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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

Oportunidades de Negcio e Inovao no Concelho de Tavira

Equipa de Estudo(por ordem alfabtica) lvaro Cidrais Carlos Figueiredo Isabel Marques Natalino Martins

OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

NDICE

1. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO................................................................................................. 1 1.1. Inovao, Competitividade e Territrio .................................................................................................... 1 1.2. Relao Empresas/Territrios ..................................................................................................................... 4 1.3. A Perspectiva da Estratgia Regional ...................................................................................................... 5

2. MATRIZ TERRITORIAL ELEMENTOS DE DIAGNSTICO ............................................................ 9 2.1. Infra-estruturas e Equipamentos de Suporte Economia e de Acolhimento Empresarial ............10 2.2. Avaliao dos Investimentos e Projectos na rea da Economia ........................................................17 2.3. Inovao e Novas Actividades Resultados dos Programas de Apoio...........................................21 2.4. Recursos e Potencialidades/Oportunidades - um Diagnstico...........................................................23

3. DIAGNSTICO DA MATRIZ SOCIO-ECONMICA E ENVOLVENTE EMPRESARIAL ................... 29 3.1. Caracterizao do Tecido Empresarial Local/Regional e Dinmicas Empresariais ......................29 3.2. Dinmicas Demogrficas, Emprego vs. Desemprego e Formao Profissional...............................38 3.3. Ambiente do Conhecimento .......................................................................................................................50 3.4. Sntese de Casos de Estudo e Entrevistas a Entidades Locais/Regionais.........................................58

4. TAVIRA E AS NOVAS OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO ..................................... 71 4.1. Enquadramento Regional...........................................................................................................................71 4.2. Enquadramento Municipal .........................................................................................................................73 4.3. Oportunidades de Negcio e Inovao - Quadro Prospectivo.........................................................74 4.4. Identificao das Oportunidades de Negcio e Inovao.................................................................82

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5. OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO - PROPOSTA DE INTERVENO..................... 93 5.1. Princpios da Aco .....................................................................................................................................93 5.2. Linhas condutoras.........................................................................................................................................95 5.3. Modelo funcional .........................................................................................................................................98 5.4. Faseamento................................................................................................................................................ 101 5.5. Promoo dos Recursos e das Actividades Orientaes de Marketing territorial .................. 103

ANEXOS....................................................................................................................................... 115 ANEXO 1. N de Estabelecimentos, por Actividade Econmica (1995 e 2003) ...................................... 117 ANEXO 2. N de Pessoas Empregadas por Actividade Econmica (1995 e 2003) ............................... 119 ANEXO 3. Casos de Estudo ................................................................................................................................. 121 ANEXO 4. Instrumentos de Inquirio ................................................................................................................ 153

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1. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO 1.1. Inovao, Competitividade e Territrio A competitividade das economias tem hoje de estar estreitamente associada inovao, no podendo residir mais nos factores de custo (tipo baixos salrios), embora se deva ter presente que no basta ser inovador preciso tambm ser eficiente, isto , saber competir nos novos produtos promovendo a qualidade com custos competitivos. A inovao pode reportar-se a vrias dimenses e nveis. Deste modo a inovao pode ser de produto e/ou de processo, pode assentar na capacidade de apropriao de conhecimento produzido noutras instncias em tempo til de mercado, ou pode assentar na fileira completa que vai desde a produo integrada de conhecimento at sua incorporao em processos e ou produtos (o que se tem designado abreviadamente por I+D+I). Naturalmente que o preenchimento da fileira constitui uma maior garantia de antecipao na inovao e, por isso, de apropriao das funes mais nobres do processo produtivo, isto , aquelas que geram maior valor acrescentado e maior reproduo de capital de conhecimento e humano. As empresas constituem (ou deveriam constituir) o elemento mais importante de toda a fileira da inovao, pois so o tipo de organizao intrinsecamente vocacionada para a produo de bens e servios transaccionveis. H, no entanto, outros tipos de entidades que podem intervir no processo inovador a montante, na gerao de conhecimento e na sua transmisso para o tecido empresarial, mas que podem tambm constituir elemento essencial para a gerao ou captao das iniciativas empresariais que lhe do continuidade. A inovao, todavia, no depende apenas dos agentes acima referidos, nem incide exclusivamente sobre o mercado. Ela depende tambm dos factores de enquadramento/externalidades (no h agente inovador que resista a um ambiente hostil inovao ou, pelo menos um ambiente desse tipo desperdia recursos e energias dos agentes que querem inovar), que podemos integrar no que se designa por territrio, pois o espao geogrfico constitui a matriz em que se estabelecem os actores e as suas interdependncias. Tendo em vista a inovao poderamos dizer que o territrio constitudo por um conjunto de recursos e externalidades destinados s empresas. Entre esses recursos contam-se elementos, naturais e/ou construdos, de natureza fsica, infra-estrutural, demogrfica, estrutura1

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econmica, competncias de I&D, fiscalidade e incentivos, qualidade das interaces institucionais e territoriais (capital social) e aco dinamizadora das Administraes Pblicas. A inovao j no se limita apenas ao que constitui a substncia do processo produtivo com orientao mercantil, ela estende-se tambm interveno dos agentes cuja funo a de proverem as externalidades que permitem gerar um ambiente propcio inovao produtiva. A questo da inovao no pode, todavia, ser equacionada independentemente da escala das empresas e das instituies geradoras de conhecimento, e tambm da escala territorial. A inovao assenta hoje em processos de conhecimento muito mais complexos e, por isso, exigentes em massa crtica. Agindo em mercado aberto, a competitividade das empresas exige tambm escala mnima. A necessidade de rentabilizar os investimentos em inovao e de os tornar competitivos exige o aproveitamento de economias de escala. A promoo de externalidades exige dimenso territorial adequada aos respectivos custos, nomeadamente a dimenso em proximidade que nos remete para a aglomerao urbana e para a possibilidade de gerar e aproveitar economias de aglomerao. Sempre que a escala das empresas e/ou dos territrios no suficiente para prover a inovao competitiva, torna-se necessrio estabelecer redes que permitam atravs da cooperao estabelecer as escalas mnimas necessrias, promovendo-se assim as economias de rede cujo efeito, semelhana das economias de escala e de aglomerao, tambm o de proporcionar acrscimos de produtividade, rentabilizando os recursos empregues, e proporcionar condies para a penetrao nos mercados. Os territrios mais frgeis esto mais dependentes da (embora normalmente menos preparados para a) cooperao, mas, no contexto actual, mesmo as grandes organizaes empresariais e os territrios mais robustos necessitam do estabelecimento de redes de cooperao. Colocando-nos na perspectiva das Administraes Pblicas, que tm a responsabilidade de proporcionar condies de bem-estar s populaes dos territrios que administram, atravs da disponibilizao de bens pblicos, a questo da inovao e da competitividade remetenos para o mercado da captao de investimentos. Efectivamente um dos principais bens pblicos hoje, sem dvida, o do tal ambiente propcio inovao e na sua promoo cabe importante papel s Administraes Pblicas, em diversos domnios, incluindo o da2

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dinamizao do tecido econmico local e o da atraco de investidores externos. Quanto mais frgil for o tecido empresarial local, maior a necessidade de atrair investidores externos1 em condies de poder com a sua presena contribuir para o reforo dos factores endgenos. A atraco de investimento externo, como se referiu acima, constitui um mercado extremamente competitivo, quer entre pases, quer entre cidades e regies, e extremamente complexo, dada a multiplicidade de motivaes e de estratgias que orientam o chamado investimento mvel, isto , o investimento sem localizao pr-determinada e que, justamente, faz do processo de escolha da localizao um elemento activo da promoo da sua prpria competitividade. Neste contexto, o marketing territorial exercido pelas Administraes Pblicas aos vrios nveis territoriais procura promover o seu territrio como local atractivo gerador de externalidades para o investimento mvel. Mas tambm aqui h espao para a inovao. Efectivamente no basta promover territrio mostrando as suas vantagens, preciso oferecer territrio adaptando-o s necessidades especficas de cada projecto de investimento, de forma sustentada numa anlise de custo benefcio. A nvel local, que aquele em que nos situamos no presente trabalho, a oferta de territrio pressupe que, para alm do produto cidade (oferta dos elementos que correspondem s necessidades das empresas locais), se promova o produto servios agrupados (dinamizao de parcerias que necessrio estabelecer para promover a atractividade local) e o produto atributos do territrio (com o qual se processa a adaptao da oferta s necessidades do investidor externo, criando um quadro informativo e negocial capaz de concorrer com as outras ofertas de territrio). A necessidade de actuao em rede, envolvendo instituies de diversos nveis territoriais e diferentes territrios do mesmo nvel, torna-se tanto mais evidente quanto mais se quiser avanar na tripla noo de interveno acima referida. neste quadro de pensamento que procuraremos avaliar o territrio de Tavira e equacionar as potencialidades de negcio e os quadros de interveno municipal na promoo e oferta do seu territrio.

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Externos ao concelho, podendo provir de outros pontos do pas ou do estrangeiro.3

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1.2. Relao Empresas/Territrios A relao das empresas com os territrios tende a ser cada vez mais fluida e reversvel, o que, naturalmente, cria uma contradio clara com os efeitos de aglomerao que so baseados nas dinmicas das redes mundiais de produo e das infra-estruturas dinamizadas pelos poderes pblicos; e parece ganhar relevo, como forma de gerao de ganhos na valorizao econmica das regies, a forte aposta na criao de sinergias entre instituies locais e infra-estruturas. Assim, o que importa estruturar so as formas de articulao entre uma dinmica de base voluntarista rentabilizando as novas infra-estruturas que sustentam um apoio horizontal s iniciativas de base empresarial e a aco, com base no mercado local e global, que pode determinar o investimento em empresas e entidades de forte vocao inovatria capazes de mudar o contexto e a trajectria econmica dos meios locais. Em sntese, importa fundamentalmente perspectivar os elementos que podem fornecer tanto uma leitura de sentido estratgico das dinmicas centradas na inovao e no conhecimento de base empresarial, como os elementos de incentivo ao investimento resultantes das regras formais e informais de construo social dos mercados regionais. Uma leitura ao nvel dos estmulos ao investimento, do contedo concreto dos mercados de trabalho, do cruzamento entre a dinmica das organizaes produtivas e das instituies, e ao nvel da articulao entre o ensino formal de base regional e a integrao em redes globalizadas de conhecimento e produo de valor. As abordagens mais recentes do desenvolvimento regional tendem a valorizar a concentrao de recursos de investimento nos sistemas de inovao em sentido lato, associando a afirmao competitiva dos territrios existncia de um conjunto de elementos dinmicos onde avultam: os centros de competncia ligados Universidade; as unidades de I&D e de C&T; a oferta de servios em matria de consultoria, de solues de gesto e outras de apoio s empresas; e os dispositivos para incubao de novas iniciativas empresariais.4

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Com maior ou menor diversidade, dinamismo e capacidade de produzir resultados, uma boa parte das regies portuguesas dispe hoje destes argumentos locativos e competitivos e o Algarve participa desse movimento desde h alguns anos a esta parte. A questo que frequentemente se coloca consiste em conhecer os nveis de eficcia e eficincia dos sistemas (ou recursos) de inovao regional na resposta s necessidades do tecido empresarial e das organizaes ou mesmo na criao de uma procura que valorize as capacidades latentes nos meios de inovao em actividade, especialmente a partir das Universidades. Estas consideraes sugerem a necessidade de equacionar uma actuao concertada dos diversos actores regionais (pblicos, associativos e privados) no sentido de potenciar a utilizao dos recursos de excelncia disponveis e de colmatar as insuficincias existentes.

1.3. A Perspectiva da Estratgia Regional A competitividade a palavra chave em torno da qual se est a construir a Estratgia de Desenvolvimento para o Algarve 2007-2013, no sentido de dotar a regio algarvia das condies de sucesso necessrias para progredir no quadro de uma economia crescentemente globalizada e concorrencial, e consequentemente garantir a criao de riqueza e empregos preservando a coeso social. O reforo da competitividade estrutura-se em redor de 6 vertentes, tal como explicitadas nos documentos de preparao da referida estratgia2: um maior dinamismo e inovao empresarial; uma aposta em recursos humanos mais qualificados e com capacidade de adaptao a um Mundo em permanente mutao; um reforo da capacidade de produo de conhecimento comercializvel nas entidades do sistema cientfico regional e nas prprias empresas, bem como o estabelecimento de interfaces para facilitar a endogeneizao pelo tecido empresarial dos resultados da investigao regional;base em: Algarve 2007-2013 QREN Contributo Regional para Quadro de Referncia Estratgica Nacional Estratgia para o desenvolvimento (documento de trabalho Maro 2006).52Com

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um espao territorialmente mais ordenado, com uma rede urbana devidamente estruturada, e dotado de bons equipamentos e infra-estruturas capazes de viabilizar um processo de desenvolvimento muito dependente das comunicaes e da qualidade de vida; a preservao e valorizao dos recursos naturais e ambientais, atingindo indicadores de excelncia que permitam sustentar a prazo a tradicional especializao regional no sector do turismo; uma administrao pblica, tanto central como local, mais eficiente, enquadradora e facilitadora do desenvolvimento econmico e social, capaz designadamente de minorar os actuais custos de contexto para os agentes econmicos

Trata-se, pois, de uma Estratgia que aposta declaradamente numa crescente abertura e adaptao inovao do tecido produtivo regional, e que aponta para a necessidade de criao e consolidao de clusters territoriais de empresas que estimulem a produtividade e o empreendedorismo, que facilitem a introduo e circulao de conhecimento, e que induzam o processo de transio para um novo paradigma de desenvolvimento regional, onde o sector nuclear na regio o turismo - ver reforada a sua relevncia, a par de uma redefinio de prioridades no sentido de promover uma economia regional mais diversificada e sustentada, com forte base tecnolgica3. Este desafio s ser alcanado se se conseguir efectivar de forma inequvoca i) uma melhoria das qualificaes e competncias dos recursos humanos ii) a mobilizao das entidades regionais e supra-nacionais enquanto agentes de desenvolvimento que criam as condies de base (materiais e imateriais) para o bom funcionamento da actividade empresarial iii) um envolvimento de todos os espaos sub-regionais no processo de desenvolvimento valorizando as suas potencialidades prprias.

base em: Algarve 2007-2013 QREN Contributo Regional para Quadro de Referncia Estratgica Nacional Estratgia para o desenvolvimento (documento de trabalho Maro 2006).

3Com

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Deste modo, importa estruturar e promover, a partir da iniciativa municipal ou em parceria com entidades-chave, uma base logstica para o acolhimento e apoio a empresas com um perfil indiscutivelmente indutor de inovao e modernizao produtiva do tecido empresarial que contribua igualmente para a afirmao de uma imagem de qualidade e competitividade do Algarve, na Europa e no Mundo. Tal poder permitir criar dinmicas de alterao estrutural no padro de ordenamento do territrio, as quais se constituem como um dos elementos centrais para que os municpios garantam condies de insero competitiva nos mercados globais.

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2. MATRIZ TERRITORIAL ELEMENTOS DE DIAGNSTICO A captao de investimentos e a atraco/transferncia do conhecimento, pressupe um conjunto de respostas aos requisitos-tipo exigidos pelo meio empresarial e pelas unidades de I&D. No plano das condies materiais, esto a prpria localizao do concelho e a identificao de zonas geogrficas com caractersticas e potenciais especficos, bem como a disponibilidade de um conjunto de infra-estruturas modernas articuladas de modo coerente, o que constitui uma matriz directa e visvel para o acolhimento de iniciativas econmicas de cariz inovador e qualificado. Podem colocar-se neste particular as reas de localizao empresarial (cujo entendimento do modo e necessidade de desenvolvimento econmico francamente mais preciso e ajustado que os tradicionais espaos industriais), os parques de feiras e exposies (que, no entanto, exigem no s um cuidado especial na sua concepo, mas tambm uma agilidade e criatividade na sua promoo/gesto), as infra-estruturas bsicas ligadas ao fornecimento de gua e energia e ao processamento de resduos (recolha, reciclagem e outras formas de tratamento que permitem a minimizao de impactos ambientais) e tambm, e sobretudo, as de comunicao e transferncia de imagens e dados. Finalmente, referncia ainda para as acessibilidades fsicas j que a localizao geogrfica poder ser potenciada ou prejudicada pela capacidade do territrio se relacionar com os espaos envolventes. O caso de Tavira especialmente interessante porque a matriz de acessibilidades permite equacionar a aproximao a centros econmicos e do saber e a ns de articulao externa situados em Faro mas tambm em Huelva e Sevilha. No plano das condies imateriais, existem aspectos que no tendo expresso fsica ou imediata no deixam de pesar nas decises de investimento ou de localizao de actividades. Este ser naturalmente um campo a explorar para Tavira no plano da criao de um ambiente geral propcio atraco e fixao de recursos humanos, capital e conhecimento. Tornam-se ento importantes, entre outros, os investimentos realizados na recuperao e na valorizao patrimonial e cultural, tornando a cidade e o concelho espao aprazveis dos pontos de vista profissional, residencial e cultural/recreativo:9

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para a fixao e atraco de recursos humanos qualificados e criativos, e de investidores; e, para a atraco de turistas e de excursionistas mais exigentes e com maior poder de despesa.

2.1. Infra-estruturas e Equipamentos de Suporte Economia e de Acolhimento Empresarial O concelho de Tavira, e especialmente a prpria cidade de Tavira, tem uma localizao que se pode considerar promissora tendo em conta que est bem posicionada perante a Via do Infante e em posio intermdia entre o aeroporto de Faro e a fronteira com a Espanha. A sua localizao confere-lhe, assim, boa acessibilidade rede rodoviria fundamental do pas e de Espanha, com benefcio da proximidade de Huelva e de Sevilha. A proximidade ao aeroporto de Faro d-lhe vantagem em termos de acessibilidade internacional (1 a 3 horas de voo em relao aos emissores tursticos do Centro e Norte da Europa). Tambm no ser desprezvel a disponibilidade futura da base de Beja como aeroporto para usos civis, tendo em conta a acessibilidade facultada pelo IP2, a qual poder proporcionar um n de ligaes internacionais para transporte de mercadorias e para voos low cost, o que oferece possibilidades em termos de agricultura de especialidades nas zonas interiores do concelho e tambm em termos de acessibilidade turstica. De igual modo, as intenes espanholas de construo de um aeroporto entre Huelva e Ayamonte, a concretizarem-se, podero a prazo abrir a Tavira uma nova porta de ligao Europa, aumentando a sua atractividade nomeadamente nos mercados emissores de turismo regionais mais excntricos em relao s rotas de ligao s cidades capitais e de escala europeia e mundial. Em termos ferrovirios a sua localizao relativamente perifrica, pois a via no est electrificada e ainda de cantonamento telefnico, ao contrrio da ligao a Lagos que, embora no sendo tambm electrificada, apresenta j um sistema de cantonamento centralizado o que lhe confere maior segurana e fluidez. Embora o cantonamento centralizado esteja j previsto no plano de mdio prazo da REFER, a actual linha no dever

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servir para mais do que para as ligaes intra-regionais, nas quais alis tem j peso significativo ao nvel das deslocaes laborais pendulares. A possibilidade de a longo prazo se vir a implantar uma rede de tram-trains4 ligando a via frrea actual aos principais destinos tursticos do Algarve, poder oferecer algumas oportunidades a Tavira para a promoo do turismo patrimonial e cultural, no sentido em que facilita as acessibilidades entre a cidade e esses destinos. Certamente que a ruptura de linha entre o Algarve e Espanha, a manter-se, constituir um handicap para a capitalizao do eventual aeroporto de Huelva/Ayamonte, embora nos parea que nesse caso seja tambm do prprio interesse espanhol eliminar essa ruptura. Do ponto de vista da ocupao do espao, dos recursos para o desenvolvimento e das diferentes dinmicas populacionais e econmicas, possvel identificar trs grandes zonas no concelho de Tavira (Figura 1), embora as fronteiras entre o que adiante se designa por frente atlntica e zona rural se possam considerar fluidas no sentido em que h interpenetrao de caractersticas5: a cidade de Tavira, que abrange parcialmente as freguesias de Santiago e de Santa Maria, com densidade populacional igual a 990,4 habitantes e densidade de alojamentos igual a 567,5, para respectivamente 41,1 e 27,5 na mdia de Tavira; a frente atlntica, que abrange espaos das freguesias de Luz, Santa Luzia, Santiago, Santa Maria e Cabanas, com densidades populacionais correspondendo a 3 a 5 vezes a mdia do concelho; e, a zona rural, que abrange principalmente as freguesias de Cachopo, Santa Catarina, Santa Maria, Conceio e Santo Estvo, com densidades populacionais muito inferiores mdia do concelho.

4 Elctricos rpidos concebidos para circularem nas linhas especficas e nas linhas de caminho de ferro convencionais. 5 Nomeadamente no que se reporta ao exerccio da actividade agrcola, por via da zona de regadio, o que, como veremos adiante, se reflecte na procura de apoios do programa AGRO.

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Figura 1. As trs grandes zonas do concelho de Tavira

Cachopo

Espao rural

TaviraSanta Maria (T) Santa Catarin a da Fonte do Bispo Conceio (T ) Cabanas de T avira

Santo Estevo (T)

Cidade

Santiago Santa Luzia Luz (T)

Frente atlntica

A cidade corresponde a uma pequena parcela do territrio do concelho, situada no litoral, e nos espaos sub-urbanos adjacentes regista-se uma forte incidncia da residncia secundria. Assim, globalmente no concelho e segundo o Censo de 2001, 34% dos alojamentos (5644) eram de uso sazonal/secundrio, percentagem que na freguesia de Cabanas ascende a 70,8% (1141 alojamentos), na de Santa Luzia 60,5% (932 alojamentos), na de Conceio 35,2% (411 alojamentos) e nas freguesias que parcialmente abrangem a cidade atinge os seguintes valores - Santa Maria 30,3% (1269 alojamentos) e Santiago 24,4% (738 alojamentos).

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em duas destas freguesias que o parque edificado mais recente: Cabanas (80% dos edifcios so posteriores a 1971) e Santa Luzia (62%). Mas tambm numa freguesia mais rural, como Santo Estvo, aquela percentagem se eleva a 57%, o que aponta para alguma complexidade do processo de povoamento do concelho, se tivermos em conta que o grande surto turstico do Algarve se deu exactamente a partir dos anos 60/70. A especulao urbana poder ter alguma importncia na cidade de Tavira e na frente atlntica. No conjunto das duas freguesias que abrangem a cidade situavam-se, em 2001, 676 dos 1700 alojamentos vagos registados no concelho, o que corresponde no entanto a taxas de incidncia ao nvel da mdia do concelho (que era de 10,3%) ou abaixo dessa mdia (no caso de Santiago, 7,2%). Simultaneamente a freguesia da Luz apresentava uma taxa de incidncia de alojamentos devolutos superior mdia do concelho 13,2%, correspondendo a 286 unidades, e uma taxa de residncias secundrias 22,6%, muito inferior mdia do concelho (34,2%). No entanto, a sua incidncia aponta tambm para o despovoamento do espao rural, que se reflecte, para alm da freguesia de Santa Maria, nas freguesias da Conceio e Santa Catarina que apresentam tambm incidncias dos alojamentos vagos superiores mdia (respectivamente 18,9 % e 20%) correspondendo, no seu conjunto, a 475 unidades. Facto curioso o de, conjugando os dados relativos a alojamentos vagos e segundas habitaes, correspondendo ambos a alojamentos no ocupados por residentes, se verificar que so complementares no sentido em que onde a taxa de incidncia dos alojamentos vagos inferior mdia maior a taxa de incidncia das segundas habitaes e vice-versa. Sugere-se assim que, exceptuando o caso da cidade, os processos de despovoamento e secundarizao da habitao no territrio do concelho so paralelos e desenrolaram-se a ritmos desiguais, havendo aparentemente bolsas de expectativa fundiria, de que a freguesia da Luz parece ser a mais evidente. semelhana do que se passa em geral no Algarve, Tavira um concelho em processo acelerado de urbanizao (a populao da cidade cresceu 17,8% entre 1991 e 2001, comparativamente a um crescimento de apenas 0,6% no concelho) assente na deslocao de populao rural mas tambm e, talvez sobretudo, na entrada de migrantes de outras zonas do pas e do estrangeiro (ver ponto 3.2. do presente Estudo).

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Em termos de infra-estruturas bsicas de nvel concelhio, Tavira apresentava j em 2001 nveis de atendimento elevados (quase 100% na electricidade, e 90% na gua e esgotos, sendo na recolha de resduos slidos que se atingiam nveis de atendimento claramente insatisfatrios apenas 60%). Todavia, apontam-se deficincias de nvel qualitativo, nomeadamente na estabilidade do fornecimento de energia elctrica. Sendo 2/3 do concelho considerados rea no urbana6, dos quais parte importante ocupada pela REN e, em menor escala pela RAN, e tendo-se verificado aqui, at ao momento, uma menor presso urbanstica que nos restantes concelhos litorais do Algarve, o concelho de Tavira dispe ainda de territrio para aproveitamento turstico com salvaguarda dos elementos diferenciadores da regio, que outros concelhos j perderam. A valia arquitectnica e histrica da cidade constitui um potencial que, j hoje, explica que o turismo tavirense seja menos massificado do que no conjunto do Algarve, e de estratos de rendimento e de formao superiores, embora ainda predominantemente de origem nacional. Naturalmente que para esta diferenciao do fluxo turstico contribui tambm a dotao da cidade com equipamentos culturais e desportivos, e a realizao de eventos nessas reas a que a Cmara Municipal tem vindo a dedicar crescentes esforos e iniciativa. assim que o PITER de Tavira, j aprovado, d grande relevncia aos projectos de recuperao e utilizao de elementos patrimoniais como espao prioritrio de interveno municipal, cabendo ao sector privado o alargamento e diversificao da oferta hoteleira, incluindo na zona do Barrocal e Serra, e a dinamizao de actividades correlacionadas, como a requalificao do comrcio local e os servios de suporte ao turismo. Num esforo de diversificao do produto turstico e das respectivas reas geogrficas de incidncia, o PDM previa a implementao de 5 reas de aptido turstica fora do litoral, com as quais se pretendia conjugar escala de oferta (exige-se uma rea de interveno mnima de 25 hectares para cada empreendimento, conjunto ou aldeamento turstico) com preservao territorial. Aparentemente, apenas uma destas reas foi aprovada, podendo a explicao da dificuldade de concretizao das restantes residir na rea mnima exigida e na fragmentao da propriedade que dificulta a aquisio dos terrenos em contiguidade.

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Segundo o PDM de 1997, apenas 0,9% era rea construda.

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O Plano Estratgico de Tavira aprovado em 2003, apresentava os seguintes projectos como estruturantes: Instalao de um Hospital no Concelho. Construo da Barragem do Alportel. Implementao de estabelecimento(s) de Ensino Superior. Concluso do processo de restaurao do Palcio da Galeria. Construo do Porto de Recreio. Remodelao do Cine Teatro/Auditrio Municipal. Construo do Porto de Pesca de Tavira. Instalao de um Hotel no Quartel da Atalaia. Construo e desenvolvimento de Parques Empresariais no Concelho. Desenvolvimento de 2 campos de golfe na Cumeada. Aumento da oferta hoteleira no concelho, atravs do desenvolvimento de diversos hotis (e.g. Cumeada, Benamor, Balsense, Tavipesca). Construo de um complexo desportivo integrado em Tavira, designadamente atravs da modernizao do Estdio Municipal. Alguns destes projectos esto consignados no PITER7, e parte substancial, sobretudo a que radica em investimentos a realizar pela Cmara Municipal de Tavira, tem a sua concretizao dificultada no curto e mdio prazo devido aos reflexos da conteno oramental nacional no oramento municipal. A sua viabilidade poder, assim, depender de novas solues de financiamento, nomeadamente as que venha a ser contempladas na estrutura de Medidas e Linhas de Aco do futuro Programa Operacional da Regio do Algarve (financiamento FEDER), a vigorar no perodo de 2007-2013.

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Construo do Centro de Arte Contempornea, junto ao Palcio da Galeria, e Adaptao do Frum Tavira.15

OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

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No actual contexto, em que se tende a substituir o adensamento das redes de bens pblicos seguido no passado, pela privatizao e pelo aumento da mobilidade, a implementao de um estabelecimento de ensino superior, bem como a construo de um hospital no concelho apresentam algumas dificuldades que, todavia, podero ser ultrapassadas pela atraco de investimento privado. Um empreendimento do ltimo tipo justifica-se, com investimento privado, no quadro de uma estratgia de aposta no turismo residencial de terceira idade passvel de viabilizar com o envolvimento de um grande grupo empresarial, nomeadamente internacional, e preferencialmente num quadro de cooperao com municpios vizinhos. Esto tambm em implementao o Parque Industrial de Santa Margarida e o Parque de Exposies de Tavira. O primeiro projecto importante como instrumento de ordenamento do territrio e tambm como espao de atraco empresarial, embora nos parea que para este ltimo objectivo no condio suficiente, exigindo por isso uma estratgia activa e orientada de captao de investimento e de capacidade empreendedora. E fundamental que seja capaz de polarizar intenes de investimento que se traduzam em elementos de diversificao e modernizao produtiva do concelho. A segunda infra-estrutura, podendo tambm ter utilidade como instrumento de ordenamento do territrio, na medida em que constituir uma nova centralidade, e de melhoria de condies de realizao das feiras actuais. Pode constituir, partida, um espao relevante para a realizao de eventos, garantindo uma complementaridade da oferta de espaos de espectculos e de animao para a cidade. Neste sentido, a gesto da oferta cultural, exposicional e recreativa dever ser integrada com a oferta de animao no ncleo urbano central. Merece ainda destaque a iniciativa que a AGETAV (Agncia de Desenvolvimento de Tavira) est a promover em parceria com a ANJE e que se traduz na criao de um ninho de empresas Centro de Incubao Tecnolgica e Ambiental. Trata-se de um projecto que se dirige a empresas a criar ou recm-criadas, designadamente da rea tecnolgica ou ambiental. Visa apoiar cerca de 30 empresas. Fisicamente ficar num edifcio de raiz localizado na cidade de Tavira e prev-se que, em 2007, existam j algumas empresas a funcionar neste ninho de empresas (no espao definitivo ou noutro se for necessrio).

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2.2. Avaliao dos Investimentos e Projectos na rea da Economia Pelo quadro 1 pode verificar-se que Tavira apresentou 50 candidaturas a 6 dos sistemas de incentivo do PRIME, com um valor de investimento total da ordem dos 49 milhes de euros, embora no caso do SIME duas das candidaturas se reportem simultaneamente a outros concelhos de dentro e de fora do Algarve8. Em nmero de projectos o sistema mais recorrido em Tavira foi o URBCOM, mas o sistema com maior valor de investimento foram as Pousadas histricas com os trs projectos apresentados pela ENATUR.Quadro 1. Sistemas de Incentivos do PRIME com Projectos Aprovados em Tavira (Situao em 12/06/06)Investimento total (mil ) SIVETUR 1 4.322,7 URBCOM 26 3.214,8 SIPIE 12 972,5 SIME* 5 5.559,5 PIFC 1 136,9 Pousadas histricas 3 12.189,0 MAPE 2 261,7 TOTAL 50 49.196,0 * 2 das candidaturas reportam-se simultaneamente a outros concelhos e a outras regies Sistema N de projectos Fonte: www.prime.min-economia.pt

Genericamente (ver quadro 2) poderemos dizer que, nos sistemas de incentivos vocacionados para projectos de pequena dimenso SIPIE e PIFC, Tavira apresenta nveis de aprovao ao nvel da mdia Algarve, o que poderemos verificar analisando quer as capitaes de investimento, quer os valores mdios de investimento por projecto. No entanto, no caso do URBCOM, Tavira apresenta capitaes e nveis mdios de investimento superiores s mdias do Algarve, embora em grande medida devido a um grande projecto apresentado pela Cmara Municipal de Tavira. Os projectos privados aprovados por este sistema so de dimenso mdia de investimento inferior mdia do Algarve. No SIVETUR,

Trata-se das candidaturas apresentadas por Vila da Gal, Sociedade de Empreendimentos Tursticos, SA, embora o principal projecto (correspondendo a 54% do investimento total dos 3 projectos apresentados por aquela empresa) se situe apenas em Tavira.8

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Tavira apresentou apenas um projecto de dimenso mdia inferior mdia dos 13 projectos apresentados no Algarve. J no caso do SIME, os projectos reportados a Tavira, embora correspondam apenas a 5 projectos em 38 apresentados no Algarve e, como vimos, 2 daqueles projectos incidam em diversos concelhos, graas a apenas um dos projectos, a que fizemos j referncia, a incidncia mdia deste sistema em Tavira, em termos do volume de investimento, superior mdia algarvia.Quadro 2. Incidncia Comparativa dos Sistemas de Incentivos do PRIME em Tavira e no Algarve (Situao em 12/06/06)Tavira Algarve Investim. Investim. Investim. Investim. Sistema N de por mil N de por mil mdio mdio projectos projectos hab. hab. (mil ) (mil ) (mil ) (mil ) SIVETUR 1 172,9 4.322,7 13 202,4 6.152,7 URBCOM 26 128,6 123,6 166 42,8 101,9 SIPIE 12 38,9 81,0 173 38,7 88,3 SIME* 5 1.124,1 5.619,7 38 535,0 5.564,5 PIFC 1 5,5 136,9 6 2,0 128,8 Pousadas histricas 3 487,6 4063,0 4 34,2 3.383,5 MAPE 2 10,5 130,9 24 138,7 2.283,7 * 2 das candidaturas reportam-se simultaneamente a outros concelhos e a outras regies Fonte: www.prime.min-economia.pt

Saliente-se, no entanto, que no caso do SIPIE e do SIME h um excessivo peso dos investimentos virados para a hotelaria/restaurao e para outras actividades muito relacionadas com o turismo. Assim, no caso do SIME todos os projectos so do domnio da hotelaria, excepto um pequeno projecto relativo a actividades recreativas. No caso dos 12 projectos aprovados pelo SIPIE, 3 reportam-se restaurao (32% do investimento), 3 reportam-se construo (26% do investimento), e 2 reportam-se produo de materiais de construo (27% do investimento). No caso do URBCOM, dos 25 projectos aprovados relativos a investidores privados, apenas 2 no correspondem a actividades comerciais ou de restaurao que abrangem 51% do investimento total e 75% do investimento privado, embora neste caso, tais resultados sejam

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tambm uma consequncia da prpria natureza do sistema de incentivos e dos respectivos critrios de elegibilidade. Em suma, poderemos afirmar que os sistemas de incentivo do PRIME reproduzem o padro de actividades dominantes em Tavira, muito centradas no turismo e mercado local, no se podendo encontrar um nico projecto portador de inovao diversificante do tecido produtivo local. Saliente-se, ainda, o facto de Tavira no apresentar projectos aprovados em sistemas de incentivo com forte orientao para a inovao, como o SIUPI, QUADROS, IDEIA, Formao Profissional e Infra-estruturas energticas, em que no Algarve h projectos aprovados. No caso do MAPE (Medida de apoio ao aproveitamento do potencial energtico e racionalizao dos consumos), saliente-se tambm que a Cmara Municipal de Tavira viu aprovados 2 projectos em 24 aprovados no Algarve, embora de pequena dimenso comparativamente mdia dos projectos aprovados no Algarve (quadro 2).Quadro 3. Procura da Medida1 do Programa AGRO EurosFreguesias Luz Santo Estevo Conceio Santiago Tavira Santa Maria Tavira Santa Catarina F. Bispo Cachopo Santa Luzia Tavira Jovens Outros Totais N Investimento N Investimento N Investimento projectos aprovado projectos aprovado projectos aprovado 5 225467 31 2882350 36 3107817 5 475997 21 1468756 26 1944753 1 105022 15 1066332 16 1171354 5 190311 11 664659,8 16 854971 1 73465 14 962273,1 15 1035738 1 421768 8 634006,1 9 1055774 5 246077 2 35874,3 7 281952 2 68958 1 34362,56 3 103320 25 1807066 103 7748613 128 9555679 Fonte: IFADAP

Pelo Quadro 3, podemos verificar que a Medida 1 do Programa AGRO tem maior incidncia nas freguesias de Luz e de Santo Estvo, onde se implantam 62 dos 128 projectos apresentados e 5 dos 9,6 milhes de euros de investimento aprovado, o que mostra a importncia agrcola de parte da Frente atlntica e da zona de transio entre esta frente e19

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a zona rural do concelho. Esta observao sublinhada pela importncia que as freguesias da Conceio, de Santiago e de Santa Maria tm no acesso a este programa, que leva a que ao todo 109 projectos, correspondentes a 8 milhes de euros de investimento, se situem naquelas duas zonas. Isto , as freguesias de maior dependncia rural (Cachopo e Santa Catarina) apenas cobrem 16 projectos e 1,3 milhes de euros de investimento. Mesmo com a impreciso analtica resultante da impossibilidade de localizao dos projectos relativos a Santa Maria nas zonas mais predominantemente rurais ou de transio, se considerarmos que o recurso ao AGRO constitui um indicador fidedigno do dinamismo agrcola, poderemos concluir que este se situa nas zonas do concelho onde a conflitualidade de usos agrcolas e urbanos do territrio mais importante, quer actualmente, quer futuramente com as possibilidades de expanso do espao concelhio de implantao turstica. Quanto medida AGRIS do ProAlgarve, o Municpio de Tavira obteve a aprovao de 12 candidaturas no valor de aproximadamente 1,2 milhes de euros s quais correspondeu um apoio de cerca de um 1 milho euros, sendo que no mbito empresarial apenas se registou no concelho de Tavira um apoio financeiro de cerca de 59 mil euros9 Cooperativa Agrcola dos Produtores de Azeite de Santa Catarina, no quadro de um investimento total que ascendeu a mais de 44 mil euros, o que revela a fraca incidncia desta medida no no meio empresarial do concelho. A adeso iniciativa comunitria LEADER + com origem em entidades beneficirias do concelho de Tavira traduziu-se, por seu turno, em 24 candidaturas aprovadas at ao momento, envolvendo um apoio total de 305,787 mil euros (dos quais 243,200 j foram recebidos pelos respectivos beneficirios) correspondente a um investimento aprovado de 562,224 mil euros. Cerca de 50% deste investimento resulta de iniciativa de particulares (19% do qual efectuado pelo Observatrio Astronmico de Tavira), sendo o restante imputado a outras entidades de entre as quais se destaca a Cmara Municipal de Tavira com projectos envolvendo cerca de 29% do total do investimento aprovado. Refira-se tambm o caso do FAMA, sistema de crdito bonificado ao investimento, titulado pela Cmara Municipal de Tavira e por uma instituio bancria, que ficou aqum das expectativas, j que apenas um projecto foi contemplado.9

Dados fornecidos pela DRAALG.

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2.3. Inovao e Novas Actividades Resultados dos Programas de Apoio Vimos na seco anterior que Tavira no teve projectos aprovados nos sistemas de incentivo do PRIME mais orientados para a inovao, mesmo nos casos em que outros concelhos do Algarve os tiveram. Interessa nesta seco debruar-nos sobre o INOVALGARVE por se tratar de um sistema especificamente orientado para a inovao e, por isso, financiado a nvel europeu pelas Aces Inovadoras correspondentes, at ao actual perodo de programao, 3 vertente das Aces Estruturais comunitrias, a par dos Programas de Iniciativa Nacional (QCA e DOCUP) e dos Programas de Iniciativa Comunitria. O INOVALGARVE, iniciado em 2003, abrangeu 6 aces em que foram aprovados 17 projectos, com um valor total de 3,6 milhes de euros de investimento, e envolveu nalguns casos instituies no algarvias. As 6 aces foram as seguintes: Promover e dinamizar um centro regional de inovao (aprovados dois projectos, no valor global de 837 mil euros); Fomentar a insero dos agentes regionais em plataformas internacionais (aprovado 1 projecto no valor de 127 mil euros); Fomentar as energias renovveis e as novas tecnologias para a construo (aprovados 5 projectos, no valor total de 653 mil euros); Promover e valorizar a cadeia agro-alimentar (aprovados 2 projectos no valor de 350 mil euros); Valorizar, desenvolver, densificar e diversificar a fileira do turismo (aprovados 4 projectos no valor total de 852 mil euros); e, Desenvolver a animao e o patrimnio cultural (aprovados 3 projectos, no valor total de 828 mil euros).

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A Benamor, S.A. participou neste programa com um projecto de Apoio certificao ambiental de campos de golfe no Algarve, apresentado em parceria com a Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Algarve, projecto que se afigura interessante para Tavira e para o Algarve em geral, tendo em conta a importncia que o golfe tem vindo a assumir no turismo algarvio e a necessidade de minimizar os impactos ambientais desta actividade turstica desportiva, como garante da sua sustentabilidade. Este programa teve uma avaliao independente globalmente positiva, assente em quatro domnios principais, que se apresentam seguidamente de forma sinttica, e que se nos afigura importante salientar pelo seu poder demonstrativo de boas prticas. A concepo/programao, pela sua orientao para domnios estratgicos para a economia algarvia actuais e com potencial futuro (energias renovveis), e que teve um impacto efectivo nos projectos desenvolvidos no sentido em que 4/5 dos projectos no teriam sido implementados sem os apoios do programa. As parcerias que foram estabelecidas entre instituies funcionalmente

complementares, como por exemplo as instituies de I&D, as empresas e as associaes empresariais, e as suas articulaes com os Sistema Cientfico e Tecnolgico Nacional. Pelo modelo de gesto e acompanhamento baseado numa Estrutura de Apoio Tcnico, semelhana dos programas FEDER, que facilitou a aplicao de prticas de gesto contributivas para os resultados alcanados, nomeadamente: com impactos positivos no relacionamento formal e informal entre o Comit de Direco, a Universidade, a Agncia de Inovao e os parceiros externos Universidade; e com o acompanhamento tcnico administrativo que facilitou a tramitao dos processos. Pela grelha de resultados/efeitos conseguidos, num programa de dotao financeira limitada, a avaliao foi feita em termos de: contributos esperados (a dinamizao de um sistema regional de inovao e a insero dos agentes regionais em plataformas nacionais; relevncia dos resultados alcanados (crescimento das actividades de I&D nas reas do ambiente, energia, e desenvolvimento sustentvel, com impacto subsequente no crescimento das actividades de I&D no tecido22

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empresarial); e contributos dos resultados dos projectos para o desenvolvimento de clusters de actividades, com resultados assinalveis no domnio do ambiente e desenvolvimento sustentvel, em particular nas energias renovveis, e resultados aqum do esperado na biologia marinha, cincias agrrias e novos materiais e gesto de processos de construo.

No inqurito efectuado s expectativas dos agentes, 4/5 revelaram ter projectos em carteira para os quais se afiguraria interessante uma 2 verso do INOVALGARVE. Das intenes reveladas verificaram-se tendncias para a continuidade estrita nalguns domnios de actuao (energias renovveis, prospeco de recursos arqueolgicos submersos, diagnsticos de produtos e destinos tursticos e recolha de animais cinegticos com patologias), e para a continuidade de aprofundamento noutros domnios (componentes laboratoriais das energias renovveis, promoo do empreendedorismo aprofundando as relaes Universidade/Empresa e evoluo para intervenes formativas). Uma segunda edio deste programa, para a qual a CCDR apresentou j candidatura, pode constituir uma fonte de oportunidades para Tavira, nos domnios do ambiente, das energias renovveis, da diversificao turstica, da recuperao de patrimnio arqueolgico e edificado visando a sua valorizao para fins tursticos ou para actividades que se possam configurar como vias de diversificao da especializao turstica. Para isso exige-se, no entanto, a capacidade de estabelecimento/participao em parcerias a vrios nveis, pblicopblico, privado-privado e pblico-privado.

2.4. Recursos e Potencialidades/Oportunidades - um Diagnstico Do ponto de vista do suporte territorial s possibilidades de desenvolvimento de negcios no concelho de Tavira, definido em termos do posicionamento geogrfico, das infra-estruturas de diversos tipos, em especial as de suporte actividade produtiva, e da resposta do territrio aos programas de incentivo ao investimento e inovao, podemos sintetizar um conjunto de recursos e potencialidades, embora tambm com algumas debilidades:

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Posio geogrfica estratgica em termos de abrangncia de zonas de mar, com potencialidades de explorao do produto sol/praia mas tambm de explorao de recursos marinhos, e de espao rural e serrano, com potencialidades no campo do desenvolvimento agrcola, florestal e rural, e da sua utilizao como espao de oferta de produtos complementares do principal produto turstico. Posio geogrfica estratgica em relao s vias rodovirias fundamentais do pas, o que reduz a sua excentricidade em relao capital do pas, e a coloca em posio central entre o n de ligao internacional constitudo pelo aeroporto de Faro, e a fronteira espanhola, posio que poder reforar-se futuramente com a utilizao da base de Beja para usos civis e a possvel construo de um aeroporto entre Huelva e Ayamonte. Disponibilidade de espao fsico para usos tursticos, rurais e industriais, com preservao das potencialidades naturais que constituram a imagem de marca do Algarve, embora a fragmentao fundiria no barrocal e serra constitua um entrave efectivo disponibilizao de solos. Patrimnio urbano, de natureza arquitectnica e arqueolgica, com valia histrica e cultural, que oferece potencialidades de reforo da oferta turstica na base da diferenciao e da complementao do produto sol/praia, embora carecendo de intervenes recuperadoras e requalificadoras, e de medidas de desincentivo desocupao especulativa. Excelentes nveis de atendimento no que se reporta s infra-estruturas bsicas de natureza urbana, carecendo, no entanto, de algumas melhorias nomeadamente no que se refere estabilizao da oferta de potncia elctrica. Atractividade da cidade de Tavira, que se traduziu num acentuado crescimento populacional na dcada de 90, cuja continuidade ser possvel mas precisa de ser sustentada mais na recuperao da atractividade da zona histrica do que na urbanizao extensiva.

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Dotao com equipamentos culturais que permitem uma oferta com potencialidades de crescimento nos domnios da animao e atractividade para actividades de lazer com contedo cultural e para actividades desportivas, dotao que tem ainda possibilidades de expanso, embora o seu crescimento deva ser concertado com o crescimento da oferta hoteleira. A disponibilizao em curso de uma infra-estrutura para o acolhimento de feiras, de exposies e de eventos culturais e recreativos, a qual constituir uma nova centralidade com impacto positivo no ordenamento do territrio. A disponibilizao em curso do Parque Industrial de Santa Margarida constitui tambm um importante elemento de ordenamento do territrio, orientando a localizao industrial, e que poder ter um importante papel na modernizao e diversificao produtiva concelhia caso consiga atrair investimentos novos designadamente de forte contedo tecnolgico e inovador. O concelho apresentou nveis de resposta aos vrios sistemas de incentivo do PRIME a nveis de projectos e de investimento prximos da mdia da regio Algarve, apresentando mesmo nveis de incidncia relativa superiores nos casos do URBCOM, do SIME e das pousadas histricas, embora em cada um destes dois ltimos casos as respostas estejam centradas apenas em uma instituio, o que, no caso do SIME mostra alguma vulnerabilidade. O recurso medida 1 do Programa AGRO, enquanto indicador do dinamismo agrcola concelhio, pode encerrar uma eventual conflitualidade actual e futura entre os usos agrcola e turstico do espao concelhio, j que radica na quase totalidade em freguesias situadas na frente atlntica do concelho e de transio entre aquela frente e o espao predominantemente rural (barrocal e serra), sendo, todavia, certo que pode haver complementaridade entre esses usos. A capacidade de resposta do concelho ao PRIME e ao INOVALGARVE no revelou todavia quaisquer potencialidades em termos de diversificao e foi fraca ou nula no caso dos sistemas mais orientados para a inovao de base tecnolgica, cientfica e comportamental, mesmo em sistemas em que outros concelhos do Algarve tiveram iniciativa.25

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Saliente-se, no entanto, a presena de uma empresa sedeada em Tavira num projecto aprovado no INOVALGARVE orientado para o estudo das regras de sustentao ambiental dos campos de golfe, o que poder ser importante para o ordenamento das intenes de expanso da oferta deste produto no apenas no espao de Tavira, mas no Algarve em geral.

Retomando o zonamento do concelho apresentado no incio deste ponto, as potencialidades de cada zona, sem prejuzo do desenvolvimento que se faz nas seces seguintes pode sistematizar-se sinteticamente atravs da figura 2.

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Figura 2. Potencialidades nas trs grandes zonas do concelho de Tavira Cachopo

Turismo rural Gastronomia e etnologia Artesanato / Museu vivo Desportos radicais Energia elica Especialidades agrcolas e silvcolas

Espao rural

TaviraSanta Maria (T) Santa Catarin a da Fonte do Bispo Conceio (T ) Cabanas de T avira

Santo Estevo (T)

Cidade

Reabilitao urbana e patrimonial Turismo cultural sob o tema Encontro de civilizaes Animao cultural e recreativa Centro de servios e conhecimento Espao de Inovao Comercial

Santiago Santa Luzia Luz (T)

Frente atlntica

Turismo Desportos nuticos e indstrias e servios associados Aquacultura Outras formas de explorao marinha Culturas de regadio

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3. DIAGNSTICO DA MATRIZ SOCIO-ECONMICA E ENVOLVENTE EMPRESARIAL Para alm dos aspectos referenciados no ponto anterior, que tm impacto decisivo na envolvente econmica e empresarial de qualquer territrio, importa considerar no plano das condies regionais de ambiente econmico, outros aspectos tais como: caractersticas do tecido empresarial local e regional, dinmicas empresariais, empreendedorismo, tecnologia e inovao, etc.. No plano do ambiente social, constata-se que a disponibilidade em recursos humanos de diferentes qualidades e a possibilidade de se recorrer a formao profissional pode ser importante. Um ambiente social de qualidade constitui uma ptima matriz para que se possam instalar recursos qualificados. Por outro lado, a ausncia ou a mitigao adequada de questes sociais graves (desemprego, pobreza, marginalidade, ...) conduz formao de um tecido social com maior predisposio aceitao da mudana econmica e a integrar projectos de carcter inovador e diferenciador. Quanto ao ambiente do conhecimento, este poder ser decisivo para garantir o processo de transferncia do conhecimento. Embora no exista um sistema regional de inovao, ocorrem condies para que ela surja ainda que localizadamente. Acredita-se que num contexto de proximidade, qualidade e urbanidade possam estar criadas as condies para despertar a ateno das duas vertentes fundamentais do processo investigao/empresarialidade. Para transformar a cincia e a inovao num factor econmico h que criar condies para o surgimento de empresas spin-off que faam esse papel de articulao. Para isso, h um trabalho prvio a fazer designadamente garantir condies logsticas e de financiamento capazes de permitir a incubao e o desenvolvimento das ideias.

3.1. Caracterizao do Tecido Empresarial Local/Regional e Dinmicas Empresariais Estrutura e dinmica empresariais No perodo entre 1995 e 2003 o tecido empresarial de Tavira reforou-se a um ritmo superior ao registado em todo o Algarve, uma vez que incorporou mais 492 estabelecimentos o que significa um acrscimo de mais de 100%, face a um aumento de 82,5% em toda a29

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regio algarvia (correspondente a mais 9062 estabelecimentos). Significa que se observou no perodo considerado um ligeiro acrscimo do peso do tecido empresarial de Tavira no conjunto do tecido empresarial algarvio. Com um total de 978 estabelecimentos, o parque empresarial do concelho de Tavira representava em 2003 quase 5% do tecido empresarial da regio do Algarve, e aliceravase fundamentalmente em estabelecimentos de muito pequena dimenso. Mais de 70% dos estabelecimentos do concelho tinham menos de 5 pessoas ao servio e menos de 1% tinha mais de 50 trabalhadores, enquanto apenas um estabelecimento empregava mais de 99 pessoas. Esta realidade no em termos gerais muito distante da observada em todo o Algarve, embora seja particularmente evidente a completa ausncia de empresas de grande dimenso no concelho.Quadro 4. Dimenso dos estabelecimentos no Algarve e em Tavira, 1995 e 2003ALGARVE 1995 N. de Pessoas De 1 a 4 De 5 a 9 De 10 a 19 De 20 a 49 De 50 a 99 De 100 a 149 De 150 a 199 De 200 a 249 De 250 a 499 De 500 a 999 N. estabelecimentos 7284 2225 879 421 113 33 11 7 10 2 % 66,31 20,25 8,00 3,83 1,03 0,30 0,10 0,06 0,09 0,02 2003 N. estabelecimentos 13587 3857 1641 704 182 36 22 6 10 2 % 67,78 19,24 8,19 3,51 0,91 0,18 0,11 0,03 0,05 0,01 1995 N. estabelecimentos 346 94 26 16 3 1 % 71,19 19,34 5,35 3,29 0,62 0,21 TAVIRA 2003 N. estabelecimentos 697 174 70 27 9 1 % 71,27 17,79 7,16 2,76 0,92 0,10

TOTAL 10985 100,00 20047 100,00 486 100,00 978 100,00 Fonte: Quadros de Pessoal10. Direco Geral de Estudos, Estatstica e Planeamento (DGEEP) Ministrio do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS).

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A entrega dos mapas de quadros de pessoal obrigatria para as pessoas singulares ou colectivas com trabalhadores ao servio. Decorre durante o ms de Novembro de cada ano, com informao referente ao ms de Outubro.

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A dimenso mdia dos estabelecimentos empresariais de Tavira de 5,2 empregados, o que revela que as iniciativas empresarias deste concelho so em mdia mais pequenas do que as observadas no conjunto da regio algarvia, cuja dimenso mdia ascende aos 6,1 empregados, valor tambm ele bastante baixo e que demonstra a dependncia da regio de iniciativas empresariais de pequena dimenso.Quadro 5. Volume de negcios das empresas no Algarve e em Tavira, 1995 e 2003ALGARVE 1995 Milhares de Euros Menos de 50 De 50 a 149 De 150 a 249 De 250 a 499 De 500 a 999 De 1000 a 1999 De 2000 a 4999 De 5000 a 9999 De 10000 a 49999 De 50000 a 499999 Ignorado TOTAL N de Empresas 2803 2309 856 785 462 264 139 42 20 % 31,16 25,67 9,52 8,73 5,14 2,93 1,55 0,47 0,22 0,00 1316 14,63 2003 N. de Empresas 4075 4621 1763 1643 1005 590 337 83 56 5 2551 % 24,36 27,62 10,54 9,82 6,01 3,53 2,01 0,50 0,33 0,03 15,25 65 1995 N. de Empresas 166 82 38 35 14 12 3 2 % 39,81 19,66 9,11 8,39 3,36 2,88 0,72 0,48 0,00 0,00 15,59 121 TAVIRA 2003 N. de Empresas 236 246 78 77 44 24 12 2 % 28,10 29,29 9,29 9,17 5,24 2,86 1,43 0,24 0,00 0,00 14,40 840 100,00

8996 100,00 16729 100,00 417 100,00 Fonte: Quadros de Pessoal. DGEEP-MTSS

Acresce ainda que a maioria das empresas do concelho (57%) apresenta um nvel de facturao anual inferior a 150 mil euros, o que revela que o tecido empresarial de Tavira constitudo por empresas cuja actividade gera um volume de receitas anual relativamente baixo e que, portanto, est enraizado em iniciativas empresariais de pequena dimenso tambm do ponto de vista do volume de negcios.

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

Quadro 6. Estabelecimentos por actividade econmica no Algarve e em Tavira, 1995 e 2003ALGARVE TAVIRA

1995 Actividade Econmica Agricultura, Produo animal, Caa e Silvicultura Pesca Indstrias extractivas Indstrias transformadoras Produo e distribuio de electricidade Construo Comrcio por grosso e a retalho; reparao de veculos automveis, motociclos e de bens de uso pessoal e domstico Alojamento e restaurao (restaurantes e similares) Transportes, armazenagem e comunicaes Actividades financeiras Actividades imobilirias, alugueres e servios prestados s empresas Administrao pblica, defesa e segurana social obrigatria Educao Sade e aco social Outras actividades de servios colectivos, sociais e pessoais Organismos internacionais e outras instituies extraterritoriais TOTAL N. Estab. 367 80 29 827 36 1020 3913 2328 365 301 962 2 104 261 389 1 10985 % 3,34 0,73 0,26 7,53 0,33 9,29 35,62 21,19 3,32 2,74 8,76 0,02 0,95 2,38 3,54 0,01 100,00

2003 N. Estab. 510 131 32 1163 23 3176 6126 3759 808 410 2284 23 170 584 847 1 20047 % 2,54 0,65 0,16 5,80 0,11 15,84 30,56 18,75 4,03 2,05 11,39 0,11 0,85 2,91 4,23 0,00 100,00 486 2 9 16

1995 N. Estab 30 3 3 39 2 74 164 98 11 12 23 % 6,17 0,62 0,62 8,02 0,41 15,23 33,74 20,16 2,26 2,47 4,73 0,00 0,41 1,85 3,29 0,00 100,00

2003 N. Estab. 56 12 4 51 2 209 264 168 30 20 85 3 3 32 39 % 5,73 1,23 0,41 5,21 0,20 21,37 26,99 17,18 3,07 2,04 8,69 0,31 0,31 3,27 3,99 0,00 978 100,00

Fonte: Quadros de Pessoal. DGEEP-MTSS

Cerca de 66% dos estabelecimentos de Tavira concentram-se em torno de apenas 3 ramos de actividade econmica: comrcio (26,99%); construo (21,37%); e alojamento e restaurao (17,18%). O Algarve tem 65,15% dos seus estabelecimentos concentrados nesses mesmos 3 ramos de actividade, o que denota uma dependncia muito semelhante da regio e do concelho face a estas 3 actividade, que se revelam assim cruciais para a economia regional e concelhia.

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

No ano de 1995 a concentrao dos estabelecimentos do concelho nesse grupo de actividades era ligeiramente mais forte (69,13%), no obstante o acrscimo de peso da construo entre 1995 e 2001. Todavia, a evoluo em termos de volume de emprego foi contrria, consubstanciando-se num aumento do peso do emprego afecto a estes 3 ramos de actividade nos 8 anos em anlise que subiu de 60,88% (1461 trabalhadores) em 1995 para 64,51% (3326 trabalhadores) em 2003 (ver quadro 6). Este fenmeno ficou a dever-se ao aumento significativo do emprego ligado construo, visto que o peso relativo do emprego no comrcio e nas actividades de alojamento e restaurao at se retraiu.Quadro 7. Emprego por actividade econmica no Algarve e em Tavira, 1995 e 2003ALGARVE 1995 Actividade Econmica Agricultura, Produo animal, Caa e Silvicultura Pesca Indstrias extractivas Indstrias transformadoras Produo e distribuio de electricidade Construo Comrcio por grosso e a retalho; reparao de veculos automveis, motociclos e de bens de uso pessoal e domstico Alojamento e restaurao (restaurantes e similares) Transportes, armazenagem e comunicaes Actividades financeiras Actividades imobilirias, alugueres e servios prest. s empresas Administrao pblica, defesa e segurana social obrigatria Educao Sade e aco social Outras actividades de servios colectivos, sociais e pessoais Organismos internacionais e outras instituies extra-territoriais TOTAL N. Pess. 2165 721 482 7534 600 6692 17580 19524 4744 2355 5415 23 1064 2108 2166 1 73174 % 2,96 0,99 0,66 10,30 0,82 9,15 24,02 26,68 6,48 3,22 7,40 0,03 1,45 2,88 2,96 0,00 100,00 2003 N. Pess. 2458 923 552 7633 648 21649 28619 27855 6463 2330 12227 410 1504 5416 4121 2 122810 % 2,00 0,75 0,45 6,22 0,53 17,63 23,30 22,68 5,26 1,90 9,96 0,33 1,22 4,41 3,36 0,00 100,00 2400 10 52 41 1995 N. Pess. 133 30 26 335 39 431 563 467 76 101 96 % 5,54 1,25 1,08 13,96 1,63 17,96 23,46 19,46 3,17 4,21 4,00 0,00 0,42 2,17 1,71 0,00 100,00 5156 TAVIRA 2003 N. Pess. 200 94 40 276 126 1408 956 962 128 123 270 48 10 412 103 % 3,88 1,82 0,78 5,35 2,44 27,31 18,54 18,66 2,48 2,39 5,24 0,93 0,19 7,99 2,00 0,00 100,00

Fonte: Quadros de Pessoal. DGEEP-MTSS

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Relatrio Final

A indstria transformadora representa pouco mais de 5% do parque industrial e do emprego do concelho, com especial incidncia da fabricao de tijolos, telhas e outros produtos de barro para a construo11 que animada pelos tradicionais telheiros de Santa Catarina. A posio relativa desta indstria face agricultura pouco animadora. Esta ltima representa 4,6%12 do tecido empresarial do concelho e cerca de 3% do respectivo emprego, valores no muito distantes dos observados para a indstria transformadora. Alm disso, a quebra na importncia do emprego observada na actividade agrcola (de 4,96% para 3,08%) foi muito inferior observada na indstria transformadora (de 13,96% para 5,35%) no decurso do perodo que estamos a analisar. A perda de peso da populao empregue na indstria transformadora foi extensiva a todo o Algarve mas de forma bastante menos acentuada. Merece igualmente destaque i) a evoluo positiva do nmero de estabelecimentos e do emprego afecto actividade das pescas em Tavira (em antagonismo evoluo registada no conjunto da regio) certamente impulsionada pelas actividades ligadas aquacultura ii) o acrscimo das actividades imobilirias, alugueres e servios prestados s empresas em termos de estabelecimentos e de emprego iii) e o aumento significativo das actividades de aco social, responsveis em 2003 por 6,59% do emprego do concelho face a apenas 1,46% em 1995. Sublinha-se tambm que o peso dos estabelecimentos de alojamento e restaurao no parque empresarial de Tavira, bem como o seu peso no emprego total do concelho decaiu no perodo em anlise, em linha com o que se observou em todo o Algarve, apesar de se ter assistido a um incremento significativo quer do nmero de estabelecimentos (mais 100) quer do emprego (mais 495), o que confirma, como j ficou dito, que o reforo da concentrao econmica nas actividades referidas inicialmente (construo, comrcio e alojamento e restaurao) decorre fundamentalmente do incremento da actividade de construo que em 2003 j absorvia 27,31% de emprego do concelho. Assim, o turismo a actividade ncora do concelho, em torno da qual gravita grande parte da sua actividade econmica (construo, comrcio, servios, etc.), constituindo-se portanto como um sector estratgico fundamental para sustentar o crescimento de Tavira. Estando longe

11 12

Ver Anexos 1 e 2, cuja leitura deve ser cruzada com a dos quadros apresentados. Referimo-nos aqui exclusivamente agricultura dada a fraca expressividade da produo animal, caa e silvicultura (ver anexos 1 e 2).

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Relatrio Final

de estar suficientemente explorada, a actividade turstica tem um vasto e diversificado potencial de desenvolvimento atendendo s valncias naturais, patrimoniais e culturais presentes ao longo de todo o espao em se estende o concelho. Trata-se de um espao heterogneo (cidade, frente atlntica e frente rural) mas cujas valncias/potencialidades podem (e carecem de) ser aproveitadas de um modo integrado e harmonioso. O efeito de arrastamento que o turismo exerce sobre a actividade de construo faz desta uma actividade em franca expanso, sendo a mais empregadora do concelho e gerando uma parcela significativa do volume de negcios registado anualmente no concelho. A agricultura assume-se como um importante sector empregador na zona rural do concelho mas padece de inmeros condicionalismos que tm entrevado o seu potencial de desenvolvimento: pequena dimenso das exploraes e cariz familiar das mesmas; e dfice de produtividade, assente, designadamente, na insuficiente formao profissional, baixos nveis de mecanizao e diminuta expressividade do associativismo A actividade piscatria, apesar da sua tradio, tem pouca expresso no contexto global da economia concelhia, e a aquacultura pouco explorada embora rena condies para um crescimento aprecivel. A indstria transformadora escassa e assenta em ramos de baixo valor acrescentado; faz apelo a uma mo-de-obra pouco qualificada e pouco especializada e est vocacionada sobretudo para os mercados locais. A estrutura e dinmica das actividades econmicas concelhias revelam assim uma forte dependncia de Tavira relativamente a um ncleo restrito de actividades e parece indiciar uma incapacidade da estrutura produtiva local se modernizar, diversificar e evoluir para actividades de maior contedo tecnolgico e de inovao.

Necessidades tecnolgicas e de inovao13 e envolvente empresarial Em termos gerais, as empresas do concelho apresentam necessidades tecnolgicas e de inovao a vrios nveis. No que toca s necessidades tecnolgicas, estas manifestam-se, designadamente i) no domnio das tecnologias de informao e comunicao (programao,Esta temtica foi desenvolvida tendo por base as entrevistas efectuadas a entidades locais e regionais, as entrevistas efectuadas no mbito dos Casos de Estudo e um inqurito dirigido s empresas do concelho com 10 ou mais trabalhadores (o inqurito foi enviado a 88 empresas tendo-se obtido uma taxa de resposta de 11%).13

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

comunicao

interna,

),

sendo

transversais

a

vrias

empresas

do

concelho

independentemente do ramo de actividade em que operam ii) ao nvel do processo produtivo (tecnologias de inovao produtiva e rentabilidade, ) e iii) ao nvel da logstica (armazenamento e distribuio). Algumas empresas debatem-se com dificuldades financeiras para realizar os investimentos necessrios para superar as necessidades tecnolgicas identificadas. As necessidades de inovao esto tambm muito presentes nas empresas do concelho, sendo que o tipo de inovaes necessrias diversificado e abrange designadamente: bens e/ou servios novos ou significativamente melhorados; mtodos novos ou significativamente melhorados na produo de bens e/ou de servios; mtodos novos ou significativamente melhorados de logstica; sistemas de gesto; alteraes significativas nas relaes com outras empresas ou instituies pblicas (tais como alianas, parcerias); alteraes fundamentais na organizao do trabalho dentro da empresa; alteraes significativas no design ou na embalagem de um bem ou servio; e mtodos de venda ou de distribuio novos ou significativamente alterados (tais como vendas pela Internet, vendas directas). Quanto s razes que esto na base das inovaes que importa promover destacam-se as seguintes: alargar a gama de produtos/servios, substituir produtos/servios obsoletos; melhorar a qualidade dos produtos/servios; manter a quota de mercado; entrar/abrir novos mercados; maior flexibilidade na produo ou no fornecimento de servios; reduzir consumo de energia; reduzir custos com o pessoal; melhorar as condies de trabalho; e reduo do impacte ambiental. H empresas que j esto a desenvolver (ou tencionam faz-lo no curto e mdio prazos) actividades para a implementao das inovaes identificadas, de entre as quais se referem: a aquisio de maquinaria, equipamento e software; a formao profissional; actividades de marketing; e actividades de investigao e desenvolvimento dentro da prpria empresa. As ligaes das empresas do concelho com o mundo do conhecimento no mbito das suas actividades de inovao so muito frgeis (ver ponto 3). E a cooperao com outras empresas tambm dbil. Na envolvente empresarial do concelho ressalta ainda a inexistncia de um Parque Industrial e de outras estruturas de acolhimento empresarial, factor que se tem revelado um

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Relatrio Final

constrangimento dinmica econmica do concelho. Porm, o Parque Industrial e o Parque de Exposies so j uma certeza, e apresentam-se como importantes elementos de ordenamento do territrio em torno dos quais possvel i) potenciar a diversificao da estrutura produtiva do concelho se se conseguir atrair investimentos em actividades que no tm actualmente (ou tm pouca) expresso no concelho e que so fundamentais para robustecer o seu tecido econmico, com especial nfase para aquelas que envolvem contedos tecnolgicos e de inovao mais exigentes e ii) reforar significativamente a projeco nacional e internacional do concelho mediante a realizao de eventos no Parque de Exposies: feiras e exposies, eventos recreativos e culturais, etc..Alm disso, a criao do Centro de Incubao Tecnolgica e Ambiental constitui uma importante oportunidade para o desabrochar de projectos nas reas tecnolgica e ambiental. So pois patentes alguns estrangulamentos ao nvel do empreendedorismo local, designadamente: 1. Uma rede empresarial pouco estruturada: inexistncia de um tecido activo local com capacidade de afirmao externa e de criao de cadeias de inovao e de valor externas ao turismo. 2. Um forte afastamento qualitativo entre as organizaes mais desenvolvidas no campo do turismo e o restante tecido empresarial da cidade e do concelho 3. 4. Uma baixa densidade inovadora da rede empresarial. Uma baixa qualidade tcnica e baixa competitividade regional do tecido empresarial fora do sector turstico. 5. Uma reduzida qualificao nas reas da gesto das micro-empresas e dos empreendedores, focados em mercados locais e no comrcio de apoio ao turismo. 6. A inexistncia de mecanismos formais de construo de uma atitude empreendedora qualificada e competitiva ao nvel nacional e internacional, designadamente, carncia de aces de promoo do empreendedorismo nas escolas e na sociedade civil.

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

possvel, no entanto, vislumbrar iniciativas que tm visado contrariar o status quo empresarial do concelho, promovendo a sua dinamizao e modernizao, de entre as quais se destaca o projecto das Oficinas Transfronteirias de Cooperao Empresarial (OTCE I e II), no quadro de uma Parceria com o ayuntamiento de Palma del Condado (Huelva), com o intuito de criar e implementar unidades de prestao de servios s empresas instaladas, ou que pretendam instalar-se, em Tavira e em Huelva com a finalidade de promover e estabelecer sinergias de cooperao transfronteiria. Entre as aces enquadradas por este projecto encontra-se prevista a assessoria integral s empresas, formao profissional, encontros transfronteirios, etc.. Em 2005 realizou-se em Palma del Condado um encontro empresarial transfronteirio no qual participaram 25 empresrios de Tavira, 5 associaes empresariais portuguesas e 2 bancos que puderam trocar experincias e aferir a possibilidade de potenciar novas relaes comerciais com empresrios do outro lado da fronteira. Realizou-se tambm uma Feira Empresarial em Tavira na qual se apresentou os principais sectores de actividade e empresas do concelho, tendo contado com a presena de aproximadamente 50 expositores, sendo nove espanhis (oriundos de Palma del Condado) e os restantes portugueses e com a participao de importantes organizaes empresarias e associaes regionais, sendo um dos objectivos desta Mostra Empresarial tentar captar investimento espanhol para o concelho, designadamente para os novos espaos de instalao de empresas que num futuro relativamente prximo estaro a funcionar no concelho.

3.2. Dinmicas Demogrficas, Emprego vs. Desemprego e Formao Profissional Dinmicas Demogrficas Segundo os dados do ltimo Recenseamento Geral da Populao e Habitao, em 2001 residiam em Tavira cerca 25 mil habitante (oitavo concelho mais povoado do Algarve), o que representa um acrscimo de apenas 0,6% relativamente a 1991 (taxa de crescimento populacional muito inferior verificada quer a nvel nacional quer ao nvel da regio do Algarve, mas que ainda assim constitui uma inverso da tendncia de decrscimo verificada nos anos anteriores). A populao de Tavira representa somente 6,3% do total da populao do Algarve, e o concelho tem uma densidade populacional (41,1 hab./km2)14 inferior media14

Fonte Primria INE; Fonte Secundria: Estudo para Candidatura ao PITER Tavira.

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

da regio em que se insere (79,1 hab./km2), sendo que a densidade populacional da regio algarvia fica ela prpria aqum da registada a nvel nacional (112hab./Km2).Quadro 8. Populao Residente em Portugal, Algarve, Tavira e respectivas freguesias, 1991 e 2001Unidade Territorial Populao Residente, em 1991 9867147 341404 24857 ---1420 2640 4081 1837 6054 5224 1242 Populao Residente em 2001 10356117 395218 24997 1070 1026 1446 3778 1729 6672 5904 1287 Taxa Variao da Populao Residente (%) 5 15,8 0,6 ----27,7 -45,2 * -7,4 -5,9 10,2 13,0 3,6

Portugal Algarve Tavira Cabanas Cachopo Conceio Luz Santa Luzia Santa Maria Santiago Santo Estvo Sta Catarina Fte 2359 2085 -11,6 Bispo Fonte Primria: INE, XIV Recenseamento Geral da Populao, 2001 Fonte Secundria: Estudo para candidatura ao PITER Tavira * Este decrscimo populacional ficou a dever-se criao da freguesia de Cabanas.

As freguesias mais povoadas so as freguesias da sede do concelho (Santa Maria e Santiago) e sobretudo nessas freguesias, bem como em Santa Catarina, Luz e Santo Estvo que vive a populao estrangeira (4,3%) residente no concelho. Alm da populao estrangeira, Tavira tem tambm atrado indivduos de outros concelhos (4,8%), sobretudo para as freguesias da sede do concelho. A comprovar a tendncia para a desertificao do interior, est a dinmica populacional negativa registada em freguesias rurais como Cachopo e Santa Catarina, cuja taxa de crescimento da populao residente no perodo 1991-2001foi de -27,7% e -11,6%, respectivamente.

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Relatrio Final

Quadro 9. Componentes do Crescimento Demogrfico entre 1991 e 2001Tavira Taxa de Crescimento Efectivo da Populao Taxa Bruta de Mortalidade Taxa de Natalidade Taxa de Crescimento Natural 0,6 12,9 8,9 -4,0 Algarve 15,8 11,9 11,3 -0,6

Fonte Primria: INE, XIV Recenseamento Geral da Populao, 2001 Fonte Secundria: Estudo para candidatura ao PITER Tavira

Em virtude do comportamento conjugado da taxa bruta de mortalidade e da taxa de natalidade, o crescimento natural da populao registou taxas negativas no perodo 19912001 para as duas unidades territoriais consideradas Tavira (-4,0) e Algarve (-0,6). Contudo, o Algarve registou, como j se referiu acima, uma taxa de crescimento efectivo da populao muito superior verificada em Tavira, em virtude designadamente da elevada atractividade migratria de que a regio algarvia beneficia, mas que no se manifesta com a mesma intensidade no concelho de Tavira em que o fenmeno migratrio reduzido face ao decrscimo natural da populao. A estrutura etria da populao residente no concelho tem-se vindo a fragilizar (fenmeno que alis se estende ao conjunto do pas), na sequncia da articulao dos dois fenmenos seguintes: Diminuio do peso da populao com idade inferior a 25 anos no total da populao residente no concelho. Em 2001 apenas 25% da populao se integrava nesta faixa etria (menos 5%, do que em 1991). Esta trajectria foi no entanto extensiva regio do Algarve (32%, em 1991 e 28% em 2001) e ao pas no seu todo, que em 2001 tinha 30,3%, da populao neste segmento. Aumento do peso da populao com idade superior a 65 anos, que passou de 20% em 1991 para 23% em 2001. Os valores observados para o Algarve e para o pas em geral eram inferiores em 2001: 19% no caso do Algarve e 16% no caso de Portugal.

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

No que respeita s habilitaes literrias da populao15, verifica-se que em 2001 Tavira era no contexto da regio algarvia o 6 concelho (dos 16 existentes) com uma maior percentagem de analfabetismo (14,1%). Alm disso, 18,2% da populao no possua nenhum nvel de ensino e apenas 15,8% tinha terminado o ensino secundrio. Em termos de ensino superior, 8,2% da populao de Tavira era detentora de formao superior (sobretudo nas reas do Comrcio, Administrao e Sade), valor no entanto inferior mdia nacional e regional. Os indivduos com nveis mais elevados de habilitaes residiam fundamentalmente nas freguesias sede de concelho (Santiago e Santa Maria) e na Luz, devido s suas dinmicas socioeconmicas. A existncia de recursos humanos altamente qualificados constitui um factor de competitividade fundamental para as empresas, e os respectivos territrios. , portanto, indispensvel atingir nos prximos anos nveis mais elevados de qualificao que permitam simultaneamente: reforar a capacidade de produo de conhecimento; melhorar a qualidade dos servios prestados; favorecer o empreendedorismo; melhorar a adaptao da mo-de-obra activa ao perfil de actividades do concelho; etc.. Em suma, a evoluo demogrfica traada sugere a necessidade de desenvolver estratgias direccionadas para a criao de emprego, fixao de jovens, incremento das qualificaes da populao residente e atraco de recursos qualificados em idade activa, entre outras medidas.

Emprego vs. Desemprego Em 2003 trabalhavam no concelho de Tavira 5 156 indivduos, ou seja aproximadamente 4,2% do total da populao empregada na regio do Algarve nesse mesmo ano.

15

Valores retirados do Estudo para candidatura ao PITER Tavira.41

OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

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Quadro 10. Emprego por Sexo no Algarve e em Tavira, 1995 e 2003N. de Pessoas Empregadas Homens Mulheres TOTAL Algarve 1995 41525 31649 73174 2003 70473 52337 122810 Tavira 1995 1475 925 2400 2003 3118 2038 5156

Fonte: Quadros de Pessoal. DGEEP-MTSS

Entre 1995 e 2003 o volume de emprego mais do que duplicou em Tavira, o que revela uma dinmica superior registada no Algarve em geral. Esta evoluo no afectou, todavia, a estrutura por sexo do emprego, que continuou a manter-se favorvel aos indivduos do sexo masculino, os quais representavam nos dois momentos considerados cerca de 60% da fora de trabalho empregue. Na regio do Algarve, esta estrutura tem-se revelado ligeiramente mais favorvel ao emprego feminino, que representava nos dois anos considerados cerca de 43% do emprego total.Quadro 11. Estrutura Etria do Emprego no Algarve e em Tavira, em 1995 e 2003Algarve Escales Etrios 1995 N. de Pessoas Menos de 25 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos 60 a 64 anos 65 e mais anos Ignorado TOTAL 10888 11020 10582 9522 8474 7424 5581 4032 2464 895 2292 % 14,88 15,06 14,46 13,01 11,58 10,15 7,63 5,51 3,37 1,22 3,13 2003 N. de Pessoas 14836 20119 18697 17109 15329 13191 10158 7237 4117 1675 342 % 12,08 16,38 15,22 13,93 12,48 10,74 8,27 5,89 3,35 1,36 0,28 1995 N. de Pessoas 371 353 330 289 279 253 148 130 111 50 86 2400 % 15,46 14,71 13,75 12,04 11,63 10,54 6,17 5,42 4,63 2,08 3,58 100,00 Tavira 2003 N. de Pessoas 594 805 774 731 641 588 427 310 157 92 37 5156 % 11,52 15,61 15,01 14,18 12,43 11,40 8,28 6,01 3,04 1,78 0,72 100,00

73174 100,00

122810 100,00

Fonte: Quadros de Pessoal. DGEEP-MTSS

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

Em termos da estrutura etria da populao empregada no concelho de Tavira, observa-se uma prevalncia dos indivduos entre os 25 e os 49 anos, tendo estes aumentado o seu peso relativo no total do emprego entre 1995 e 2003, de 63% para 69%, no obstante ter-se registado uma quebra de cerca de 4% dos empregados com menos de 24 anos. A percentagem de indivduos com mais de 50 anos no emprego total decresceu ligeiramente no perodo considerado (de 22% para 20%).Grfico 1. Habilitaes da Populao Empregada no Algarve e em Tavira, em 1985 e 20032,98 2,08 1,76 1,07 15,06 19,86 16,86 22,94 17,88 18,25 20,44 15,63 18,93 4,43 1,98 15,33 19,14 2,29 1,96 0,83 1,71 3,51 2,50

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30%40,77

18,84

41,29 26,93 31,83

20% 10% 0%3,62

2,94

4,42

1,94

ALGARVE 1995Inferior ao 1 C. E. Bsico 3 Ciclo do Ensino Bsico Licenciatura

ALGARVE 2003

TAVIRA 1995

TAVIRA 20032 Ciclo do Ensino Bsico Bacharelato

1 Ciclo do Ensino Bsico Ensino Secundrio Ignorada

Fonte: Quadros de Pessoal. DGEEP-MTSS

A estrutura etria observada na populao empregada em Tavira semelhante registada em toda a regio do Algarve. Trata-se em ambos os casos de emprego pouco qualificado, em virtude da fraca expressividade dos escales de habilitaes mais elevados, no obstante registaram-se melhorias no perodo em anlise, que se traduziram nomeadamente na reduo dos empregados detentores apenas do 1 ciclo do Ensino Bsico, no aumento do nmero de bacharis empregados e no acrscimo de licenciados.43

OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

Somente 6% da fora de trabalho empregada no concelho de Tavira dispunha em 2003 de habilitaes ao nvel do bacharelato ou licenciatura, e menos de 20% era titular do ensino secundrio Tavira conseguiu, porm, no horizonte temporal considerado uma reduo bastante mais significativa do que o Algarve no seu todo no que toca ao nmero de empregados com habilitaes inferiores ao 1 ciclo do ensino bsico, tendo tambm registado acrscimos mais significativos em termos de bacharis (mais do que triplicaram relativamente a 1995) e de licenciados empregados (quase duplicaram relativamente a 1995). Tendncia inversa observou-se no escalo de habilitaes correspondente ao primeiro ciclo do ensino bsico, em que o Algarve no seu conjunto obteve ganhos mais significativos do que o concelho de Tavira. De qualquer modo, visvel que a estrutura de habilitaes da populao empregada no concelho de Tavira no se afasta significativamente da observada no Algarve, o que significa que o concelho no est a este nvel numa situao particularmente frgil no contexto da regio em que se insere. Assim, tal como se observa do Algarve no seu conjunto, urge promover iniciativas que visem suprimir os dfices de qualificao dos activos do concelho, dfices esses que tm reflexos negativos assinalveis nos nveis de produtividade do trabalho e na qualidade dos servios prestados. Em termos de desemprego, as estatsticas do Instituto de Emprego e Formao Profissional revelavam que no final do ms de Abril de 2006, o concelho de Tavira registava 608 desempregados inscritos, pouco mais de 4% do total do desemprego observado na mesma data no conjunto da regio algarvia (13 662). Trata-se maioritariamente de indivduos do sexo feminino (60%), em geral inscritos menos de um ano (80%) e que procuram sobretudo um novo emprego (95%).

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OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

Grfico 2. Estrutura Etria da Populao Desempregada no Algarve e em Tavira, Abril 2006

100% 80%

110 231

2229 5584

60% 40% 20% 0% Tavira< 25 anos 25-34 anos

192 75

3930 1919 Algarve35-54 anos 55 anos e +

Fonte: IEFP

Alm disso, mais de metade dos indivduos desempregados (56% exactamente) tinham mais de 35 anos, sendo que a faixa etria superior aos 54 anos representava por si s 18% do desemprego do concelho (2% acima do respectivo peso a nvel regional). Esta estrutura etria, no sendo significativa divergente da estrutura observada a nvel regional, relativamente preocupante dada as dificuldades conhecidas dos indivduos mais velhos se submeterem a programas de re-qualificao e de encontrarem novas colocaes profissionais.Grfico 3 . Habilitaes da Populao Desempregada no Algarve e em Tavira, Abril 2006

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30%

6,9 18,6

6,7 20,0

19,6

22,6

21,9

19,0

27,6 20% 10% 0% Tavira 5,4

26,3

5,4 Algarve

< 1 Ciclo EB

1 Ciclo EB

2 Ciclo EB

3 Ciclo EB

Secundrio

Superior

Fonte: IEFP45

OPORTUNIDADES DE NEGCIO E INOVAO NO CONCELHO DE TAVIRA

Relatrio Final

semelhana do que acontece com a populao empregada, verifica-se um dfice de qualificao dos desempregados do concelho cuja esmagadora maioria (75%) no tem sequer o ensino secundrio. Esta realidade torna imperativa a necessidade de desenvolver iniciativas/medidas que permitam melhorar aquela que uma das principais condies de empregabilidade.

Formao Profissional16 A existncia de condies de qualificao ou re-qualificao adequadas dos recursos humanos, designadamente por via da formao profissional, so indispensveis para a fixao de competncias em torno das actividades em que assenta (e assentar no futuro) o tecido econmico de Tavira, alm de contriburem para a existncia de um ambiente social mais salutar e atractivo. A oferta de formao profissional a cargo do Instituto de Emprego e Formao Profissional estrutura-se no concelho em torno de dois plos do Centro de Emprego de Vila Real de Santo Antnio17: um plo que funciona em instalaes cedidas pela Cmara Municipal ao Instituto de Emprego e um outro plo que funciona na Fundao Irene Rolo em instalaes alugadas. Act