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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional22 - Semana de.. OCtávio Carmo24 - Dossier Diocese de Setúbal26 - Entrevista D. José Ornelas Carvalho

56- Multimédia58- App Pastoral60- Estante62 - Concílio Vaticano II64- Agenda66 - Por estes dias68 - Programação Religiosa69 - Minuto Positivo70 - Liturgia72 - Ano da Vida Consagrada76 - Cristãos perseguidos Fundação AIS78 - Lusofonias Tony Nevez

Foto da capa: D. R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Organização

missionária daIgreja[ver+]

Sínodo: últimosrelatórios exigemmudanças[ver+]

D. José OrnelasCarvalho, bispoem Setúbal[ver+]

Paulo Rocha| Octávio Carmo Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony

Neves | João van Zeller

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Família: Nem a cores nem a preto ebranco

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

O que a Igreja Católica sugere para “ser família”é frequentemente desconsiderado. Não por serdesprezado, mas desconhecido, nãoexperimentado. Por outro lado, o anonimato demuitos percursos familiares e os requisitosnecessários para se abeirarem de ambienteseclesiásticos e, por consequência, do “Evangelhoda Família”, é também um dado a fixar.

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Diante de uma dupla distância – dasfamílias em relação ao que a IgrejaCatólica propõe e da Igreja diantedos percursos de muitas delas -,foram surgindo pontes, emdeterminados setores da pastoraleclesial, que o Sínodo dos Bispostenta consolidar. E estará nessapossibilidade a nova era que ocaminho sinodal em curso vaiinaugurar, mesmo sem sabermosque direção vai tomar para láchegar.D. José Ornelas Carvalho, ordenadobispo para a Diocese de Setúbal nodia em que o Papa conclui o Sínododos Bispos, considera que sãonecessárias “orientações unitárias”para “manifestações diferentes” davida

em família e elege o acolhimentocomo atitude principal para queexista um acompanhamento detodas as pessoas em ordem à“inserção na comunhão e na vida dacomunidade eclesial”.Para aproximar o quotidiano familiare a proposta que a Igreja lhe querfazer chegar pode ser útil deixar apaleta que olha a família comtodas as cores, por um lado, e a queapenas conhece o preto e branco,por outro. Pelo meio há uma escalasem fim de tons a determinar arealidade familiar, de cada pessoa,de cada casal. E todos sãonaturalmente diferentes!

insira a foto aqui

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Catástrofes naturais continuam a fustigar as populações do arquipélago dasFilipinas @ Dante Diosina/AFP

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- “Estamos a viver um momento muitocrítico, pela indecisão que se percebeque existe, não sabemos bem o rumoque a governação do nosso país vaitomar. Apesar do que escreve ou doque se diz para a Comunicação Social,eu continuo a confiar no bom senso, naprudência das pessoas que estãoempenhadas neste processo denegociação”, D. José Alves,arcebispo de Évora, 16/10/2015 - “Que (no Sínodo) sobretudo sesaliente o valor da família comoinstituição fundamental para a nossasociedade, se dê alento àqueles quecontinuam a lutar pela família, aacreditar que afinal o amor entre ohomem e a mulher no matrimónio épossível”, D. Manuel António dosSantos, bispo de São Tomé ePríncipe, Rádio Vaticano, 17/10/2015 - “Lamentamos profundamente que, emtermos europeus, a lentidão, aineficiência e a total incapacidade deresposta esteja a atrasar esteprocesso. Não conseguimos entender,tendo sido tomada uma decisão doConselho Europeu, havendo consensoe disponibilidade de países comoPortugal, por que é que está a demorartanto tempo a recolocação derefugiados, tanto mais que ascondições atmosféricas estão adeteriorar-se”, Rui Marques,responsável pela Plataforma deApoio aos Refugiados, Jornal deNotícias, 20/10/2015

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Alenquer: Congresso Internacionalestuda culto ao Espírito Santo nolocal onde nasceu

O presidente da Câmara Municipalde Alenquer afirmou hoje à AgênciaECCLESIA que o CongressoInternacional do Espírito Santo, queassocia universidades, confrarias eautarquias, vai “acrescentar saber”a um culto a partir do local ondenasceu.“O Congresso Internacional doEspírito Santo vai trazer o culto aolocal onde ele nasceu, não só aparte iconográfica, mas também acientífica. Há vários estudos jáfeitos, pouco conhecidos, e pensoque vamos acrescentar saber a esteculto”, afirmou Pedro Folgado naapresentação deste projeto.O Congresso Internacional doEspírito Santo (CIES), intitulado“Génese, evolução e atualidade dautopia

da fraternidade universal”, vaidecorrer em Coimbra, Lisboa eAlenquer, entre junho e setembro de2016.O CIES, que decorre em Coimbranos dias 16 e 17 de junho, emLisboa a 14 e 15 de setembro edepois em Alenquer, vai assinalar os800 anos da Fundação dosFranciscanos, os 500 anos dabeatificação da Rainha Santa Isabel,da ‘Utopia’ de Thomas Morus e doprimeiro compromisso impresso dasMisericórdias e os 300 anos daFundação do Patriarcado de Lisboa.José Eduardo Franco, presidente daComissão Organizadora do CIES,considera que a realização científicae cultural que o projeto vai promoveré uma oportunidade para construiruma “globalização com rostohumano”.

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Arcebispo de Évora lembra«sacrifícios» dos portugueses e pede«bom senso» na formação doGovernoO arcebispo de Évora disse àAgência ECCLESIA que os líderespolíticos devem respeitar os“sacrifícios” da população nomomento em que estão a negociar aformação do novo Governo, após asLegislativas de 4 de outubro. “O fundamental é que os sacrifícios que os portugueses fizeram nestes últimos quatro anos não sejam emvão”,

referiu D. José Alves.O responsável falava à margem dainauguração de uma novadelegação da Fundação Ajuda àIgreja que Sofre no convento deSanta Clara, em Évora.“Estamos a viver um momento muitocrítico, pela indecisão que sepercebe que existe, não sabemosbem o rumo que a governação donosso país vai tomar”, assinalou oarcebispo.Para D. José Alves, é importanteencontrar “uma fórmula que dêestabilidade governativa” ao país,porque sem estabilidade “não épossível progredir, é um bemfundamental”.“Confiemos no bom senso daspessoas, porque apesar do queescreve ou do que se diz para aComunicação Social, eu continuo aconfiar no bom senso, na prudênciadas pessoas que estãoempenhadas neste processo denegociação”, acrescentou.

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Sociedade: Pobres perderam «influênciapolítica»

O jornalista Francisco SarsfieldCabral disse em Lisboa que ospobres perderam “influênciapolítica”, pelo que a luta pelaerradicação de miséria exige umaconversão da opinião pública.O especialista falava no painelinicial da jornada de Liturgia, Arte eArquitetura, promovida pela Ordemdos Arquitetos, sobre o tema‘Arquitetura para uma Igreja pobre eservidora’.Numa intervenção sobre ‘Tipologiasda pobreza’, Sarsfield Cabralsustentou que só haverá políticaseficazes de erradicação da pobrezaquando “a maioria dos eleitores, porrazões éticas, achar intolerável estasituação”.Apesar dos “grandes avanços naredução da miséria e da fome”, oproblema das desigualdades estána ordem do dia, juntamente com oenvelhecimento da população.

A iniciativa que decorre no auditórioda Ordem dos Arquitetos, começoucom a apresentação dodocumentário ‘O meu bairro’, deInês e Daniela Leitão, que mostra otrabalho dos Missionários daConsolata no Bairro do Zambujal.O padre José Manuel Pereira deAlmeida, diretor do SecretariadoNacional da Pastoral Social,apresentou uma intervenção ‘Cuidardo outro’, partindo do “ícone daMisericórdia” criado para aComunidade ecuménica de Taizé(França), que conta a parábola doBom Samaritano.“Só o amor transfigura a realidade”,observou.A organização revelou que ainiciativa recebeu várias mensagensde apoio de bispos católicos,incluindo a de D. Pio Alves,presidente da Comissão Episcopalda Cultura, Bens Culturais eComunicações Sociais.

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Por uma organização missionáriapara Igreja em PortugalO presidente da ComissãoEpiscopal Missões e NovaEvangelização afirmou que a Igrejaem Portugal só ultrapassa osproblemas internos se se organizarde “maneira missionária”“Igreja que estás em Portugal,organiza-te de maneira missionáriae verás que muitos dos teusproblemas se ultrapassarão. Verásque a ‘missão no exterior’ só geraânimo para a ‘missão no interior’”,sublinhou D. Manuel Linda nahomilia da Missa do Dia Mundial dasMissões.Para o presidente da ComissãoEpiscopal Missões e NovaEvangelização, “os missionários nãose fabricam por encomenda”, mas“surgem espontaneamente quandoas paróquias, as comunidadescrentes, os cristãos no seuconjunto” assumirem “uma militânciadestemida” e uma “fé assumida einegociável”.

D. Manuel Linda referiu-se aindaaos cristãos perseguidos e aosrefugiados que chegam à Europa,provenientes especialmente doMédio Oriente, defendendo que o“acolhimento dos “mártires do nossotempo” não pode “ficar refém detemores de quem possa vir no meiodeles, mas é tarefa urgente que senos impõe em nome do humanismoe da fé”.Na ocasião, o presidente daComissão Episcopal Missões e NovaEvangelização referiu-se também aoSínodo dos Bispos, afirmando quenão é um “duelo” entre“conservadores” e “progressistas”.“O Sínodo não é um duelo entre osditos conservadores eprogressistas, mas a resposta ounão aos desafios dos sinais dostempos”, disse D. Manuel Linda naMissa de celebração do Dia Mundialdas Missões, na paróquia deCarnaxide, em Lisboa.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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«The Street Store» chega a Portugal

O padre José Tolentino Mendonça foi galardoado com o prémio literárioitaliano ‘Res Magnae 2015

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Sínodo: Últimos relatórios assumemdiferenças sem «exigir» mudançasO acesso à Comunhão dosdivorciados que voltaram a casarcivilmente é um dos temas quedivide os últimos 13 relatórios dosgrupos de trabalho do Sínodo dosBispos sobre a família, que decorreno Vaticano. Os textos em cincolínguas, divulgados pela sala deimprensa da Santa Sé, têm váriasreferências favoráveis àmanutenção da “atual disciplina” econvidam os católicos em segundaunião a “abster-se” da Comunhão.O tema, no entanto, não gerouunanimidade, falando-se mesmo em“perigo de confusão”, e algunsparticipantes sugerem ao Papa quecrie uma “comissão” – um gesto quepoderia estar associado ao Jubileuda Misericórdia - para estudar “commaior precisão teológica”uma questão para a qual, alertamoutros, não se procuram soluções“universais”.Sem qualquer pedido de mudançaimediata, um dos grupos contestaas “formas de exclusão litúrgica,educativa e pastoral” que aindaexistem em relação aosdivorciados e em várias

passagens é referida a necessidadede promover percursos de“discernimento”, no “foro íntimo”,sobre cada situação. Um dosrelatórios fala do “poucoentusiasmo” com que foi recebida aproposta da “via penitencial” para osrecasados e afirma-se que, emdefesa da indissolubilidade docasamento, a referência nestecampo continuam a ser as formasde participação

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enunciadas pelo Papa São JoãoPaulo II na exortação ‘FamiliarisConsortio’ (n.º 84), que excluía oacesso à Comunhão.O primeiro dos dois grupos commembros de língua castelhana eportuguesa, por sua vez, defendeque é preciso ouvir “o grito detantas pessoas que sofrem e gritam,pedindo para participar o maisplenamente possível na vida daIgreja”.Mais de 500 propostas foramentregues à comissão responsávelpela elaboração do relatório final,anunciou o porta-voz do Vaticano,

em conferência de imprensa. Oencontro com os jornalistas contoucom a presença do cardealReinhard Marx, arcebispo deMunique (Alemanha), que valorizouo trabalho realizado no grupogermânico, com a presença Igrejacomo “graça, bênção, uma aliançade amor”, um “dom de Deus”.Os participantes lamentam a falta deuma “teologia da família”, por causada centralização do debate nocasamento e na moral, que leva a“repetir coisas óbvias, sem ideiaschave e mobilizadoras”.Tendo em vista o texto final doSínodo 2015, pede-se que se useuma linguagem “clara e simples” queevite “ambiguidades e equívocos”,superando “falsas oposições”. Osrelatórios sublinham a importânciado “contexto cultural” na vivênciafamiliar, apelando a um maiorespaço para o ensinamento bíblicosobre a família e à apresentação daproposta cristã de forma concreta enão como um “ideal abstrato”.

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Fidelidade e indissolubilidadematrimonial O Papa alertou no Vaticano para asconsequências da perda do valorda “fidelidade” às promessas,sublinhando a importância daindissolubilidade matrimonial, apoucos dias do fim do Sínodo sobrea família. “Pensemos nos danosque a inflação de promessas porcumprir, em vários campos, produzna civilização da comunicaçãoglobal, bem como a indulgênciapela infidelidade à palavra dada eaos compromissos assumidos”,advertiu, perante milhares depessoas reunidas na Praça de SãoPedro, para a audiência públicasemanal.Francisco defendeu a restituição da“honra social” à “fidelidade doamor”, valorizando os “milhões” dehomens e mulheres que dão vidaao “fundamento familiar”. “Não é poracaso que este princípio dafidelidade à promessa do amor e dageração está escrito na criação deDeus como uma bênção perene”,acrescentou.Neste contexto, o Papa disse que aIgreja vê nesta fidelidade para “todaa vida” uma “bênção” com a qualprocura aprender, antes de a“ensinar e disciplinar”, tendo comoreferência a “misericórdia” divina.

“O amor pela família humana,na boa e na má sorte, é sempre umaquestão de honra para a Igreja. QueDeus nos permita estar à alturadesta promessa”, assinalou.Um dia antes da memória litúrgica deSão João Paulo II (1920-2005), “oPapa da família”, Francisco pediuque o santo polaco interceda peloSínodo que se conclui este domingo,a fim de que a assembleia “renoveem toda a Igreja o sentido do valorinegável do matrimónio indissolúvele da família saudável, baseada noamor recíproco do homem e damulher e na graça divina”.O Papa pediu orações pelosparticipantes no Sínodo, para queDeus “abençoe o seu trabalho,desenvolvido com fidelidade criativo”.

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Papa canonizou pais de SantaTeresinhaO Papa Francisco canonizou estedomingo no Vaticano os pais deSanta Teresinha, primeiro casal aser canonizado em conjunto, comexceção dos casos de martírio. SãoLouis Martin (1823-1894) e SantaZélie Guérin Martin (1831-1877)foram proclamados santos duranteuma cerimónia que reúne milharesde pessoas na Praça de São Pedro.Francisco disse que os novossantos "viveram o serviço cristão nafamília, construindo dia após dia umambiente cheio de fé e amor; e,neste clima, germinaram asvocações das filhas, nomeadamentea de Santa Teresinha do MeninoJesus".Na sua homilia, o Papasustentou que há "incompatibilidadeentre ambições e carreirismo e oseguimento de Cristo;incompatibilidade entre honras,sucesso, fama, triunfos terrenos ea

lógica de Cristo crucificado".Simbolicamente, a canonizaçãoaconteceu durante o Sínodo dosBispos sobre a família, que decorreaté ao próximo dia 25, e no DiaMundial das Missões, de que SantaTeresa do Menino Jesus épadroeira.Os pais de Santa Teresinha foramdeclarados beatos pelo Papaemérito Bento XVI, a 19 de outubrode 2008, numa cerimónia presididaem Lisieux (França) pelo cardealportuguês D. José Saraiva Martins.Louis, relojoeiro, e Zélie Martin,bordadeira, casaram-se em 1858 etiveram nove filhos: quatrofaleceram ainda na infância e cincofilhas seguiram a vida religiosa.O Papa canonizou ainda VincenzoGrossi (Itália, 1845-1917), padrediocesano, fundador do Instituto dasFilhas do Oratório, e Maria daImaculada Conceição (Espanha,1926-1998), religiosa daCongregação das Irmãs daCompanhia da Cruz.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Proposto do relatório final do Sínodo 2015 está pronta

Presidentes das Cáritas do Líbano e Portugal assinam acordo

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Manter para mudarA grande agitação mediática querodeou o Sínodo sobre a Famíliagerou expetativas grandes, muitasvezes nobres e noutros casosdesmesuradas, na opinião pública enas comunidades católicas. Otrabalho das últimas semanas temsido intenso, com conferências deimprensa diárias, muitos relatórios eentrevistas que vão dando conta dedivergências, naturalmente, e deuma intenção de fundo quepretende encontrar caminhoscomuns para valorizar a família enovas formas de comunicar oensinamento católico sobre estestemas. Confesso que em muitos momentosme surpreendeu a amplidão dostemas tratados, ligados a questõeseclesiológicas, de direito canónico ede moral sexual, embrulhados numvago debate entre o que significadoutrina e pastoral, verdade emisericórdia. De família, por certo,falou-se muito no interior da aulasinodal e nos trabalhos de grupo,mas esses encontros decorrem àporta fechada e aos jornalistas só épossível relatar aquilo que lhes écontado por terceiros. Na praçapública, no entanto, os temasmultiplicam-se

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

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e a família parece ter um papel secundárionaquele que deveria ter sido o grandemomento da sua reafirmação como referênciacentral e incontornável da vida católica. Pelo que já foi possível ver, em Roma o clima éde uma certa acalmia depois das grandes“clivagens” e “tempestades” que preencheramcapas de jornais e blogues especializados. Aconvicção de fundo é que os participantes doSínodo vão deixar de parte temas tidos comofraturantes, concentrando-se no chão comumque conseguiram encontrar depois de trocasde experiências e de análises da realidade,diversa e em constante mudança. Sem surpresa, diga-se, a Igreja Católica vaimanter a sua doutrina para mudar o mundo enão o contrário. Espera-se que este Sínodotenha servido sobretudo para que todos osresponsáveis se sintam mais próximos e maisresponsabilizados pelos destinos das famílias,problemáticas ou não, próximas da Igreja ou decostas voltadas para ela. Sem dedosapontados, mas com braços abertos. O ruído,esse, continua dentro de momentos.

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

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D. José Ornelas Carvalho é o terceiro bispo da Diocese deSetúbal. D. Manuel Martins coordenou o trabalho da Igreja

Católica na região entre 1975 e 1998 e D. Gilberto Canavarrodeste esse ano até agora.

Criada a 16 de Julho de 1975, pelo Papa Paulo VI, tem umapopulação católica distribuída por 57 Comunidades Paroquiais

agrupadas em 7 vigararias, num território que temaproximadamente 1.500 km2 e uma população de 790.000

habitantes, abrangendo 9 Concelhos dos 13 concelhos dodistrito de Setúbal.

Enviado como missionário, D. José Ornelas afirma que a IgrejaCatólica na região deve ser uma “casa para todos”, onde cada

um tem um nome e se torna urgente tornar o Evangelho “denovo criativo”.

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D. José Ornelas Carvalho

Colocar a Igreja em“carris de universalidade”para “construir a casa comum” A missão, os cristãos “com nome”, o tempo gasto a pensar nos “que estãofora”, as parcerias sociais para chegar a todos, o acolhimento às famílias.Temas da entrevista de D. José Ornelas à Agência Ecclesia, a poucos diasde ser ordenado bispo e iniciar o episcopado na Diocese de Setúbal: umadiocese periférica, onde o Papa Francisco o enviou como missionário.

Entrevista realizada por Paulo Rocha

Setúbal: A Terra de MissãoAE – Recebeu um mandato do PapaFrancisco: ser missionário naDiocese de Setúbal. Que missão lhefoi pedida para desenvolver?JO – O Papa fala de um ponto devista global da Igreja que está adesenvolver-se no hemisfério sul –África, Ásia; América do Sul – e quese está a restringir, em termosnuméricos, na Europa. Isto significa

que quando se fala em abrir asportas da missão hoje, é umamissão específica também na Igrejae, particularmente, nos paíseschamados de tradição cristã, que jánão o são na maioria da população.Reconverter os nossos esquemasmentais, estruturais e de atuação émuito importante.

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AE – É um quadro que se aplicatambém à Diocese de Setúbal?JO – A Diocese de Setúbal é emtermos populacionais uma dasdioceses que tem uma frequênciareligiosa, católica, mais baixa. Noentanto, para cima dos 70 por centodas pessoas foram batizadas. Istosignifica que há um caminho apercorrer de revitalização dassementes da fé que as pessoas tême de encontrar expressões e modosde

encontro e de comunhão aberta atodas estas pessoas.A isso se referia o Papa dizendo queSetúbal, como a maioria dasperiferias das grandes cidades, eneste caso, particularmente, a parteda diocese voltada para o Rio Tejo,funciona muito como periferia deLisboa. Em todo o mundo, e nãoapenas na Europa, é na periferiadas grandes cidades que se situam,muitas vezes, as grandespossibilidades mas também

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os grandes desafios humanitários,económicos, sociais, de integraçãode pessoas que não veem para ocentro mas ficam nas periferias.Quando o Papa se refere àsperiferias, esta situação periféricaque se encontra em todo o lado, éuma das situações a ter em conta. AE – Quer dizer que o PapaFrancisco conhece a diocese paraonde o enviou?JO – O Papa Francisco conhecia orelatório da Diocese de Setúbal e vê-se que o tinha lido porque fezreferência e estava dentro doassunto. Igreja: Uma “Casa Abertaa todos”AE – Em relação à prática dominical,há um recenseamento que adiocese fez em 2014, tem dadossobre esse censo?JO – Em relação a detalhes daDiocese de Setúbal sou “babybishop” e estou a dar os primeirospassos mas sei que os dados sesituam por aí, muito baixos, sei queé das que tem a frequência religiosadas mais baixas do país. AE – Há paróquias, pelo que se vaisabendo, que os dados revelam umdecréscimo de cerca de 50 porcento da prática dominical?JO – É possível. No entanto, e éalgo

muito simpático em Setúbal, há umavida eclesial muito ativa e aspessoas que participam dascomunidades interessam-se por elase isso dá-me uma grande coragempara que sirva de fermento parauma vida eclesial muito maisintensa.É um caminho que se está a fazerpela Europa inteira. Uma das coisasque é importante nos países detradição cristã, como o nosso, é dar-se conta que não vivemos mais numregime de cristandade onde se dápor descontado que toda a gentevai à missa.Não dando isso por descontadotemos duas atitudes: A primeira éuma atitude de respeito, a segundaé de acolhimento a todas aspessoas.O Papa fala de uma casa para ahumanidade, é um ponto deencontro de gente de boa vontade,marcada pela fé em Cristo. Os grausde adesão podem ser vários e aIgreja deve estar abertaprecisamente a esta diversidade decompreensão, de compromisso.Depois uma atitude de missão, nosentido não de proselitismo, deconquistar pessoas, mas oferecer atodos aquilo que nós pensamos queé importante para a vida de umapessoa, para a comunidade e paraa humanidade.

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Esta é a atitude que consideroimportante desenvolver-se naEuropa, de partir realmente docontexto de uma experiência decomunidade, de solidariedade e deexperiência de fé que se põem emcomum e propõe como projeto devida para outros. AE – O seu predecessor, D. GilbertoReis, atual administrador apostólicoda Diocese de Setúbal, numaentrevista à Agência ECCLESIA, hádois anos, dizia que “sente adiocese muito fechada em si”, “agastar muitas energias com o queestá dentro”. Não é um quadro quecontradiz essas atitudes que acabade dizer?JO – É um quadro que se podeaplicar a toda a Igreja. As nossasestruturas eclesiais e a nossamentalidade estão aindaprogramadas e plasmadas parauma Igreja que era de cristandade.A Igreja estava no centro de tudo,onde se esperava que as pessoasviessem, e não uma Igreja de saída,mas virada para aqueles que estãodentro. Isto é a mentalidade que nóstemos. E também as estruturas quetemos estão pensadas para isso.Pensar uma Igreja em saída comodisse o Papa, em saída de siprópria, com menosautorreferencialismo

Pergunto-me sempre, navida dos padres, doscatequistas: Quandotempo dou aos que estãodentro e quanto tempodedico aos que estãofora? e com a atenção dada aos queestão fora, aos que têmnecessidade, às reais condiçõesdas pessoas, esse é o desafio quese coloca a todos, aqui e em todo olado. É a partir daí que as situaçõespodem mudar. Isso não quer dizerque não se esteja a mudar e aspessoas não sejam ativas.Agora, a focalização da nossaatenção há de ser parafora. Pergunto-me sempre, na vidados padres, dos catequistas:Quando tempo dou aos que estãodentro e quanto tempo dedico aosque estão fora? E esta é a atitudenova que é preciso pensar. É umaatitude que se propõe à Igrejainteira. As Igrejas mais recentes,porque ainda veem desta atitudemissionária, têm mais viva essadinâmica.Nós pensávamos que a missão erasó fora porque os de “dentro” jáestavam cá, mas não é esse mais opanorama de hoje e a nossamentalidade e estruturas devemmudar nesse sentido.

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AE – Os de “dentro” podem sairmuito rapidamente. Um dadoconcreto em Setúbal, por exemplo:Por ano podem existir 500 crismasmas no ano seguinte “debandam”,como dizia o Papa. É um dado queo preocupa?JO – É evidente que me preocupana medida que significa que estáalgo a mudar na nossa capacidadede transmitir e motivar as pessoas,o que é outro aspeto da realidade.Hoje, com os modernos meios decomunicação, com a visão que cadaum tem do mundo (e o melhor é oseu mundo), não há umaautoridade que se imponha por siprópria. A autoridade deveapresentar-se como credível atodos os níveis e, antes de mais,para a situação de cada pessoa.Essa experiência personalizada dafé é importante que se encontre naIgreja. Se oferecemos só serviçosreligiosos para quem quer vir masonde as pessoas não tem nome enão têm voz, isso não vai funcionar.Hoje tudo é interativo. Não é ainternet que está a descobrir isso.Essa teia de relações está naorigem do Evangelho, que não foicomunicado pelos grandes meiosmas pelo boca a boca, atitude ematitude. Assim se vive em muitos

Essa experiênciapersonalizada da fé éimportante que seencontre na Igreja. Seoferecemos só serviçosreligiosos para quem quervir mas onde as pessoasnão tem nome e não têmvoz, isso não vaifuncionar.

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países onde a Igreja está muitoativa. Recordo, por exemplo, aIndonésia onde os católicos são 3por cento da população mas temosuma Igreja muito dinâmica, viva, atodos os níveis, mesmo no papelsocial.Eu não sou miserabilista! A Igreja deSetúbal é uma das maiscomprometidas por exemplo ao nívelsocial, onde vamos encontrandomuitas parcerias. Não temos deconcentrar tudo na Igreja.Os números interessam é evidente,mas até um certo ponto, porque amaioria das pessoas dizem que têmfé, que gostavam de ver outraIgreja, que não se comprometemassim. Há passos a dar mas achoque é um caminho a percorrer etemos de percorrer juntos, comotoda a Igreja, particularmente nestecontinente europeu.

AE – Essa falta de nome e derelações concretas pode estar naorigem da debandada dajuventude?JO – É evidente que está, mas hátambém muitos outros fatores. Não éuma análise sociológica que meinteressa agora. O problema que defacto se põe hoje é que os temposestão a mudar, o que fala aosnossos jovens hoje não é aquele dopassado, um discurso ‘ex-cathedra’,que não funciona (acho que nuncafuncionou…) Tem a sua função, ainformação, a proposta, asolenidade mas o que não for vividoe interiorizado não funciona. Nuncafuncionou.Encontrar linguagens adequadas esobretudo uma abertura ao diálogode hoje, que se passa ao nível da fémas também da própriacomunicação dentro da família, nasescolas, na

A Igreja de Setúbal é uma das mais comprometidaspor exemplo ao nível social, onde vamos encontrandomuitas parcerias.

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política. Porque é que os nossosjovens se estão a alear da política?Temos de redescobrir a linguagempara reinteressá-los na polis, naconstrução da sociedade. E a Igrejaestá muito ligada a este processode reconstrução da sociedade,onde dentro esteja a mensagem doEvangelho e a presença de Deusneste mundo.É fundamental que se encontremnovos caminhos para isso.

AE – No que foi afirmando sobre aIgreja na Península de Setúbal disseque os padres têm de serempreendedores. O que quer dizercom essa afirmação?JO – Empreendedores quer dizer oque me disse o Papa. É um desafioque temos em conjunto na Igreja. Éevidente que os padres na Igreja eos outros servidores na comunidadetemos de ter a coragem e ser fiéis, oque não significa fazer do passadoum

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museu de receitas, mas com essaenergia criar o novo. O espírito doEvangelho, de Deus, cria coisasnovas, temos de ter essa coragem eousadia.O Papa não está a inventar umaIgreja nova, nem um Evangelhonovo. Ele está a dizer e atestemunhar, com gestos, palavras,atitudes, as transformações, o que oEvangelho tem suscitado ao longoda história. E hoje é a nossa vez dereinventá-lo, no bom sentido porquenão inventamos nada, mas tornamo-lo de novo criativo na nossa vida.

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Leigos: Sentir que “AIgreja é sua”AE – Que protagonismo têm e terãoos leigos na diocese?JO – Acho que já têm e é importanteque continuem a ter. Esta comunhãonão se faz sem ninguém. A missãodos padres, do bispo, não secompreende senão ao serviço dacomunidade, que deve ser aprotagonista da vida. A vida é nacomunidade e os outros são servosimportantes, determinantes emmuitos aspetos da vida. Mas é aIgreja que se deve mover.Este movimento está ligado ao quejá falamos de participação, de sentirque a Igreja “é minha”. Mas, paraisso, é preciso que se dêoportunidade aos leigos de sentiremque a Igreja é sua e que têm nãosimplesmente deveres a cumprir,mas a alegria de participarem numacomunidade viva que lhes diz algo ese inclui num projeto detransformação social. AE – Em diferentes contextos ediocese há movimentos que têmmais relevância do que outros. EmSetúbal sente que há algumaexperiência de

é preciso que se dêoportunidade aos leigosde sentirem que a Igrejaé sua e que têm nãosimplesmente deveres acumprir, mas a alegria departiciparem numacomunidade viva que lhesdiz algo e se inclui numprojeto de transformaçãosocial. comunidade crente que tenha maisrelevância, mais hegemonia?JO – Existem vários movimentos doque conheço da realidade dadiocese. Fala-se muito dosmovimentos e esquece-se domovimento não mencionado que sevai fazendo em cada paróquia: acatequese, os jovens, as famílias, osserviços eclesiais, de solidariedade,que são imensos. É talvez a maiorconcentração em termos solidários,são mais de seis mil pessoasvoluntárias que trabalham nosserviços sociais da Igreja ao serviçoda população.Em termos de dimensão osescuteiros têm um desenvolvimentomuito grande e é muito importanteporque

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se dirigem-se a uma camada jovemna adolescência e pós-adolescênciaonde se pode semear e ajudá-los acrescer num ambiente de respeitopela natureza, de solidariedade, departicipação ativa na vida dacomunidade. Existem outrosmovimentos que estão presentes nacomunidade, como o Shalom, aComunhão e Libertação.Os movimentos ajudam as pessoasa participarem ativamente na Igrejae a serem acolhidas de um mododiferente personalizando a própriaexperiência de fé, como os casaisde Nossa Senhora, os EncontrosMatrimoniais. Desde que nãovenham dividir a comunidade… Istonão é uma Igreja “para”, mas ondeos diversos movimentos são todosbem-vindos na medida em quecontribuem para a consolidação epersonalização da fé. AE – Existe esse perigo de divisãoda comunidade, na Diocese deSetúbal?JO – Não tenho essa experiência,mas é uma preocupação que todosos movimentos devem ter. Por outrolado, é importante que estesmovimentos que são para além

da diocese, tragam uma riqueza namedida em que sejam eles próprios.O querer que participem na vida dacomunidade não é em detrimento daafirmação do seu próprio carisma,da sua própria realidade, porqueisso ajuda. Se eles não tiverem estaligação também para fora perde-semuito do contributo que podem darde comunhão com outras Igrejas,realidades, experiências.Os movimentos têm um papelimportante, mas não podemesquecer que são parte da Igreja. Edigo o mesmo para ascongregações religiosas. Fuisuperior de uma congregação comoos Dehonianos, que estãopresentes em mais de 40 países.Dizia sempre: “pensar sempre com acabeça de uma Igreja universal, deuma congregação universal, mascom os pés bem assentes nacomunidade onde se está”. Se nãose está na comunidade, faz-se umaIgreja etérea. Se nos afogarmossimplesmente na realidade localficamos reduzidos aquilo que nóssomos.Esta interação e conjugação podenão ser sempre fácil, mas háproblema se aceitarmos estadiferença e a usarmos comcriatividade e fraternidade.

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AE – Adiantou já os desafios paraas congregações religiosas.Também se situam a esse nível naDiocese de Setúbal?JO – Claro! E felizmente, dasnotícias que tenho e dos primeiroscontactos, acho que são umarealidade muito importante nadiocese. AE – Em algum setor específico?JO – Acontece que com a escassezde padres, os religiosos foramtambém limitando-se à vidaparoquial. É muito bom pelo carismaque trazem ao povo de Deus mas,por outro lado, é importante queestejam noutro setor de atividadeespecíficos. Estão na educação,nos serviços sociais, nasensibilidade a partir da própriaespiritualidade, na promoção decursos de formação e retiros queconstituem setores importantes deconsolidação e de vida dacomunidade cristã.Eu espero muito do contributo dosreligiosos para a diocese.Felizmente em Portugal temos umambiente muito interessante decolaboração onde vão ficando paratrás a maior parte dos preconceitose divisões. Estamos em Igreja!

É muito importante a colaboraçãodos diversos carismas para construiruma Igreja unida, fraterna, mastambém rica e criativa. Solidariedade: servir amulticulturalidadeAE – Que relevância tem na diocesesadina as respostas sociais queservem a população. Já referiu asparcerias. Quais é que podemacontecer?JO – Por exemplo, a Plataforma deAcolhimento aos Refugiados (PAR).Este é certamente um dos setoresonde me dá muito gosto em estarnesta diocese. É uma diocese comsensibilidade porque contacta comproblemas não indiferentes: Falta detrabalho, particularmente juvenil;falta de meios que a crise veioacentuar dramaticamente.Por exemplo, a integração depessoas que veem de todas aspartes do país e de todo o mundo,que se sente particularmente naPenínsula de Setúbal é um desafio,que não é fácil de solucionar, masque também traz em si sementesimportantes que é preciso pôr arender.Em relação aos migrantes, em

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concreto os portugueses, sãosempre pessoas que têm algo maisdo que os outros. Podem serlevados pela necessidade mas nãose fecharam no fatalismo, naresignação mas partiram à procurade novas praias e novaspossibilidades. São pessoas cominiciativa. E é essa iniciativa, porexemplo, que tiveram os retornadosque voltaram das colónias e foramum problema não de fácil solução,alguns não se adaptaram, masderam também um contributoenorme na criação de novaspossibilidades para o país. Pensoque é isto que devemos fazer.Esta crise que é europeia emundial, porque vemos asautoestradas de comunicação, depensamento e de mobilidade depessoas e não se pode esperar queficassem vazias. Se as as usam éprincipalmente porque têmnecessidade. É um sinal positivo donosso tempo. Mas, depois, nãopodemos fechar as fronteiras. Nãofunciona!. Abrirmo-nos com opróprio esforço, porque não hásoluções simples, de criarmossoluções humanitárias que nãosejam simplesmente de ganhoimediato com as pessoas quechegam. Um filho que nasce é sódespesa, mas é um grandeinvestimento que se faz para ofuturo,

a todos os níveis, também emtermos económicos. No futurotraduz-se em capacidade nova parao país. É por isso que os países daAmérica do Norte e Sul são paísesde acolhimento e não estão pior doque nós.

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AE – Esta ação sociai faz parte daidentidade da diocese, seja pelaação do primeiro bispo, D. ManuelMartins, depois o D. GilbertoCanavarro que deu continuidade, ospadres operários e a CáritasDiocesana. A Igreja de Setúbal éreconhecida no seu meio tambémpelas respostas sociais?JO – Eu acho que sim, mal seriapara qualquer diocese se não ofosse, particularmente na situaçãode crise que vivemos. Tenhoacompanhado de fora mas não mepassa desapercebido o esforço quetoda a Igreja tem feito nesse sentidoe vamos ao mais nível maiselementar das pessoas. Aiencontramos uma comunhão deinteresses por tantaspessoas! Talvez não sejam tãoassíduos à Eucaristia mas são muitoassíduos na ajuda aos maisnecessitados, o que é o princípio doverdadeiro Evangelho.Uma das coisas mais simpáticas quevejo na diocese é essa sensibilidadeque depois cria parcerias, semambiguidade, também com ospoderes públicos,independentemente dos partidos,porque quando temos por interesseas pessoas que precisam o restopassa para segundo plano.Não tenho de ser agente nem

Talvez não sejam tãoassíduos à Eucaristia massão muito assíduos naajuda aos maisnecessitados, o que é oprincípio do verdadeiroEvangelho. pretendo dar leis aos poderespúblicos nem estar ao seu serviço eao interesse de alguém. O interessecomum que todos temos é encontrarsoluções para os problemas daspessoas que sofrem e estão emdificuldade.Se o interesse não é pessoal, nem omeu grupo, partido ou Igreja mas arealidade autêntica da pessoa quesofre, vamos encontrar soluções ejuntos. Na altura que começarmos adecidir quem é que manda, quem émais importante o “caldo ficaentornado” e quem sofre são aspessoas que devíamos servir. AE – Essa vai ser a atitude do bispode Setúbal com as autoridadespolíticas, empresariais, comorganizações?JO – Acho que sempre foi e tenhoesperança que continue a ser. Nãovejo a minha compreensão de Igreja

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de outro modo. A Igreja não é umaorganização fechada em si mesma,ela foi colocada em carris deuniversalidade. Quando Jesus dizque se deve levar o Evangelho atéaos confins do mundo não é para oconquistar. Podem-se conquistarpessoas afetivamente, mas numprocesso de oferta de uma propostade vida, e que se deve manifestarcom gestos autênticos demisericórdia, de solidariedade, deajuda. Sínodo na Diocese: Umestado permanenteAE – Um dos desejos que D.Gilberto Reis não conseguiu realizarno tempo que tinha foi envolver adiocese em sínodo diocesano.Considera esta realização umaprioridade?JO – Se o sínodo for visto comouma porção mágica, durante umtempo determinado, não vale apena. Uma igreja tipo sinodal sim,ou seja, que reflete sobre si própriaem direção à missão, que envolvenão apenas o bispo, nas suasfaculdade de orientação, e o colégiopresbiteral, mas a diocese inteira ea põe a caminho, é importante. Éevidente que um tempo sinodalpode ser

importante para dar esses passos.Penso que devia ser importantepara todas as Igrejas, nãosimplesmente algo que alguéminventa de vez em quando. Masessa cadência, esse percurso, deviaser uma característica da Igrejatoda. A forma de o realizar, vamosanalisar em conjunto, o que já écaminho sinodal! AE – A sua dinamização da diocesevai ser num contexto geográficodelimitado ou sempre nesse espíritode abertura universal que viveu nacongregação e defende para aIgreja?JO – Uma das coisas que se pede aum bispo na ordenação, nosdecretos e compromissos, é queseja pela sua própria funçãopromotor da universalidade. É oprimeiro responsável por isso,primeiro na conferência episcopal,depois com a Igreja universal, com amissão porque corremos o risco denos afundar porque bailamossempre nos mesmos lugares.A dança por sua natureza não é deuma pessoa só e toda a dinâmica doEvangelho é sair de mim próprio àprocura do outro e de cada grupopara construir a casa comum dahumanidade.

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Família: “orientaçõesunitárias e manifestaçõesdiferentes”Agência Ecclesia (AE) – Em Romaestá a ser feito um caminho emconjunto a propósito da família noSínodo dos Bispos, que terminaeste domingo aquando a suaordenação. O que espera queesteja a ser comunicado em Roma,no fim de um sínodo, no dia 25 deoutubro?D. José Ornelas (JO) – A primeiracoisa que espero é que o sínodorepresente

em si mesmo a experiência maisséria de sinodalidade.O facto do Papa ter convocado umaprimeira assembleia sinodal, quecontinuou depois de umaauscultação e reflexão da realidadeeclesial, nesta segunda parte - e jáse fala numa terceira - significa quese tomam a sério as coisas. Osproblemas deste género não seresolvem com discursos e depois oPapa escreve uma carta…Pensar tudo com realismo, aceitaras diferenças dentro da Igreja eprocurar soluções acho que é overdadeiro

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caminho de sinodalidade.Problemas destes não se devemreduzir a receitas imediatas mas háuma atenção nova de acolhimentoda realidade familiar num mundoque está a mudar completamente.Há perspetivas e problemas novos,mas também desafios epossibilidades novas que não setinham em consideração há 10anos. E inserir esta novidade, estatransformação que está em cursona realidade da Igreja édeterminante.Considero também que é importanteaceitar alguns desafios e não ficarem discursos pelo ar, não cair nasmedidas imediatas mas terorientações que mexam com arealidade. O Papa começou a dar oexemplo, com a simplificação dosprocessos de nulidade domatrimónio. Existem questões muitosérias que devem ser postas sobrea mesa, discutidas com liberdade para soluções de unidade, nãoapenas para a mentalidadeeuropeia, mas tendo em conta adiversidades culturais. AE – Há passos concretos a dar nocaso dos divorciados recasados,que é uma das reflexões em causa?JO – Penso que sim. O Papa temvindo a dizer para não nosesquecermos que eles são parte daIgreja. Então que

género de integração vamos ter?O princípio do matrimónio, como oPapa diz, é único e vai continuar.Ninguém considera o divórcio umbem, mas acontece. A comunhãosacramental é apenas um aspeto eo Papa repete isso constantemente.Não sendo o único grande problemaé parte e não se deve escamoteá-lo.Se essas pessoas não sãoexcomungadas então porque é queestão longe? Tem de haver umcaminho a fazer na comunidadeonde a comunhão também pode edeve ser inserida neste contexto. AE – O D. José Ornelas defendeuma das perspetivas em debate nosínodo que deve haver um processode conversão e depois o acesso àcomunhão e à reconciliação?JO – Acho que é uma realidademuito possível e desejável. Não épara dizer: “deixem-nos comungar eestá resolvido o problema”, porquenão está. O problema é realmenteum acompanhamento destaspessoas e a inserção na comunhãoe na vida da comunidade eclesial e,para isso, também a participação naEucaristia, que faz parte dessecaminho. É preciso ver os termospara que seja expressão domovimento de vida e não apenas umrito.

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Foto: Família Cristã

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AE – Existe também a reflexão sobreoutras tipologias de família. Exigema mesma atenção?JO – Sim, atenção de acolhimento.Isso não quer dizer que é tudo igual.Chamar igual ao que é diferentenão é vantagem nenhuma. Pôr osnomes às coisas! Nós temos medoda diferença e no casamento, apartir do homem e mulher, é bom!As diferenças e acomplementaridade dessasdiferenças fazem a riqueza.

AE – Defende a possibilidade dosínodo continuar numa terceiraassembleia. Por exemplo, não nosmoldes universais mas por regiões,com orientações específicas, comojá tem sido avançado em Roma?JO – Temos de descobrir caminhosnovos para a Igreja em temposnovos. Não sei se vai ser esse ocaminho, não me compete decidir,mas gostaria muito de ver umprocesso de Igreja sinodal, quediscutisse verdadeiramente osproblemas com coragem de assumirposições que tenham um caracterde orientações unitárias emanifestações diferentes.Na Igreja Católica Oriental, porexemplo, temos um regime onde ospadres são casados e são nossosirmãos dentro da comunhão eclesialcatólica. Portanto, criar diferençasdaquilo que não é o essencial,aceitar essas diferenças e conduzir-se por essas diferenças penso queé inteligente, evangélico e humano.

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D. José Ornelas CarvalhoNota biográfica - Nasceu a 5 de janeiro de 1954, no Porto da Cruz - Madeira - Portugal. - Filho de António Tomás Carvalho e Benvinda de Ornelas. - Foi aluno do Seminário Menor Diocesano do Funchal, entre 1964 e 1967. - Desejando ser missionário, ingressou no Colégio Missionário (Dehonianos),no Funchal (1967-1969), prosseguindo depois os estudos no InstitutoMissionário, em Coimbra (1969-1971). - Depois de um ano de noviciado, emitiu a primeira profissão religiosa emAveiro, a 29 de setembro de 1972. - De 1972 a 1979, fez a Licenciatura em Teologia, na Universidade Católica,interrompendo dois anos nas missões em Moçambique (1974-1976). - Especializou-se em Ciências Bíblicas, em Roma e Jerusalém, concluindocom a Licenciatura Canónica no Pontifício Instituto Bíblico de Roma. - Foi ordenado Presbítero na sua terra natal, Porto da Cruz, a 9 de agostode 1981. - De 1983 a 2003, foi docente assistente. professor e secretário daFaculdade de Teologia de Lisboa, atividades que interrompeu para prepararo doutoramento em Roma e na Alemanha (1992-1996), tendo obtido o graude doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Católica Portuguesa a 14de julho de 1997. - Foi formador no Seminário de Alfragide, Superior Provincial de 2000 a 2003e Superior Geral dos Dehonianos de 2003 a 2015.

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Dados estatísticos 20141. Dados geraisSuperfície (Km2): 1500População: 779000Católicos: 545000Arciprestados (vigararias ou ouvidorias): 7Paróquias (ou equiparadas): 57 2. Clero, Religiosos/asSacerdotes diocesanos (incardinados) 61 - em serviço pastoral na diocese própria 57 - em serviço pastoral noutra diocese 4Sacerdotes religiosos residentes na diocese 17 - total ou em parte ao serviço da diocese 17Religiosos professos não sacerdotes 5Religiosas professas residentes na diocese 85Diáconos Permanentes (já ordenados 11Candidatos ao Sacerdócio 3 - para o clero diocesano 3

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4. Centros de assistência social Hospitais 2Ambulatórios e dispensários 25Casas de idosos, doentes e crónicos deficientes 51Orfanatos e outros centros de tutela da infância 5Creches 77Consultórios familiares 7Centros especiais de educação ou reeducação social 1Centros sociais canonicamente erectos 38Confrarias e Irmandades canonicamente eretas 2Misericórdias (incluídas ou não no já referido) 11 5. Vida SacramentalBatizados - até 1 ano 677 - de 1 a 7 anos 2 - após os 7 anos 244Confirmações 960Matrimónios canónicos 671 - entre católicos 630 - entre católico e não católico 41

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Desafios para um novo Bispono sector social

O Sr. D. José Ornelas escolhidopelo Papa Francisco para sermissionário nesta diocese deSetúbal vai ter a oportunidade deconstatar e vivenciar desafiosapaixonantes para uma acçãomissionária centrada em Jesus e nocompromisso com os pobres. 1 – Alguns traços da população eda sua vida:- Historicamente é marcada pelo

trabalho assalariado com umacultura, mentalidade, linguagem,valores e problemas específicos euma tradição associativa cominúmeras expressões sociais,sindicais, políticas, culturais erecreativas.- Interculturalidade acentuada com ariqueza, problemáticas e desafiosdas suas identidades culturais.- Elevado nível de desemprego, e ageneralização da precariedade e da

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insegurança na vida das pessoasdecorrente da flexibilização devínculos laborais, horários detrabalho, tempos de trabalho,salários ou locais de actividade.- Taxa de pobreza que em certosbairros ultrapassa 50% e nageneralidade está acima dos30%,famílias desestruturadas,insegurança e solidão.- Corrente migratória para o exteriorde jovens e trabalhadores maiscapacitados profissionalmente. 2 - Incorporar a ação socialpromovidas pelos bisposanteriores e:- Ser um rosto de misericórdia, àmaneira de Jesus, com quem sofre,escutar os seus sofrimentos,clamores e prantos e defender asua dignidade e que os pobres e asua vida estejam no centro dasreflexões e planos de acçãopastoral.- Fazer crescer a sensibilidadesocial nas comunidades cristãs,como expressão da dimensão socialda evangelização e duma “igrejapobre e para os pobres” e quepromova a consciência cívica epolítica dos cristãos e a luta pelajustiça e contra as causasestruturais da pobreza, com oobjectivo da inclusão socialdos pobres e seu desenvolvimentointegral. Urge passar da acçãosocial

da Igreja, demasiadoinstitucionalizada e dependente doEstado para uma partilha fraternadas comunidades.- Dar atenção ao que se passa nomundo do trabalho, a sua actualreconfiguração e a vida das famílias,a precariedade, desemprego eintensificação da pobreza eexploração.- Impulsionar os objectivos e aestratégia contidos no Documentoda Comissão Episcopal da PastoralSocial “Serviços Paroquiais deAcção Social”. 3 – Os desafios motivarão para aousadiaO Papa Francisco na “ Alegria doEvangelho”, expressa o seuveemente desejo “duma opçãomissionária capaz de transformar oscostumes, os estilos, os horários, alinguagem e toda uma estruturaeclesial…”, nº27 e convida todos “aserem ousados e criativos nestatarefa de repensar os objectivos, asestruturas, o estilo e os métodosevangelizadores das respectivascomunidades”, nº33.O novo Bispo não se sentirá sónesta sua missão, pois, além dacerteza do Espirito, existe umadiocese com uma caminhada dequarenta anos que o deseja.

Constantino Alves (padre)

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Os Jovens de Setúbal estão cá

São momentos históricos, estes,que estamos a viver em Setúbal…Quarenta anos de existência e trêsBispos na chegada da ImagemPeregrina de Nossa Senhora deFátima. É assim, neste ambientefestivo, que D. José Ornelas chegaà Diocese. É também, em festa, decoração disponível e expectante,que os jovens de Setúbal acolhem onovo Bispo.Disse o Papa Francisco, na visita adlimina dos Bispos portugueses, queos jovens estão «em debandada»da Igreja e que existe «um vazio naoferta paroquial de formação cristãjuvenil pós-Crisma». Em Setúbalassim o sentimos. É certo queexistem grupos e movimentosjuvenis presentes, ativos ecomprometidos, mas são umaminoria. E a pergunta surge:«Porquê»?

Porque as solicitações para lá dasportas da Igreja são muitas e maisatrativas? Porque os jovens não sequerem comprometer? Porque asparóquias não sabem acolher eintegrar os jovens? Porque ospárocos estão demasiado ocupadoscom outras pastorais? Porque nãohá animadores? Porque osanimadores não têm formaçãoadequada? Porque não hárecursos? Porque o itineráriocatequético não é adequado?Enfim… Tantas questões que nãocabem aqui… A verdade é que épreciso rezar e refletir a pastoraljuvenil… Atrever-me-ia a dizer que,se estamos num Sínodo da Família,talvez precisássemos também de um

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Sínodo da Juventude… Asafirmações do Santo Padre sãoindicativas da atenção que énecessária dar a este setor.Passámos muito tempo a colher osfrutos de outros tempos, dosdinamismos que existiam, noentanto, essa realidade já não dáuma resposta eficaz à aos desafiosque hoje nos são colocados. Já nãoé possível uma pastoral demanutenção, é antes urgente umapastoral de mudança e integrada. Épreciso que os diversos grupos,movimentos, congregações esecretariados trabalhem emconjunto para que não se criemilhas ou se ergam muros. Só assimserá possível criar estruturasparoquiais e vicariais

da pastoral juvenil que se traduzamnuma comunhão diocesana. Na diversidade de carismas e nasnossas atividades, não poderemos,nunca, fugir ao que é essencial,nem propor outra coisa que nãoseja a radicalidade do Evangelho eo encontro profundo com Jesus... Eesses momentos não se conseguematravés do mundo ‘virtual’ onde osjovens estão. Ainda que este seja oprimeiro ponto de encontro, épreciso dar o salto. É precisofermento para levedar a massa… Os jovens de Setúbal estão cá!Bem-vindo D. José!

Anabela SousaDiocese de Setúbal

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Famílias que chamam…Um desafio lançados pelo novobispo de Setúbal, D. José Ornelas, écolocar os leigos em frentes demissão. Uma aposta que seconcretiza no setor da pastoral dafamília, onde uma equipa de cincofamílias pensa esta temática e tentaagregar toda área na diocese.Carlos e Gabriela Antunes são osresponsáveis peloacompanhamento da pastoral dafamília na diocese de Setúbal edestacam que todas as atividadespensadas em Igreja têm de ser paraa família.“Temos um dia forte para a família,o dia diocesano da família, etentamos que haja um verdadeiroencontro em família, com tempos deformação, babysittings e ateliersque possam ocupar todos”.Esta equipa diocesana tentatrabalhar e chegar a todas asfamílias e movimentos deespiritualidade conjugal, como ocaso das Equipas de NossaSenhora, Centro de Preparação doMatrimónio e Encontro Matrimonial.Gabriela Antunes aponta queapresentar testemunhos de famíliasconcretas é o que mais suscita o

interesse nestes encontros.“Apresentar aos casais modelos defamílias, exemplos que possamseguir, casais santos e que o PapaJoão Paulo II deu grandeimportância”.Por seu lado o marido defendetambém que é necessária umaformação desde a adolescência,“para que haja noção do valor dosacramento”.“Muitas vezes pensa-se nocasamento pela festa e esquece-seo sacramento e a sua eficácia, faltafalar do compromisso que é parasempre e sem retorno”.O casal Antunes explica ainda queatualmente é necessário um novoacompanhamento pois quando hátodas as razões humanas queimpedem de ser um “para sempre”,é preciso estar “ao lados daspessoas, rezar e caminhar com elas,confirmando que Jesus está comelas e com os filhos”.Da sua experiência de casal e dosretiros para noivos quecoordenaram, Carlos e Gabrielasentiram a “sede” que os casaismais novos têm por ouvir os“testemunhos de casais ”

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com mais anos e que os possamajudar”.O grande desafio é mesmocontinuar “esta teia de contactos,famílias que dinamizam e chamamoutras famílias para que “leigospossam puxar uns pelos outros”.Carlos e Gabriela Antunes deixammesmo passar o desejo dasfamílias

sentirem que é bom estar e convivercom outras famílias, que têm osmesmos problemas do dia-a-dia ecomo é possível ultrapassar.O “Jubileu da Misericórdia vem aoencontro dessa necessidade decompreender o que se está apassar com as famílias e há qaproveitar este tempo”, terminaGabriela Antunes.

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Formar em terra de missão

“A diocese de Setúbal tem umgrande desafio ao nível daevangelização”, quem o diz é oresponsável do Secretariado dacatequese, padre Rui Gouveia.Quem vive na península de Setúbalna vive a sua fé de forma integrada,nas paróquias, por exemplo e issotraz uma realidade que para oresponsável se soluciona com aevangelização.“A igreja é uma minoria e nãoobstante uma cultura cristã muitoforte há uma diversidade decaminhos e temos de ajudar nadescoberta e a

aprofundamento de fé e integraçãona comunidade”, defende.Numa diocese onde o número debatismos de adultos tem vindo aaumentar, devido a um desafio de“gente à espera de ouvir a boanotícia”, há esforços a ter em conta.“As paróquias da malha urbana têm-se mobilizado para se tornaremabertas aos que vão chegando e aaposta na formação dos catequistassão notórias”, confirma oresponsável em declarações àAgência ECCLESIA.Na perspetiva do padre Rui Gouveiao testemunho de vida e de fé docatequista são pontos essenciaispara o sucesso da evangelização.“O catequista tem de ter uma vidacristã integrada pois se não vive oque proclama então não étestemunho”

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e além disso “é convidado ainda asaber olhar as pessoas, discernindoo caminho para ajudar a florescer afé em cada um”, defende.O número de catequistas expressaa vitalidade de uma paróquia e,segundo o responsável diocesanoda catequese, vai havendo novorecrutamento de catequistas.“A formação é exigente, requerdedicação e assiduidade e umaótima disposição para evangelizar”.A diocese de Setúbal tem daspráticas religiosas mais baixas dopaís e é “terra para quem querevangelizar”.O padre Rui Gouveia deu o exemplodo curso de formação decatequistas que terminou no anopassado e

durou três anos, tendo terminado 33pessoas.“Foi o desabrochar da vocação docatequista, ganhar conhecimento eexperiencia que capacita e rasga osseus horizontes, ficando umcatequista apto.É um aspeto muito positivo e umalento para a pastoral vocacionaldiocesana.”Além da pastoral da catequese, opadre Rui Gouveia abraça o setorvocacional e coordena uma equipade consagrados, casais e leigos.O responsável confessou um dosgrandes desejos da diocese é ter noseu território um convento de vidacontemplativa e rezam para queaconteça.

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Outubro missionário onlinewww.opf.pt/index.php/outubro-

missionario No passado dia 18 celebramos maisum Dia Mundial das Missões e opresente mês é dedicado, pelaIgreja Católica, ao mundomissionário. A ideia presente nestestrinta dias é a de que sedesenvolvam nas comunidadeslocais, uma série de atividadesdestinadas a promover a Missãocomo «urgência e prioridade».Assim, esta semana, apresento umsítio dedicado ao mês das missõesque este ano tem como tema“Missão: o que o amor não podecalar”. As Obras MissionáriasPontifícias (OMP) são entidaderesponsável por este espaço, eprocuram “promover na Igreja e nasociedade em geral, a participaçãoativa em ações e campanhas, quevisem a dignidade de todas aspessoas, a solidariedade para comos mais pobres, excluídos einjustiçados e a proposta de causasa favor da justiça e da paz entrepessoas, grupos e nações”.Ao entrarmos nesta plataformadigital temos em destaque umconjunto de conteúdos dedicadosao mês de

outubro, por outro lado,encontramos também informaçõesde iniciativas de evangelização e darealidade missionária em tudo omundo.Caso pretenda aceder a algunsinstrumentos de trabalho colocadosà disposição das Dioceses,Paróquias, Institutos Missionários ede todos os amigos da Missão, paraa melhor vivência deste mês, cliqueem “guião missionário 2015/2016”.Aqui encontra um vídeo com umaentrevista realizada pela AgênciaEcclesia a alguns responsáveis deinstituições que coordenam ostrabalhos missionários e ainda o“Guião Missionário” que pretendeajudar “a percorrer os caminhospropostos pelo Papa Francisco”.Em “curso de missiologia”consultamos várias informaçõesrelativas a esta iniciativa dosInstitutos Ad Gentes que conta como apoio das OMP. Ficamos a saber,por exemplo, que “esta formaçãovisa a qualificação do missionário e,consequentemente, da Missão”.Na opção “documentos da Missão”dispomos de um repositório detextos relacionados com a temática

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missionária. Desde riquíssimosescritos redigidos pelas penasdos Sumos Pontífices Pio XII,João XXIII, Paulo VI, João Paulo IIe Francisco, passando aindapelos textos emanados noConcílio II do Vaticano bem comooutros, também interessantes,escritos em terras lusas.No item “infância missionária”, éapresentada uma proposta deajuda para os educadores, nosentido de despertaremprogressivamente nas crianças,uma consciência missionáriauniversal e levá-las a partilhar afé e os meios materiais com ascrianças de regiões e Igrejasmais pobres.Fica aqui a sugestão para quevisitem este sítio e sintam assim,que "o mandato missionáriocontinua a ser uma prioridadeabsoluta para todos osbatizados, chamados a serservos e apóstolos de Cristo”.

Fernando Cassola [email protected]

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A oração verbalizada e ossmartphones: a app Passo-a-Rezar, um caso de excelência

No segundo trimestre de 2015, oBarómetro de Telecomunicações daMarktest contabilizava em Portugalmais de cinco milhões de pessoasque utilizam o smartphone.Com impacto para os católicosportugueses, o smartphone tem umaspecto fundamental para a práticareligiosa: o da oração, sendo estesos seus pólos de maior interesse:-acessibilidade à recitação daoração em qualquer lugar e hora,quer por wifi, quer por 3G ou 4G;-interpretação oral da oração comelevada qualidade;-tempo pré definido para a oração;-estímulo exponencial dacapacidade de concentração doutilizador.O Apostolado da Oração, em Braga,liderado pelo Padre António ValérioSJ, obteve assinalável êxito com aimplementação da app Passo-a-Rezar ,

que conta neste momento comcerca de 12.000 pessoas aacederem diariamente à prática daoração pela via digital.Ao pressionar a app Passo-a-Rezar no smartphone, acede-se àsmeditações do dia, com umaduração de cerca de dez minutos. Élida uma meditação,uma leiturabíblica (salmo, texto dosEvangelhos, ou das Epístolas),segunda meditação, repetição daleitura do texto bíblico, e meditaçãofinal.O Passo-a-Rezar , permite escutaressas preces onde quer que nosencontremos, a qualquer hora dodia, do acordar ao adormecer.A utilização dos auriculares, melhoraa concentração, torna a práticadiscreta, e não invade atranquilidade de ninguém.A app Passo-a-Rezar dá também

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acesso aos Passos Para Mais, comdistintos grupos adicionais deorações e meditações: Caminho deSantiago (catorze minutos emmédia, cada); Via Sacra comMaria (onze minutos de duraçãomédia); Retiro do Advento (média deonze minutos cadaoração/meditação); Passoscom Maria (treze minutos,média); Retiro da Quaresma (média,doze minutos); Rezar o MeuDia (onze minutos para cada oraçãoe meditação); Pausas naBeleza (catorze minutos de duraçãocada); Passo-a-Rezar o Terço, comos quatro mistérios (trinta e quatrominutos para cada Terço, emmédia); Rezar com o PapaFrancisco (oito minutos cadaoração).

No Passo-a-Rezar o Terço arecitação das Avé Marias porapenas uma voz, é pausada eseguida, e as introduções a cadaMistério, por outra voz, utiliza textosparticularmente inspirados, abrindoo caminho à profunda interiorizaçãoda oração.A app Passo-a-Rezar é gratuita,descarregável no smartphone comgrande facilidade, e a sua utilizaçãoé intuitiva.

João van ZellerAdvogado, Empresário

(súmula de um artigo publicado narevista Brotéria de Setembro 2015)

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As raízes do «Pai Américo»Quando se escreve sobre algo oualguém que nos tocaprofundamente a distânciapercorrida torna-se mais leve com aajuda deste suplemento vitamínico.Refiro-me a uma obra sobre oPadre Américo, conhecido tambémcomo «Pai Américo». O livro, comodiz o autor, Henrique ManuelPereira, “não é um conjunto deensaios ou exercícios académicosem vista a qualquer tese”.A obra «Raízes do Tempo – À Voltade Padre Américo» que vai serapresentada, esta sexta-feira, nocampus Foz da UniversidadeCatólica Portuguesa, no Porto, oautor compila vários textos eentrevistas sobre o Padre Américo,realizadas a personalidades comoD. Eurico Dias Nogueira, D. AntónioMarcelino e aos padres CarlosGalamba e António Baptista,membros da Obra da Rua.Com a chancela das EdiçõesTenacitas, o conteúdo da obrarecorda uma figura ímpar docatolicismo português do século XX.Um homem que fez obra e deixouobra… Os testemunhos das figurasentrevistadas dão a conhecer estepadre que viveu e deu a vida pelos

outros. O Padre Américo dedicou asua vida aos mais pobres,especialmente os jovens em risco,acolhidos nas Casas do Gaiato, e,ainda, aos doentes incuráveis.De leitura fácil, através desta obra opadre Américo é recordado comouma fotografia que acompanha ospassos e o olhar do transeunte.Quando decorre, na Diocese doPorto,

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o processo de beatificação dofundador da Obra da Rua, recordoo que disse D. Eurico Dias Nogueiraao autor de «Raízes do Tempo – ÀVolta de Padre Américo»: “Noutropaís que não Portugal, sei lá, naEspanha, na França, na Itália, ocaso do padre Américo avançariamuito mais rapidamente. Eu nãotenho dúvidas de que ele seriarapidamente beatificado” (página48).Perante a pergunta «Em Portugalestes processos são mais lentos?Porquê?», o antigo arcebispo deBraga, falecido em maio de 2014,sublinhou: “Nós não temos grandejeito para isso. Lança-se a ideia edepois amortece”. (página 49). Umaobra a ler com o coração abertosobre o fundador da obra da rua,falecido a 16 de julho de 1956. Asua memória continua bem viva eos seus seguidores ainda recordamo amor que o Pai Américo tinhapara com os mais desfavorecidos.Américo Monteiro de Aguiar nasceuem Galegos, concelho de Penafiel,a 23 de outubro de 1887. RamiroMonteiro de Aguiar e TeresaRodrigues Ferreira deram à luzaquele menino que deveria chamar-se Adriano. Só que, no dia do

Batismo, o seu padrinho pediu quese chamasse Américo, em memóriado cardeal D. Américo, ao tempoprelado portucalense.

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II Concílio do Vaticano: Paulo VIanunciou a criação do Sínodo dosBispos

Quando estamos a doispassos do encerramento doSínodos dos Bispos,dedicado às questões dafamília, convém recordar quefoi o Papa Paulo VI queanunciou a criação destainstituição.A terminar o discursoinaugural da última fase do IIConcílio do Vaticano (14 desetembro de 1965), o PapaMontini anunciou a criação doSínodo dos Bispos. No diaseguinte, quando se iniciou a128ª Congregação geral, o cardeal Pericle Felici,secretário-geral desta assembleia magna (1962-1965), anunciava a promulgação do Motu Proprio«Apostolica Sollicitudo» que instituía oficialmente aexistência do Sínodo.O primeiro reuniu em 1967 e nele se tratou dapreservação e reforço da fé católica, da suaintegridade, e do seu vigor, desenvolvimento,coerência doutrinal e histórica e se pediu a revisão doCódigo de Direito Canónico de 1917. O último estádecorrer no Vaticano e termina este domingo, 25 deoutubro.O nascimento do Sínodo dos Bispos surgiu comoresposta ao desejo dos padres conciliares demanterem vivo o autêntico espírito formado pelaexperiência conciliar. Já na fase preparatória do IIConcílio do Vaticano, convocado pelo Papa João XXIII,foi

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amadurecendo a ideia de umorganismo episcopal queassistisse o Papa no governoda Igreja Universal.Já em 1959, a propósito dogoverno central da Igreja, ocardeal italiano, Sílvio Oddi,propunha a existência de umórgão consultivo: “Emdiversas partes lamenta-seque a Igreja não tenha, foradas congregações, um órgãoconsultivo permanente, umaespécie de «concílioreduzido» que compreendaexpoentes de toda a Igreja,que se reúna periodicamente,uma vez por ano, para discutiros maiores problemas e parasugerir eventuais novasdiretrizes na «política» daIgreja” (Rodrigues, ManuelAugusto; In: «Correio deCoimbra»; 07 novembro de2013). Por sua vez, o cardeal Alfrink,arcebispo de Utrecht, escreviaa 22 de dezembro de 1959,que “em termos claros” o IIConcílio do Vaticano deviaproclamar que o governo daIgreja

universal é de direito exercido pelo colégiodos bispos, tento como cabeça o Papa. Noentanto, foi o Papa Paulo VI quem deuandamento a estas ideias. Ainda arcebispode Milão (Itália), no discurso comemorativopor ocasião da morte de João XXIII, referiu-se à responsabilidade dos bispos nogoverno de toda a Igreja. Eleito Papa,várias vezes abordou o assunto em váriosdiscursos.50 anos depois, a Igreja está em Sínodo ea família no centro dessa instituição…

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outubro 2015 Dia 23 outubro* Bragança - Museu Abade Baçal -Conferência sobre arte sacra porEmília Nogueiro, numa conversainformal direcionada ao ensinosecundário e superior. * Santarém - Encontro de direçõesde Bandas Filarmónicas

* Porto – UCP - Quando decorre, naDiocese do Porto, o processo debeatificação do fundador da Obrada Rua, vão ser lançadas duasobras sobre o padre Américo. * Aveiro - Reunião dos diretores dossecretariados com D. AntónioMoiteiro, bispo de Aveiro * Aveiro - Encontro das IrmãsCriaditas dos Pobres com D. AntónioMoiteiro, bispo de Aveiro. * Guarda – Tortosendo - Encontrodos padres verbitas com o bispo daGuarda, D. Manuel Felício. * Lisboa - UCP (Anfiteatro 1) -Jornada de Teologia Prática sobre o«Elogio do Silêncio» promovida peloInstituto Universitário de CiênciasReligiosas da UCP

* Castelo Branco - Auditório doInstituto Politécnico de CasteloBranco - 6ª edição do Dia doPatrimónio das Misericórdias * Porto - Salão Nobre do Clube dosFenianos Portuenses - Lançamentodo livro «Retalhos do meupensamento» de monsenhorAlexandrino Brochado comapresentação de D. Manuel Martinse do escritor Mário Cláudio. * Bragança - Auditório PauloQuintela - Abertura do InstitutoDiocesano de Estudos Pastoraiscom conferência de Marcelo Rebelode Sousa sobre «João Paulo II e aMisericórdia» * Fátima - Fórum das Vocações (23e 24) * Santarém - Museu Diocesano -Mostra de doces conventuais (23 a25) * Lisboa – Ribamar (Casa do Oeste)A Juventude Agrária Católica Rural(JARC) agendou dois dias deformação de animadores para“militantes e não militantes”. (23 a25)

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* Itália – Roma - O ConselhoPontifício para a Pastoral dosImigrantes e Itinerantes organizauma peregrinação de pessoasciganas a Roma que culmina comuma audiência do Papa Francisco.(23 a 26). Dia 24 de Outubro* Lisboa - Escola Superior deTecnologia da Saúde de Lisboa - IJornadas de Saúde Solidária com otema «Voluntariado em Saúde»organizado pelaAssociação VOXLisboa. * Santarém - Assembleia Diocesanada Sociedade de São Vicente dePaulo * Lamego - Santuário de NossaSenhora da Lapa - Encontro deformação para os consagrados daDiocese de Lamego * Porto - Oliveira do Douro - Homenagem a D. Manuel Martins,bispo emérito de Setúbal, pelaFundação Mestre Adelino Ângelo. * Braga - Centro Cultural e PastoralDiocesano de Braga - A LOC/MTC –Movimento de TrabalhadoresCristãos da Diocese de Bragarealiza a sua assembleia onde elegea coordenação diocesana e terá umespaço formativo.

* Lisboa - Instituto Superior deCiências Sociais - Jornadas Inter-Religiosas para a InclusãoSocial promovidas pelaAssociação Ser Ajuda, da Paróquiada Ajuda, em Lisboa. * Lisboa – Alcabideche - Encontro de jovens com vivênciasmissionárias, intitulado «MissãoAmarTe». * Lisboa, Porto, Braga e Coimbra - AComunidade Vida e Paz(CVP) inaugura as lojas ‘The StreetStore’, estabelecimento de rua paraas pessoas mais necessitadas. * Braga - Mosteiro de Tibães - Seminário sobre «Conhecer asplantas da Bíblia» * Guarda - Seminário da Guarda - Lançamento do livro do PadreManuel Ferreira com a presença deD. Manuel Felício * Lamego - Seminário menor deResende - Encontro de formaçãopara grupos corais promovido peloDepartamento de Música Sacra daDiocese de Lamego * Aveiro - Museu de Aveiro - Tomadade posse dos novos órgãosdirigentes da Irmandade de SantaJoana * Aveiro – Águeda - Inauguração doauditório do Centro Pastoral deÁgueda

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23 a 25 de outubro - As II Jornadas de Estudo sobreo Convento dos Capuchos têm como tema "Contemplar os Sentidos e os Caminhos daInterioridade". A atividade no Convento dos Capuchosda Caparica requer inscrição prévia mas é grátis. Noúltimo dia está prevista uma visita guiada ao Conventoda Arrábida. 23 a 26 de outubro - O Conselho Pontifício para aPastoral dos Imigrantes e Itinerantes organiza umaperegrinação de pessoas ciganas a Roma que culminacom uma audiência do Papa Francisco. De Portugalparticipam oito ciganos e ciganas de Viana do Castelo,Vila Real, Espinho e Guarda e membros das direçõesda Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos,Secretariado da Pastoral dos Ciganos do Porto eCáritas de Vila Real 24 de outubro - A Associação VOXLisboa, laica eapartidária, promove as primeiras Jornadas de SaúdeSolidária, com o tema «Voluntariado em Saúde», naEscola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. 25 outubro a 8 de novembro - Visita da imagemperegrina de Nossa Senhora de Fátima à Diocese deSetúbal. 26 de outubro - A Encíclica do Papa Francisco‘Laudato si’ vai ser apresentada na sede daOrganização das Nações Unidas para a Alimentação ea Agricultura, em Roma. Esta iniciativa tem como tema“Os desafios da Encíclica ‘Laudato Si’ à luz doprograma de desenvolvimento pós-2015.”

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingos, 25 de outubro -Setúbal: QUe bispo chega e aque Diocese? RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 26-Entrevista a Carlos Alberto daRocha e Fernando MaymoneMartins sobre os 100 anos daAssociação de MédicosCatólicos. Terça-feira, dia 27 -Informação e entrevista ao padre Carlos Godinhosobre as Jornadas de Pastoral do Turismo. Quarta-feira, dia 28 - Informação e entrevista aopadre Tony Neves sobre "Relatos em Missão" Quinta-feira, dia 29 - Informação e entrevista à IrmãEliete Duarte sobre os 100 anos das Paulinas Sex-feira, dia 30 - Análise às leituras bíblicas dasmissas de domingo pelos padres Nélio Pita e RobsonCruz Antena 1Domingo, dia 25 de outubro - 06h00 - Entrevista aD. José Ornelas Carvalho, sobre a Diocese deSetúbal, e a Octávio Carmo, sobre o Sínodo dosBispos sobre a Família. Segunda a sexta-feira, 26 a 30 de outubro - 22h45- Viver o carisma de Teresa de Jesus

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Ano B - 30.º Domingo do tempoComum Salvos na fé,partir emmissão

No Evangelho deste 30.º Domingo do Tempo Comum,Jesus termina o diálogo com o cego Bartimeu, dizendo:“vai, a tua fé te salvou”. Este final é antecedido pelorepetido pedido, autêntica oração, do cego a Jesus deNazaré: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim».E logo que Jesus o chama, ele dá um salto e vai tercom Jesus, pedindo-lhe que lhe dê a vista.O Evangelho de hoje apresenta-nos uma belíssimaproposta de itinerário da fé. A fé não é a simplesadesão a determinadas verdades abstratas, que ocrente aceita sem sentido crítico. A fé é a adesão aJesus e à sua proposta de salvação. Por isso, Marcostermina a sua história dizendo que o cego recuperou avista e seguiu Jesus, isto é, tornou-se seu discípulomissionário.Ao aderir a Jesus e à sua proposta de salvação, aoaceitar seguir Jesus no caminho do amor e do dom davida (recorde-se que Jesus se prepara para entrar emJerusalém, onde vai fazer dom da sua vida em favordos homens), Bartimeu encontrou a salvação: deixou avida da escuridão, da escravidão, da dependência emque estava e nasceu para essa vida verdadeira eeterna que, através de Jesus, Deus oferece aoshomens.Destinatário privilegiado da proposta de salvação queJesus lhe traz, o cego Bartimeu proclama semhesitações a sua fé, invoca a ajuda e a misericórdia deJesus, acolhe sem hesitações o chamamento que lheé feito, liberta-se da vida velha e, com alegria, decisãoe entusiasmo, aceita, sem condições, seguir Jesus nocaminho do amor e do dom da vida.É com Bartimeu que os discípulos de Jesus sãoconvidados a identificar-se.Quem encontra Cristo e aceita o desafio para viver

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como discípulo segue um caminhoexigente. Tem de abandonar a vidacómoda e instalada em que vivia eenfrentar uma nova realidade, numdesafio permanente; tem deaprender a enfrentar as críticas, asincompreensões, os confrontos comaqueles que não compreendem asua opção; tem de percorrer, dia adia, o caminho do amor, do serviço,da entrega, do dom da vida.No entanto, é preciso que odiscípulo esteja consciente de que ocaminho de Jesus não é umcaminho que leva à morte, mas éum caminho que leva àressurreição, à vida verdadeira eeterna.

Nas dificuldades crescentes em queestamos mergulhados, procuremosestar confiantes em Deus eempenhados na construção detempos mais fraternos e solidários.A próxima semana inicia-se com aSolenidade de Todos os Santos e aComemoração dos Fiéis Defuntos, anos recordar este dinamismo devida nova, que só pode ser recebidoe vivido na fé em Jesus Cristo. A féque nos salva convida-nos a estar ea partir em missão.

Manuel Barbosa, scjwww.dehoniaos.pt

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Uma santa que «gera espírito degrande unidade» na Igreja esociedadeO provincial da Ordem dos PadresCarmelitas Descalços assinalou queo quinto centenário do nascimentode Santa Teresa de Jesus tem sidovivido com atividades que geram“espírito” para além da Igreja, nasociedade.“Nota-se que há um espírito que sevai gerando na família carmelita eteresiana mas que extravasa para aIgreja toda e também para a cultura,para a sociedade. A figura de SantaTeresa de Jesus fala para o mundode hoje, interpela as pessoas, esobretudo vai gerando um espíritode grande unidade”, explicou opadre Joaquim Teixeira à AgênciaECCLESIA.Segundo o sacerdote com “grandesmestres”, como Santa Teresa deJesus, São João da Cruz, SantaTeresinha do Menino Jesus – sente-se um “estímulo para humildementeimitá-los”, algo que é visível nomovimento laical movimento laicalpresente em diversos pontos dopaís.À margem do congresso ‘Às Voltascom Deus’, o provincial da Ordemdos Padres Carmelitas Descalçoscomenta que esta atualidade docarisma “estimula” a serem criativose a

“encontrar respostas novas para asnecessidades novas”.“Para a sede que o homem modernotem de Deus e os místicos destafamília têm capacidade de nosajudar a gerar respostas criativaspara os problemas que são novos,deste tempo”, acrescentou o padreJoaquim Teixeira.Neste contexto, as respostas sãodadas desde pequenos grupos, de“âmbito mais reduzido”, atéatividades de maior alcance comosão congressos, semanas deespiritualidade, estudos,publicações.Por sua vez, a irmã Amélia Martins,que pertence à equipa queorganizou o programa do VCentenário do nascimento de SantaTeresa de Jesus, assinala que areformadora da Ordem do Carmelodesafia “hoje, como há 500 anos”,ao encontro com Jesus.“Depois desse encontro profundonão podemos ficar calados. Temosde o partilhar com outros. Essa é agrande mensagem para hoje, énecessário entrar, fazer silêncio etambém proporcionar encontros comoutros”, disse a religiosa das IrmãsTeresianas.Entre outubro de 2014 e outubro

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de 2015 foram organizados trêscongressos com o objetivo de dar aconhecer a Santa Doutora da Igrejamas sobretudo que “o Jesus deTeresa seja conhecido e amando”,revelou.Está ainda agendado o congresso‘A Reforma Teresiana em Portugal’,a realizar entre 22 e 24 de outubro,também em Fátima.Santa Teresa de Jesus, que nasceua 28 de março de 1515, inicioua reforma da família Carmelita;morreu em Alba de Tormes,Salamanca, no ano de 1582e foi proclamada doutorada Igreja pelo Papa Paulo VI,em 1970.

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Portugal tem mais de três dezenasde ordens franciscanasO padre Vitor Melícias afirmou que odicionário ‘Família Franciscana emPortugal’ mostra que ofranciscanismo é um “movimentoplural” e um carisma que seconcretiza na “diversidade deinstituições”, sublinhando aimportância da “ecologia dafraternidade”.“Este livro, além de estar muitoatualizado e de ser de grandecredibilidade, ajuda-nos a reforçar aconsciência de que somos ummovimento plural, na diversidade deinstituições e ramos”, disse oministro provincial da Ordem dosFrades Menores Franciscanos àAgência ECCLESIA.O dicionário ‘Família Franciscanaem Portugal’, com direção de JoséEduardo Franco e edição daLucerna, tem 31 entradas,correspondentes às “ordens eoutras formas de Vida Consagrada”inspiradas em São Francisco deAssis que existem em Portugal.“Esta obra vem num momentooportuno porque estamos apreparar a celebração da chegadados primeiros franciscanos aPortugal, em 1216 ou 1217, primeiroem

Guimarães e Alenquer, depois emCoimbra e Lisboa”, lembrou o padreVitor Melícias.Para o ministro provincial da Ordemdos Frades Menores, a obra,realizada por “bons historiadores” ecoordenada por “bons especialistas,reforça a “consciência daimportância de uma mensagem depaz e bem, da ecologia dafraternidade, da opção preferencialpelos pobres”.O dicionário ‘Família Franciscanaem Portugal’, que divulga artigoscientíficos sobre os vários ramosda Família Franciscana, foiapresentado este sábado, emAlenquer, durante a sessãode lançamento do CongressoInternacional do CongressoEspírito Santo.

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China: Cardeal emérito de Hong Kong envia mensagemà AIS

“Por favor, rezem por nós!” A China é um dos países sinalizados

no relatório da Fundação AIS,divulgado na semana passada, emque a perseguição aos cristãos seacentuou nos últimos dois anos.Todos os que se mantém fiéis aoPapa arriscam a prisão, os camposde reeducação, até a morte.No passado dia 30 de Janeiro, umasobrinha-neta do Bispo D. CosmeEnxiang foi contactada por umfuncionário governamental de Yixianque lhe comunicou, sem maispormenores, o falecimento doprelado. Desde 13 de Abril de 2001que ninguém sabia do paradeiro deD. Cosme, de 93 anos, um dosmaiores símbolos da perseguição queo governo de Pequim tem exercido sobre oscristãos na China.Ordenado sacerdote em1947, conheceu a violência daprisão pela primeiravez em 1954,

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recusando-se a cumprir ordens doregime comunista de Mao Tsé-Tung.Três anos mais tarde, a sua penafoi agravada. Condenado atrabalhos forçados, foi desterradoprimeiro para a gélida região deHeilongjiang e depois para as minasde carvão de Shanxi. De corpofranzino, mas com uma espantosaconvicção interior, D. CosmeEnxiang sobreviveu às duríssimascondições de vida nessas cadeias,robustecendo ainda mais a sua fé.Libertado em 1980, foi sagradobispo secretamente dois anos maistarde. O seu trabalho junto dachamada Igreja Clandestina, fezcom que as autoridades omantivessem detido novamentedesde 1987 até 1993. Em Abril de2001 voltou à prisão e nunca maisse soube nada dele até Janeirodeste ano. Desde então, a famíliatem reclamado a entrega dos seusrestos mortais, mas as autoridadestêm-se negado a fazê-lo com receiode que o funeral se possa vir atransformar numa gigantescamanifestação de protesto pelarepressão religiosa que se vive naChina. Agressão governamentalO Cardeal Joseph Zen Ze-kiun éhoje uma voz desassombrada nadefesa

dos direitos humanos na China, emespecial no que diz respeito àliberdade de culto dos Cristãos. Emdeclarações à AIS, o Bispo eméritode Hong Kong denunciou um clima terrível de opressão dos cristãos,que também existe em relação aoutras minorias religiosas, como é ocaso dos budistas no Tibete. “Ogoverno chinês intensificourecentemente as perseguições.Vimos igrejas demolidas e cruzesretiradas dos edifícios, por isso, nãopodemos ter muita esperança noimediato”, acrescentando que “aIgreja ainda está escravizada peloGoverno” de Pequim.Este prelado disse ser “um insulto àfé” e uma “violação dos direitosreligiosos dos cristãos”, a campanhadas autoridades chinesas deremoção de cruzes e de demoliçãode templos. Numa mensagemenviada à Fundação AIS, estecardeal, de 83 anos, implora asnossas orações. “Por favor, rezempor nós, rezem pela Igreja na China.Para que os nossos irmãos e irmãscorajosos, perseverem. Para queaqueles que duvidam se mantenhamfortes e para que os fracos e os queerraram, regressem.”

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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De par em PAR

Tony Neves Espiritano

A ONU tem diversos departamentos deintervenção e um dos mais ativos é o AltoComissariado das Nações Unidas para osrefugiados, liderado pelo Eng. António Guterres.Enfrenta hoje o drama de milhões de refugiados,muitos deles a bater às portas da Europa àespera de braços a corações abertos.Abrir portas e janelas de par em par é atitude dequem é ousado e não tem medo. Uma janelaassim deixa entrar o ar mais fresco e prova quenão há receios de chuvas ou ventos. Uma portaaberta dá para entrar e dá para sair. Permiteencontros.A palavra ‘par’ também nos recorda as artes dasdanças. É proverbial a convicção de que paradançar o tango são precisas duas pessoas. Usa-se esta expressão para dizer que aresponsabilidade em quase todas as situações écoletiva, não sendo suficiente o empenho de umapessoa só.Mas, se quis utilizar esta expressão é porquevivemos tempos que apelam á hospitalidade, àabertura de mentalidades e corações. De ummomento para o outro, as guerras da Síria, doIraque e as instabilidades e pobrezas do Sudão,do Afeganistão, da Líbia e outras paragens,inundaram o Mediterrâneo de barcaças aabarrotar de gente. Pouco tempo depois, foramas fronteiras terrestres da Europa que viramchegar milhares de refugiados.Perante tal drama, a Europa entrou em pânico,dividida entre os que querem levantar muros evedações de arame farpado e os que acham queestamos perante irmãos desesperados que

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merecem apoio e acolhimento.PAR, em Portugal, significa abraço,casa aberta, coração grande.Traduz Plataforma de Apoio aosRefugiados e junta um sem númerode instituições e associações quequerem dar corpo á esperança dequem teve de deixar a sua terrapara, pura e simplesmente,sobreviver.São muitos os medos e os mitos quese levantam em torno destesrefugiados. Há quem tema queterroristas aproveitem a ‘boleia’ paraentrar na Europa e nos dizimar. Háquem receie a imposição de ideiasreligiosas radicais que porão emperigo a calma e cristã Europa. Háquem se ache dono da Europa e sesinta no direito de vedar a entrada aquem quer que seja. Há quem olhehoje para os muitos sem abrigo epobres (parece que só agora osdescobrem…) e dizem que temosque

apoiar e alojar ‘os nossos’ e nãoquem é estrangeiro.A PAR criou uma estrutura bemorganizada com capacidade parafavorecer parcerias entre asdiversas entidades que queremacolher mas precisam de quemcolabore. Por exemplo, há quemtenha casa para oferecer, mas nãoconsiga assegurar alimentação,apoio educativo e sanitário, etc. APAR está a ajudar a compreenderque muitas das instituições queaderiram á plataforma já fazem umtrabalho social imenso ereconhecido com os pobres daqui…Vêm aí novos tempos deMisericórdia. Há que abrir coraçõese vidas a quem é irmão e precisa denós. O Evangelho só é mesmoPalavra de Vida se os seusseguidores aumentarem a dimensãodo seu coração. Este só é humano ecristão se bater ao ritmo do coraçãode Deus.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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«Não temais! Abri – mais ainda – abri de par em

par as portas a Cristo»(S. João Paulo II)

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