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OPINIÃO DO PASSAGEIRO FLAP INTERNACIONAL 33 FLAP INTERNACIONAL 32 AF457 GRU-CDG AF454 CDG-GRU Você voará conosco nesta matéria, conhecendo a nova primeira classe da Air France. Veja como bom gosto distribuído de forma criativa, sem grandes exageros, pode tornar uma viagem inesquecível. Bienvenue à bord! Texto e fotos: Carlos André Spagat AF457 GRU-CDG Para mim, viajar pela Air France é sempre uma ocasião especial! Cliente há mais de 50 anos da mesma, utilizei muitos tipos de aviões, inclusive, por várias vezes, o Concorde, o que me permite avaliar com conhecimento a trajetória da empresa em seus voos para o Brasil. Dirigi-me ao balcão, onde fui muito bem rece- bido e tive a oportunidade de estrear meu cartão Club 2000, o top da empresa (acima do Platinum), sendo que muito poucas pessoas o receberam em todo mundo, um mimo para seus clientes VIP. As minhas malas foram plastificadas gracio- samente e ainda me ofereceram uma sessão de massagem perto do lounge da primeira classe, que, aliás, visitei, começando pelo da classe exe- cutiva, alvo de severas críticas em um dos últimos Flight Checks. Estava bem melhor, comida sem grandes pretensões, mas saborosa, sanduíches e pratos bem apresentados, porém modestos. De lá segui para a sala da primeira classe. Decoração fria, que não desperta entusiasmo, e a comida oferecida era simples, boa, mas com apresen- tação não muito criativa, com pratos de peixes, aves, saladas e sopas.

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Você voará conosco nesta matéria, conhecendo a nova primeira classe da Air France. Veja como bom gosto distribuído de forma criativa, sem grandes exageros, pode tornar uma viagem inesquecível. Bienvenue à bord!

Texto e fotos: Carlos André Spagat

AF457 GRU-CDGPara mim, viajar pela Air France é sempre uma

ocasião especial! Cliente há mais de 50 anos da mesma, utilizei muitos tipos de aviões, inclusive, por várias vezes, o Concorde, o que me permite avaliar com conhecimento a trajetória da empresa em seus voos para o Brasil.

Dirigi-me ao balcão, onde fui muito bem rece-bido e tive a oportunidade de estrear meu cartão Club 2000, o top da empresa (acima do Platinum), sendo que muito poucas pessoas o receberam em todo mundo, um mimo para seus clientes VIP.

As minhas malas foram plastificadas gracio-

samente e ainda me ofereceram uma sessão de massagem perto do lounge da primeira classe, que, aliás, visitei, começando pelo da classe exe-cutiva, alvo de severas críticas em um dos últimos Flight Checks. Estava bem melhor, comida sem grandes pretensões, mas saborosa, sanduíches e pratos bem apresentados, porém modestos. De lá segui para a sala da primeira classe. Decoração fria, que não desperta entusiasmo, e a comida oferecida era simples, boa, mas com apresen-tação não muito criativa, com pratos de peixes, aves, saladas e sopas.

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Embarquei em Guarulhos com destino a Paris em um dos 43 Boeing 777-300ER.

Ao ingressar, fiquei impressionado, tudo trés chic. Apenas quatro lugares, as poltronas, todas em tom cinza, combinando com as cortinas, laterais e os bins, harmonia total. Sentei-me e aí percebi um dos pontos negativos da mesma, o encosto era muito alto e nada ergométrico, o que me incomodou, porém com a posição full flat essa diferença desaparecia.

Muitos filmes, programas exibidos na tela de 24 polegadas HD, prometiam entretenimento variado, porém a falta de wi-fi impactou.

Gostei muito do nécessaire de couro com produtos de beleza da marca Givenchy, estiloso e completo, enquanto que as colônias, escovas de dentes e outros artigos de toalete estavam primo-rosamente arranjados nos banheiros, impecáveis.

O 777-300ER, com 11 anos de uso, acionou duas turbinas GE-90 e minutos depois já estava posicionado próximo da cabeceira da pista 09L, de onde decolou rumo a Paris. Para esta etapa,

275 passageiros embarcados e peso aproximado de 316 toneladas.

Logo após a decolagem foi iniciado o jantar no sistema on demand, em que o passageiro escolhe a hora em que quer comer. Canapés foram servidos, destacando-se o espetinho de abacaxi e pato defu-mado, tartare de salmão e batatinhas com queijo roquefort e favas. De entrada, um foie gras tão fininho, que em nada lembrava o serviço da Air France de tempos atrás. Em seguida, uma variada salada em que pude escolher meus ingredientes, todos frescos. Optei pelas nozes-pecã, abobrinhas grelhadas, frango com ervas finas, vários verdes e castanhas-do-brasil, bonitas e saudáveis. Decidi experimentar um pouco de tudo, para formar opinião. Provei o tournedor de carne com molho de vinho, batatas gratinadas e vários acompanha-mentos; um filé tradicional, porém no ponto exato pedido. Mas o diferencial foi a cloche levantada na hora de servir, uma elegância à moda antiga. Testei ainda o ravióli sorrentino, feito com moçarela e parmesão, tomates e aspargos (um pedaço da

Itália na França). Como em restaurantes, havia o prato do dia, que neste voo era um peito de frango coberto de moçarela, acompanhado de cenouras e abobrinhas na manteiga, e um criativo purê de batatas com tomate seco e azeitonas, uma com-binação aparentemente simples, porém de uma delicadeza ímpar. Para acompanhar, o vinho esco-lhido foi o Châteauneuf-Du-Pape Domaine Grand Veneur, safra 2012, soberbamente equilibrado.

Finalmente, foram servidos os queijos e o grand finale: um pot-pourri de doces, salada de frutas e sorvetes naturais, um festival de sabores e cores: inédito. Neste momento, estávamos nivelados a 31.000 pés de altitude e iniciando a travessia do Oceano Atlântico pela aerovia UN873, deixando Natal para trás e rumando para Cabo Verde e Ilhas Canárias adiante.

Chegou a hora de experimentar a grande no-vidade, a cabine fechada por cortinas (na realida-de, já existiu nos Super Constellation da empresa nos anos 1950). O comissário pôs a poltrona na posição horizontal e preparou a mesma para me

Camarões servidos no lounge da primeira classe, no aeroporto de GRU. Gosto bom, apresentação pobre.

Os artigos de toalete dos banheiros estavam muito bem arrumados.

Nécessaire de couro, recheado com produtos Givenchy. Seleção de queijos digna de um restaurante de classe.

A primeira classe neste voo tem apenas quatro assentos e outro diferencial são as quatro janelas por passageiro, pois normalmente, nas outras empresas, são somente três. Très élégant.

No monitor de LCD-HD, pode-se acompanhar o desempenho do voo em tempo real, monitorando a velocidade e a altitude.

O filé pedido foi apresentado com todo o requinte. O comissário retira a cloche.

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acomodar. Debaixo dos lençóis foi colocado um colchão bem fino, da linha de cama My Bed, da Sofitel, que permitiu um sono tranquilo, talvez o melhor de todas as minhas viagens até hoje. O pijama foi oferecido numa bandeja no começo do voo (classudo), estava agora sobre meu edredom, pronto para ser vestido. Já paramentado, recostei no travesseiro de algodão egípcio e o comissário fechou as cortinas, fazendo-me me sentir em um quarto aconchegante. A cama é comprida e larga, proporcionando uma sensação única de privacida-de e conforto. O voo 457 transcorreu tranquilo até cruzarmos a Zona de Convergência Intertropical

AF454 CDG-GRU Decolei de Munique com destino a Paris, onde

fiz conexão para o voo de São Paulo. Chegando ao Charles de Gaulle, como sempre, uma recepcio-nista e a cadeira de rodas estavam me esperando (aliás, em todos os voos que fiz pela empresa francesa o serviço de cadeirantes funcionou perfei-tamente, menos no aeroporto de Heathrow, onde o serviço é o pior da Europa e é controlado pela própria administração). Descemos pelo elevador do finger, de onde uma van de luxo nos levou até a entrada da imigração e em poucos minutos estávamos na sala VIP da companhia francesa. Ela é perfeita, tanto no tamanho, que não é muito grande, tornando-a mais aconchegante, como no serviço glamouroso.

Com poltronas muito confortáveis, oferece ainda chuveiros e toaletes muito bem projetados e bem funcionais, tudo com um design bem mo-derno e clean.

Seu ponto forte é o restaurante, comandado por Alain Ducasse, considerado atualmente o melhor chef da França, ou pelo menos o mais badalado.

Em uma grande área refrigerada, estavam dispostos sanduíches sofisticados, patês, terrines frias, saladas de frutas e sobremesas, que podem ser servidos nos pratos pelos próprios passa-geiros. O menu exclusivo, com capa de couro,

apresenta o serviço à la carte. Experimentei um pouco de tudo só para comentar na matéria, se não nada de espaço no estômago para o jantar no avião. Isso causou espanto nos garçons, pois pensaram que eu não havia gostado dos mesmos, pois sempre deixava uma porção grande antes de cruzar os talheres. Optei pela salada caesar com camarões, o medalhão de vitela com morilles e, pasmem, acompanhado de macarrão gratinado, e um peixe grelhado com aspargos crus e cozidos (da estação) da Provence.

Há uma grande seleção de revistas e livros, para o tempo ir passando, até que o concierge e um recepcionista me levaram para um elevador privativo, onde nos dirigimos para uma BMW, sé-rie 7, novinha em folha, até o finger F15 de CDG.

Embarquei em um 777 fabricado em 2005, mas impecável. Neste voo, 290 passageiros esta-vam a bordo e o peso total de decolagem ficou em 325 toneladas, 20 abaixo do máximo de decolagem do avião. A decolagem ocorreu pela pista 27L e subimos direto para 29.000 pés, nosso primeiro step climb.

Neste trecho analisarei mais profundamente alguns detalhes desta primeira classe, que quando trocada por milhas custa o escândalo de 640.000, creio que é a taxa mais elevada do mundo.

(ITCZ), onde tivemos que realizar alguns desvios devido à presença de CBs de grande altitude – cúmulos-nimbos. Neste momento nosso nível de cruzeiro era o FL360 e velocidade de Mach 0,83.

Pouco antes da chegada, foi servido o café da manhã, a tradicional omelete com peru defumado, champignons e tomate cereja, em um cumbuca de porcelana coberta por uma tampa, levantada ao ser colocada na mesa: um toque de elegância. Acompanhando o prato principal, pães, geleias e um suco de laranja espremida na hora e não de caixinha como é servido na maioria das companhias aéreas.

Após sobrevoarmos a Península Ibérica, o 777 entrou no espaço aéreo francês via Bordeaux. Cer-ca de 30 minutos depois, sobrevoamos a região sudoeste de Paris, ingressando em um longo se-quenciamento de tráfego aéreo, até estabilizarmos no ILS da pista 08R.

Chegamos um pouco antes do horário previsto em Charles de Gaulle e um Porsche estava me espe-rando na escada do Boeing, com uma recepcionista falando português, que me acompanhou até a sala VIP, passando antes pela imigração (tudo rápido) e depois até minha conexão para Edimburgo.

Esse serviço diferenciado de recepção, para mim, é o melhor que existe no mercado, fazendo com que a Air France se torne uma das minhas poucas empresas preferidas para viajar.

Pot-pourri de sobremesas.

Gavetão onde podem ser colocados os sapatos e outros objetos.

Luxuosa sala VIP da primeira classe no Charles de Gaulle.

O carro que me levou até a porta do avião. Champanhe com caviar: boas-vindas.

O acesso ao voo de volta foi feito por uma ponte de embarque exclusiva para a primeira classe (à esquerda).

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Uma das grandes atrações é o espaço para guardar coisas. Na parte lateral do assento, bem à frente, existe um grande porta-trecos que já dá para o gasto. Como se não bastasse isso, ao lado do passageiro, há um outro bem dimensionado também, onde está colocado o controle remoto para o entretenimento a bordo (joystick), que era touch screen, e com o qual se comanda as diversas funções de TV digitalmente pela tela. Ainda nele, está encaixado um fone de ouvido Bose (noise cancelling), o que é muito prático, pois você pode usá-lo na hora que quiser. Na lateral dos dois

compartimentos, havia uma entrada USB e uma tomada universal. Na parte superior, os controles de posicionamento da poltrona, das cortinas e das venezianas, com os quais você pode controlar a intensidade de luz que deseja, inclusive, escolher o lighting mood que mais combina com suas ne-cessidades, com muitas variações de intensidade. São quatro janelas (nas outras primeiras classes, são geralmente três), que dão uma sensação de amplitude; um pequeno armário embutido permite colocar os paletós e casacos. Quando estendida, a poltrona tem 2 metros de comprimento e quase 80 centímetros de largura. O porta-revistas ao lado possui iluminação própria e uma seleção, que, aliás, além de ser muito pobre, era toda em francês.

Pedi o jantar e a mesa onde o mesmo é servi-do é móvel, ou seja, dá para afastá-la o suficiente para sair sem dobrá-la e, inclusive, convidar outro passageiro para comer junto, pois é muito grande

e a poltrona à sua frente dá para mais uma pessoa sentar confortavelmente. Embaixo desta, existe um gavetão, onde cabem um par de sapatos e muitas outras coisas. Fantastique!

Logo em seguida, chegaram os pratos de porcelana ornados com o logotipo da Air France, o clássico cavalo-marinho estilizado, tudo muito delicado, e os talheres da marca Christofle, a mais respeitada da França.

Esta noite, o serviço decepcionou um pouco. O cardápio foi elaborado por Joël Robuchon, do res-taurante homônimo, com três estrelas do Michelin, no qual já jantei. Defendo a tese de que os cardápios assinados por chefs estrelados nem sempre querem dizer muita coisa, pois os pratos são produzidos em diversas cozinhas e países diferentes não seguem o padrão original e onde os autores não estão fis-calizando, o que, por muitas vezes, desabona seus nomes, mas nesse voo estavam corretos.

Serviram, logo que me acomodei, champanhe com caviar, os guardanapos amarrados por finas fitas de couro, muito elegantes, mas neste voo parecia que um bêbado os tinha colocado, pois estavam todos cheios de nós. Aliás, esse steward, apesar de muito gentil, tornou o jantar em algo desagradável pelas suas frequentes omissões.

Um detalhe importante: tive que pedir pelo champanhe, que não me foi oferecido, não há desculpa para isso.

Comecei pelo creme de aspargos com croutons, que estava sem gosto e com três microtorradinhas. Em seguida, optei como entrada pela terrine de foie gras com compota de abacaxi e manga. Embora a porção fosse pequena outra vez, estava mais gordu-cha do que no voo de ida. O comissário esqueceu de trazer as torradas quentinhas, acompanhamento obrigatório. Pedi como pratos principais o filé com sauce béarnaise, lagosta com molho de coral e a sala-

Ainda no restaurante da sala VIP, o medalhão de vitela com morilles. Fantastique!

O prato de salada estava com péssima apresentação e com ingredientes trocados.

O pijama foi presenteado aos passageiros em uma bandeja. Classique!

Lagosta com molho de coral e pasta, deliciosa.

Tournedor com molho béarnaise, como manda o figurino. Um dos dois compartimentos para guardar objetos durante o voo.

A cama foi arrumada com todo capricho pela comissária.

da com alguns dos ingredientes listados no cardápio e, finalizando o prato do dia, os ótimos aspargos da Provence com molho holandês.

Inicialmente veio a carne. Aonde estaria o molho béarnaise??? Reclamei da quantidade simplesmente irrisória do mesmo e aí sim foi colocado como se deve.

Para minha surpresa, a salada, que deveria ante-ceder os pratos quentes, chegou entre eles, ou seja,

chá de uma seleção da Casa Fauchon.Fui ao banheiro escovar os dentes (dois para

três passageiros) e, quando voltei, minha cama es-tava pronta, impecável, maravilhosa e com o macio pijama dobrado sobre ela. Na proa de Fortaleza, nosso ponto de entrada no Brasil, encontramos ligeira turbulência sobre o Atlântico Sul, antes mesmo de chegarmos próximo à linha do Equador, onde as intempéries são constantes.

Deitei-me, fechei as cortinas, que se grudam através de imãs, e estava no meu mundinho par-ticular. Se alguém não quiser ficar completamente isolado pelas mesmas, há uma divisória retrátil que

pode ser usada, mas não aconselho. A iluminação desse quarto, que insisto em o chamar assim, é a melhor que já vi em qualquer voo, lâmpadas bem fortes embaixo do bin e um abajur que não é decorativo como em muitas outras empresas, pois realmente funciona, e uma lâmpada auxiliar na parte de trás da cama, que pode ser utilizada para leitura. A única garrafinha de água mineral que tinha ao meu lado estava vazia desde que tomei meus remédios, logo após a decolagem. Na Air France, como é de praxe em todos os voos, a mesma é oferecida em uma pequena bandeja de prata com um copo de cristal, ficando ao lado do

na sequência errada; o comissário havia esquecido de comandar a mesma, que veio tão mal apresentada que parecia que os legumes tinham sido jogados de qualquer jeito e com ingredientes que eu não havia selecionado. Contrastando, a lagosta estava muito bem preparada e de bom tamanho.

Nosso desastrado atendente esqueceu da carta de vinhos, mas ao ser lembrado, trouxe um carrinho com diversas opções, coisa que não via desde os tempos áureos da Varig. Ótimas opções, desta-cando-se Margaux Château Durfort Vivens, safra 2010, e o Lieu-Dit Bihl Domaine Rieflé, safra 2012. O champanhe servido era o Taittinger Cuvée Com-tes de Champagne Blanc de Blancs, safra 2005, de primeira qualidade. Dispensei a completa seleção de queijos, servida como num restaurante de alto luxo. A sobremesa foi, talvez, a grande decepção da refeição, especialmente se a compararmos com a do voo de ida. Uma mísera tortinha com nougatine, coberta com ganache de café e creme do mesmo produto. Apesar de levar o nome do patisseur Le-nôtre, parecia um doce de padaria. Encerrei com um expresso muito bem tirado e depois tomei um

Ravióli sorrentino de sabor e apresentação irretocáveis. A intensidade das luminárias é a melhor que encontrei em qualquer companhia aérea. Possantes, permitem uma iluminação adequada.

Controle touch screen é moderno e prático.

As cortinas são fechadas. Meu quartinho visto de dentro.

A mesa para refeições é muito grande, permitindo que duas pessoas a utilizem ao mesmo tempo.

Omelete servida com toda classe em uma cumbuca de porcelana, cuja tampa foi retirada na hora de servir. Très chic.

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Reserva: nota 8Informações contraditórias, especialmente na hora de calcular as milhas.

Check-in: nota 10Impecável, gentil e amistoso.

Entretenimento: nota 9Não levou 10 por causa da carência de revistas a bordo – e todas em francês.

Refeições: nota 10Muito bem apresentadas, deliciosas e em porções justas.

Bebidas: nota 10Alguns dos melhores vinhos e champanhes franceses.

Serviço: nota 8No voo de volta foi desatento e imperdoável.

Nécessaire: nota 10Tudo que é preciso, mais os itens da toalete comple-mentando.

Assento: nota 10Muito confortável e coberto com um ótimo tecido.

Desembarque: nota 10Todos perfeitos.

Pontualidade: nota 10Todos os voos no horário, na ida chegamos até antes do previsto.

Nota final: 9,5

Comentário final: o atual serviço da Air France em sua nova primeira classe é premium, discreto e eficiente.Para voltar à época de ouro da aviação comercial só falta elevar o padrão da comida como era antes (anos 1950/1960): lagostas inteiras, latas de caviar, bloco de foie gras fatiado na hora. Isso faz parte do passado, porém é compensado pelo conforto oferecido. Suas tri-pulações são o que existe de melhor na primeira classe, tornando tudo uma experiência incomparável.A única nota desagradável de toda a viagem não cabe à companhia aérea e sim ao serviço de bagagens do aero-porto de Guarulhos. Duas malas chegaram praticamente inutilizadas, porém a empresa, em menos de uma sema-na, devolveu o dinheiro gasto na compra de duas novas. Muitas companhias tidas como ótimas, especialmente as do Oriente Médio, perdem feio para a Air France no item finesse, característica das boas companhias aéreas europeias e asiáticas.

Cortinas no avião, novidade atual ???

Parece atual essa inovação da Air France, mas na realidade não é. Essa ideia apareceu em trens do oeste americano a partir de 1870, sob a forma de beliches de dois andares, fechados por cortinas. Nesses trens, até um aquecedor com lenha era dis-posto para o conforto dos passageiros no inverno.Os voos da Air France para o Brasil nos anos 1950 no Super Constellation já utilizaram esse sistema.Na época, os aviões faziam muitas escalas e o sono era interrompido durante as paradas, mas era o começo de um serviço que se consagraria muito tempo depois, já com IFE e, principalmente, com o silêncio dos aviões a jato, uma vez que os movidos a motores de pistão eram barulhentos e trepidavam muito.As camas antigas eram apertadas, mas tinham al-gumas particularidades como, por exemplo, o café da manhã ser servido ao passageiro ainda deitado, como se estivesse em sua própria casa.

passageiro. É uma falha indesculpável!Neste momento o birreator sobrevoava a Bahia,

prestes a entrar em Minas Gerais, estabilizado a Mach 0,83, a 38.000 pés e em condições climáticas favoráveis. Próximo a Poços de Caldas, foi programa-da a descida STAR ANSUG 1B para a pista 09R, de acordo com informações colhidas pela tripulação de cabine através do ATIS de Guarulhos. As condições de teto e visibilidade eram boas e, caso isso não ocorresse, nossa alternativa segundo o plano de voo era Viracopos/Campinas.

O café da manhã foi servido com toda ele-gância antes do pouso e optei pela omelete com pontas de aspargos, baby espinafre sauté, tomates secos e queijo italiano em flocos por cima. Foram servidos salada de frutas, morangos, iogurte, cereais e a tradicional pâtisserie francesa. Depois de sobre-voarmos o setor norte do aeroporto e ingressarmos na perna do vento, alinhamos em uma longa final já com flaps na posição 30 graus e trem de pouso baixado e travado. Cruzamos a cabeceira da pista minutos depois a 143 nós de velocidade, em uma jornada de 11 horas e 9.400 quilômetros voados.

Após uma viagem de sonho, infelizmente, chegamos a São Paulo. Na porta, a recepcionista e a cadeira de rodas me esperavam. Lancei um último olhar para o 777 e murmurei: “adeus amigo, foi ótimo!”.

Avaliação: as notas vão de 0 a 10

As primeiras cortinas utilizadas na área de transporte público datam do final do século retrasado, em trens que atravessavam os Estados Unidos em viagens sempre muito longas e ofereciam esse conforto aos passageiros.

A Air France chamava esta suíte de “quarto privado do céu”, que foi utilizado em seus voos para o Brasil nos anos 1950 no Super G Constellation, ressaltando a sua principal qualidade: a privacidade.

Em certos voos da Air France, na década de

1950, as cabines-leitos eram de dois andares

e ainda era servido o café da manhã na

cama, com as pessoas em trajes de dormir, que traziam de suas casas, pois na época

não eram distribuídos pijamas para os

passageiros como acontece hoje.

Nesta foto, tirada em 1956, ainda no Super G Constellation, na rota Dacar/Rio de Janeiro, dá para ter uma ideia do tamanho da cama, um luxo para a época.

A terrível sobremesa, pequena, enjoativa e dura, enfim, não digna de uma primeira classe.

Serviço de chá com uma seleção da Casa Fauchon.

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