optimizaÇÃo da pulverizaÇÃo em mÉdio e baixo volume

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OPTIMIZAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO EM MÉDIO E BAIXO VOLUME NA PRODUÇÃO INTEGRADA DE PÊRA ROCHA Jorge SOARES (1); Miguel LEÃO (2) 1 Resumo: As técnicas de pulverização têm estado sujeitas a um conjunto de importantes modificações, as quais simbolizam a adaptação da ciência ao mundo real. A pulverização em alto volume (1000 l/ha) tem denotado um excessivo protagonismo, quer pelo enraizamento da fruticultura tradicional, quer pela ausência de métodos racionais de cálculo do volume de calda. O método do TRV permitiu adequar o volume de calda à volumetria das árvores e comprovar que um volume de calda elevado não é sinónimo de um tratamento eficaz, podendo mesmo apresentar um efeito contrário. A técnica da redução de volume deverá também garantir uma maior micronização das gotas, aumentando a sua penetração e depósito no alvo biológico. Associada à redução de volumes deverá estar a correcta regulação dos equipamentos, nomeadamente a escolha criteriosa dos bicos e ajustamento do caudal e velocidade do ar produzido. A estratégia “Bayer” revelou uma boa adaptação a esta técnica. Palavras-chave: Volumetria, redução de volume, estratégia “Bayer”. 1 - INTRODUÇÃO O actual conceito de fruta de qualidade, implica cada vez mais um processo de produção e protecção fitossanitária eficaz, equilibrado, racional e que respeite as questões ambientais e preocupações da saúde pública (consumidor e produtor). A consciencialização para a prática da protecção e produção integradas tem permitido a aplicação destes princípios, no que diz respeito à implementação de diferentes métodos de monitorização, à consciente escolha dos meios de luta, respeito pelos intervalos de segurança, preocupação com os Limites Máximos de Resíduos e até nos cuidados com o maneio dos produtos fitofarmacêuticos. Relativamente às técnicas, material e equipamento de aplicação, não podemos estar tão optimistas, uma vez que a sua prática entre nós mais se aproxima dos métodos convencionais do que da agricultura sustentável. Nos actuais sistemas de produção, não devemos estar indiferentes às mudanças significativas que se verificaram nas últimas décadas, com a implementação de novos pomares, alteração da forma, estrutura e volume das árvores e evolução do equipamento de aplicação. As fruteiras desenvolvem-se num espaço tridimensional (altura, largura e espessura da área foliar) cada vez mais reduzido, devido ao recurso a porta-enxertos que induzem menor vigor e a técnicas culturais que fomentam a indução floral. Determinar os volumes de pulverização em função do conceito de volumetria das árvores (TRV - Tree Row Volume), poderá constituir um meio importante de optimizar o processo de pulverização. Também o material e o equipamento de pulverização permitem actualmente abdicar das pulverizações em alto volume (superiores a 1000 l/ha), em alta pressão e na forma de jacto projectado, a favor de técnicas de baixo volume, em baixa pressão e na forma de jacto transportado, fragmentando mais as partículas e melhorando a qualidade do pulverizado. É nossa intenção, com este trabalho, estudar a adaptabilidade dos auxiliares BAYER a estes dois novos conceitos (volumetria e micronização de partículas), avaliando o seu comportamento numa perspectiva de futura redução do volume de pulverização, salvaguardando sempre os princípios da protecção e produção integradas (ambiental, ecológico e económico). Estes só serão completamente respeitados depois de racionalizada a técnica de aplicação de produtos fitofarmacêuticos e extraído o máximo resultado dos produtos utilizados. (1) Unirocha ACE – Casalinhos de Alfaiata, 2560 Torres Vedras [email protected] (2) A.A.R.A. – Associação de Agricultores da Região de Alcobaça Rua de Leiria, s/n, 2460-045 Alcobaça [email protected]

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Page 1: OPTIMIZAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO EM MÉDIO E BAIXO VOLUME

OPTIMIZAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO EM MÉDIO E BAIXO VOLUME NA PRODUÇÃOINTEGRADA DE PÊRA ROCHA

Jorge SOARES (1); Miguel LEÃO (2) 1

Resumo: As técnicas de pulverização têm estado sujeitas a um conjunto de importantes modificações, asquais simbolizam a adaptação da ciência ao mundo real. A pulverização em alto volume (1000l/ha) tem denotado um excessivo protagonismo, quer pelo enraizamento da fruticulturatradicional, quer pela ausência de métodos racionais de cálculo do volume de calda. O métododo TRV permitiu adequar o volume de calda à volumetria das árvores e comprovar que umvolume de calda elevado não é sinónimo de um tratamento eficaz, podendo mesmo apresentarum efeito contrário. A técnica da redução de volume deverá também garantir uma maiormicronização das gotas, aumentando a sua penetração e depósito no alvo biológico. Associadaà redução de volumes deverá estar a correcta regulação dos equipamentos, nomeadamente aescolha criteriosa dos bicos e ajustamento do caudal e velocidade do ar produzido. A estratégia“Bayer” revelou uma boa adaptação a esta técnica.

Palavras-chave: Volumetria, redução de volume, estratégia “Bayer”.

1 - INTRODUÇÃO

O actual conceito de fruta de qualidade, implica cada vez mais um processo de produção eprotecção fitossanitária eficaz, equilibrado, racional e que respeite as questões ambientais epreocupações da saúde pública (consumidor e produtor). A consciencialização para a práticada protecção e produção integradas tem permitido a aplicação destes princípios, no que dizrespeito à implementação de diferentes métodos de monitorização, à consciente escolha dosmeios de luta, respeito pelos intervalos de segurança, preocupação com os Limites Máximosde Resíduos e até nos cuidados com o maneio dos produtos fitofarmacêuticos. Relativamenteàs técnicas, material e equipamento de aplicação, não podemos estar tão optimistas, uma vezque a sua prática entre nós mais se aproxima dos métodos convencionais do que daagricultura sustentável.Nos actuais sistemas de produção, não devemos estar indiferentes às mudanças significativasque se verificaram nas últimas décadas, com a implementação de novos pomares, alteração daforma, estrutura e volume das árvores e evolução do equipamento de aplicação.As fruteiras desenvolvem-se num espaço tridimensional (altura, largura e espessura da áreafoliar) cada vez mais reduzido, devido ao recurso a porta-enxertos que induzem menor vigor ea técnicas culturais que fomentam a indução floral. Determinar os volumes de pulverização emfunção do conceito de volumetria das árvores (TRV - Tree Row Volume), poderá constituir ummeio importante de optimizar o processo de pulverização.Também o material e o equipamento de pulverização permitem actualmente abdicar daspulverizações em alto volume (superiores a 1000 l/ha), em alta pressão e na forma de jactoprojectado, a favor de técnicas de baixo volume, em baixa pressão e na forma de jactotransportado, fragmentando mais as partículas e melhorando a qualidade do pulverizado.É nossa intenção, com este trabalho, estudar a adaptabilidade dos auxiliares BAYER a estesdois novos conceitos (volumetria e micronização de partículas), avaliando o seucomportamento numa perspectiva de futura redução do volume de pulverização,salvaguardando sempre os princípios da protecção e produção integradas (ambiental,ecológico e económico). Estes só serão completamente respeitados depois de racionalizada atécnica de aplicação de produtos fitofarmacêuticos e extraído o máximo resultado dos produtosutilizados.

(1) Unirocha ACE – Casalinhos de Alfaiata, 2560 Torres Vedras

[email protected](2) A.A.R.A. – Associação de Agricultores da Região de Alcobaça

Rua de Leiria, s/n, 2460-045 Alcobaça [email protected]

Page 2: OPTIMIZAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO EM MÉDIO E BAIXO VOLUME

2 – BREVES CONSIDERAÇÕES À REDUÇÃO DO VOLUME DE PULVERIZAÇÃO

A quantidade de produtos fitofarmacêuticos usados nas últimas quatro décadas tem vindo adiminuir (Matthews,1999), para a qual terão contribuído a evolução dos sistemas de protecçãode plantas e o aparecimento de novas moléculas, mais eficientes em quantidades maisreduzidas. Poderá contribuir com igual protagonismo a estratégia de pulverização em baixovolume, resultante do desenvolvimento de um conjunto de conceitos conhecidos.

2.1 – Diminuição do diâmetro das gotas

A micronização de partículas têm por base a concepção e o uso da gota fina como meio depotenciar o sucesso da pulverização. Pelas equações demonstradas por Musillami (1982) eMatthews (1992), verificamos que o número de gotas disponibilizadas por um dado volume delíquido está inversamente relacionado com o cubo do seu diâmetro. Então, manipulando odiâmetro volumétrico médio das gotas, garantimos um aumento pronunciado do nº de impactospor unidade de superfície. Permite-nos assim constatar que uma redução do tamanho dasgotas para metade, multiplica por oito o nº de gotas produzidas com o mesmo volume de caldaaplicado. Matematicamente, verificamos que esse aumento de gotas irá cobrir o dobro dasuperfície.

2.2 – Material de Aplicação

Relativamente ao equipamento de pulverização, importa conhecer a sua capacidade detrabalho e as características técnicas do fabricante, assim como reconhecer os seuscoeficientes de regulação, de modo a testar, calibrar e adaptar às exigências da aplicação.Sabe-se que são condições favoráveis e obrigatórias à implementação do método, apossibilidade do equipamento trabalhar em baixa pressão, a adaptabilidade a bicosatomizadores e a elevada capacidade de produção de ar, permitindo convertê-lo numverdadeiro sistema de jacto transportado. O caudal de ar necessário em termos teóricos, podeser ajustado, calculando-se da seguinte forma: Q = V x D x H x 1000 x N 3*em que Q é o caudal de ar (m3/h), V a velocidade de avanço (km/h), D a altura média dasárvores, H a distância entre-linha e N o número de filas tratadas de cada vez. O valor indicadopor (*) é variável entre 2,5 e 3,5 consoante a densidade do copado. A forma como as gotas sãorecebidas no interior da corrente de ar e os processos de turbulência gerados, encontram-seintimamente dependentes do tipo de equipamento e da adequação e regulação do caudal evelocidade de saída do ar.

2.3 – Depósito e aderência no alvo biológico

A utilização da gota fina, pelas suas características, permite impactos mais suaves e,consequentemente menor rebentamento. Por esse facto, a sua capacidade de aderênciaaumenta e as perdas por escorrimento/gotejamento da folhagem são diminuídas. A utilizaçãode pulverizados grosseiros pode conduzir a elevadas perdas por escorrimento, agravadas nospontos de maior nº de impactos. A pressão de trabalho utilizada no seu impulsionamentocontribui também para a dissipação para fora do alvo biológico, não nos garantindo à partidauma aproximação entre o volume de calda utilizado e a quantidade efectivamente depositada.Estes factos permitem-nos reflectir sobre a possibilidade de redução de volumes com base naredução das perdas totais.

2.4 – Interpretação das volumetrias

O conceito de TRV (Tree-Row-Volume) foi desenvolvido com vista a optimizar a quantidade deproduto fitofarmacêutico e de água, a aplicar ao volume de área foliar. Assim sendo, o volumede calda a utilizar nunca deve resultar das pretensões do produtor ou de recomendações pré-definidas, mas sim do volume da sua copa, reflexo do sistema de condução, idade e outrascaracterísticas do pomar. Este método consiste no cálculo do volume de vegetação (volume-tria) presente em 1 hectare de terreno e na dosagem do líquido (l/m3) em função desse volume,tal como apresentado a seguir: TRV (m3veg./ha) = Altura Média Árv.(m) x Largura Média Árv.(m) x 10.000 m2/ha Distância na Entre-Linha (m)

Page 3: OPTIMIZAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO EM MÉDIO E BAIXO VOLUME

Em pomares de reduzida volumetria, a redução significativa de volume poderá estar nainterpretação deste raciocínio, independentemente dos acréscimos que a micronização departículas nos possa trazer.

3 – MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Caracterização do local do ensaio

O trabalho experimental foi realizado na Quinta do Vale de Amieiro, localizada na freguesia deCós, concelho de Alcobaça, a qual ocupa uma área de 22 ha, exclusivamente em fruticultura. Adelimitação da parcela seleccionada para o ensaio, teve por base as características do pomar ea protecção dos ventos dominantes, conferida a norte pelo pomar da encosta e pela cortinanatural de abrigos nos restantes quadrantes. O pomar de pereiras foi instalado em 1994 e éconstituído por pereiras cv. Rocha enxertadas em EM-A e orientadas no sentido NW-SE. Ocompasso é de 4 x 1,5 mts e o sistema de condução é o eixo central revestido. Para odelineamento do ensaio foi escolhida aleatoriamente 1 fila de 125 árvores, tendo-se deixado 15árvores de intervalo entre as modalidades e tratado as 2 filas adjacentes à do ensaio em baixovolume (360 l/ha).

3.2 – Equipamentos utilizados

Uma vez os objectivos do trabalho passarem pela confrontação entre dois sistemas distintos depulverização, a pulverização convencional em alto volume (1000 l/ha) face à pulverização emmédio (500-1000 l/ha) e em baixo volume (200-500 l/ha) obtida, fundamentalmente, pelo maiordomínio da qualidade do pulverizado, optou-se pelo equipamento que está tradicionalmenteassociado à pulverização em alto volume (AV). Assim sendo, a pulverização em AV foirealizada com um pulverizador de jacto “transportado”, rebocável, sendo o depósito empolietileno com capacidade para 1000 l, bomba de 5 membranas com débito de 142 l/min às540 r.p.m. concebida para alcançar a pressão máxima de 50 bar. A turbina utilizada é axial,constituída por uma hélice de 820 mm de diâmetro com 8 pás reguláveis, produzindo umcaudal de ar de aproximadamente 80.000 m3/h com velocidade de saída de 40 m/s. Asrestantes modalidades foram realizadas com um pulverizador de jacto transportado, rebocável,com depósito em polietileno com capacidade para 2000 l e bomba de 3 pistons com débito de123 l/min às 540 r.p.m., concebida para alcançar pressões máximas de 60 bar. A turbina desteequipamento é axial, acoplada a um deflector vertical e constituída por uma hélice de 820 mmde diâmetro com 9 pás, produzindo um caudal de ar de 65.000 m3/h na velocidade mais alta.Estes pulverizadores foram rebocados e accionados por um tractor com dupla tracção de 75hp.Na realização dos ensaios usaram-se bicos de turbulência, caracterizados por originaremjactos cónicos, com a particularidade de que na modalidade do AV se usaram bicos vulgarescom pastilhas de cerâmica convencionais (1º bico com orifício de diâmetro 1,0 mm e osrestantes de 1,2 mm) e nas modalidades restantes se usaram bicos ATR, de cone oco, de corvermelha (mod. 750 l/ha), laranja (550 l/ha) e amarela (360 l/ha), respectivamente com débitosde 1,6, 1,4 e 1,2 l/min.

3.3 – Papel hidrossensível

Na avaliação da cobertura, distribuição vertical e horizontal (penetração) na copa e perdasrelativas de calda para o solo, usou-se papel hidrossensível com dimensões de 76 x 26 mm. Aqualidade da pulverização foi deste modo avaliada de forma indirecta, com base na quantidadee área de pontos azuis, originados pelo processo de ionização ocorrido pelo contacto da águacom o azul de bromofenol que cobre a película de papel fotográfico. A sua fixação na árvore foiconseguida pelo uso de alfinetes no tronco e de clipes nas folhas, enquanto no solo poralfinetes em barra de madeira.

3.4 – Material Informático

A determinação da percentagem de cobertura, Nº médio e área média das gotas, foramconseguidas utilizando o programa UTHSCSA Image Tool for Windows 1.28, após calibraçãocom medidor de área foliar (MAF) e tratamento de imagem com programa Paint Shop Pro 6. Oobjectivo foi converter uma imagem a 16 milhões de cores numa escala de cinzentos apósprocessamento e selecção de área de referência com 800 x 250 pixel, recorrendo ao programaPaint Shop Pro6. A posterior calibração do valor padrão do “Treshold” e transformação em

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imagem a preto e branco, permitiu extrair todas as potencialidades que o UTHSCSA ImageTool nos dava, simplificando a análise dos papeis hidrossensíveis. A análise estatística incidiusobre os resultados da extensa análise de imagem, tendo sido efectuada pelo programaStatística/W 5.0.

3.5 – METODOLOGIAS

3.5.1 – Eleição dos volumes de aplicação

A pulverização clássica em alto volume (1000 l/ha) foi usada como modalidade de referência,por representar a realidade da maioria das nossas explorações agrícolas. As restantesmodalidades tiveram por base o cálculo da volumetria do pomar a tratar, obtido pela aplicaçãodo método TRV (Tree-Row-Volume), tendo-se obtido um valor de alta volumetria (18.425 m3

vegetação/ha). Depois de obtido este parâmetro, introduzimos um factor que repercutisse ascaracterísticas do equipamento usado na pulverização, certos que equipamentos comcalibrações mais duvidosas iriam necessitar de um volume de calda superior para realizar igualtrabalho. Assim sendo, tivemos ainda em consideração que:A bibliografia aponta para valores que oscilam entre 10 e 125 litros por cada 1000 m3 devegetação; A situação nacional, vulgarmente adaptada ao alto volume na base dos 1000 l/ha é indiferenteà volumetria de cada pomar, e permite, em situações extremas, verificar valorescompreendidos entre 10 e 180 litros por cada 1000 m3 de vegetação;A implementação dos baixos volumes que se tem vindo a realizar na Unirocha, com base notrabalho de final de curso já testado e publicado no Instituto Superior de Agronomia por Leãode Sousa (2001), que apontava como melhor compromisso um valor próximo dos 30 litros porcada 1000 m3 de vegetação.Por estas razões optamos por experimentar os valores 20, 30 e 40 litros por cada 1000 m3 devegetação, a partir dos quais chegamos aos volumes possíveis nas modalidades de 360, 550 e750 l/ha respectivamente.

3.5.2 – Determinação dos parâmetros de pulverização e calibração dos equipamentos

Uma vez conhecido o volume de aplicação e a distância entre-linha, ainda necessitamos dedeterminar a velocidade de avanço da máquina, para podermos calcular o débito total dosbicos pela fórmula de cálculo conhecida. Esta foi aferida pela cronometragem do temponecessário para percorrer 100 metros no interior do pomar, em processo normal depulverização, tendo-se escolhido a combinação da caixa de velocidades que nos permitiapulverizar a 5 km/h.

Débito dos Bicos(l/min) = Vol. Apl.(l/ha) x Veloc. Av.(km/h) x Dist. Entre-Linhas (m) 600 (factor)

O quadro abaixo sintetiza os valores obtidos após o uso da fórmula referida e a definição daspressões de trabalho:

Quadro 1 – Parâmetros de pulverização usados nas 4 modalidades

3.5.3 – Avaliação da percentagem de cobertura, número médio e área média das gotas

Após a definição da linha do ensaio e da separação da zona correspondente a cada modali-dade, marcaram-se apenas as 10 árvores centrais de cada modalidade, de forma a precaverpossíveis interacções ou dosagens inadequadas provenientes da paragem/arranque do tractor.Dessas 10 árvores foi escolhida aleatoriamente 1, que viria a servir de suporte aos papeishidrossensíveis. Foram relizadas 3 repetições (realizadas no início e fim da multiplicação

Volume deAplicação

(l/ha)

Velocidadede Avanço

(km/h)

Largura daEntre-Linha

(m)

CaudalTotal(l/min)

Nºbicos

Caudaldos bicos

(l/min)

Pressão deTrabalho

(bar)1000 5 4 33,33 12 2,78 17,1750 5 4 25,00 18 1,39 5,0550 5 4 18,33 18 1,02 5,4360 5 4 12,00 18 0,67 4,1

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celular e uma terceira no último tratamento antes da colheita). Em cada uma foram colocados16 papeis hidrossensíveis, em determinados pontos e alturas, de forma a avaliar a distribuiçãoda calda no perfil, a relação entre a redução de volumes e a capacidade de penetração dasgotas, o número e o tipo de gotas depositadas em cada posição e a % de coberturaproporcionada pelas diversas modalidades. Os pontos de referência usados no ensaioencontram-se sintetizados no quadro abaixo.

3.5.4 – Avaliação das perdasde calda para o solo

A avaliação das perdas para osolo foi realizada de formaindirecta, através da colocação,na linha oposta à de passagemdo tractor, de barras de madeirano solo, sobre as quais secolocaram papeis hidrossensí-veis a 1,5, 2,5 e 4 metros dalinha do ensaio.

3.5.5 – Avaliação da eficiência biológica

A avaliação da eficiência biológica dos tratamentos fitossanitários sujeitos a diferentes volumese doses de aplicação, consistiu na realização de observações periódicas sobre umdeterminado número de órgãos representativos da árvore, as quais decorreram a partir dainstalação do ensaio. O tipo de órgãos a examinar e as épocas de observação dependeram dapraga ou doença em análise.

4 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 - Avaliação da % de cobertura, nº médio e área média de gotas

Apresentamos neste trabalho, apenas alguns resultados da análise aos papeis hidrossensíveis.Uma análise mais detalhada desta temática, poderá ser consultada em Leão de Sousa (2001).A observação do gráfico 1, permite-nos constatar que a redução de volumes de calda conduziuà redução da % de área coberta, mas garantiu uma maior produção e deposição de gotas, deárea média mais reduzida.

Gráfico 1 – Variação da % de Cobertura, Nº e Área Média de gotas

VOLUMES (l/ha)

% C

OBE

RTU

RA/

ÁREA

MÉD

IA D

AS G

OTA

S (p

ixel

)

Nº M

ÉDIO

DE

GO

TAS

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

1000 750 550 360

% Cobertura Nº Médio de GotasÁrea Média das Gotas

A menor cobertura conferida aos papeis hidrossensíveis pelas modalidades de volume inferior,foi devido, à menor quantidade de calda, mas também à sobreposição e deslocação de gotasque se verificou nas modalidades de volumes superiores, podendo estas não ter conduzido a

Quadro 2 – Disposição do Papel HidrossensívelPosição

FolhaNível Altura(m)

Distânciana Horiz.

(m) Tronco Externa Interna

0 0 1,5 2,54,0 - - -

1 0,90 - F,L C,B C,B2 1,90 - F,L C,B C,B3 2,90 - F,L C,B

F- frente L- lateral C- cima B- baixo

Page 6: OPTIMIZAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO EM MÉDIO E BAIXO VOLUME

um depósito efectivo maior. Por outro lado, o maior nº de gotas mais finas, pela facilidade dedeslocação e penetração na copa e pela maior capacidade de aderência ao alvo biológico,poderão ser sinónimo de um tratamento mais eficaz. A análise estatística permite-nos constatar que existem diferenças significativas para a % decobertura e Nº médio de gotas, entre as modalidades de 1000 e 750 l/ha e as modalidades de550 e 360 l/ha (teste de Tuckey, α=0,05).

4.1.1 – Avaliação da % de cobertura e Nº médio de gotas em diferentes alturas

Pela análise do gráfico 2 e 3, verifica-se maior cobertura nos níveis inferiores das modalidadesde maior volume, enquanto nos níveis superiores as diferenças são menores. Nos níveisintermédios foram obtidas coberturas semelhantes nas modalidades de menor volume, quandocomparadas com as de médio/alto e alto volume, conseguidas à custa de uma maior produçãode gotas. Existem variações significativas da % de cobertura em função da altura, sendo que amodalidade dos 750 l/ha é significativamente diferente da modalidade dos 360 l/ha (teste deTuckey, α=0,05). Já o número médio de gotas apresenta diferenças significativas entre o últimonível e os restantes. Merece registo, para melhor interpretação, o facto da baixa coberturaconferida aos níveis superiores pela modalidade testemunha se dever possivelmente àutilização de equipamento tradicional, o qual é também responsável pela colocação de umnúmero inferior de gotas em todos os níveis. Devemos também fazer referência ao maior nº degotas colocadas pela modalidade de baixo volume nos níveis intermédios e superiores docopado.

Gráficos 2 e 3 – Variação da % de Cobertura e Nº Médio de Gotas em diferentes níveis

ALTURAS (mts)

% C

OBE

RTU

RA

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

0,90 1,90 2,90

VOLUME 360 l/ha

VOLUME550 l/ha

VOLUME750 l/ha

VOLUME1000 l/ha

ALTURAS (mts)

Nº M

ÉDIO

DE

GO

TAS

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0,90 1,90 2,90

4.1.2 – Avaliação da capacidade de penetração das gotas

A capacidade de penetração das gotas, avaliada de forma indirecta pela comparação da % decobertura e nº de gotas colocadas nas folhas exteriores e interiores da copa, permite-nos aferirsobre a possibilidade da redução de volumes, pois será a % de cobertura e o nº de gotascolocadas nas zonas mais densas e distantes do pulverizador a estabelecer o limite daredução. Da análise ao gráfico 4, constata-se uma grande homogeneidade de cobertura entreas folhas internas e externas das modalidades de baixo e médio/baixo volume, enquanto nasmodalidades médio/alto e alto volume a % de cobertura diminui do exterior para o interior. A análise estatística estabelece diferenças significativas na cobertura entre as folhas externase internas e entre a cobertura nas folhas externas da modalidade de médio/alto face àcobertura em todas as folhas das modalidades de baixo e médio/baixo volume (teste deTuckey, α=0,05).A análise do gráfico 5 permite-nos observar um maior nº médio de gotas nas modalidades debaixo e médio/baixo volume, assim como maior quantidade nas folhas internas face às folhasexternas de todas as modalidades. Embora parecendo contraditório, esta última diferença émais acentuada nas modalidades de médio/alto e alto volume do que nas modalidades debaixo e médio/baixo volume. Tal situação poderá entender-se pelo maior depósito, sobrepo-sição e escorrimento de gotas nas folhas externas das modalidades de maiores volumes,expresso em maior % de cobertura (gráfico 4), que além de individualmente não se tornaremelegíveis à interpretação do programa, ficarão indisponíveis para continuar após os primeirosimpactos.

Page 7: OPTIMIZAÇÃO DA PULVERIZAÇÃO EM MÉDIO E BAIXO VOLUME

Gráficos 4 e 5 – Variação da % de Cobertura e Nº Médio de Gotas nas Folhas

POSICIONAMENTO HORIZONTAL

% C

OBE

RTU

RA

NAS

FO

LHAS

30

40

50

60

70

80

90

FOLHAS EXTERNAS FOLHAS INTERNAS

VOLUME 360 l/ha

VOLUME 550 l/ha

VOLUME750 l/ha

VOLUME1000 l/ha

POSICIONAMENTO HORIZONTAL

Nº M

ÉDIO

DE

GO

TAS

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

FOLHAS EXTERNAS FOLHAS INTERNAS

4.2 – AVALIAÇÃO DAS PERDAS PARA O SOLO

O objectivo fundamental da análise seguinte é a avaliação relativa à fracção de pulverizado queé arrastado para fora da área do alvo biológico. Esta deve-se a fenómenos naturais, regulaçõesinadequadas dos sistemas de produção de ar, pressão de trabalho ou débito dos bicos. Aevolução das técnicas de pulverização e a maior preocupação com o ambiente, encontram-sefavoravelmente relacionadas. A análise dos dados, permite-nos constatar que a pulverizaçãoem médio/alto e alto volume apresentam diferenças significativas das modalidades demédio/baixo e baixo volume (teste Tuckey, α=0,05). Pela análise ao gráfico 6, verifica-se quequanto maior for o volume de calda usado, maiores são as perdas por ele originado, sendomais acentuadas nas proximidades da zona a tratada. Uma análise mais pormenorizada à área em estudo, permite-nos observar 3,93% de coberturamédia do solo (até 4 metros de distância) na modalidade de baixo volume, a 29,68 % decobertura média na modalidade de alto volume. Trata-se de um nível de perdas superior a700% e a que corresponderá um impacto ambiental e ecológico significativo. A redução destasperdas permite-nos reflectir com menos receio, sobre a questão da redução de volumes calda,desde que devidamente transferidas para o alvo biológico.

Gráfico 6 – Distribuição das perdas de calda para o solo com a distância à linha a tratar

4.3 – AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA BIOLÓGICA

A avaliação da eficiência biológica teve como base a observação do aparecimento e evoluçãode pragas e doenças durante o período do ensaio, nas diferentes modalidades de tratamento.Quanto às doenças, deu-se especial atenção à estenfiliose (Stemphylium vesicarium Simmons)e ao pedrado (Venturia pirina Aderh.), pela ocorrência de periodos de durante o estudo. Quanto

VOLUME360 l/haVOLUME550 l/haVOLUME750 l/haVOLUME1000 l/ha

DISTÂNCIA À LINHA A TRATAR (mts)

% C

OB

ERTU

RA

0

10

20

30

40

50

1.5 2.5 4.0

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às pragas, deu-se maior atenção à evolução da psila (Cacopsyla pyri L.). Quanto ao bichado(Cydia pommonella L.) não justificou qualquer tratamento específico, uma vez a ser praticadahá vários anos a confusão sexual, com eficácia. A detecção dos períodos críticos ou períodos de maior susceptibilidade de ocorrência deinfecções, teve por base a adopção de um modelo que tem vindo a ser desenvolvido para opedrado (Venturia pirina Aderh.) e cujos resultados provêm da conjugação da informaçãometeorológica recolhida na estação da zona em questão e dos parâmetros biológicos dadoença, trabalhados e cedidos pela Associação de Agricultores de Alcobaça.

4.3.1 – Tratamentos efectuados Por compromisso do projecto foram utilizados auxiliares BAYER a partir da instalação doensaio no dia 1 de Abril de 2002. Como se pode constatar pelo quadro 3, os tratamentos foramsempre realizados na concentração recomendada no rótulo, independentemente dos volumesde calda utilizados. Foi respeitada a estratégia de protecção integrada já implementada naexploração à vários anos.

Quadro 3 – Tratamentos Efectuados na Campanha de 2002Data dos

TratamentosEstratégia “Bayer” Concentração

(gr ou cc/hl)4 de Abril Baycor S + Enxofre Molhável + Frutamina 37,5 + 600 + 10019 de Abril Enxofre Molhável + Frutamina 400 + 10027 de Abril Delan + Anti-Stip 50 + 10004 de Maio Baycor S + Bayfolan Fruta 37,5 + 50019 de Maio Pomarsol Ultra D + Alsystin + Bayfolan Fruta 200 + 40 + 50030 de Maio Baycor Plus + Anti-Stip 225 + 100015 de Junho Lavagem a 1500 l/ha -16 de Junho Delan + Libero Top 50 + 4029 de Junho Lavagem a 1500 l/ha -30 de Junho Pomarsol Ultra D 2007 de Julho Pomarsol Ultra D + Bayfolan Fruta 200 + 50014 de Julho Pomarsol Ultra D 20025 de Julho Pomarsol Ultra D + Libero Top + Anti-Stip 200 + 40 + 10008 de Agosto Euparene 200

4.3.2 – Desenvolvimento do pedrado (Venturia pirina Aderh.)

No aspecto fitossanitário, o controlo do pedrado era motivo de alguma apreensão. A ocorrênciade geadas entre 16 e 20 de Abril, provocou uma acentuada quebra de produção nas parcelasmais próximas, que não justificaram, a partir daí, qualquer tratamento especifico para estadoença.

Gráfico 7 – Evolução do pedrado (Venturia pirina Aderh.) nos frutos para todas as modalidades

VOLUME 1000 l/ha

VOLUME 750 l/ha

VOLUME 550 l/ha

VOLUME 360 l/ha

DATA

% P

EDR

ADO

NO

S FR

UTO

S

0

1

2

3

4

5

6

14/05 01/06 15/06 29/06 16/07 31/07 17/08

A elevada pressão da doença nas áreas limítrofes, aumentava o risco de infecções. A evoluçãodo pedrado nos frutos foi semelhante em todas as modalidades até meados de Junho, altura a

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partir da qual o nº de frutos atacados na modalidade do alto volume se sobrepôs às restantesmodalidades. Na última contagem antes da colheita a modalidade do baixo volume registouvalores ligeiramente mais favoráveis que as modalidades de médio/alto e alto volume.

Quadro 4 – Incidência do Pedrado (Venturia pirina Aderh.) à Colheita

Doença Modalidade % à Colheita (Contagem de 1000 frutos)24 de Agosto de 2002

1000 l/ha 6,1750 l/ha 5,0550 l/ha 2,4

Pedrado(Venturia pirina Aderh.)

360 l/ha 3,1

Os resultados obtidos à colheita, por incidir sobre um nº mais elevado de frutos e numaobservação mais rigorosa, justificam maior atenção na sua interpretação. A tendênciacorrespondente às observações periódicas efectuadas na árvore, manteve-se de um modogeral semelhante. Nas observações à colheita, a pulverização convencional em alto volume,onde o volume de calda e as doses de produto fitofarmacêutico eram superiores, observou-semaior incidência da doença, deixando antever que a distribuição da calda nas árvores podenão ter sido a mais adequada. Essa falta de eficiência, poderá advir da maior dimensão dasgotas ou do equipamento utilizado, por se tratar da testemunha (pulverizador sem deflectorvertical). Curioso também, é o facto da pulverização recorrendo a 360 l/ha ter permitido aobtenção de melhores resultados em relação à pulverização a 750 l/ha, ou seja, com umaredução de 52% das doses de produtos fitofarmacêuticos obtivemos melhor eficácia biológica.O valor mais favorável foi obtido com a pulverização a 550 l/ha, vindo ao encontro de valoresobtidos por Leão de Sousa (2001), no mesmo pomar. Estes resultados não só se explicam poruma melhor distribuição da calda ou por maior potencial das substâncias activas quandoassociadas a uma correcta aplicação, mas possivelmente pela melhor combinação dascondições envolvidas face à volumetria do pomar. Sendo assim, merece reflexão, a atribuiçãoda responsabilidade do insucesso da aplicação de determinados produtos comerciais àsempresas representantes, sem que oportunamente tenha sido questionada a sua técnica deaplicação.

4.3.3 – Desenvolvimento da estenfíliose (Stemphylium vesicarium Simmons)

Nos últimos anos a parcela em estudo tem-se mostrado altamente susceptível a infecções nosúltimos 2 a 3 meses que antecedem a colheita. Os resultados abaixo apresentados tiveram porbase a contagem de 100 folhas e frutos durante o decurso da campanha e de 1000 frutos àcolheita.

Gráfico 7 – Evolução da Estenfiliose (Stemphylium vesicarium Simmons) nas folhas

VOLUME 1000 l/ha

VOLUME 750 l/ha

VOLUME 550 l/ha

VOLUME 360 l/ha

DATA

% E

STEN

FÍLI

OSE

/FO

LHAS

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

14/05 01/06 15/06 29/06 16/07 31/07 17/08

Pela análise ao gráfico 7 verifica-se que, como já vem sendo habitual, a incidência daestenfíliose aumenta nas folhas, na 1ª quinzena de Junho e a cerca de 40 dias antes da

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colheita. Nestes períodos as modalidades de volumes de calda mais baixos, apresentam nasua generalidade, um comportamento mais favorável. Com a aproximação da colheita, amodalidade do baixo volume respondeu de forma mais positiva à ocorrência de infecções,enquanto que o médio/baixo volume evoluiu de forma semelhante ao médio/alto volume. O altovolume, apesar das doses mais elevadas, foi onde surgiu maior incidência da estenfíliose nasfolhas.

Gráfico 8 – Evolução da Estenfíliose (Stemphylium vesicarium) nos frutos

VOLUME 1000 l/ha

VOLUME 750 l/ha

VOLUME 550 l/ha

VOLUME 360 l/ha

DATA

% E

STEN

FÍLI

OSE

/FR

UTO

S

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

14/05 01/06 15/06 29/06 16/07 31/07 17/08

Pela análise ao gráfico 8 verifica-se que as infecções nos frutos aumentaram no momento emque também foi maior a sua incidência nas folhas, tendo a partir daí decrescidosignificativamente em todas as modalidades. Porém as modalidades de baixo e médio volumenão registaram qualquer infecção evolutiva na última observação.

Quadro 5 – Incidência da estenfiliose à colheita (Stemphylium vesicarium Simmons)

Doença Modalidade % à Colheita (Contagem de 1000 frutos)24 de Agosto de 2002

1000 l/ha 2,4750 l/ha 2,2550 l/ha 1,5

Estenfiliose (Stemphyliumvesicarium Simmons)

360 l/ha 0

Na contagem dos frutos à colheita observa-se a mesma tendência que na última observaçãona árvore. Porém, houve registo de infecções nas modalidades de médio volume, face aográfico anterior. Esta situação poderá encontrar justificação no intervalo de tempo que foi dadoentre o último tratamento e a colheita, para respeitar o intervalo de segurança.

4.3.4 – Desenvolvimento da psila

O estudo da evolução da psila (Cacopsyla pyri L.) revelou-se importante por ser a única pragaa ser avaliada no ano em causa, uma vez todas as outras não terem justificado qualquertratamento específico.Pela análise do gráfico 9, verifica-se que todas as modalidades apresentaram uma tendênciasemelhante, ainda que as curvas referentes às modalidades de volumes mais baixos tenhamregistado valores ligeiramente menores. A micronização das gotas com Alsystin parece induzirum ligeiro aumento na sua eficácia.

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Gráfico 9 – Evolução da Psila (Cacopsyla pyri L.)

VOLUME 1000 l/ha

VOLUME 750 l/ha

VOLUME 550 l/ha

VOLUME 360 l/ha

DATA

PSIL

A - %

RAM

OS

ATAC

ADO

S

0

20

40

60

80

100

120

14/05 01/06 15/06 29/06 16/07 31/07 17/08

Há ainda a considerar as duas lavagens efectuadas a 1500 l/ha, que contribuíram para osresultados obtidos em todas as modalidades.

4.3.5 – Avaliação dos resultados económicos

Avaliado o custo dos tratamentos por hectare, incluindo todos os insecticidas, fungicidas eadubos foliares usados ao longo da campanha (com excepção aos tratamentos de inverno),considerando as concentrações recomendas pela BAYER e os preços unitários retirados dasfacturas de compra da exploração, constata-se uma redução de aproximadamente 65% e 45%nas modalidade baixo e médio/baixo volume relativamente à modalidade de alto volume. Nãose considerou a poupança de tempo do trabalho de máquina e operador relativo ao menor nºde enchimentos e preparação de calda, que as primeiras modalidades permitem emcomparação com as segundas.

Gráfico 10 – Custos dos tratamentos por modalidade

0

100

200

300

400

500Custo/ha (€)

1000 l/ha 750 l/ha 550 l/ha 360 l/ha

Quer isto dizer que se nos reportarmos a uma produção de 20 ton/ha, com a modalidade dobaixo volume temos uma redução de custo de 0,012 €/kg e com a modalidade do médio/baixovolume de 0,008 €/kg, ao mesmo tempo que aumentámos a eficácia dos tratamentos.

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5. CONCLUSÃO

O estudo que vem sendo realizado, tem-nos permitido tirar algumas ilações, alertando-nospara a possibilidade de que alterações nas técnicas de pulverização, podem trazer melhoresresultados globais. O volume de calda não deverá ser adequado a uma ideia pré-defenida em função da área dopomar, mas sim optimizado em função da volumetria das árvores. A alteração dos volumes de calda deverá ser sempre acompanhada por equipamentos depulverização que permitam melhorar a sua distribuição, dado que para a penetração e ahomogeneidade da repartição serem melhoradas, será necessário menor quantidade de líquidopara obter uma cobertura semelhante.A redução dos volumes foi acompanhada por um aumento significativo do nº de gotas eredução do tamanho das mesmas.As gotas mais pequenas, parecem revelar-se mais efectivas na protecção contra as doenças.O alto volume permitiu a obtenção de coberturas superiores nos órgãos mais próximos,precisamente aqueles onde todas as modalidades proporcionaram boas coberturas.A diminuição dos volumes dá origem a diminuições muito significativas das perdas porgotejamento e escorrimento para o solo. Consequentemente redução dos riscos de poluição.A optimização da qualidade do pulverizado e a consequente redução dos volumes de caldapode também gerar ganhos económicos interessantes, com níveis de eficácia semelhantesPelas razões apontadas e pela maior eficácia biológica das modalidades de volumes maisbaixos, deverá alertar-se para a necessidade de se estudarem as condições e doses deaplicação de cada produto comercial, que não sejam baseadas apenas nas doses por hectare,indiferentes à volumetria e técnica de aplicação existente.Podemos constatar que a estratégia seguida com os auxiliares BAYER, demonstrou eficácianas condições em estudo, em particular nas modalidades de baixo (360 l/ha) e médio/baixovolume (550 l/ha).

6 – AGRADECIMENTOS

_ Ao Sr Pedro Ruas pela total colaboração na realização dos ensaios; _ Ao Engº Rui de Sousa e à Engª Délia Fialho pela revisão dos textos;_ Aos Produtores que nos últimos anos nos permitiram implementar e acompanharesta técnica de pulverização.

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Doruchowski, G.; Svensson, S. & Nordmark, L. (1996). Spray deposit within apple treesof differing sizes and geometry at low, medium and high spray volumes.

Leão de Sousa, M.A. (2001). Optimização de Sistemas de Pulverização em BaixoVolume à cultura da Pereira Rocha no âmbito da Protecção Integrada. Relatório do trabalhofinal de curso de Engª Agronómica, ISA, UTL, Lisboa.

Matthews, G.A.(1992). Pesticide Application Methods 2nd Ed. Longman Sci. Tec.,

Harlow, UK. 397p.

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Musillami, S. (1982). Les traitements par pulverization et les pulverisateurs enagriculture. Numéro special regroupant les etudes Nos. 487-490 et 493. Ministère del`Agriculture. CEMAGREF. In: Leão de Sousa, M.A. (2001). Optimização de Sistemas de

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Rüegg, J.; Siegfried, W.; Holliger,E.; (1999) Pulvérisation en arboriculture – Adaptationde la dose de produits phytosanitaires et de la quantité d’eau au volume des arbres frutiers àpépins et à noyaux. Reveu Suisse Vitic. Hortic., Vol.31 (3).