opus
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A Opus Alquímica e a
Psicoterapia
Ten ta r enxe rga r o p roce s so a lqu ímico com o o lha r p s i co lóg i co
r eque r do buscado r um mergu lho , s empre ma i s p ro fundo e i s en to de
p r econce i t o , na s r e a l i dades p s íqu i ca s do i nconsc i en t e . É d i s so lve r o
de sconhec ido em seu p róp r io f l u ido pa ra da í r e t i r a r uma pe rcepção
b ruxu l ean t e do imponde ráve l .
Sendo o s imbo l i smo a lqu ímico um p rodu to da p s ique
i nconsc i en t e , exp lo ra - l o é p ro j e t a r sob re e l e a r i queza e a obscu r idade
do mundo i n t e rno do p róp r io a l qu imi s t a . Em Mys t e r i um
Con iunc t i on i s , Jung comen ta sob re a impor t ânc i a da a lqu imia na
pe r cepção mac ro do p roce s so ana l í t i co :
“Todo proced imen to a lqu ímico . . . pode mui to
bem repre sen tar o p roces so de ind i v iduação num
ind i v íduo par t i cu la r , embora com a d i f e rença não
de sprov ida de impor tânc ia de que nenhum ind i v íduo
par t i cu la r abarca a r i queza e o a l cance do
s imbo l i smo a lqu ímico . Es t e t em a s eu favor o fa to
de t e r s i do cons t ru ído ao l ongo dos s écu los . . .É
t a re fa mui to d i f í c i l e ingra ta a t en ta t i va de
de sc reve r o p roces so de ind i v iduação a par t i r de
ma te r ia i s de casos . . .Na minha exper i ênc ia , nenhum
caso é su f i c i en t emen te amp lo para r eve la r t odos o s
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aspec to s com uma r iqueza de de ta lhes que o l e ve a
s e r cons ide rado parad igmát i co . . .A a lqu imia , por
consegu in t e , r ea l i zou para mim o g rande e
ine s t imáve l s e rv i ço de fo rnecer o ma te r ia l em que
minha exper i ênc ia pudes se encon t rar e spaço
su f i c i en t e , o que me pos s ib i l i t ou de sc reve r o
p roces so de ind i v iduação , ao menos em seus
a spec to s e s senc ia i s . ”
O a rcabouço e s t ru tu r a l do p roce s so a lqu ímico , r eve l ado em suas
f a se s , de sc r eve , po r e s se pon to de v i s t a , a j o rnada de de senvo lv imen to
da p s ique em sua i nd iv iduação . O p róp r io p roce s so p s i co t e r apêu t i co ,
que s e p ropõe a fo rnece r ao pac i en t e ( a l qu imi s t a ) o aux í l i o pa r a o s eu
de senvo lve r - s e , t ambém con t a com o Deo-conceden t e no s egu i r da s
f a se s de t r ans fo rmação p s i co lóg i ca e , ba seado na s imagens fo rnec ida s
pe l a a l qu imia , con f igu ra , em ve rdade uma p ro j eção ana tômica de s se
p roce s so , a t r avé s da qua l o ana l i s t a , de c e r t a f o rma , s e o r i en t a na
pe r cepção da j o rnada que t em d i an t e de s i , que nada ma i s é do que a
p róp r i a OPUS.
Aspectos da Opus
É exa t amen te e s sa , a imagem foca l do p roce s so a lqu ímico , onde
ex i s t e um sag rado compromis so na busca de um va lo r e s senc i a l e
sup remo , que não acon t ece s em um sac r i f í c i o e s em o pa s sa r pe l a
a f l i ç ão do cad inho , donde s e s epa ra r ão a s impureza s da
e s senc i a l i dade . E i s a Opus , como t r ans fo rmação do que é v i l no que é
s ag rado . E pa ra a consecução de s sa g r ande ob ra , nece s sá r i o s e f a z a s
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v i r t udes de pac i ênc i a , da co ragem pa ra en f r en t a r a ans i edade e da
pe r seve rança no e s fo r ço de debe l a r a s a l t e r ações de humor e
compreende r aqu i l o que e s t á oco r r endo , d i zem os a lqu imi s t a s .
A Opus r eque r uma a t i t ude r e l i g io sa , ou s e j a , r eve l a a
impor t ânc i a de uma o r i en t ação pa ra o S i -mesmo e não pa ra o ego ,
a t r avé s de uma cu idadosa expansão da consc i ênc i a num n íve l
t r anspes soa l , r eve l ando uma função r e l i g io sa a t i va no encon t ro com o
Se l f . Va l e r e s sa l t a r que , no p roce s so p s i co t e r apêu t i co , e s sa expansão
do n íve l t r anspes soa l e o de senvo lv imen to da função r e l i g io sa , de ixam
de s e r r equ i s i t o s e pa s sam a s e r me t a s , ha j a v i s t a que s ão pa r t e
e s senc i a l do de senvo lv imen to da p s ique . Es se encon t ro com a ped ra
f i l o so fa l é um f enômeno que su rge de den t ro pa r a fo r a , como adv indo
j u s t amen te do S i -mesmo , f ru to do impu l so da i nd iv iduação , em seu
f l uxo na tu r a l .
A Opus a lqu ímica t ambém se r eve l a como um t r aba lho de
na tu r eza i nd iv idua l , r e f e r endando a so l i t ude da j o rnada de
i nd iv iduação , que é expe r imen t ada pe lo s e r , no i so l amen to . A i su rge a
ques t ão da a l i enação do mundo du ran t e pa r t e do p roce s so em que o
homem mergu lha na s p róp r i a s b rumas , en t r ando naqu i l o que é
chamado de Graça D iv ina , f a zendo - se i ncompreens íve l ao mundo e po r
e l e od i ado e a l i j ado . Pe rcebe - se t ambém o pa ra l e lo p s i co t e r áp i co que
t an to pode s e r i ncompreend ido pe lo ex t e rno , quan to a t a cado e
de sdenhado pe l a Sombra daque l e que e s t i ve r envo lv ido .
A Opus t ambém ap re sen t a s eu ca r á t e r s ec r e to , ence r r ando o
cu idado s ag rado de não vu lga r i z a r a “ a r t e ” . Fa l a , ana logamen te na
p s i co t e r ap i a , daque l a s expe r i ênc i a s que não podem se r t r ansmi t i da s e
r e conhec ida s ou r eve l adas àque l e s que não a t enham v iv ido em suas
p róp r i a s a lmas . T ransmi t i r o “ seg redo” , o s abe r , de mane i r a
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equ ivocada ou p r ema tu ra pode rá oca s iona r a i n f l a ção de ego , po r
con t a de sua i den t i f i c ação com a imagem a rque t í p i ca , podendo
cana l i z a r ene rg i a s t r anspes soa i s pa r a f i n s pe s soa i s , com e fe i t o
de s t ru t i vo e de se s t ru tu r an t e .
En t ende - se a Opus a lqu ímica como um p roces so d i spa rado pe l a
na tu r eza , mas que r eque r da a lma a pe r cepção de s sa a r t e e o e s fo r ço
consc i en t e de l a pa r a sua consecução . Ou se j a , mu i to embora s e j amos
t e l eo log i camen te o r i en t ados , é nece s sá r i o a l ém d i s so um t r aba lho de
o rdem ind iv idua l pa r a que s e a l c ance a me t a .
É a t r avé s do ego ( a lqu imi s t a ) que a na tu r eza r ea l i z a o de se jo de
a t i ng i r a consc i ênc i a , que j a z , no caos da ma t é r i a i nconsc i en t e , de
onde su rge o mundo . A c r i a ção de s se mundo , ob ra a l qu ímica , é
compa rada , sob o o lha r da p s i co log i a p ro funda , à i nd iv iduação . Des sa
mesma fo rma , o e squema da Opus t em o p ropós i t o de c r i a r a Ped ra
F i l o so fa l ou o E l i x i r da V ida , med i an t e a a ção no caos e na v i l e za de
sua p r im i t i v idade . A p r ima ma té r i a p r ec i s a s e r de scobe r t a e subme t ida
a uma sé r i e de ope rações a f im de que s e a l c ance o ob j e t i vo a lqu ímico
da t r ans fo rmação .
A Prima Matéria
O t e rmo P r ima Ma té r i a r emon ta o s p r é - soc rá t i cos e e s t á
r e l a c ionado à i dé i a de que t udo é o r i g inado de uma ma té r i a ún i ca
o r i g ina l , s endo cons ide rada po r uns a água ou o fogo , o a r ou a t e r r a .
A i dé i a de mu l t i p l i c i dade não l he f a z fug i r de sua e s sênc i a e l emen ta l
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e , po r con t a d i s so , r e cebe uma e s t ru tu r a quád rup l a , com do i s g rupos
de con t r á r i o s , con fo rme menc ionado an t e s .
O conce i t o de caos i n i c i a l , numa ma té r i a i nd i f e r enc i ada , donde
su rge uma c r i a ção conc re t a ou ex t e rna , pode s e r compreend ido
p s i co log i camen te como a c r i a ção do ego a pa r t i r do i nconsc i en t e ,
a t r avé s do p roce s so de de senvo lv imen to da s qua t ro funções e c to -
ps íqu i ca s que s ão o pensamen to , o s en t imen to , a i n tu i ção e a
s ensação .
Den t ro do pensamen to a lqu ímico , pa r a t r ans fo rmar uma
subs t ânc i a é nece s sá r i o r eduz i - l a ao s eu e s t ado de o r i g ina l i dade , de
i nd i f e r enc i ação . Ana logamen te oco r r e com o p roce s so de p s i co t e r ap i a ,
onde o s a spec to s f i xados da pe r sona l i dade , o s qua i s , po r sua na tu r eza
ex t á t i c a e só l i da não pe rmi t em f ác i l pene t r ação e mudança , s ão
r eduz idos , cons t i t u indo i s so uma da s e t apa s que compõem e s sa
t r ans fo rmação p s íqu i ca . To rnando - se vu lne ráve l e abe r t a ao
de senvo lv imen to , como uma c r i ança i nocen t e , e s s a ma t é r i a pode s e r
t r aba lhada .
Mui to embora t enhamos a i dé i a de que i s so pode r i a s e r
p roduz ido , den t ro da s co r r e l ações en t r e p s i co log i a e a l qu imia ,
e s t abe l ece - se mu i to ma i s o conce i t o de encon t r a r e s sa p r ima ma té r i a .
Es sa ques t ão , que den t ro do s e t t e r apêu t i co a f i gu ra - s e c l a r amen te
como um dos p r ime i ro s de sa f i o s sob o o lha r do ana l i s t a que é
de scob r i r , d i an t e da que ixa do pac i en t e , qua l é o ve rdade i ro ma t e r i a l a
s e r t r aba lhado na p s i co t e r ap i a .
Des sa fo rma , t emos a lguns i nd í c io s a ce r ca de s sa p r ima ma té r i a
na p s i co t e r ap i a :
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1 . O ma te r i a l p s i co t e r apêu t i co encon t r a - s e na s v ivênc i a s
co t i d i anas , nos humores e r e ações ma i s i n s ign i f i c an t e s , o s qua i s
podem se r ap rove i t ados pa r a s e e s t abe l ece r um d i á logo com aque l a
a lma que e s t á d i an t e de nós . A t r avés de s se mapa que s e e s t ende po r
de t r á s da f a l a do pac i en t e , é pos s íve l i r t r a çando uma pe rcepção de
sua p s ique , de como e l a func iona e o que a move .
2 . A p r ima ma té r i a encon t r a - s e nos con t eúdos sombr io s que
nece s s i t am se r t r a z idos à consc i ênc i a pa r a a i n t eg ração e que , po r
con t a de sua na tu r eza no rma lmen te r e j e i t ada , e s condem-se sob o s véus
da s r e s i s t ênc i a s , da s imagens t r uncadas e dos de sv io s que , em ge ra l ,
s ão u sados como a r t i f í c i o pa r a a manu t enção da s imagens f i xadas no
p s iqu i smo .
3 . A f ace t a de mu l t i p l i c i dade da p r ima ma té r i a su rge a t r avé s da
v i s ão f r agmen tada do p s iqu i smo na t e r ap i a . A imagem de de sconexão
va i s endo pouco a pouco decod i f i c ada e o s e l emen tos de sconexos vão
a jun t ando - se de mane i r a a que s e pe r ceba , g r adua lmen te , a
complex idade do cená r io , ao t empo em que , c l a r e i am-se a s pe r cepções
do s e r a ce r ca de s i mesmo e do t e r apeu t a sob re s eu pac i en t e ,
cons t ru indo uma v i s ão de un idade ne s sa d ive r s i dade .
4 . A i nd i f e r enc i ação da p r ima ma té r i a e sua ausênc i a de
f ron t e i r a s de l im i t adas , co r r e sponde à expos i ção do ego ao i n f i n i t o po r
pa r t e do i nconsc i en t e . É e s se t udo e e s se nada que p ropõe ao ego
i nc ip i en t e ou em e s t ru tu r ação , a medonha pos s ib i l i dade da d i s so lução
e pe rda de s i mesmo , a s s im como o lha r a s sombrado d i an t e da
e t e rn idade . Des sa mane i r a , t an to o ego é t en t ado a abs t e r - s e de novos
de sa f i o s , r ompendo a s ba r r e i r a s de sua e s t r e i t e za , pa r a ga r an t i r a f a l s a
s ensação de s egu rança , imped indo -o ou i n t im idando -o a en f r en t a r o
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grande de sconhec ido que l he pode a t e r r a r a pob re i dé i a que f az i a de s i
mesmo .
Como f a l a Jung , na c i t a ção r e t i r ada de Mys t e r i um Con iunc t i on i s ,
e s s e p roce s so t r ans fo rmador da p s ique não pode s e r obse rvado apenas
a t r avé s do e s t r e i t o un ive r so de uns poucos ca sos c l í n i cos . Po r
pe r t ence r a uma e s t ru tu r a a rque t í p i ca , ab r ange não somen te uma
va r i edade , mas t ambém uma p ro fund idade que somen te o s ímbo lo pode
con t e r . E é a t r avé s de s sa v i s ão amp l i f i c ada que a a l qu imia con fe r e ao
p roce s so de de senvo lv imen to , s imbo l i z ado na Ped ra F i l o so fa l , que s e
f a z pos s íve l c a t ego r i za r a c i n t i l an t e e obscu ra e s t r ada , com os
de sa f i o s que ca r ac t e r i z am a expe r i ênc i a da i nd iv iduação ,
comple t amen te l i v r e de denominações r í g ida s e ap re s sadas e , po r t an to ,
s empre de sa f i ando po r sua d inâmica , a compreensão t endenc io sa aos
enquad re s que o r a c iona l i smo p re t ende cons t ru i r .
"O prob l ema cen t ra l da p s i co log ia é a
in t egração dos opos to s . I s t o é encon t rado em todo
lugar e t odos o s n í ve i s . Em Ps i co log ia e A lqu imia
ocupe i -me da in t egração de Sa tanás . I s t o s e r ea l i za
por me io de um proces so s imbó l i co mui to compl i cado
que co inc ide a g ros so modo com o p roces so
p s i co lóg i co da ind i v iduação . Em a lqu imia e s t e
p roces so s e chama con junção de do i s p r inc íp io s . As
operações a lqu ímicas e ram rea i s , somen te que a sua
r ea l i dade não e ra f í s i ca , mas s im ps i co lóg i ca . A
a lqu imia r epre sen ta a p ro j eção em labora tó r io de
uma drama ao mesmo t empo cósmico e p s i co lóg i co .
Na l inguagem dos a lqu imi s ta s a ma té r ia so f re a t é que
a n ig redo de sapareça ; en tão a cauda do pavão ( cauda
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pavon i s ) anunc iará a aurora e surg i rá um novo d ia , a
l eúkos i s ou a lbedo .
“O negrume ou n ig redo é um e s tado in i c ia l ,
s empre p re sen t e no in í c io como uma qua l idade da
p r ima ma té r ia , do caos ou da massa confusa ; pode
t ambém se r p roduz ido pe la s eparação dos e l emen tos
( so lu t i o , s epara t i o , d i v i s i o , pu t r e fac t i o ) . Se o e s t ado
de d i v i são s e apre sen tade in í c io , como acon tece
a lgumas ve ze s , en tão a un ião dos opos to s s e cumpre à
s eme lhança da un ião do mascu l ino e do f emin ino
( chamado con iunc t i o , ma t r imon ium, co i tus ) , s egu ido
pe la mor t e do p rodu to da un ião (mor t i f i ca t i o ,
ca l c ina t i o , pu t r e fac t i o ) e s eu r e spec t i vo
enegrec imen to . A par t i r da n ig redo , a l avagem
(ab lu t i o , bap t i sma) conduz d i r e tamen te ao
embranquec imen to , ou en tão ocor re que a a lma
(an ima) l i be r ta pe la mor t e é r eun ida ao corpo mor to
e cumpre sua r e s sur re i ção ; pode dar - se f ina lmen te
que a s múl t i p la s core s ( cauda pavon i s ) conduzam à
cor b ranca e uma , que con t ém todas a s core s . . . t ra ta -
s e da a lbedo . A A lbedo , é , por a s s im d i z e r a aurora ;
mas só a rubedo é o nasce r do so l . A t rans i ção para a
rubedo , o amare l ec imen to ( c i t r in i t a s ) . . .O b ranco e o
v e rme lho podem en tão ce l ebrar a s suas núpc ia s . . . ”
C.G.Jung – Obras Completas, vol. XII
É a s s im que t odos o s e s t ág io s p s íqu i cos l i gados ao p roce s so de
i nd iv iduação podem se r v i s t o s me t a fo r i c amen te a pa r t i r dos e s t ág io s
a l qu ímicos , a começa r pe lo p róp r io p roce s so de aná l i s e v i s t o como um
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t odo . O encon t ro de duas pe r sona l i dades é s eme lhan t e à m i s tu r a de
duas d i f e r en t e s subs t ânc i a s qu ímica s ; uma l i gação pode a ambas
t r ans fo rmar . O a lqu imi s t a i l u s t r a não somen te em seus t r a ços ge r a i s ,
mas mu i t a s veze s em de t a lhe s de sconce r t an t e s aque l a mesma
f enomeno log i a p s íqu i ca que o t e r apeu t a pode obse rva r du ran t e o
con f ron to com o i nconsc i en t e .
A pa r t i r de ago ra , busca remos t r a ça r ana log i a s en t r e o s
p roce s sos i ne r en t e s à Opus e sua co r r e spondênc i a na p s i co t e r ap i a .
Sa l i en t e - s e que a o rdem aqu i ap re sen t ada é me ramen te de sc r i t i va .
A Calcinatio
O p roces so a lqu ímico da ca l c ina t i o e s t á r e l a c ionado ao
aquec imen to de um só l i do , com a f i na l i dade de r e t i r a r - l he a água e
t odos o s dema i s e l emen tos pa s s íve i s de vo l a t i z ação , r e s t ando da l i
apenas um pó f i no e s eco . A ca l c ina t i o , po r t an to , é uma ope ração do
e l emen to fogo , s imbo l i z ado po r Jung como a l i b ido .
A ca l c ina t i o é e f e tuada na Sombra , onde r e s idem os de se jo s
i n s t i n t i vos e não i n t eg rados , con t aminados pe lo i nconsc i en t e . O fogo
a í é r ep re sen t ado pe l a f ru s t r a ção dos de se jo s e da concup i scênc i a , o
que é um a spec to do p roce s so de de senvo lv imen to , que é a t i vado de
mane i r a s audáve l sob re t udo s e ex i s t e uma r e l ação com o S i -mesmo . É
como a eno rme chama a t i ç ada do d r agão que vem ao máx imo pa ra s e r
consumida em s i mesma e apagada . É pe lo i n s t i n to que o i n s t i n to é
consumido .
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Seu pode r pu rgado r a t ua sob re a n ig r edo , t o rnando -a em a lbedo
e sua imagem invu lne ráve l apon t a pa r a a imposs ib i l i dade de
i den t i f i c ação com o a f e to , va l endo i s so pa r a a expe r i ênc i a da p s ique
a rque t í p i ca , que amp l i a e ap ro funda a consc i ênc i a do ego pe l a fo r ça
do a rqué t i po . I nve r samen te , um ou t ro ego en f r aquec ido s e r á
consumido pe l a i n t ens idade do encon t ro com um a fe to i n t enso .
Os a spec to s do ego i den t i f i c ados com a s ene rg i a s t r anspes soa i s
da p s ique (Se l f ou mesmo , o fogo de Deus ) e u t i l i z ados pa r a
f i na l i dades pe s soa i s , s e j am de pode r ou de p r aze r , s e r ão ca l c inados .
Quan to ma io r a d i co tomia en t r e bem e ma l , c e r t o e e r r ado , ou s e j a
quan to ma io r a po l a r i z ação de s se s a spec to s neu ró t i cos , ma i s l onga
s e r á a c a l c inação de s se s e l emen tos , a t é que o fogo da p róp r i a cu lpa
e svaz i e a ba l ança do j u lgamen to po r e s sa imagem pun i t i va e
compensa tó r i a , r ep re sen t ada pe l a i r a d iv ina , enquan to imagem
a rque t í p i ca cons t e l ada no p s iqu i smo .
De ce r t a f o rma e s sa imagem nos f az ava l i a r , t omando po r ba se
a lguns e sc r i t o s r e l i g io sos , que me t a fo r i c amen te abo rdam a ca l c ina t i o ,
que é a “ i n iqu idade” daque l a p s iquê que de l i be r a r á , po r e f e i t o de uma
ação pun i t i va e d iv ina , o r i unda de uma r e l ação d i s t o r c ida com aqu i l o
que s e j a o Deus i n t e rno , uma pu rgação ma i s do lo rosa e ma i s
demorada , com f i na l i dade a r e cons t ru i r a homeos t a se daque l a a lma
pe ran t e s i mesma . É o fogo que s epa ra o que é cons t an t e ou f i xo
daqu i l o que é vo l á t i l .
E s sa i dé i a nos t r a z a pe r cepção de que o pac i en t e deve rá a rde r
na s p róp r i a s chamas a f im de a t r ave s sa r a s zonas ma i s neg ra s de sua
ca l c ina t i o , a t r avé s da angús t i a que s eu con f l i t o l he t r aduz e de t odo
abandono que e s sa do r so l i t á r i a l he con fe r e , r e a lmen t e t endo po r
e f e i t o , após o sucumbi r da f ru s t r a ção , a amp l i ação de sua consc i ênc i a .
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É a t r avés de s sa s chamas da ca l c ina t i o que o s e r a l c ança t ambém
e s sa r e s t au ração da v ida a t r avé s da f r agmen tação pe l a f ru s t r a ção e da
i n t ens idade do a f e to . O a rde r l he conv ida a de sce r ao i n f e rnos de sua s
i dé i a s ma i s p ro fundas e a noção da s c i nza s na s qua i s s e t o rna e de
onde r e s su rge ou pode r e s su rg i r , s e pude r a t r ave s sa r s eu so f r imen to
p s íqu i co . A pa r t i r da í pode have r uma conso l i dação de s eu ego .
A t r avés do p roce s so da ca l c ina t i o t o rna - se pos s íve l v incu l a r o
ego à p s ique ob j e t i va , t o rnando -o consc i en t e daque l e s a spec to s
t r anspes soa i s e imor t a i s i ne r en t e s a e s sa i n s t ânc i a . A c inza b r anca que
r e su l t a da ca l c ina t i o s imbo l i z a a a l bedo . Tan to é cons ide rada como a
imagem do de se spe ro , do p r an to ou do a r r epend imen to , quan to o a l vo
em s i . É como uma t r ave s s i a po r en t r e a s b r a sa s ao f i na l da qua l s e
cons ide ra v i t o r i o so aque l e que a a t r ave s sa .
Cons ide re - s e o p roce s so de a t r ave s sa r t ão impor t an t e quan to o
r e su l t ado f i na l da c a l c inação . Em con t a to com a s f e r i da s abe r t a s po r
e s se fogo imp lacáve l , a a lma va i pene t r ando em sua e scu r idão ,
c au t e r i z ando e ab r i ndo e s t a s mesmas f e r i da s , e amp l i ando , de s sa
fo rma , pe l a do r p s íqu i ca , a s abedo r i a e o con t a to com o S i Mesmo .
A ca l c ina t i o t ambém é uma secagem dos complexos , r e t i r ando -os
da água do i nconsc i en t e . É do p róp r io complexo que s e r e t i r a r á a
i n t ens idade do fogo nece s sá r i o pa r a l eva r a t e rmo e s sa ope ração . É no
compa r t i l ha r de s se complexo com o ou t ro que s e i n i c i a a ope ração ,
l i be r ando , pe l a t ona l i dade emoc iona l com que e s t á c a r r egado , a chama
que l he s eca r á e l he de scon t amina rá do i nconsc i en t e , l i be r ando
ene rg i a p s íqu i ca no con t a to com a s cu lpa s , o s de se jo s , a s ve rgonhas
que ganham exp re s são ne s se s momen tos .
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Neces sá r i o s e t o rna , na p s i co t e r ap i a , i den t i f i c a r e a f i rma r o
de se jo i nconsc i en t e . Ou s e j a , e s s e f a t o ou r ea l i dade p s íqu i ca p r ec i s a
s e r a ce i t a pe lo ego e , c e r t amen te , é impe r io so , an t e s que a c a l c ina t i o
r e a lmen t e oco r r a , que o ma t e r i a l r e a l e s t e j a d i an t e de s se ego , c a so
con t r á r i o o e f e i t o pode s e r a f l age l ação cu lposa e masoqu i s t a . É um
p roces so que acon t ece de den t ro pa r a fo r a .
Ao l ança r mão de s se p roce s so , o t e r apeu t a exp re s sa a t i t udes e
r e ações que f ru s t r am o pac i en t e e deve e s t a r a t en to pa r a s abe r s e
aque l e p s iqu i smo j á t em e s t ru tu r a pa r a supo r t a r e s sa f ru s t r a ção . O
ma te r i a l u sado que pode s e r c a l c inado é aque l e de se jo do pac i en t e que
encon t r a , em sua neu rose , um a spec to de f ru s t r a ção como t endênc i a
i n t e rna . A ps ique a rque t í p i ca apa rece j un to ao de se jo ou ne l e
en t r anhado , po r uma i den t i f i c ação com o ego , con fe r i ndo - lhe uma
ce r t e za de s eu merec imen to de s ac i edade de p r aze r e pode r . Na
ca l c ina t i o , e s s a s i den t i f i c ações s ão pu rgadas à med ida em que s ão
r econhec ida s como con t eúdo a rque t í p i co , podendo en t ão , s e r
r e s t au rado o con t eúdo o r i g ina l . O p roce s so con fe r e a hab i l i dade de
pe r cebe r o a spec to a rque t í p i co e /ou t e l eo lóg i co da ex i s t ênc i a , ao
t empo em que pos s ib i l i t a um desapa ixona r - s e , imun izando o ego ao
a f e to de so rdenado e neu ró t i co , c ausado r de so f r imen to e ans i edade .
Em seu l uga r , expe r imen t a - s e o fogo t r anscenden t e ao i nvés do
t e r r eno que ge ra a f ru s t r a ção .
A Solutio
Pe r t encen t e ao e l emen to água , a so lu t i o é um dos p r i nc ipa i s
p roced imen tos a l qu ímicos . D iz - s e , i nc lu s ive que a opus r e sume- se na
12
exp re s são : D i s so lve e coagu l a ! Equ iva l e à t r ans fo rmação de um só l i do
em um l í qu ido , s i gn i f i c ando o r e to rno da ma t é r i a ao s eu e s t ado
i nd i f e r enc i ado , a p r ima ma té r i a . Na p s i co t e r ap i a t r aduz - se pe l a
d i s so lução de a spec to s f i xos da pe r sona l i dade , a t r avé s do p roce s so
ana l í t i co , que examina o s con t eúdos do i nconsc i en t e e ques t i ona a s
a t i t udes do ego .
Na so lu t i o f i c a imp l í c i t o t ambém a un i ão i nce s tuosa no s en t i do
s imbó l i co . O p r i nc íp io mascu l i no e o f emin ino , pó lo s de uma mesma
ps ique , d i s so lv idos na água do i nconsc i en t e . Um mov imen to
r eg re s s ivo , de r e t o rno ao ú t e ro , à mãe , c ausando de scon fo r to ao ego
ma i s e s t ru tu r ado ou r econ fo r to aque l e ou t ro que aco lhe ima tu ramen te
e s sa t endênc i a r eg re s s iva . De um l ado , t emos a ameaça de d i s so lução
da au tonomia , pa r a o ego ma i s maduro , med i an t e o me rgu lho na s
zonas obscu ra s e do ou t ro a f e l i z so lu t i o do ego i n f an t i l , que pene t r a
t an to no oceano de p r aze r e p ro t eção ma te rna l , quan to na pa s s iv idade ,
r e s sa l t ando um aba ixamen to da l i b ido , da nos t a lg i a e da au to - en t r ega .
A so lu t i o t r a z do i s r e su l t ados em sua ope ração : p rovoca o
de sapa rec imen to de uma fo rma e o su rg imen to de uma fo rma nova . É
a s soc i ada , po i s , com a n ig r edo e com a mor t i f i c a t i o , v i s t o que o que
s e r á d i s so lv ido so f r e r á o an iqu i l amen to . A d i s so lução vêm do p róp r io
exce s so i n t e rno , ou s e j a a i n f l a ção do ego é , ao mesmo t empo , a c ausa
e o agen t e de s sa ope ração . Em mui t a s oca s iõe s o amor e a l uxú r i a s ão
agen t e s da so lu t i o , que pa r a l i s am o de senvo lv imen to de uma ques t ão
ou e s t ág io p s íqu i co , enquan to a i nundação não chega ao f im ,
d i s so lvendo o p rob l ema .
Pa ra que e s sa d i s so lução ex i s t a nece s sá r i o s e t o rna a l c ança r um
pon to de v i s t a de o rdem supe r io r , que t enha o pode r de con t e r a
ques t ão que p rovoca o so f r imen to p s íqu i co , t o rnando - se num vaso
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con t i nen t e . Es se engo l i r que oco r r e na so lu t i o , t r a z cons igo uma
r e s s ign i f i c ação . Nes se p roce s so , aque l e s a spec to s do ego que s e
encon t r am v incu l ados ou em consonânc i a com o S i -mesmo de modo
consc i en t e , supo r t am e sob rev ivem à so lu t i o .
A so lu t i o t ambém pode r oco r r e r quando o ego s e de f ron t a com
a lgo que é ma io r e ma i s ab rangen t e do que e l e , como uma men te ma i s
de senvo lv ida , o con t a to com um novo conhec imen to , ou um g rupo de
exp re s são , que pode rão ag i r como agen t e de d i s so lução . De ce r t a
f o rma , l embra o pan t e í smo , só que de fo rma i nve r sa , onde a a lma s e
pe rde no oceano de uma t o t a l i dade e a l í decompõe - se pa r t i l hando sua
expe r i ênc i a . No ca so aqu i c i t ado , há uma i den t i f i c ação com aqu i l o
onde s e p ro j e t a o s i -mesmo .
Sob ce r t o a spec to , o mesmo oco r r e com o ego , com a t i t ude
un i l a t e r a l , o qua l , d i an t e de um ana l i s t a cu j a v i s ão s e j a ma i s
ab rangen t e e que ab ran j a opos to s . Nes se ca so , s e há abe r t u r a à
i n f l uênc i a , pode oco r r e r a so lu t i o . Po r ou t ro l ado , a a t i t ude ma i s
amp la do t e r apeu t a pode ge ra r r e s i s t ênc i a no pac i en t e , devendo e s t e
e s t a r a t en to a i s so e r e spe i t a r e s se momen to . A d i s so lução da s
ques tõe s p s i co lóg i ca s s e dá med i an t e a sua t r ans f e r ênc i a pa r a o
domín io do s en t imen to . Ass im , ao dec i f r a r o en igma da e s f i nge , dá
l i v r e pa s sagem à l i b ido an t e s obs t ru ída pe l a imagem do s i n toma .
O p róp r io p roce s so de i n t e rp r e t ação dos sonhos , amp l i a a s
pe r cepções un i l a t e r a l i z adas med i an t e o con f ron to en t r e a s a t i t udes do
ego e a s mensagens do i nconsc i en t e . I s so , c e r t amen te ge r a o p roce s so
de so lu t i o e a s epa ração dos e l emen tos a l i con t i dos . A ope ração
ap re sen t a , no a spec to nega t i vo e sombr io , um sen t i do de d i s so lução da
ma t é r i a d i f e r enc i ada ou con t eúdo do ego a t é a i nd i f e r enc i ada , a a cqua
pe rmanens . Po r ou t ro l ado , em seu a spec to supe r io r , onde oco r r e a
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t r an spos i ção de opos to s , conso l i da - se o e sp í r i t o , ou s e j a , o s a spec to s
t r anspes soa i s da p s ique ob j e t i va , o S i -mesmo . É o encon t ro com o
Numinoso , que r ee s t abe l ece a s aúde da r e l a ção ego -Se l f , s a l vando
apenas o que va l e a pena s e r s a lvo , o s con t eúdos r ea lmen t e a l i nhados
com o S i -mesmo , e r ed imindo o s con t eúdos comprome t idos ,
de r r e t endo -os ou r eo rdenando-os em novas e s t ru tu r a s .
A Coagulatio
Essa ope ração a lqu ímica t r ans fo rma a s co i s a s em t e r r a , cu j a
c a r ac t e r í s t i c a é a pos se de uma fo rma e a pos i ção f i xa .
P s i co log i camen te f a l ando , t o rna r - s e t e r r a s i gn i f i c a ganha r conc re tude ,
l i ga r - s e ao ego , à consc i ênc i a . T ra t a - s e de uma e spéc i e de
r eo r i en t ação e da t r a z ida pa r a o mundo da s a ções daqu i l o que an t e s
e r a apenas men t a l e não r ea l i z ado , p romovendo o de senvo lv imen to do
ego .
O s imbo l i smo do mercú r io , na s r e ce i t a s de coagu l a t i o , r e f e r e - s e
ao e sp í r i t o fug id io , ou s e j a , o e sp í r i t o da p s ique a rque t í p i ca . Coagu l á -
l o é ap rox imar o ego do Se l f , a s s im como a a s s im i l ação dos
complexos au tônomos t ambém con t r i bu i com a coagu l a t i o do S i -
mesmo . A menção dos e l emen tos j un to aos qua i s o me rcú r io deve s e r
coagu l ado , t ambém t r azem um s imbo l i smo impor t an t e . São e l e s :
O magnés io , compos to de mi s tu r a s me t á l i c a s ou impura s , pode
co r r e sponde r à l i gação da p s ique com a s r e a l i dades co t i d i anas ;
O chumbo , que é pe sado e sombr io , r ep re sen t ando a l i gação com
a s r e a l i dades ma i s obscu ra s e pe sadas da s ques tõe s pe s soa i s , a s s im
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como a a s sunção de sua s f an t a s i a s e vo lub i l i dades d i an t e de um ou t ro
s i gn i f i c an t e ;
Po r f im , o enxo f r e , pa r adoxa l po r t r a ze r a a s soc i ação com o So l
e com os a spec to s c a r ac t e r í s t i co s do i n f e rno , v i s t o que e scu rece o s
ou t ro s me t a i s , impregnando de mau che i ro o amb ien t e , r ep re sen t a o
de se jo e sua coagu l ação , con f igu rando a enca rnação ou a en t r ada na
ma t é r i a t e r r ena .
Va l e r e s sa l t a r que o de se jo é o agen t e da coagu l a t i o . Es t a
ope ração é nece s sá r i a não pa ra aque l e s que j á s e mov imen tam
adequadamen te den t ro de sua l i b ido , mas pa r a aque l e s ou t ro s com uma
incons i s t ênc i a em seu que re r e o t emor de co loca r o s pé s na v ida , com
d i f i cu ldade , i nc lu s ive de so rve r o s c á l i c e s que e l a d i spõe . O
de senvo lv imen to do ego ne s t e s c a sos pa s sa pe lo l uga r de s sa
consc i ênc i a e r e a l i z ação do de se jo , a f im de que ha j a a mov imen tação
da ene rg i a p s íqu i ca .
Da mesma fo rma , podemos a f i rma r que a expe r i ênc i a com o ma l
e s t á a s soc i ada ao de senvo lv imen to do ego , o qua l , a t r avé s da
pe r cepção da sombra t ambém coagu l a , v i s t o que a t r avé s de s sa r a i z
com o t e r r eno , e l e é c apaz de r e a l i z a r sua t a r e f a , sua j o rnada . A
coagu l a t i o t ambém e s t a v incu l ada a um a spec to pun i t i vo e de cu lpa ,
r ep re sen t ado pe l a s l im i t ações humanas , a p r i s ão . Po r ou t ro l ado
de spon t a com um a spec to de r edenção , a t r avé s do a r r epend imen to
pe l a s t r i bu l ações .
Tudo o que coagu l a e s t á su j e i t o a t r ans fo rmar - s e . Da i deco r r e
que após a coagu l a t i o , o s p roce s sos e pu t r e f ac t i o e mor t i f i c a t i o s e
r e a l i z am t ambém, a t é po rque , o f im da enca rnação é o de senca rne ,
v i s t o que e s t á su j e i t o à s i n junções do t empo e do e spaço .
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O p róp r io p roce s so i n i c i a l de de senvo lv imen to i nd iv idua l pode
s e r cons ide rado t ambém uma coagu l a t i o , a t r avé s da pe r cepção da s
f i gu ra s a rque t í p i ca s enca rnadas e pe r sona l i z adas , a t r avé s dos
r e l a c ionamen tos pe s soa i s . Ex i s t e a nece s s idade da v ivênc i a do
a rqué t i po med i ado e f i l t r ado a t r avé s do ou t ro , onde s ão p ro j e t ada s a s
sua s imagens , o que a f e t a r á de modo c ruc i a l a f i xação r eg re s s iva em
v ivênc i a s u l t e r i o r e s . A imagem conc re t i z ada na expe r i ênc i a t ende rá a
s e r a r e f e r ênc i a e o r i en t a r á e s se ego , mu i t a s veze s pa r a a
un i l a t e r a l i dade , imped indo o i nd iv íduo de t r ans i t a r pe lo p r aze r e pe l a
do r , po r c a r ece r de expe r i ênc i a s e s t ru tu r an t e s em ambos o s a spec to s .
Na p s i co t e r ap i a a s imagens on í r i c a s e a imag inação a t i va
coagu l am, uma vez que p romovem v incu l ação en t r e o mundo ex t e rno e
o i n t e rno .
A Coagu l a t i o é uma ope ração que exp re s sa , pe l a s sua s imagens ,
o p roce s so de fo rmação do ego e sua l i gação com os a spec to s da v ida ,
a s f o r ça s c t ôn i ca s , a t r avé s da v ivênc i a da ca rna l i dade no s eu s en t i do
ma i s amp lo , cons t ru indo , pe l a s expe r i ênc i a s , a t e r r a onde s e l a s t r e i a o
ego em seu caminha r e , l og i camen te , con f igu rando , po r e s sa s mesmas
v ivênc i a s , a r e l a ção do e ixo Ego-Se l f .
A Sublimatio
O aspec to e s senc i a l de s sa ope ração t r aduz - se pe l a e l evação ,
onde uma subs t ânc i a i n f e r i o r s e t r ansmu ta em uma fo rma supe r io r ,
a t r avé s de um mov imen to a scenden t e . Em t e rmos p s i co lóg i cos é
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aná logo a a l c ança r um pa t amar supe r io r d i an t e de uma ques t ão ,
med i an t e a sua pe r cepção ob j e t i va ou conce i t ua l .
Ao ve rmos do a l t o uma de t e rminada s i t uação e , po r con t a d i s so ,
amp l i a rmos nos sa v i s ão do t odo , so f r emos t ambém um d i s t anc i amen to
de s eus a spec to s conc re to s e r e a i s , r eduz indo nos sa capac idade de
a tua rmos ob j e t i vamen te ne s sa s ques tõe s .
D i f e r en t emen te da sub l imação conce i t uada po r F reud , que
r ep re sen t a uma a t i t ude subs t i t u t i va , que g r a t i f i c a o impu l so i n f an t i l
r epud i ado , a sub l ima t i o , sob o o lha r a l qu ímico , r eque r o t r aba lho de
f e i t u r a do ou ro , que va i r eque re r o con t a to com o cad inho , a f o rna lha
e a ma t é r i a neg ra de nos sa s a lmas . O ou ro , aqu i menc ionado
r e l a c iona - se com o apa rec imen to do e sp í r i t o ocu l t o na ma t é r i a , a
r edenção do S i -mesmo de sua i nconsc i ênc i a o r i g ina l .
A sub l ima t i o t ambém é t r a z ida como pu r i f i c ação . A sepa ração
dos e l emen tos pu ros dos impuros , aqu i l o que é a l i nhado com o f l uxo
da v ida e com o Se l f , o que é d i s t o r ção , i n s t i n t i vo , i nconsc i en t e , o
c a rna l , o de se jo e o conc re to , o e t é r eo ; é p r ec i so encon t r a r a p róp r i a
na tu r eza e ado t a r , a t r avé s do agen t e da r a zão , uma pos tu r a r e f l ex iva
que fo rneça um pon to de v i s t a ma i s impa rc i a l , t i r ando e s se o lha r
humano da s con t i ngênc i a s t ona l i z adas do ego . Em ou t r a s pa l av ra s ,
t r a t a - s e exa t amen te de uma e spéc i e de d i s soc i ação p rop i c i ada po r e s sa
v i s ão de um luga r ma i s a l t o . Po r s e r mu i to comum e mu i to u sada , a
sub l ima t i o t an to pode t r a ze r a consc i ênc i a e a pe r cepção quan to , em
ca so ex t r emado , a d i s soc i ação pa to lóg i ca .
O l ança r - s e à e t e rn idade suge r ido pe l a sub l ima t i o , ou t ro de s eus
a spec to s , imp l i c a na t r ans fo rmação da consc i ênc i a a l c ançada pe lo s e r
em bem da p s ique ob j e t i va , a s s im su rge com o f enômeno uma
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pe rcepção i nd iv idua l da t o t a l i dade . Es sa é uma man i f e s t a ção de
sub l ima t i o supe r io r . Seu a spec to i n f e r i o r con fe r e s empre uma de sc ida
após a sub ida , no rma lmen te po r con t a de uma i n f l a ção de ego . A
r ea l i z ação da sub l ima t i o é impor t an t e , mas não é o f im do
de senvo lv imen to p s i co lóg i co . O e s t ado e t é r eo deve s e r s egu ido de
uma coagu l a t i o . O mov imen to a scenden t e e t e rn i za e o de scenden t e
pe r sona l i z a .
Es sa imagem de sub ida e de sc ida , suge r ida pe l a sub l ima t i o em
seu p roce s so ca r ac t e r i z a a c i r cu l a t i o , que é a combinação de s se s
mov imen tos . Sob um o lha r p s i co lóg i co r eve l a a r epe t i ç ão de um
c i r cu i t o daque l e s e l emen tos componen t e s do s e r , ge r ando consc i ênc i a
t r anspes soa l e conc i l i ando opos to s . O t r âns i t o en t r e o s opos to s , em
sua a l t e rnânc i a r epe t i da t ambém f i gu ra - s e como função t r anscenden t e ,
t r a zendo à consc i ênc i a o r a um a spec to , o r a s eu opos to , ap rox imando-
os a t é que su r j a o t e r ce i ro e l emen to conc i l i ado r .
Podemos encon t r a r den t ro do con t ex to da sub l ima t i o um j a to de
l uminos idade apon t ando pa ra e s se encon t ro com o S i -mesmo , que não
nega sua o r i gem. Enquan to o homem cons ide ra s eu o a t r i bu to de
r edenção e s e de ixa fo r a da r e a l i z ação de s sa opus , da ob ra em s i , pa r a
o Deus ex t e rno , a l i j ado de sua e s sênc i a , e l e con t i nua v ivenc i ando a
sub l ima t i o i n f e r i o r , f adado a de sce r t oda vez que houve r a sub ida .
Apr i s i onado ao c i c lo i l u s iona l do p róp r io ego . A noção a lqu ímica
de s se p roce s so con fe r e à a lma a t a r e f a de l eva r a c abo e s sa mesma
opus e con fe r e à ma t é r i a o s a spec to s a scé t i cos e de sp rezados da
na tu r eza humana , o que t ambém é um engano .
“Sub l ima o co rpo e coagu l a o e sp í r i t o” , a f i rma o d i t ado
a lqu ímico . A j o rnada de s sa a lma deve s e ap rop r i a r de sua r a i z no
i n f e r i o r e p romove r sua sub ida , a l c ançando a s a l t u r a s ma io re s , de l á
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r e t o rnando r ep l e t a t an to da ange l i t ude quan to da human idade , em seu
s e r conc i l i ada s , vo l t ando ao mundo conc re to , na p l en i t ude do que é ,
v i s t o que o Se l f s e r e a l i z a a t r avé s do ego .
A Mortificatio
A Mor t i f i c a t i o não d i spõe de co r r e l a to na qu ímica , po rém den t ro
da a lqu imia , e s t á r e l a c ionada à p r ime i r a da s t r ê s f a se s ( a l guns au to r e s
cons ide ram qua t ro , i nc lu indo a “ c i t r i n i l a s ” como ú l t ima f a se ) ou
e s t ág io s a l qu ímicos , a n ig r edo .
O s ign i f i c ado de s sa ope ração a lqu ímica é ma t a r , mor t i f i c a r . À
mor t e sucede - se o apod rec imen to , a pu t r e f ac t i o , r e f e r endando a
f r agmen tação que p r ecede a s epa ração e a i n t eg ração de e l emen tos da
p s ique .
A f i gu ração sombr i a de s sa ope ração , a co loca den t r e a s ma i s
nega t i va s ope rações a l qu ímica s , r e f e r endando- lhe a imagem de
t o r t u r a , de mu t i l a ção , de de r ro t a e decompos i ção . Não obs t an t e , é
a t r avé s do t o rna r - s e neg ro , que a l c ança - se a b r ancu ra , s endo aque l e o
i n í c io de s t e . A mor t i f i c a t i o é uma de sped ida que t r a z consc i ênc i a e
i nd i ca o c aminho do r e to rno , da r e s su r r e i ção e do c r e sc imen to da
p s ique .
A n ig r edo r e l a c iona - se com a sombra e a en t r ada ne s sa
consc i ênc i a do ma l . Con t r i bu i e f a z pa r t e do p roce s so de i n t eg ração
da a lma com todas o s s eus e l emen tos . Em seu e s t ág io i n i c i a l ,
co r r e sponde à mor t i f i c ação da ma t é r i a i nd i f e r enc i ada , a p r ima
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maté r i a , que l i be r t a a an ima (ou o an imus ) de s eu ca t i ve i ro . I s so
s i gn i f i c a o começo da pe r cepção dos con t eúdos an imosos r e s iden t e s
na i nconsc i ênc i a , o s qua i s , po r sua na tu r eza , man i f e s t avam-se à
consc i ênc i a como a spec to s a l he io s ao ego , pe lo p roce s so p ro j e t i vo .
Fa l a , en t ão , da i n t eg ração e da a l i ança en t r e o s p r i nc íp io s mascu l i no e
f emin ino (So l e Luna ) , que ma t am o d r agão a rque t í p i co , l i be r ando da l i
a a lma . È a v i s ão dos a f e to s , con f igu rados sob d ive r sa s fo rmas , como
pode r , p r aze r , do r , de se jo , emoções , l i be r ando a ene rg i a p s íqu i ca
ap r i s i onada ne s sa s man i f e s t a ções de ca r á t e r r eg re s s ivo , i n f an t i l .
A mor t i f i c a t i o t ambém deve a t i ng i r ao p r i nc íp io d i r e to r do ego o
qua l , em seus exce s sos s e a foga , en t r ando na mor t e . Quando o a spec to
e sp i r i t ua l do s e r r eg r i de à p r ima ma té r i a , pe rdendo sua e f i c ác i a e
a t uação , r eve l ando o egocen t r i smo , e s se mesmo veneno da
i ncapac idade de pe r cebe r ou t ro c en t ro a l ém de s i mesmo , t e r á de s e r
r e co locado , r e encon t r ado a t r avé s de s sa imagem sombr i a de de sc ida
aos i n f e rnos em seu neg rume . A t r avés da t o r t u r a , i den t i f i c ada com a
mor t i f i c a t i o , a con t ece , no va so a lqu ímico , no s e t t e r apêu t i co ( sob o
pon to de v i s t a ex t e rno ) e no i nconsc i en t e (do pon to de v i s t a i n t e rno ) ,
o f l age lo e o de smembramen to , p r enunc i ando uma nova e t apa .
Norma lmen te , a mor t i f i c a t i o sob revém à coagu l a t i o , v i s t o que aqu i l o
que enca rna , deve rá pe r ece r em segu ida , como c i c lo na tu r a l da s
co i s a s .
Em ou t ro s c a sos , s e f a z nece s sá r i o o s ac r i f í c i o da i nocênc i a e da
pu reza , cu jo a spec to i n f an t i l p r ec i s a s e r mor t i f i c ado pe ran t e a s
r e a l i dades ex t r a -u t e r i na s . O a r r anca r - s e do p s iqu i smo des sa cond i ção
a lhe i a ao ma l , pa r a sua en t r ada , co r r e sponde , ne s se s c a sos , a uma
a lbedo , p r ecedendo a n ig r edo , a qua l , p r ec i s a s e r de s t ru ída an t e s da
en t r ada naque l a f a se .
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O con t a to r e f l ex ivo com a do r e a angús t i a , na mor t i f i c a t i o , é
s imbo l i z ado t ambém com a decap i t a ção , a pe rda da cabeça . Es sa
s epa ração , que co loca com c l a r eza a ques t ão do d i á logo com a p róp r i a
t o t a l i dade , pe r an t e a e scu r idão e o nada , pode p romove r na p s ique , a
c apac idade de co t e j a r va lo r e s , sob a pe r spec t i va da impe rmanênc i a da
v ida d i an t e da mor t e c e r t a e o s a spec to s de impo tênc i a , que e s sa
r e f l exão p r e s supõe , pode a juda r na r e l a t i v i zação do ego , sob re tudo
den t ro dos conce i t o s de pe r en idade ou e t e rn idade , que sob repu j am a
f r aqueza humana , em sua mor t a l i dade i r r evogáve l .
O en f r en t amen to de s sa de r ro t a da consc i ênc i a pe lo con f ron to
com o i nconsc i en t e , l e s i onam o ego em sua p r e t ensa hegemon ia ,
f a zendo - lhe vac i l a r pe r an t e a i l u só r i a imagem de domín io , à med ida
em que oco r r e a i n t eg ração daque l e s con t eúdos que s empre
pe rmanece ram na i nconsc i ênc i a , apa recendo sob s imbo l i smos de
t o r t u r a e mu t i l a ção , quando não de mor t e p rop r i amen te d i t a .
Po r e s t a r l i gada à pe rda e ao f r a ca s so , a mor t i f i c a t i o não é , em
ge ra l , uma opção , mas uma impos i ção da v ida , s e j a i n t e rna ou
ex t e rnamen te . O ego é subme t ido à e scu r idão a t é o s l im i t e s da p s ique
t r anspes soa l , a t é que o S i -mesmo subs t i t ua o ego , ou s e j a , a n ig r edo
conve r t a - s e em ou ro ( c i t r i n i l a s ) . È a t r avé s da abe r t u r a do i nconsc i en t e
que oco r r em a s man i f e s t a ções s i nc rôn i ca s , dando e spaço ao
su rg imen to do s i gn i f i c ado d i an t e do mundo , na pe r cepção daqu i l o que
u l t r apa s sa o s e r . Des se pon to , onde há t r eva e r ange r de den t e s ,
pos s ib i l i t a - s e o encon t ro com o bem amado i n t e r i o r , havendo a
r e conc i l i a ção com o vaz io da so l i dão i n t r í n seca , a t r avé s do s ec r e to
amor do S i -mesmo . A comple tude ganha l uga r pe r an t e a d i s so lução ,
a t r avé s de s sa comunhão com a imanênc i a d iv ina no buscado r . Em
ou t r a s pa l av ra s , o encon t ro com o S i -mesmo , a t r avé s da mor t i f i c ação
do ego , da r e t i r ada da s pe r sonas , da queda da i n f l a ção , do o lha r sob re
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a sombra e d i s so lv imen to dos complexos au tônomos pe rmi t e à a lma o
encon t ro com sua t o t a l i dade , a t r avé s da i n t eg ração dos a spec to s não
r ed imidos da sua p s ique .
A mor t i f i c a t i o , po r f im , a t i ng i r á , den t ro da p s ique ob j e t i va , a
i dé i a do que s e j a a imagem do Deus pa r a o Homem. A t r avés de s eu
p roce s so , e l e , o homem, a s s im como Jó , em con t a to com e s sa s
r e a l i dades mor t i f i c an t e s , pe r cebe rá a dua l i dade D iv ina , an t e s
un i l a t e r a l i z ada pe l a s nece s s idades humanas de p ro t eção , em seus
a spec to s r eg re s s ivos , que e l egem e s se d iv ino como o summun bonum.
Po r i n t e rméd io de s sa expe r i ênc i a , donde emerge o Cr i s t o não im i t ado ,
mas exp re s sado em sua f e i ç ão i ne r en t e ao S i -mesmo do buscado r , a
v i s ão fo r ac lud ida de Deus , é pau l a t i namen te subs t i t u ída , pe l a v ivênc i a
de sua imanênc i a , no homem, j á não ma i s d i co tomizada pe l a s r e j e i çõe s
dos e l emen tos não r ed imidos do i nconsc i en t e , mas pe r f e i t amen te
i n t eg rada e po r t ado ra de um sen t i do e um s ign i f i c ado , r e a l i nhado e
man i f e s t ado na a t i t ude r e l i g io sa , em cu j a imagem se p ro j e t a o
a rqué t i po do e sp í r i t o ou Cr i s t o , enquan to função p s íqu i ca .
A Separatio
A p r ima ma té r i a , i nd i f e r enc i ada , é compos t a de mu i to s
e l emen tos opos to s e i r r e conc i l i áve i s , envo lv idos numa mi s tu r a
c aó t i c a , r eque rendo , po r t an to , uma sepa ração . A ca r ac t e r í s t i c a que
e s senc i a l i z a a f i gu ra da s epa ra t i o é a consc i ênc i a dos con t r á r i o s , do
su j e i t o e do ob j e to , do eu e do não -eu ( s epa ra t i o e l emen ta l ) . Enquan to
ex i s t e a Pa r t i c i pa t i on Mys t i que , ou s e j a , quando a inda p r eva l ece a
i nconsc i ênc i a dos opos to s , ex i s t e t ambém a i den t i f i c ação un i l a t e r a l
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com um dos opos to s e a p ro j eção de s eu opos to no ou t ro . Se r c apazes
de consc i en t emen te con t e r e da r con t a de s se s opos to s , r e t i r a -nos de s sa
cond i ção r eg re s s iva .
O mesmo se dá d i an t e da s epa ra t i o en t r e a spec to s conc re to s e
s imbó l i cos de uma mesma expe r i ênc i a , con fe r i ndo s i gn i f i c ado p róp r io
aos f a t o s ex t e rnos e i n t e rnos , e d i s so lvendo pau l a t i namen te o con f l i t o
c ausado po r e s sa m i s tu r a amb iva l en t e .
A sepa ra t i o é um p roces so c r i a t i vo , a t r avé s do qua l su rge , em
me io ao caos , o e l emen to c r i ado , o mundo . Es se p roce s so de d iv i s ão é
qua t e rná r i o e , p s i co log i camen te , co r r e sponde à ap l i c ação e ao
de senvo lv imen to da s qua t ro funções e c tops íqu i ca s na s expe r i ênc i a s
v iv ida s . De modo s i s t emá t i co , podemos d i ze r que d i an t e do f a to :
A sensação de sc r eve qua l é o f a t o ;
O pensamen to conce i t ua -o e o s i t ua ;
O sen t imen to o t ona l i z a , o j u lga ;
A in tu i ção apon t a pa r a sua s pos s íve i s o r i gens , aonde pode rá nos
l eva r e o r e l a c iona com ou t ro s f a t o s .
O a to s epa rado r da p r ima ma té r i a , r e t i r a do i nconsc i en t e ,
con t eúdos que s ão l evados à consc i ênc i a , amp l i ando -a . O agen t e de s sa
s epa ração é o Logos , aque l e que d iv ide , nome ia e c a t ego r i za –
po r t an to , d i f e r enc i a e o rdena , de s f azendo a pa r t i c i pa t i on mys t i que .
Quando acon t ece , po r exemplo , uma i den t i f i c ação i nconsc i en t e e uma
conseqüen t e p ro j eção sob re o ou t ro , c ausando an imos idade c r e scen t e e
i nexp l i c áve l , é p r ec i so pe r cebe r pa r a onde e s se i ncômodo con f l i t uoso
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apon t a em nos sa p róp r i a a lma . Su rge a i a nece s s idade de d i s s eca r
e s se s con t eúdos do i nconsc i en t e pe s soa l e co l e t i vo e r e a l i z a r a
e s co lha , a s epa ra t i o , t r a zendo à consc i ênc i a , a t r avé s do a to de j u lga r ,
uma v incu l ação com o Se l f . I s so r eque r um pode r pa r a a r ca r com o
ônus de s sa e sco lha , uma de sv incu l ação da nece s s idade de a t ende r aos
c r i t é r i o s do ou t ro , mas s im de s e r f i e l àqu i l o pa r a o que apon t a o S i -
mesmo , da mesma fo rma como não s e pode s e rv i r a do i s s enho re s , só
que s em o domín io neu ró t i co da un i l a t e r a r i dade .
A sepa ra t i o pode rá s e r , po r t an to , de s t ru t i va s e , ao e s t abe l ece r - s e
o j u í zo , e s t e v i s a r a s a t i s f ação s imu l t ânea de pon tos de v i s t a opos to s ,
como t ambém se fo r o pa l co da e t e rna au tod i s secção . Po r ou t ro l ado ,
e s sa ope ração a lqu ímica , pode s e r c apaz de r eve l a r a f unção
t r anscenden t e , de senvo lvendo um t e r ce i ro a spec to , o r i undo da
s epa ração de do i s e l emen tos opos to s , r e su l t ando numa ha rmon ia na
r e l a ção ego -Se l f .
Uma ou t r a f a ce t a da s epa ra t i o é a ex t r ac t i o , que s e r e l a c iona
com a ex t r ação do e sp í r i t o , da e s sênc i a – o ex t r a i r o me rcú r io e
l i be r a - l o , ob t endo da í a p rodução do s i gn i f i c ado po r en t r e o s f a t o s
conc re to s da v ida , que apon t am o a lvo da Opus , ou s e j a , é a
c apac idade de t r anspas sa r o o lha r pa r a a l ém dos ob j e to s do que re r e
do v ive r , i l u s i onados na s fo rmas da ma t é r i a , que o buscado r t an to
anse i a em sua v ida , r e t i r ando da í o ve rdade i ro ob j e to buscado e s eu
s i gn i f i c ado r ea l de encon t ro . É ex t r a i r da ma t é r i a , de maya , a l i b ido e
a e s sênc i a e enxe rga r - l he o po r quê e o pa r a quê , a s abe r , o s eu va lo r
p s íqu i co .
Nes se momen to , o co rpo , ou a ma t é r i a , man i f e s t a ção de s se
con t eúdo , mor r e , r e l a t i v i za - s e , med i an t e o encon t ro do s i gn i f i c ado ,
pe l a ex t r ação do e sp í r i t o . Ca rac t e r i z a - s e a i a r e t i r ada , po r exemplo ,
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de uma p ro j eção e s eu l u to . A f ru s t r a ção ou a decepção t e r á
l amen tação e aba ixamen to de ene rg i a p ropo rc iona l à impor t ânc i a
de s sa p ro j eção e s eu impac to ao r e to rna r . A mor t e , t ambém
apa recendo na s epa ra t i o , é e l emen to e s senc i a l pa r a de s f aze r a
pa r t i c i pa t i on mys t i que , po rque de s f az a s i den t i f i c ações a rque t í p i ca s e
p r imá r i a s , conduz indo a um ac ré sc imo da pe r cepção do S i -mesmo .
A sepa ra t i o t ambém t r az o a t r i bu to da pu r i f i c ação e p r ecede a
con iunc t i o . É p r ec i so s epa ra r e l impa r . É p r ec i so d iv i s a r o s opos to s ,
s em o j u í zo p r imá r io de va lo r , em f avo r da un idade de s se s mesmos
opos to s . Ao un i l a t e r a l i z a r - s e e op t a r po r uma ou ou t r a qua l i dade da
dua l i dade , do p l e roma , ao i nvés de p romove r a d i s t i nção
( i nd iv iduação ) , o ego ca i na a rmad i lha e a caba s endo pos su ído po r
aqu i l o que imag inava a l i j a r de s i . A f i de l i dade à p róp r i a na tu r eza , que
é dua l e d i s t i n t a em e s sênc i a , po r s e r exp re s são da t o t a l i dade , l eva -
nos ao t odo e r e t i r a -nos da d i s so lução e do nada .
O r e su l t ado de s sa s epa ra t i o é aqu i l o que s e chama de t e r r a
b r anca fo l i ada , ou pu lve r i z ada e de l i c ada . É ne s sa t e r r a , onde o s
p r i nc íp io s mascu l i no e f emin ino s e unem, r ep re sen t ando o s pa r e s de
opos to s i n t eg rados , e r eun idos após uma pu r i f i c ação em sepa rado . É o
t r aba lho da p s i co t e r ap i a em r e t i r a r do caos a p r ima ma té r i a , d i s s eca -
l a , r ed imindo s eus con t eúdos pa r a , após um me t i cu lo so t r aba lho de
puxa r f i o após f i o do nove lo , r e a l i nha - lo s em be l a t apeça r i a ,
r eun indo -os na pe r f e i t a con iunc t i o , a l vo f i na l da Opus .
A Coniunctio
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Essa ope ração a lqu ímica é cons ide rada o áp i ce da Opus . Apa rece
aos o lhos do buscado r em duas f a se s : a con iunc t i o i n f e r i o r e a
supe r io r . Na p r ime i r a , oco r r e a un i ão ou fu são de subs t ânc i a s a i nda
não comple t amen te s epa radas ou d i f e r enc i adas e p r ecede a
mor t i f i c a t i o . A Supe r io r , con tudo , ence r r a o g r ande f im . As duas f a se s
encon t r am-se combinadas , t endo em v i s t a que ence r r a a s duas
pos s ib i l i dades s imu l t aneamen te .
A con iunc t i o i n f e r i o r , p s i co log i camen te , s e c a r ac t e r i z a pe l a
un i ão de opos to s que fo r am sepa rados impe r f e i t amen te , r e su l t ando em
a lgo que deve rá s e r subme t ido a ou t ro s p roced imen tos . Seu p rodu to é
mor to e f r agmen tado , pe lo f a t o de l eva r o ego à i nconsc i ênc i a , v i s t o
que não t r a z compreensão consc i en t e , mas s ac i edade p rov i só r i a . O
e l emen to i n s t i n t i vo , c a t exado pe l a ene rg i a p s íqu i ca não t eve s eu
s ímbo lo de scobe r to e con t i nua ap r i s i onado . A nece s s idade da
ap l i c ação de ou t r a s ope rações r e l a c iona - se à ques t ão da f ru s t r a ção
de s se de se jo , pa r a a ex t r ação do e sp í r i t o – S i -mesmo e a v ivênc i a da
amargu ra , na s ed imen t ação da s abedo r i a e da amp l i ação da v i s ão .
Em ou t r a s pa l av ra s , e s s a con iunc t i o i n f e r i o r a con t ece rá t oda vez
que o ego s e i den t i f i que com a spec to s o r i undos do i nconsc i en t e , s e j a a
sombra , ou a an ima , ou a t é o s i -mesmo , sob um pon to de v i s t a
i n t rove r t i do ou com ou t ro s i nd iv íduos , g rupos e co l e t i v idades . Pe l a
con t aminação que l he c a r ac t e r i z a , é p r ec i so mor r e r e s epa ra r , pa r a
pode r pu r i f i c a r , r ed imi r .
Sendo a cu lminação da Opus , a ped ra f i l o so fa l , a con iunc t i o
supe r io r r eve l a s eu a spec to de con junção pe r f e i t a daqu i l o que an t e s
e r a impas s íve l de s e r eun i r . A p r ima ma té r i a , após t e r pa s sado pe lo s
d ive r sos p roce s sos a l qu ímicos , ago ra pode t e r s eus e l emen tos
opos i t ó r i o s r eun idos , r e t i f i c ados , pu r i f i c ados que e s t ão . Ass im como
27
na a lqu imia , a p s ique , den t ro do p roce s so ana l í t i co , va i
t r ans fo rmando- se , o r a d i spondo- se num l ado e o r a de ou t ro , no s en t i do
da s sua s po l a r i dades , a t é que l he s e j a c apaz a abso rção de uma
t e r ce i r a f i gu ra , g r ada t i va e cons t ru ída , su rg ida de den t ro da sua
p róp r i a a lma que l he t r aduz e s sa exp re s são de conv ivênc i a com o dua l .
A d i s so lução do con f l i t o , ge r ado pe l a s d i co tomia s neu ró t i c a s , concebe
o cená r io onde e s sa ped ra , em cu jo s e io s e f i xa o e sp í r i t o , s e
man i f e s t a .
É a t r avé s do ego , em cu j a consc i ênc i a c ada vez ma i s amp l i ada ,
s e su s t en t am os opos to s num t r aba lho he rcú l eo , compa rado em mu i to s
e sc r i t o s à c ruc i f i c ação , a imagem qua t e rná r i a de t o t a l i dade . A d iv i s ão
da p s ique é cu rada , r e cons t ru indo o e ixo ego -Se l f , s imbo l i z ando o
ca samen to D iv ino , que somen te ex i s t i r á s e a l i houve r o Amor , sua
causa e s eu e f e i t o . Enquan to na con iunc t i o i n f e r i o r o amor é
concup i scen t e , aqu i , na con iunc t i o supe r io r , e s s e amor é t r anspes soa l .
Reve l a - s e no mundo como o a l t r u í smo em seu s en t i do ex t rove r t i do e
na p s ique , como a conexão com o S i -mesmo , ge r ando a un idade .
A c r i a ção da Ped ra F i l o so fa l con fe r e o pode r de t r ans fo rmar .
Espa rg indo do S i mesmo , o s e f e i t o s t r ansmu tado re s da Ped ra r eve l am
a r e a l i z ação da Opus e t odo o cosmos é t ocado de den t ro pa r a fo r a e
v i ce -ve r sa . O encadeamen to con t ag i a a V ida ao de r r edo r e a v ida f l u i .
No s e t é i nd i spensáve l que o pac i en t e t enha um ego abe r to á
i n f l uênc i a do ana l i s t a , a s s im como e s t e t ambém o deve e s t a r , a f im de
que t ambém a l i oco r r a a con iunc t i o . Aque l a s pe r sona l i dades vão
i n f l uenc i a r - s e mu tuamen te , ge r ando uma combinação ún i ca ,
s im i l a rmen t e à r eg ra que r ege a p s ique , a qua l f a l a de que o
i nconsc i en t e a s sume pa ra com o ego a mesma pos tu r a que e s t e a s sume
pa ra com e l e . Ou s e j a , i gno ra r o i nconsc i en t e e t en t a r domina - lo ,
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r e f l e t i r á numa mesma ação de l á p r a c á . Da r - l he a t enção e coope ração
l he ge r a r á a o r i en t ação nece s sá r i a de s t e i nconsc i en t e , a f im de que a
opus s e encaminhe .
A ped ra f i l o so fa l j a z i a i ne r t e na ma t é r i a i nd i f e r enc i ada do
i nconsc i en t e . Ex t r a i r de s se c aos o e sp í r i t o e l i be r t a - l o , ab r e o s
po r t a i s de s se e t e rno imanen t e , que agua rda pa r a s e r de svendado .
O Homem não conhece nada ma i s que sua consc i ênc i a , e apenas
s e conhece a s i mesmo a t é onde e l a a l c ança . Pa ra a l ém d i s so s e
e s t ende a e s f e r a do i nconsc i en t e , cu jo s l im i t e s não podem se r
de t e rminados , e que i gua lmen t e f a z pa r t e do f enômeno homem.
A consc i ênc i a s e r enova pe lo mergu lho do i nconsc i en t e , den t ro
do qua l e l a s e une a e s t e ú l t imo . A consc i ênc i a r enovada não con t ém o
i nconsc i en t e , mas fo rma com e l e uma un idade , que s e ap rox ima da
t o t a l i dade a c ada vez que o p roce s so comple t a s eu c i c lo e sp i r a l . Ta l
imagem da Opus é s imbo l i z ada me t a fo r i c amen te pe l a f a l a de Pau lo de
Ta r so , em sua ep í s t o l a aos Gá l a t a s : “Eu v ivo , mas j á não sou eu , é
C r i s t o que v ive em mim.” .
BIBLIOGRAFIA
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