamente desde o inicio do ano e também de conhecer a escola e a sua
metodologia há quase três anos, o desenvolvimento da pesquisa foi facilitado.
O presente trabalho divide-se em três partes:
Na primeira parte é apresentado o memorial educativo que aborda em grande
parte a trajetória educacional da autora, descrevendo a vida acadêmica e um pouco da
pessoal que não deixaram de influenciar esse trabalho.
A segunda parte é correspondente à monografia em si que está dividida em
quatro capítulos. No primeiro capítulo é abordado o referencial teórico que
fundamentou as discussões da pesquisa, foi dividida em cinco momentos: o primeiro
traz informações sobre a formação do professor, tendo em vista a importância da
formação inicial e continuada; o segundo traz um panorama sobre o conceito de
interdisciplinaridade; no terceiro momento retratou-se o tema da aquisição da segunda
língua, o bilingüismo em si; e também foi feito um panorama sobre a contextualização
histórica da escola; o quarto e último momento vai abordar a organização do trabalho
pedagógico, dando enfoque à didática, ao currículo e à avaliação.
No segundo capítulo é apresentada a metodologia que foi utilizada para a
realização da pesquisa. O terceiro capítulo enfoca os resultados e a discussão dos dados
que foram coletados, tendo com base o referencial teórico. E no último capítulo, serão
feitas as considerações finais, levantando pontos conclusivos em que a pesquisa chegou.
A terceira parte do trabalho é então formada a partir das perspectivas
profissionais da autora, trazendo consigo uma reflexão sobre os desdobramentos para
17
novas pesquisas e o que poderia metodologicamente mudar se a pesquisa fosse feita
novamente.
18
CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 Contextualização da trajetória dos professores no Brasil:
É fundamental mencionar um pouco da trajetória dos professores no Brasil
para que se possa compreender melhor sobre a formação dos mesmos, dessa maneira
ressaltamos alguns aspectos históricos da formação do professor.
Segundo Savani (2009, p. 143), a formação de professores exigiu uma resposta
institucional de fato no século XIX, após a revolução francesa, onde fora colocado o
problema da instrução popular, é a partir daí que começa o processo de formação de
professores em Escolas Normais. Ainda de acordo com o autor, a primeira instituição
que levava o nome de Escola Normal foi proposta então pela convenção, em 1794, e
instalada em Paris em 1795, introduzindo então a distinção entre a Escola Normal
Superior para formar os professores que atuariam no nível secundário e os da Escola
Normal Primária, que preparava os professores para o ensino primário. Mas, no Brasil,
o preparo de professores emergiu explicitamente depois da independência, quando foi
cogitada a organização da instrução popular.
Savani (2009 p.143) mostra então que houve alguns períodos na história dos
professores no Brasil, destacamos:
1. Ensaios intermitentes de formação de professores (1827-1890). Esse
período se inicia com o dispositivo da Lei das Escolas de Primeiras
Letras, que obrigava os professores a se instruir no método do ensino
mútuo, às próprias expensas; estende-se até 1890, quando prevalece o
modelo das Escolas Normais. 2. Estabelecimento e expansão do padrão
das Escolas Normais (1890-1932), cujo marco inicial é a reforma
paulista da Escola Normal tendo como anexo a escola-modelo. 3.
Organização dos Institutos de Educação (1932-1939), cujos marcos são
as reformas de Anísio Teixeira no Distrito Federal, em 1932, e de
Fernando de Azevedo em São Paulo, em 1933. 4. Organização e
implantação dos Cursos de Pedagogia e de Licenciatura e consolidação
do modelo das Escolas Normais (1939-1971). 5. Substituição da Escola
Normal pela Habilitação Específica de Magistério (1971-1996). 6.
Advento dos Institutos Superiores de Educação, Escolas Normais
Superiores e o novo perfil do Curso de Pedagogia (1996-2006).
(SAVIANE, 2009, p.143).
No primeiro momento, no período colonial, desde os colégios jesuítas, até os
cursos superiores criados pela vinda de D. João VI em 1808, não se manifestava uma
preocupação acerca da formação de professores, é então na Lei das Escolas de Primeiras
Letras promulgada em 15 de outubro de 1827, que essa preocupação passa a vir à tona
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pela primeira vez. No artigo 4º dessa Lei, deixa claro que os professores deverão ser
treinados no método mútuo de ensino, colocando então essa exigência de preparo
didático.
Depois da promulgação do Ato Adicional de 1834, que deixou a cargo das
províncias a responsabilidade sobre a instrução primária, adotaram para a formação dos
professores o método que vinha sendo seguido pelos países europeus, ou seja, a criação
das Escolas Normais. A primeira Escola Normal no país foi no Rio de Janeiro, em
Niterói, fundada em 1835. Em seguida, outras foram criadas em várias províncias
durante o século XIX. As Escolas Normais, por focarem na preparação de professores
para as escolas primárias acabavam preconizando uma formação especifica. Acaba que
a Escola Normal transformou-se em Escola de Professores, incluindo em seu currículo
disciplinas como: Sociologia Educacional, História da Educação, Psicologia
Educacional, Biologia Educacional, Introdução ao Ensino, Materiais de Cálculos,
Leitura e Linguagem, Literatura Infantil, Ciências Naturais e outras.
Na questão do Estabelecimento e expansão do padrão das Escolas Normais
(1890-1932), houve uma reforma que foi marcada por dois conteúdos: O
enriquecimento dos conteúdos escolares anteriores a ênfase nos exercícios práticos de
ensino, a qual, a grande característica foi a criação da Escola-Modelo anexa então à
Escola Normal.
A Organização dos Institutos de Educação (1932-1939), a partir do advento
dos institutos de educação, começou uma nova fase marcada com espaços de cultivo da
educação, que servia tanto de objeto de ensino como de pesquisa. A partir daí, uma das
iniciativas foi a criação do Instituto de Educação do Distrito Federal, implantado por
Anísio Teixeira em 1932. E, ao mesmo tempo, dirigido por Lourenço Filho, o Instituto
de Educação de São Paulo, implanto por Fernando de Azevedo em 1933. Ambos
tiveram como inspiração o movimento da Escola Nova. Anísio Teixeira acabou
transformando a Escola Normal em Escola de Professores. Segundo Savani (2009,
p.146), os Institutos de Educação foram pensados e organizados de forma que
incorporassem as exigências da pedagogia, que tentava se firmar como um
conhecimento de caráter científico.
A organização e a implantação dos Cursos de Pedagogia e de Licenciatura e a
consolidação do modelo das Escolas Normais (1939-1971), foram elevados ao nível
universitário em Institutos de São Paulo e também do Distrito Federal. Esses se
tornaram base dos estudos superiores de educação, tendo em vista que foi a partir dessa
20
base que conseguiram organizar os cursos de formação de professores para as escolas
secundárias. A partir do decreto-lei de n. 1.190 de 4 de abril de 1939 generalizou por
todo o país, dando origem ao “esquema 3+1” que fora adotado na organização dos
cursos de pedagogia e também de licenciatura, o qual em pedagogia formavam os
professores para exercer docência nas Escolas Normais e em Licenciaturas formavam
professores para ministrar várias disciplinas que compunham os currículos das escolas
secundárias. Ambos exigiam três anos para o estudo de disciplinas consideradas
específicas e mais um ano para que houvesse a formação didática.
A substituição da Escola Normal pela habilitação específica de Magistério
(1971-1996), ocorreu com o golpe militar de 1964, e passou a exigir adequações no
campo da educação, diante de algumas mudanças na legislação do ensino. A lei 5.692
/71 (BRASIL, 1971), modificou os ensinos, primário e médio, mudando a sua
nomenclatura para primeiro e segundo grau respectivamente, as Escolas Normais
desapareceram com essa estrutura, tomando o seu lugar a habilitação especifica de 2 º
grau para o exercício do magistério de 1 º grau (HEM). A habilitação no magistério teve
então duas modalidades, uma de três anos que habilitava o professor à lecionar até a 4 ª
série, e outra que durava cerca de 4 anos, que habilitava ao magistério podendo lecionar
até a 6 ª série do 1º grau. O curso normal deu lugar então a habilitação de 2º grau e em
1982 foi lançado um projeto chamado Centros de Formação e Aperfeiçoamento do
Magistério, o CEFAM, que teve como objetivo a revitalização da Escola Normal.
(CAVALCANTE, 1994, p. 59,79 e 123 apud SAVANI 2009, p. 147).
Ainda conforme Savani (2009 p.148), sobre a formação de professor:
Para as quatro últimas séries do ensino de 1º grau e para o ensino de 2º grau, a
lei n. 5.692/71 previu a formação de professores em nível superior, em cursos
de licenciatura curta (3 anos de duração) ou plena (4 anos de duração). Ao
curso de Pedagogia, além da formação de professores para habilitação
específica de Magistério (HEM), conferiu-se a atribuição de formar os
especialistas em Educação, aí compreendidos os diretores de escola,
orientadores educacionais, supervisores escolares e inspetores de ensino.
Paralelamente a esse ordenamento legal, desencadeou-se, a partir de 1980, um
amplo movimento pela reformulação dos cursos de Pedagogia e licenciatura
que adotou o princípio da “docência como a base da identidade profissional de
todos os profissionais da educação” (Silva, 2003, p. 68 e 79). À luz desse
princípio, a maioria das instituições tendeu a situar como atribuição dos cursos
de Pedagogia a formação de professores para a educação infantil e para as
séries iniciais do ensino de 1º grau (ensino fundamental).
E o último marco desses períodos é o advento dos Institutos Superiores de
Educação, Escolas Normais Superiores e o novo perfil do Curso de Pedagogia (1996-
2006).
21
Percebe-se que a preocupação com a formação dos professores já vem
ocorrendo desde a criação da Lei das Escolas de Primeiras Letras promulgada em 15 de
outubro de 1827, passando por grandes mudanças como a organização e implementação
dos cursos de Pedagogia e Licenciatura, substituíram a Escola Normal pela Habilitação
em Magistério. Tomando como referência o que diz Saviani (2009), o problema sobre a
formação de professores não foi algo solucionado como esperado, podendo entender
que esses problemas estão presentes até hoje.
1.2 Formação de Professores
Educadores vem se preocupando cada vez mais com a qualidade do ensino e
assim acabam fazendo pesquisas a respeito do tema, não foi diferente com a
pesquisadora da presente pesquisa, preocupada não apenas com a qualidade de ensino
no Brasil, mas principalmente na escola observada, local atual de trabalho.
Para Câmara (1999, p. 39), devido às exigências que foram impostas pela
economia mundial, o interesse pela educação aumentou, tornando-se um tema de debate
e devido aos novos padrões de exploração da classe trabalhadora surgem demandas de
novas habilidades que só podem ser desenvolvidas em um sistema educacional melhor
qualificado. Freitas (1992, apud CÂMARA, 1999, p.41), reafirma que os problemas
relativos à formação do professor situam-se no âmbito dos interesses de ordem
econômica e estrutural do País e de suas conexões internacionais. O maior ou menor
interesse nessa área é decorrente dessas conexões e, por esse motivo, toma a direção que
estas exigem, sendo ora menos intenso, ora mais intenso.
Câmara (1996, apud GARCIA 1999 p. 42) ressalta que para o neoliberalismo o
problema da educação não está equacionado na falta de escolas para todas as crianças, e
sim no despreparo da maioria das professoras e professores. Dessa forma Câmara chega
a conclusão que devido a esse problema da falta de preparo dos professores acabam
levando os alunos à repetir de ano e superlotando as escolas e assim desestimulando os
mesmo a continuarem estudando o que os leva à evasão, uma vez que os professores já
nem se quer conseguem atrair a atenção desses alunos.
Câmara (1999, p. 42) ao analisar Garcia (1996), diz que:
O neoliberalismo aplicado à educação desconsidera os aviltantes salários dos
professores, as péssimas condições em que trabalham a falta de
oportunidades e estímulo de aperfeiçoamento docente, o autoritarismo do
22
sistema educacional, a pauperização global da categoria e a perda de
reconhecimento social. Em suma, segundo essa visão, os professores são os
grandes responsáveis pelo fracasso escolar, desconsiderando que este
decorre de uma conjugação de fatores e não pode ser atribuído ao professor
que termina sendo reduzido a grande vilão dessa história.
Para Arroyo (1996, apud CÂMARA, 1999, p. 42), essa seria uma lógica
considerada linear, uma vez que coloca a formação do professor como uma pré-
condição para a renovação e elevação da qualidade de ensino. Arroyo não considera que
essa visão corresponda a relação entre sociedade, educação e formação de professores.
Sendo assim, a atribuição de causa da falta de qualidade na educação à formação de
professores impede a busca das causas dos problemas considerados crônicos e
estruturais na educação brasileira.
Câmara (1999 p. 43), citando Arroyo (1996), diz que:
A escola deveria deixar de ser espaço de preparação para o mercado de
trabalho, e para concursos vestibulares, para constituir-se em espaço de
construção do saber sociocultural, que poderia garantir a construção da
identidade do sujeito social. O que Arroyo (1996) propõe é uma nova
concepção de educação básica, um novo projeto sociocultural de educação, o
qual exige um projeto cultural comum para a formação de professores que dê
conta dessa concepção alargada de educação. Esse novo processo de formação
deve levar o professor a conscientizar-se de quem ele é e a serviço de que
projeto educação trabalha.
É com esse pensamento que Câmara (1999 p. 43) afirma que os cursos de
licenciatura deveriam discutir a formação dos professores, tendo um esforço no sentido
de promover a formação de um profissional situado, contextualizado e também
consciente da sua identidade profissional.
Pereira (1996, apud CÂMARA 1999 p. 44), concretiza que acerca dos cursos
de Licenciatura, parece haver um consenso entre os educadores que discutem sobre o
tema: Tem o sentimento que esses cursos não mudam, sendo assim os mesmos
problemas que hoje são discutidos, são os mesmos ou praticamente os mesmos desde a
sua criação e mantêm sem solução. Pereira (1996, apud CÂMARA, 1999, p. 45),
destaca alguns problemas:
Os que excedem aos cursos de formação: o aviltamento salarial dos
professores; as péssimas condições de trabalho que vão desde a falta de
equipamentos e laboratórios, espaço físico adequado, até a falta de
investimento em sua capacitação; a qualidade discutível do livro didático; o
risco de perda da identidade profissional; Os que são inerentes aos cursos de
formação: a separação entre disciplinas de conteúdo e as disciplinas
pedagógicas; a dicotomia existente entre bacharelado e licenciatura, a
desarticulação entre formação acadêmica e realidade prática.
23
Câmara, chega a conclusão que esses problemas causados nos cursos de
licenciaturas acabam gerando outros problemas com por exemplo a baixa procura pelos
cursos de licenciatura, resultado do mercado de trabalho, da desmotivação profissional e
do status da carreira e, de acordo com Pereira (1996), os alunos que são aprovados em
cursos de licenciaturas geralmente apresentam uma trajetória escolar diferenciada em
comparação aos alunos de outros cursos, sendo esses normalmente de baixa renda e
trabalhadores.
Adentrando nesse assunto podemos encontrar diversos fatores que geram esse
grande problema na qualidade da educação do Brasil, um deles é a facilidade de acesso
aos cursos de licenciatura, comparados aos outros cursos de nível superior, dessa forma
algumas pessoas optam em fazer os cursos de licenciatura apenas pelo fácil acesso e, na
maioria das vezes nem se quer gostam do curso. A pesquisadora do presente trabalho
através de sua vivência como estudante, percebeu que diversas pessoas da mesma
Universidade que estuda, fizeram o mesmo, dessa forma conclui-se que se essas pessoas
que nem sequer se identificam com o curso acabam parando dentro de sala de aula,
geram então diversos problemas, como por exemplo, não saber lidar com os alunos, a
falta de paciência, às vezes nem sabem dar uma aula, não tem o controle da turma, entre
outros que fazem com que os estudantes percam o interesse pelo ensino-aprendizagem.
Outro problema notável é a remuneração dos professores, até mesmo aqueles
que gostam da profissão acabam ficando desmotivados e até mesmo frustrados por
conta de seus baixos salários, sem contar no stress que os mesmos acabam passando por
conta de muitos fatores que os cercam. Pode-se considerar que o trabalho escolar é
como uma cadeia, tudo funciona em conjunto, se existe uma equipe pedagógica mal
formulada e despreparada, consequentemente haverá professores que não são
qualificados para assumir o posto.
Não se pode deixar de mencionar, a discriminação que existe entre os
professores. Quando os mesmos são questionados sobre a sua profissão e respondem
com clareza: “Sou professor (a)”. A grande maioria sempre acaba fazendo uma piada,
gerando um certo preconceito, mas que infelizmente é a realidade vivenciada pelos
professores, e como exigir o respeito da sociedade em relação a essa profissão se o
Governo não valoriza a educação?!
Percebe-se tantos problemas em torno dessa profissão, e que conseguem gerar
a desmotivação dos profissionais da área, que é lamentável saber que a qualidade do
ensino corre risco por conta deles. A questão de desmotivação não é apenas nas escolas
24
de rede pública, pode-se encontrar isso na rede particular também, na escola observada,
por exemplo, ao admitir pessoas com graduação em Enfermagem como professora
regente, acabam desdenhando dos profissionais formados em Pedagogia e
consequentemente desmotivam os que um dia pensaram em crescer na empresa e
profissionalmente na área, sendo este o objeto deste estudo.
Segundo o PCN (pág. 29-30), o desempenho dos alunos reflete diretamente a
formação dos professores. Em 1994 o Censo Educacional fez um levantamento para
saber a quantidade de professores que atuam no ensino fundamental, assim como o grau
de escolaridade deles.
TABELA 1 – Distribuição absoluta dos professores da Educação
Fundamental, Educação Média e Superior, por tipo de formação.
Fonte: Sinopse Estatística Educação Fundamental – Censo Educacional de
1994, MEC/SEDIAE/SEEC.
O PCN ao analisar essa tabela, mostra que 10% das funções docentes estão
sendo desempenhadas por pessoas sem o nível mínimo de formação exigido, na área
rural a ausência de formação mínima chega a atingir 40%. De acordo com o PCN:
A exigência legal de formação inicial para atuação no ensino fundamental nem
sempre pode ser cumprida, em função das deficiências do sistema educacional.
No entanto, a má qualidade do ensino não se deve simplesmente à não-
formação que tem sido ministrada. Este levantamento mostra a urgência de se
atuar na formação inicial dos professores. Além da formação inicial
consistente, é preciso considerar um investimento educativo contínuo e
sistemático para que o professor se desenvolva como profissional de educação.
O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam se revistos para que
haja possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada
como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e
crítico sobre a prática educativa. (BRASIL, 1994)
Nesse sentido, concluímos que a formação inicial é extremamente importante e
necessária para atuação em nível fundamental é ainda mais relevante que se invista na
formação inicial e continuada de professores da educação infantil (pedagogos), a
Funções Docentes Educação Fundamental Educação Média
Formação Magistério Outra
Educação Superior
Licenciatura Outra
Incompleta Completa Incompleta Completa Completa Incompleta Completa Completa
Total 1.377.665 69.272 45.593 23.793 552.122 36.401 81.133 546.452 22.899
Rural 280.820 65.565 34.885 11.927 122.390 9.047 9.670 25.896 1.440
Urbana 1.096.845 3.707 10.708 11.866 429.732 27.354 71.463 520.556 21.459
25
formação continuada em serviço pode contribuir para que haja uma educação de
qualidade.
Para que se possa atuar em qualquer área, deve-se ter um curso de formação
especializado, Para ser tornar um médico é necessário que se estude Medicina e é assim
com todas as áreas de formação e não deveria ser diferente com os professores
pedagogos, uma vez que existe um curso que forme para tal. Segundo Scheibe (2007, p.
44):
O curso de Pedagogia destina-se, na sua atual formulação legal, á formação de
professores para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental.
Complementarmente, também ao desenvolvimento de competência para o ensino
nos cursos de nível médio, na modalidade normal; ao ensino na educação
profissional na área de serviços e apoio escolar; às atividades de organização e
gestão educacionais; e às atividades de produção e difusão do conhecimento
científico-tecnológico do campo educacional.
Em seu artigo, Scheibe (2007) também refere-se à quantidade da carga horária
com o mínimo para a efetivação do curso de Pedagogia, dentre essas 3.200 horas de
trabalho acadêmico, pelo menos 2.800 horas devem ser preservadas às aulas, atividades
práticas, seminários e pesquisas, já as outras 300 horas são destinadas ao estágio
supervisionado com preferência na docência de Educação Infantil e aos anos iniciais do
Ensino Fundamental e as 100 horas restantes para atividades em áreas especificas que
são de interesse do aluno.
Como a própria Scheibe traz, 300 horas são para o estágio supervisionado que os
graduandos de Pedagogia consideram um estágio obrigatório, já uma pessoa graduanda
em Letras não haveria obrigatoriedade de fazer esse estágio na área de educação infantil
já que é destinada aos Pedagogos, eles poderiam até fazer o estágio na disciplina Inglesa
no ensino fundamental que é do 5° quinto ano em diante.
De acordo com a LDB Título VI. Dos profissionais da educação:
Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos
objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase
do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:
I – a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em
serviço;
II – aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de
ensino e outras atividades.
26
Acerca do Art. 61 da LDB, Câmara (1999) afirma que é um grande avanço a
exigência da formação de todos os docentes da Educação Básica em nível superior, em
curso de Licenciatura Plena. Frente a isso Brzezinski (1998, apud CÂMARA, 1999, p.
46) ressalta:
O que não pode se admitir é que o caráter de excepcionalidade e de
transitoriedade, prescrito no art. 87 sobre a permanência de leigos nos
sistemas de ensino e de ingresso de profissionais para atuarem na educação
infantil e séries iniciais do ensino fundamental, ainda, com formação apenas
na modalidade Normal seja perversamente convertido em permanente,
reafirmando as tradicionais práticas do mundo do sistema, que não oferece
condições para ultrapassar o caráter emergencial e provisório de certas
políticas educacionais, que contribuem para a desprofissionalização do
magistério, (Brzezinski, 1998, p. 159).
Segundo o artigo 62 da LDB, a formação de docentes para atuar na educação
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima
para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
Uma vez que a Lei aponta no art. 62, os programas de educação continuada,
deixa subentendido o asseguramento do direito de estudar, podendo garantir a
atualização permanente do magistério.
Dessa maneira pode-se observar que, segundo a LDB 9394/96, art. 62, é exigido
como um pré-requisito que para um professor atuar na educação básica tenha que ter a
formação superior, além de apontar também os espaços onde a formação poderá ocorrer.
Um dos fatores que contam bastante na hora de educar é a experiência que a
professora carrega consigo. Quando falamos de experiência não estou levando muito em
consideração qual seja a formação da professora, seja em Letras ou em Pedagogia,
afinal uma professora formada em Pedagogia que se quer tenha entrado em uma sala de
aula, não vai ter experiência alguma com as crianças e até mesmo um preparo para
solucionar eventuais problemas, já uma pessoa formada em Letras que tem uma
experiência boa, já vai saber lidar melhor com as crianças, mas assim como a LDB traz,
deve-se ter uma associação entre teorias e práticas, uma professora formada em outra
Licenciatura que não seja Pedagogia, no olhar da pesquisadora, passa a ter um impasse
no momento de associação entre teorias e práticas, uma vez que essa não teve os
mesmos e todos os fundamentos teóricos que uma pedagoga.
27
1.3 Formação continuada
A preocupação em relação à formação de professor já está evidenciada
segundo Porto (1998 p.11), “o que acaba levando a debates a cerca da formação inicial e
continuada dos docentes, e para a autora a formação continuada tem uma ocupação em
destaque, que vem crescendo e se associando ao processo qualitativo das práticas
formativas e também pedagógicas”. Para Porto (1998 p. 12), a formação continuada de
professores e a sua prática pedagógica não podem e nem devem ser pensadas de uma
maneira dissociada e por se estar sempre à frente de exigências sociais, epistemológicas
e tecnológicas é que se deve pensar sobre a formação de professores.
De acordo com Porto (1998 p.13) existem duas concepções acerca da
formação:
Estruturante: formação tradicional, comportamentalista, tecnicista, define
previamente programas/procedimentos/recursos “a partir de uma lógica de
racionalidade científica e técnica, aplicados aos diversos grupos de
professores” (Nóvoa 1992, p.21). A Interativo-construtivista: dialética,
reflexiva, crítica, investigativa, organiza-se a partir dos contextos educativos
e das necessidades dos sujeitos a quem se destina.
Conforme o que afirma a autora, o conceito de formação de professores tem
uma associação à idéia de inconclusão do homem, tendo então a formação como um
processo que exige uma necessidade de construir patamares avançados de “saber ser,
saber-fazer, fazendo-se”.
Além da importância da formação inicial, é também necessário que se haja
uma formação continuada, mas para que isso ocorra, as instituições de ensino devem
começar a valorizar os profissionais e incentivá-los a buscarem o processo de formação
contínua.
1.4 A interdisciplinaridade
Muitos são os estudos que revelam que não há um consenso que se possa
explicar exatamente o que é interdisciplinaridade e devido ao uso excessivo da palavra,
pode-se trazer à tona a sua banalização. Fazenda (2002, p. 25), conta que a
interdisciplinaridade é um neologismo o qual a significação nem sempre é a mesma e
também seu papel não é compreendido da mesma forma sempre. Mesmo assim, Hilton
Japiassú (1976 apud FAZENDA 2002), acredita que embora haja distinções de
pensamentos o princípio delas é sempre o mesmo: a interdisciplinaridade caracteriza-se
28
pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das
disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa.
Segundo Leis (2005), é preferível não se falar da interdisciplinaridade em cima
de debates teórico-ideológicos, mas sim estudar a respeito de como esse conceito está
sendo trabalhado no campo acadêmico.
Pombo (1993, apud PIMENTA, 2005), revela que, falar sobre
interdisciplinaridade é uma tarefa quase impossível, uma vez que nos deparamos com
um problema inicial, sendo esse o fato de ninguém saber o que significa
interdisciplinaridade, nem mesmo as pessoas que a teorizam ou praticam, não existindo
então uma estabilidade relacionada a esse conceito. Uma indagação que Lück (1994 p.
32), faz é: “Como podemos trabalhar a interdisciplinaridade nas escolas, se os
professores não têm o conhecimento nem do significado nem da importância que esse
tema tem?”.
Oliveira (2005) aponta que os professores utilizam de termos semelhantes para
designar uma mesma aspiração, exemplos disso são os conceitos como ensino
integrado, Educação Ambiental, Trabalho de Projeto, que acaba não aparentando uma
distinção clara da educação interdisciplinar.
Guy Michaud (1969 apud FAZENDA 2002), propôs uma distinção
terminológica em quatro níveis: multi, pluri, inter e transdisciplinar, com o simples
objetivo de esclarecer os problemas a cerca da terminologia. Pimenta (2005) indica que
essas quatro palavras (pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade, multidisciplinaridade
e transdisciplinaridade) estão disputando o mesmo terreno, ambas com o mesmo radical
e com a mesma raiz: a disciplina, tendo essa palavra, pelo menos três significados.
Como analisa Pimenta (2005):
Disciplina como ramo do saber: a Matemática, a Física, a Biologia, a
Sociologia ou a Psicologia são disciplinas, ramos do saber ou, melhor, alguns
desses grandes ramos. Depois, temos as sub-disciplinas e assim
sucessivamente. Disciplina como componente curricular: História, Ciências da
Natureza, Cristalografia, Química Inorgânica, etc. Claro que, em grande
medida, muitas das disciplinas curriculares se recortam sobre as científicas,
acompanham a sua emergência, o seu desenvolvimento, embora, como
sabemos, sempre com desfasamentos temporais e inexoráveis efeitos de
desvio. Finalmente, disciplina como conjunto de normas ou leis que regulam
uma determinada actividade ou o comportamento de um determinado grupo: a
disciplina militar, a disciplina automobilística ou a disciplina escolar, etc.
(PIMENTA, 2005, p. 4).
Em relação aos conceitos de pluridisciplinaridade e multidisciplinaridade há
quase um consenso, segundo citado por Sommerman (2008 p. 28-29).
29
O multidisciplinar evoca basicamente em um aspecto quantitativo, numérico,
sem que haja um nexo necessário entre as abordagens, assim como entre os
diferentes profissionais. (Coimbra, 2000, p.57) A multidisciplinaridade é a
organização de conteúdos mais tradicional. Os conteúdos escolares
apresentam-se por materiais independentes umas das outras. As cadeiras ou
disciplinas são propostas simultaneamente sem que se manifestem
explicitamente em relações que possam existir entre elas. (Zabala, 2002, p.32-
33) A pluridisciplinaridade é a existência de relações complementares entre
disciplinas mais ou menos afins. É o caso das contribuições mútuas das
diferentes histórias (da ciência, da arte, da literatura, etc.) ou das relações entre
diferentes disciplinas das ciências experimentais. (Zabala, 2002, p33) A
pluridisciplinaridade é a justaposição de disciplinas mais ou menos próximas,
dentro de um mesmo setor de conhecimentos. Por exemplo: física e química;
biologia e matemática; sociologia e história... É uma forma de cooperação que
visa melhor as relações entre essas disciplinas. Vem a ser uma relação de mera
troca de informações, uma simples acumulação de conhecimentos [...] É uma
comunicação que não as modifica internamente. Neste nível ainda não existe
uma profunda interação e coordenação (Documento-base do Simpósio sobre
Educação organizado pela UNESCO em Bucareste, em 1983, citado por
Santomé, 1998, p.71-72)
Quando se trata da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade, encontra-se
uma diferença ainda maior em relação à definição desses conceitos, como aponta
Sommerman (2008 p.29-30):
A interdisciplinaridade é a interação de duas ou mais disciplinas. Essas
interações podem implicar transferência de leis de uma disciplina a outra,
originando, em alguns casos, um novo corpo disciplinar, como por exemplo, a
bioquímica ou a psicolingüística. (ZABALA, 2002, p.33). A
interdisciplinaridade é um método de pesquisa e de ensino suscetível de fazer
com que duas ou mais disciplinas interajam entre si, esta interação podendo ir
da simples comunicação das idéias até a integração mútua dos conceitos, da
epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados
e da organização da pesquisa. (JAPIASSU, 1991, p.136) O interdisicplinar
consiste num tema, objeto ou abordagem em que duas ou mais disciplinas
intencionamente estabelecem nexos e vínculos entre si para alcançar um
conhecimento mais abrangente, ao mesmo tempo diversificado e unificado.
Verifica-se nesses casos a busca de um entendimento direto dos interlocutores.
(COIMBRA, 2000, p.58). Estudos interdisciplinares autênticos supõem uma
pesquisa comum e a vontade, em cada participante, de escapar ao regime de
confinamento que lhe é imposto pela divisão do trabalho intelectual. Cada
especialista não procuraria somente instruir os outros, mas também receber
instrução. Em vez de um série de monólogos justapostos, como acontece
geralmente, ter-se-ia um verdadeiro diálogo, um debate por meio do qual,
assim se espera, se consolidaria o sentido da unidade humana [...] A
determinação de uma língua comum é a condição do surgimento de um saber
novo. (GUNSDORF, citado poe MACHADO, 2000, p.195)
Leff (2000, p. 33 citado por SOMMERMAN 2008, p. 31), diz que:
a transdisciplinaridade é o questionamento do logocentrismo e da configuração
paradigmática do conhecimento, o qual erradicou da ciência normal todo saber
não científico como externo e estranho, como patológico, como „não-
conhecimento‟; é a transgressão da disciplinaridade, do saber codificado para
apreender, „coisificar‟, objetivar o real.
30
Sommerman (2008, p. 63-64), aponta que existem três tipos diferentes de graus
de interdisciplinaridade, que seriam: A interdisciplinaridade de tipo pluridisciplinar, a
interdisciplinaridade forte e a interdisciplinaridade de tipo transdisciplinar, explicadas
da seguinte forma:
A interdisciplinaridade de tipo pluridisciplinar (também pode ser considerada
como fraca), aparecerá quando o predominante nas equipes multidisciplinares
for a transferência de métodos de um disciplina para a outra ou “ uma série de
monólogos justapostos” (GUNSDORF, citado por MACHADO, 2000, p.195).
A interdisciplinaridade forte aparecerá quando o predominante não for a
transferência de métodos, mas sim de conceitos, e quando cada especialista
não procurar apenas “instruis os outros, mas também receber instrução” e “em
vez de uma série de monólogos justapostos” [...] houver um “verdadeiro
diálogo”, o que requer o favorecimento das trocas intersubjetivas dos
diferentes especialistas, onde cada um reconheça em si mesmo e nos outros
não só os saberes teóricos, mas os saberes práticos e os saberes existenciais. A
interdisciplinaridade de tipo transdisciplinar aparecerá quando também
estiverem presentes nas equipes multidisciplinares “uma modelização
epistemológica nova para a compreensão de fenômenos” (LÊ MOIGNE, 2002,
p.29).
Heckhausen apud Fazenda (2002, p. 30), propôs ao invés de apenas três relações
de interdisciplinaridade como apontou Sommerman (2008), cinco tipos, que seriam:
Interdisciplinaridade Heterogenia – Este tipo é dedicado à combinação de
programas diferentemente dosados, onde é necessário adquirir-se uma visão
geral não aprofundada, mas superficial, dedicado a pessoas que irão tomar
decisões bastante heterogêneas, e que precisarão de muito bom senso. Ex:
professores primários ou assistentes sociais.
Pseudo-Interdisciplinaridade – Para realizar a interdisciplinaridade, partem do
princípio que uma interdisciplinaridade intríseca poderia estabelecer-se entre as
disciplinas que recorrem aos mesmos instrumentos de análise; Ex.: uso comum
de matemática.
Interdisciplinaridade Auxiliar – Utilização de métodos de outras disciplinas.
Admite um nível de integração ao menos teórico. Ex.: Pedagogia ao recorrer aos
testes psicológicos, não somente para fundar suas decisões em matéria de
ensino, como também, colocar à prova as teorias de Educação, ou, avaliar o
interesse de um programa de estudos.
Interdisciplinaridade Complementar – Certas disciplinas aparecem sob os
mesmos domínios materiais, juntam-se parcialmente, criando assim relações
complementares entre seus respectivos domínios de estudo. Ex.: Psicobiologia,
Psicofisiologia.
Interdisciplinaridade Unificadora – Esse tipo de interdisciplinaridade, advém de
uma coerência muito estreita, dos domínios de estudo de duas disciplinas.
Resulta na integração tanto teórica quanto metodológica. Ex.: Biologia + Física
= biofísica.
31
É importante voltar ao inicio desse estudo quando defende que o professor da
educação infantil seja um pedagogo, pois a licenciatura em pedagogia o habilita para
lidar com essa temática já que é nesse curso que este conhecimento é trabalhado.
Fazenda (2002, p. 27), diz que em fevereiro de 1970, certo grupo de
especialistas como C.C. Abt, dos Estados Unidos, e E. Jantsch (perito da OCDE –
Áustria), procuram estabelecer o papel da interdisciplinaridade tomando como ponto de
partida o conselho de Gur Michaud (1969), e assim concluíram que:
Disciplina – conjunto específico de conhecimentos com as suas próprias
características sobre o plano do ensino, da formação dos mecanismos, dos métodos, das
matérias.
Multidisciplina - Justaposição de disciplinas diversas, desprovidas de relação aparente
entre elas. Ex: música + matemática + história.
Pluridisciplina – Justaposição de disciplinas mais ou menos vizinhas nos domínios do
conhecimento. Ex: domínio científico: matemática + física.
Interdisciplina – Interação existente entre duas ou mais disciplinas. Essa interação
pode ir da simples comunicação de idéias à integração mútua dos conceitos diretores da
epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da
organização referentes ao ensino e à pesquisa. Um grupo interdisciplinar compõe-se de
pessoas que receberam sua formação em diferentes domínios do conhecimento
(disciplinas) com seus métodos, conceitos, dados e termos próprios.
Transdisciplina – Resultado de uma axiomática comum a um conjunto de disciplinas
(ex. Antropologia considerada como “a ciência do homem e de suas obras”, segundo a
definição de Linton).
Figura I: Modelo de transdisciplinaridade segundo Jantsch:
Fonte: <http://www.sociologia.org.br/>
32
Observando algumas leituras especializadas a respeito da interdisciplinaridade
percebe-se que não se encontra uma definição exata que contenha sempre o mesmo
sentido sobre o conceito de interdisciplinaridade, nota-se que os autores participam de
um debate interminável sobre um tema considerado polissêmico.
Segundo Leis (2005):
Qualquer demanda por uma definição unívoca e definitiva do conceito de
interdisciplinaridade deve ser rejeitada, por tratar-se de proposta que
inevitavelmente está sendo feita a partir de alguma das culturas disciplinares
existentes. Em outras palavras, a tarefa de procurar definições “finais” para a
interdisciplinaridade não seria algo propriamente interdisciplinar, senão
disciplinar. Na medida em que não existe uma definição única possível para
este conceito, senão muitas, tantas quantas sejam as experiências
interdisciplinares em curso no campo do conhecimento, entendemos que se
deva evitar procurar definições abstratas da interdisciplinaridade. (LEIS,
2005, p.5).
Jean Luc Marion (1978) e Vaideanu (1987) apud (POMBO 1993 citado por
OLIVEIRA 2005), definem a interdisciplinaridade como a cooperação de várias
disciplinas no exame de um mesmo objeto. Já para Piaget (1972, citado por POMBO,
1993), a interdisciplinaridade aparece como intercâmbio mútuo e integração recíproca
entre várias disciplinas, tendo como resultado um enriquecimento recíproco. Palmade
(1979, citado por Pombo, 1993) conceitua a interdisciplinaridade com a integração
interna e conceptual que rompe a estrutura de cada disciplina para construir uma
axiomática nova e comum a todas elas, com o fim de dar uma visão unitária de um
sector do saber.
Dentre todos os conceitos formados por especialistas nota-se uma grande
divergência quando se fala sobre interdisciplinaridade, dessa forma fica difícil falar que
o pensamento de um professor ou de outro está errado quando se refere a esse tema
polissêmico.
1.5 Aquisição da segunda língua
1.5.1 Bilingüismo
Quando se fala de Bilingüismo ou Educação Bilíngüe, muitos não fazem a
menor idéia do que venha a ser e por vezes ainda se encontra aqueles que acreditam que
a Educação Bilíngüe é baseada apenas em tradução, onde a professora fala alguma coisa
33
em Português e logo em seguida fala a mesma palavra ou frase, mas no Inglês. Dessa
forma busca-se concretizar o conceito de bilingüismo e o processo de aquisição da
segunda língua, embora com a realização de pesquisas encontram-se resultados bem
diferentes e até mesmo contraditórios sobre o conceito de bilingüismo.
Hoje em dia pode-se perceber que o número de escolas bilíngües tem aumentado
bastante no Brasil, só aqui em Brasília encontra-se cerca de cinco escolas que adotam a
metodologia bilíngüe Inglês-Português.
Segundo Marcelino (2009), o crescimento do Bilingüismo no Brasil remete ao
desenvolvimento na educação e também a uma demanda mercadológica pressionada
pelos pais de alunos de escolas regulares. Segundo Flory e Souza (2009, p. 25),
antigamente no Brasil, as escolas bilíngües eram procuradas especialmente por
imigrantes que tinham como intenção que seus filhos crescessem mantendo contato com
a sua cultura de origem, ou então eram procuradas pelos imigrantes em trânsito, ou seja,
eram aquelas famílias que vinham passar apenas um período no Brasil, esse público
alvo ia atrás de escolas internacionais, com currículos britânicos ou americanos. Hoje
em dia a busca de famílias brasileiras por uma escola que adota em seu currículo o
Inglês, está cada vez maior, com objetivo que seus filhos cresçam bilíngües, mesmo que
eles não falem o segundo idioma em casa.
Conforme Marcelino (2009 p. 01), os pais antigamente escolhiam as escolas por
conta da sua proposta de ensino, pela sua tradição, entre outros fatores e a importância e
necessidade que se tinha em aprender um segundo idioma era suprido através dos
institutos de idiomas, que objetivavam fazer a complementação da educação e ainda
tinha o direito à certificados internacionais ao final do curso, dessa forma São Paulo
passou a terceirizar o ensino de idiomas, e isso para o autor foi uma tentativa de escolas
regulares melhorarem o ensino do idioma, mas acabaram sendo consideradas
ineficientes pela falta de fluência dos próprios professores. Havia muitos alunos dentro
de sala de aula, as aulas eram consideradas insuficientes e outros motivos. Marcelino
(2009 p. 2) afirma que é dessa maneira que se passa a surgir as escolas bilíngües. São
escolas com o objetivo de fazer a integração do papel dos institutos de idiomas e das
escolas regulares. Para o autor, as escolas bilíngües vem sendo bem aceitas pelos pais,
uma vez que se espera uma educação de qualidade e o ensino de idioma
simultaneamente.
É relevante parar para pensar se essas escolas estão conseguindo alcançar ou
superar as expectativas dos pais e suprir as necessidades do desenvolvimento intelectual
34
das crianças, como indaga o próprio Marcelino acerca da fluência dos professores na
língua além da formação deles, devido a esse questionamento a pesquisadora elaborou e
aplicou questionário em algumas professoras regentes da escola pesquisada tendo como
objetivo coletar infamações que serão discutidas em outro espaço desse estudo.
Butler e Hakuta (2004, apud FLORY e SOUZA 2009, p. 28), explicam que, não
há, entretanto um consenso entre os pesquisadores acerca de uma definição sobre o
Bilingüismo. Segundo Flory e Souza (2009, p. 28), o Bilingüismo pode representar uma
infinidade de quadros diferentes, como por exemplo, remeter-se à esfera social, política,
individual, econômica, à aceitação e valorização de cada uma das línguas faladas e das
culturas com as quais essas se relacionam, à experiência e até mesmo a exposição com a
língua.
Blommfield (1933) faz uma definição bem restrita sobre o tema, afirmando que
bilíngüe seria a pessoa que tem o controle de duas línguas semelhante ao de um nativo.
Embora essa definição traga problema para se definir como julgar a proficiência de uma
pessoa como “semelhante de um nativo”, e se considerar essa definição como a correta,
por exemplo, pode-se afirmar que dentre todos os alunos apenas o aluno Marcelo de
cinco anos de idade já pode ser considerado uma pessoa bilíngüe, uma vez que o mesmo
já consegue controlar as duas línguas (inglês e português), como se fosse um nativo,
embora seja uma criança brasileira Marcelo já se comunica melhor na língua inglesa do
que a sua própria língua materna que seria o Português (quando Marcelo fala em
Português pode-se perceber que ele apresenta dificuldades na concordância de gênero),
desde que Marcelo nasceu, teve o contato em casa com a língua Inglesa, o pai se
comunicava com o menino através do Inglês e por isso ele consegue se destacar das
outras crianças dentro da mesma sala, pois além do contato que Marcelo tem com o
Inglês na escola com as professoras, também tem uma referência em casa, dessa forma
seguindo esse conceito as outras crianças não poderiam ser consideradas bilíngües, já
que ainda não conseguem controlar as duas línguas da mesma maneira que os nativos.
Baker e Prys Jones (1998, apud FLORY e SOUZA, 2009, p. 29) apontam outro
problema acerca dessa definição de Blommfield, pois “como poderíamos classificar
uma pessoa que entende o que é dito, mas não sabe falar uma segunda língua? Ou então
uma pessoa que saber falar e entender, mas não sabe escrever a segunda língua?”. Essas
pessoas podem até ser consideradas bilíngües dependendo do critério que adotarmos
para exemplificar o bilingüismo.
35
O primeiro questionamento que Baker e Prys levantam é extremamente
pertinente, exemplo disso são a maioria dos alunos que conseguem compreender o que é
falado na segunda língua, mas não conseguem se desenvolver tanto na fala, alguns deles
ao formularem uma frase, ainda misturam o Inglês com a sua língua materna
(Português), acredita-se que essas crianças estão se tornando bilíngües, pois ainda estão
se alfabetizando.
De acordo com Silva (2011 p.9):
os primeiros estudos a respeito da aquisição da linguagem, foram baseados
em Skinner, uma visão teórica behaviorista, que dizia que a aprendizagem
de alguma língua dava-se de acordo com a exposição ao meio e em
decorrência da imitação e do reforço, a teoria Behaviorista acreditava que o
ser humano aprendia por condicionamento como qualquer outro animal,
Acredita-se que a teoria behaviorista é relevante ao dizer que a aprendizagem de
alguma língua se dá devido ao contanto com o meio e pela imitação, o individuo quando
está no processo de ensino-aprendizagem de uma nova língua sempre acaba imitando o
que o professor diz, por exemplo:
A criança pergunta em Português ao professor:
- Posso beber água?
E o professor faz a mesma pergunta em Inglês:
- Can I drink water?
E a criança simplesmente repete a fala do professor:
- Can I drink water?
Concordo e sigo a teoria behaviorista que afirma que o que o indivíduo aprende
uma nova língua por meio de imitação.
1.5.2 O Bilingüismo e o seu processo de ensino-aprendizagem:
Tanto no ensino da língua materna quanto da língua estrangeira, acaba ficando a
par do professor, utilizar-se de diferentes metodologias, como por exemplo, fazer a
inserção de atividades lúdicas, com objetivo de ter uma melhoria no processo ensino-
aprendizagem, tendo a consciência de que cada aluno tem as suas particularidades e o
seu tempo para aprender, dessa forma é fundamental para que haja um bom processo de
aprendizagem, que as professoras façam as adequações necessárias para cada criança.
Por vezes aprender e ter o domínio da própria língua materna, já é tão difícil,
imagine então aprender uma segunda língua quando ainda se é apenas uma criança e
para facilitarmos o processo de ensino-aprendizagem, podemos usar artifícios como
36
atividades lúdicas, pois as crianças aprendem muito mais fácil e rápido quando
ensinamos através de jogos e brincadeiras, pois as mesmas aprendem e se concentram
muito mais quando se faz alguma brincadeira.
O problema é que muitos educadores não acreditam no aprendizado com a
utilização de métodos como o lúdico e acabam usando apenas o quadro negro e a
metodologia da escola tradicional.
1.5.3 A melhor idade para a aquisição da segunda língua
Segundo, Butler e Kakuta (2004, apud FLORY e SOUZA, 2009, p. 30):
É possível classificar indivíduos bilíngües em precoces (Early bilingual)
(aquisição de segunda língua na infância) ou tardios (Late bilingual)
(aquisição de segunda língua na adolescência ou na idade adulta). Dentro do
grupo de bilíngües precoces, é importante a diferenciação entre o
Bilingüismo Simultâneo (quando as duas línguas são adquiridas ao mesmo
tempo) e o Seqüencial (quando a aquisição da segunda língua se inicia
quando a aquisição da primeira língua já está completa).
O estudo refere-se ao “Early bilingual”, que seria a aquisição da segunda língua
na infância e também do Bilingüismo Simultâneo, já que a aquisição da língua Inglesa e
o Português estão sendo ensinados às crianças ao mesmo tempo. Butler e Hakute (2004,
apud FLORY e SOUZA, 2009) afirmam que essa definição, levanta uma questão sobre
a existência de um suposto período crítico, ou seja, uma idade limite para que haja a
aquisição da segunda língua (os autores ainda não chegaram a uma resposta definitiva
acerca da questão da idade na aquisição de uma segunda língua em relação a esse
período crítico).
A questão da melhor idade para a aquisição da segunda língua mesmo não
tendo sido definida pelos autores em questão, através do estudo de caso, fica claro que é
na infância que podemos obter os melhores resultados, aqui se pode relatar também a
questão do sotaque, uma criança que aprende uma segunda língua antes dos dois anos
em casa como é o caso do exemplo dado, do aluno Marcelo, já consegue ter um sotaque
como o de um Americano, o que não é o caso das professoras da escola em si, pois as
mesmas aprenderam em média o Inglês na adolescência, dessa forma nota-se o sotaque
Brasileiro, no entanto a professora de música por ter aprendido o Inglês já quando
adulta, apresenta dificuldade na pronúncia da segunda língua (o Inglês), não que a
professora fale errado a língua, e sim faz a pronúncia de algumas palavras de uma forma
37
diferenciada (Ex: a palavra teacher, por mais que ela nos ouça falar a palavra teacher,
ela continua apresentando dificuldade na pronuncia, saindo o som como “titeacher”).
Partindo da questão “idade de aquisição” Hull e Vaid (2006, apud FLORY e
SOUZA, 2009 p. 31), acreditam que:
Bilíngües precoces apresentaram um envolvimento hemisférico bilateral ao
usar uma língua, enquanto monolíngües e bilíngües tardios teriam a
dominância de um dos hemisférios. Tal lateralização funcional mostrou-se
primordialmente influenciada pela idade em que o Bilingüismo teve início
(aquisição da segunda língua antes dos 6 anos de idade).
Sobre a língua materna (Português), Flory e Souza (2009, p. 32), afirmam existir
um critério de manutenção da língua materna ao se adquirir uma segunda língua,
partindo desse critério Lambert (1962) faz uma diferenciação entre o Bilingüismo
Aditivo e o Bilingüismo Subtrativo:
Bilingüismo Aditivo, aquele no qual a segunda língua é adquirida sem perda
de proficiência na primeira, e o Bilingüismo Subtrativo, aquele no qual a
segunda língua é adquirida às custas da primeira, ou seja, ao adquirir uma
segunda língua, perde-se a proficiência na primeira.
O caso do aluno Marcelo é o Bilingüismo Subtrativo uma vez que o menino
perdeu a proficiência na língua portuguesa quando passou a ter uma boa fluência na
segunda língua (inglesa), já as demais crianças são caracterizadas pelo Bilingüismo
Aditivo, pois ao aprenderem a segunda língua não apresentaram perda de proficiência
na língua materna.
Flory e Souza (2009 p. 37) fazem uma caracterização do indivíduo bilíngüe:
Um mesmo indivíduo pode ser classificado em diferentes definições de
Bilingüismo, dependendo da perspectiva adotada. Por exemplo, uma criança
cujo pai é Inglês, a mãe brasileira, fale com o pai em Inglês e com a mãe em
Português, tenha boa proficiência nas duas línguas e viva num ambiente em
que as duas culturas coexistem e são valorizadas. Ela pode ser classificada
como bilíngüe precoce, simultâneo, aditivo. Por outro lado, uma criança
brasileira que emigre com a família para os EUA aos 5 anos de idade, ingresse
numa escola monolíngüe em Inglês e venha a perder a proficiência no
Português (o que pode acontecer, mas não é necessário que aconteça), pode ser
classificada como precoce, seqüencial, subtrativo.
Como é o caso do aluno Marcelo, ele tem os dois pais brasileiros, mas seu pai
introduziu o Inglês dentro de casa desde o seu nascimento, no primeiro ano de escola do
Marcelo, cujo estudante tinha aproximadamente dois anos de idade a professora já
notou que Marcelo tinha o domínio da língua bem mais avançado do que as outras
38
crianças da mesma classe e isso permanece até os dias de hoje, por outro lado mesmo a
escola sendo Bilíngüe com enfoque maior no Inglês a partir do Intermediate, que é
referente a esse ano que Marcelo está cursando, ele passa a ter 25% de contanto com a
sua língua materna que seria o Português, mas devido ao seu contanto quase que vinte e
quatro horas por dia com o Inglês (inclusive desenhos todos em Inglês), Marcelo acabou
perdendo um pouco da sua pronuncia no Português, embora sua mãe ainda converse
com ele na sua língua materna, mas isso não quer dizer que essa criança não tenha o
domínio das duas línguas em questão, ele apenas apresenta algumas dificuldades na fala
como por exemplo concordância de gênero, dessa forma Marcelo pode ser considerado
uma criança bilíngüe precoce, simultânea e subtrativo, já que além de tudo isso, ele
ainda vive num ambiente que valoriza as duas culturas existes, pois o colégio que a
pesquisa foi feita, valoriza tanto a cultura Brasileira quando a cultura Canadense e ele é
considerado subtrativo por ter perdido um pouco da proficiência na língua materna.
No segundo exemplo, pode-se imaginar outro aluno, o Marcos de seis anos que
por volta de outubro vai morar no Canadá com os seus pais, assim vai passar a estudar
numa escola monolíngüe, e pode vir a perder ou não a sua proficiência no Português
(sua língua materna), de qualquer forma seus pais podem ajudar na continuidade do
desenvolvimento da proficiência na sua língua materna, sendo considerada então uma
criança bilíngüe precoce, seqüencial, aditivo, caso não perca a proficiência na língua
materna, perdendo torna-se subtrativo.
1.6 A Organização do Trabalho Pedagógico
O método da escola observada traz ao Brasil práticas modernas de educação
bilíngüe e mantém a função de educar e cuidar aumentando os conhecimentos e
experiências das crianças na convivência em sociedade.
Seu currículo desenvolve as múltiplas linguagens da criança que estão
contempladas no processo de construção de conhecimentos. A escola fundamenta-se
através do programa desenvolvido pelo CEC Network e com a LDB que está em vigor.
Acerca do programa a proposta pedagógica da escola traz (2010, p. 4):
O programa é baseado nas práticas reflexivas e contemporâneas de educação;
relevando a perspectiva sócio-interacionista, entendendo que o sujeito aprende em
39
ambiente propício a favorecer a construção de conhecimentos na interação
sujeito/sujeito, e sujeito/objeto do conhecimento.
O programa foi desenhado para educar e cuidar da criança integralmente:
fisicamente, intelectualmente, emocionalmente e socialmente, entendendo que os
sujeitos do processo educativo modificam e são modificados pela ação e objetos do
conhecimento.
A integração dos diferentes objetivos e conteúdos de aprendizagem promovem
rico e estimulante programa que encoraja a criatividade, imaginação e auto-estima;
A escola é um ambiente seguro onde o educando é encorajado a assumir novas
posturas e se vêem como alunos capazes e competentes;
Sempre são respeitados os diversos estilos e estratégias de ensino aprendizagem e
avaliação, assim como o estágio de desenvolvimento do educando;
A escola é um lugar dinâmico, onde os educandos desenvolvem auto-estima
positiva e são encorajados a serem fiéis ao seu próprio estilo e identidade, convivendo
com o outro de forma gradativamente autônoma e respeitosa;
Uma das prioridades do programa é fazer os educandos não simplesmente
aprenderem a ler, mas também a amarem a leitura. A leitura é uma atividade que abre
as portas para todas as áreas do conhecimento e ajuda o educando a construir mais
conhecimentos e autoconfiança.
A escola mantendo-se como um lugar social faz a apropriação da cultural, da
identidade e também da construção do conhecimento em um ambiente favorável para as
competências das crianças, com os seus ambientes em forma de centros e com áreas que
conseguem atendem as necessidades diversas das crianças, proporcionando-as uma
convivência tanto em grandes quanto em pequenos grupos, dando atenção ao educando
nos seus ritmos particulares e linguagens. Observou-se que ao utilizarem centros para a
realização de atividades de grupo, fica mais fácil dar atenção para as crianças em
particular e em conjunto, podendo assim trabalhar de forma mais estratégica e dinâmica,
dando sempre um suporte aos alunos.
Acerca da prática educativa a proposta pedagógica tem como princípios:
Igualdade de condições para acesso e permanência na Escola;
Valorização das experiências e vivências naturais do educando;
Construção pelo educando de saberes e fazeres significativos;
Garantia de padrão de qualidade;
Convivência social; e
Valorização da construção do conhecimento bilíngüe.
Um ponto relevante que a proposta traz é: “Igualdade de condições para acesso
e permanência na Escola”, a pergunta que fica é: Quais condições são essas? Afinal as
famílias que não tem uma condição financeira alta, não conseguem manter seus filhos
na escola. Outra questão importante é a valorização das experiências e vivências do
educando, já que são eles o nosso maior interesse, uma vez que estamos trabalhando
40
para terem a melhor a qualidade no processo de ensino-aprendizagem e quando
valorizam essas vivências os alunos podem interagir de forma construtiva junto aos
professores.
Lima (2007, p.161, citando CÓRIA-SABINI 1986), diz que a valorização
desse tipo de experiência do educando ajuda para que esses participem na elaboração
dos objetivos em que se pretendem alcançar, na execução das atividades que irão
desenvolver, dessa forma trazem a vida do aluno para dentro da sala de aula, misturando
o mundo e real e o simbólico da forma lúdica e responsável.
Sem deixar de comentar que um dos maiores princípios da escola é a
construção do conhecimento bilíngüe, dessa maneira deve-se conseguir alcançar esse
objetivo e formar cidadãos bilíngües.
41
CAPÍTULO II
METODOLOGIA:
2.1 Metodologia Utilizada
A metodologia utilizada para a presente pesquisa fundamenta-se em uma
abordagem de caráter qualitativo. A partir da observação do participante (relato de
experiência) e entrevistas, esse tipo de pesquisa se encaixa aos fenômenos considerados
interacionais, a qual a vida humana é vista como uma atividade interativa e
interpretativa realizada pelo contato das pessoas.
Segundo Lucke e André (1986, p. 13, apud OLIVEIRA, 2008) esse tipo de
abordagem vai estudar um único caso, devendo ser aplicado o estudo de caso quando o
pesquisador tiver um interesse em pesquisar uma situação, singular, particular. De
acordo com os autores a preocupação desse tipo de pesquisa é retratar a complexidade
de uma situação particular, focalizando o problema em seu aspecto total, onde o
pesquisador pode se utilizar de diferentes fontes para fazer a coleta de dados, sendo
esses colhidos em diferentes momentos da pesquisa, como por exemplo, dentro da sala
de aula, momento de intervalo e lanche, na hora da entrada e saída dos alunos, parando
para ouvir, pais, alunos, professores, se atentando para coletar esses dados do inicio ao
fim do semestre-ano letivo.
Essa abordagem também concebe o ambiente natural como fonte direta para a
coleta de dados, tendo o pesquisador como o instrumento-chave para esse processo. A
pesquisa foca não apenas no resultado e sim no processo que se dá, podendo haver certa
influência do pesquisador ou até da própria entrevista a cerca da situação observada
uma vez que a mesma se dá pela interação dos sujeitos observados com os fatores que
integram.
A pesquisa também apresenta um caráter exploratório, já que desenvolve e
esclarece idéias, trazendo uma visão acerca da importância da formação de professores,
na aquisição da segunda língua. De acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratória
proporciona uma grande familiaridade com a problemática, objetivando torná-la mais
explícita ou a construir hipóteses e afirmando ainda que o planejamento dessa tipologia
é mais flexível, de modo que possibilita a consideração dos mais variados aspectos
sobre o objeto investigado.
42
2.2 Critérios de Seleção dos Participantes
Os critérios utilizados para selecionar os participantes de uma das entrevistas,
foram baseados na série em que a observação foi feita, dessa forma pediu-se para que as
professoras regentes das turmas em questão respondessem ao questionário com cerca de
nove questões discursivas, esse roteiro de entrevista foi aplicado com cinco professoras
Bilíngües, que já deram ou dão aula para o Intemediate Kindergarten, a série que foi
feita a observação. A duração de cada roteiro foi em torno de 15 a 20 minutos. Todos os
nomes utilizados são fictícios, como forma de preservar a imagem das professoras. A
professora Amanda é graduada em Pedagogia, Márcia é graduada em Letras com
formação em Pedagogia e pós-graduada em Orientação Educacional, Talita é graduada
em Letras e tem Mestrado em Lingüística, Maria é graduada em Artes e Rafaela é
graduada em Pedagogia é pós-graduada em Psicopedagogia. Utilizarei números para
identificar cada professora nas tabelas seguintes. A representação ficou da seguinte
forma: Amanda 1, Márcia 2, Talita 3, Maria 4 e Rafaela 5.
O segundo roteiro foi realizado com quatro mães que optaram em colocar seus
filhos em escolas bilíngües, essas mães foram selecionadas como forma de analisar a
sua satisfação em relação à qualificação das professoras e o motivo de escolherem uma
escola bilíngüe, essa entrevista teve apenas quatro questões dissertativas a serem
respondidas e levaram cerca de dez minutos para concluírem a pesquisa, os nomes
também foram preservados. Os roteiros das entrevistas com a as mães e as professoras
encontram-se no Apêndice.
43
CAPÍTULO III
RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Contextualização da escola:
A escola adota a Educação Bilíngüe (Português e Inglês), possui em seu
sistema o ensino de Educação Infantil e Ensino Fundamental (1 º ao 5 º ano) , seu
currículo orienta a formação de crianças de dois a dez anos envolvendo e
desenvolvendo as múltiplas linguagens, tem como base as práticas reflexivas e
contemporâneas de educação, considerando uma perspectiva sócio-interacionista,
considerando que o sujeito aprende na interação sujeito/sujeito e sujeito/objeto do
conhecimento.
O seu programa foi desenvolvido para cuidar e também educar as crianças
tanto nas formas intelectual, social, física e emocional, partindo desse pressuposto a
escola está de acordo com a LDB que traz em seu Art. 29. que:
a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
A escola é considerada um ambiente seguro aos alunos, seus ambientes
atendem às diversas demandas e necessidades das crianças entre dois a dez anos. O
programa integra os indivíduos com tecnologia moderna, oferecendo as crianças uma
ambiente estimulante para a aprendizagem, segundo o site da escola os professores são
graduados em pedagogia por instituições brasileiras de educação, mas a cerca da
realidade da formação das professoras falaremos em breve.
A escola sempre busca trazer um treinamento contínuo que visa ensinar como
utilizar o programa adotado, mas esse infelizmente não é realizado com todo o corpo
docente, a maioria das vezes, esses treinamentos são feitos apenas com as professoras
regentes excluindo dessa forma as professoras assistentes, que são fundamentais para o
desenvolvimento tanto da escola como das crianças. O programa da escola tem uma
abordagem de ensino integrado, ou seja, as matérias não se separaram, elas são
integradas em unidades temáticas. A escola adota a filosofia de que as crianças são
consideradas o centro da aprendizagem e construtora do seu próprio conhecimento.
44
O seu currículo não se baseia em apenas um pensador e sim em vários, como
Lev Vygotsky, Howard Gardner, Jean Piaget, Eric Erikson. Crianças com dois anos de
idade entram no Toddler, onde o ensino é 100% em Inglês, aos três anos quando estão
no Nursery o ensino continua 100% em Inglês, aos quatro anos quando passam ao
Junior Kindergarten continuam no último estágio de ensino 100% em Inglês, já aos
cinco anos de idade, referente ao Intermediate Kindergarten, além do Inglês as crianças
passam a ter contato com a língua materna, dessa forma 75% da aprendizagem é feita
em Inglês e 25% em Português, dos seis anos em diante (desde o year 1), o ensino é
50% em Português e 50% em Inglês.
Atualmente na escola observada cerca de noventa e cinco por cento dos alunos
são brasileiros, em 2009 dentro de uma sala com apenas oito crianças, quatro eram
brasileiras e quatro estrangeiras sendo (uma criança Britânica e três Africanas), ainda
em 2009 uma criança Israelense entrou na escola e permaneceu até o ano de 2011,
retornando a sua cidade de origem. Essas são algumas crianças estrangeiras que
passaram pela escola até o presente momento, no entanto não estudam mais na escola.
Em 2012 no turno matutino tem dois irmãos que são estrangeiros. Por ai percebe-se que
as famílias brasileiras, têm buscado bastante por escola Bilíngüe. Observou-se que as
crianças que freqüentam a escola pesquisada pertencem à famílias com condições
financeiras, dessa forma, pode-se considerar que essa escola fornece uma educação
bilíngüe elitista, tendo em vista que foi uma escolha das famílias a busca pelo
aprendizado de uma segunda língua, visando um diferencial educacional e até mesmo
profissional para os seus filhos, já que todos visualizam o futuro.
Na escola observada encontra-se uma professora formada em Fisioterapia e, ao
ser indagada de qual seria a sua formação (sem imaginar que a pesquisadora já sabia a
resposta), respondeu que era formada em Letras. Baseada na resposta dada, perguntou-
se se ela já havia feito a complementação em Pedagogia, que outras professoras
formadas em Letras da mesma escola já haviam feito no ano de 2011, e a mesma
respondeu que ainda não fez, mas que pretende fazer. Perguntou-se também se ela
achava que o curso de Pedagogia fazia falta para a sua prática docente e a professora
afirmou que sim, ela acredita que muita coisa só saberia se cursasse a Pedagogia.
Pode-se observar na escola uma grande diversidade na formação das
professoras, dentre elas encontram-se professoras com licenciatura em Letras, Artes e
até mesmo uma formada em Fisioterapia que são as regentes (responsável pela classe).
45
Algumas professoras formadas em Letras fizeram a complementação em
Pedagogia. Dessa forma, como a escola possui algumas professoras com formação em
outras licenciaturas que não a Pedagogia, são as professoras formadas em Pedagogia
que assumem as turmas, para a comprovação do MEC. Como pode ser encontrado no
próprio site da escola, as professores da atuação, deveriam possuir graduação em
instituições brasileiras de ensino superior em Pedagogia, mas isso, como pode-se
verificar, só acontece na teoria, pois a prática passa um pouco longe do previsto. Fica
difícil compreender o que se é passado de verdade para o MEC, aos pais que optam e
confiaram em colocar seus filhos nessa instituição, sem falar o que é dito à própria filial
da escola a cerca desse assunto tão relevante para o funcionamento da mesma.
De acordo com o PPP a escola tem como missão contribuir na vida das crianças
para a construção de uma sociedade mais justa, democrática, livre, voltada para o ser
humano, tendo como base os valores da solidariedade, valores éticos com o pretexto que
a criança desenvolva o seu padrão ético-moral de participação social e tem como
objetivos:
Oferecer ensino de excelência, tendo como meios básicos o pleno domínio da
leitura, escrita e do cálculo;
Ofertar ambiente favorável à construção de habilidades e de competências na
perspectiva bilíngüe (português e inglês), facilitando, ao final dessa etapa, a
comunicação e a expressão de forma eficaz nos dois idiomas;
Fornecer aporte teórico metodológico, porá o processo de alfabetização e letramento
das crianças, na Língua Portuguesa e Inglesa.
Promover ambientes diferenciados para desenvolvimento das múltiplas linguagens
pertinentes a cada etapa de ensino;
Valorizar a pluralidade cultural, oferecendo espaço próprio à aquisição da segunda
língua, o inglês;
Oferecer recursos para que os educandos satisfaçam suas necessidades e desejos e os
expressem de forma autônoma e natural;
Valorizar a pesquisa e as vivências dos educandos como aporte para aprendizagens
significativas;
Criar condições para o desenvolvimento do educando, assegurando-lhe formação
indispensável para o exercício da cidadania;
Fornecer ao educando os meios para progredir nos estudos posteriores;
Atender alunos de diferentes nacionalidades, respeitando e apreciado a cultura de
cada uma, construindo uma concepção integrada de mundo;
Possibilitar atitudes que expressem a consciência dos valores universais;
Criar condições para o desenvolvimento da afetividade, criatividade, autonomia e
participação;
Promover a integração da família no processo educativo, a fim de formar parceria na
educação dos alunos.
46
Novamente é importante lembrar que a escola traz como um de seus objetivos
“Ofertar ambiente favorável à construção de habilidades e de competências na
perspectiva bilíngüe (português e inglês), facilitando, ao final dessa etapa, a
comunicação e a expressão de forma eficaz nos dois idiomas”, além de “valorizar a
pluralidade cultural, oferecendo espaço próprio à aquisição da segunda língua, o
Inglês”, o que de fato ocorre já que a escola está proporcionando o contato com a
segunda língua na maior parte do tempo que as crianças estão na escola, em momentos
de playground, intervalos e aulas, com a exceção a aula de Português.
Fornece recursos para que os alunos consigam satisfazer suas necessidades,
pode-se constatar que utilizam materiais como computadores em sala de aula, para que
haja aulas expositivas, objetos para que as crianças libertem a sua criatividade como é o
caso do “drama-center” (roupas, brinquedos e outros materiais, que integram o
momento de brincadeira), dependendo do tema abordado a professora pede que os
alunos tragam de casa algo, como pesquisa, brinquedo ou objetos diversificados que
ajudem as crianças a se expressarem, dessa forma quando diz que valorizam a pesquisa
e as vivências dos educandos como um facilitador para as aprendizagens significativas,
como é o caso das crianças sempre contarem como foi o final de semana delas ou
fazerem interferências na aula para contarem algo que consideram importantes a elas.
Quando a proposta diz que um de seus objetivos é “fornecer ao educando os
meios para progredir nos estudos posteriores”, levanta um objeto de estudo futuro, uma
vez que os alunos que atualmente estão estudando no year 5 ainda vão demorar um
tempo para prestarem o vestibular, pois outra dúvida da pesquisadora é se essas crianças
irão passar dificuldade quando forem prestar o mesmo.
A proposta pedagógica vem trazendo que a instituição de ensino com oferta
bilíngüe vem principalmente atender uma demanda “própria da região onde fatores
como deslocamento constante de diplomatas de diferentes regiões do mundo,
administração pública e principalmente, educação de qualidade é realidade inegável”,
em seguida já afirma que a escola quer:
Ocupar e justificar sua presença com ensino de qualidade, educadores com
formação de excelência, métodos eficazes e excelência para a faixa etária de
dois a dez anos de idade. Entendendo e conjugando as dimensões
indissociáveis, de Cuidar e Educar de crianças e adolescentes. Entendendo
ainda, que a criança se apropria e aprende o que vive e experimenta, nesse
sentido, a estrutura bilíngüe da escola, oferece alfabetização na língua materna
(Língua Portuguesa), e concomitantemente na Língua Inglesa, explicitando a
devida preponderância da Língua Portuguesa sobre o idioma estrangeiro, uma
vez que as estratégias de alfabetização e letramento serão otimizado no
componente curricular Língua Portuguesa.
47
O próprio PPP da escola é contraditório uma vez que ele afirma que a escola
oferece “igualdade de condições de acesso e permanência” e logo em seguida diz que a
instituição de ensino com oferta bilíngüe vem principalmente para atender uma
demanda “própria da região onde fatores como deslocamento constante de diplomatas
de diferentes regiões do mundo, administração pública e principalmente, educação de
qualidade é realidade inegável”, outra afirmação que merece destaque é quando fala que
os “educadores possuem uma formação de excelência”, qual seria essa excelência de
formação a que se referem?
A organização pedagógica diz que:
A escola oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental, em regime seriado
anual, ou seja, onde o educando passa por um currículo desenvolvido ao longo
de um ano letivo. O conteúdo é distribuído ao longo dos anos letivos e em
planejamentos semestrais, quinzenais e semanais. A previsão nesta etapa é
organizar as turmas por faixa etária e, no final de cada ano letivo, sua
promoção à série subseqüente. O currículo tanto na Educação Infantil quanto
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contempla todas as diretrizes de
conteúdos, estratégias e orientações constantes no documento Diretrizes
Curriculares para Educação Básica, do Conselho Nacional de Educação, busca
alinhamento com os documentos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do
Ensino Fundamental, e o Referencial Curricular Nacional para Educação
Infantil (RECNEI), para consolidar sua prática didático-pedagógica. A fim de
contemplar preceitos legais e pedagógicos constantes na legislação em vigor, e
nas diretrizes da mantenedora, que deseja antes de tudo oferecer educação de
qualidade à sua comunidade, a escola trata as questões de construção de
alfabetização e letramento de forma responsável e orientada. Assim o
cotidiano pedagógico assiste de forma equânime o volume de aulas e de
conhecimento nos componentes curriculares de Língua Portuguesa Língua
Inglesa, isto é, o número de disciplinas lecionadas em Língua Portuguesa é
superior ao número dado em Língua Inglesa, porém, o conteúdo dado no
montante final se equivale.
O PPP vem trazendo uma informação que não expressa a realidade, quando
diz que “o cotidiano pedagógico assiste de forma equânime o volume de aulas e de
conhecimento nos componentes curriculares de Língua Portuguesa Língua Inglesa, isto
é, o número de disciplinas lecionadas em Língua Portuguesa é superior ao número dado
em Língua Inglesa, porém, o conteúdo dado no montante final se equivale”, o que de
fato acontece é o contrário, pode-se verificar claramente assim:
Educação Infantil:
Creche I – Toddler (dois anos) 100% Inglês
Creche II – Nursery (três anos) 100% Inglês
Pré-Escola I – Junior Kindergaten (quatro anos) 100% Inglês
Pré-Escola II – Intermediate Kindergarten (cinco anos) 75% Inglês e
25% Português.
48
E no ensino fundamental o currículo tem uma adaptação, sendo que metade do
período de aula é ministrada em cada língua sendo assim, fica, 50% em Português e
50% em Inglês.
Organização Curricular concretiza que:
A organização curricular da Escola orienta os processos formativos nas
diferentes áreas do conhecimento, de forma dialógica, apresentando saberes e
fazeres em contextos de significação, interdisciplinaridade e relevância nas
diferentes etapas da Educação Básica. Alinha suas bases conceituais
procedimentais e atitudinais com os documentos oficiais brasileiros (MEC e
SEE/DF), orientações da Matriz da escola e da sua mantenedora.
Como o próprio PPP afirma a organização curricular da Escola envolve a
interdisciplinaridade nas diferentes áreas do conhecimento, dessa maneira as professoras
devem saber trabalhar com a mesma.
Acerca do Currículo na Educação Infantil:
O currículo na Educação Infantil, atendendo ao compromisso de cuidar e
educar busca o desenvolvimento da capacidade da criança de intervir no
mundo com liberdade, criatividade, articulação e cooperação, visando
desenvolver sua identidade e autonomia. O convívio curricular na
instituição, busca sustentar e aperfeiçoar cotidianamente, o ensino,
aprendizagem e avaliação na perspectiva bilíngüe, onde a alfabetização e o
processo de letramento relevante no ambiente educacional, é apoiado no
idioma natural brasileiro (Língua Portuguesa), e também na Língua Inglesa.
A escola realmente trabalha muito com a criatividade das crianças, observou-
se também que as atividades propostas exigem bastante da coordenação motora das
crianças e o sentido de cooperação é muito bem trabalhado com as crianças, já que as
professores sempre estão ensinando-as como trabalhar em grupo, a dividir os materiais e
os brinquedos.
A Educação Infantil tem como objetivos:
a) reconhecer as crianças como seres íntegros que aprendem a ser e a
conviver consigo mesmas, com os demais e com o meio ambiente de
maneira articulada e gradual;
b) buscar interação entre as diversas áreas do conhecimento e aspectos da
vida cidadã como conteúdos básicos para construção de conhecimentos e
valores;
c) associar os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação e expressão
à natureza e às pessoas, em articulação com os cuidados e a educação para a
saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, a cultura, as
linguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a tecnologia;
d) considerar o contexto em que cuidados e educação se realizem de modo
prazeroso, lúdico, onde estejam contempladas as brincadeiras espontâneas, o
uso de materiais, os jogos, as danças e os cantos, as comidas e as roupas, as
49
múltiplas formas de comunicação, expressão, criação e movimento, o
exercício de tarefas e rotinas cotidianas e as experiências dirigidas, que
exigem o conhecimento dos limites e alcances das ações das crianças e
adultos.
Os valores são sempre trabalhados com as crianças, no inicio desse ano (2012) foi
feito um projeto que trabalhou os valores de: Respeito, Solidariedade, Responsabilidade
e Auto-disciplina, onde as professoras vestiam camisetas com esses valores estampados
toda sexta-feira, além de trabalharem dentro de sala de aula com as crianças sobre os
mesmos. O processo de ensino-aprendizagem ocorre de forma lúdica, observou-se que
as aulas ministradas utilizam-se de jogos e brincadeiras para tornar a aprendizagem
prazerosa, com isso as crianças se sentem muito mais motivadas e aprendem bem
melhor.
A metodologia adotada:
O método da escola é caracterizado pela concepção de infância como
período privilegiado, onde os educandos constroem seus conhecimentos por
meio das múltiplas linguagens, das interações que experimentam com o
objeto do conhecimento e no convívio com seus pares. Entendo que o
brincar e suas interações lúdicas são linguagens próprias das crianças para
compreender o mundo.
Neste sentido, o método proporciona e facilita a inserção dessas crianças no
universo escolar, proporcionando ambientes próprios, experiências em
centros criteriosamente pesquisados e desenvolvidos para os fazeres e
saberes, em constante evolução e construção.
A inserção da criança em ambiente com elementos culturais diversificados
já é um fator enriquecedor do currículo, o que valoriza a pluralidade cultural
e, diante da realidade globalizante, prepara as crianças para atuarem como
cidadãos do mundo. Neste ambiente de aprendizagem focado em duas
línguas, a criança aprende progressivamente, durante o desenrolar dos
períodos escolares, a usa adequadamente a língua específica e as respostas
culturalmente apropriadas, o que enriquece e potencializa as experiências de
aprendizagem.
A metodologia ainda prevê a construção de competências e habilidades ao
longo do ano letivo, com avaliações e/ou observações em registro de
desenvolvimento, por meio de relatórios semestrais que são construídos a
partir de pautas de observação previamente pensadas para analisar e verificar
o crescimento e o desenvolvimento das crianças de cada faixa etária nos
diferentes momentos de aprendizagem.
É interessante ressalta que o método da escola se dá pela interação e convívio com
os seus pares, uma vez que a educação bilíngüe é trabalhada com ênfase desse fator, já
que por vezes as professoras tentam fazer com que os alunos conversem em inglês entre
si.
Sobre a Organização Didático-Pedagógica o PPP apresenta que:
A organização do trabalho pedagógico em pauta nos Planos Anuais
configura o desenvolvimento e a construção do conhecimento por meio de
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objetivos específicos para cada faixa etária, claramente descritos nos planos
e planejamentos diários desenvolvidos pelo corpo docente da instituição, a
fim de construir ao longo dos anos letivos as habilidades e competências
previstas para cada faixa etária.
Processos de avaliação da aprendizagem:
Segundo o PPP, a avaliação é indispensável para a pratica pedagógica, uma
vez que a mesma permite que os professores façam observações importantes sobre as
crianças e sobre o desenvolvimento processual do trabalho proposto. O professor pode
avalia o caminho percorrido pelas crianças, através das observações e registros das
próprias crianças , dessa forma a escola espera dos estudantes da Educação Infantil, as
seguintes habilidades e competências:
Habilidades psicomotoras adequadas a sua idade e estágio de
desenvolvimento;
Raciocínio e capacidade de comunicação que lhe proporcionará
interação adequada ao meio que vive;
Desenvolvimento de atitudes e hábitos com as normais sociais;
Expressão progressiva na comunicação oral escrita;
Capacidade da criança, graduado no seu desenvolvimento, de
realmente apreciar o hábito da leitura.
Capacidade de se expressar e se comunicar em diversos contextos,
por meio de múltiplas linguagens; e
Agir progressivamente respeitando sua identidade e autonomia, mo
meio social onde vive.
A escola realmente propicia às crianças o incentivo ao hábito de leitura, dentro
de cada sala de aula da escola existe o reading center (o centro de leitura), sempre que
as crianças acabam de realizar alguma atividade e não tem outra coisa para fazer, ou
terminam de lanchar e escovar os dentes, ao invés de esperarem todos os amiguinhos
sem fazer nada, esses são direcionados ao reading center e as crianças adoram esse
momento, tanto é que sempre perguntam se podem ir para lá.Ponto importante também
o que fala que a expressão na comunicação oral e escrita é progressiva, isso de fato
acontece tanto no Inglês quanto no Português, observou uma criança que no inicio do
ano apresentava dificuldade em formular frases na língua materna e que já no último
trimestre já consegue se expressar bem melhor na língua, outra criança que não falava
nada e nem entendia o que as professoras diziam, no primeiro trimestre na segunda
língua (Inglês), agora no presente momento, já no último semestre a mesma criança já
consegue entender e se comunicar na segunda língua, melhor que as outras crianças.
Ainda sobre a avaliação da Educação Infantil:
51
Não terá objetivo de promoção e será realizado mediante a observação
permanente do desenvolvimento do aluno; pelas atividades individuais de
pesquisa; pelos trabalhos de grupos e trabalho de campo e/ou experimentais;
elaboração de Portifólio e relatórios descritivos individuais. Os instrumentos
de avaliação são selecionados pelo professor conforme a natureza do
conteúdo e o tratamento metodológico adotado, devendo o professor utilizar
mais de um processo e/ou estratégia de avaliação.
Assim como o PPP traz, as professoras de fato utilizam-se de diferentes
estratégias para realizar a avaliação dos alunos. No Intermediate, por exemplo, são
elaborados portifólios, com todas as atividades realizadas pelas crianças no decorrer do
ano, o que facilita a observação do desenvolvimento da criança desde o inicio ao fim do
ano letivo, assim como também são realizados os “assesements” (sondagem) é um meio
de avaliação que o professor prepara em cada semestre, que serve mais para direcionar o
trabalho do professor em relação a criança, que nível de escrita e leitura que a criança se
encontra, quais são as suas maiores dificuldades. O boletim da escola na Educação
Infantil é dividido por áreas como habilidades sociais, conhecimento de sim mesmo (do
próprio indivíduo), jogos e coordenação motora, sendo ainda dividido entre Português e
Inglês.
3.2 Caracterização da turma:
A turma observada foi de Intermediate, que é o equivalente ao Jardim II, a
classe é composta de 22 crianças, onde dez são meninos e doze são meninas, que
iniciaram o ano com cinco anos de idade e agora a maioria já tem seis anos.
Todas as crianças são brasileiras e pais brasileiros, e apenas um dos
estudantes teve influência do Inglês dentro de casa, nota-se claramente a diferença entre
essa criança comparada às demais devido a sua facilidade na fluência na segunda língua,
o que nenhuma outra criança possui. Algumas crianças tem o perfil de serem bem
agitadas, uma delas apresenta autismo, mas nada foi realmente diagnosticado, duas
crianças, apresentam dificuldade na fala e algumas mostraram dificuldade no inicio do
ano com relação a segunda língua e também a língua materna (Português), mas agora no
segundo trimestre essas crianças melhoraram no quesito de desenvolvimento na língua
materna, pois na língua Inglesa, muitos ou o equivalente a 95% das crianças da turma
ainda apresentam dificuldade em construir um diálogo por completo na segunda língua.
52
3.3 Espaços:
O ambiente de sala de aula é semi-aberto, com todas as adaptações para as
crianças, onde os objetos de usos delas ficam ao próprio alcance. Existe um banheiro
dentro de sala de aula, com dois vasos sanitários e duas pias, totalmente adaptado para a
idade. As paredes recebem as atividades das crianças assim como o alfabeto, os
números, o calendário (que é realizado todos os dias). Embora questões de clima
atrapalhem bastante ficarmos dentro das salas de aula, uma vez que essas só possuem
janelas viradas para dentro da própria escola e possuem apenas um ventilador dentro de
cada sala de aula, dessa forma em dias muito quentes ou quando temos algumas
crianças doentes acaba se tornando uma situação complicada de ser revertida.
A escola também se utiliza de um playground, parquinho de plástico que é
para o uso das crianças no intervalo com duração de 30 minutos todos os dias. Do lado
externo do playground encontra-se outro parquinho de plástico exposto ao sol e com
areia azul.
A escola possui duas quadras que podem ser utilizadas para as aulas de
Educação Física, ou se quando desejado pelas professoras para realizarem uma
atividade diferenciada, além dessas quadras dentro da escola, existe um campo de
futebol localizado no lado externo da escola ao lado do estacionamento onde as crianças
mais velhas podem utilizar em dias de Educação Física, ou em dias de água onde todas
as crianças são levadas para brincar.
Possui uma enfermaria preparada para receber qualquer emergência, até o ano
de 2011 a escola tinha uma biblioteca com pufes coloridos, onde as professoras podiam
levar as crianças para a realização de um conto ou até mesmo uma leitura coletiva, na
biblioteca onde também era realizada as aulas de músicas, mas infelizmente devido ao
crescimento da escola acabamos perdendo esse espaço de leitura, essa antiga biblioteca
se transformou em uma sala de resource, é um espaço para que professores de reforço
auxiliem crianças com dificuldades de aprendizado, foi proposto no inicio do ano que
ganharíamos uma nova biblioteca, mas ainda não foi criado esse novo ambiente.
A escola possui cerca de quatorze salas de aulas, uma sala de vídeo onde
também são realizadas palestras e reuniões, existem duas salinhas de reuniões, a sala
dos professores e a coordenação.
Como um dos estacionamentos da escola é ao ar livre, algumas das aulas de
Educação Física, são realizadas nele, a professora então se organiza e pede para que os
53
pais enviem as bicicletas ou os patinetes e no dia da realização dessa aula diferenciada,
o estacionamento é fechado para segurança dos alunos.
3.4 Rotina do Intermediate Kindergarten:
O início da aula do Intermediate Kindergarten, é às 8 horas, mas o colégio abre
às 7 horas e as professoras assistentes fazem à recepção das crianças e as encaminham
para as salas ou para o playground, lá elas podem realizar várias atividades de artes,
colorir, desenhar, ler, brincar com blocos, brincar com jogos pedagógicos ou fazer
atividades de matemática. Cada série tem a sua hora de início, conforme dá o início da
aula às professoras se direcionam ao playground e chamam sua turma para se
encaminharem até a sala de aula. Às 8 horas as professoras dos Intermediates, chamam
as crianças e seguem então para a sala. A primeira aula é realizada toda em Inglês.
A primeira tarefa dos alunos é pegar suas pastas, agendas e garrafinha de
água, ao entrarem na sala já vão fazendo um circulo para começar o circle time, esse é o
momento em que a professora ensina os conteúdos, faz o calendário, relembra as regras
e as boas maneiras, pergunta sobre o tempo, canta algumas músicas, mostra algum
vídeo relacionado ao conteúdo ou até mesmo imagens, esse momento é realizado entre
às 8 horas até no máximo às 9:00 horas. Das 9:00 às 10:00 horas as crianças realizam as
atividades propostas que geralmente são divididas em quatro centros, podendo ser dois
centros assistidos, as crianças fazem em média duas atividades por dia levando cerca de
20 minutos para a realização de cada uma, toda vez que deve-se trocar de mesas as
crianças fazem o clean up (arrumam as mesas, para que as outras crianças possam
utilizá-las), nem todas as crianças conseguem finalizar todas as ativdades previstas para
aquele dia, sendo assim essas atividades ficam guardadas em local separado para que
possam torná-las a fazer na sexta-feira que é o Toy day (dia do brinquedo). Das 10:00 às
10:30 é o intervalo das crianças, que é realizado diariamente no playground, parquinho
com brinquedos de plástico, mas nem todos os dias conseguimos permanecer os 30
minutos que ficam reservados para o Intermediate, devido as atividades que as crianças
acabam demorando muito para fazer. Das 10:30 às 11:00 é a hora do lanche, após
terminar o lanche cada um deve fazer o clean up da sujeira do lanche, devem fazer a sua
higiene, como escovar os dentes, lavar as mãos. Das 11:00 às 11:40 a professora de
Português assume a turma, no início da aula de Português é bem parecido com o de
Inglês, a professora ensina as letrinhas, canta músicas e em seguida segue para os centro
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às 11:40 até 12:25, restando 5 minutos para organizarmos as crianças para a saída. Essa
rotina em geral pode mudar nos dias em que se é passado filme, as terças-feiras com as
aulas de Educação Física no horário de 8:20 às 09:20, as quintas-feiras com a aulas de
música no horário de 09:00 às 09:40 e sexta-feira é o Toy day (dia do brinquedo) e
também dia da Hora Cívica.
3.5 Tempo:
Início da aula de Inglês é às 8:00 horas, começamos com o "circle time"
(momento de aprendizagem), logo após as crianças são direcionadas para os centros de
atividades (sendo dois deles assistidos e os outros dois centros, as crianças fazem “by
themselves”- sozinhas), as crianças têm em média entre 15 a 20 minutos para finalizar
cada centro e em média são realizados dois centro por dia (nos dias que têm aula de
Educação Física ou Música, apenas um centro é realizado), a criança que consegue
realizar todos os centros propostos pode pegar um livrinho, um papel para fazer um free
drawing- desenho livro ou brincar no "drama center" (Espaço reservado para que as
crianças desenvolvam a imaginação, esse espaço possui roupas, objetos, brinquedos
para ajudar nessa criação) . Ao final da aula de inglês as crianças tem 30 minutos para
brincarem no playground, e mais 30 minutos para lancharem e fazer a higienização.
Na aula de Português, as crianças têm cerca de 40 minutos reservados para a
aprendizagem e logo em seguida também são direcionadas aos centros, cada um em
média de 20 minutos para realizar cada atividade, ao terminar todas as atividades as
crianças podem pegar um livro para ler. Não é a atividade que determina o tempo das
crianças, é o tempo que determina as atividades, dessa forma as crianças nem sempre
levam o tempo delas para finalizar as atividades propostas, dependendo da atividade
algumas crianças não conseguem finalizar as atividades propostas, podendo finalizá-la
em outro dia caso haja um tempo extra, normalmente na sexta-feira, pois é o dia do toy
day (dia do brinquedo).
Podemos perceber que as crianças não se sentem confortável quando não
conseguem finalizar as atividades, devido ao curto período de tempo reservado para
realização, elas sempre perguntam se podem terminar outro dia, mas no fundo o que
gostariam era de conseguir acabar com todas as atividades no mesmo dia, o tempo
acaba sendo extremamente corrido, até mesmo para as professoras, tudo tem que ser
realizado muito rápido, como passar o conteúdo dentro da hora, realização das
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atividades com as crianças e devido a esse tempo raramente conseguimos fazer uma
atividade diferenciada, quando temos algum tempo gostamos de trazer para os alunos o
cooking class (onde preparamos alguma receita com os alunos, como por exemplo uma
pizza, um hambúrguer, depende muito do conteúdo que está sendo ensinado, pois temos
relacionar as aulas diferenciadas com o conteúdo programático).
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3.6 Respostas ao Roteiro de Entrevistas
3.6.1 Professoras:
As pesquisas foram realizadas com cinco professoras Bilíngües, que já deram
ou dão aula para o Intemediate Kindergarten. A duração de cada entrevista foi em torno
de 15 a 20 minutos. Os nomes utilizados são todos fictícios para preservar a imagem das
professoras. A professora Amanda é graduada em Pedagogia, Márcia é graduada em
Letras com formação em Pedagogia e pós-graduada em Orientação Educacional, Talita
é graduada em Letras e tem Mestrado em Lingüística, Maria é graduada em Artes e
Rafaela é graduada em Pedagogia é pós-graduada em Psicopedagogia. Utilizarei
números para identificar cada professora nas tabelas seguintes. A representação ficou da
seguinte forma: Amanda 1, Márcia 2, Talita 3, Maria 4 e Rafaela 5.
1) Quantos anos você tem de experiência lecionando idiomas?
1. Dez anos
2. Oito anos
3. Idioma estrangeiro, dois anos e Português, cinco anos.
4. Há mais de doze anos.
5. Cinco anos.
2) Você já morou no exterior? Quanto tempo? Você considera essa experiência
significativa para a sua atuação como professora?
1. Morar não, mas fiquei duas semanas na Flórida, EUA e uma em Londres, Inglaterra.
De fato a experiência é significativa, pois é como aprendemos os "idioms", expressões
idiomáticas que só os nativos da língua podem nos ensinar.
2. Sim, nos Estados Unidos por seis meses. Sim, enriqueceu meu currículo, além de
possibilitar o aprimoramento da língua.
3. Nunca morei fora do Brasil.
4. Morei no exterior durante 5 anos e considero a experiência significativa pelo fato de
ter sido alfabetizada na segunda língua e ter aprendido definitivamente o idioma nativo.
5. Nunca morei no exterior, porém meu segundo emprego foi em uma escola
internacional com famílias de aproximadamente 30 nacionalidades diferentes, e isso
foi de extrema importância para minha atuação, uma vez que me mostrou a grande
diversidade mundial, e isso nos possibilita trabalhar e aperfeiçoar nossa paciência e
compreensão com o “diferente”.
3) Ocorre interdisciplinaridade em sua prática docente? Como ela é realizada
pelos professores?
1. Mesmo sendo Educação infantil, eu faço interdisciplinaridade. Ao estudarmos
florestas, ou aranhas, por exemplo, é possível envolver conceitos matemáticos e de
linguagem em uma parte que é da ciência.
2. Sim, tenho a possibilidade de ministrar diferentes componentes curriculares, tais
57
como matemática, ciências, artes e linguagem usando a língua inglesa.
3. A interdisciplinaridade é constante. Um conteúdo sempre leva a outro. Quando
damos aulas de português, o tema do texto estudado já é um link para retomada de
outros conteúdos. O mesmo acontece com textos em outros idiomas.
4. No método trabalhado na escola, há interdisciplinaridade por eu abordar as
disciplinas de ciência e matemática na segunda língua.
5. Sim. Na minha prática quando estou falando sobre um assunto, sempre o uso de uma
forma que possa trabalhar diversas áreas do conhecimento com os alunos.
4) Como você faz a seleção didática das atividades e materiais? A escola possui
materiais próprios, que devem ser seguidos? Há alguma flexibilidade na adoção
de outros materiais ou não?
1. A escola possui um programa a ser seguido. Mas às vezes é fraco, então, tento
mesclar o programa com atividades que exijam um pouco mais dos meus alunos,
adequando-as a cada um.
2. Como a escola é uma franquia Canadense, há um programa que deve ser seguido, no
entanto posso acrescentar materiais para contribuir com o desenvolvimento do
aprendizado.
3. A escola possui um currículo/ programa próprio que deve ser seguido. Nele constam
os materiais que deverão ser utilizados nas atividades. Não há muita margem para que
as atividades sejam adaptadas.
4. Todo o material é oferecido pela própria instituição. Eu apenas me aproprio e
adiciono em poucas circunstâncias, como é o caso da linguagem artística, pouco
trabalhada.
5. A escola em que trabalho possui currículo e material próprio. Há, porém, certa
flexibilidade em relação à adoção de outros materiais, desde que não seja um uso
excessivo. Atualmente uma ótima forma de seleção de materiais é a Internet.
5) Como você avalia o material didático que utiliza?
1. Fraco e muito desassociado da nossa realidade. Como é uma escola bilíngüe, cabe ao
professor fazer as pontes necessárias.
2. O programa é muito bom e a metodologia é o diferencial.
3. O programa da escola é muito bom, pensado para a faixa etária das crianças e seus
interesses próprios.
4. Acho extremamente eficiente e coeso. Tenho todos os livros didáticos dos quais
necessito e também todo o material escolar requisitado para realizar as atividades.
5. Eu considero o material didático oferecido pelas escolas razoável, ele atende a parte
mediana dos alunos, porém não atende nem os alunos que estão além nem os que estão
aquém da “média”. Não há grandes desafios nos materiais. Sempre que preciso
“desafiar” meus alunos tenho que criar um material novo ou procurar em outras fontes.
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6) Quais são as habilidades mais requeridas dos alunos (o que se espera que os
alunos aprendam)? Ex: Atividades motoras, atividades bilíngües (escrita, fala e
leitura).
1. Ao final deste seguimento, é esperado que a criança reconheça as letras do alfabeto e
seus sons, com um contínuo desenvolvimento de suas habilidades motoras,
principalmente para escrever seu próprio nome e algarismos, e noções simples de
matemática. Assim como também a absorção do vocabulário qual ela está imersa e
pequeno retorno da língua inglesa.
2. São trabalhadas todas as habilidades. O foco pode variar de acordo com o nível e com
a necessidade da criança.
3. Vemos os alunos numa perspectiva global. Eles precisam desenvolver todas essas
habilidades: motoras, orais, de escrita, leitura...
4. Na série em que trabalho é esperado até o final ocorra a alfabetização dos alunos.
5. A leitura e a escrita estão em primeiro lugar, e logo em seguida a matemática. Em
escolas bilíngües, a oralidade na segunda língua é muito cobrada também. Pais,
professores, escolas se esquecem muito do aprendizado de ciências, filosofia, estudos
sociais, política, etc.
7) Quais as principais dificuldades que os alunos encontram para se adaptar a
estrutura metodológica curricular adotada?
1. A linguagem, principalmente. Leva certo tempo para a criança adquirir vocabulário
significativo, o que pode prejudicar o processo. Mais ainda se ela for resistente. Uma
vez que ela percebe que compreende a professora, e o canal de comunicação se
estabelece, temos uma criança até mesmo disposta a tentar algum feedback. A estrutura
metodológica uma vez entendida, adaptada, não oferece dificuldades significativas.
2. Penso que a maior dificuldade no início é a oralidade, seguida da leitura e escrita.
3. A maior dificuldade que temos é com a língua inglesa. Como muitos alunos vêm para
nossa escola sem ser fluentes nessa segunda língua, essa, sem dúvida, torna-se o maior
desafio para eles.
4. A maior dificuldade é com os alunos que ainda estão adquirindo a língua e não
apresenta compreensão o suficiente para acompanhar a demanda de informações
solicitadas.
5. As crianças têm uma certa dificuldade e resistência em relação ao aprendizado da
segunda língua. Além disso, acabam encontrando uma barreira no aprendizado da
matemática e de ciências em uma segunda língua, especialmente na hora de transportar
os conhecimentos construídos em sala para um papel (alguma atividade).
8) Quais são as estratégias que você utiliza para facilitar o processo ensino-
aprendizado das crianças?
1. A maior delas é contextualizar o conteúdo. Fazer o aluno um agente do processo.
Participativo, questionador, de algo que seja significativo para ele. E respeitar sua
individualidade.
2. Uso diferentes recursos metodológicos, como multimídia (fotos, vídeos,
apresentações de power point, etc.) músicas, cartazes, apostilas, atividades do programa,
teatro, livros, dinâmicas, atividades lúdicas, jogos, etc.
3. É preciso entender o ritmo de cada criança, quais são suas afinidades e onde ela se
sente mais confortável. Por exemplo: uma criança que gosta muito de cozinhar e de
participar desse processo em casa poderá ter mais facilidade de leitura com receitas.
Crianças mais dinâmicas poderão ser introduzidas aos conteúdos de matemática (como
59
problemas simples) com o uso de manipulativos e jogos dinâmicos. É preciso perceber
as necessidades da turma (cada turma é uma turma) e direcionar os trabalhos para
atendê-los.
4. Temos na escola aulas de ESL (English as a Second Language) que dá todo o reforço
para fazer com que estes alunos com dificuldade possam gradativamente ir adquirindo a
língua, melhorando a compreensão e comunicação até o nível em que estejam aptos a
ficarem somente em sala de aula.
5. A criança é naturalmente cinestésico-corporal. Portanto, quanto mais utilizamos o
corpo delas para o aprendizado, mais elas aprendem e se concentram no que estão
fazendo.
3.6.2 Mães
1) Por que a escolha por uma escola bilíngüe?
1. Optamos pela escola bilíngüe porque eu e meu marido gostaríamos que nosso filho
estudasse o Ensino Médio (High School) no exterior para que ele tenha um contato com
outra cultura que o tornará adaptável, ágil, flexível para enfrentar o mundo com mais
confiança e segurança. A escola bilíngüe oferece imersão e fluência no idioma inglês e
também oferece o currículo brasileiro que o preparará para as universidades brasileiras.
2. O mercado de trabalho hoje pede pelo menos uma segunda língua fluente, que nem
sempre é fácil achar. Acredito que se meu filho estudar desde cedo em uma escola
bilíngüe ele poderá ter uma fluência perfeita na língua para usar em seus estudos e
trabalhos, dentro ou fora do país.
3. A Língua Inglesa faz parte do mundo, não apenas de alguns países. Quero que meu
filho tenha oportunidade de ter contato com essa língua de forma natural.
4. Não foi bem uma escolha e sim uma oportunidade. Trabalho numa escola bilíngüe e
tenho a bolsa para meu filho.
2) Quais são as suas expectativas?
1. Que meu filho seja inserido em um ambiente bicultural e bilíngüe (inglês) sem perder
as referências do currículo brasileiro.
2. Eu espero que meu filho aprenda a falar o inglês corretamente, que saiba se
comunicar de uma forma simples, como a língua portuguesa, e que não precise parar pra
pensar o que responder e o que falar. Espero que ele aprenda a língua inglesa para
utilizá-la de forma natural.
3. Que ele se familiarize com o inglês da mesma forma que com o português.
4. Que ele aprenda e fale Inglês fluentemente. E é claro a Língua portuguesa também.
3) Você acredita que a formação (capacitação) dos professores (os mesmos devem
ser formados na área de atuação, além de ter uma boa fluência na segunda língua
em questão) influencia no desenvolvimento do (a) seu (sua) filho (a)?
1. Com certeza. Penso que o professor bilíngüe tem que ter a formação em Pedagogia e
possuir um certificado internacional que comprove sua fluência no idioma inglês. Além
da capacitação direcionada, o professor tem que ter o perfil adequado: precisa gostar de
60
dar aulas e saber ensinar de forma contextualizada, ou seja, aulas mais dinâmicas e com
o suporte da interdisciplinaridade para que a aprendizagem seja efetiva.
2. Acredito. Se a professora não souber falar um inglês fluente, como vai ensinar ao
meu filho? As professoras precisam saber falar, argumentar e se expressar na língua
inglesa, para passar todas essas características para os alunos. Caso ela não tenha essa
desenvoltura, meu filho pode aprender a sua forma de falar, seus detalhes, sotaques e se
não for um bom inglês, pode acabar aprendendo errado.
3. Sem dúvida! É uma escola bilíngüe e não deixa de ser escola. O professor precisa ter
formação adequada assim como fluência na língua que a escola se propõe a lecionar.
4. A formação é indispensável e fundamental para sua atuação como educador. Não
basta somente ter fluência em Inglês.
4) Você está satisfeita com o ensino-aprendizagem do (a) seu (sua) filho (a)? O que
acredita que pode ser melhorado?
1. Estou muito feliz com o desenvolvimento do meu filho Guilherme que entrou na
escola no “Intermediate” (Pré-escola II) e agora está cursando o “Year 3” (3o ano).
Percebo que o aprendizado tem sido natural, estimulando a flexibilidade, a linguagem e
a capacidade de pensar. Gostaria que houvesse mais oficinas de ciências com
experiências, gincana de matemática, oficinas de redação e mais incentivo ao esporte
como a criação de um Centro Esportivo, o que torna o aprendizado mais dinâmico e
divertido.
2. Estou satisfeita sim, acredito que meu filho vem progredindo com o passar dos anos
na escola, está mais empolgado com a língua, querendo usar cada vez mais. E acredito
que para melhorar seu desempenho, as professoras poderiam cobrar mais uso da língua
inglesa, talvez incentivar com atividades e prêmios para o aluno que mais falar inglês,
pois assim acredito que terá um desenvolvimento maior na linguagem.
3. Durante o ensino infantil sim. A partir do ensino fundamental o programa escolar está
abaixo comparado com outras escolas de Brasília, tais como Marista e Galoís. A
imersão na língua inglesa está ótima, mas o currículo escolar deixa a desejar.
4. Ele entrou este ano no Intermediate e sinto que ele ainda tem uma grande resistência
do Inglês.
61
3.7 Análise discursiva dos resultados
À luz do referencial teórico, considera-se que a escola pesquisada proporciona
uma educação bilíngüe, na qual duas línguas, o Inglês e o Português são utilizadas nas
instruções das aulas e em outros ambientes da escola. O Português, por ser a Língua
Materna de todos os alunos da sala de aula analisada e da grande maioria da escola
observada, acaba tendo o seu valor e também o seu prestígio dentro e fora da escola e
por conta disso permanece facilmente no vocabulário dos alunos. Já a segunda língua, o
Inglês, é adquirido de uma maneira natural, através das interações entre os alunos, tendo
como foco principal a interação com os professores que se utilizam dessa língua
constantemente dentro e fora de sala de aula. Embora acredite-se que a segunda língua
poderia ser bem mais utilizada fora de sala de aula, uma vez que o foco da escola é o
Inglês. Lembrando que todos os funcionários da escola, exceto a equipe da limpeza e os
professores de Português, possuem fluência na Língua Inglesa, dessa forma pode-se
proporcionar uma ambiente de imersão nessa língua, facilitando o processo de
aquisição.
A escola adota que a aquisição do inglês ocorra de forma natural, através de
interações entre as crianças, dos diálogos construídos no ambiente escolar que faz essa
imersão da segunda língua, tendo como foco a instrução na língua inglesa para que
ocorra a aquisição da mesma, de maneira geral, principalmente na teoria nem sempre na
prática, a utilização do Inglês é feito em todos os momentos tanto os de realização de
tarefas quanto em caráter lúdicos, como por exemplo, na hora do playground. Como a
escola enfatiza primeiramente a compreensão da segunda língua, não existem muitos
momentos em que as professoras fazem a correção do que os alunos dizem de errado no
Inglês para que não se sintam pressionados e inseguros para se comunicar na segunda
língua, embora quase todos os alunos ainda se comuniquem mais na língua materna,
mas todas, desde o momento de observação, já tentaram se comunicar diversas vezes
através da segunda língua seja por frases que elas mesmas tentam formular ou frases já
feitas, uma fez que a professora regente de Inglês, passou a informação para as crianças
que ela não compreende o Português, sendo assim quando as crianças apresentam uma
dificuldade muito grande para se comunicar, sempre se direcionam à professora
assistente para fazer uma intervenção.
De acordo com o PCN (BRASIL, pág. 29) o desempenho dos alunos reflete
diretamente na formação dos professores e como se pode observar nos resultados, de
62
cinco professoras entrevistadas, apenas duas são licenciadas em Pedagogia, duas em
Letras e uma formada em Artes, além de outra profissão como, por exemplo,
fisioterapia, sabendo das formações das professoras, concluímos que não é levado tanto
em consideração na escola observada, a formação das professoras que ministram as
aulas, podendo qualquer pessoa de qualquer área fazer a inserção da segunda língua,
uma vez que o que importa é ter a fluência no Inglês, mas o que me questiono é o que
vem a ser do processo ensino aprendizado dessas crianças, como por exemplo, o ensino
de Ciências, Geografia, Matemática e outras disciplinas além de questões como
desenvolvimento de coordenação motora fina e grossa, e outras questões que seriam
passadas por profissionais da área de Pedagogia. Com esses dados acredito que a escola,
deixa a desejar na questão de ensino de conteúdo, isso também já foi notado por pais ao
responderem ao questionário realizado pela própria instituição.
Com algumas observações pode-se perceber que às vezes nem com a
graduação em Pedagogia, os professores estão saindo preparados para lidar com as
crianças, mesmo após aprender diversas teorias no centro de ensino, entre algumas
conversas na escola, Carla, uma professora graduanda em Letras, me disse que estava
apresentando muita dificuldade em relação às crianças, no sentido de ensinar, interagir,
pois além de não ter se quer alguma experiência anterior, também não teve nenhuma
teoria durante a sua formação. Uma das queixas de uma professora assistente da escola
é de que ela além de ser formada em Pedagogia, também já tem o Mestrado e ganha
menos que a Regente que possui apenas a licenciatura e ganha o mesmo que as
professoras assistentes, apenas formadas em Letras ou Pedagogia, ou que ainda estão
para se formar. É completamente compreensivo a sua revolta, pois ela ao invés que estar
assumindo uma regência, ainda está assistindo uma professora que no momento de
apresentação aos pais não a deixou se apresentar para os mesmos, pois ao falar que já
possuía o Mestrado ia rebaixá-la.
Consideramos que a valorização por parte das instituições não devem se
apenas direcionadas para formação continuada e sim na valorização do curso de
Pedagogia, pois da forma que a escola vem agindo infelizmente acaba banalizando o
nosso curso, pois várias professoras já formadas ou ainda em formação como eu, já
estão completamente desmotivadas com a carreira, uma vez que não conseguimos
visualizar um futuro dentro do nosso próprio espaço de ensino.
63
Um questionário que a escola analisada, aplicou com os pais, recebeu algumas
críticas diretamente ligadas à qualificação das professoras, alguns comentários feitos
foram os seguintes:
“... Ainda sinto falta de preparo docente”.
“A escola está deixando a desejar na qualificação de professores e também
de conteúdos...”.
“... o corpo docente precisa ser melhor selecionado.”
“Percebemos que as professoras são esforçadas, mas não são capacitadas o
suficiente, às vezes nem possuem experiência...”
Esses são apenas alguns dos comentários que os próprios pais fizeram em
relação ao corpo docente da instituição de ensino observada, das respostas dadas pode-
se perceber que até os pais já estão reclamando da falta de preparo do corpo docente. A
escola tenta melhorar a capacitação dos professores com cursos e palestras, realizadas
com pessoas quem vem do país de origem da escola para que possam repassar alguns
ensinamentos da Filosofia e metodologia da mesma. Esses cursos têm o período de
curta duração, com no máximo cinco dias, também não são oferecidos a todo o corpo
docente e sim apenas para algumas professoras selecionadas, acredita-se que por ser
uma carga horária muito pequena, não seja suficiente para melhorar a capacitação das
professoras, deveriam sim tentar melhorar a capacitação das professoras investindo na
educação continuada delas, mas de forma que todas pudessem participar e de forma
eficaz, com cursos profissionalizantes.
De que adianta serem oferecidos um contínuo programa de capacitação
profissional com objetivo de garantir a compreensão do programa em si e da
aprendizagem de novas estratégias de ensino, se não é ofertado à todas as professoras?
Afinal acredita-se que o grande objetivo é a busca do ensino de qualidade.
Esse tipo de situação é que não é cabível e muito menos aceitável, o
direcionamento para pessoas formadas em outras Licenciaturas é para o Ensino
Fundamental e não para a Educação Infantil, da mesma forma que as Pedagogas não são
habilitadas para lecionar em Ensino Médio, por exemplo, se não houver alguma
especialização, tanto é que se fosse correto, não haveria a necessidade da escola
analisada, fazer com que as professoras pedagogas assumam as turmas das professoras
com outras licenciaturas.
Das cinco professoras que responderam à pesquisa, três nunca moraram no
exterior, mas Amanda, que fez uma viagem de aproximadamente duas semanas,
64
considera um fator importante para melhorar a comunicação e passar um tempo fora
com os nativos da língua é fundamental até mesmo para aprender algumas expressões
idiomáticas que, segundo ela, apenas os nativos podem nos ensinar. Rafaela também é
outra professora que nunca morou fora, apenas trabalhou em uma escola internacional
com famílias de diversas nacionalidades e considera essa experiência de grande
importância para a sua atuação hoje em dia; até mesmo para ter mais paciência e
compreender o “diferente”, como ela refere-se aos outros. Márcia morou nos Estados
Unidos cerca de seis meses, a professora considera que esse período de sua vida
enriqueceu o seu currículo, além de possibilitar o aprimoramento da língua e Maria
morou fora por cinco anos, considera a sua experiência significativa pelo fato de ter sido
alfabetizada na segunda língua e ter aprendido definitivamente o idioma nativo. Talita
nunca morou no exterior e nem deu a sua opinião se considera que seria uma questão
válida ou não para a sua fluência.
Pelas respostas apresentas das cinco professoras, nota-se que todas entendem
interdisciplinaridade da mesma maneira ao serem perguntadas se ocorre
interdisciplinaridade em sua prática docente e como a mesma é realiza, Amanda
acredita fazer interdisciplinaridade, ela deu o exemplo de que quando ensina aranhas e
florestas consegue envolver conceitos matemáticos e de linguagem, Márcia também
acredita que faz interdisciplinaridade quando ministra diferentes componentes
curriculares como Ciências, Artes, Matemática, sendo ministradas tudo na língua
Inglesa. Talita tem em mente que a interdisciplinaridade é um fator constante, o qual um
conteúdo sempre acaba levando à outro. Maria tem em mente que tem a possibilidade
de fazer interdisciplinaridade apenas por abordar algumas disciplinas através da segunda
língua e já Rafaela diz que quando fala sobre um assunto sempre usa de uma forma que
possa trabalhar em diversas áreas do conhecimento dos alunos.
As professoras têm em mente que a interdisciplinaridade é poder ministrar
diversos conteúdos, fazendo um link entre eles e de certa forma elas não deixam de
estarem certas, afinal não existe um consenso formado entre os especialistas do que
seria a interdisciplinaridade. Embora Oliveira (2005) levante a questão de que os
professores acabam utilizando-se de termos semelhantes para designar uma mesma
aspiração, exemplos disso são os conceitos como ensino integrado, Educação
Ambiental, Trabalho de Projeto, que acaba não aparentando uma distinção clara da
educação interdisciplinar. O que seria interessante de fato é poder ter várias professoras
de diversas disciplinas fazendo uma interdisciplinaridade entre si, ou seja, trabalhando
65
conteúdos diversificados, mas sempre tendo uma ligação entre elas. Segundo Hilton
Japiassú (1976 apud FAZENDA 2002), a interdisciplinaridade caracteriza-se pela
intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das
disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisas.
Fazenda (2002, p. 27) afirma que interdisciplina é a interação entre duas ou
mais disciplinas e que um grupo interdisciplinar compõe-se de pessoas que receberam
sua formação em diferentes domínios do conhecimento, com seus métodos, conceitos,
termos próprios e seus métodos. Tomando Fazendo como referência, podemos concluir
que a escola observada realiza uma pedagogia interdisciplinar, uma vez que a autora
considera que interdisciplinaridade é caracterizada pela intensidade das trocas de
conhecimento entre os especialistas, o que ocorre na escola, uma vez que as professoras
do mesmo nível (da mesma série) trocam idéias entre si, quinzenalmente, através da
chamada coordenação, onde preparam as atividades que serão realizadas durantes as
semanas e os conteúdos a serem ministrados. Nessa coordenação elas divulgam seus
pensamentos de como tal conteúdo será melhor ensinado, como podem trabalhar a
matemática e a linguagem ao mesmo tempo por exemplo, em relação a algum conteúdo
específico.
Segundo as respostas das professoras em relação às perguntas: Como você faz
a seleção didática das atividades e materiais? A escola possui materiais próprios, que
devem ser seguidos? Há alguma flexibilidade na adoção de outros materiais ou não? A
maioria respondeu basicamente a mesma coisa. A escola possui um programa que deve
ser seguido e nele consta os materiais que devem ser utilizados nas atividades, mas a
professora Amanda acredita que o programa é fraco e por isso tenta mesclar o programa
com atividades que exijam mais das crianças, mas sempre fazendo a adequação
necessária. As professoras acreditam que existe uma flexibilidade em acrescentar
materiais a serem utilizados nas atividades. Talita acredita que não exista uma margem
para que as atividades sejam adaptadas, no ponto de vista de pesquisadora percebi que a
escola permite sim que as professoras se baseiem em outros recursos para tornar o
aprendizado com mais eficácia, afinal deve-se ter em mente, por exemplo, que o livro
didático é apenas um recurso para o professor e não apenas o único material que deva
ser utilizado, mesmo porque a maioria deles são superficiais e não trazem tudo que
devemos ensinar, os professores devem correr atrás de novas informações pois se
formos esperar que tudo que seja realizado e ensinado para as crianças já esteja
66
“pronto”, não estaremos fazendo diferença no ensino, um dos maiores objetivos que um
professor deve levar consigo.
Segundo Freire (1979 apud BULGRAEN 2009, p. 02), a ação docente é a base
de uma boa formação escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante.
Entretanto, para que isso seja possível, o docente precisa assumir seu verdadeiro
compromisso e encarar o caminho do aprender a ensinar. Evidentemente, ensinar é uma
responsabilidade que precisa ser trabalhada e desenvolvida. Um educador precisa
sempre, a cada dia, renovar sua forma pedagógica para, da melhor maneira, atender a
seus alunos, pois é por meio do comprometimento e da “paixão” pela profissão e pela
educação que o educador pode, verdadeiramente, assumir o seu papel e se interessar em
realmente aprender a ensinar.
O ensino de acordo com Libâneo (1994 apud BULGRAEN 2009, p. 05), tem
como função principal garantir o processo de transmissão e assimilação dos conteúdos
do saber escolar e, através desse processo, o desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas dos alunos, de maneira que, o professor planeje, dirija e comande o
processo de ensino, tendo em vista estimular e suscitar a atividade própria dos alunos
para a aprendizagem. Dadas as observações, percebemos as professoras da escola
observada planejam o processo de ensino, sempre tentando estimular seus alunos para
que esses sintam interesse pelos conteúdos e as mesmas não medem esforços quando o
assunto é estimular as crianças, as professoras estão sempre buscando inovar seus jeitos
de ensinar, trazer coisas novas e criativas para dentro de sala de aula, o que acaba
enriquecendo muito o processo de ensino-aprendizagem.
Quando se passa a falar sobre o material didático que as professoras utilizam,
existe uma divergência nas respostas. Acerca do material didático Amanda acredita que
é: “fraco e muito desassociado da nossa realidade. Como é uma escola bilíngüe, cabe ao
professor fazer as pontes necessárias”. Considera-se interessante uma professora pensar,
que o material oferecido não é o suficiente dessa forma ela tem o deve de buscar novas
informações, já Márcia e Talita afirmam que o programa da escola é muito bom e
pensado para a faixa etária das crianças e até mesmo de seus interesses.
Rafaela considera que: “o material didático oferecido pela escola é razoável,
ele atende a parte mediana dos alunos, porém não atende nem os alunos que estão além
nem os que estão aquém da média. Não há grandes desafios nos materiais. Sempre que
preciso desafiar meus alunos tenho que criar um material novo ou procura em outras
fontes”.
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Observando as respostas dadas percebeu-se que as professoras que consideram
o material didático oferecido pela escola, bom, se contentam com o mesmo e acabam
trabalhando apenas com ele, já as professoras que não acreditam ser um programa muito
adequado, estão sempre em busca de novas informações complementares para a suas
práticas pedagógicas. Nesse assunto nota-se uma questão de desqualificação da escola
observada quando deparamos com professoras que dizem que seu programa adotado
não é tão bom, como diz Rafaela: “o material didático oferecido pela escola é razoável,
ele atende a parte mediana dos alunos, porém não atende nem os alunos que estão além
nem os que estão aquém da média. Não há grandes desafios nos materiais. Sempre que
preciso desafiar meus alunos tenho que criar um material novo ou procura em outras
fontes”, e Amanda acredita que é: “fraco e muito desassociado da nossa realidade.
Como é uma escola bilíngüe, cabe ao professor fazer as pontes necessárias”. Dessa
forma percebe-se que o programa adotado deveria passar por uma nova análise e talvez
fosse necessário acrescentar atividades que exigissem um pouco mais da capacidade das
crianças, assim como trazer também atividades diferenciadas para aqueles que
apresentam dificuldade em aprender. De qualquer forma não é uma questão apenas de
currículo, e sim de empenho das professoras, fica claro que existe professoras que se
empenham no seu trabalho e se dedicam para que o processo de ensino aprendizagem
seja mais eficaz.
Quando se passa a falar sobre as habilidades que são requeridas dos alunos, as
professoras apresentaram algumas respostas variadas, como podemos constatar.
Amanda diz que: “Ao final deste seguimento, é esperado que a criança reconheça as
letras do alfabeto e seus sons, com um contínuo desenvolvimento de suas habilidades
motoras, principalmente para escrever seu próprio nome e algarismos, e noções simples
de matemática. Assim como também a absorção do vocabulário qual ela está imersa e
pequeno retorno da língua inglesa.”. Márcia diz que: “São trabalhadas todas as
habilidades. O foco pode variar de acordo com o nível e com a necessidade da criança.”,
Talita por outro lado acredita que: “Vemos os alunos numa perspectiva global. Eles
precisam desenvolver todas essas habilidades: motoras, orais, de escrita, leitura...”, no
entanto Maria responde que: “Na série em que trabalho é esperado que até o final ocorra
a alfabetização dos alunos.”, e para finalizar Rafaela diz o que pensa sobre o tema: “A
leitura e a escrita estão em primeiro lugar, e logo em seguida a matemática. Em escolas
bilíngües, a oralidade na segunda língua é muito cobrada também. Pais, professores,
68
escolas se esquecem muito do aprendizado de ciências, filosofia, estudos sociais,
política, etc.”.
Observamos que a faixa etária do Intermediate Kindergarten, as crianças
devem ao final do ciclo sair reconhecendo todas as letras do alfabeto, e também a sua
sonoridade (fazer a associação de grafemas e fonemas), e não como afirma Maria, que
ao final haja a alfabetização dos alunos, mesmo porque a alfabetização plena se dará nos
anos seguintes da Educação Fundamental. A criança, deve também reconhecer os
números até 20 e saber contar até 20, isso se espera que a criança saiba tanto no inglês
quanto no português, além de saber escrever seu próprio nome com a letra maiúscula no
início e o restante em minúscula. Observei que antes do final do ano letivo algumas
crianças já até superaram essa expectativa, algumas já estão conseguindo até ler
algumas palavras sozinhas como: Sol, bola, sapo, lua, gato, rato, sapato, vaca, lata,
mala, lado, maleta, ou seja, palavras de duas ou três sílabas, algumas já sabem contar até
o 100, mesmo que sem saber escrever todos os números. Dessa maneira, concluímos
que apesar de algumas professoras acharem o programa de certa forma fraco, ele no fim
acaba funcionando, mas ainda não é o suficiente para atender a demanda das
particularidades dos alunos, claro que não podemos deixar de valorizar a importância da
mediação das professoras e de seus empenhos nesse processo de ensino-aprendizagem,
o programa a meu ver deixa a deixar em relação às crianças que tem dificuldade em
aprender, ao mesmo tempo, que deparamos com as crianças que já atingiram as
expectativas, também podemos verificar alunos que ainda nem reconhecem todas as
letras do alfabeto, ainda não sabem contar nem até o 20.
Se por um lado o programa funciona para as crianças que não apresentam
dificuldades na aprendizagem, ele já é escasso para os alunos com dificuldades, sendo
assim, fica a cargo apenas das professoras de tentarem de alguma maneira auxiliar essas
crianças para que consigam atingir pelo menos o mínimo esperado, outro ponto
relevante sobre o programa é que ele realmente não exige muito da capacidade das
crianças, nesse ano, encontra-se uma criança com o nível um pouco acima das outras da
mesma classe em relação ao seu desenvolvimento na aprendizagem, e em relação a esse
aluno, o programa já se tornava fraco, pois não consegue exigir mais, e por conta disso,
percebi que diversas vezes a criança se sentia desmotivada na hora de realizar as
atividades propostas pois ela considerava fácil.
Por tanto, concluímos que o programa funciona apenas para as crianças sem
dificuldades de aprendizagem, mas não consegue incluir as crianças que apresentam
69
certas dificuldades e nem aquelas que têm uma grande facilidade em aprender, sendo
assim, acredito que o programa deva sim, ser melhorado, para que consiga integrar
crianças com diferentes níveis de aprendizagem.
Procuramos saber se essas habilidades lingüísticas estão de acordo com a
LDB, a lei 9.394/96, trás nos arts. 29, 30 e 31 o reconhecimento da primeira etapa da
educação básica, a educação infantil, mostrando os objetivos desta modalidade de
ensino, e também a preocupação com o desenvolvimento das crianças que estão na faixa
etária de 0 a 6 anos que integram essa etapa educacional. Nesta lei não encontramos
informações sobre o ensino da língua estrangeira, pois ela não faz parte da organização
do referencial curricular nacional, mas por conta da realidade em que vivemos, o ensino
de uma língua estrangeira como o Inglês se tornou fundamental uma vez que está
presente em nosso dia-a-dia. Pelos resultados da aprendizagem das crianças no decorrer
do ano letivo, notei que quase todos os alunos da turma observada atingiram as
habilidades esperadas para a faixa etária e algumas dessas crianças já conseguiram até
superar as expectativas, e em relação a esses resultados dos alunos, a coordenação pode
ficar satisfeita com o desempenho de suas professoras, o único fator que a diretora da
escola reclamou foi sobre a grafia das crianças, que para ela, ainda não estão boas, com
isso as professoras podem trabalhar mais com a escrita das crianças.
Baseando nas respostas das professoras, Talita e Rafaela responderam que a
leitura e a escrita estão em primeiro lugar assim como afirma o PPP da escola sobre uma
das principais prioridades do programa:
Uma das prioridades do programa é fazer os educandos não simplesmente
aprenderem a ler, mas também amarem a leitura. A leitura é uma atividade
que abre as portas para todas as áreas do conhecimento e ajuda o educando a
construir mais conhecimentos e autoconfiança.
Outra habilidade requerida é a Matemática, assim como respondem Amanda
quando afirma que é esperado que as crianças aprendam noções básicas de Matemática
e Rafaela que acredita que “em segundo lugar vem a Matemática”. O PPP da escola diz
que além da leitura, espera-se a escrita e o cálculo, mas todas essas habilidades
propostas pelo PPP da escola são esperadas de forma geral, mas os objetivos da
Educação Infantil deixa vago o que seria esperado do desenvolvimento das habilidades
das crianças nessa etapa, como se pode observar, na Educação Infantil os objetivos são:
a) Reconhecer as crianças como seres íntegros que aprendem a ser e
conviver consigo mesmas, com os demais e com o meio ambiente de
maneira articulada e gradual;
b) Buscar interação entre as diversas áreas do conhecimento e aspectos da
vida cidadã como conteúdos para a construção de conhecimentos e valores;
70
c) Associar os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação e
expressão à natureza e às pessoas, em articulação com os cuidados e a
educação para a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio
ambiente, a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a
tecnologia; (citação, data)
Com isso nota-se que o PPP da escola não aborda quais são realmente as
habilidades requeridas nessa etapa do desenvolvimento da criança. Percebe-se que lá se
trabalha muito com o social e a interação da criança aborda-se apenas o geral que é
esperado que são a leitura, escrita e o cálculo, numa perspectiva de educação bilíngüe.
De acordo com as observações percebeu-se que nessa fase as crianças começam a
identificar e conhecer algumas letras e também fonemas, conseguindo fazer então a sua
representação gráfica, sendo esse o início da alfabetização, preparando dessa forma os
alunos para a formalização da escrita que irá ocorrer no Year 1 (primeiro ano do Ensino
Fundamental).
Percebo que os objetivos gerais esperados pela escola, conseguem ser
cumpridos, mas acredito que a escola poderia aprofundar um pouco mais a teoria de
Vygotsky que acredita na aprendizagem através da interação dialética entre o sujeito e o
meio, tendo o professor o papel de mediador do conhecimento e até mesmo da cultura
em que a criança está inserida. Sobre isso, Neves e Damiani (2006, p. 06), citando,
Vygotsky (1982) dizem, que a sua teoria afirma que o meio social é determinante no
desenvolvimento humano e que isso acontece fundamentalmente pela aprendizagem da
linguagem, que ocorre por imitação. Sobre a abordagem Vygotskyana, Neves e Damiani
(2006, p. 07) dizem que:
o homem é visto como alguém que transforma e é transformado nas relações
que acontecem em uma determinada cultura. O que ocorre não é uma
somatória entre fatores inatos e adquiridos e sim uma interação dialética que
se dá, desde o nascimento, entre o ser humano e o meio social e cultural em
que se insere. Assim, é possível constatar que o ponto de vista de Vygotsky
é que o desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência
de fatores isolados que amadurecem, nem tampouco de fatores ambientais
que agem sobre o organismo controlando seu comportamento, mas sim
como produto de trocas recíprocas, que se estabelecem durante toda a vida,
entre indivíduo e meio, cada aspecto influindo sobre o outro.
A escola diz adotar a teoria de Vygotsky, mas, uma prática que penso que
daria certo, seria desenvolver atividades que envolvam mais o inglês, atividades que
exijam mais do desenvolvimento da fala da criança na segunda língua, quando a criança
está brincando de blocos, quebra-cabeça, interagir com ela na segunda língua, e não
apenas deixá-la brincando no centro sem assistência, fazer com que esse momento de
aprendizagem seja natural, que as crianças comecem a se comunicar em inglês sem nem
71
perceber. Pois como Vygotsky traz o indivíduo é visto como alguém que transforma e é
transformado nas relações decorrentes de uma certa cultura, e como estamos falando de
uma escola bilíngüe Canadense, deveriam trazer mais conceitos da cultura do Canadá,
pois percebi que a metodologia é Canadense mas o currículo é Brasileiro e por isso
acabam desviando um pouco o foco da cultura Canadense.
Passando para a pergunta de quais seriam as principais dificuldades que os
alunos encontram para se adaptar a estrutura metodológica curricular adotada, não teve
outra, todas as professoras tem o mesmo pensamento. A maior dificuldade enfrentada
pelos alunos é a linguagem, ou seja, o aprendizado da segunda língua seguido da escrita
também da segunda língua (Inglês), acerca desse assunto não foi encontrado referências
bibliográficas para que se pudesse ter um parâmetro de comparação. Dessa forma
conclui-se que se todas as professoras acreditam que a maior dificuldade dos alunos é
em questão da Língua Inglesa e a sua fluência. A escola apresenta um grande problema,
uma vez que um de seus maiores objetivos é tornar indivíduos bilíngües. Dessa forma,
essa seria uma questão a ser pensada futuramente de o que poderia ser feito para que
esse problema seja solucionado. Penso que a dificuldade apresentada pelas crianças em
relação ao inglês e a sua fluência, vem devido à forma em que a língua vem sendo
tratada dentro do ambiente escolar, é claro que aprender uma nova língua não é fácil,
mas se as professoras conversassem mais na segunda língua, interagissem mais com as
crianças, principalmente em momentos de brincadeiras, lanche, higiene, intervalos,
procedimento de entrada e saída, com certeza já facilitaria o processo de aprendizagem
do inglês, uma vez que os alunos aprendem muito por imitação.
Notei que as algumas crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem
na segunda língua (inglês), acabam gerando problemas de comportamentos, pois como
não entendem o que a professora está falando, acabam se distraindo com uma facilidade
maior, e também ficam mais agitados, e por isso atrapalham a aula, os outros colegas e
acabam tendo ainda mais dificuldade em aprender e a se comunicar em inglês.
Sobre a última questão feita direcionada as professoras de quais seriam as
estratégias que elas utilizam para facilitar o processo de ensino aprendizado das
crianças, obteve-se perguntas variadas, pois cada uma se baseia em estratégias
diferentes que acreditam que melhores se encaixam em suas turmas. Sobre isso Amanda
diz que: “A maior delas é contextualizar o conteúdo. Fazer o aluno um agente do
processo, participativo, questionador, de algo que seja significativo para ele. E respeitar
sua individualidade”. Márcia, por outro lado diz que utiliza diferentes recursos didáticos
72
para para facilitar esse processo tais como a multimídia, atividades lúdicas, livros,
dinâmicas, músicas, jogos. Talita diz que: “É preciso entender o ritmo de cada criança,
quais são suas afinidades e onde ela se sente mais confortável. Por exemplo: uma
criança que gosta muito de cozinhar e de participar desse processo em casa poderá ter
mais facilidade de leitura com receitas. Crianças mais dinâmicas poderão ser
introduzidas aos conteúdos de matemática (como problemas simples) com o uso de
manipulativos e jogos dinâmicos. É preciso perceber as necessidades da turma (cada
turma é uma turma) e direcionar os trabalhos para atendê-los”. Maria já acredita que a
escola dá todo um apoio para fazer com que os alunos que apresentam dificuldades
possam ir adquirindo a segunda língua, com suas palavras: “Temos na escola aulas de
ESL (English as a Second Language) que dá todo o reforço para fazer com que estes
alunos com dificuldade possam gradativamente ir adquirindo a língua, melhorando a
compreensão e comunicação até o nível em que estejam aptos a ficarem somente em
sala de aula. “Rafaela já traz uma resposta inovadora, a professora tem em mente que a
utilização do próprio corpo das crianças seja a melhor estratégia para facilitar o
processo de aprendizagem, já que para a ela, “... quanto mais utilizamos o corpo delas
para o aprendizado, mais elas aprendem e se concentram no que estão fazendo”.
Percebe-se que sobre a escolha de estratégias fica a cargo de cada professora,
sendo assim é interessante ver que todas se empenham de maneira diferenciada para
atingir de certa forma todas as crianças, pois se sabe que todos os indivíduos pensam e
agem de formas diferentes, dessa forma, aprendem também de forma diferenciada, cada
um tem seu tempo e seu ritmo para aprender e se desenvolver seja em questão social ou
emocional.
As professoras não trazem em suas respostas como optam por suas estratégias
de ensino e como as mesmas são feitas, mas quinzenalmente as docentes têm reuniões
de planejamento (organizada por níveis, ou seja, professoras da mesma série se
reúnem), onde decidem o que vão ensinar nas próximas duas semanas seguintes, como
vão ensinar, que estratégias vão adotar e quais as atividades serão realizadas dentro do
tema a ser ministrado. Nessas reuniões ocorrem trocas de informações e de
conhecimentos, as professoras compartilham suas idéias para que possam juntas decidir
o que melhor se encaixa ao conteúdo. Além dessas reuniões quinzenais entre
professoras, existem as chamadas coordenações que são realizadas entre professoras e
coordenadoras, nesse espaço as professoras trocam informações com a coordenação a
respeito do que está sendo passado em sala de aula, o que está acontecendo, se há algum
73
problema com as crianças, se precisam de ajuda para solucionar algum eventual
conflito, ocorre troca de conhecimentos também. As coordenadoras estão sempre a
disposição das professoras caso necessitem de alguma coisa, seja para tirar alguma
dúvida ou ajudar a solucionar algum problema.
Mães
Encontra-se no referencial teórico que as escolas que adotam a educação
bilíngüe estão crescendo cada vez mais no Brasil. Nota-se também que os pais estão
preocupados com o futuro do filho já que fica claro com pesquisas que sendo um
indivíduo bilíngüe fica muito mais fácil conseguir uma vaga de emprego quando se
compara a uma pessoa monoglota, devido a isso a pesquisadora foi atrás para saber o
principal motivo que os pais apresentam ao optarem em colocar seus filhos em escolas
bilíngües. A primeira mãe respondeu que: “Optamos pela escola bilíngüe porque eu e
meu marido gostaríamos que nosso filho estudasse o Ensino Médio (High School) no
exterior, para que ele tenha um contato com outra cultura que o tornará adaptável, ágil,
flexível para enfrentar o mundo com mais confiança e segurança. A escola bilíngüe
oferece imersão e fluência no idioma inglês e também oferece o currículo brasileiro que
o preparará para as universidades brasileiras.” Com essa resposta nota-se que a
preocupação dos pais não está somente no futuro do filho relacionado a emprego e sim
uma particularidade, o querer morar fora futuramente, o acreditar que o filho, estudando
em uma escola bilíngüe se tornaria “adaptável, ágil e flexível para enfrentar o mundo
com mais confiança e segurança”.
A segunda mãe sim está preocupada com o mercado de trabalho, segundo ela:
“O mercado de trabalho hoje pede pelo menos uma segunda língua fluente, que nem
sempre é fácil achar. Acredito que se meu filho estudar desde cedo em uma escola
bilíngüe ele poderá ter uma fluência perfeita na língua para usar em seus estudos e
trabalhos, dentro ou fora do país”. Com essa resposta nota-se que as pesquisas acerca do
tema é o que de fato acontece na escolha da escola bilíngüe.
A terceira mãe acredita que pelo fato da Língua Inglês ser a língua universal,
seja importante então que o seu filho tenha contanto com essa língua de forma precoce
ou com suas palavras “de forma natural”.
74
Já a última mãe diz que não foi uma escolha e sim uma oportunidade, uma vez
que a mesma conseguiu uma bolsa na escola bilíngüe por trabalhar lá. Nota-se assim
que todas as mães apresentam pontos de convergência na opção por uma escola com
educação bilíngüe. No fundo, ambas têm o mesmo desejo, estão em busca de um bom
futuro para seus filhos, como por exemplo, conseguirem um melhor emprego, uma
melhor oportunidade na vida, já que saber pelo menos duas línguas hoje em dia é
fundamental e necessário.
Um dos objetivos dessa pesquisa foi saber quais são as expectativas dos pais
em relação à escola e se essas estão sendo atendidas. Dessa forma, perguntou-se quais
seriam essas e as respostas foram as seguintes: a primeira mãe gostaria que o seu filho
fosse inserido em um ambiente bilíngüe e ao mesmo tempo cultural, dessa forma ele
não perderia as referências do currículo brasileiro. A segunda mãe quer que o filho
aprenda a falar corretamente o Inglês sendo fluente na língua assim como é na língua
materna, podendo utilizar a sua língua de forma natural. A terceira e a quarta mãe
querem basicamente a mesma coisa que a segunda, que seus filhos falem fluentemente o
Inglês e o Português.
Quando se perguntou se acreditavam que a formação (capacitação) dos
professores, tendo esses a formação adequada para a área, além de ter uma boa fluência
no segundo idioma influenciaria no desenvolvimento dos seus filhos, todas responderam
a mesma coisa, mas de forma diferente. A primeira mãe acredita que: “...o professor
bilíngüe tem que ter a formação em Pedagogia e possuir um certificado internacional
que comprove sua fluência no idioma inglês. Além da capacitação direcionada, o
professor tem que ter o perfil adequado: precisa gostar de dar aulas e saber ensinar de
forma contextualizada, ou seja, aulas mais dinâmicas e com o suporte da
interdisciplinaridade para que a aprendizagem seja efetiva.” A segunda mãe fala que: Se
a professora não souber falar um inglês fluente, como vai ensinar ao meu filho? As
professoras precisam saber falar, argumentar e se expressar na língua inglesa, para
passar todas essas características para os alunos. Caso ela não tenha essa desenvoltura,
meu filho pode aprender a sua forma de falar, seus detalhes, sotaques e se não for um
bom inglês, pode acabar aprendendo errado”, a segunda mãe não mencionou o fato da
graduação em Pedagogia, se preocupou apenas com a fluência da professora na segunda
língua, pois se não tiver um boa desenvoltura com a língua seu filho poderia aprender
errado o Inglês. A terceira mãe diz: “É uma escola bilíngüe e não deixa de ser escola. O
75
professor precisa ter formação adequada assim como fluência na língua que a escola se
propõe a lecionar” e a última mãe declara que: A formação é indispensável e
fundamental para sua atuação como educador. Não basta somente ter fluência em
Inglês”.
Nota-se então que as mães percebem a importância da formação do professor
para o desenvolvimento de seus filhos no processo de ensino-aprendizagem, assim
venha à tona uma pergunta da pesquisadora. Será que as mães sabem da verdadeira
qualificação das professoras que estão “ensinando e educando” os seus filhos? Pois se
acredita, que se soubessem não ficariam satisfeitas tendo como base as respostas dadas.
O conselho de classe realizado pela escola é apenas interno entre professores e
coordenação, mas existem as reuniões semestrais individuais, que as professoras fazem
com o pais, onde é conversado sobre como está o processo de desenvolvimento da
criança e a sua aprendizagem, nessa reunião é apresentado aos pais os portifólios, com
todas as atividades das crianças, para que se possa ser discutido melhor como anda o
processo de ensino da criança. Além dessas reuniões semestrais individuais, existem as
reuniões quinzenais com todos os pais que se interessarem aqui as professoras apenas
dão um geral do que está sendo desenvolvido dentro de sala de aula. Normalmente se os
pais têm alguma critica a ser feita, eles vão diretamente à coordenação, mas a questão
de insatisfação em relação ao corpo docente só foi passado às professoras através do
questionário realizado pela escola.
Para finalizar perguntou-se estavam satisfeitas com o ensino-aprendizagem de
seus filhos e o que acreditavam que poderia ser melhorado. As mães números um e dois,
estão felizes, onde a primeira respondeu que: “Percebo que o aprendizado tem sido
natural, estimulando a flexibilidade, a linguagem e a capacidade de pensar. Gostaria que
houvesse mais oficinas de ciências com experiências, gincana de matemática, oficinas
de redação e mais incentivo ao esporte como a criação de um Centro Esportivo, o que
torna o aprendizado mais dinâmico e divertido” e a mãe número dois disse que: “...meu
filho vem progredindo com o passar dos anos na escola, está mais empolgado com a
língua, querendo usar cada vez mais. E acredito que para melhorar seu desempenho, as
professoras poderiam cobrar mais uso da língua inglesa, talvez incentivar com
atividades e prêmios para o aluno que mais falar inglês, pois assim acredito que terá um
desenvolvimento maior na linguagem”.
76
De fato observou-se que não se cobra tanto o uso da segunda língua,
principalmente em momentos fora de sala de aula e acredita-se que são nesses
momentos em que as crianças mais aprendem, pois estão brincando e se divertindo, até
mesmo em sala o uso da segunda língua está ficando cada vez mais descontínuo, as
professoras estão cobrando cada vez menos o uso da mesma. A primeira mãe por
acreditar ser mais fácil aprender brincando acha que a escola deveria investir mais em
esportes, mas para isso deve-se haver uma certa “cobrança” em relação a segunda
língua, ou seja, a professora se comunica em Inglês e se o aluno responder em
Português, tentar de alguma forma fazer com que esse também se comunique na
segunda língua, mas sem deixar que a aprendizagem seja uma forma prazerosa para as
crianças.
De acordo com Silva (2011, p. 09), a teoria behaviorista diz a que a aprendizagem
de uma língua se dá de acordo com a exposição ao meio e também devido à imitação.
Dessa forma acredito que se houvesse uma maior interação professor-aluno, a
aprendizagem da segunda língua seria mais fácil e natural, os alunos iam começar a se
sentirem mais seguros e confortáveis para se comunicar na língua estrangeira.
77
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final da pesquisa observou-se que algumas professoras não estão
completamente satisfeitas com a seleção didática (programa) e currículo adotado pela
escola, uma vez que essas apontam diversos problemas e insuficiência pedagógica
dentro desse, já que essas professoras necessitam adaptar o programa para melhor
desenvolve-lo. Um ponto chave que a pesquisa chegou foi saber que todas as
professoras concordam que uma das principais dificuldades apresentadas pelos alunos é
a fluência e a escrita da segunda língua, visto que o maior objetivo da escola é oferecer
uma educação bilíngüe de qualidade.
As mães estão certas de que a formação adequada das professoras é um fator
de extrema relevância para que haja um processo de ensino-apredizagem de eficácia,
mas uma mãe por dizer que o programa da escola pesquisada está abaixo das outras
escolas de Brasília, leva a concluir que existe alguma coisa a ser mudada na
metodologia e no currículo da escola observada.
O trabalho tinha como objetivo geral, identificar e investigar a organização do
trabalho pedagógico dando importância à formação do professor para o
desenvolvimento da criança em um contexto de educação de imersão na língua-alvo, ou
seja, na educação bilíngüe. Tendo como objetivos específicos: Ao analisar a formação
dos professores; verificar o uso de estratégias por parte das professoras para facilitar o
ensino-aprendizagem; investigar as habilidades que as crianças observadas possuem na
segunda língua; constatar as dificuldades apresentadas pelos alunos; discutir a escolha
do material didático. Acredito que os objetivos do trabalho foram alcançados, mas não
com aprofundamento que pretendia, uma vez que não foi de fácil acesso coletar os
dados para a pesquisa, devido a essas circunstâncias, os objetivos não tiveram tanto
fundamento e parâmetros para comparação como planejado.
Como pesquisadora, recomenda-se que a escola faça novas análises a cerca de
sua Proposta Pedagogia e programa adotado, além de ouvir os professores, trabalhando
mais em coletivo com o grupo docente e com a família assim como é previsto no PPP.
Deve-se investir com mais veemência na formação continuada e na valorização dos
professores, tendo em vista que esse investimento reflete diretamente na formação do
educando.
Para pesquisas futuras, considero relevante, investigar mais sobre o
bilingüismo e como esse deve ser abordado na educação infantil, uma vez que é um
78
assunto que vem crescendo cada vez mais, e por isso deve ser estudado com um vigor
maior, além de serem poucos os estudos sobre o tema em questão.
Se a pesquisa fosse feita novamente na mesma escola e com os mesmos
entrevistados, provavelmente eu mudaria o roteiro de entrevista, sendo mais focada aos
meus objetivos e a cada resposta dada pelo entrevistado questionaria sobre as respostas
dadas para entender melhor o seu pensamento, facilitando então a observação.
79
PARTE III
PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS
Ao entrar para o curso de Pedagogia, não fazia muita idéia de que área gostaria
de atuar e me especializar, com o decorrer do curso e com a ajuda de estágios tive a
certeza que a minha dedicação não seria outra se não a educação infantil.
Devido ao meu atual trabalho ser em uma escola com educação bilíngüe, várias
dúvidas surgiram acerca desse tema, inclusive foi esse o grande motivo de escolher esse
assunto para me aprofundar. Não pretendo parar de buscar novos conhecimentos acerca
do bilingüismo, uma vez que gosto muito da metodologia diferenciada, mesmo tendo
em vista que a escola possui algumas peculiaridades a serem desenvolvidas e
melhoradas.
Dessa forma, tenho um grande interesse em continuar minha pesquisa
futuramente, baseando-me em novos referencias teóricos, como meio de me ajudar na
prática de ensino, uma vez que ainda tenho a pretensão de me manter crescendo dentro
da atual empresa da mesma forma de quando entrei, além de fazer uma possível
especialização na área da presente pesquisa.
80
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB – Resolução n° 2/2001.
BRASIL.CNE/CEB Parecer n° 17/2001 - CNE/CEB, Brasília 2007.
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Ministério da Educação 2008. Acessado em: 09/11/2012. Disponível em:
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Disponível em: http://www.conteudo.org.br/index.php/conteudo/article/viewFile/46/39
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FLORY, Elizabete e SOUZA, Maria Tereza. BILINGÜISMO: Diferentes definições,
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LEIS, Héctos. Sobre o conceito de interdisciplinaridade, Cadernos de pesquisa
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LUCK, Heloísa. Pedagogia Interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológico.
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MAPLE BEAR. PROPOSTA PEDAGÓGICA da escola observada – Brasília DF -
05/03/2010.
MARCELINO, Marcello. BILINGÜISMO NO BRASIL: significado e expectativas.
Revista Intercâmbio, volume XIX: 1-22 2009. São Paulo.
81
MARTIN, A. J. (ORG). Educação continuada: Reflexões, alternativas Campinas, SP:
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OLIVEIRA, Cristiano. UM APANHADO TEÓRICO-CONCEITUAL SOBRE A
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POMBO, Olga. Epistemologia da Interdisciplinaridade, capítulo retirado do livro:
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SAVIANI, Dermeval: Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do
problema no contexto brasileiro Revista Brasileira de Educação v. 14 n. 40 jan./abr.
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Educação da UnB, 2011.
SISTO, F.F.; OLIVEIRA, G. C.; FINI, L.D.T. (ORG) 4 ª ed. Leituras de psicologia para
formação de professores – Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora
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Sommerman, Américo. Inter ou transdisciplinaridade? : da fragmentação disciplinar
ao novo diálogo entre os saberes – São Paulo: Paulus, 2008, 2 ª edição.
82
APÊNDICE A
Universidade de Brasília – UnB
Faculdade de Educação – FE
Professora,
Peço a colaboração para responder ao questionário, um instrumento de coleta
de dados que dará suporte à minha monografia, cujo interesse está voltado para a análise
da organização do trabalho pedagógico.
Agradeço desde já sua importante contribuição,
Luana Pricilla dos Santos
1) Qual a sua formação? (Graduação, Doutorado, Mestrado).
____________________________________________________.
2) Quantos anos de experiência lecionando idiomas você tem?
____________________________________________________.
3) Você já morou no exterior? Quanto tempo? Você considera essa experiência
significativa para a sua atuação como professora?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
4) Ocorre interdisciplinaridade em sua prática docente? Como ela é realizada pelos
professores?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
5) Como você faz a seleção didática das atividades e materiais? A escola possui
materiais próprios, que devem ser seguidos? Há alguma flexibilidade na adoção
de outros materiais ou não?
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________.
6) Como você avalia o material didático que utiliza?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
7) Quais são as habilidades mais requeridas dos alunos (o que se espera que os
alunos aprendam)? Ex: Atividades motoras, atividades bilíngües (escrita, fala e
leitura).
83
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
8) Quais as principais dificuldades que os alunos encontram para se adaptar a
estrutura metodológica curricular adotada?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
9) Quais são as estratégias que você utiliza para facilitar o processo ensino-
aprendizado das crianças?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
84
APÊNDICE B
Universidade de Brasília – UnB
Faculdade de Educação – FE
Prezados pais,
Peço a colaboração para responder ao questionário, um instrumento de coleta
de dados que dará suporte à minha monografia, trabalho conclusivo do curso de
Pedagogia, cujo interesse está voltado para a análise da organização do trabalho
pedagógico.
Agradeço desde já sua importante contribuição,
Luana Pricilla dos Santos
1) Por que a escolha por uma escola bilíngüe?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
2) Quais são as suas expectativas?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
3) Você acredita que a formação (capacitação) dos professores (os mesmos devem
ser formados na área de atuação, além de ter uma boa fluência na segunda língua
em questão) influencia no desenvolvimento do(a) seu(sua) filho(a)?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
4) Você está satisfeita com o ensino-aprendizagem do(a) seu(sua) filho(a)? O que
acredita que pode ser melhorado?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________.