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Organização Jane Alves Nascimento Moreira de Oliveira Aracaju/SE 2017 EDITORA

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OrganizaçãoJane Alves Nascimento Moreira de Oliveira

Aracaju/SE

2017

EDITORA

Sob o Sol do Sodalício 15

O nascimento de uma obra é como o nascimento de um filho. Mas a beleza é mais pujante quando o sonho do nascimento se torna realidade através da supremacia divina em conceder a áurea lucidez a várias mentes que

se unem num só pensamento, o de produzirem nesse nascedouro um resultado de experiências de uma vida única, harmonizada através do apanhado de estu-dos Acadêmicos, de Pesquisas Sociais e Filosóficas, de Exposições Artísticas, de Crônicas, de Artigos, de Prosas e Versos a Teorias Espirituais, concorrendo para a feitura de uma simpática literatura, através das belezas poéticas do interior de cada um dos seus autores.

Apesar de nos encontrarmos num mundo que experienciou os dois lados da tensão (sociedade de direito e estado constitucional), e que enfrenta o desafio de estabelecer um equilíbrio entre eles, ainda se pode encarar o desafio dos que ad-vogam no sentido de compreender e atuar de acordo com as necessidades de pro-duzirem gradualmente a uma consciência coletiva de que todos os seres humanos, para diminuir os obstáculos ou para ampliar as capacidades de sua expressão, tem como fato o único questionamento legítimo que é a sua liberdade de expressão. É por essa razão que as necessidades humanas constituem a base lógica e pragmá-tica de todas as reivindicações dos nossos direitos. Assim também ocorre com a capacidade de amar que implica na necessidade humana de pertencer. Se estamos cultivando e refinando a capacidade humana de amar, a necessidade de estarmos ligados de uma maneira significativa a outros, nossa necessidade de se alegrar em um relacionamento com a natureza e nossa necessidade de ligação com aquilo que é belo e bom deve ser satisfeita. Devemos, pois buscar maximizar a liberdade hu-mana, a fim de aperfeiçoar o desenvolvimento da autonomia interna.

Assim nasceu a ideia da produção desta obra, atribuída a uma equipe imbuí-da de liberdade humana a trazer à baila temas variados escritos como forma de justificar que “A Palavra é a única “força” que muda aqueles que a ouvem ou que a

Apresentação

Academia Sergipana de Letras - Movimento Cultural Antonio Garcia Filho16

leem”, (MURDOOK, 2007), além de traduzir o pensamento e fazer-se conhecidos os discursos proferidos nas posses dos componentes do MAC, apresentando sua produção literária, seus dados biográficos e do seu Patrono. Podemos dizer que isso seria uma forma de apresentação do conhecimento para as futuras gerações, porque conhecer, significa apreender “espiritualmente um objeto” (HESSEN, Johannes, 1973). Esta apreensão não é, normalmente, um ato simples mas repre-senta uma pluralidade de atos. A consciência cognoscente necessita, por assim dizer, de dar voltas em torno do seu objeto, para o apreender realmente. Põe o seu objeto em relação com outros, compara-o com outros, tira conclusões, etc. Assim procede o especialista quando quer definir o seu objeto debaixo de todos os pontos de vista; assim faz também o metafísico quando quer conhecer, por exemplo, a essência da alma.

Foi no diapasão destes sopros de vida que se tornou possível calcificar os cor-pos humanos em corpos celestiais, tomando-se o sol como mote inspiradora de que a grandeza dos Imortais da Academia Sergipana de Letras se expressa pelo sol, dia de esplendor, enquanto o Movimento Cultural Antônio Garcia Filho – MAC estaria sob o sol dessa grandeza, nossa referência.

Eis o que restou, o nascimento do primeiro Livro do Movimento Cultural Antô-nio Garcia Filho – MAC, da Academia Sergipana de Letras, nestes 31 anos de exis-tência – Sob o Sol do Sodalício.

O QUE É O MAC?

É o Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Le-tras. Teve como seu fundador o médico, professor, escritor, e poeta Antônio Garcia Filho, cujo principal objetivo adotado por ele foi dinamizar e fortalecer as ativida-des culturais e literárias prestadas na Academia Sergipana de Letras, o que vem de fato acontecendo. No início de sua criação, o MAC sofreu algumas pressões, encontrando resistência para a concretização desse desiderato. Foram tempos difíceis, de críticas e incompreensões. Mas, como tudo o que fez na vida, Antô-nio Garcia Filho foi intrépido, corajoso, determinado e pleno de ideal. Foi assim na fundação da primeira Escola Médica de Sergipe, a Faculdade de Medicina, em janeiro de 1961, foi assim na criação do primeiro Museu Público do Estado, hoje Museu Histórico de Sergipe em 5 de março de 1960, com a colaboração de Jenner Augusto e de seu irmão Junot Silveira e foi assim também com a criação do Centro de Reabilitação Ninota Garcia, em 24 de junho de 1962, um dos primeiros do País, entre outras realizações.

O fundador do MAC destacou-se na medicina, na política e na área cultural, em suas múltiplas vertentes, tendo sido um homem que viveu permanente e intensa-

Sob o Sol do Sodalício 17

mente o seu tempo, muitas vezes até se antecipando a ele, realizando coisas abso-lutamente fantásticas, típicas dos visionários.

Por toda existência do MAC o que se observa é que ele vem cumprindo fielmen-te com o papel que lhe foi destinado, participando ativamente dos trabalhos da Aca-demia Sergipana de Letras. Esse importante núcleo de difusão cultural reúne hoje escritores, poetas, articulistas, memorialistas, jornalistas e agentes culturais, que vêm atuando de forma intensa e consistente, preservando e divulgando a Literatura e outras manifestações correlatas, a exemplo de lançamento de livros, palestras, feiras de livros, cursos e seminários literários, artigos em jornais, eventos líteros musicais, com a participação ativa dos membros do MAC. A importância desse mo-vimento cultural no cenário acadêmico, foi confirmada, de forma unânime, com a eleição e posse de alguns de seus antigos integrantes, para crescimento e consoli-dação, ou seja, de um MAC tão pujante, deve-se em grande parte ao apoio irrestrito do ilustre Presidente da Academia Sergipana de Letras, que sempre dispensou à confraria. A homenagem prestada ao Dr. Antônio Garcia Filho, com a colocação do seu nome no MAC, após o seu falecimento em 1999, foi um gesto de grandeza e reconhecimento, por parte do Presidente Acadêmico José Anderson Nascimento, pela atuação do médico e professor à frente da Academia Sergipana de Letras nos seus 15 anos de mandato.

Atualmente o MAC é composto de 29 membros, homens e mulheres envolvidos na altiva ciranda da intelectualidade, numa parceria de sensibilidade e razão, unin-do estes dois elementos numa forma de equilíbrio como um pássaro em suas duas asas, cujo objetivo é voar o mais alto que puder, nas asas do vento até encontrar o infinito, ainda que seja apenas, no seu imaginário.

Vários membros foram do MAC e, hoje, pertencem ao quadro da Academia Ser-gipana de Letras, na qualidade de Imortais, após lograrem êxito através de pro-cesso Eleitoral para a Academia. São os seguintes: Acadêmico Domingos Pascoal de Melo, Acadêmico José Lima de Santana, Acadêmico Lúcio Antônio Prado Dias, Acadêmica Luzia Maria da Costa Nascimento, Acadêmico Marcelo da Silva Ribeiro, Acadêmico Marcos Almeida Santos, Acadêmica Marlene Alves Calumby e em fase de preparação para tomar posse como Acadêmica Jane Alves Nascimento Moreira de Oliveira. Fizeram parte também da Academia Sergipana de Letras, advindos do MAC, já falecidos: Acadêmico Acelino Guimarães, Acadêmico Benvindo Sales de Campos Neto e Acadêmica Maria Lígia Madureira Pinna.

Como participar do MAC? Para adentrar aos quadros do MAC, há a exigência de ser convidado por um dos titulares do MAC ou da Academia Sergipana de Letras, que leva o nome do candidato a ser conhecido pelos demais pares; sendo aceito, passa a frequentar às sessões da Academia Sergipana de Letras, semanalmente. Após determinado período, poderá requerer a titularidade e tomar posse como

Academia Sergipana de Letras - Movimento Cultural Antonio Garcia Filho18

membro do MAC, submetendo-se porém, ao processo de avaliação do seu currícu-lo, de sua vida pregressa e de sua produção literária.

Os trabalhos aqui apresentados são fruto da colheita intelectual de cada um dos Confrades do MAC, cuja diversidade está fundada no mais profundo da estrutura psíquica do homem, formada pelas três forças fundamentais, o pensamento, o sen-timento e a vontade. Advirta-se que isto não significa, de modo algum, três faculda-des da alma independentes, mas sim três diversas tendências ou direções da vida psíquica humana, as quais se distinguem: uma intuição racional, outra emocional e outra volitiva. O órgão cognoscente é, na primeira, a razão; na segunda, o sentimen-to; na terceira, a vontade. Boa leitura.

Profª. Drª Jane Alves Nascimento Moreira de OliveiraOrganizadora

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ÂNGELA MARGARIDA TORRES DE ARAÚJO

Eu, Ângela Margarida Torres de Araújo, professora, propus-me desde adolescente, buscar as Artes. Dentre elas, está a Literária. Assim, desde então, dediquei-me a produzir, especialmente crônicas, versando a respeito de vários temas. Nesta Revista, disponibilizo à comuni-dade sergipana, o meu trabalho sobre Florentino Teles de Menezes, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, requisito para o meu ingresso no Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras, onde ocupo a cadeira número 12.

Discurso de Posse no Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras em 07 de Novembro de 2005

Ângela Margarida Torres de Araújo

2005 é o ano do Brasil na França. Uma programação dirigida para o evento foi cri-teriosamente organizada, considerando-se a multiplicidade de elementos que

dão corpo à nossa cultura, tornando-a facetada em suas diferentes manifestações.É um projeto francês conhecido como Saisons Culturelles Étrangèares en France,

cujo objetivo é homenagear e divulgar os mais diversos países do mundo.O tema para o presente acontecimento é Brésil, Brésils – Brasil, Brasis – oca-

sião em que o Brasil é enaltecido diante das nações pela diversidade e moderni-dade da sua cultura, como também exibi-lo rico nos seus aspectos físicos, eco-nômicos, turísticos.

As relações franco-brasileiras não são inerentes ao século XXI. O primeiro con-tato da França com o Brasil data de 1504, quando o Capitão Binot de Gonneville esteve pacificamente entre os índios carijós, durante seis meses, no atual Estado de Santa Catarina. A esse, seguiram-se outros, ao longo da história nacional, rápidos, ou de objetivos frustrados.

Academia Sergipana de Letras - Movimento Cultural Antonio Garcia Filho28

ANTÔNIO PORFÍRIO DE MATOS NETO

Antônio Porfírio de Matos Neto nasceu a 10 de agosto de 1963, é casado com a gestora pública Hortênsia Sotero de Matos, sendo genitor de José Pedro Gomes de Matos. É natural de Frei Paulo, na região centro-oeste de Sergipe, residindo na capital sergipana desde 1976. Funcionário público de carreira há mais de trinta e dois anos, da Com-panhia do Vale do São Francisco e Parnaíba - Codevasf, onde exerceu cargo de superintendente regional, supe-

rintendente substituto, chefe de gabinete, gerente de administração, chefe de meio ambiente, além de diversos outros cargos na companhia. É graduado em Ciências Jurídicas, estudou Economia, atualmente doutorando em Direito pela Universidade de Buenos Aires e graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Sergipe, mestrando em Economia pela UFS, pós-graduado em Gestão Pública pela UFS, e com Curso de Desenvolvimento de Líderes, com especialização em meio ambiente, sendo também Técnico em Agropecuária pelo Colégio Agrícola de Sergipe. Jornalis-ta registrado na DRT sob nº 21975/67-MT, membro da Associação Sergipana de Im-prensa (ASI), da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), da Academia de Letras de Aracaju (ALA). No campo literário, é autor dos seguintes livros: Histó-ria de Frei Paulo, Lampião e Zé Baiano no Povoado Alagadiço, História da Lagoa Salomé, Os últimos dias de Lampião, Esboço Histórico do Rio São Francisco e seus Aspectos Ambientais, A Inelegibilidade e a Dispensa de Licitação em Caso de Cala-midade Pública, e Temas de Economia e Outros Temas. É organizador e presidente do Museu do Cangaço, no Povoado Alagadiço, município de Frei Paulo. Publicou di-versos artigos na imprensa sergipana e nacional, abordando figuras históricas, tais como Fausto Cardoso, Tobias Barreto, Barão de Mauá, Tiradentes, dentre outros.

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José Silvério Leite FontesEsboço Biográfico de um Intelectual Sergipano

Antônio Porfírio de Matos Neto 1

A intelectualidade sergipana teve no professor José Silvério Leite Fontes uma de suas expressões mais profundas e renomadas. Homem simples, de palavras

firmes, contundente nas suas ideias, este nobre pensador sergipano, antes de ser nomeado pelos seus méritos e qualificações, foi antes de tudo um mestre.

Designar o saudoso Silvério Fontes como professor é trazer na expressão do-cente todas as suas demais qualificações, pois reconhecido como verdadeiro mes-tre em todos os ofícios que abraçou. Daí ser jurista o professor, daí ser mestre o docente, daí ser igualmente mestre o intelectual, o pensador, o escritor, o filósofo Silvério Fontes.

Como bem assinalado pela nobre acadêmica e escritora Luzia Maria da Costa Nascimento:

José Silvério Leite Fontes foi uma personalidade sergipana que experimentou diversas áreas do conhecimento humano. His-toriógrafo, sociólogo, antropólogo, filósofo e jurista. Era um homem completo. Dedicou-se com extremo apego ao magis-tério. Professor de várias gerações, notabilizou-se no ensino universitário e formou uma plêiade de seguidores, marcando a sua presença destacada na vida cultural do Estado de Sergipe. (NASCIMENTO, 2007, p. 22)

Filho de Silvério da Silveira Fontes e Iracema Leite Fontes, José Silvério Leite Fontes nasceu em Aracaju a 6 de abril de 1924. Filho de lar exemplar, de pai mo-desto e trabalhador, mãe dedicada aos filhos e aos afazeres domésticos, ambos de fervoroso catolicismo abnegados pelas lições cristãs. Em 5 de fevereiro de 1954, Silvério Fontes casou com Elze Silveira, tendo o casal sete filhos.

Foi na Rua Itabaianinha, no centro da capital, onde o menino Silvério compar-tilhou sua infância ao lado dos amigos, sempre envolto em brincadeiras próprias

1 Membro do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho (MAC), da Academia Sergipana de Letras, ocu-pando a Cadeira nº 18. Membro da Associação Sergipana de Imprensa (ASI), da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), da Academia de Letras de Aracaju (ALA). Funcionário público federal. Bacharel em Direito. e-mail: [email protected]