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OBESIDADE EM ESCOLARES PRÉ-ADOLESCENTES E ADOLESCEN TES
Autor: Luiz Carlos Ledur1
Orientadora: Eneida Maria Troller Conte2
RESUMO
Este trabalho teve como finalidade avaliar escolares do sexo masculino e feminino
do Colégio Estadual Carlos Argemiro Camargo - Ensino Fundamental e Médio da
cidade de Capitão Leônidas Marques - Paraná. O tema justifica-se pela importância
perante a saúde pública, para a saúde do escolar e a formação de escolares
saudáveis em todas as dimensões do ser. E também como um fenômeno da
atualidade que vem tomando grandes proporções entre a população de forma geral,
com grande influencia do meio em que vivemos e também pelo sentimento
discriminativo em que se colocam os escolares com excesso de peso perante seus
colegas e sociedade. A pesquisa realizada apresenta características descritivas.
Foram avaliados 504 escolares, sendo 241 do sexo masculino e 263 do sexo
feminino. Os alunos foram avaliados através do IMC (Índice de Massa Corporal), das
dobras Cutâneas; Tricipital e Subescapular e através da aplicação de questionários
sobre hábitos alimentares dos escolares e familiares. Os dados foram tabulados no
programa Excel e analisados através da estatística descritiva com percentual e
freqüência, os resultados deixam claro a preocupação com a obesidade no meio
escolar. Nos resultados dos 504 escolares estudados, observou-se obesidade em
9.1%, sendo 6%; do sexo feminino e 3.2%, do sexo masculino. Após estes
resultados, realizou-se junto aos escolares: palestras, relatos e trocas de
experiências com o objetivo de informar, esclarecer, orientar, estimular a adoção de
hábitos de vida saudáveis
Palavras-chave: Obesidade, qualidade de vida, saúde, atividade física
1Didática e Metodologia da Educação, Educação Física, Colégio E. Carlos Argemiro Camargo
2Mestre, Educação Física, Unioeste, Professora
2
1 INTRODUÇÃO
Percebendo a inquietude dos alunos que se encontram com excesso de peso,
do sentimento discriminativo em que geralmente eles se colocam em relação aos
seus colegas ou são colocados, e também pela necessidade de comentar, conversar
sobre suas dificuldades apesar das intervenções e orientações realizadas durante o
período normal de aula, individual e também no grande grupo, e ainda com a
preocupação com a saúde e uma melhor qualidade de vida para os alunos, optou-se
em realizar o presente estudo.
A obesidade durante a infância e principalmente durante a adolescência tem
importante impacto no desenvolvimento psicológico. Discriminação, apelidos,
dificuldades de se relacionar, baixa estima, isolamento social são muito freqüentes
na vida das crianças obesas, principalmente do sexo feminino. Esses aspectos
comprometem em longo prazo a escolaridade, os relacionamentos afetivos e a
busca de trabalho.
O excesso de gordura e de peso corporal não deve ser encarado
simplesmente como um problema estético. Pelo contrario é um grave distúrbio de
saúde que reduz a expectativa de vida e ameaça sua qualidade. Existe grande
número de evidências que permitem afirmar que o maior acúmulo de gordura e de
peso corporal assume importante papel na variação das funções orgânicas,
constituindo-se em um dos fatores de risco mais significativos associado a
morbidades específicas e ao índice de mortalidade.
“A obesidade e amplamente influenciada pelo meio em que vivemos,
disponibiliza quantidades excessivas de alimentos altamente calóricos e redução de
atividade física” (Mattos, 2005; p259). As grandes porções alimentares, o consumo
de dietas altamente gordurosas e calóricas e a redução da atividade física são
componentes que contribuem para o aumento da obesidade. As pessoas se
movimentam cada vez menos, gastam menos energia e acumulam mais gordura no
organismo.
A obesidade tem varias conseqüências, precoces e também a longo prazo,
como relata; (SPINOLA, 2005; p.297)
3
A obesidade transformou-se em um dos mais importantes problemas de saúde publica em varias regiões do mundo e atualmente afeta populações em países industrializados e naqueles em desenvolvimento. Nas ultimas 3 décadas, o numero de indivíduos obesos aumentou de forma expressiva, atingindo proporções alarmantes, principalmente nos Estados Unidos.
“Sabemos que a atividade física isoladamente não é método eficaz para
perda de peso, contudo, o aumento da atividade física (consciente, sem excessos)
facilita o controle de peso em longo prazo e melhora a saúde geral do organismo,
acompanhada por uma intervenção na dieta alimentar” (ZANELLA ;2005, p.268).
As ferramentas terapêuticas para o controle de peso são: adaptação na dieta,
atividade física regular, mudança de hábitos, farmacoterapia e cirurgia bariátrica.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A Obesidade, definida Segundo a Organização Mundial de Saúde em 1998
como "Doença na qual o excesso de gordura corporal se acumulou a tal ponto que a
saúde pode ser afetada", demonstra a preocupação desta entidade com as
possíveis conseqüências do acúmulo de tecido adiposo no organismo
O interesse na prevenção da obesidade na pré-adolescencia e adolescência
se justifica pelo aumento de sua prevalência com permanência na vida adulta, pela
potencialidade enquanto fator de risco para as doenças crônico-degenerativas e
mais recentemente pelo aparecimento de doenças como o diabetes mellitus tipo 2
em adolescentes obesos, antes predominante em adultos. Além disso, freqüentes
intervenções em crianças, principalmente antes dos 10 anos de idade ou na
adolescência, reduzem mais a severidade da doença do que as mesmas
intervenções na idade adulta, por que mudanças na dieta e na atividade física
podem ser influenciadas pelos pais e poucas modificações no balanço calórico são
necessárias para causar alterações substanciais no grau de obesidade.
A obesidade infantil está associada a conseqüências negativas para a saúde
da criança e do adolescente, incluindo dislipidemias, inflamações crônicas, aumento
da tendência à coagulação sanguínea, disfunção endotelial, resistência à insulina,
diabetes tipo 2, hipertensão, complicações ortopédicas, alguns tipos de câncer,
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apnéia do sono e estato-hepatite não alcoólica. Quadro psicológico conturbado, com
diminuição da auto-estima, depressão, distúrbios da auto-imagem, também está
associado à obesidade infantil (VILLARES; 2009, p.309).
Também o reflexo das ações da mídia sobre a população com critérios de
cultura de um corpo perfeito. O traço mais característico do jovem obeso é a
inatividade, tornando-se esta a principal causa da obesidade e do sobre peso por
estabelecer o início do circulo vicioso: falta de atividade física induz ao aumento da
quantidade de gordura corporal, o que incapacita mais o jovem a realizar esforços
físicos que, por sua vez, o torna ainda menos ativo.
O preconceito que afeta os alunos, deixando-os sem motivação para superar
alguns obstáculos, afetando o desenvolvimento de qualidades ou necessidades
físicas, sociais, intelectuais e emocionais.
Tem sido proposta como principal determinante nutricional dos jovens obesos:
crianças e adolescentes obesos tendem a consumir mais calorias à custa de
gorduras que os não obesos.
Por estes fatores, a obesidade pode e precisa ser repensada, levando-se em
consideração, não só aspectos da saúde física e mental, mas também questões
referentes ao ambiente escolar. Por um lado, as facilidades decorrentes da
tecnologia foram muitas bem vindo, mas por outro, acabaram acarretando um
comodismo e um sedentarismo ao jovem, prejudiciais a sua saúde.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Entender o que é obesidade
A Interpretação da condição de obesidade tem variado no tempo conforme os
valores culturais e científicos vigentes. A obesidade inexistiu como problema de
saúde quando da escassez de alimentos e da alta atividade física praticada pelo
homem, mas a seleção dos indivíduos portadores de mecanismos orgânicos mais
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eficientes em estocagem de energia permitiu, com a evolução das sociedades, o seu
surgimento.
Por causa, em grande parte, da revolução industrial, acompanhada de
mudanças nos hábitos de vida (menos atividade física e alimentação com maior teor
energético), o peso corpóreo da populações vem continuamente aumentando. Hoje
a obesidade é considerada epidêmica e grave problema de saúde pública mundial,
que se sobrepôs aos antigos, como a desnutrição e doenças infectocontagiosas,
inclusive em países emergentes como é o caso do Brasil (ALMEIDA e FERREIRA;
2005, p.185).
De acordo com Oliveira (2005) Obesidade é definida como: “acúmulo
excessivo de gordura no tecido adiposo, em partes do corpo ou no corpo todo, com
grande aumento de massa corporal”.
Quanto as atividades mais indicadas estão as rotinas de exercícios físicos, o
procedimento mais indicado, de acordo com Grubbs (1993), citado por Oliveira
(2005), para provocar um impacto positivo no controle da massa corporal consiste
na participação de esforços que envolvam grandes grupos musculares, e que
possam ativar todo o sistema orgânico de oxidação para captar-se energia (atividade
aeróbica). A atividade física é de vital importância, tanto para a perda de peso, como
para a manutenção de peso. Para indivíduos obesos, com restrição articular e
dificuldades para fazer atividade física, exercícios aeróbicos de baixa intensidade e
longa duração são os mais indicados. Alem disso, a mobilização de gordura em
baixas intensidades de exercícios acontecem para fornecimento de substrato de
energia.
A atividade física diminui o risco de doenças cardiovasculares em obesos
(efeito hipotensor), além de aumentar a concentração do HDL - colesterol e diminuir
a concentração de LDL - colesterol. Verifica-se também aumento da ação da
insulina, importante fator para a prevenção da Diabetes Tipo II BOUCHARD (2003).
2.2 Grupos e Classificação da Obesidade
Segundo Oliveira (2005), os fatores que levam a obesidade são separados
em dois grupos distintos:
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Obesidade Exógena: Desequilíbrio do gasto calórico com a ingestão
alimentar, levando o aumento de peso.
Obesidade Endógena: Acontece o ganho de peso por fatores de desequilíbrio
hormonal, proveniente do metabolismo tireoidiano, gonodal, hipotálomo-hipofisário,
de tumores e síndromes genéticas.
-Segundo Damaso (2001), a obesidade pode ser classificada em quatro tipos,
de acordo com a distribuição dos depósitos de gordura:
TIPO I – Caracterizado pelo excesso de massa adiposa corporal total sem
concentração particular.
TIPO II – Caracterizado pelo excesso de gordura subcutânea na região
abdominal e do tronco, também conhecida como do tipo andróide ou obesidade do
tipo “maça”, pois o aspecto corporal do individuo assemelha-se a esta fruta. A
obesidade tipo II está associada ao aumento da fração LDL-C, estimulando o
desenvolvimento de problemas cardiovasculares e a resistência ã ação da insulina.
Este tipo de obesidade manifesta-se sobretudo nos homens sob efeito hormonal da
testosterona e de corticóides.
TIPO III – Caracteriza-se pelo excesso de gordura visceroabdominal, que
também está associada a problemas cardiovasculares e a resistência ã ação da
insulina.
TIPO IV – Caracterizado pelo excesso de gordura gluteofemoral, também
conhecida como do tipo ginóide ou de obesidade do tipo “pêra”. A obesidade do tipo
IV pode estar mais suscetível a alteração nos períodos de gestação (principalmente
repetidas) e desmame precoce. Este tipo de obesidade manifesta-se principalmente
em mulheres sob efeitos hormonal dos estrógenos, em geral a a partir da
puberdade. A obesidade pode, ainda ser classificada fisiologicamente, em
hipertrófica, hiperplásica e hipertrófica/hiperplásica.
A obesidade hipertrófica está relacionada ao aumento das células de gordura
(adipócitos), e ocorre freqüentemente em adultos. A obesidade hiperplásica
representa o aumento no número de adipócitos, ocorrendo principalmente nos
primeiros anos de vida, na adolescência e em períodos de gravidez (último trimestre
da gravidez), tornando-se estes susceptíveis ao desenvolvimento de obesidade. A
obesidade hipertrófica/hiperplásica relaciona-se ao aumento tanto no número quanto
no tamanho das células de adipócitos, e ocorre em períodos similares a hiperplásica
DÂMASO,( 2001)
7
2.3 Aspectos Nutricionais
Segundo Elias; (2000) “A alimentação exerce grande influência sobre o
indivíduo, principalmente sobre sua saúde, sua capacidade de trabalhar, estudar e
divertir-se, sua aparência e sua longevidade”.
Nutrição é a ciência que estuda a modificação dos alimentos dentro do corpo,
suas funções e suas relações com a saúde e a doença. Nutrientes são substâncias
encontradas nos alimentos, ou seja, proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas,
sais minerais e água. Cada uma dessas substâncias possui uma função específica
no organismo.
Proteínas : constroem e conservam o organismo. São chamados também de
construtores.
Hidratos de Carbono : fornecem energia para o corpo, por isso são chamados de
energéticos.
Gorduras : além de fornecerem energia, ajudam no transporte das vitaminas A, D, E
e K através do organismo.
Vitaminas e minerais : têm um papel fundamental na vida das pessoas da infância à
fase adulta e devem ser consumidos corretamente desde bebê. São substâncias
essenciais, das quais o corpo necessita para diversos processos metabólicos.
Água : pode-se dizer que sem água não há vida, pois ela é o principal componente
do organismo. A água participa da composição de todos os líquidos e células
orgânicas, desempenhando diversas funções essenciais ao metabolismo normal.
A alimentação nos adolescentes deve sustentar o crescimento, promover a
saúde e ser agradável. Durante a adolescência, existem várias alterações de
natureza fisiológica e hormonal que afetam as necessidades nutricionais, tal como
um crescimento rápido e ganhos de massa muscular e óssea.
Heyward VH e Stolarczyk LM (2000) afirmam que em ambientes escolares, os
professores de educação física e saúde têm de ser capazes de interpretar os
resultados da composição corporal para as crianças e os pais.
Deve ser ensinado às crianças como alcançar e manter níveis de gordura
corporal saudáveis modificando o estilo de vida (p.ex., atividade física e nutrição).
Informações sobre mudanças na composição corporal e gordura corporal devidas à
maturação, devem ser tratadas de modo que as crianças, especialmente as
8
meninas, possam entender que as mudanças em seus corpos durante a puberdade
são normais.
As autoras sugerem, ainda, uma abordagem para incorporar a composição
corporal no currículo de educação física e saúde, que envolve os pais, assegura a
confidencialidade e fornece respostas pessoais e interpretações para os
participantes.
2.4 Obesidade e atividade física
Quando se fala em Educação Física, referimo-nos a um extenso campo de
ações. O interesse básico é o movimento humano, mais especificamente a
educação física se preocupa com a relação entre movimento humano e outras áreas
da educação, isto é, o relacionamento do desenvolvimento físico com o mental,
social e o emocional na medida em que eles vão sendo desenvolvidos. Esta
preocupação pelo desenvolvimento físico com outras áreas do conhecimento e
desenvolvimento humano contribui para uma esfera única da educação física, pois
nenhuma outra área trata do desenvolvimento total do homem, com exceção da
educação no seu senso mais geral possível. A história mostra que as verdades e
crenças, dentro de uma sociedade, em relação ao homem e seu corpo, resultam em
conceitos bastante diferentes e programas que hoje chamamos educação física. A
educação física é determinada culturalmente pelo o que o homem pensa de seu
corpo, como ele pensa de si mesmo em relação ao seu corpo e como ele pensa que
seu corpo deve ser treinado, exercitado, disciplinado, desenvolvido,
educado...(BARBANTI, 1990).
Os cuidados com o corpo vão se tornando uma exigência na Modernidade, e
implicam na convergência de uma série de elementos: as tecnologias para tanto vão
se desenvolvendo de maneira acelerada; o mercado dos produtos e serviços
voltados para o corpo vai expandindo; a higiene que fundamentava esses cuidados
vai sendo substituída pelos prazeres do corpo; a implicação lógica do processo de
secularização com a identificação de personalidades dos indivíduos com sua
aparência. Por todas essas circunstâncias, o cuidado com o corpo transforma-se
numa ditadura do corpo, um corpo que corresponde à expectativa desse tempo, um
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corpo que seja trabalhado arduamente e do qual, os vestígios de naturalidade sejam
eliminados (SILVA, 2001, p.86).
De acordo com Fonseca, et al (1998). A atividade física é um importante
determinante das características físicas dos adolescentes, pois a obesidade em
adolescentes resulta no desequilíbrio entre atividade reduzida e excesso de
consumo de alimentos densamente calóricos, tendo mostrado que o número de
horas que um adolescente passa assistindo TV é um importante fatos associado ã
obesidade, acarretando um aumento de 2% na prevalência da obesidade para cada
hora adicional de televisão em jovens de 12 a 17 anos. Outro fator comentado por
Fonseca, et al (1998), o hábito de omitir refeições, especialmente o desjejum,
juntamente com o consumo de refeições rápidas, fazem parte do estilo de vida dos
adolescentes, sendo considerados comportamentos importantes que podem
contribuir para o desenvolvimento da obesidade. O consumo alimentar como um
todo não tem sido consistentemente associado ao estado nutricional.
2.5 Formas de avaliar a obesidade e sobrepeso.
Sem dúvida , o IMC é a forma mais fácil e difundida para a avaliação da
obesidade. A relação entre o IMC e o risco de morbimortalidade associado à
obesidade é curvilínea e permite que vários níveis de riscos sejam identificados Vale
ressaltar que o IMC não é capaz de quantificar a gordura corpórea , assim
sendo em alguns grupos étnicos, o percentual de gordura corpóreo não corresponde
precisamente ao peso.(RIBEIRO FILHO, 2005;p.230).
Para se calcular o IMC (Índice de Massa Corporal) utiliza-se a seguinte
fórmula: IMC = Massa Corporal : Estatura2
NÍVEIS DE IMC E RISCO ASSOCIADO À OBESIDADE IMC (kg/m2) Risco de Morbimortalidade Eutrófico: 18,5 a 24,9 Normal Sobrepeso: 25 a 29,9 Moderado Obesidade grau I: 30 a 34,9 Aumentado Obesidade grau II: 35 a 39,9 Grave Obesidade grau III: Maior ou igual 40 Muito Grave
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Segundo Mcardle, Katch & Katch (1981), a lógica para a medida das pregas
cutâneas baseia-se no fato de que aproximadamente metade do conteúdo corporal
total da gordura fica localizada nos depósitos adiposos existentes diretamente
debaixo da pele e essa está diretamente relacionada com a gordura total.
A medida da espessura de dobras cutâneas em determinados locais do
corpo, desta forma, pode ser um bom subsídio para a predição da quantidade de
gordura corporal.
Edwards (1950), citado por Guedes (1987), refere que a literatura
especializada menciona a existência de aproximadamente 93 possíveis locais
anatômicos onde uma dobra cutânea pode ser destacada. Está claro que a
utilização de tantas medidas tornaria este método extremamente demorado e
inaplicável para o objetivo de nosso trabalho em academias, mas normalmente são
utilizadas de 3 a 8 locais de medida, que são suficientes para nos dar uma visão
significativa do componente de gordura subcutânea.
As dobras cutâneas mais utilizadas são as localizadas nas regiões do tríceps,
subescapular, supra-ilíaca, abdominal e da coxa; além dessas, é comum, também, a
utilização da medida de dobras nas regiões do bíceps, tórax, axilar medial e da
panturrilha medial.
Dobra Cutânea Triciptal
É medida na face posterior do braço, paralelamente ao eixo longitudinal, no
ponto que compreende a metade da distância entre a borda súpero-lateral do
acrômio e o olecrano.
Dobra Cutânea Subescapular
A medida é executada obliquamente em relação ao eixo longitudinal,
seguindo a orientação dos arcos costais, sendo localizada a dois centímetros abaixo
do ângulo inferior da escápula.
Dobra Cutânea Panturrilha Medial
Para a execução desta medida, o avaliado deve estar sentado, com a
articulação do joelho em flexão de 90 graus, o tornozelo em posição anatômica e o
pé sem apoio. A dobra é pinçada no ponto de maior perímetro da perna, com o
polegar da mão esquerda apoiado na borda medial da tíbia.
- Para calcular o percentual de gordura (%G) pode-se utilizar duas fórmulas:
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Somatória de dobras - ∑DC- neste caso são mensuradas as dobras Tricipital (TR)
Subescapular (SE) e Panturrilha Medial (PM) e aplicadas a cada tabéla específica,
conforme se apresenta:
Meninos – Dobras cutâneas (TR + SE)
DC (mm) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Muito
Baixo
Bai-
xo
Nível
Ótimo
Moderada-
Mente Alto
Alto
Muito Alto
% G 2 6 8 13 18 23 26 29 32 35 38
Meninas – Dobras cutâneas (TR + SE)
DC (mm) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Muito
Baixo
Ba
i
xo
Nível
Ótimo
Moderada-
Mente Alto
Alto
Muito Alto
% G 4 10 15 20 24 28 30 33 33,5 38 40
Meninos – Dobras cutâneas (TR + PM)
DC (mm) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
M
ui
to
B
ai
x
o
B
a
i
x
o
Nível
Ótimo
Modera-
damente
Alto
Alto
Muito Alto
% G 6 10 13 17 20 24 28 31 35 38 42
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Meninas – Dobras cutâneas (TR +PM)
DC (mm) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Muito
Baixo
Ba
ixo
Nível
Ótimo
Modera-
damente
Alto
Alto
Muito Alto
% G 7 11 14 18 21 25 29 32 36 39 43
Fonte: Lohman (1987).
3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
Este trabalho visa mostrar através do método descritivo, (método de pesquisa
social que utiliza técnicas estatísticas), o total de alunos que se encontram em
excesso de peso:
Primeira Etapa: Fase exploratória – Avaliação do IMC (Indice de Massa
Corporal) de todos os alunos da 5a à 8a Séries do Colégio Estadual Carlos Argemiro
Camargo, perfazendo um total de 504 alunos avaliados, com auxilio dos Professores
de Educação Física de suas respectivas turmas.
Segunda Etapa: Identificados os alunos classificados através do IMC em
excesso de peso, foram reavaliá-los novamente através das dobras cutâneas –
Tricipital (TR), Subescapular (SE) Panturrilha Medial (PM), para calcular o percentual
de gordura, através das fórmulas de Lohman (1986) e Slaughter et al. (1988).
Terceira Etapa: Realização de palestras, nas Áreas de Saúde (Médico,
Psicólogo, Nutricionista), Profissional de Educação Física, com todos os alunos das
séries envolvidas, tomando um cuidado para que não houvesse discriminação ou
13
rotulação entre os alunos da escola. Também nesta etapa os alunos em excesso de
peso foram atendidos em separado, realizando pesquisas e buscando informações
sobre o tema proposto, onde os mesmos propuseram sugestões que podem auxiliar
no combate a obesidade.
Nesta etapa também foi aplicado um questionário com informações sobre
hábitos alimentares, qualidade de vida.
4 Apresentação e Discussão dos Resultados
A detecção do excesso de gordura durante a infância é importante, por
permitir uma intervenção precoce e evitar a instalação de suas complicações.
Quanto mais idade tiver a criança e maior for o excesso de peso, mais difícil será a
reversão do quadro, pelos hábitos alimentares incorporados e pelas alterações
metabólicas instaladas. Ao contrário do tratamento da obesidade no adulto, que
envolve necessariamente uma perda de peso, para uma criança ainda em
crescimento pode ser necessária apenas a manutenção de seu peso enquanto
continua a crescer, permitido que a mesma progressivamente se adeqüe à estatura.
Dessa maneira, percebe-se a importância da atuação do pediatra na detecção e
tratamento dessa condição ainda na infância, devendo a avaliação nutricional ser
prioritária na consulta pediátrica.
Ao avaliar-se todos os alunos de 5
Argemiro Camargo – Ensino Fundamental e Médio, constatamos que dos 504
alunos avaliados 9.4% (
Gráfico 01
Gráfico 02 – Distribuição dos escolares por sexo: 6% feminino e 3,2% masculino;
0
5
10
15
20
25
30
35
todos os alunos de 5a à 8a séries do Colégio Estadual Carlos
Ensino Fundamental e Médio, constatamos que dos 504
(46/504) aluno(as) estavam acima do peso ideal:
Gráfico 01 – Total de alunos e alunas acima do peso ideal:
Distribuição dos escolares por sexo: 6% feminino e 3,2% masculino;
6%3%
0.4%
90.6%
16
30
14
do Colégio Estadual Carlos
Ensino Fundamental e Médio, constatamos que dos 504
aluno(as) estavam acima do peso ideal:
Total de alunos e alunas acima do peso ideal:
Distribuição dos escolares por sexo: 6% feminino e 3,2% masculino;
Sobrepeso
Obesidade I
Obesidade II
Normal
Masculino
Feminino
15
No questionamento; pessoas obesas na família, tivemos uma incidência
maior de mães obesas entre os membros das famílias dos escolares;
Gráfico 03 – Pessoas Obesas na família;
Algumas pesquisas já revelaram que se um dos pais é obeso, o filho tem 50%
de chances de se tornar gordinho, e se os dois pais estão acima do peso, o risco
aumenta para 100%. A criança que tem pais obesos corre o risco de se tornar obesa
também porque a obesidade pode ser adquirida geneticamente
No grupo de alunos do sexo masculino que apresentaram índice de
obesidade, observou-se que a grande maioria está entre a faixa etária de 13 e 14
anos;
Gráfico 04 – Idade x obesidade, sexo masculino;
8
21
0
6
11
0
5
10
15
20
25
Pai
Mãe
Irmãos
Irmãs
Não
04
10
02
0
2
4
6
8
10
12
Idade
Até 12
13 a 14
15 a 17
16
O mesmo acontece no grupo de alunas do sexo feminino, onde a maior
incidência esta na faixa etária de 13 à 14 anos;
Gráfico 05 – Idade x obesidade, sexo feminino;
A maioria das famílias “sim” tem a preocupação em ter uma alimentação
adequada, onde também algumas responderam que as vezes, sendo que nenhuma
delas ignora a preocupação com uma alimentação balanceada.
Gráfico 06 – Preocupação da família de alunos do sexo masculino com uma alimentação balanceada
09
17
04
0
5
10
15
20
Idade
Até 12
13 a 14
15 a 17
10
0
06
0
2
4
6
8
10
12
Sim
Não
As Vezes
17
Gráfico 07 - Preocupação da família de alunas do sexo feminino com uma alimentação
balanceada
Questionados sobre o hábito de consumirem frutas e verduras, no seu dia a
dia, constatamos que:
Gráfico 08 – Hábito de consumo de frutas e verduras nas famílias de alunos do sexo masculino;
Dentre o sexo masculino estão empatados entre sempre e as vezes existe a
preocupação no consumo de frutas e verduras pelas familias dos escolares.
17
0
13
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sim
Não
As Vezes
0
08 08
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Nunca
As vezes
Sempre
18
Gráfico 09 – Hábito de consumo de frutas e verduras nas famílias de alunas do sexo
feminino;
Com as alunas, existe uma maior incidência de que sempre as famílias estão
preocupadas com o consumo de frutas e verduras nas suas alimentações;
Todos demonstraram preocupação com seu estado de saúde e preocupados
em perder peso, as famílias participam desta preocupação, mas nem sempre estão
atentas para uma alimentação saudável, e na sua influencia sobre suas capacidade
de trabalhar, estudar e divertir-se, sua aparência e sua longevidade.
Constatamos também que os familiares não estão preocupados ou nem
sempre o estão, com a participação em programas de atividades físicas no contra-
turno escolar, em vigiar o tempo de folga de seus filhos, excessos de tempo gasto
em frente da TV, Computador, Vídeo Game, etc., fazem com que fiquem cada vez
mais sedentários.
A cultura do “corpo perfeito” abre espaço para excessiva valorização da
aparência, em detrimento da essência. Esses caminhos da cultura moderna
afetaram e continuam afetando a experiência do estudante obeso, pois além de lidar
com a discriminação perante seu corpo físico, ainda sofre com o preconceito dos
colegas de escola e demais pessoas dificultando seu reconhecimento a partir de
suas qualidades. Mas ainda assim este sujeito vem resistindo e persistindo em sua
jornada existencial, em busca de reconhecimento e respeito, que o ajude a se
sustentar. Este reconhecimento é buscado no ambiente escolar, cuja contradição de
um local de discriminação e preconceito é também visto como o lugar onde ser
reconhecido é ainda possível.
0
12
18
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Nunca
As vezes
Sempre
19
Hoje, a sociedade prega a inexistência da discriminação; porém seu discurso
não condiz com a realidade. È claro que sabemos que a pessoa obesa não tem
condições de realizar todas as tarefas, que exijam um biótipo magro, por exemplo,
profissões como a de bombeiros salva vidas etc. nestas atividades teriam mais
dificuldades. Então nos cabe a conscientização da própria limitação. É muito
diferente esta pessoa obesa reconhecer seus limites, a ser discriminada por sua
condição física, sem ter sua capacidade valorizada.
A partir das experiências dos estudantes obesos, percebemos que a busca
por reconhecimento no ambiente escolar envolve uma resignificação do sentido de
estudar: por um lado a constante prova de superação frente a sua condição física,
por outro lado a necessidade de demonstrar que são capazes de realizar suas
tarefas com eficiência. Conquistar o respeito dos colegas, da família e da sociedade
é uma árdua tarefa.
Qualidade de vida envolve um conceito, cuja construção se dá de forma
subjetiva, intermediada pelas relações interpessoais que experimentamos em nosso
cotidiano. Considerando o ambiente escolar, observamos a existência de uma
contínua busca por qualidade de vida principalmente no que se refere à construção
de uma identidade pessoal e social. Discutimos, portanto, a importância de no
ambiente escolar ser um suporte à aquisição da qualidade de vida do aluno obeso,
desejosos de que este ambiente pudesse funcionar como confirmador de suas
capacidades, em vez de fomentador da exclusão e do estigma.
Várias pesquisas em relação às causas e conseqüências da obesidade têm
trazido contribuições, tanto aos profissionais quanto ao próprio obeso. Entretanto
nenhum pode trazer qualquer tipo de certeza, principalmente em se tratando de
pesquisa qualitativa, que levam em conta aspectos subjetivos do cotidiano e das
relações pessoais dos sujeitos. Nesta pesquisa, reconhecemos enquanto uma das
limitações do estudo, que não demos conta de compreender todos os aspectos
inerentes às interações do ser humano consigo e com o ambiente.
A partir de todo o processo de pesquisa, acrescido das contribuições da
literatura e dos dados vividos dos sujeitos, consideramos poder validar os
pressupostos deste estudo. Concordamos que é possível ao aluno obeso conseguir
o respeito de todos no ambiente escolar, mesmo em meio a situações de
preconceito, embora ainda tenha de desistir de alguns desejos pessoais.
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A prevalência da obesidade em nosso estudo (9,4%) foi semelhante à
relatada por Monteiro et al. (1995), para crianças pertencentes às classes
socioeconômicas mais favorecidas, em nível nacional (10,6%). Brunded et al.
(2001), encontraram uma prevalência de obesidade de 9,2% entre crianças
britânicas menores de cinco anos.
5. Conclusão
Dos alunos selecionados 6% eram são do feminino e 3.2% eram do sexo
masculino, identificando a maior incidência para o sexo feminino, onde também
observou-se que dentre os familiares citados no questionário o maior número de
pessoas obesas eram as mães de alunos;
Observou-se que o meio familiar teve prevalência no índice de obesidade dos
alunos (as), onde a grande índice de obesidade entre pais e mães de escolares.
A atividade física é importante para o desenvolvimento de crianças saudáveis,
ajudando a queima de calorias e evitando o excesso de peso. A menor ocorrência
da prática esportiva na escola ocorreu nos obesos e naqueles com sobrepeso.
Quando estas crianças eram praticantes de esportes, o faziam com menor
freqüência semanal do que os eu tróficos.
Ressalta-se que nenhuma questão relacionada à prática esportiva se mostrou
como fator relevante neste estudo, uma vez que as aulas de Educação Física eram
obrigatórias a todos os alunos e, dessa maneira, a maioria dos alunos entrevistados
respondeu praticar esporte no mínimo uma vez por semana. Os pilares
fundamentais do tratamento da obesidade são as modificações de comportamento e
de hábitos de vida que incluem, primeira e principalmente, mudanças no plano
alimentar, seguidas de incentivo à atividade física. Sabe-se que isto deve ser feito
com cuidado, uma vez que tanto a prática esportiva como o ajuste da dieta precisam
ser acompanhados por profissionais especializados.
No tratamento da criança obesa não há espaço para dietas restritivas, já que
os níveis de vitaminas e micronutrientes ficam demasiadamente reduzidos, levando
a prejuízos para o crescimento e desenvolvimento. É importante que as mudanças
de comportamento propostas para crianças e adolescentes obesos sejam
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estruturadas adequadamente para evitar distúrbios alimentares posteriores, como os
encontrados em adultos que apresentam dificuldade em reduzir o peso corporal.
Os pais precisam controlar os tipos de alimentos oferecidos e os horários das
refeições. A criança deve ter liberdade de escolher a quantidade dos alimentos e
quais dos alimentos irá comer. A dinâmica familiar assume papel considerável na
mudança de práticas alimentares para controle ou tratamento da obesidade. Uma
criança com pais obesos tem 80% de chance de apresentar o mesmo perfil e esse
risco cai pela metade se somente um dos pais é obeso.
A obesidade é um problema grave e deve ser encarado com cuidado, a
família, deve procurar ajuda médica, pois as causas da obesidade podem ter
diversas origens desde hábitos irregulares até fatores genéticos e hormonais.
Quanto mais cedo for tratado, maiores são as chances de controle.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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