operações financeiras: juros ativos, juros passivos...

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34 Operações Financeiras: juros ativos, juros passivos, descontos financeiros obtidos e concedidos, Aplicações Financeiras. Ao iniciar este capítulo, é preciso saber o que vem a ser juro. Você sabe o que é juro? Segundo o dicionário Michaelis, juro pode ser: “Taxa percentual incidente sobre valor ou quantia, numa unidade de tempo determinada; Remuneração que uma pessoa recebe pela aplicação do seu capital; rendimento do dinheiro aplicado”. Se juro é a remuneração do dinheiro aplicado, o segundo passo é saber remuneração para quem? Veja 2(dois) exemplos: A empresa aplica um determinado valor no banco, obtendo um rendimento, conhecido como uma receita financeira. A Cia toma empréstimo junto ao banco, remunerando-o, tendo assim uma despesa financeira. Resumindo, quando se recebe juro obtém-se uma receita e quando se paga juro ocorre uma despesa. Juros Ativos e Juros Passivos Juros Ativos e Juros Passivos são os nomes técnicos utilizados na contabilidade, a palavra ativo e passivo que acompanha a palavra juro é apenas um adjetivo para qualificar os juros como positivo ou negativo. Juros Ativos: representam juros positivos, pois o adjetivo Ativo significa a favor da empresa. Neste caso, a empresa recebeu os juros, logo, trata-se de uma Receita. Ex: A empresa recebeu uma duplicata de seu cliente no valor de R$ 60.000,00 com juros de 5,4% a.m, devido atraso de 8 dias. Calcule e contabilize na forma de diário: 5,4 / 100 = 0,0540 ---- 0,0540 / 30 = 0,0018 (por dia) ---- 0,0018 x 8 dias = 0,0144 R$ 60.000,00 x 0,0144 = R$ 864,00 (juros) D – Banco 60.864,00 C – Juros Ativos 864,00 (receita financeira) C – Duplicatas a Receber 60.000,00

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Operações Financeiras: juros ativos, juros passivos , descontos financeiros obtidos e concedidos, Aplicações Financ eiras.

Ao iniciar este capítulo, é preciso saber o que vem a ser juro. Você sabe o que é juro?

Segundo o dicionário Michaelis, juro pode ser:

“Taxa percentual incidente sobre valor ou quantia, numa unidade de tempo determinada;

Remuneração que uma pessoa recebe pela aplicação do seu capital; rendimento do dinheiro

aplicado”.

Se juro é a remuneração do dinheiro aplicado, o segundo passo é saber remuneração

para quem? Veja 2(dois) exemplos:

A empresa aplica um determinado valor no banco, obtendo um rendimento, conhecido

como uma receita financeira.

A Cia toma empréstimo junto ao banco, remunerando-o, tendo assim uma despesa

financeira.

Resumindo, quando se recebe juro obtém-se uma receita e quando se paga juro ocorre

uma despesa.

Juros Ativos e Juros Passivos

Juros Ativos e Juros Passivos são os nomes técnicos utilizados na contabilidade, a

palavra ativo e passivo que acompanha a palavra juro é apenas um adjetivo para

qualificar os juros como positivo ou negativo.

Juros Ativos : representam juros positivos, pois o adjetivo Ativo significa a favor da

empresa. Neste caso, a empresa recebeu os juros, logo, trata-se de uma Receita .

Ex: A empresa recebeu uma duplicata de seu cliente no valor de R$ 60.000,00 com juros

de 5,4% a.m, devido atraso de 8 dias. Calcule e contabilize na forma de diário:

5,4 / 100 = 0,0540 ---- 0,0540 / 30 = 0,0018 (por dia) ---- 0,0018 x 8 dias = 0,0144

R$ 60.000,00 x 0,0144 = R$ 864,00 (juros)

D – Banco 60.864,00

C – Juros Ativos 864,00 (receita financeira)

C – Duplicatas a Receber 60.000,00

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 35

Juros Passivos : representam juros negativos para a empresa. Ocorre quando a empresa

para os juros, logo, trata-se de Despesa.

Ex: A empresa pagou uma duplicata junto ao fornecedor no valor de R$ 50.000,00 com

juros de 4,5% a.m, devido atraso de 5 dias. Calcule e contabilize na forma de diário:

4,5 / 100 = 0,0450 ---- 0,0450 / 30 = 0,0015 (por dia) ---- 0,0015 x 5 dias = 0,0075

R$ 50.000,00 x 0,0075 = R$ 375,00 (juros)

D – Fornecedores 50.000,00

D – Juros Passivos 375,00 (despesa financeira)

C – Banco 50.375,00

O resultado financeiro é o confronto das despesas financeiras e receitas financeiras, que

podem ser juros, variações monetárias, juros de clientes, rendimentos de aplicações

financeiras, descontos sobre duplicatas, etc.

Exercícios de Fixação:

1) São exemplos de despesas financeiras:

a) Aluguéis passivos

b) dividendos obrigatórios

c) comissões dos vendedores

d) impostos sobre o lucro

e) variações monetárias negativas

2) Uma empresa que consegue pagar uma duplicata com desconto, mas concede um

desconto na venda de seu produto, está respectivamente:

a) aumentando e diminuindo seu resultado bruto, apenas.

b) diminuindo seu resultado bruto e seu resultado operacional

c) aumentado seu resultado bruto e diminuindo o seu resultado operacional

d) aumentado o seu resultado operacional e diminuindo o seu resultado bruto

e) aumentando resultado bruto e seu resultado operacional

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 36

3) Não pode ser considerada uma despesa financeira:

a) Juros cobrados pelo fornecedor, devido pagamento em atraso.

b) Juros dos financiamentos de Bancos.

c) abatimentos concedidos aos clientes pelo fato dos produtos apresentarem defeitos.

d) desconto concedido ao cliente pelo pagamento antecipado da duplicata.

e) juros dos empréstimos bancários.

Descontos Financeiros Obtidos - são aqueles que a empresa recebe, após garantir a condição imposta pelo fornecedor. Um exemplo de condição é o pagamento antecipado de uma duplicata antes da data de vencimento, obtendo um desconto.

Exemplo: pagamento antecipado de uma nota promissória valor de R$ 36.000,00, com desconto de 5%. D – Nota Promissória a Pagar 36.000,00

C – Descontos Obtidos 1.800,00 (receita financeira)

C – Banco 34.200,00

Descontos Financeiros Concedidos - São aqueles que a cia concede aos seus clientes, impondo-lhes alguma condição. Um exemplo de condição é a exigência de quitação da dívida antes da data de vencimento, dando-lhe um desconto.

Exemplo: recebimento antecipado de uma duplicata no valor de R$ 63.000,00, com desconto de 4%.

D – Banco 60.480,00

D – Descontos Concedidos 2.520,00 (despesa financeira)

C – Duplicatas a Receber 63.000,00

Operações Financeiras

As empresas quando possui excesso de caixa efetua aplicações financeiras com as sobras de caixa e quando precisa de caixa normalmente capta recursos por meio de empréstimos bancários.

A aplicação das sobras de caixa no mercado financeiro por meio de aplicações financeiras, para não deixar os recursos parados na conta corrente são investimentos temporários, de curtíssimos prazos e de liquidez imediata, uma vez que a empresa poderá necessitar dos recursos para operacionalizar as suas operações. Essas aplicações renderão juros sobre o valor aplicado. São também conhecidos como operações financeiras ativas.

Agora quando a empresa tem insuficiência de caixa, precisa captar recursos e uma forma dessa captação são os empréstimos bancários. Nesta operação a cia paga juros ao credor sobre o valor emprestado. Os empréstimos são operações financeiras passivas.

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 37

Exemplo Aplicações Financeiras: Em 01 de março de 2009, a Cia EBS efetuou aplicação financeira de curto prazo no Banco SSB S/A, onde possui conta corrente, no valor de R$ 3.250,00. No dia 31 de março, a empresa resgatou o valor de R$ 3.550,00. O banco descontou 15% de imposto de renda.

Na aplicação: D – Aplicações Financeiras 3.250,00 C – Banco 3.250,00

No resgate:

D – Banco 3.505,00 D – IRRF a Recuperar 45,00 (*) C – Aplicações Financeiras 3.250,00 C – Receitas Financeiras 300,00 (*) este direito será abatido, por ocasião da apuração do IRPJ. A alíquota de IR retido poderá variar de 22,5% a 15% em função do prazo de aplicação. Exemplo Empréstimos Bancários: Em 15 de abril de 2009, a Cia NOVERMELHO efetuou um empréstimo bancário, com juros pré-fixados de 9% a.m. no Banco LUCRO S/A, onde possui conta corrente, no valor de R$ 12.000,00 com vencimento em 15 de maio de 2009. O banco cobrou a TAC (taxa de abertura de crédito) equivalente a 0,25% sobre o empréstimo principal.

Na contratação do empréstimo:

D - Banco 11.970,00 D - Tarifas Bancárias 30,00 C - Empréstimos a Pagar 12.000,00 D - Juros a Vencer 1.080,00 (ativo circulante) C - Empréstimos a Pagar 1.080,00 Pelo reconhecimento da despesa de juros relativo ao mês de abril (15 dias)

D - Despesas de Juros 540,00 C - Juros a vencer 540,00 (ativo circulante)

Pelo pagamento do empréstimo bancário:

D - Empréstimos a pagar 13.080,00 C - Banco 13.080,00

Pelo reconhecimento da despesas de juros relativos ao mês de maio (15 dias)

D - Despesa de Juros 540,00 C - Juros a vencer 540,00

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 38

Exercício de Fixação

EXPERTISE S/A BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31/12/2009 EM R$ (REAIS)

ATIVO PASSIVO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE BANCO 82.075,00 SALÁRIOS A PAGAR 12.000,00 DUPLICATAS A RECEBER 140.000,00 FORNECEDORES 70.000,00 ESTOQUE 50.925,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO IMOBILIZADO CAPITAL SOCIAL 200.000,00 VEÍCULOS 30.000,00 RESERVAS DE LUCROS 18.000,00 DEPRECIAÇÃO ACUMULADA (3.000,00) TOTAL DO ATIVO 300.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 300.000,00

Em 31/12/2009, a empresa possuía 150 televisores de 27 polegadas no seu estoque. Durante o mês de janeiro/2010, ocorreram os seguintes fatos:

02/JAN – Recebimento antecipado de 90% das duplicatas. Foi concedido um desconto de 6%.

05/JAN – Pagamento dos salários do mês anterior.

08/JAN – Venda de 120 televisores, a vista, por R$ 900,00 cada.

11/JAN – Aplicação efetuada no Banco Kido S/A, no valor de R$ 200.000,00, com taxa de juros pré-fixadas de 6% a.m. (juros simples).

15/JAN – Pagamento ao fornecedor, o valor constante no Balanço Patrimonial. Por falhas do contas a pagar, foi pago com atraso, com juros de mora de 3% a.m. O pagamento deveria ser efetuado no dia 05/JAN.

31/JAN – Provisão dos salários do mês no valor de R$ 12.000,00.

31/JAN – Contabilizar o rendimento da aplicação financeira, correspondente ao período de janeiro/2010.

31/JAN – A taxa de depreciação dos veículos é de 20% a.a.

ICMS/PIS/COFINS – não cumulativo.

Vendas em São Paulo

Elaborar lançamentos na forma de diário, razonetes, Demonstração do Resultado do Exercício e Balanço Patrimonial do mês de Janeiro/2010.

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 39

Demonstração do Resultado do Exercício da __________ ______ encerrado em __________________________

RECEITA BRUTA DE VENDAS

(-) DEDUÇÕES

Vendas Canceladas

Descontos Incondicionais

ICMS

PIS

COFINS

(=) RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS

(-) CMV

(=) LUCRO BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas

Despesas Gerais e Administrativas

(=) Resultado antes das Receitas e Despesas Financeiras

(-) Despesas e Receitas Financeiras

(=) Resultado antes dos tributos sobre o Lucro

(-) Imposto de Renda e Contribuição Social s/ Lucro Líquido

(=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

DUPLICATAS DESCONTADAS Quando as empresas necessitam de recursos financeiros, elas têm como uma das alternativas captar recursos por meio das duplicatas emitidas junto aos seus clientes. Esses títulos de crédito que garantem o recebimento de suas vendas. De posse desses títulos de crédito, as empresas, havendo essa necessidade, transfere essas duplicatas para os bancos por meio de endosso. Caso um dos seus clientes não pague a duplicata, o banco debita na conta da empresa. Exemplo: A empresa desconta R$ 8.000,00 de duplicatas no banco DSR.O banco cobra R$ 400,00 de juros pelo prazo de 30 dias e despesa bancária de R$ 25,00. Esta operação foi efetuada no dia 01/04/2009. Como contabilizar? D – Banco 7.575,00 D – Encargos Financeiros a Apropriar 400,00 (ativo circulante) D – Tarifas Bancárias 25,00 C – Duplicatas Descontadas 8.000,00 (conta redutora do ativo circulante)

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 40

No final do mês a empresa recebe o aviso do Banco que o Cliente pagou o título. O que fazer agora? Reconhece os juros e baixa a duplicata: D – Juros Passivos 400,00 C – Encargos Financeiros a Apropriar 400,00 (ativo circulante) D – Duplicatas Descontadas 8.000,00 (conta redutora do ativo circulante) C – Duplicatas Receber 8.000,00 E se o cliente não efetuasse o pagamento do título. Como ficaria o lançamento? D – Juros Passivos 400,00 C – Encargos Financeiros a Apropriar 400,00 (ativo circulante) D – Duplicatas Descontadas 8.000,00 (conta redutora do ativo circulante) C – Banco 8.000,00 Exercício de Fixação: A) A empresa CAEX S/A em 31/05/2009, descontou no banco as seguintes duplicatas Nº 0039 – valor de R$ 20.000,00 – vencimento 30/06/2009 Nº 0040 – valor de R$ 10.000,00 – vencimento 31/07/2009 Nº 0041 – valor de R$ 20.000,00 – vencimento 31/08/2009 Os valores negociados junto ao banco, foram: R$ 150,00 de despesas bancárias e juros à taxa de 4% a.m. Calcule e contabilize, sabendo-se que todas as duplicatas foram liquidadas nos respectivos vencimentos.

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B) A empresa CAEX S/A em 31/05/2009, descontou no banco as seguintes duplicatas Nº 0039 – valor de R$ 25.000,00 – vencimento 30/06/2009 Nº 0040 – valor de R$ 10.000,00 – vencimento 31/07/2009 Nº 0041 – valor de R$ 20.000,00 – vencimento 31/08/2009 Os valores negociados junto ao banco, foram: R$ 120,00 de despesas bancárias e juros à taxa de 5% a.m. Calcule e contabilize, sabendo-se que duplicata nº 0040 não foi liquidada, apenas as 0039 e 0041. ______________________________________________________________________________

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C) A empresa CAEX S/A em 31/05/2009, desconto no banco as seguintes duplicatas Nº 0039 – valor de R$ 25.000,00 – vencimento 30/06/2009 Nº 0040 – valor de R$ 15.000,00 – vencimento 31/07/2009 Nº 0041 – valor de R$ 30.000,00 – vencimento 31/08/2009 Os valores negociados junto ao banco, foram: taxa de R$ 120,00 de despesas bancárias e juros à taxa de 4% a.m. Calcule e contabilize, sabendo-se que duplicata nº 0041 não foi liquidada, apenas as 0039 e 0040. ______________________________________________________________________________

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D) A empresa CAEX S/A em 31/07/2009, descontou no banco as seguintes duplicatas Nº 0040 – valor de R$ 15.000,00 – vencimento 31/08/2009 Nº 0041 – valor de R$ 30.000,00 – vencimento 30/09/2009 Os valores negociados junto ao banco, foram: R$ 120,00 de despesas bancárias e juros à taxa de 5% a.m. Calcule e contabilize, sabendo-se que todas as duplicatas foram liquidadas nos respectivos vencimentos. ______________________________________________________________________________

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Cálculo e contabilização da Contribuição Social Sob re o Lucro (CSLL) e Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);

A manutenção do Estado se dá através na sua grande maioria pela arrecadação de tributos.

Você sabe o que tributo? O CTN – Código Tributário Nacional em seu artigo 3º descreve:

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsiva, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,

que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa

plenamente vinculada”.

O CTN, ainda complementa em seu artigo 5º:

“os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria” . Mas seguindo a linhas de outros

doutrinadores, existem também As Contribuições Especiais, e os Empréstimos Compul sórios , pois

os mesmos possuem as mesmas características de trib uto.

Por que o contribuinte tem que pagar imposto de renda?

O CTN, artigo 43º determina que a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica, que podem

ser: produto do capital (renda), do trabalho ou combinação de ambos, proventos de qualquer

natureza, acréscimos patrimoniais são passíveis de imposto de renda.

Fiscalmente, analisando as empresas jurídicas, por exemplo, a ocorrência dos lucros se dá por

meio das suas atividades operacionais e a lei determina que o fato gerador (ocorreu lucro) é

passível de imposto de renda. Além das leis, existe o RIR – Regulamento do Imposto de Renda,

que dá as diretrizes para o cálculo e recolhimento deste tributo.

O RIR/99 determina que sobre a base de cálculo será aplicada a alíquota de 15%. Além dessa

alíquota, a parcela da base de cálculo que exceder ao resultado da multiplicação de R$ 20.000,00

pelo número de meses do respectivo período de apuração ficará sujeita a incidência de adicional

de IRPJ, aplicando a alíquota de 10%.

Exemplificando, a Stilus S/A obteve um resultado positivo antes IR no valor de R$ 80.000,00 em

31/03/2008 (3 meses).

Lucro antes IRPJ - R$ 80.000,00

Imposto: R$ 80.000,00 x 15% - R$ 12.000,00

Imposto adicional: (R$ 80.000,00 – 60.000,00) x 10% - R$ 2.000,00

Total a Recolher R$ 14.000,00

D – IRPJ R$ 14.000,00 (Resultado)

C – PROVISÃO PARA IRPJ R$ 14.000,00 (Passivo Circulante) ou IRPJ A PAGAR

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 44

De um modo geral, a CSLL segue o mesmo procedimento que o IRPJ. A alíquota atual é de 9%.

Utilizando a mesma base dos dados anteriores:

R$ 80.000,00 x 9% = R$ 7.200,00

D – CSLL R$ 7.200,00 (Resultado)

C – PROVISÃO PARA CSLL R$ 7.200,00 (Passivo Circulante) ou CSLL A PAGAR

Exercício de Fixação : 1) Calcule e faça os lançamentos contábeis do IRPJ e a CSLL da Cia SIMBA, sabendo-se que o Resultado Operacional anual foi de R$ 320.000,00. ______________________________________________________________________________

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2) Calcule e faça os lançamentos contábeis do IRPJ e a CSLL da Cia MUFAZA, sabendo-se que o Resultado Operacional mensal foi de R$ 360.000,00. ______________________________________________________________________________

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3) Calcule e faça os lançamentos contábeis do IRPJ e a CSLL da Cia RAJAR, sabendo-se que o Resultado Operacional em 30/06/2010 foi de R$ 390.000,00 e a empresa entrou em atividade em 01/04/2010. ______________________________________________________________________________

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‘Professor EUCLIDES BEZERRA 45

PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

A PCLD – Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa é uma conta redutora do ativo que

retifica a conta duplicatas a receber ou clientes, buscando apresentar as futuras inadimplências no

que diz respeito às vendas a prazo, apresentando o seu valor líquido de realização. Esta prática

atende ao Princípio Contábil da Prudência , que determina “a adoção do menor valor para os

componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentarem alternativas

igualmente válidas para a quantificação das mutaçõe s patrimoniais que alterem o patrimônio

líquido” .(Resolução CFC nº 750/93 - artigo 10)

Esta provisão é efetuada no final do encerramento do exercício, estimando quanto a empresa

deixará de receber, por meio de um percentual aplicado sobre as duplicatas a receber. Para um

controle mais próximo da realidade recomenda-se fazer um estudo minucioso junto as duplicatas

a receber, diminuindo cada vez os seus riscos e com isso as suas perdas.

A constituição da PCLD tem como contrapartida uma conta de Despesas com Crédito de

Liquidação Duvidosa (DCLD), que faz parte do grupo de Despesas com Vendas, sendo uma

despesa operacional. O lançamento a ser efetuado é assim:

D – DCLD xxxxxx (Despesas com Vendas – DRE)

C – PCLD xxxxxx (Ativo circulante – conta redutora – BALANÇO PATRIMONIAL)

Até o ano de 1976, o FISCO determinava um percentual que era aplicado sobre as duplicatas a

receber, na qual a despesa era dedutível para fins de Lucro Real, mas com a promulgação da Lei

nº 9.430/96 as regras foram alteradas, seguindo as seguintes regras, a partir de 01 de janeiro de

1977:

I. com declaração de insolvência do devedor, em sen tença emanada do Poder Judiciário;

II. sem garantia, de valor:

a) até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

b) acima de R$ 5.000,00 até 30.000,00, por operação , vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos jud iciais para o seu recebimento, porém mantida a cobrança administrativa;

c) superior a R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

III. Com garantia (proveniente de vendas com reserv a de domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais, tais co mo o penhor de bens móveis e a hipoteca de bens), vencidos há mais de dois anos, desde que ini ciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias;

IV. contra devedor declarado falido ou pessoa juríd ica declarada concordatária, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se compr ometido a pagar.

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 46

Observação 1: Não se deve calcular a provisão sobre direitos provenientes de vendas com reserva de domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com garantia real.

Observação 2: É proibida a dedução de perdas relativas a dívidas cujos responsáveis sejam empresas controladoras, controladas, coligadas ou interligadas.

Vamos fazer o ciclo completo!

Constituição

A empresa PROVENDA LTDA no final do exercício de 2008, possui um saldo na conta duplicatas a receber no valor de R$ 350.000,00. Pelo estudo dos exercícios anteriores, verificou que as perdas ocorridas nos últimos três exercícios foram de 4%, sendo este percentual a ser aplicado:

R$ 350.000,00 x 4% = R$ 14.000,00

D – DCLD 14.000,00 (Despesas com Vendas – DRE)

C – PCLD 14.000,00 (Ativo circulante – conta redutora – BALANÇO PATRIMONIAL)

Provisão Suficiente

Durante o mês de janeiro de 2009, depois de esgotados todos os recursos disponíveis na

cobrança, uma duplicata no valor de R$ 6.500,00 tornou-se incobrável . A empresa ainda recebeu

neste período o montante de R$ 280.000,00. O título que se tornou incobrável precisa ser baixado

da contabilidade. Lembre-se que a empresa possuía R$ 350.000,00 em duplicatas a receber.

Lançamento contábil no diário:

D – PCLD 6.500,00 (AC – conta redutora – BALANÇO PATRIMONIAL)

C – DUPLICATAS A RECEBER 6.500,00 (AC – BALANÇO PATRIMONIAL)

Quais são os saldos das DUPLICATAS A RECEBER e da PCLD no final de janeiro de 2009?

Duplicatas a Receber PCLD

350.000,00280.000,00 6.500,00 14.000,00

6.500,00 7.500,00

63.500,00

Provisão Insuficiente

Durante o mês de abril, mais uma duplicata tornou-se incobrável , obrigando a ser efetuada a

baixa na contabilidade. O valor da duplicata a receber era de R$ 8.000,00, maior que o saldo que

constava na provisão. Durante o período de fevereiro a abril a empresa, havia recebido o

montante de R$ 40.000,00. Vamos ao lançamento!

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 47

Lançamento contábil no diário:

D – PCLD 7.500,00 (AC – conta redutora – BALANÇO PATRIMONIAL)

D – Perdas com Cliente 500,00 (Despesas com Vendas – DRE)

C – DUPLICATAS A RECEBER 8.000,00 (AC – BALANÇO PATRIMONIAL)

Quais são os saldos das DUPLICATAS A RECEBER e da PCLD no final de abril de 2009?

Duplicatas a Receber PCLD PERDAS C/ CLIENTES

63.500,00 40.000,00 7.500,00 7.500,00 500,00

8.000,00

15.500,00

Reversão do saldo existente e a constituição de uma nova PCLD

Imagine que no final do exercício não foi utilizado o saldo da PCLD na sua totalidade, neste caso, o saldo precisa ser baixado e constituído uma nova provisão, da seguinte forma:

Saldo da PCLD – R$ 9.000,00

Lançamento contábil no diário:

D – PCLD 9.000,00 (AC – conta redutora – BALANÇO PATRIMONIAL)

C – Recuperação de Despesas 9.000,00 (dedução das Despesas com Vendas – DRE) *

* Pode-se utilizar a conta com o nome “Outras Receitas Operacionais” , “Receitas Eventuais” ou

ainda “ Reversão de Provisões”

Complementação de Saldo Existente

A empresa em 31/12/209 possuía um saldo de duplicatas a receber no valor de R$ 400.000,00 e uma PCLD de R$ 9.000,00 e adota o sistema de complementação, eliminado a reversão do saldo existente. A taxa a ser aplicada pelos estudos foi de 4%. Vamos ao lançamento:

R$ 400.000,00 x 4% = R$ 16.000,00

(-) saldo constante na PCLD = R$ 9.000,00

Saldo a provisionar = R$ 7.000,00

D – DCLD 7.000,00 (Despesas com Vendas – DRE)

C – PCLD 7.000,00 (Ativo circulante – conta redutora – BALANÇO PATRIMONIAL)

PCLD DCLD

9.000,00 7.000,00

7.000,00

16.000,00

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 48

Exercício 1

NEVER FORGET S/A Balanço Patrimonial encerrado em 31/12/2008 - em R$

Ativo Passivo Ativo Circulante Passivo Circulante Banco 189.897,00 Fornecedores 618.000,00 Duplicatas a Receber 196.400,00 Salários a Pagar 12.000,00 PCLD (5.892,00) Estoques 449.595,00 Patrimônio Líquido Capital Social 200.000,00 Total do Ativo 830.000,00 Total do Passivo + PL 830.000,00

A empresa Never Forget S/A compra e vende guitarra. No final do ano de 2008, possuía em seu estoque 900 unidades. Durante o ano de 2009 ocorreram os seguintes fatos:

a) 05/JANEIRO – Pagamento dos salários constante no Balanço Patrimonial.

b) 15/MARÇO - Venda de 500 guitarras por R$ 1.490,00 cada. Nesta transação foi concedido um desconto de 4%. A cia recebeu 50% a vista e o saldo para receber proporcionalmente em 4 vezes: dupl. 084 - 15/MAIO / dupl. 085 - 31/DEZEMBRO / dupl. 086 - 31/JANEIRO/2010 e dupl. 087 - 01/MARÇO/2010.

c) 30/ABRIL - Descontado as seguintes duplicatas constante no Balanço Patrimonial, junto ao Banco EBS S/A, com juros de 5% a.m.

duplicata nº 082 – R$ 100.000,00 – vencimento – 30/05/2009

duplicata nº 083 – R$ 92.000,00 – vencimento – 30/05/2009

OBS: A duplicata 081 – R$ 4.400,00 está a 4 meses atrasada.

d) 30/ABRIL - Foi pago todo o valor devido aos fornecedores.

e) 30/MAIO - a empresa recebeu a duplicata vencida em 15/MAIO, com juros de 4% a.m.

f) 30/MAIO – O Banco emitiu aviso que as duplicatas descontadas foram liquidadas.

g) 15/JULHO – Após todas as tentativas legais, a duplicata 081 foi considerada incobrável, devendo assim proceder a sua baixa.

h) 31/DEZEMBRO – Provisão dos salários do período no valor de R$ 12.567,00

i) 31/DEZEMBRO – Constituição do complemento da PCLD a taxa de 3%.

ICMS/PIS/COFINS – não cumulativo – Vendas em São Paulo

IRPJ – 15% + 10% se houver adicional e CSLL – 9%

Efetuar o diário, DRE e Balanço Patrimonial do ano de 2009.

Exercício 2 - Utilizando o Balanço Patrimonial abaixo e sabendo-se que durante o mês de janeiro/2010, ocorreram os seguintes fatos:

a) 10/jan – Recebimento de 60% das duplicatas a receber constante no Balanço Patrimonial de 31/12/2009;

b) 15/jan - Venda a prazo de 64% do seu estoque por R$ 80.000,00. c) 20/jan - O Banco emitiu aviso que 46% das duplicatas descontadas foram liquidadas.

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 49

d) 31/jan - um de seus clientes entrou em falência, tornando uma de suas duplicatas incobrável, no valor de R$ 3.600,00.

ICMS/PIS/COFINS – não cumulativo – Vendas em São Paulo IRPJ – 15% + 10% se houver adicional e CSLL – 9% Efetuar o diário, DRE e Balanço Patrimonial do mês de janeiro/2011.

POWER S/A - BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31/12/2009 – em R$ (Reais)

ATIVO PASSIVO

Banco 61.000,00 Salários a Pagar 14.000,00

Duplicatas a Receber 120.000,00

Duplicatas Descontadas (24.000,00)

PCLD (3.000,00)

Estoque 40.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social 150.000,00

Reservas de Lucros 30.000,00

TOTAL 194.000,00 TOTAL 194.000,00

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Cálculo e Contabilização Folha de Pagamento e Encar gos Sociais

Folha de Pagamento de salários é um documento no qual são relacionados os nomes dos empregados da empresa com cargo, data de admissão, o valor bruto dos vencimentos, os descontos e adiantamentos e o valor líquido que cada um tem a receber.

A mais simples folha de pagamento possui: o valor bruto dos salários, o valor do desconto do INSS e o valor líquido que os empregados receberão. Para tanto, temos que conhecer as tabelas abaixo:

Salário de Contribuição do INSS - R$ (jul /2011) Alíquota para fins de Recolhimento do INSS (%)

até 1.107,52 8%

de 1.107,53 a 1.845,87 9%

de 1.845,88 a 3.691,74 11%

Teto de Contribuição do INSS R$ 406,09

Salário Família – jul /2011 R$ 29,43 para quem ganha até R$ 573,91 R$ 20,74 para quem ganha até R$ 862,60

Imposto de Re nda - base - abril /2011 Rendimento Alíquota Deduções Até R$ 1.566,61 isento - De R$ 1.566,62 a R$ 2.347,85 7,50% R$ 117,49 De R$ 2.347,86 a R$ 3.130,51 15% R$ 293,58 De R$ 3.130,52 a R$ 3.911,63 22,50% R$ 528,37 Acima R$ 3.911,63 27,50% R$ 723,95 Deduções para empregado assalariado : R$ 157,47 por dependente; pensão alimentícia paga por acordo judicial ou por escritura pública; contribuição à previdência social; R$ 1.566,61 por aposentadoria a quem já completou 65 anos de idade; contribuições à previdência privada.

Além dos salários dos empregados, o empregador precisa pagar também os encargos que incidem sobre a folha de salários, como o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e a parte patronal da contribuição da Previdência Social.

Vamos a um exemplo prático, A empresa contratou um empregado para o cargo de assistente contábil, no dia 01/julho/2011, por um salário de R$ 2.500,00, sem dependentes, devendo efetuar o pagamento líquido no dia 05/agosto/2011. Como calcular e contabilizar?

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 51

No mês de julho é contabilizado a provisão da folha de salários, da seguinte forma:

D – Despesas com salários 2.500,00 C – Salários a Pagar 2.500,00

Depois temos que efetuar os descontos, primeiramente da contribuição da Previdência Social. Neste caso, ficaria assim: R$ 2.500,00 x 11% (ver tabela) = R$ 275,00

D – Salários a Pagar 275,00 C – Contribuições de Previdência a Recolher 275,00 (passivo circulante)

Devido este empregado não possuir dependente e o valor ser acima do limite do salário família, não receberá este benefício, mas o valor pode ser passível de imposto de renda. Vamos ver? A base para o IRRF (imposto de renda retido na fonte) será R$ 2.500,00 – R$ 275,00 = R$ 2.225,00.

Pela tabela do imposto de renda, deve ser aplicado 7,5%. Qual será o valor a ser descontado?

R$ 2.225,00 x 7,5% = R$ 166,88 – R$ 117,49 (dedução que consta na tabela) = R$ 49,39 (valor a ser descontado. Vamos contabilizar!

D – Salários a Pagar 49,39 C – IRRF a Recolher 49,39 (passivo circulante)

Com esses lançamentos o empregado irá receber no mês seguinte o valor líquido de R$ 2.175,61

Após a contabilização da folha, a empresa precisa apropriar os encargos sociais, sendo eles a Previdência Social e o FGTS. Seguindo o nosso exemplo os valores seriam:

Previdência Social – parte da empresa – R$ 2.500,00 x 26,8% = R$ 670,00

FGTS – R$ 2.500,00 X 8% = R$ 200,00

D – Contribuições de Previdência 670,00 (despesa administrativa ou c/vendas) C – Contribuições de Previdência a Recolher 670,00 (passivo circulante)

D – FGTS 200,00 (despesa administrativa ou c/vendas) C – FGTS a Recolher 200,00 (passivo circulante)

Notas:

Os 26,8% devidos pela empresa sobre o total bruto da Folha de Pagamento para a Previdência Social tem o seguinte destino:

- para a própria Previdência Social ..............................20,0% - para o Seguro Acidente do Trabalho (SAT).................1,0% - para terceiros: Salário Educação...........................................................2,5% INCRA............................................................................0,2% SENAI/SENAC/SENAT…..............................................1,0% SESI/SESC/SEST.........................................................1,5% SEBRAE…………………........………………….......……0,6% Total……………………………...........…….………..….26,8%

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 52

A porcentagem destinada ao Seguro Acidente do Trabalho – SAT poderá ser de 1%, 2% ou 3%, conforme o risco de acidente do trabalho da atividade preponderante da empresa seja considerado leve, médio ou grave.

Os percentuais apresentados neste item relativos às retenções sobre a Folha de Pagamento e à parte patronal, podem ser freqüentemente alterados pela Previdência Social. Portanto, na vida prática, deve-se ficar atento a possíveis mudanças na legislação federal para efetuar os cálculos corretamente.

Utilizamos a conta de despesa correspondente, mas podemos utilizar a conta de encargos sociais.

Quanto a conta Contribuições de Previdência, pode-se utilizar a conta INSS.

Exercício de Fixação

Contabilizar a folha de salários de julho/2011, que será paga no mês seguinte, com os seguintes dados:

Empregados cargo salário dependentes

Kelly Silva Recepcionista R$ 1.200,00 não possui

Geane Oxford Gerente Financeira R$ 4.800,00 2

Contabilizar a folha de salários de agosto/2011, que será paga no mês seguinte, com os seguintes dados:

Empregados cargo salário dependentes

Carol Santos Auxiliar Contábil R$ 1.500,00 1

Mariana Xaiane Controller Senior R$ 8.500,00 não possui

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 53

Outros tipos de descontos - Adiantamento de Salário s

Normalmente as empresas concedem adiantamento de salários a seus empregados, correspondente a 40% do salário normal e efetua o desconto no momento do pagamento. Veja o exemplo: O empregado ganha R$ 1.960,00 por mês. A empresa paga os salários do dia 05 de cada mês e concede adiantamento salarial de 40% todo dia 20 de cada mês.

R$ 1.960,00 x 40% = R$ 784,00

Lançamento contábil no dia 20

D – Adiantamento de Salários 784,00 (Balanço Patrimonial – ativo circulante) C – Banco 784,00

No dia 30, contabiliza-se a folha e efetua a baixa do adiantamento de salário, debitando a conta salário a pagar.

Concessão de Vale Transporte

De acordo com a Lei nº 7.418, de 16/12/1985, todo trabalhador tem direito ao vale transporte, para se deslocar da residência para o trabalho e vice-versa.

O empregado que recebe o vale transporte colabora com o custeio de até 6% do seu salário com este benefício e a empresa arca com a diferença.

Veja o exemplo:

O empregado utiliza o total de 4 conduções por dia no percurso da residência para a empresa, tendo um custo mensal de R$ 235,40 para 22 dias úteis. O empregado ganha o valor mensal de R$ 1.000,00

A empresa adquire o vale transporte e contabiliza assim:

D – Adiantamento de Vale Transporte 235,40 (Ativo circulante) C – Banco 235,40 Na contabilização da folha (no final do mês), a empresa desconta o vale transporte e baixa o saldo para despesa: R$ 1.000,00 x 6% = R$ 60,00 D – Salários a Pagar 60,00 C – Adiantamento de Vale Transporte 60,00 D – Despesas c/ vale transporte 175,40 C – Adiantamento de Vale Transporte 175,40 Exercício de Fixação

Com base nos dados abaixo, contabilize: adiantamento de 40%, o vale transporte e a folha de salários de agosto/2011, que será paga no mês seguinte:

Empregados cargo salário dependentes vale tran sporte

Marina Santos Assistente Adm R$ 2.800,00 2 R$ 235,40

Gilberto Silva Office-boy R$ 1.000,00 não possui R$ 177,10

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 54

Cálculo e Contabilização Provisão de Férias e 13º S alário

Férias é sinônimo de descanso e é direito do empregado, que deve ser concedido anualmente pelo empregador, para o mesmo descansar, sem prejuízo da remuneração. (art. 129 – CLT – Consolidação das Leis do Trabalho).

Além das férias, o empregado tem o direito ao acréscimo de 1/3 do salário normal.

Se o empregador é obrigado a conceder férias aos seus empregados, estes valores devem ser provisionados mensalmente. E a Receita Federal deve aceitar esta provisão, conforme determina o artigo 337 do RIR/99:

“Art. 337. O contribuinte poderá deduzir, como cust o ou despesa operacional, em cada período de apuração, importância destinada a constituir provis ão para pagamento de remuneração correspondente a férias de seus empregados (Decreto -Lei nº 1.730, de 1979, art. 4º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso I). § 1º O limite do saldo da provisão será determinado com base na remuneração mensal do empregado e no número de dias de férias a que já ti ver direito na época do encerramento do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, art. 4º , § 1º). § 2º As importâncias pagas serão debitadas à provis ão, até o limite do valor provisionado (Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, art. 4º, § 2º). § 3º A provisão a que se refere este artigo contemp la a inclusão dos gastos incorridos com a remuneração de férias proporcionais e dos encargos sociais, cujo ônus cabe à empresa.”

Isto quer dizer que o empregador efetua a provisão proporcional mensal do valor que pagará ao empregado, e no momento da concessão das férias, efetua a sua baixa. Vamos ao exemplo:

O empregado entrou na empresa no dia 01 de agosto de 2011.

O seu salário mensal é de R$ 2.868,00

Vamos aos cálculos!

R$ 2.868,00 / 12 meses = R$ 239,00 = 1/12 e,

Mais 1/3 = R$ 239,00 / 3 = R$ 79,67

A provisão de férias será = R$ 239,00 + R$ 79,67 = R$ 318,67

Diário em 31 de agosto de 2011. D – Férias 318,67 (DRE – despesa administrativa/ ou Vendas) C – Provisão de Férias 318,67 (Balanço Patrimonial – passivo circulante) Além da provisão das férias, é preciso efetuar a provisão dos encargos sociais incidentes sobre as férias, que são: o INSS e o FGTS.

Previdência Social (INSS) – R$ 318,67 x 26,8% = R$ 85,40

FGTS – R$ 318,67 X 8% = R$ 25,49

D – Contribuições de Previdência 670,00 C – Provisão para Contribuições de Previdência s/ Férias 670,00 (passivo circulante) D – FGTS 25,49 C – Provisão para FGTS s/ Férias 25,49 (passivo circulante)

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 55

O 13º (décimo terceiro salário) também é um direito do trabalhador, na qual o empregado recebe um salário proporcional ao período que esteve à disposição do empregador durante o ano. Isto quer dizer que se o empregado entrou em 10 de setembro de 2011, terá direito neste ano a proporção de 4/12 do seu salário, a título de 13º salário.

Para fins de cálculos do valor de 13º salário, considera-se mês integral a fração igual ou superior a 15 dias trabalhados.

O 13º salário é pago em duas parcelas: a primeira por ocasião das férias, nos meses de fevereiro a 30 de novembro e a segunda parcela até o dia 20 de dezembro.

Assim como as férias, o 13º salário precisa ser provisionado, seguindo o princípio da competência. Essa despesa também é dedutível perante o fisco, conforme determina o artigo 338 do RIR/1999: “Art. 338. O contribuinte poderá deduzir, como cust o ou despesa operacional, em cada período de apuração, importância destinada a constituir provis ão para pagamento de remuneração correspondente ao 13º salário de seus empregados (L ei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso I). Parágrafo único. O valor a ser provisionado corresp onderá ao valor resultante da multiplicação de um doze avos da remuneração, acrescido dos encargos sociais cujo ônus cabe à empresa, pelo número de meses relativos ao período de apuração”. Exemplo: O empregado ganha R$ 3.600,00 por mês e a empresa precisa fazer a provisão de 1/12. Como fazer a provisão? Valor do salário (R$ 3.600,00) / 12 = R$ 300,00 (valor da provisão de 13º salário – mensal) O lançamento no diário será assim: D – 13º Salário 300,00 (DRE – despesa administrativa/ ou Vendas) C – Provisão para 13º Salário 300,00 (Balanço Patrimonial – passivo circulante) Além da provisão do 13º salário, também é preciso efetuar a provisão dos encargos sociais.

Previdência Social (INSS) – R$ 300,00 x 26,8% = R$ 80,40

FGTS – R$ 300,00 X 8% = R$ 24,00

D – Contribuições de Previdência 80,40 C – Provisão para Contribuições de Previdência s/ 13º Salário 80,40 (passivo circulante) D – FGTS 24,00 C – Provisão para FGTS s/ Férias 24,00 (passivo circulante) Exercício de Fixação

Com base nos dados abaixo, contabilize: as provisões de férias e 13º salário do mês de agosto/2011:

Empregados cargo salário

Marina Santos Assistente Adm R$ 2.800,00 Gilberto Silva Office-boy R$ 1.000,00 Geane Oxford Gerente Financeira R$ 4.800,00

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 56

BALANÇO PATRIMONIAL Conceito – é a demonstração contábil que apresenta, de forma qualitativa e quantitativa, a

composição dos bens, direitos, obrigações e a situação líquida da empresa em um determinado

momento. Costuma-se dizer que o Balanço Patrimonial é a fotografia tirada em uma data,

normalmente no dia 31 de dezembro.

Composição do Balanço Patrimonial – o balanço possui o ativo, passivo e a diferença entre ambos

será o patrimônio líquido.

Ativo – é o conjunto de bens e direitos de propriedade da entidade. São os itens positivos do

patrimônio, que trazem benefícios, proporcionam ganho para a entidade. Representa as

aplicações de recursos no patrimônio.

Passivo – são as obrigações exigíveis da entidade, ou seja, as dívidas que serão cobradas a

partir da data de seu vencimento, junto a terceiros, bem como os valores aplicados pelos

proprietários no negócio. Representa as origens de recursos no patrimônio.

Patrimônio Líquido – representa os recursos obtidos para aplicação no ativo proveniente dos

sócios. Representa a obrigação da entidade para com os sócios. A diferença entre bens e direitos

e as obrigações junto a terceiros, corresponde ao patrimônio líquido. Faz parte também do

patrimônio líquido o resultado apurado entre a receita e a despesa.

Finalidade do Balanço Patrimonial:

Demonstrar a situação econômica e financeira da empresa, fornecimento de dados para

planejamento futuro, auxiliar no controle, prestar contas aos sócios e sociedade, cumprir as

exigências de aspectos societários, comerciais e fiscais, entre outros.

Classificação básica do Balanço Patrimonial

A lei societária determina que no Ativo, as contas devem ser agrupadas em ordem decrescente de

grau de liquidez, sendo: Ativo Circulante, Ativo Não Circulante, composto por: Realizável a Longo

Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível.

No Passivo, as contas devem ser agrupadas em ordem decrescente de grau de exigibilidade,

sendo: Passivo Circulante, Passivo Não Circulante.

No Patrimônio Líquido as contas são: Capital Social, Reservas de Capital, as Reservas de Lucros,

Ajuste de Avaliação Patrimonial, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados.

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 57

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Conceito – é a demonstração contábil que apresenta, de forma objetiva as receitas e as

despesas da empresa durante um determinado período de uma forma dedutiva, evidenciando o

resultado econômico da cia.

As empresas devem seguir a lei societária, conforme modelo previsto no artigo 187:

Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;

II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro

bruto;

III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas

gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;

IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela

Lei nº 11.941, de 2009)

V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto;

VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo

na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de

empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de

2009)

VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em

moeda; e

b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas

receitas e rendimentos.

§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de

2007)

‘Professor EUCLIDES BEZERRA 58

Bibliografia

ARAÚJO, I. P. S. Introdução à Contabilidade. 13. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.

BORINELLI, M. L. PIMENTEL, R. C Curso de Contabilidade para Gestores, Analistas e Outros Profissionais. 1º Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010.

CASTILHO, E., et al. Introdução à Lógica Contábil. 1. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.

CHAGAS, G. Contabilidade Geral Simplificada. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.

Código Civil – 11ª edição - Editora Saraiva, 2005.

CF – Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial, 2009.

CTN – Código Tributário Nacional. 8. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – 29ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.

COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial. 12. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.

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