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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião: José Luis Gonçalves22 - Semana de.. Octávio Carmo24 - Dossier Dia Mundial da Paz

50- Multimédia52 -Estante 54 - Concílio Vaticano II56- Agenda58 - Por estes dias60 - Programação Religiosa61 - Minuto Positivo62 - Liturgia64 - Ano da Vida Consagrada68 - Fundação AIS70 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Jubileu daMisericórdia emPortugal[ver+]

Papa Franciscocelebrouaniversário[ver+]

Dia Mundial daPaz[ver+]

João Aguiar Campos | José LuisGonçalves | Octávio Carmo | RuiOsório | Catarina BettencourtMartins | Paulo Aido | Tony Neves |Fernando Cassola Marques

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Religar o olhar

João Aguiar Campos SecretariadoNacional das Comunicações Sociais

O serão estava animado, no grupo de amigos. Atelevisão ligada, mas a falar sozinha. Algo,porém, atraiu a atenção de um dos presentes,que de imediato alertou os demais. Dois minutosde silêncio bastaram, contudo, para que outrosentenciasse: «Apaga lá isso. Estou-me nastintas!»O telecomando resolveu a questão e asconversas voltaram a acender-se. Manda,porém, a verdade que se diga que não era desomenos o problema que a TV evidenciava. Sóque não havia, naquela sala, quórum suficientepara a manter ligada…No dia seguinte, vi como os passantes sedesviavam de pernas estendidas no passeio,com pequenos cartazes de papelão ao lado,falando de dramas e necessidades. Desviavam-se, descendo à rua ou levantando o olhar, demodo a evitar uma proximidade evidente;desencontrando-se propositadamente.Nesse mesmo dia, ao fim da tarde, no autocarrode regresso a casa ouvi, sem querer, a conversade dois adolescentes. Falavam de relaçõesfamiliares tensas e da evolução registada nomodo de lidar com o problema: «A princípio aindaestressei com a cena; mas agora entrei numaboa e isto é bué de fixe: tanto se me dá como seme deu!». Nos três casos vejo refletido o mesmo propósito:a vontade de desligar o olhar, apagar oincómodo, fazer da indolência um estado dealma, adotar a insensibilidade como vesteimpermeável, renunciar a toda e qualquer causae fugir do envolvimento.Sem causas, não fazemos caso. Mais:escolhemos o ocaso onde a luz se dilui e,progressivamente, nem sequer há vultos.

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Sem incómodos, não queremossaber a não ser de nós, com adesculpa sonora de não nosmetermos na vida dos outros. Sim;não há amor que nos desconcentre,realidade que nos apaixone ourevolte: nem a favor, nem contra,nem em branco… Simplesmentenão vamos a jogo, bronzeando-nosnum solário egoísta onde não entraqualquer tentação deresponsabilidade.Compreendo, por isso, muito bem ogrito do Papa Francisco para o DiaMundial da Paz/2016: contra aindiferença importa cultivar ointeresse permanente, aconsciência da nossaresponsabilidade pelo

bem comum, a exigente conversãodo coração.Temos de nos importar, desafiadospor um Deus Pai a quem importa ahumanidade. E que conta connoscoe a nossa amorosa militância emtodos os ambientes ecircunstâncias. Sem resignação esadiamente impertinentes.Na mencionada mensagem do papaFrancisco, estão apontadoscaminhos que podemos escolher – eque muitas pessoas e instituições,felizmente, já trilham na família, nacultura, na comunicação social ouna política.Sem compromissos pessoais econcretos não deixaremos marca.É urgente religar o olhar.

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Juntos pela Paz, uma delegação do Movimento dos Focolares com

membros de comunidades muçulmanas, na recitação do ângelus, naPraça de São Pedro. Domingo, 13 de dezembro 2015

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“Conforme há um ordenado mínimo,também deveria existir um ordenadomáximo, e as pessoas distribuíam-se poraqui, não há a cultura de fazer contençãoonde se deve fazer contenção”, bispo daGuarda, D. Manuel Felício, à RádioRenascença, 16 dez 2015 “Já tinha saudades de falar depolítica”, José Sócrates, na entrevistana TVI, 15 dez 2015 “Esta questão dos refugiados está arevelar qual o grau de humanidade quetemos e diria que é um grau bastantebaixinho”, irmã Irene Guia, integracomissão executiva da Plataforma deApoio aos Refugiados, à AgênciaECCLESIA. "Estamos num país civilizado e nãoandamos às bofetadas”, primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy,depois da agressão. Entrevista naTelecinco, citado pelo El País, 17 dez2015 “Os agentes culturais e dos meios decomunicação social deveriam tambémvigiar para que seja sempre lícito, jurídicae moralmente, o modo como se obtêm edivulgam as informações”, Papa Franciscona mensagem ‘Vence a indiferença econquista a paz’, para o Dia Mundial daPaz

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Portas abertas para a Misericórdiaem Portugal

As Portas Santas das diocesesportuguesas para o Jubileu daMisericórdia foram abertas umpouco por todo o país estedomingo, em resposta à propostado Papa Francisco. Um momentosimbólico acompanhado pelareflexão dos respetivos bispos.O bispo do Algarve disse nacatedral diocesana que é Cristo,“verdadeiramente, a «Porta Santa».“É por Cristo que nós temos depassar. A Porta Santa deverecordar-nos a pessoa de Cristo.Passarmos por essa porta significa,antes de mais, que

queremos passar por Cristoporque Ele é verdadeiramente onosso jubileu, a fonte demisericórdia, o rosto visível damisericórdia do Pai”, referiu D.Manuel Quintas.Já o bispo de Aveiro alertou que apalavra misericórdia “parece não terlugar no vocabulário” da cultura ementalidade contemporâneas, numaCarta Pastoral, no contexto doJubileu dedicado a este tema. “Frutoda cultura e mentalidadecontemporâneas, que tendem aseparar da vida e a tirar do coraçãohumano a própria ideia da

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misericórdia, é imprescindível torná-la conhecida, trazê-la à existênciacom o significado e atributos que elamerece”, escreveu D. AntónioMoiteiro, em Carta Pastoral enviadaà Agência ECCLESIA.O arcebispo de Braga afirmou quesó um “humanismo integral” pode“salvar” o país, durante a aberturada Porta Santa do Jubileu daMisericórdia, na catedral minhota.“O mundo moderno, reconhecendona Igreja a Luz de Cristo, colherátestemunhos verdadeiros eabandonará tensões, conflitos,crispações, trabalhando pelo bemde um humanismo integral quesalvará o país”, disse D. JorgeOrtiga.O bispo de Bragança-Miranda abriua primeira Porta Santa do Jubileu nadiocese e pediu aos fiéis quetenham a “coragem e a confiançade ser santos na Misericórdia”, paratransformar a sociedade. “Conhecere praticar as 14 obras deMisericórdia corporais e espirituais –eis uma desafiante respostahumana da caridade cristã àsmuitas pobrezas e crises do nossotempo: antropológica, económica,cultural, social, moral e espiritual”,referiu D. José Cordeiro.O arcebispo de Évora presidiu à

abertura da Porta Santa do Jubileuda Misericórdia no Santuário de VilaViçosa e apelou à construção da“comunhão” neste ano santoextraordinário. “Tal como a Porta daMisericórdia dá acesso ao templosagrado, assim o encontro comCristo, verdadeira porta desalvação, nos introduz na comunhãotrinitária e nos torna capazes deconstruir comunhão com os outrosseres humanos, nossos irmãos”,declarou D. José Alves.O bispo do Funchal, por sua vez,explicou que abrir as portas é deixar“Deus entrar e iluminar a mente”.Todo o Jubileu aponta para ummaior compromisso da Igreja emviver num dinamismo de saída, emconstante missão, empenhando-sena importante e necessária tarefade ir ao encontro de todos, levando-lhes a bondade e a ternura deDeus”, explicou D. António Carrilho.Em Lamego, D. António Coutosublinhou o simbolismo deatravessar esta porta, comparando-o ao gesto de voltar a casa. “É comcerteza porque uma grande emoçãose apodera de nós e nos aperta oualarga o coração, quando, vindos delonge e de há muito tempo,transpomos o umbral sagrado dacasa paterna e materna”.

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Na abertura da ‘Porta Santa’ na Séde Leiria, D. António Marto explicouque a proclamação do Ano Santo daMisericórdia foi um “ato profético”que corresponde às necessidadesdo tempo, “da Igreja e do mundo”.“Nós vivemos num mundo ferido,cheio de feridas na vida pessoal,familiar e social, e, ao mesmotempo, cínico em virtude daglobalização da indiferença, doindividualismo mais radical”.O cardeal-patriarca de Lisboaafirmou que “a Porta é Alguém” e,em Ano Jubilar, constitui umaoportunidade para entrar nos“sentimentos de Deus”, que são demisericórdia. “Temos de entrar pelaporta e como sabemos, quer emtermos religiosos e sobretudobíblicos a porta é algo carregado designificado e é ‘Alguém’, porqueJesus diz ‘Eu sou a porta, quementrar por mim ficará saciado’”,referiu D. Manuel Clemente àAgência ECCLESIA.O bispo do Porto mobilizou osdiocesanos a se “mensageiros damisericórdia”, numa Igreja portuense– “Pátria da Misericórdia” pedindoque hospitais, prisões, escadas ealpendres sejam “portas da atençãosocial e lugares da justiça humana”. “Penso em particular nos doentes,

nos reclusos, nos que não têm portapara entrar nem esperança e ânimopara viver”, revelou D. AntónioFrancisco dos Santos.Na celebração que assinalou aabertura da Porta Santa na Catedralde Viana do Castelo, a única naDiocese, D. Anacleto Oliveirasublinhou que uma conversãoapenas no plano da teoria nãochega porque têm de "existir obras","simples e concretas" quemanifestem mudanças no "pensar eno agir" indo ao encontro de tantosque "precisam de nós" e como nós"desejam ser felizes".O bispo de Vila Real desafiou ascomunidades católicas da diocese aviver o Jubileu da Misericórdia,convocado pelo Papa, com desejo o“défice de acolhimento” nas famíliase na sociedade. “É a hora depurificar e expulsar vendilhões, deacabar com a ditadura do dinheirosobre as pessoas, de construir acasa humilde, aberta e solidária,que seja a casa de Deus”, escreveD. Amândio Tomás.D. Manuel Linda, bispo das ForçasArmadas e de Segurança, sustentouque a abertura da ‘Porta Santa’, naigreja da Memória, em Lisboa,“ajuda a solidificar a ideia deverdadeira diocese” no OrdinariatoCastrense.

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A Abertura das Portas Santas em Portugal

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Primeiro grupo de refugiados no âmbito do Programa de Relocalização deRefugiados na União Europeia à chegada ao Aeroporto de Lisboa,17 de dezembro de 2015.

ACEGE - “O Valor da Conciliação: os Humanos não são Recursos mas simPessoas”

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Papa festejou aniversário comcrianças envolvidas em projeto deajuda a migrantes

O Papa celebrou hoje o seuaniversário na companhia de cercade 60 crianças e jovens da AçãoCatólica Italiana, envolvidas numprojeto de ajuda a migrantes naDiocese de Agrigento, que inclui oterritório de Lampedusa. Otradicional encontro para asfelicitações de Natal aconteceu esteano no dia em que

Francisco completava 79 anos devida, pelo que começou ao som dos‘parabéns’, em italiano e espanhol,com um bolo de aniversário.No seu discurso, o Papa convidouos mais novos a “partilhar onecessário” como todos os meninose meninas da sua idade que passampor privações. A este propósito, opontífice argentino

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elogiou a “muito boa iniciativa decaridade” que as crianças e jovensda Ação Católica Italiana vãodesenvolver em favor da dioceseitaliana de Agrigento.“Que o Senhor abençoe esteprojeto, o qual vai dar uma mãoàquela comunidade, comprometidade modo exemplar no acolhimentode tantos irmãos e irmãs quechegam cheios de esperança, mastambém de tantas feridas enecessidades, em busca de pão epaz”, observou.Francisco revelou que na audiênciapública semanal, esta quarta-feira,lhe foi apresentada uma criança,pelos seus pais, que nasceu numbarco, ao largo da Sicília, há cincomeses. “Muitas crianças conseguemchegar, outras não. E tudo aquiloque fizerem por estas pessoas ébom, obrigado por isso. Podem darum contributo especial a estainiciativa com o vosso entusiasmo eoração, acompanhando-as comalguma renúncia”, apelou.Ainda hoje foram divulgada as‘cartinhas ao Papa Francisco’ quechegaram aos correios do Vaticano,com textos e desenhos de crianças.Francisco deu pessoalmente oconsentimento para a realizaçãodesse livro, cujas receitas vãoapoiar

500 crianças assistidas no Estadoda Cidade do Vaticano, ospequenos pacientes do Dispensáriopediátrico de Santa Marta, queoferece cuidados médicos,alimentos e roupas às famíliasnecessitadas.“Querido Papa Franciscodesejamos-te muitas felicidades peloteu aniversário. Esperamos quegostes do nosso presente e que atua missão sacerdotal continuemagnificamente. Por isso, osmelhores votos: muitos parabéns”,refere uma das mensagens agorarecolhidas.A celebração tinha começado jáesta quarta-feira, no final daaudiência pública semanal, com osfiéis reunidos na Praça de SãoPedro a cantar os "parabéns";Francisco recebeu ainda um boloespecial, em forma de "sombrero",oferecida por uma jornalista emnome do povo mexicano, que oaguarda na visita marcada parafevereiro de 2016.Jorge Mario Bergoglio nasceu emBuenos Aires, capital da Argentina, a17 de dezembro de 1936, filho deemigrantes italianos, e trabalhoucomo técnico químico antes de sedecidir pelo sacerdócio, no seio daCompanhia de Jesus, licenciando-seem filosofia antes do cursoteológico.

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As receitas do Papa para o Jubileuda MisericórdiaO Papa Francisco afirmou noVaticano que o Jubileu daMisericórdia (dezembro2015-novembro2016) exige que cadacatólico procure uma vida deabertura ao outro, de amor e deperdão, recorrendo mais aosacramento da Confissão. “Amisericórdia e o perdão não podemser meras palavras, mas têm derealizar-se na vida diária: amar eperdoar são o sinal concreto evisível de que a fé transformou osnossos corações e nos permiteexprimir em nós a própria vida deDeus”, disse, perante milhares depessoas reunidas na Praça de SãoPedro para a audiência públicasemanal.Francisco apresentou como“programa de vida” para todos osfiéis, sem “interrupções ouexceções”, o objetivo de “amar eperdoar como Deus ama e perdoa”.A intervenção recordou alguns dos“sinais” mais importantes do terceiroano santo extraordinário na históriada Igreja Católica, como as PortasSantas, “que neste ano sãoverdadeiras portas da misericórdia”e indicam “o próprio Jesus”, que“não veio para julgar, mas parasalvar”.

A catequese semanal explicouporque é a Porta Santa foi abertanas catedrais, santuários e igrejasjubilares de todas as dioceses, paraque “o Jubileu da Misericórdia possaser uma experiência partilhada porcada pessoa”. “O Jubileu é em todoo mundo, não apenas em Roma”,disse Francisco.O Papa alertou os peregrinos paraeventuais fraudes, dias depois de asautoridades italianas teremconfiscado 3500 falsospergaminhos, num valor aproximadode 70 mil euros, que iam servendidos por ocasião do Jubileu daMisericórdia. “A Salvação não sepaga, não se compra, a porta éJesus e Jesus é grátis”, observou.

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Jubileu, tempo do grande perdãoO Papa abriu a Porta Santa doJubileu da Misericórdia na Catedralde Roma, a Basílica de São João deLatrão, num dia em que convidou à“alegria” do Natal para combater atristeza e a solidão. “Abrimos aPorta Santa, aqui e em todas ascatedrais do mundo. Também estesimples sinal é um convite à alegria:começa o tempo do grande perdão,é o Jubileu da Misericórdia, é omomento para redescobrir apresença de Deus e a sua ternurade Pai. Deus não ama a rigidez. Eleé Pai, é terno. Faz tudo com aternura de Pai”, declarou, na homiliada Eucaristia a que presidiu nabasílica papal.Esta oi a terceira Porta Santa abertapor Francisco, depois de Bangui,capital da República CentroAfricana, a 29 de novembro, e daBasílica de São Pedro, no Vaticano,a 8 de dezembro, abrindooficialmente o Ano Santoextraordinário da Misericórdia.A Missa teve início diante da PortaSanta, no adro da Basílica, que oPapa atravessou em primeiro lugar,sendo seguido pelosconcelebrantes, uma delegação deseis sacerdotes da Diocese deRoma, um diácono e quinze leigos.Na homilia da celebração, Francisco

sublinhou que a alegria, que marcaa celebração do III Domingo deAdvento – tempo de preparaçãopara o Natal no calendário litúrgicoda Igreja Católica – permite ao serhumano “olhar para o futuro comserenidade” e não ficar tomado“pelo cansaço”. "Não nos épermitida nenhuma forma detristeza, embora tenhamos motivospara isso devido a muitaspreocupações e por causa dasmúltiplas formas de violência queferem esta nossa humanidade”,precisou.A intervenção recordou oensinamento de João Batista àsmultidões, no tempo de Jesus, queconvidada a “agir com justiça e aolhar para as necessidadesdaqueles que se encontramnecessitados”. “Quem foi batizadosabe ter uma obrigação maior”,prosseguiu.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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O bolo de aniversário do Papa, 17.12.2015

Abertura da Porta Santa na Catedral de Roma

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Rankings das Escolas

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Foram divulgados por estes dias os resultadosdos exames nacionais realizados pelos alunosdas escolas do país que concluíram o 4.º, o 6.º eo 9.º anos e o secundário, no ano letivo2014/2015. Em função da média obtida pelosalunos nesses exames, a escolas são ordenadasem rankings. As virtualidades desta avaliaçãosão ainda discutidas, mas a iniciativa tem a suapertinência para a melhoria das escolas; inferir,porém, a partir destes resultados, a real valia deuma escola, hierarquizando-a em rankings, é detodo exagerado. Senão, vejamos:O que estes resultados medem são asaprendizagens dos alunos às disciplinas dePortuguês e de Matemática. Se tivermos umaconceção redutora do papel da escola em queesta se limita à “ensinagem”, então ficaremossatisfeitos com os rankings; se, todavia,pensarmos no desenvolvimento harmonioso eintegral do aluno, os elementos constitutivosdeste paradigma não são levados em conta paraa elaboração destes rankings.Se queremos assegurar oportunidades deacesso a uma educação inclusiva e equitativapara todos, então constata-se que estesrankings revelam um país cada vez maisdesigual: salvo raras exceções, acentua-se umacrescente dicotomia entre privado e público,entre litoral e interior, sempre a favor dosprimeiros. Veja-se que é no interior Norte eCentro e no Alentejo litoral que se concentra omaior número de municípios cujos alunos tiveramnota negativa nos exames do secundário. As

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análises da tutela confirmam que osfatores do contexto socioeconómicode uma escola interferemdecisivamente na suaclassificação… Será preciso ainda levar emconsideração o nível académico dosalunos que uma escola recebe, oqual não é tido em conta quandoapenas se olha para os resultadosabsolutos das notas dos examesque contam para os rankings. Poressa razão, a tutela criou um“indicador da progressão dosresultados dos alunos” durante umdeterminado período/ciclo. A partirdeste indicador, constata-se que háescolas que recebem alunos commédias já razoáveis e pouco valorlhes acrescentam até ao fim dociclo, progredindo os alunos muitopouco. Outras escolas há que,partindo os seus alunos de um nívelmuito baixo, ajudam estes aalcançarem resultados assinaláveisdurante o período/cicloconsiderado.Os estudos internacionais queenumeram os principais fatores quecontribuem para o (in)sucessoacadémico dos alunos sãoconhecidos. E como as análises aosresultadosdestes rankings evidenciam àsaciedade, não é com retençõesque os alunos aprendem.Se desejarmos

promover as aprendizagens dosalunos, convém centrarmo-nos numconjunto articulado de boas práticasem sala de aula e de gestão escolarque já têm provas dadas. Da nossaparte, atrevemo-nos a destacar oito(8) marcadores de sucesso jáestudados: i) O ethos da escola; (ii)a cooperação e a valorização dosbens relacionais da escola; (iii) umaoutra gestão do tempo escolar; (iv)a implicação dos alunos; (v) aimplicação dos professores; (vi) aimplicação das famílias; (vii) a açãopedagógica e o foco na sala deaula; (viii) o ensino explícito esistemático (Cf. “O que desencadeiao sucesso em alunos com baixorendimento escolar, no ProjetoFénix”, realizado, em 2014, pelaEscola Superior de Educação PaulaFrassinetti e a Universidade CatólicaPortuguesa).

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It's beginning to look a lot likeChristmas…

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Esta semana começou cedo. Muito cedo. Aindanão eram seis da manhã de segunda-feira e jáestava a caminho de Lisboa, para acompanharna Capela do Hospital de Santa Maria acelebração de uma das mais belas tradiçõesreligiosas da Madeira, a ‘Missa do Parto’, novenade preparação para o Natal que decorrehabitualmente ao fim da madrugada.Qualquer pessoa que ande por estes dias na ilhada Madeira há de ouvir falar constantemente na“Festa”, que é como os madeirenses falam doNatal.Estas celebrações marcam profundamente apreparação para o Natal. É uma tradição quevem de longe, e nem o frio nem a chuva dasmanhãs de Inverno demovem os fiéis dasnovenas. Nas tradições mais antigas, era o búzioa chamar as pessoas, dando início à caminhadados sítios mais altos até à Igreja, por caminhosinclinados e estreitos.Este ano, a Missa do Parto chegou à Capela doHospital de Santa Maria, animada e participadapor alunos de Medicina, madeirenses ou comligação à Madeira. O percurso foi muito diferente,entre

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transportes públicos e os sons deuma cidade que acorda, mas acelebração era movida pelo mesmoespírito. Deixo um pequeno excertodos cânticos, antecipando aemissão do Programa ECCLESIA naAntena 1, prevista para o dia 23. Hoje também foi dia de festa, masna escola das minhas filhas,celebrando o Natal nas suas maisdiversas vertentes… menos areligiosa. O uso do inglês no iníciodeste pequeno apontamento acabapor ser uma forma de chamar aatenção para a progressiva“homogeneização” das culturas, emque cada vez mais as tradições deum local acabam por ser engolidaspela voragemconsumista/globalizadora. O Natal

português tem uma marca culturalmuito vincada, de raiz cristã, eignorar essa dimensão é esvaziarum pouco de nós, em cada ano quepassa. De tal forma que aquelesque chegarem ao país, daqui a unsanos, talvez encontrem apenas umafolha em branco, pronta paraser preenchida por quaisquer outrasculturas e convicções… Um pouco por todo o mundo,começaram a abrir-se as PortasSantas da Misericórdia. É umconceito teológico que está emcausa, central no Cristianismo, e oque posso dizer é que tenhoaprendido muito com tudo o que sevem a escrever e a dizer sobre esteano santo extraordinário. Fica oconvite a estarmos atentos.

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Paz na terra aos homensA Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2016, com o título ‘Vencea indiferença e conquista a paz’, está no centro desta edição do SemanárioECCLESIA. O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, Pedro VazPatto,é o nosso entrevistado, seguindo-se textos de reflexão nas áreas dos Media,Liberdade Religiosa e Refugiados.A mensagem é apresentada em quatro pontos, numa análise jornalísticados seus principais conteúdos.O 49.º Dia Mundial da Paz, comemorado no dia 1 de janeiro de 2016,pretende ser um ponto de partida para todas as pessoas de boa vontade,em particular as que trabalham na educação, cultura e nos meios decomunicação, para construirmos juntos um mundo maisconsciente e misericordioso, e, portanto, mais livre e mais justo.A mensagem do Papa para o dia 1 de janeiro é enviada paraos Ministérios dos Negócios Estrangeiros de todo o mundoe também designa a linha diplomática da Santa Sépara o novo ano.

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Indiferença impede a paz Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, aborda ementrevista à Agência ECCLESIA, os desafios lançados pelo Papa Franciscopara a celebração do Dia Mundial da Paz, uma reflexão que os católicos sãoconvidados a fazer nos últimos momentos deste ano para iniciar 2016 comum renovado compromisso neste campo.

Entrevista conduzida por Paulo Rocha Agência ECCLESIA (AE) - Vencer aIndiferença, Conquistar a Paz. Amensagem do Papa fala naaparente contradição entre esta pazque todos desejamos e a aparenteindiferença perante tudo o que estáa acontecer…Pedro Vaz Patto (PVP) - O Papafala, como já tinha feito noutrasocasiões, de uma globalização daindiferença. A indiferença sempre severificou, ao longo da história, masnesta época da globalização, háuma globalização da informação,mas também da indiferença. Nemsempre o facto de termosconhecimento daquilo que se passano mundo nos leva a estar maispróximos espiritualmente daspessoas.O Papa emérito Bento XVI tinha umafrase, que é citada por Francisco: Aglobalização faz-nos vizinhos, masnão nos faz irmãos.A mensagem carateriza as váriasformas de indiferença que às vezesse verificam mesmo quando aspessoas

estão informadas, mas não sãosensíveis. AE - O Papa diz que é saturaçãoque anestesia…PVP - Quer dizer que há uma certabanalização, as desgraçassucedem-se umas às outras edepois já não reagimos perante elascomo se se verificassem connosco.Por outro lado, há uma indiferençaque consiste em querer ignorar ascoisas, sobretudo aquilo que sepassa longe de nós. Quandoestamos tranquilos, experimentamoso bem-estar, temos mais dificuldadeem sentirmos como nossos osproblemas de outros que não estãotranquilos, que não vivem o bem-estar. Estes fenómenos deglobalização da indiferença é quelevam o Papa a escrever sobre estetema.No início da mensagem, o Papadistingue a indiferença peranteDeus,

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o próximo e a criação, destacando aindiferença perante Deus como aprimeira, aquela de que derivam asoutras, porque nesta indiferença ohomem considera-se como autorde si próprio, autossuficiente,reconhece apenas direitos,não se reconhecedevedor perante

outras pessoas. Esta indiferençaperante é a raiz da indiferençaperante o próximo e perante acriação. É um aspeto importante quenem sempre se põe em relevo.

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AE - Que mais-valia oferece paraeste tema da conquista da paz oacreditar em Deus?PVP - O facto de haver pessoassolidárias que não acreditam emDeus… provavelmente estaspessoas não são tão indiferentesperante Deus como nós achamosou elas próprias acham. A mais-valiatem a ver com isso e também emrelação ao cuidado com a criação:reconhecer que não depende denós aquilo que é bem

e aquilo que é mal, temos alguémque nos é superior, temos um Paicomum, é esta a mais-valia. Já naencíclica ‘Laudato si’, o Papa falana consciência de que há um Paicriador, o que leva a ter um respeitodiferente pela criação, que é umdom de Deus, e temos de respeitá-la nessa medida. Não limitar àarbitrariedade do ser humano arelação com a natureza tem outrosentido quando o respeito é nãopela natureza - que não é Deus -,mas é o

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Criador que está por detrás dela eque nos faz este dom. Não podemosdestruir o dom que recebemos. AE - Em relação à caraterização daindiferença, será descabido fala,por exemplo, em guerra fria quandosomos indiferentes em relação àpaz?PVP - Podemos efetivamente falarem guerra fria, enfim, o Papa fala naterceira guerra mundial aospedaços e aí não é tanto umaguerra fria. Tudo parte dessaindiferença, que leva a não reagirou a reagir de uma forma insensívelperante estas situações.Para além do diagnóstico daindiferença, a mensagem valesobretudo pelo apelo que faz àconversão do coração. Aí é que sevence a guerra fria. É este calor - oPapa usa muito esta expressão dosentir forte o bater do coraçãoquando está em jogo a dignidadehumana, porque essa dignidadehumana é um reflexo da imagem deDeus nas suas criaturas. Essaexpressão diz bem daquilo que é oapelo do Papa à conversão: passar

da indiferença à misericórdia.É este o apelo, também na linha doano jubilar da misericórdia. AE - O Papa faz esse apelo depoisde referir que o ano de 2015 foi deguerra e dizer que com isso nãodevemos perder a esperança.PVP - No início da mensagem émuito significativo o facto de o Papanão ignorar o que representou esteano, com as guerras, atentadosterroristas. Também vê o positivo daquestão, faz referência aos acordosde Paris em relação às alteraçõesclimáticas, o que isso representa desensibilização em relação ao futuroda humanidade, bem como ao factode as nações terem acordado umaagenda na ONU de metas definidaspara o desenvolvimento sustentável.São motivos para ter esperança esão reveladores de que o homem,com a graça de Deus, tem acapacidade para melhorar o mundoà sua volta. É também neste climade esperança que o Papa faz esteapelo à conversão.

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AE – O ponto de partida é aconversão de coração. Amisericórdia é a outra face daindiferença?PVP – É o contrário da indiferença,diz o Papa evocando a parábola doBom Samaritano, dizendo quetambém nós arranjamos muitasvezes desculpas para não noscomprometermos, como ter muitoque fazer, ter outras coisas em quepassar e até o cumprimento derituais. O Bom Samaritano debruça-se sobre o outro, faz seus ossofrimentos do outro…AE – Os exemplos que o Papareferiu, e que lembrou, como oacordo na Conferência de Paris,estão em sintonia com apersonagem que ajuda na parábolado Bom Samaritano?PVP – Sim… São passosimportantes que interessa por emrelevo. Agora temos de esperarpara que se concretizem… AE – Isto para tentarmos perceberaté que ponto hoje se concretiza aparábola do Bom Samaritano nacausa da paz, onde a comunidadeinternacional tem um papeldeterminante…PVP – O Papa faz um tríplice apelo,no final da mensagem, às naçõesmais poderosas. Primeiro nãoarrastarem outros países paraguerras ou

conflitos que põem em causa assuas riquezas materiais e espirituaise também a sua integridade; depoisa questão do cancelamento dadívida dos países mais pobres ougestão sustentável dessa dívida; eum terceiro aspeto que tem a vercom políticas de cooperação,retomando uma crítica que tem sidofeita por bispos africanos quandosão condicionados à adoção de umaagenda ideológica. Fala-se mesmonuma colonização ideológica, quecondiciona as ajudas à adoção depolíticas orientadas pela ideologiado género ou condicionadas pelaadoção de políticas favoráveis aoaborto. O Papa diz que isso não éde modo algum admissível. AE – O Jubilei da Misericórdia é umconvite a cada cristão sercompassivo, seja capaz de perdoar,de ajudar. Tudo atitudes queconcretizam a atitude do BomSamaritano. Mas que atitudespodem levar à construção da pazque sejam concretizações daquelaparábola?PVP – O Papa fala da família dasnações e da fraternidade. Trata-sede alargar o amor evangélico, queestamos habituados a ver numaperspetiva de reações pessoais, àsrelações internacionais: amar a

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nação do outro como a nossa. Oamor preferencial pelos pobres éum amor preferencial pelas naçõesmais pobres. O Papa deu esseexemplo ao abrir a Porta Santa naRepública Centro Africana,tornando-a a capital espiritual domundo. AE – O papa desafia também oslegisladores de cada país, porexemplo em relação à abolição dapena de morte. Que sinal é este noséculo XXI?PVP – É um tema que nos podepassar um pouco à margem porPortugal ter sido um dos primeirospaíses a abolir a pena de morte.Mas temos de pensar na dignidadeda pessoa, que não se perdemesmo quando comete crimes. Ocrime em si é indigno, mas a pessoanão perde a sua dignidade.Pedir a abolição da pena de morterefere-se também ao que o Papafala sobre a finalidade reabilitativada pena, que se refere também aoutras penas alternativas à pena deprisão, que são mais eficazes nafinalidade reabilitativa da pena. Ouseja a capacidade da pessoa seregenerar e se reinserirsocialmente. Essas penas estãoprevistas no nosso código deProcesso Penal, mas há uma certaresistência á sua aplicação e nemsempre são bem compreendidaspela opinião pública, sendoentendidas como verdadeiras penas

O amor preferencial pelospobres é um amorpreferencial pelas naçõesmais pobres. O Papa deuesse exemplo ao abrir aPorta Santa na RepúblicaCentro Africana,tornando-a a capitalespiritual do mundo. AE – Bem mais grave é acontinuação da existência da penade morte…PVP – Nos EUA ou na China, onde éaplicada com uma frequência muitogrande.Para além da pena perder a funçãoreabilitativa, há também umacontradição: se por um lado querafirmar o valor que foi atingido pelaprática de um crime, como dehomicídio, afirma-se o valor da vidapondo em causa a vida docriminoso. Há uma certa contradiçãoao vencer o mal com outro mal enão com o bem, que consiste nafunção reabilitativa da pena.

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AE – O Papa refere-se também ànecessidade de colocar a pessoahumana no centro da definição depolíticas sobre o acolhimento dosmigrantes e dos refugiados ou dagarantia de trabalho para todos…PVP – O Papa pede que alegislação dos Estados sejainspirada no valor da hospitalidade,do acolhimento, sem deixar deconsiderar direitos e deveresrecíprocos, o que em Portugal temuma atualidade particular uma vezque estamos a colher refugiados,que não são migranteseconómicos… Sobre o desemprego,há um aspeto que o Papa põe emrelevo e que nem sempre éconsiderado: o desemprego nãotem a ver só com a privação derendimentos, que pode ser supridaaté certo ponto com um subsídio,mas tem a ver com a perda dosentido da dignidade e daesperança. AE – Na Mensagem para o DiaMundial da Paz, o Papa introduz otema da comunicação social comalguma profundidade. Umanovidade?PVP – É provável que já noutrasmensagens se tenham feitasreferências.O tema vem a propósito defomentar, promover uma cultura desolidariedade e de misericórdia

para vencer a indiferença, onde afamília tem um papel muitoimportante, a escola e os agentesculturais e de comunicação. AE – O Papa faz uma referência àimagem….PVP – O Papa refere jornalistas efotógrafos, faz referência á imagem,porque através da imagem se põeem relevo acontecimentos queinterpelam as consciências. E, aomesmo tempo, o Papa também dizque “não vale tudo” para prosseguiro direito á informação. Os fins nãojustificam os meios. AE – O Papa deixa dá conselhosdeontológicos aos jornalistas?PVP – Os jornalistas já o deveriamsaber, mas sim!O direito à informação não passapor cima de todos os outros direitos.É importante, como o Papa já temdito várias vezes, e não se pode,com o objetivo de prosseguir essedireito e esse dever, sacrificaroutros, como por exemplo aprivacidade das pessoas, o respeitopela verdade, pela presunção dainocência…

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AE – A paz e a guerra “joga-se”,hoje no mundo dos média?PVP – O genocídio que ocorreu noRuanda é um exemplo extremo: diz-se que foi motivado que umadeterminada rádio fez. Por vezes,não se pensam nas consequênciasde uma simples palavra, que podeser tão ou mais grave do que atingiruma pessoa com um aofensacorporal ou com um tiro de pistola.Pode-se ferir uma pessoa ou matá-la com palavras incitamento ao ódioe à violência.Isto, no entanto, não significa porem causa a liberdade deexpressão e trata-se de umaspeto negativo do uso dacomunicação social. Há umpositivo, que leva a vencera indiferença. É através dacomunicação social quesabemos o que se passacom os refugiados, nomediterrâneo.A comunicação social éo primeiro passo paravencer a indiferença.

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AE – O Papa fala também noenvolvimento de cada um do queestá ao seu alcance fazer. Queindicações deixa Francisco para ocompromisso de cada pessoa nacausa da paz?PVP – Na parte final da Mensagem,o Papa apela a compromissosconcretos, antes de se referir aosdos Estados e da comunidadeinternacional, pedindo para mudarrealidades na família, na vizinhança,no trabalho. E refere-se também àscomunidades cristãs, pedindo-lhesque sejam oásis de misericórdia,para que a sociedade veja noscristãos o que é a misericórdia deDeus. AE – De que forma, por exemplo?PVP – Há um aspeto que mepreocupa muito: a perseguição e oÊxodo dos cristãos do MédioOriente. Nós podemos em primeirolugar rezar e também sensibilizar osresponsáveis para a gravidadedesta situação. AE – Não será demasiado tarde nósacordarmos quando os conflitosestão à nossa porta, como foi ocaso dos atentados de Paris?PVP – O que aconteceu em Paris játinha acontecido no Iraque, háalguns

Tem de haver coerênciaentre aquilo que fazemosno nosso dia-a-dia e oque esperamos dosoutros e dos responsáveispolíticos. meses, a uma escala maior, e areação que houve na altura não foisemelhante à dos atentados deParis. Não digo que foi de totalindiferença. Mas… AE – Que desafios para oquotidiano de cada pessoa?PVP – Nós podemos ler estasmensagens do Dia Mundial da Pazcomo dirigidas às pessoas que maisdiretamente são responsáveis pelapaz. Mas há sempre um aspeto quepassa por cada um de nós, peloquotidiano. Uma coisa não exclui aoutra.Tem de haver coerência entre aquiloque fazemos no nosso dia-a-dia e oque esperamos dos outros e dosresponsáveis políticos.

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A paz em caixa alta e em horárionobreSe é mais notícia o homem quemorde o cão do que o cão quemorde o homem, também,infelizmente, não admira que, nosmédia, a guerra mereça mais títulosde caixa alta do que a paz.Remando contra a “globalização daindiferença”, o Papa Francisco, nopresente Jubileu da Misericórdia (8de dezembro de 2015 a 20 denovembro de 2016) e na perspetivado próximo Dia Mundial da Paz (1 dejaneiro de 2016), defende que “osagentes culturais e dos meios decomunicação social têmresponsabilidades no campo daeducação e da formação”.O tema daquele Dia Mundial,“Vence a indiferença e conquista apaz”, é sugestivo e dirige-se emespecial aos profissionais dosmédia, convidando-os a “colocar-seao serviço da verdade e não deinteresses particulares”. O Papaelogia-os quando informam aopinião pública sobre “as situaçõesdifíceis que interpelam asconsciências”.Louva, também, sacerdotes emissionários, “bons pastores”, que“se comprometem na defesa dosdireitos humanos, em particular osdireitos das minorias étnicas ereligiosas, dos povos indígenas, dasmulheres e das crianças, e dequantos vivem em

condições de maior vulnerabilidade”.Enaltece, ainda, as famílias que, nomeio de “inúmeras dificuldadeslaborais e sociais”, se esforçamconcretamente por educar os seusfilhos “nos valores da solidariedade,da compaixão e da fraternidade”.Agradece a todas as pessoas,famílias, paróquias, comunidadesreligiosas, mosteiros e santuáriosque “responderam prontamente” aoseu apelo de acolher uma família derefugiados.Na sequência da sua encíclica,“Laudato si”, sobre a ecologia, oPapa Francisco lamenta que “aprimeira forma de indiferença nasociedade humana é a indiferençapara com Deus, da qual derivatambém a indiferença para com opróximo e a criação”.Em pleno Jubileu da Misericórdia,sustenta que os católicos são“chamados a fazer do amor, dacompaixão, da misericórdia e dasolidariedade um verdadeiroprograma de vida”.O Papa Francisco, como diz ocardeal alemão Wlater Kasper, temmarcado o seu pontificado pela“revolução do amor e damisericórdia”.Consciente de que 2015 foimarcado por “trágicasconsequências de

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sequestros de pessoas,perseguições por motivos étnicosou religiosos”, o Papa retoma aideia de uma ‘terceira guerramundial aos pedaços’. Mas nem porisso perde a esperança,convidando-nos à esperança devencermos o mal e a indiferença.Como bom otimista, o Papa sublinhaque 2015 teve aspetos positivos:Cimeira do Clima de Paris (COP21),que procurou “novos caminhos paraenfrentar as alterações climáticas esalvaguardar o bem-estar da terra”;e Cimeira de Adis-Abeba, paraarrecadação de fundos destinadosao desenvolvimento sustentável domundo, e à adoção, por parte dasNações Unidas, da Agenda 2030para o DesenvolvimentoSustentável. Também foi um “anoespecial para a Igreja”,nomeadamente por causa docinquentenário do encerramento doConcílio Vaticano II e o início doJubileu da Misericórdia que convida

a Igreja “a rezar e trabalhar paraque cada cristão possa maturar umcoração humilde e compassivo,capaz de anunciar e testemunhar amisericórdia, de perdoar e dar, deabrir-se àqueles que vivem nas maisvariadas periferias existenciais”.“Não perdemos a esperança –sublinha - de que o ano de 2016nos veja a todos firme econfiadamente empenhados, nosdiferentes níveis, a realizar a justiçae a trabalhar pela paz” .Uma esperança assim pode sernotícia de primeira página e abrir oshorários nobres da Rádio e daTelevisão, enriquecendo também asredes sociais.Só é preciso que a galáxia deGutenberg e galáxia digital tenhammaneiras e privilegiem mais a paz doque a guerra.

Rui OsórioJornalista e pároco da Foz do Douro

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A religião e a paz

Hoje vivemos tempos conturbados.Como nos tem dito frequentementeo Papa Francisco vivemos “umaterceira guerra mundial porpedaços”. Hoje há tantos conflitosespalhados por todo o mundo. Osnúmeros falam por

si, mais de 60 milhões de refugiadosem todo o mundo devido a conflitos,perseguições religiosas e motivoseconómicos.Hoje assistimos à utilização indevidada religião como um factor parafomentar a guerra. Muitos dosgrupos radicais activos em paísescomo a Síria, Iraque, Paquistão,Afeganistão, Nigéria, Sudão,República Centro-Africana,República Democrática do Congo,Mali, etc, utilizam a religião paraincitar ódios, vinganças,perseguições, torturas e até mortes.Mas estes grupos apenas

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usam a religião para suster os seuspróprios fins, meramente por razõesde poder e riqueza próprias.Hoje mais do que nunca precisamose procuramos a paz. Hoje, mais doque nunca, procuramos aesperança num mundo melhor, maisjusto e mais seguro. Por isso, é tãosignificativo este Ano do Jubileu daMisericórdia. Este Jubileu é tambémum jubileu da esperança colocadano centro da nossa vida. A aberturadesta Porta Santa é também aabertura da Porta da Esperança, daPorta da Confiança na DivinaMisericórdia.E nós, Cristãos, temos este deverde levar esperança, de levar paz eperdão onde há necessidade. Nós,Cristãos temos o dever de levar aosoutros, através do nosso exemplo,esta mensagem de paz, amor,perdão e esperança a todos, acomeçar na nossa família, nosnossos vizinhos, amigos, local detrabalho e a toda a sociedade. Na mensagem para o Dia Mundialda Paz, o Papa Francisco apela aque cada um de nós vença aindiferença e conquiste a paz. OPapa Francisco mais uma vez apelaao melhor de cada ser humano eincita-nos a sermos cada vezmelhores, incita-nos a ir paraasperiferias, acolher os nossosirmãos, sermos solidários. Incita-nosa não sermos indiferentes.

Num testemunho dado à FundaçãoAIS pelo Padre Douglas Bazi, padreiraquiano que foi perseguido,sequestrado e torturado, este padrelança-nos um desafio: “Acordem! Seficarem calados é como seconcordassem com os que nosperseguem! Por favor, não secalem. Não sejam merosespectadores, ajam e acordem.”Esta é também a missão daFundação AIS, dar voz aos que nãoa têm, dar a conhecer a situaçãoque tantos nossos irmãos vivemhoje e apoiá-los através da nossaoração e solidariedade.Este desafio é para mim, é para si, épara cada um de nós que quer ser eter um papel activo no combate àindiferença e à construção da pazno mundo. Não podemos continuara assistir do nosso “sofá” ao que seestá a passar no mundo. Temos deser activos. Temos de ACORDAR!

Catarina Martins de BettencourtDirectora Nacional da

Fundação AIS(Ajuda à Igreja

que Sofre)

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O Natal ou a história de Deusrefugiado e sem abrigo São muitas as histórias e as cenasbíblicas que nos falam do drama dosestrangeiros e dos refugiados emparticular. Em muitas delas podemosencontrar acontecimentos de umadimensão tão atual que poderíamosdizer que as coisas não mudarammuito desde os primórdios dahumanidade. Reconhecemos porexemplo, o estrangeiro (Abraão) quesai da sua terra e deixa a sua famíliapara ir para uma outra terra (aprometida) ou os imigranteseconómicos (os filhos de Jacob) quetêm que ir para o Egipto em buscade alimento para as suas famílias erebanhos por causa da seca que osatingia, e podemos até ver um povoem fuga e refugiado no deserto (oÊxodo). Hoje, milhões de sereshumanos em todo o mundocontinuam a ser obrigados a deixaras suas famílias e países de origempara procurar noutros lugaresmelhores condições de vida. Namaioria dos casos, fogem parasalvar a vida e garantir a proteção ea dignidade fundamentais aqualquer ser humano. Atravessamos hoje uma crisehumanitária sem precedentes etodos os dias vemos imagens dasvítimas das guerras e conflitosarmados que trazem

consigo um longo lastro derefugiados – sobretudo mulheres ecrianças –, e dos campos onde oalimento principal é a esperança dechegar a um lugar seguro.É essencial que estas imagens,estas histórias que se repetemtodos os dias, não nos deixemindiferentes. Tal como pede o PapaFrancisco na sua Mensagem para aCelebração do Dia Mundial da Paz“a indiferença constitui uma ameaçapara a família humana”. É precisoque continuemos a trabalhar juntospara que a Paz e a Justiça tenhamlugar no mundo.Há na Bíblia uma história, por sinaluma das mais importantes edecisivas de todas. A história decomo o próprio Deus se fez Homeme entrou no mundo como um pobree não com a pompa e poder queimaginámos. E porque se fez pobre(e estrangeiro) não lhe demosabrigo entre os habitantes dacidade. Porque era humilde, apenasos estrangeiros (os magos) e ossimples (os pastores) o visitaram. Eporque se tornou uma ameaça aospoderosos, teve que fugir paraoutro país e aí viveu como refugiadoaté poder regressar.

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Estrela, gruta, manjedoura, boi,burro, ovelha, pastor, anjo, José,Maria… quem somos hoje nopresépio do mundo? Era bom quenão fossemos Herodes. Talvez valhaa pena neste Natal ir ao encontro doDeus que se

tornou migrante, sem abrigo erefugiado, tal como os que podemosencontrar hoje nas nossas cidades.

André Costa JorgeServiço Jesuíta aos Refugiados

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Esquecimento de Deus leva aindiferença para com o próximo e acriaçãoO Papa denuncia na sua mensagempara o 49.º Dia Mundial da Paz (1de janeiro de 2016) asconsequências do esquecimento deDeus nas relações entre os sereshumanos e na natureza. “A primeiraforma de indiferença na sociedadehumana é a indiferença para comDeus, da qual deriva também aindiferença para com o próximo e acriação”, escreve, no documento,intitulado ‘Vence a indiferença econquista a paz’.Retomando as reflexões daencíclica ‘Laudato si’, Franciscosustenta que “a poluição das águase do ar, a exploração indiscriminadadas florestas, a destruição do meioambiente são, muitas vezes,resultado da indiferença do homempelos outros, porque tudo estárelacionado”.“De igual modo, o comportamentodo homem com os animais influisobre as suas relações com osoutros, para não falar de quem sepermite fazer noutros lugares aquiloque não ousa fazer em sua casa”,acrescenta.Numa mensagem em que reforçaalertas contra o fenómeno da“globalização da indiferença”,

o Papa admite que há quem estejabem informado, mas ainda assimviva “quase numa condição derendição”, somando-se às pessoas“surdas ao grito de angústia dahumanidade sofredora”. “A nívelindividual e comunitário, aindiferença para com o próximo –filha da indiferença para com Deus –assume as feições da inércia e daapatia, que alimentam a persistênciade situações de injustiça e gravedesequilíbrio social”, precisa.Francisco fala ainda deconsequências ao nível institucionalda indiferença pelo outro, “de braçodado com uma cultura orientadapara o lucro e o hedonismo”, que“favorece e às vezes justifica açõese políticas que acabam por constituirameaças à paz”.

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“Este comportamento deindiferença pode chegarinclusivamente a justificar algumaspolíticas económicas deploráveis,precursoras de injustiças, divisões eviolências, que visam a consecuçãodo bem-estar próprio ou o danação”, adverte.O Papa observa que a indiferençapelo ambiente cria “novas pobrezas,novas situações de injustiça”, comconsequências “muitas vezesdesastrosas em termos desegurança e paz social”.

Em pleno Jubileu da Misericórdia, oPapa sustenta que os católicos são“chamados a fazer do amor, dacompaixão, da misericórdia e dasolidariedade um verdadeiroprograma de vida”. “A solidariedadeconstitui a atitude moral e social quemelhor dá resposta à tomada deconsciência das chagas do nossotempo e da inegávelinterdependência que se verificacada vez mais, especialmente nummundo globalizado, entre a vida doindivíduo e da sua comunidade”,refere.

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Manter esperança após ano marcadopor guerras e atos terroristasO Papa convida a humanidade amanter a esperança depois de umano marcado, “do princípio ao fim,por guerras e atos terroristas”.Francisco alude às “trágicasconsequências de

sequestros de pessoas,perseguições por motivos étnicosou religiosos”, retomando a ideia deuma ‘terceira guerra mundial aospedaços’.“Alguns acontecimentos dos últimosanos e também do ano de 2015, noentanto, incitam-me, com o novoano em vista, a renovar a exortaçãoa não perder a esperança nacapacidade que o homem tem, coma graça de Deus, de superar o mal,não se rendendo à resignação nemà indiferença”, defende.Segundo o Papa, estesacontecimentos representam acapacidade de a humanidade “agirsolidariamente, perante as situaçõescríticas, superando os interessesindividualistas, a apatia e aindiferença”.Entre os aspetos positivos do anoque passou, Francisco destaca aCimeira do Clima de Paris (COP21),que procurou “novos caminhos paraenfrentar as alterações climáticas esalvaguardar o bem-estar da terra”.O Papa fala ainda da Cimeira deAdis-Abeba, para arrecadação defundos destinados aodesenvolvimento sustentáveldo mundo, e à adoção, por partedas Nações Unidas, da Agenda2030 para o DesenvolvimentoSustentável.

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Francisco observa depois que 2015foi um “ano especial para a Igreja”,nomeadamente por causa docinquentenário do Concílio VaticanoII. A este respeito, a mensagem falaem particular de dois documentos –‘Nostra aetate’ e ‘Gaudium et spes’– como “expressões emblemáticasda nova relação de diálogo,solidariedade e convivência que aIgreja pretendia introduzir no interiorda humanidade”.“Nesta mesma perspetiva, com oJubileu da Misericórdia, queroconvidar a Igreja a rezar e trabalharpara que cada cristão possamaturar um coração humilde ecompassivo, capaz de anunciar etestemunhar a misericórdia, deperdoar e dar, de abrir-se àquelesque vivem nas mais variadasperiferias existenciais”,

acrescenta o Papa. Francisco apela a uma “atitude decorresponsabilidade solidária” paraa construção de uma verdadeirafraternidade. “Fora desta relação,passaríamos a ser menos humanos.É por isso mesmo que a indiferençaconstitui uma ameaça para a famíliahumana. No limiar dum novo ano,quero convidar todos para quereconheçam este facto, a fim de sevencer a indiferença e conquistar apaz”, apela.O Papa manifesta a “convicção” deque Deus “não abandona ahumanidade”. “Com efeito, nãoperdemos a esperança de que oano de 2016 nos veja a todos firmee confiadamente empenhados, nosdiferentes níveis, a realizar a justiçae a trabalhar pela paz”, sublinha.

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Perdão da dívida para países maispobres

O Papa apela a uma “eliminação ougestão sustentável” da dívidainternacional dos Estados maispobres, na sua mensagem para oDia Mundial da Paz 2016. “Oslíderes dos Estados são chamadostambém a renovar as suas relaçõescom os outros povos, permitindo atodos uma efetiva participação einclusão

na vida da comunidadeinternacional, para que se realize afraternidade também dentro dafamília das nações”, defendeFrancisco.O Papa deixou um “triplo apelo” aosresponsáveis políticos, para quenão procurem “arrastar os outrospovos para conflitos ou guerras quedestroem não só as suas riquezas

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materiais, culturais e sociais, mastambém – e por longo tempo – asua integridade moral e espiritual”.Além do “apelo à eliminação ougestão sustentável da dívida”,Francisco pede também a “adoçãode políticas de cooperação que, emvez de submeter à ditaduradalgumas ideologias, sejamrespeitadoras dos valores daspopulações locais e, de maneiranenhuma, lesem o direitofundamental e inalienável dosnascituros à vida”.A mensagem defende depois anecessidade de “repensar aslegislações” sobre os migrantes,lembrando que a clandestinidade“traz consigo o risco de os arrastarpara a criminalidade”. Franciscoespera que os Estados cumpram“gestos concretos, atos corajosos abem das pessoas mais frágeis dasociedade, como os reclusos, osmigrantes, os desempregados e osdoentes”.Relativamente aos reclusos, o textopropõe “medidas concretas” paramelhorar as suas condições de vida

nos estabelecimentos prisionais,prestando especial atenção àquelesque estão privados da liberdade àespera de julgamento.“Neste contexto, desejo renovar àsautoridades estatais o apelo a abolira pena de morte, onde ainda estiverem vigor, e a considerar apossibilidade duma amnistia”,acrescenta.Poucos dias depois do início doJubileu da Misericórdia (dezembro2015-novembro 2016), o Papa pede“gestos concretos” em favor dos quesofrem pela “falta de trabalho, terrae teto”. “Penso na criação deempregos dignos para combater achaga social do desemprego, quelesa um grande número de famíliase de jovens”, explica.A mensagem deixa votos em favorde um “compromisso diário por ummundo fraterno e solidário”. “Noespírito do Jubileu da Misericórdia,cada um é chamado a reconhecercomo se manifesta a indiferença nasua vida e a adotar um compromissoconcreto que contribua paramelhorar a realidade onde vive”,conclui.

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Jornalistas e agentes culturais naconstrução da PazO Papa defende na sua mensagempara o Dia Mundial da Paz que osmedia e o mundo da cultura têmresponsabilidade na educação dasnovas gerações e na formação daopinião pública. “Também osagentes culturais e dos meios decomunicação social têmresponsabilidades no campo daeducação e da formação,especialmente na sociedade atualonde se vai difundindo cada vezmais o acesso a instrumentos deinformação e comunicação”,escreve Francisco.A mensagem dirige-se em particularaos profissionais dos media,convidando-os a “colocar-se aoserviço da verdade e não deinteresses particulares”. “Osagentes culturais e dos meios decomunicação social deveriamtambém vigiar para que seja semprelícito, jurídica e moralmente, o modocomo se obtêm e divulgam asinformações”, acrescenta.Esta passagem do texto pode servista como uma indireta alusão aocaso de furto e divulgação dedocumentos confidenciais da SantaSé,

atualmente a ser julgado noVaticano.O Papa elogia, depois, os jornalistase fotógrafos, que informam a opiniãopública sobre “as situações difíceisque interpelam as consciências” enaqueles que “se comprometem nadefesa dos direitos humanos, emparticular os direitos das minoriasétnicas e religiosas, dos povosindígenas, das mulheres e dascrianças, e de quantos vivem emcondições de maior vulnerabilidade”.“Entre eles, contam-se tambémmuitos sacerdotes e missionáriosque, como bons pastores,permanecem junto dos seus fiéis eapoiam-nos sem olhar a perigos eadversidades, em particular duranteos conflitos armados”, acrescenta.Francisco saúda também as famíliasque, no meio de “inúmerasdificuldades laborais e sociais”, seesforçam concretamente por educaros seus filhos “nos valores dasolidariedade, da compaixão e dafraternidade”. “Quantas famíliasabrem os seus corações e as suascasas a quem está necessitado,

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como os refugiados e osemigrantes”, prossegue.Neste contexto, o Papa agradece atodas as pessoas, famílias,paróquias, comunidades religiosas,mosteiros e santuários que“responderam prontamente” ao seuapelo de acolher uma família derefugiados. “A solidariedade comovirtude moral e comportamentosocial, fruto da

conversão pessoal, requer empenhopor parte duma multiplicidade desujeitos que detêmresponsabilidades de caráctereducativo e formativo”, observaainda. A mensagem do Papa para o 49.ºDia Mundial da Paz pode ser lidaaqui na íntegra

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Jubileu da Misericórdia onlinewww.iubilaeummisericordiae.va/ Quase todos nós vimos no passadodia 8 de dezembro, solenidade daImaculada Conceição, o PapaFrancisco a abrir a Porta Santa daBasílica de São Pedro, dando inícioassim ao vigésimo nono Jubileu daIgreja Católica. "Entrar por aquelaPorta significa descobrir aprofundidade da misericórdia do Paique a todos acolhe e vaipessoalmente ao encontro de cadaum. Neste Ano, deveremos crescerna convicção da misericórdia",pediu o Papa Francisco, na homilia.Também no passado domingo, namaioria das catedrais das diocesesde Portugal, se deu início ao Jubileuda Misericórdia com a abertura daPorta Santa. Sendo que no territórionacional existem cento e cinquentae uma igrejas jubilares com a “portada Misericórdia”.Todos estes factos são razões maisdo que suficientes para estasemana propor uma visita ao sítio,criado pelo Vaticano, inteiramentededicado a este enormeacontecimento da Igreja Católica.

No endereço www.iubilaeummisericordiae.va,encontramos um espaço virtualdisponível em português, espanhol,italiano, polaco, alemão, francês einglês.

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Na página inicial além dos habituaisdestaques, temos ligações para asprincipais redes sociais (twitter,facebook, instagram, youtube,google plus, flickr) e ainda algunsvídeos que mostram o início destejubileu que tem como lema“Misericordiosos como o Pai”.Em “jubileu” encontramos todos osconteúdos que nos ajudam aperceber as razões da existênciadeste Ano Santo Extraordinário.Desde a carta que o Sumo Pontíficeescreveu, no dia 1 de setembro, aopresidente do Pontifício Conselhopara a Promoção da NovaEvangelização, passando pelopróprio texto e vídeo onde o PapaFrancisco anunciou este Ano Santo.Podemos ainda consultara Misericordiae Vultus, bula deconvocação do Jubileu daMisericórdia, rezar a oração própriae perceber um pouco melhor ologotipo escolhido para melhorrepresentar este ano onde"deveremos crescer

na convicção da misericórdia".Na opção “jubileu no mundo”,facilmente descobrimos quais asPortas da Misericórdia nas Diocesesde todo o mundo, quais asiniciativas relacionadas com oJubileu organizadas globalmente eainda aceder a alguns documentosproduzidos pelo Pontifício Conselhopara a Promoção da NovaEvangelização com informaçõesúteis sobre a realização do Jubileuda Misericórdia no Mundo.Por último em “jubileu em Roma”,acedemos ao calendário e a outrasinformações adicionais de todos osgrandes eventos que irão decorrerao longo deste ano na cidadeeterna.Penso que facilmente se percebe orelevo que este espaço virtual irápossuir ao longo deste ano, sugiroportanto que o adicionem ao vossosfavoritos e o consultem com adevida regularidade.

Fernando Cassola [email protected]

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Encerramento da Campanha“Uma só família humana,alimento para todos”A Cáritas Portuguesa, à semelhança de todasas Cáritas no mundo, celebrou no passado dia10 de dezembro, o encerramento da campanha"Uma só família humana, alimento para todos",numa Eucaristia, presidida por D. JoséTraquina, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa.D. José Traquina lembrou todos os presentesque "celebrando a sua memória [de JesusCristo] no pão partido sobre o altar, ficamosmais comprometidos no pão a repartir para queo mundo seja mais justo", e que, nesse sentido,"não podemos ser indiferentes, não podemosficar indiferentes". [Ler +] Cáritas Diocesana de Lisboapromove Vigília pela PazNo próximo Sábado, dia 19 de dezembro, aCáritas Diocesana de Lisboa vai promover, naPraça do Comércio, uma vigília pela paz, pelosmigrantes e todos os refugiados, com oslíderes das igrejas cristãs e de outrasconfissões religiosas presentes na diocese.Esta iniciativa, que se insere na operação “10milhões de Estrelas - Um Gesto Pela Paz”,decorrerá a partir das 17h30m, e serápresidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente.

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“Um Sorriso para o Natal” naCáritas Diocesana de Viana doCasteloA Cáritas Diocesana de Viana do Castelo,continuando a prestar o apoio aos que maisprecisam e promovendo a solidariedade, a justiçae a paz no caminho de um mundo melhor, vaidesenvolver, nos próximos dias 16, 17 e 18 dedezembro, a iniciativa “Um Sorriso para o Natal”.Esta iniciativa pretende contribuir com um total de203 cabazes de Natal, que vão ser distribuídos porvárias famílias da diocese, apoiando um total de430 pessoas. No dia 18, no âmbito da ação “Um Brinquedo porUm Sorriso”, serão também entregues, noConvento de S. Domingos, 82 brinquedos acrianças.

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II Concílio do Vaticano- 50 anos depois apareceu Francisco

Quando se comemora o cinquentenário doencerramento do II Concílio do Vaticano (1962-1965),a Igreja vive uma nova primavera com o Papaargentino que escolheu o nome de Francisco. Foi estaescolha, um fruto do concílio convocado por JoãoXXIII? Numa entrevista concedida à Revista «América»(30 de março de 1963) o cardeal Giuseppe Siri,arcebispo de Génova e presidente da ConferênciaEpiscopal Italiana, dizia: “serão precisos cinquentaanos para que se vejam bem os resultados doconcílio”.Ao fazer um balanço da primeira sessão do II Concíliodo Vaticano (outubro a dezembro de 1962), o cardealSiri realça também que certos “frutos importantes”apareceram logo na altura. “Primeiro que tudo, aIgreja vê já mais claramente o trabalho que se lheapresenta para os próximos cem anos”.Segundo o presidente da Conferência EpiscopalItaliana da altura, “foi uma decisão sábia eprovidencial” começar o trabalho do concílio peloestudo do esquema sobre a liturgia. As suas palavrassão elucidativas: “o culto de Deus é a nossa funçãoprimeira e fundamental, enquanto verdadeirosmembros da Igreja”.Na entrevista traduzida para português (in: Lumen,dezembro de 1963, Fasc XII), o cardeal italiano epadre conciliar sublinha que foi igualmente“providencial” ter estudado a questão “da unidade detodos os cristãos e de todos os homens”.Ao fazer a antevisão da segunda sessão do concílio, ocardeal Giuseppe Siri salienta que era fundamental“reduzir o número dos esquemas” e apela também

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aos que escrevem sobre estaassembleia magna para “não selançarem em conjecturas quantoaos seus resultados”. Em relaçãoaos artigos, publicados emabundância na altura da realizaçãodo concílio, o arcebispo de Génovarealça que existiam “muitos livros”que apresentavam as questõesreligiosas “completamente alheiosaos sãos princípios da erudição”.Em relação à doutrina social daIgreja e aos problemas sociais que omundo de então vivia, o padreconciliar declarou que o II Concíliodo Vaticano

“não tem decretos ou leis a darsobre este assunto”, visto que ele jáfoi “profundamente tratado” nasencíclicas dos papas, desde aRerum Novarum, de Leão XIII, àMater et Magistra, de João XXIII.Como bispo, o entrevistado realça:“devemos insistir no estudo dasencíclicas em vez de fazer umaapresentação em conjunto, desteassunto, no concílio”. No entanto –adianta o cardeal Siri – “seria muitoútil que o concílio apresentassemensagens ou declarações sobrecertos problemas sociais”.

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dezembro 2015 18 de dezembro. Itália – Roma - O Papa Franciscoabre a Porta Santa da Caridade, nocontexto do Ano Jubilar daMisericórdia, no albergue da CáritasDiocesana de Roma . Lisboa - Cidade Universitária(Cantina 1) -Festa de Natal com aspessoas sem-abrigo promovida pelaComunidade Vida e Paz (até 20 dedezembro) . Lisboa - Basílica dos Mártires-Missa de Natal da GNR presididapor D. Manuel Linda, bispo dasForças Armadas e de Segurança . Açores - Ponta Delgada (Igreja doColégio dos Jesuítas), 20h30-Apresentação do livro «A Igreja emDiálogo com o Mundo» de D. JoãoLavrador por Carmo Rodeia . Setúbal - Azeitão (Capela daAldeia da Piedade), 21h - Concertosingelo de Natal pelo Coro Gospelde Azeitão . Porto - Teatro Rivoli, 21h15 -Debate sobre «Religião e Portugal»com a participação de D. ManuelClemente e António Barreto

. Lisboa - Igreja de São Roque,21h30 - Concerto de Natal dos«Figo Maduro» 19 de dezembro. Lisboa - Mosteiro das MonjasDominicanas - Encontro de Adventosobre «O anúncio dos anjos: "Pazna terra aos homens que ele tantoama"» orientado por Luisa Almendrae promovido pela Fundação Betânia . Lisboa - Do Arco da Praça doComércio até à Basílica dosMártires, 16h -Via da Alegriaintegrada no «Presépio da Cidade» . Lisboa - Praça do Comércio, 17h30- A Cáritas de Lisboa promove umavigília pela paz, pelos migrantes etodos os refugiados, com os líderesdas igrejas cristãs e de outrasconfissões religiosas presentes nadiocese . Lisboa - Basílica dos Mártires,18h30 - Bênção das grávidasintegrada na iniciativa «Presépio daCidade» . Algarve - Silves (Sé), 19h - Abertura da porta jubilar na Sé deSilves

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. Setúbal - Azeitão (Igreja de VilaNogueira de Azeitão), 19h30 - Concerto de Natal pelo Coral daSociedade Filarmónica PerpétuaAzeitonense .Aveiro - Gafanha da Encarnação(Igreja Matriz), 21h - Concerto deNatal encenado «Venite Adoremus»promovido por «Pedras Vivas» . Lisboa - Igreja de Linda-a-Velha,21h - Apresentação da cantata doSínodo Diocesano de Lisboa 20 de dezembro. Algarve - Tavira e Portimão-Abertura das portas jubilares emPortimão e Tavira . Fátima - Centro Pastoral Paulo VI,15h - Concerto de Natal pelaorquestra «Os violinhos» . Coimbra - Taveiro (Igreja matriz),16h30 -Concerto de Natalpromovido pela FAIS . Setúbal - Azeitão (Igreja de VilaFresca de Azeitão), 17h - Músicasde Natal pelo pianista Nuno Lopes eo tenor Marcos Santos

. Lisboa - Largo do Rato (Igreja deNossa Senhora da Conceição),17h45 - Passeio solidário de Natalem BTT promovido pelo núcleo deBTT e Desportos na Natureza daUniversidade Lusíada . Lisboa - Alfragide (Igreja da DivinaMisericórdia), 21h30 - Concerto deNatal na Igreja da DivinaMisericórdia (Alfragide) pela«Educação pela Música» 21 de dezembro. Évora - Estabelecimento prisional-O Bispo das Forças Armadas e deSegurança, D. Manuel Linda, visitao estabelecimento prisional deÉvora 24 de dezembro. Porto: «Natal dos Sós» emCampanhã - Iniciativa «Natal dosSós» da Paróquia da Campanhã 26 de dezembro. Lisboa - Igreja Matriz de Algés, 17h- Oração pelos refugiados na Igrejade Algés 28 de Dezembro de 2015a 01 de Janeiro de 2016 .Espanha - Encontro europeu dejovens de Taizé em Valência

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Esta sexta-feira Lisboa recebe mais uma festa de Natal

com as pessoas sem-abrigo promovida pelaComunidade Vida e Paz e que se prolonga até dia 20de dezembro. E pela capital o sábado é recheado de iniciativas,pelas 16h, Do Arco da Praça do Comércio até àBasílica dos Mártires, vai acontecer a Via da Alegriaintegrada no «Presépio da Cidade» e pelas 18h30, naBasílica dos Mártires, a bênção das grávidasintegrada na iniciativa «Presépio da Cidade». Já pelaPraça do Comércio, às 17h30, a Cáritas deLisboa promove uma vigília pela paz, pelos migrantese todos os refugiados, com os líderes das igrejascristãs e de outras confissões religiosas presentes nadiocese E porque os dias que se avizinham são de espíritonatalício a música ganha um papel central…O Concerto de Natal dos Movimentos de JovensCatólicos (EJNS, CL, CUPAV e Schoenstatt) aconteceeste sábado, pelas 21h, e este domingo, pelas 15h, naIgreja da Encarnação, em Lisboa, e reverte a favor do“Apoio à Vida”. No dia 20, domingo, em Fátima - Centro PastoralPaulo VI, pelas 15h acontece o Concerto de Natal pelaorquestra «Os violinhos» e em Coimbra, Taveiro(Igreja matriz), às 16h30 o Concerto de Natalpromovido pela FAIS. Em Setúbal, na Igreja de Vila Fresca de Azeitão, às17h ouvem-se músicas de Natal pelo pianista NunoLopes e o tenor Marcos Santos e às 21h30 acontecena Igreja da Divina Misericórdia de Alfragide oConcerto de Natal pela «Educação pela Música».

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, 20 de dezembro -Presépio no Bairro de RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 21 -Entrevista ao padre ManuelAugusto e a José EduardoFranco sobre o Natal nomundo. Terça-feira, dia 22 -Informação e entrevista aEugénio Fonseca sobre a campanha "Dez Milhões deEstrelas - Um gesto pela Paz" Quarta-feira, dia 23 - Informação e entrevista aHenrique Joaquim sobre o Natal da Comunidade Vidae Paz Quinta-feira, dia 24 - Ceia de Natal: a proposta dochefe Lavrador numa mesa multicultural daUniversidade de Coimbra Sexta-feira, dia 25 - "O Natal" pelo padre JoséTolentino Mendonça Antena 1Domingo, dia 20 de dezembro - 06h00 - O Natal:vivências diferentes e música Segunda a sexta-feira, 21 a 25 de dezembro - 22h45 - Presépio passo a passo: Camelos, Panos,Anjos, Galo e Menino Jesus - memórias de Natal emTaiwan e Brasil; Missa do Parto no Hospital Sta. Maria;a celebração do Natal e o livro "Natal Intemporal".

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Ano C – 4.º Domingo do tempo doAdvento Contemplar eespalhar oamormisericordiosode Deus

Estamos em quarto domingo do Advento, na vésperado Natal. Os vários textos da liturgia da Palavracentram-nos na missão de Jesus: propor um projetode salvação e de libertação que leve os homens adescobrir a verdadeira felicidade.A primeira leitura sugere que o mundo novo que Jesusnos traz, com o nome de Paz, é um dom do amor deDeus.A segunda leitura indica que a missão libertadora deJesus visa o estabelecimento de uma relação decomunhão e de proximidade entre Deus e os homens.«Eis-me aqui para fazer a vossa vontade».Nestes últimos dias em que preparamos o Natal,somos convidados a contemplar a ação de um Deusque ama de tal forma os homens que envia ao nossoencontro o seu Filho, a fim de nos conduzir àcomunhão com Ele. O nosso sim só pode ser deobediência e disponibilidade.O Evangelho sugere que esse projeto de Deus tem umrosto: Jesus de Nazaré que encarna na nossahumanidade. E Maria, sua e nossa mãe, aparececomo modelo de fé. «Feliz aquela que acreditou».Aí está Maria, mulher de fé e de misericórdia, para nosindicar o caminho neste Ano da Misericórdia. Nofecundo encontro com a sua prima Isabel, aponta-noso caminho da verdadeira peregrinação: ir ao encontrodo outro, permanecer nele, junto dele, em plenaatitude gratuita. É o mistério profético da visitação dopróximo.Sejamos cristãos, levados pelo exemplo de Maria. Emvésperas de Natal, sejamos apressados, como Maria:ponhamo-nos a caminho rapidamente! E que algo façamexer e estremecer em nós: as palavras que nosforam

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ditas da parte do Senhor,procuremos levá-las aos irmãos quevivem sem esperança.É quase Natal, o de ontem, de hojee de sempre, permanente convite acontemplar o mistério que aconteceperante o nascer da vida.Contemplação também do rosto dopobre em Jesus encarnado e emtantos seres humanosdesencarnados. Estes olharescontemplativos em concreta açãonunca são facultativos. São semprede obrigação, a tal que nos vem dafé e do acolhimento da Boa Nova,que envolve atenções, visitações epermanências junto do pobre, sejaqual for, porque sempre rosto deCristo.

Ai de nós se não contemplarmos.Que a contemplação do Amor deDeus em tempo de Natal nos façacontemplar os próximos com todo onosso ser e agir.À semelhança de Maria, procuremosser sempre anunciadores de boasnovas, sempre denunciadores desituações de bradar aos céus egritar nas terras, sempre visitadoresde pessoas que exigem o nossoestar e permanecer, como Maria.Votos de um Santo Natal, fecundadopela misericórdia de Deusencarnada no seu Filho JesusCristo!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Papa abre caminho a beatificaçãode Teresa de SaldanhaO Papa aprovou a publicação dodecreto que reconhece as ‘virtudesheroicas’ da irmã Teresa deSaldanha (1837-1916), que recebeassim o título de ‘venerável’. Esta éuma fase do processo que leva àproclamação de um fiel católicocomo beato, penúltima etapa para adeclaração da santidade, após oreconhecimento de um milagreatribuído à sua intercessão.A fundadora da Congregação dasIrmãs Dominicanas de SantaCatarina de Sena criou ainda aAssociação Protetora de MeninasPobres (1859), hoje AssociaçãoPromotora da Criança, tendo-sedestacado no panorama nacionalcomo educadora, através de umapedagogia personalista.Proveniente de uma família nobre,envolveu-se na educação decrianças pobres e na alfabetizaçãoe promoção de raparigas operárias,através de aulas externas.A primeira mulher a fundar umacongregação em Portugal, após aextinção das ordens religiosas noséculo XIX, ficou também conhecidacomo pintora e pelos seus escritos.

À data da sua morte tinha fundado27 casas: 17 em Portugal; seis noBrasil; uma na Bélgica; duas nosEUA; e uma em Espanha.O processo de canonização foiaberto em Portugal a 6 de novembrode 1999 e entregue em Roma a 14de fevereiro de 2002.

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A canonização, ato reservado aoPapa desde o século XIII, é aconfirmação, por parte da IgrejaCatólica, que um fiel católico é dignode culto público

universal (os beatos têm culto local)e de ser apresentado aos fiéis comointercessor e modelo de santidade

Dominicanas de Santa Catarina de SenaAs Dominicanas de Santa Catarina de Sena formam uma CongregaçãoReligiosa apostólica, feminina, fundada por Teresa de Saldanha,incorporada na Ordem Dominicana, tendo como protetora e modelo noseguimento de Jesus, Santa Catarina de Sena.Teresa de Saldanha sentiu a urgência de fazer algo pelo seu País quese encontrava numa época difícil, de hostilização à Igreja. Ao fundaruma Congregação quis restaurar a Vida Religiosa em Portugal.As Irmãs Dominicanas, na busca do Absoluto, incarnam a contemplaçãoe a ação, numa atenção permanente aos apelos de Deus no mundo.Para tal incorporam os elementos fundamentais do carisma Dominicano:a oração, a vida fraterna em comunidade, o estudo e o apostolado.Vivem e expressam a misericórdia e a compaixão para com ahumanidade em gestos de solidariedade e na educação. Dãocontinuidade ao ideal de Teresa de Saldanha.Ler mais: http://www.dominicanas-scs.pt/

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Conclusão do Ano da VidaConsagradaem RomaA Semana conclusiva do Ano daVida Consagrada será realizadade 28 de janeiro a 2 de fevereirode 2016. Promovido pelaCongregação para os Institutos deVida Consagrada e asSociedades de Vida Apostólica, oencontro internacional vai reunirsob o lema “Vida consagrada emcomunhão” as novas formas devida consagrada, ordo virginum,institutos seculares,contemplativas, religiosos/as, devida apostólica.O encontro terá lugar em Roma eserá realizado em cinco línguas:italiano, espanhol, inglês, francêse português. São esperadoscerca de seis mil consagradosprovenientes de todo o mundo.A Semana terá início no dia 28 dejaneiro, às 18h00, com uma Vigíliade oração na Basílica de SãoPedro. No dia 29, será realizadoum encontro na Sala Paulo VI,reunindo todas as formas de vidaconsagrada, para refletir sobre oselementos essenciais da vidaconsagrada.

Nos dias 30 e 31 de janeiro, cadaforma de vida consagrada participaránum programa próprio. Ascontemplativas encontrar-se-ão naUniversidade Urbaniana, a Ordem dasVirgens vai encontrar-se naUniversidade Antonianum, os InstitutosSeculares no Augustinianum e osreligiosos e religiosas de vidaapostólica na UniversidadeLateranense.No dia 1 de fevereiro tem lugar oencontro com o Papa na Sala Paulo VI,para uma reflexão conjunta sobre otema “Consagrados hoje na Igreja e nomundo, provocados pelo Evangelho”.Na manhã do dia 2 de fevereiro estáprevista uma peregrinação, no âmbitodo Ano da Misericórdia, às Basílicas deSão Paulo fora de muros e de SantaMaria Maior. Na parte da tarde, o PapaFrancisco presidirá à Missa na Basílicade São Pedro.As inscrições e mais informaçõespodem ser encontradas no site daCongregação para a Vida Consagrada(www.congregazionevitaconsacrata.va).

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O Vaticano lançou esta semana um documento sobre os irmãos,sublinhando que estava vocação religiosa concretiza “o amor fraterno”em muitos serviços à Igreja: Educação, Saúde, Pastoral das Prisões,acolhimentos de refugiados, Catequese e outros trabalhos que sãoapresentados como “verdadeiros ministérios”.“Apoiado e inspirado por Maria, o irmão vive na sua comunidade aexperiência do Pai que reúne os irmãos juntamente com o Filho emvolta da mesa da Palavra, da Eucaristia e da vida. Com Maria, o irmãocanta a grandeza de Deus e proclama a sua salvação” (n.º 20).

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Fundação AIS lança campanha “online”pelos Cristão perseguidos

Pecado de omissãoÉ um pequeno filme queincomoda. Em pouco mais decinco minutos passam, diantedos nossos olhos, imagens dasatrocidades cometidas contra osCristãos no Médio Oriente nosúltimos anos. É impossível ficarindiferente. Este filme provocaas nossas consciências. O quetemos feito, de facto, pelosCristãos que nos pedem ajuda? A Fundação AIS lançou umacampanha que está a passar nasredes sociais e que tem comoobjectivo denunciar os crimescometidos contra os Cristãos noMédio Oriente, em especial noIraque e na Síria. Mais do quedenunciar esses crimes, estepequeno filme, lança-nos umainquietante questão: temos feito osuficiente para denunciar ao mundoa tragédia que se abateu sobre ascomunidades cristãs às mãos dosextremistas muçulmanos? O filmeintitula-se “Wake Up! Acordem! ”. Onome diz tudo. Produzido emparceria com a HM television, estefilme dá voz a algumas pessoas quesentiram na pele a violênciadescontrolada que se abateu contraos cristãos apenas

por causa da fé que professam.Apenas por isso. Uma dessaspessoas é o padre Douglas. Estesacerdote iraquiano foi sequestradoe torturado por extremistasmuçulmanos em 2006. Esteve quaseentre a vida e a morte, foi obrigadoa fugir e hoje é apenas mais umrefugiado entre refugiados. Noentanto, o padre Douglas jáperdoou aos seus algozes aviolência extrema de que foi vítima.É a nós, cristãos do Ocidente, quelança o desafio mais inquietante:“Peço-vos que acordem. Se ficaremcalados é como se concordassemcom aqueles que nos perseguem.Por isso, não se calem. Se possível,não sejam meros espectadores,ajam e… acordem!”.

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Pedidos de ajudaO filme dirige-se a cada um de nós,como se estivéssemos todossentados no banco dos réus. E, decerta forma, estamos. Além doPadre Douglas, é possível escutaroutros depoimentos. Todos falam daviolência cega que os jihadistasdespejaram nas suas terras, comose fossem donos de tudo, até davida das pessoas. Uma violênciabárbara que está a conduzir aodesaparecimento de inúmerascomunidades cristãs de terrasbíblicas. Faltam poucos dias para oNatal.

Tal como a Sagrada Família nãoteve lugar na estalagem, hoje hámilhares de famílias cristãs queforam expulsas de suas casas, dassuas terras, que foram obrigadas afugir para salvarem as própriasvidas. Dois mil anos depois, hámilhares de marias e josés queprecisam de ajuda. Da nossa ajudae da certeza da nossa fé. Não fazernada por eles é incompreensível. Émesmo pecado de omissão.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Francisco, o Africano

Tony Neves Espiritano

É histórico e mostra uma fé à prova de todas asbalas. O Papa Francisco, contrariando as maiselementares regras de segurança, visitou África.Escolheu três países onde o terrorismo e/ou aguerra estão a dar sinais de força: o Quénia, oUganda e a República Centro Africana. Oobjetivo da viagem foi claro: apoiar todos oscaminhos de reconciliação, diálogo, justiça e pazque contrariam a pobreza, a exclusão, a guerra eo terrorismo.À chegada ao Quénia, país que tem sido vítimade ataques do grupo terrorista ‘Al Shabaad’, oPapa Francisco pediu coragem no combate semtréguas à violência, aos conflitos e ao terrorismo,investindo numa cultura de reconciliação, paz,perdão e cura de corações.No que diz respeito à governação, insistiu naintegridade e transparência como meios decombate à corrupção. A justiça social tambémprecisa de ser tomada mais a sério. A ecologiatem de ser defendida de alma e coração, comoexigência de sobrevivência para a humanidade.Num raciocínio simples, o Papa explica asituação: há pobreza e frustração; gera-se, porisso, medo, desconfiança e desespero; os frutosóbvios já estão presentes - a violência, osconflitos e o terrorismo.Para os jovens, Francisco pediu melhoreducação e mais emprego, meios de combateaos fundamentalismos.No Uganda, o Papa elogiou a capacidade do paísem acolher refugiados: cerca de 600 mil, idosdos países vizinhos em conflito. Foi um recado áEuropa. Ponto alto da visita foi a homenagemaos Mártires do Uganda, mortos em 1885 em

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defesa da Fé cristã. Tratou-se deum momento ecuménico de grandealcance, pois 22 eram católicos e 23anglicanos (‘ecumenismo desangue’). Marcante foi ainda oencontro com professores ecatequistas. O Papa não poupouelogios: ‘o vosso trabalho é santo!’.Voltou a criticar as violações dosdireitos humanos, o tráfico humanoe a pobreza (gritou: ‘Não esqueçamos pobres!’). Ali abençoou uma ex-criança soldado e uma jovemseropositiva.A República Centro Africana foi aúltima e mais arriscada etapa destepériplo, dado ser o país maisafectado pela guerra no coração deÁfrica. Em Bangui, capital destruídae à mercê de toda a espécie desalteadores, o Papa foi abraçar estepovo mártir e pedir o fim daviolência e da barbárie. Abriu a‘Porta santa’ do jubileu daMisericórdia, na catedral de Bangui.Visitou um campo de refugiadosonde

disse emocionado: ‘Que possaisviver em paz, qualquer que seja avossa etnia, cultura, religião, oestatuto social, em paz, porquetodos somos irmãos’. Sem tolerânciae paz, não há futuro.Depois de ter pedido a todos parapoisar as armas, o Papa concluiuesta visita a África com a corajosaida à mesquita de Bangui, nummomento simbólico de apelo aodiálogo inter religioso como caminhode reconciliação e paz. Ali condenoutoda a violência feita em nome deDeus.Francisco tinha todas as razõespara cancelar esta sua primeiraviagem a África, mas mostrou quetinha razão em querer arriscar. Paraa história fica a explicação que deulogo no avião, aos jornalistas. Disseque tinha mais medo dos mosquitosdo que de um atentado! E averdade é que a malária (paludismo)mata mais que todas as guerrasjuntas.

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