organizações sociais

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ORGANIZAÇÕES SOCIAIS APOSTILA SETORES DA ECONOMIA Não sei se você já ouviu falar em primeiro, segundo ou terceiro setores da economia. O assunto que irei explicar agora está relacionado com o chamado “terceiro setor” da economia. Mas afinal de contas, o que é isso? Existe uma classificação que divide os atores da economia em quatro setores diferentes: 1º Setor: Estado 2º Setor: Mercado 3º Setor: Entidades paraestatais 4º Setor: Economia informal São os órgãos e entidades da Administração Pública. Atuam e influenciam na economia com o objetivo principal de garantir os interesses da coletividade. São os empresários e sociedades empresárias. Atuam na economia com o objetivo principal de gerar lucro. Formado pelas entidades não-governamentais (entidades privadas) que prestam atividades de interesse público, por iniciativa própria, sem fins lucrativos. São os particulares que atuam no mercado, mas sem estarem registrados formalmente. É uma forma de fugir do pagamento de tributos e demais obrigações legais. Também estão aqui pessoas que praticam atividades econômicas ilícitas (ex: tráfico de drogas). TERCEIRO SETOR No terceiro setor estão as entidades privadas que, mesmo sem integrarem a Administração Pública, executam atividades de interesse público (social) e sem fins lucrativos. São também chamadas de: - “entes de colaboração” (porque estão ajudando/colaborando com a Administração Pública); ou - “entidades paraestatais” (“para” é um radical de origem grega que significa “ao lado”; assim, diz-se que tais entidades são paraestatais porque atuam “ao lado” dos órgãos e entidades estatais). Existem, atualmente, cinco espécies de entidades que atuam no terceiro setor: a) os Serviços Sociais Autônomos. Exs: SESI, SENAI, SESC. b) as Organizações Sociais (OS). c) as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). d) as Entidades de Apoio. Quando falamos em crescimento e incentivo do terceiro setor devemos destacar uma expressão que pode ser cobrada na sua prova: publicização dos serviços não exclusivos do Estado. Vejamos com calma o que é isso. Na década de 90, ganhou força no Brasil a ideia de que seria necessário fazer uma Reforma do Aparelho do Estado, reduzindo seu tamanho e as atividades por ele desenvolvidas. Foi então aprovado um Plano Diretor com diversas medidas para transformar a Administração Pública, que era muito burocrática, em uma Administração Pública mais moderna e eficiente (Administração Pública gerencial). Esse Plano tinha cinco eixos principais: 1) reduzir o papel do Estado na economia para que ele deixasse de ser responsável direto por atividades econômicas e atuasse apenas como fomentador e regulador do mercado; 2) privatização de atividades que antes eram exercidas pelo Estado e poderiam ser passadas aos particulares (ex: telefonia);

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Resumo de organizações sociais.

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  • ORGANIZAES SOCIAIS APOSTILA

    SETORES DA ECONOMIA No sei se voc j ouviu falar em primeiro, segundo ou terceiro setores da economia. O assunto que irei explicar agora est relacionado com o chamado terceiro setor da economia. Mas afinal de contas, o que isso? Existe uma classificao que divide os atores da economia em quatro setores diferentes:

    1 Setor: Estado

    2 Setor: Mercado

    3 Setor: Entidades paraestatais

    4 Setor: Economia informal

    So os rgos e entidades da Administrao Pblica. Atuam e influenciam na economia com o objetivo principal de garantir os interesses da coletividade.

    So os empresrios e sociedades empresrias. Atuam na economia com o objetivo principal de gerar lucro.

    Formado pelas entidades no-governamentais (entidades privadas) que prestam atividades de interesse pblico, por iniciativa prpria, sem fins lucrativos.

    So os particulares que atuam no mercado, mas sem estarem registrados formalmente. uma forma de fugir do pagamento de tributos e demais obrigaes legais. Tambm esto aqui pessoas que praticam atividades econmicas ilcitas (ex: trfico de drogas).

    TERCEIRO SETOR No terceiro setor esto as entidades privadas que, mesmo sem integrarem a Administrao Pblica, executam atividades de interesse pblico (social) e sem fins lucrativos. So tambm chamadas de: - entes de colaborao (porque esto ajudando/colaborando com a Administrao Pblica); ou - entidades paraestatais (para um radical de origem grega que significa ao lado; assim, diz-se que

    tais entidades so paraestatais porque atuam ao lado dos rgos e entidades estatais).

    Existem, atualmente, cinco espcies de entidades que atuam no terceiro setor: a) os Servios Sociais Autnomos. Exs: SESI, SENAI, SESC. b) as Organizaes Sociais (OS). c) as Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIP). d) as Entidades de Apoio.

    Quando falamos em crescimento e incentivo do terceiro setor devemos destacar uma expresso que pode ser cobrada na sua prova: publicizao dos servios no exclusivos do Estado. Vejamos com calma o que isso. Na dcada de 90, ganhou fora no Brasil a ideia de que seria necessrio fazer uma Reforma do Aparelho do Estado, reduzindo seu tamanho e as atividades por ele desenvolvidas. Foi ento aprovado um Plano Diretor com diversas medidas para transformar a Administrao Pblica, que era muito burocrtica, em uma Administrao Pblica mais moderna e eficiente (Administrao Pblica gerencial). Esse Plano tinha cinco eixos principais: 1) reduzir o papel do Estado na economia para que ele deixasse de ser responsvel direto por atividades econmicas e atuasse apenas como fomentador e regulador do mercado; 2) privatizao de atividades que antes eram exercidas pelo Estado e poderiam ser passadas aos particulares (ex: telefonia);

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    3) publicizao dos servios no exclusivos do Estado, ou seja, passou-se a defender que alguns servios pblicos que no fossem exclusivos do Estado deveriam ser agora exercidos de forma prioritria pelo setor pblico no estatal (sociedade civil organizada: 3 setor); 4) melhorar a eficincia da mquina administrativa; 5) reduzir os gastos pblicos.

    Desse modo, foram editadas algumas leis, como a Lei n. 9.637/98 e a Lei n. 9.790/99, buscando incentivar o fortalecimento do terceiro setor a fim de promover a publicizao dos servios no exclusivos do Estado, isto , a sua gradual transferncia para a sociedade civil. Como disse, o assunto que iremos estudar agora est relacionado com esse 3 setor. Na verdade, vamos tratar sobre uma dessas entidades que atua no 3 setor: as organizaes sociais.

    ORGANIZAES SOCIAIS (OS) So pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, prestadoras de atividades de interesse pblico

    e que, por terem preenchido determinados requisitos previstos na Lei n. 9.637/98, recebem a qualificao (ttulo, selo) de organizao social. A pessoa jurdica, depois de obter esse ttulo de organizao social, poder celebrar com o Poder Pblico um instrumento chamado de contrato de gesto por meio do qual receber incentivos pblicos para continuar realizando suas atividades.

    As regras relacionadas com as organizaes sociais esto previstas na Lei n. 9.637/98. Veja o que diz o art. 1:

    Art. 1 O Poder Executivo poder qualificar como organizaes sociais pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

    Quem concede a qualificao de OS? O Ministro do Planejamento em conjunto com o Ministro da rea na qual atua a pessoa jurdica que pretende a qualificao de OS. Ex: se essa pessoa jurdica desempenha funes na rea de educao, quem conceder ser o Ministro da Educao em conjunto com o Ministro do Planejamento. Quais so os requisitos necessrios para a pessoa jurdica ser qualificada como OS?

    Tais requisitos esto elencados no art. 2 da Lei n. 9.637/98. Veja um resumo dos principais requisitos necessrios para que as entidades possam tentar receber a qualificao de organizao social:

    finalidade no-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das prprias atividades;

    ter, como rgos de deliberao superior e de direo, um conselho de administrao e uma diretoria;

    participao, no seu rgo colegiado de deliberao superior, de representantes do Poder Pblico e de membros da comunidade, de notria capacidade profissional e idoneidade moral;

    obrigatoriedade de publicao anual, no Dirio Oficial da Unio, dos relatrios financeiros e do relatrio de execuo do contrato de gesto;

    proibio de distribuio de bens ou de parcela do patrimnio lquido em qualquer hiptese, inclusive em razo de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade;

    previso de incorporao integral do patrimnio, dos legados ou das doaes que lhe foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em caso de extino ou desqualificao, ao patrimnio de outra organizao social qualificada no mbito da Unio, da mesma rea de atuao, ou ao patrimnio da Unio, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municpios, na proporo dos recursos e bens por estes alocados.

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    Se a pessoa jurdica preencher todos os requisitos ali listados, o Poder Pblico obrigado a conceder a qualificao? NO. Mesmo preenchendo todos os requisitos, os Ministros podem decidir no conceder o titulo porque esta uma deciso discricionria, na qual se avalia a convenincia e oportunidade de conceder. Em quais reas atua a OS? Para que a pessoa jurdica seja qualificada como OS ela precisa desempenhar atividades em uma das seguintes reas: ensino, pesquisa cientfica, desenvolvimento tecnolgico, meio ambiente, cultura e sade. Segundo a doutrina majoritria, esse rol taxativo, de forma que se a pessoa jurdica trabalhar apenas com assistncia social, por exemplo, no atender os requisitos para ser qualificada como uma OS. Em provas de concurso, voc poder encontrar a afirmao de que as organizaes sociais so pessoas jurdicas de direito privado que prestam servios pblicos no exclusivos de Estado, ou seja, servios que so desempenhados pelo Estado, mas que podem tambm ser exercidos por particulares. O que o contrato de gesto? Contrato de gesto o instrumento firmado entre o Poder Pblico e a entidade qualificada como organizao social, com o objetivo de que, a partir da, seja formada uma parceria entre eles para fomento e execuo das atividades que uma OS faz (ensino, pesquisa cientfica etc.). No contrato de gesto sero listadas as atribuies, responsabilidades e obrigaes do Poder Pblico e da organizao social. O contrato de gesto deve ser submetido ao Ministro de Estado da rea correspondente atividade fomentada. Ex: se a OS desenvolve atividades de sade, quem aprovar o contrato ser o Ministro da Sade. Obs.1: apesar de a lei dizer que esse ajuste um contrato, a doutrina critica a nomenclatura e afirma que, na verdade, o melhor seria cham-lo de convnio, de termo de colaborao ou termo de fomento. Isso porque no contrato existem interesses opostos e nessa relao da OS com o Poder Pblico os objetivos so os mesmos, so convergentes. Obs.2: os responsveis pela fiscalizao do contrato de gesto, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilizao de recursos ou bens de origem pblica por organizao social, devero comunicar o Tribunal de Contas da Unio, sob pena de responsabilidade solidria. As organizaes sociais que celebrarem contrato de gesto com o Poder Pblico passam a ser consideradas entidades da Administrao Pblica? NO. Mesmo tendo celebrado contrato de gesto, continuam sendo entidades paraestatais (no estatais). As organizaes sociais que celebrarem contrato de gesto com o Poder Pblico podem ser consideradas delegatrias de servios pblicos? NO. As organizaes sociais exercem em nome prprio servios pblicos, mas no so consideradas delegatrias considerando que no recebem uma concesso ou permisso de servio do Poder Pblico. Os setores de sade, educao, cultura, desporto e lazer, cincia e tecnologia e meio ambiente so classificados como servios pblicos sociais. Segundo a CF/88, tais servios devem ser desempenhados no apenas pelo Estado como tambm pela sociedade (so deveres do Estado e da Sociedade). Assim, permitida a atuao, por direito prprio, dos particulares, sem que para tanto seja necessria a delegao pelo Poder Pblico. No se aplica, portanto, o art. 175, caput, da CF/88 s atividades desenvolvidas pelas organizaes sociais.

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    Quais so os incentivos que uma OS recebe do Poder Pblico? As organizaes sociais podero receber os seguintes incentivos para cumprir o contrato de gesto: a) Recursos oramentrios: podem receber dinheiro pblico; b) Cesso de bens pblicos, mediante permisso de uso, dispensada licitao: podem receber, sem licitao, bens pblicos para serem usados em suas atividades; c) Cesso especial de servidor, com nus para o rgo de origem do servidor cedido: servidores pblicos podem ser colocados disposio das organizaes sociais para l trabalharem, continuando recebendo sua remunerao dos cofres pblicos; d) Contratadas sem licitao: as organizaes sociais podem ser contratadas, com dispensa de licitao, para prestarem servio a rgos e entidades da Administrao Pblica, recebendo por isso (art. 24, XXIV, da

    Lei n. 8.666/93). Veja abaixo a redao da Lei de Licitaes:

    Art. 24. dispensvel a licitao: (...) XXIV - para a celebrao de contratos de prestao de servios com as organizaes sociais, qualificadas no mbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gesto. (Includo pela Lei n 9.648/98)

    Desse modo, quando a Administrao contratar servios a serem prestados pelas organizaes sociais, est dispensada de realizar licitao, desde que aquela atividade esteja prevista no contrato de gesto.

    ADI 1923/DF Em 1998, o PT e o PDT ajuizaram uma ADI contra diversos dispositivos da Lei das Organizaes Sociais (Lei

    n. 9.637/98) e tambm contra o art. 1 da Lei n. 9.648/98 que mudou a Lei n. 8.666/93 para prever a dispensa de licitao nas contrataes de organizaes sociais. O STF finalmente julgou a ao. Veja os principais pontos sobre o que foi decidido: inconstitucional a previso de que as organizaes sociais iro substituir a atuao de rgos e entidades da Administrao Pblica e iro, elas prprias, desempenhar determinados servios pblicos no exclusivos? NO. As organizaes sociais exercem papel relevante, pela sua participao coadjuvante em servios que no seriam exclusivos do Estado, e a Constituio admite essa coparticipao particular. O programa de publicizao , portanto, legtimo e permite ao Estado compartilhar com a comunidade, as empresas e o terceiro setor a responsabilidade pela prestao de servios pblicos, como os de sade e de educao. O STF no pode engessar as opes polticas dos governantes e impedir que o Governo legitimamente eleito adote determinado modelo de Estado (no caso, o Estado gerencial).

    Os incentivos previstos na Lei n. 9.637/98 em favor das organizaes sociais (recebimento de recursos oramentrios, cesso de bens e servidores etc.) so inconstitucionais? NO. O Poder Pblico pode atuar no domnio econmico (atividades econmicas) ou na rea social por meio de interveno direta (quando ele mesmo age disponibilizando utilidades materiais aos beneficirios) ou indireta (quando faz uso de seu instrumental jurdico para induzir que os particulares executem atividades de interesses pblicos). Essa atuao indireta ocorre mediante atividades de regulao do mercado ou de fomento (concesso de incentivos e estmulos). Em qualquer das situaes, o certo que a Administrao Pblica atua sob o ngulo do resultado, ou seja, verificando se os objetivos buscados esto sendo atingidos. Assim, essa cesso de recursos, bens e pessoal da Administrao Pblica para as entidades privadas, aps a celebrao de contrato de gesto, o que viabiliza (possibilita) a transferncia para os particulares das

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    atividades de interesse pblico exigindo das organizaes sociais, em contrapartida, metas e resultados a serem alcanados. A regra segundo a qual as organizaes sociais podem usar bens pblicos mesmo sem licitao (art. 12,

    3 da Lei n. 9.637/98) inconstitucional?

    A dispensa de licitao para que o Poder Pblico contrate organizaes sociais (art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93) inconstitucional?

    NO. As dispensas de licitao institudas no art. 12, 3, da Lei n. 9.637/98 e no art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/1993 tem a finalidade de induzir (fomentar) prticas sociais benficas, ou seja, incentivar a atuao de organizaes sociais que tenham firmado contrato de gesto e que sejam, assim, reconhecidas como colaboradoras do Poder Pblico no desempenho dos deveres constitucionais no campo dos servios sociais. A isso chamamos de funo regulatria da licitao.

    Funo regulatria da licitao: segundo essa teoria, a licitao pode ser utilizada como instrumento de regulao de mercado, de modo a torn-lo mais livre e competitivo, alm de ser possvel conceb-la como mecanismo de induo de determinadas prticas (de mercado) que produzam resultados sociais benficos, imediatos ou futuros, sociedade. A possibilidade de contratao direta, sem licitao, de organizaes sociais ou OSCIPs (Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico) um exemplo dessa funo regulatria da licitao j que, como essa prtica, o Estado induz que essas entidades sejam criadas pelos particulares. Para maiores informaes, veja: FERRAZ, Luciano. Funo regulatria da licitao. Disponvel em: http://revista.tce.mg.gov.br/Content/Upload/Materia/490.pdf.

    O afastamento do certame licitatrio no exime, porm, o administrador pblico da observncia dos princpios constitucionais, de modo que a contratao direta deve observar critrios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a permitir o acesso a todos os interessados.

    Vimos acima que a organizao social que celebrar contrato de gesto pode receber recursos oramentrios. Recebendo esse dinheiro pblico, a organizao social, quando contratar terceiros (ex: comprar produtos, servios), obrigada a fazer licitao? Dito de forma direta, a organizao social submete-se ao dever de licitar? NO. As organizaes sociais, por integrarem o Terceiro Setor, no fazem parte do conceito constitucional de Administrao Pblica, razo pela qual no se submetem, em suas contrataes com terceiros, ao dever de licitar, o que consistiria em quebra da lgica de flexibilidade do setor privado, finalidade por detrs de todo o marco regulatrio institudo pela Lei. No entanto, por receberem recursos pblicos, bens pblicos e servidores pblicos, o regime jurdico das organizaes sociais deve ser minimamente informado (influenciado) pelos princpios da Administrao Pblica (art. 37, caput, da CF/88), dentre os quais se destaca o princpio da impessoalidade, de modo que suas contrataes devem observar o disposto em regulamento prprio (Lei n 9.637/98, art. 4, VIII), fixando regras objetivas e impessoais para o dispndio de recursos pblicos. Em outras palavras, quando a OS for contratar no precisar seguir as rgidas regras da Lei de Licitaes de

    Contratos (Lei n. 8.666/93), devendo respeitar, contudo, os princpios da Administrao Pblica elencados no caput do art. 37 da CF/88 (LIMPE) e as normas de seu regulamento interno (que iro explicar os passos necessrios para a contratao). Os salrios pagos aos empregados das organizaes sociais precisam ser fixados em lei, conforme exige o art. 37, X, da CF/88? NO. Os empregados das organizaes sociais no so servidores pblicos, mas sim empregados privados. Logo, a sua remunerao no precisa ser fixada em lei (art. 37, X, da CF/88). Basta que seja prevista no contrato de trabalho firmado consensualmente entre a OS e o empregado.

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    A OS obrigada a fazer concurso pblico para a contratao de seus empregados? NO. No se aplica s organizaes sociais a exigncia de concurso pblico (art. 37, II, da CF/88). Vale ressaltar, no entanto, que o STF exigiu que as organizaes sociais, quando forem contratar seus funcionrios devero fazer um procedimento objetivo e impessoal. Resumo: O Plenrio do STF, por maioria, acolheu, em parte, pedido formulado na ADI para conferir interpretao conforme a Constituio e deixar explcitas as seguintes concluses: a) o procedimento de qualificao das organizaes sociais deve ser conduzido de forma pblica, objetiva e impessoal, com observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF, e de acordo com parmetros fixados em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98; b) a celebrao do contrato de gesto deve ser conduzida de forma pblica, objetiva e impessoal, com observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF; c) as hipteses de dispensa de licitao para contrataes (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de permisso de uso de bem pblico (Lei 9.637/1998, art. 12, 3) so vlidas, mas devem ser conduzidas de forma pblica, objetiva e impessoal, com observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF; d) a seleo de pessoal pelas organizaes sociais deve ser conduzida de forma pblica, objetiva e impessoal, com observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento prprio a ser editado por cada entidade; e e) qualquer interpretao que restrinja o controle, pelo Ministrio Pblico e pelo Tribunal de Contas da Unio, da aplicao de verbas pblicas deve ser afastada.

    EXERCCIOS DE FIXAO 1) As organizaes sociais que celebrarem contrato de gesto com o Poder Pblico podem ser

    consideradas delegatrias de servios pblicos. ( ) 2) (Juiz TJ/MS 2012) As organizaes sociais so pessoas jurdicas de direito privado componentes do

    terceiro setor surgidas no sistema jurdico brasileiro com a promulgao da Constituio Federal de 1988. ( )

    3) (Juiz TJ/MS 2012) A Constituio Federal no estabelece a distino entre primeiro, segundo e terceiro setores como um de seus critrios classificatrios, todavia, trata-se de um critrio largamente utilizado pela doutrina e jurisprudncia, notadamente nos casos de parcerias entre pessoas jurdicas de direito pblico e entidades privadas sem fins lucrativos. ( )

    4) (PGE/GO 2013) As organizaes sociais integram a chamada Administrao Indireta. ( ) 5) (Juiz Federal TRF4 2012) As organizaes sociais integram a administrao pblica quando assumem a

    forma de autarquia de regime especial. ( ) 6) (Juiz Federal TRF2) Segundo o STF, as organizaes sociais, como entes de cooperao, dispem dos

    benefcios processuais inerentes fazenda pblica, tendo em vista a relevncia da sua atividade, que visa o interesse pblico. ( )

    7) (Promotor MS/SC 2014) Nos termos da Lei n. 9.637/1998, que dispe sobre a qualificao de entidades como organizaes sociais, a criao do Programa Nacional de Publicizao, a extino dos rgos e entidades que menciona e a absoro de suas atividades por organizaes sociais, e d outras providncias, o Poder Executivo poder qualificar como organizaes sociais pessoas jurdicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, ao lazer, religio, cultura e sade, atendidos aos requisitos previstos nessa Lei. ( )

    8) (Juiz Federal TRF1 2013 CESPE) Para ser qualificada como organizao social, a entidade deve firmar termo de parceria com o ministrio da rea em que atua. ( )

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    9) (Promotor MP/GO 2014) dispensvel o certame licitatrio, para o escopo de celebrao de contratos de prestao de servios com as organizaes sociais, para atividades contempladas no contrato de gesto firmado entre o Poder Pblico e as entidades assim qualificadas no mbito das respectivas esferas de governo. ( )

    10) (Juiz Federal TR4 2014) O Poder Executivo poder qualificar como Organizaes Sociais, por meio de contratos de gesto, pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade, desde que satisfeitos os requisitos exigidos na Lei n 9.637/98. ( )

    11) (Juiz Federal TRF3 2011 CESPE) O contrato de gesto representa verdadeira cooperao entre as partes no tocante ao interesse pblico a ser perseguido, sendo vedada, porm, a contratao direta que, feita com entidade colaboradora, implique, de algum modo, dispensa de licitao. ( )

    12) (DPE/AM 2013 FCC) As Organizaes Sociais so pessoas jurdicas de direito privado, qualificadas pelo Poder Executivo, nos termos da Lei Federal 9.637/98, com vistas formao de parceria para execuo de atividades de interesse pblico. NO est entre as caractersticas das Organizaes Sociais, nos termos da referida lei, A) o desempenho de atividades relacionadas a pelo menos um dos seguintes campos: ensino, pesquisa cientfica, desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade. B) a atuao com finalidade no-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das prprias atividades. C) a necessidade de aprovao de sua qualificao, por meio de ato vinculado do Ministro ou titular de rgo supervisor ou regulador da rea de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro do Planejamento, Oramento e Gesto. D) a previso de participao, no rgo colegiado de deliberao superior, de representantes do Poder Pblico e de membros da comunidade, de notria capacidade profissional e idoneidade moral. E) a proibio de distribuio de bens ou de parcela do patrimnio lquido em qualquer hiptese, inclusive em razo de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade.

    13) (Juiz Federal TRF2) s organizaes sociais podero ser destinados bens pblicos, sendo dispensada

    licitao, mediante permisso de uso, consoante clusula expressa de contrato de gesto celebrado com o poder pblico. ( )

    14) Os salrios pagos aos empregados das organizaes sociais precisam ser fixados em lei, conforme exige o art. 37, X, da CF/88. ( )

    15) A OS no obrigada a fazer concurso pblico para a contratao de seus empregados. ( ) 16) A organizao social, quando tiver recebido recursos pblicos, obrigada a fazer licitao, submete-se

    ao dever de licitar. ( ) 17) A regra segundo a qual as organizaes sociais podem usar bens pblicos mesmo sem licitao

    inconstitucional. ( ) 18) A dispensa de licitao para que o Poder Pblico contrate organizaes sociais constitucional. ( ) 19) Segundo o STF, os incentivos previstos na Lei 9.637/98 em favor das organizaes sociais (recebimento

    de recursos oramentrios, cesso de bens e servidores etc.) so constitucionais. ( ) 20) A celebrao do contrato de gesto deve ser conduzida de forma pblica, objetiva e impessoal, com

    observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF.

    Gabarito

    1. E 2. E 3. C 4. E 5. E 6. E 7. E 8. E 9. C 10. C

    11. C 12. Letra C 13. C 14. E 15. C 16. E 17. E 18. C 19. C 20. C