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Ministério das Finanças O O r r ç ç a a m m e e n n t t o o d d o o E E s s t t a a d d o o p p a a r r a a 2 2 0 0 1 1 4 4 Relatório Outubro 2013

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    OOrrççaammeennttoo ddoo EEssttaaddoo

    ppaarraa 22001144

    Relatório

    Outubro • 2013

  • (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

    MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

    Av. Infante D. Henrique, 1

    1149– 009 LISBOA

    • Telefone: (+351) 218 816 820 • Fax: (+351) 218 816 862

    www.portugal.gov.pt

    http://www.portugal.gov.pt/

  • RELATÓRIO OE2014

    Índice

    i

    ÍndiceSUMÁRIO EXECUTIVO ........................................................................................................................ I

    I. ECONOMIA PORTUGUESA: EVOLUÇÃO RECENTE E PERSPETIVAS PARA 2014 .............................. 1

    I.1. Evolução Recente ........................................................................................................................ 1 I.1.1. Mercados Financeiros e Enquadramento Internacional .................................................... 1 I.1.2. A Economia Portuguesa em 2013..................................................................................... 5

    I.2. Perspetivas para 2014 ............................................................................................................... 16 I.2.1. Hipóteses Externas para 2014 ........................................................................................ 16 I.2.2. Cenário Macroeconómico ............................................................................................... 17 I.2.3. Previsões Macroeconómicas e Orçamentais de Entidades Internacionais ..................... 19 I.2.4. Análise de Riscos do Cenário Macroeconómico ............................................................. 20

    II. ESTRATÉGIA DE CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL ....................................................................... 27

    II.1. Enquadramento ......................................................................................................................... 27

    II.2. Política Orçamental em 2013 ..................................................................................................... 34

    II.3. Política Orçamental para 2014 ................................................................................................... 37 II.3.1. Medidas do Lado da Despesa ........................................................................................ 47

    II.3.1.1. Medidas Transversais à Administração Pública ........................................................ 47 II.3.1.2. Outras do Lado da Despesa ...................................................................................... 61

    II.3.2. Medidas do Lado da Receita .......................................................................................... 62 II.3.2.1. Medidas Fiscais para 2014 ........................................................................................ 62

    II.3.2.1.1. A Reforma do IRC .......................................................................................... 65 II.3.2.2. Outras Medidas do Lado da Receita ......................................................................... 69

    II.3.3. Sector Empresarial do Estado ........................................................................................ 71 II.3.4. Parcerias Público-Privadas ............................................................................................. 75

    II.4. Análise de Riscos Orçamentais ................................................................................................. 77 II.4.1. Riscos do Sector Empresarial do Estado ........................................................................ 77

    II.4.1.1. Empresas Públicas não Reclassificadas ................................................................... 78 II.4.1.2. Entidades Reclassificadas dentro do Perímetro das AP ........................................... 80 II.4.1.3. Receitas Resultantes da Alienação de Património .................................................... 81

    II.4.2. Riscos das Responsabilidades Contingentes ................................................................. 81 II.4.2.1. Garantias e Contragarantias ..................................................................................... 81 II.4.2.2. Parcerias Público-Privadas ....................................................................................... 83

    II.4.3. Estratégia de Gestão da Dívida Direta do Estado e o seu Impacto na Exposição aos Riscos ............................................................................................................................. 84

    II.4.4. Riscos Relacionados com a Administração Regional e Local ......................................... 85 II.4.4.1. Região Autónoma da Madeira ................................................................................... 85 II.4.4.2. Região Autónoma dos Açores ................................................................................... 86 II.4.4.3. Administração Local .................................................................................................. 87

    III. SITUAÇÃO FINANCEIRA DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS 2013 E 2014 (CONTABILIDADE PÚBLICA E NACIONAL) ............................................................................................................ 89

    III.1. Receitas e Despesas das Administrações Públicas .................................................................. 89 III.1.1. Receitas e Despesas da Administração Central ............................................................. 93

    III.1.1.1. Receita da Administração Central ............................................................................. 94 III.1.1.1.1. Introdução à Receita da Administração Central ............................................. 94 III.1.1.1.2. Receita Fiscal ................................................................................................. 95 III.1.1.1.3. Despesa Fiscal ............................................................................................... 98

    III.1.1.2. Despesa da Administração Central ......................................................................... 103

  • RELATÓRIO OE2014

    Índice

    ii

    III.1.2. Receitas e Despesas da Administração Regional e Local ............................................ 108 III.1.3. Receitas e Despesas da Segurança Social .................................................................. 114

    III.2. Transferências Financeiras entre Portugal e a União Europeia ............................................... 118

    III.3. Ativos e Passivos do Estado .................................................................................................... 120 III.3.1. Dívida Direta do Estado ................................................................................................ 120 III.3.2. Tesouraria do Estado .................................................................................................... 125

    IV. POLÍTICAS SECTORIAIS PARA 2014 E RECURSOS FINANCEIROS .............................................. 129

    IV.1. Introdução ................................................................................................................................ 129

    IV.2. Programas Orçamentais .......................................................................................................... 129 IV.2.1. Atividade ....................................................................................................................... 129 IV.2.2. Projetos ......................................................................................................................... 130 IV.2.3. Quadro Plurianual de Programação Orçamental .......................................................... 134

    IV.3. Órgãos de Soberania (P001) ................................................................................................... 135 IV.3.1. Orçamento .................................................................................................................... 135

    IV.4. Governação e Cultura (P002) .................................................................................................. 138 IV.4.1. Políticas ........................................................................................................................ 138 IV.4.2. Orçamento .................................................................................................................... 143

    IV.5. Finanças e Administração Pública (P003) e Gestão da Dívida Pública (P004) ....................... 146 IV.5.1. Políticas ........................................................................................................................ 146 IV.5.2. Orçamento .................................................................................................................... 148

    IV.6. Representação Externa (P005) ................................................................................................ 153 IV.6.1. Políticas ........................................................................................................................ 153 IV.6.2. Orçamento .................................................................................................................... 155

    IV.7. Defesa (P006) .......................................................................................................................... 157 IV.7.1. Políticas ........................................................................................................................ 157 IV.7.2. Orçamento .................................................................................................................... 159

    IV.8. Segurança Interna (P007) ........................................................................................................ 161 IV.8.1. Políticas ........................................................................................................................ 161 IV.8.2. Orçamento .................................................................................................................... 162

    IV.9. Justiça (P008) .......................................................................................................................... 164 IV.9.1. Políticas ........................................................................................................................ 164 IV.9.2. Orçamento .................................................................................................................... 165

    IV.10. Economia (P009) .......................................................................................................... 168 IV.10.1. Políticas ........................................................................................................................ 168 IV.10.2. Orçamento .................................................................................................................... 172

    IV.11. Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (P010) ............................................... 175 IV.11.1. Políticas ........................................................................................................................ 175 IV.11.2. Orçamento .................................................................................................................... 177

    IV.12. Agricultura e Mar (P011) ............................................................................................... 179 IV.12.1. Políticas ........................................................................................................................ 179 IV.12.2. Orçamento .................................................................................................................... 180

    IV.13. Saúde (P012) ................................................................................................................ 183 IV.13.1. Políticas ........................................................................................................................ 183 IV.13.2. Orçamento .................................................................................................................... 185

    IV.14. Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar (P013) ...................................... 188 IV.14.1. Políticas ........................................................................................................................ 188 IV.14.2. Orçamento .................................................................................................................... 190

  • RELATÓRIO OE2014

    Índice

    iii

    IV.15. Ciência e Ensino Superior (P014) ................................................................................. 192 IV.15.1. Políticas ........................................................................................................................ 192 IV.15.2. Orçamento .................................................................................................................... 194

    IV.16. Solidariedade, Emprego e Segurança Social (P015) .................................................... 197 IV.16.1. Políticas ........................................................................................................................ 197 IV.16.2. Orçamento .................................................................................................................... 199

    A n e x o s ................................................................................................................................. 203

    A1. Receitas e Despesas das Administrações Públicas na Ótica da Contabilidade Nacional e na Ótica da Contabilidade Pública ...................................................................................................205

    A2. Transferências da AC para as Entidades Públicas Empresariais ...............................................209

    A3. Alterações ao Universo da Administração Central e Entidades Públicas Reclassificadas ..........211

    A4. Balanço e Demonstração de Resultados da Segurança Social ..................................................212

    A5. Relatório sobre a Sustentabilidade Financeira da Segurança Social ..........................................215

    A6. Lista de Acrónimos......................................................................................................................221

  • RELATÓRIO OE2014

    Índice

    iv

    Índice de quadros

    Quadro I.1.1. Crescimento económico mundial .............. 2 Quadro I.1.2. Despesa nacional ..................................... 6 Quadro I.1.3. População ativa, emprego e

    desemprego ................................................................ 7 Quadro I.1.4. IPC e IHPC ............................................... 9 Quadro I.1.5. Produtividade, salários e custos do

    trabalho ...................................................................... 9 Quadro I.1.6. Quotas de mercado e termos de troca .... 10 Quadro I.1.7. Decomposição das exportações em

    valor por grupo de produto ........................................ 11 Quadro I.1.8. Decomposição das exportações em

    valor por destino ....................................................... 12 Quadro I.1.9. Balança de pagamentos.......................... 12 Quadro I.1.10. Agregados de crédito bancário em

    Portugal .................................................................... 13 Quadro I.2.1. Enquadramento internacional –

    principais hipóteses .................................................. 17 Quadro I.2.2. PIB e importações ................................... 17 Quadro I.2.3. Principais indicadores ............................. 18 Quadro I.2.4. Previsões macroecómicas ...................... 19 Quadro I.2.5. Previsões orçamentais ............................ 20 Quadro I.2.6. Aumento do preço do petróleo em 20

    USD .......................................................................... 21 Quadro I.2.7. Aumento da taxa de juro de curto

    prazo em 1 p.p. ......................................................... 22 Quadro I.2.8. Diminuição da procura externa em 1

    p.p. ........................................................................... 23 Quadro I.2.9. Diminuição do PIB real em 1 p.p. ............ 25 Quadro I.2.10. Aumento em 1 p.p. da taxa de

    desemprego .............................................................. 26 Quadro II.2.1. Indicadores orçamentais ........................ 35 Quadro II.2.2. Evolução da receita e despesa

    estrutural .................................................................. 35 Quadro II.2.3. Dinâmica da dívida pública .................... 36 Quadro II.3.1. Variáveis orçamentais ............................ 40 Quadro II.3.2. Dinâmica da dívida pública .................... 40 Quadro II.3.3. Medidas de consolidação orçamental

    em 2014 ................................................................... 46 Quadro II.3.4. Medidas de consolidação orçamental

    em 2014 ................................................................... 47 Quadro II.3.5. Alteração da política de rendimentos

    da Administração Pública.......................................... 50 Quadro II.3.6. Valores mínimos protegidos em

    função da idade ........................................................ 57 Quadro II.3.7. Taxas de formação da pensão ............... 60 Quadro II.3.8. Ilustração da combinação dos efeitos

    convergência e aplicação da CES ............................ 61 Quadro II.3.9. Indemnizações compensatórias ............. 73 Quadro II.3.10. Encargos Líquidos com as Parcerias ... 77 Quadro II.4.1. Dívida das principais empresas não

    financeiras não reclassificadas nas AP ..................... 79 Quadro II.4.2. Necessidades de refinanciamento das

    empresas públicas não reclassificadas ..................... 80 Quadro II.4.3. Garantias concedidas ao sector

    bancário .................................................................... 81 Quadro II.4.4. Garantias concedidas a outras

    entidades .................................................................. 82 Quadro II.4.5. Impacto de um aumento das taxas de

    juro em 1 ponto percentual ....................................... 85

    Quadro III.1.1. Contas das Administrações Públicas (Ótica da Contabilidade Nacional) ............................ 90

    Quadro III.1.2. Receitas e Despesas das Administrações Públicas (Ótica da Contabilidade Pública) .................................................................... 91

    Quadro III.1.3. Passagem de saldos de Contabilidade Pública a Contabilidade Nacional ....... 92

    Quadro III.1.4. Conta Consolidada da Administração Central em Contabilidade Pública ............................ 93

    Quadro III.1.5. Receita da AC ...................................... 95 Quadro III.1.6. Evolução da receita fiscal líquida do

    Estado 2013-2014, por imposto ................................ 96 Quadro III.1.7. Evolução da despesa fiscal do Estado

    2011-2014, por imposto ........................................... 98 Quadro III.1.8. Evolução da despesa efetiva da

    Administração Central ............................................ 104 Quadro III.1.9. Despesas com pessoal da

    Administração Central ............................................ 104 Quadro III.1.10. Despesas com juros e outros

    encargos da Administração Central ........................ 105 Quadro III.1.11. Despesa com Transferências

    correntes e de capital da Administração Central ..... 106 Quadro III.1.12. Despesa da administração central

    financiada por receitas gerais Grandes Agregados 107 Quadro III.1.13. Receitas e Despesas da

    Administração Local ............................................... 110 Quadro III.1.14. Transferências do Orçamento do

    Estado para a Administração Local ........................ 110 Quadro III.1.15. Receitas e Despesas da

    Administração Regional ......................................... 112 Quadro III.1.16. Transferências do Orçamento do

    Estado para a Administração Regional ................... 112 Quadro III.1.17. Principais Receitas e Despesas da

    Segurança Social ................................................... 115 Quadro III.2.1. Fluxos Financeiros entre Portugal e a

    União Europeia ...................................................... 119 Quadro III.3.1. Estrutura da dívida direta do Estado ... 121 Quadro III.3.2. Necessidades e fontes de

    financiamento do Estado em 2012 e 2013 .............. 122 Quadro III.3.3. Composição do financiamento em

    2013 ....................................................................... 123 Quadro III.3.4. Necessidades e fontes de

    financiamento do Estado em 2014 ......................... 124 Quadro III.3.5. Composição do financiamento em

    2014 ....................................................................... 125 Quadro III.3.6. Situação da tesouraria – saldos

    pontuais ................................................................. 127 Quadro III.3.7. Centralização de fundos de terceiros .. 128 Quadro IV.2.1. Despesa – por programas

    orçamentais ........................................................... 129 Quadro IV.2.2. Despesa – por atividades ................... 130 Quadro IV.2.3. Projetos – Por tipo de despesa e

    fonte de financiamento ........................................... 130 Quadro IV.2.4. Projetos – por ministérios ................... 131 Quadro IV.2.5. Projetos por Programa e Fontes de

    Financiamento........................................................ 131 Quadro IV.2.6. Projetos novos e em curso ................. 132 Quadro IV.2.7. Projetos por agrupamento económico 133 Quadro IV.2.8. Projetos – Regionalização – Ótica

    NUTS I e II ............................................................. 134 Quadro IV.2.9. Limites de Despesa coberta por

    receitas gerais (*) ................................................... 135

  • RELATÓRIO OE2014

    Índice

    v

    Quadro IV.3.1. Órgãos de Soberania (P001) – Despesa Total Consolidada .................................... 136

    Quadro IV.3.2. Órgãos de Soberania (P001) – Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento .... 137

    Quadro IV.3.3. Órgãos de Soberania (P001) – Despesa por Classificação Económica ................... 137

    Quadro IV.3.4. Órgãos de Soberania (P001) – Despesa por Medidas dos Programas .................... 138

    Quadro IV.4.1. Governação e cultura (P002) - Despesa total consolidada ...................................... 143

    Quadro IV.4.2. Governação e Cultura (P002) - Despesa dos SFA e EPR por Fontes de Financiamento ........................................................ 144

    Quadro IV.4.3. Governação e Cultura (P002) - Despesa por Classificação Económica ................... 145

    Quadro IV.4.4. Governação e Cultura-Despesa por Medidas dos Programas ......................................... 145

    Quadro IV.5.1. Finanças e Administração Pública (P003) – Despesa Total Consolidada ...................... 148

    Quadro IV.5.2. Finanças e Administração Pública (P003) – Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento ........................................................ 149

    Quadro IV.5.3. Finanças e Administração Pública (P003) – Despesa por Classificação Económica ..... 150

    Quadro IV.5.4. Finanças e Administração Pública (P003) – Despesas Excecionais ............................. 151

    Quadro IV.5.5. Finanças e Administração Pública (P003) – Despesa por Medidas dos Programas ...... 152

    Quadro IV.5.6. Gestão da Dívida Pública (P004) – Despesa Total Consolidada .................................... 153

    Quadro IV.6.1. Representação Externa (P005) – Despesa Total Consolidada .................................... 155

    Quadro IV.6.2. Representação Externa (P005) – Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento .... 155

    Quadro IV.6.3. Representação Externa (P005) – Despesa por Classificação Económica ................... 156

    Quadro IV.6.4. Representação Externa (P005) - Despesa por Medidas dos Programas .................... 156

    Quadro IV.7.1. Defesa (P006) - Despesa Total Consolidada ............................................................ 159

    Quadro IV.7.2. Defesa (P006)- Despesa dos SFA e EPR por Fontes de Financiamento ......................... 159

    Quadro IV.7.3. Defesa (P006) - Despesa por Classificação Económica ........................................ 160

    Quadro IV.7.4. Defesa (P006) - Despesa por Medidas dos Programas ......................................... 160

    Quadro IV.8.1. Segurança Interna (P007) – Despesa Total Consolidada ................................................... 162

    Quadro IV.8.2. Segurança Interna (P007) - Despesa dos SFA e EPR por Fontes de Financiamento ........ 163

    Quadro IV.8.3. Segurança Interna (P007) – Despesa por Classificação Económica .................................. 163

    Quadro IV.8.4. Segurança Interna (P007) - Despesa por Medidas dos Programas ................................... 164

    Quadro IV.9.1. Justiça (P008) – Despesa Total Consolidada ............................................................ 166

    Quadro IV.9.2. Justiça (P008) - Despesa dos SFA e EPR por Fontes de Financiamento ......................... 166

    Quadro IV.9.3. Justiça (P008) - Despesa por Classificação Económica ........................................ 167

    Quadro IV.9.4. Justiça (P008) - Despesa por Medidas dos Programas ......................................... 167

    Quadro IV.10.1. Economia (P009) – Despesa Total Consolidada ............................................................ 172

    Quadro IV.10.2. Economia (P009) – Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento ......................... 173

    Quadro IV.10.3. Economia (P009) – Despesa por Classificação Económica........................................ 174

    Quadro IV.10.4. Economia (P009) - Despesa por Medidas dos Programas ........................................ 175

    Quadro IV.11.1. Ambiente, do Ordenamento do Território e Energia (P010) - Despesa Total Consolidada ........................................................... 177

    Quadro IV.11.2. Ambiente, do Ordenamento do Território e Energia (P010) - Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento ....................................... 177

    Quadro IV.11.3. Ambiente, do Ordenamento do Território e Energia (P010) - Despesa por Classificação Económica........................................ 178

    Quadro IV.11.4. Ambiente, do Ordenamento do Território e Energia (P010) - Despesa por Medidas dos Programas ....................................................... 178

    Quadro IV.12.1. Agricultura e Mar (P011) - Despesa Total Consolidada .................................................. 181

    Quadro IV.12.2. Agricultura e Mar (P011) - Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento .................. 181

    Quadro IV.12.3. Agricultura e Mar (P011) - Despesa por Classificação Económica ................................. 182

    Quadro IV.12.4. Agricultura e Mar (P011) - Despesa por Medidas dos Programas .................................. 183

    Quadro IV.13.1. Saúde (PO12) – Despesa Total Consolidada ........................................................... 186

    Quadro IV.13.2. Saúde (PO12) – Despesa dos SFA e EPR por Fontes de Financiamento ...................... 186

    Quadro IV.13.3. Saúde (PO12) - Despesa por Classificação Económica........................................ 187

    Quadro IV.13.4. Saúde (PO12) - Despesa por Medidas do Programa ............................................ 188

    Quadro IV.14.1. Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar (P013) – Despesa Total Consolidada ........................................................... 191

    Quadro IV.14.2. Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar (P013) – Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento ................................. 191

    Quadro IV.14.3. Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar (P013) – Despesa por Classificação Económica........................................ 192

    Quadro IV.14.4. Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar (P013) – Despesa por Medidas do Programa ............................................ 192

    Quadro IV.15.1. Ciência e Ensino Superior (P014) – Despesa Total Consolidada ................................... 195

    Quadro IV.15.2. Ciência e Ensino Superior (P014) – Despesa dos SFA por Fontes de Financiamento .... 195

    Quadro IV.15.3. Ciência e Ensino Superior (P014) – Despesa por Classificação Económica ................... 196

    Quadro IV.15.4. Ciência e Ensino Superior (P014) – Despesa por Medidas do Programa ....................... 196

    Quadro IV.16.1. Solidariedade, Emprego e Segurança Social (P015) – Despesa Total Consolidada ........................................................... 199

    Quadro IV.16.2. Solidariedade, Emprego e Segurança Social (P015) –- Despesa dos SFA e EPR por Fontes de Financiamento ......................... 200

    Quadro IV.16.3. Solidariedade, Emprego e Segurança Social (P015) - Despesa por Classificação Económica........................................ 201

  • RELATÓRIO OE2014

    Índice

    vi

    Quadro IV.16.4. Solidariedade, Emprego e Segurança Social (P015) - Despesa por Medidas do Programa ........................................................... 201

    Quadro A2.1. Transferências e Subsídios da Administração Central para Entidades Públicas Empresariais ........................................................... 209

    Quadro A3.1. Reorganizações do Perímetro da Administração Central em 2014 .............................. 211

    Quadro A3.2. Resumo de Entradas e Saídas das Entidades Públicas Reclassificadas em 2014 ......... 211

    Quadro A4.1. Balanço consolidado da Segurança Social - 2012 .......................................................... 212

    Quadro A4.2. Demonstração de resultados consolidados da Segurança Social - 2012 .............. 214

    Índice de gráficos

    Gráfico I.1.1. Empréstimos a particulares e a empresas não financeiras na área do euro ................. 3

    Gráfico I.1.2. Preço Spot do petróleo Brent..................... 4 Gráfico I.1.3. Taxas de juro a 3 meses do mercado

    monetário.................................................................... 5 Gráfico I.1.4. Contributo para a variação homóloga

    do PIB ......................................................................... 6 Gráfico I.1.5. Evolução da procura interna,

    exportações e importações ......................................... 6 Gráfico I.1.6 Consumo privado real – trimestral .............. 7 Gráfico I.1.7 Consumo real de bens duradouros –

    trimestral ..................................................................... 7 Gráfico I.1.8 Endividamentos das famílias ...................... 7 Gráfico I.1.9 Poupança das famílias - ano terminado

    no trimestre ................................................................. 7 Gráfico I.1.10. Taxa de desemprego ............................... 8 Gráfico I.1.11. Expectativas de emprego – próximos

    3 meses ...................................................................... 8 Gráfico I.1.12. Evolução dos termos de troca ............... 10 Gráfico I.1.13. Evolução da quota de mercado de

    bens e Serviços ........................................................ 10 Gráfico I.1.14. Composição das exportações de

    serviços .................................................................... 11 Gráfico I.1.15. Exportações comunitárias e

    extracomunitárias ..................................................... 11 Gráfico I.1.16. Balança corrente e de capital ................ 12 Gráfico I.1.17. Ajustamento da balança corrente .......... 12 Gráfico I.1.18. Posição de investimento internacional ... 13 Gráfico I.1.19. Empréstimos a sociedades não

    financeiras ................................................................ 14 Gráfico I.1.20. Empréstimos a particulares (taxa de

    variação homóloga, em %) ....................................... 14 Gráfico I.1.21. Taxas de juro de empréstimos ............... 14 Gráfico I.1.22. Spread das taxas de juro de

    empréstimos a sociedades não financeiras ............... 14 Gráfico I.1.23. Taxas de juro de novos empréstimos

    acima de 1 milhão de euros ...................................... 15 Gráfico I.1.24. Taxas de juro de novos empréstimos

    até 1 milhão de euros ............................................... 15 Gráfico I.1.25. Desempenho comparativo dos índices

    bolsistas ................................................................... 16 Gráfico I.2.1. Variação do preço do petróleo em 20

    USD .......................................................................... 21 Gráfico I.2.2. Análise de sensibilidade à variação da

    taxa de juro de curto prazo em 1 p.p. ........................ 23 Gráfico I.2.3. Análise de sensibilidade à variação da

    procura externa em 1 p.p. ......................................... 24

    Gráfico I.2.4. Análise de sensibilidade à variação da taxa de crescimento do PIB em 1 p.p. ...................... 25

    Gráfico I.2.5. Análise de sensibilidade à variação da taxa de desemprego em 1 p.p. ................................. 26

    Gráfico II.1.1. Défice Orçamental* ................................ 27 Gráfico II.1.2. Evolução da dívida ................................. 28 Gráfico II.1.3.Evolução do produto interno bruto .......... 28 Gráfico II.2.1. Contributos para a variação do saldo

    global ....................................................................... 36 Gráfico II.2.2. Variação do saldo orçamental

    estrutural nos países da Área do Euro, em 2013 ...... 37 Gráfico II.2.3. Variação da dívida pública nos países

    da Área do Euro, em 2013 ....................................... 37 Gráfico II.3.1. Do défice de 2013 ao défice de 2014 ..... 39 Gráfico II.3.2 Carga fiscal e PIB per capita em 2013 .... 41 Gráfico II.3.3. Variação da carga fiscal em 2010-

    2013 ......................................................................... 42 Gráfico II.3.4. Evolução da despesa pública em

    1999-2013 ................................................................ 42 Gráfico II.3.5 Despesa pública total em 2013 ............... 43 Gráfico II.3.6 PIB per capita em 2013........................... 43 Gráfico II.3.7 Despesa pública total e PIB per capita

    em 2013 ................................................................... 44 Gráfico II.3.8. Composição da despesa pública em

    2013 ......................................................................... 45 Gráfico II.3.9. Despesas com pessoal em Portugal

    em 1999-2013 .......................................................... 48 Gráfico II.3.10. Despesas com pessoal na União

    Europeia em 2013 .................................................... 48 Gráfico II.3.11. Despesa com prestações sociais que

    não em espécie em 1999-2013 ................................ 55 Gráfico II.3.12. Aumento da despesa com pensões

    em 2010-2060 .......................................................... 55 Gráfico II.3.13. Despesa com pensões na União

    Europeia em 2010 .................................................... 56 Gráfico II.3.14. Despesa com pensões em Portugal

    2010-2013 ................................................................ 56 Gráfico III.1.1. Défice das Administrações Públicas

    (Ótica da Contabilidade Nacional) ............................ 89 Gráfico III.1.2. Défice das Administrações Públicas

    em Contabilidade Pública e Contabilidade Nacional ................................................................... 92

    Gráfico III.1.3. Evolução do Défice da Administração Central em Contabilidade Pública ............................ 94

    Gráfico III.1.4. Fatores explicativos da variação do saldo da Administração Central em 2014 ................. 94

    Gráfico III.1.5. Evolução da despesa fiscal do Estado 2011-2014, por imposto ........................................... 99

  • RELATÓRIO OE2014

    Índice

    vii

    Gráfico III.1.6. Evolução da despesa fiscal 2011-2014, por função ....................................................... 99

    Gráfico III.1.7. Evolução da despesa fiscal 2011-2014, por tipo ............................................................ 99

    Gráfico III.1.8. Saldo Orçamental da ARL ................... 109 Gráfico III.1.9. Saldo Orçamental da ARL sem

    pagamentos de anos anteriores .............................. 109 Gráfico III.1.10. Receitas da Administração Local ....... 111 Gráfico III.1.11. Despesas da Administração Local ..... 111 Gráfico III.1.12. Receitas da Administração Regional . 113 Gráfico III.1.13. Despesas da Administração

    Regional ................................................................. 114

  • RELATÓRIO OE2014

    Sumário Executivo

    S U M Á R I O E X E C U T I V O

    Apresentação da Proposta do Orçamento do Estado para 2014

    15 de outubro de 2013

    Intervenção da Ministra de Estado e das Finanças

  • Capítulo

    1 I. ECONOMIA PORTUGUESA: EVOLUÇÃO RECENTE E PERSPETIVAS PARA

    2014

    I.1. Evolução Recente

    I.1.1. Mercados Financeiros e Enquadramento Internacional

    Recuperação Moderada nas Economias Avançadas e Crescimento menos forte nas Eco-

    nomias Emergentes

    As atuais projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para o abrandamento do crescimen-

    to da economia mundial, em 2013, para valores em torno de 2,9% (3,2% em 2012), e para um reforço em

    2014, para cerca de 3,6%. O comércio mundial de bens e serviços deverá registar um crescimento médio

    anual de 3,9%, em volume, nos anos de 2013 e 2014 - um valor superior ao crescimento de 2,8% regista-

    do em 2012, mas inferior ao valor médio registado na década de 2000 (5%). Face a julho de 2013, estas

    previsões constituem uma revisão em baixa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para

    2013 e 2014, devido sobretudo às perspetivas de um crescimento menos forte das economias emergen-

    tes, com particular destaque para a Índia e Rússia. A China viu também as suas perspetivas de cresci-

    mento revistas em baixa mas em menor grau. Esta evolução reflete a desaceleração da procura externa,

    preços de matérias-primas mais baixos, políticas económicas menos expansionistas e receios quanto à

    estabilidade financeira nalgunas economias emergentes.

    Para 2014, prevê-se uma melhoria do desempenho da economia mundial, assente sobretudo no reforço

    do crescimento das economias avançadas onde se espera um crescimento relativamente forte dos EUA,

    um crescimento mais moderado no Japão e uma recuperação da economia da União Europeia (UE).

    Porém, é de referir que as economias da UE continuam a evoluir de forma distinta, verificando-se um

    crescimento mais forte nos países bálticos e mais fraco nos países da área do euro sujeitos a programas

    de ajustamento económico.

    Contudo, e na sequência da evolução registada nos últimos anos, os desequilíbrios externos entre as

    regiões deverão continuar a reduzir-se, dada a tendência de um crescimento mais fraco nas economias

    avançadas que se encontram mais endividadas (caso dos EUA e alguns países da área do euro) enquan-

    to a procura interna nas economias de mercado emergentes, apesar da revisão em baixa, tenderá a cres-

    cer a um ritmo elevado, destacando-se, entre os países asiáticos, a China.

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    2 Quadro I.1.1. Crescimento económico mundial

    (taxa de crescimento real, em %)

    Legenda: (*) com base no PIB avaliado em paridade de poder de compra; ** 2011; (P) Previsão.

    Fonte: FMI, World Economic Outlook, outubro de 2013.

    A incerteza associada às perspetivas económicas mundiais é ainda elevada. No caso da área do euro,

    deve-se à continuação da crise das dívidas soberanas e à ainda fraca robustez do sistema financeiro e

    bancário; e, no caso dos EUA, decorre da indefinição do acordo de médio prazo de redução da dívida

    pública e dos possíveis efeitos da redução de estímulos monetários por parte da Reserva Federal (“tape-

    ring of quantitative easing”) na volatilidade e instabilidade dos mercados financeiros internacionais. No

    período mais recente, surgiram ainda sinais de alguma instabilidade financeira nos países emergentes e

    em desenvolvimento, especialmente naqueles que apresentam um défice externo mais elevado (casos da

    Índia, Indonésia e Brasil). Estes sinais conduziram a saídas de capitais, depreciações cambiais e aumento

    dos seus custos de financiamento, contribuindo para as perspetivas de abrandamento do crescimento

    dessas economias.

    No que se refere à área do euro, é de salientar que foram alcançados alguns progressos em termos de

    construção da união bancária europeia e de aplicação de medidas não convencionais de política monetá-

    ria através do Banco Central Europeu (BCE). Estes desenvolvimentos permitiram reduzir o risco de frag-

    mentação da área do euro, uma vez que resultaram na melhoria das condições de financiamento nos

    mercados internacionais e na diminuição dos prémios de risco, com especial impacto nos países periféri-

    cos mais atingidos pela crise das dívidas soberanas. Porém, não obstante a redução do diferencial de

    rendibilidade das taxas de juro de longo prazo dos países periféricos face à Alemanha e o aumento da

    confiança dos agentes económicos, as empresas e famílias – que continuam em processo de desalavan-

    cagem – continuam a suportar condições de financiamento desfavoráveis. Tal deve-se, em parte, à per-

    sistência da situação de fragilidade e de fraca rendibilidade dos bancos, conduzindo à manutenção de

    condições restritivas na concessão do crédito, com repercussões ao nível da procura interna. Com efeito,

    os empréstimos concedidos às empresas não financeiras na área do euro deterioraram-se ao longo dos

    oito primeiros meses de 2013.

    (%)

    Economia Mundial 100,0 3,2 2,9 3,6

    Economias avançadas 50,4 1,5 1,2 2,0

    das quais:

    EUA 19,5 2,8 1,6 2,6

    Área do Euro, da qual : 13,5 -0,6 -0,4 1,0

    Alemanha 3,8 0,9 0,5 1,4

    França 2,7 0,0 0,2 1,0

    Itália 2,2 -2,4 -1,8 0,7

    Espanha 1,7 -1,6 -1,3 0,2

    Reino Unido 2,8 0,2 1,4 1,9

    Japão 5,5 2,0 2,0 1,2

    Outras economias, das quais :

    China 14,7 7,7 7,6 7,3

    India 5,7 3,2 3,8 5,1

    Rússia 3,0 3,4 1,5 3,0

    Brasil 2,8 0,9 2,5 2,5

    Por memória

    União Europeia 20,0** -0,3 0,0 1,3

    Estrutura 2012* 2012 2014P2013P

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    3 Gráfico I.1.1. Empréstimos a particulares e a empresas não financeiras na área do euro

    (taxa de variação homóloga, em fim de período, em %)

    Fonte: Banco Central Europeu.

    Face aos referidos progressos, o PIB da área do euro diminuiu 0,9% em termos homólogos no primeiro

    semestre de 2013, tendo porém apresentado uma recuperação significativa no segundo trimestre, a qual

    se deve prolongar pelo segundo semestre dada a evolução positiva dos indicadores de confiança. O PIB

    trimestral em cadeia, por sua vez, registou um aumento de 0,3% no segundo trimestre, invertendo a ten-

    dência de quebra consecutiva registada desde o quarto trimestre de 2011. É de referir que esta recupera-

    ção foi comum à generalidade dos países.

    A evolução da atividade económica da área do euro no primeiro semestre de 2013 refletiu uma diminuição

    da procura interna, especialmente significativa em termos do investimento, e um fraco crescimento das

    exportações. Ao nível do mercado de trabalho, a taxa de desemprego média da área do euro subiu para

    12,0% no mês de agosto (11,4% em 2012).

    Em relação aos EUA, no primeiro semestre de 2013 verificou-se um crescimento do PIB de 1,5% em

    termos homólogos, mantendo-se uma expansão económica moderada assente num crescimento elevado

    da procura interna privada, associado a um crescimento robusto do investimento residencial (13,9%) e

    uma recuperação do consumo privado (1,9%). Porém, é de referir que a perspectiva de uma retirada

    progressiva dos estímulos monetários e a não concordância entre os partidos no Congresso sobre o

    orçamento federal e teto da dívida pública têm tido um efeito negativo nas perspetivas para a atividade

    económica, designadamente para o consumo privado e para o investimento.

    O Japão registou uma melhoria económica no primeiro semestre de 2013, registando uma taxa de cres-

    cimento homóloga do PIB de 0,7%, devido sobretudo ao fortalecimento do investimento privado residen-

    cial.

    Abrandamento da Taxa de Inflação, não obstante a Manutenção do Preço do Petróleo

    num Nível Elevado

    Em 2013, a taxa de inflação deve diminuir na generalidade das economias avançadas, para 1,4% (2,0%

    em 2012), e deve permanecer em torno dos 6% no conjunto dos economias emergentes e em desenvol-

    vimento, com destaque para a continuação de taxas elevadas em alguns países da América Latina. Na

    área do euro, a taxa de inflação média deve diminuir para 1,5% em 2013 (2,5% em 2012) em linha com a

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    3

    Sociedades não financeiras Particulares

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    4 evolução da atividade económica. Para os EUA, as previsões apontam para uma taxa de inflação média

    de 1,4% em 2013 (2,1% em 2012).

    Apesar do preço do petróleo Brent ter diminuído para cerca de 108 USD/bbl (82 €/bbl) nos nove primeiros

    meses de 2013 (quebra de 3,3% e de 5,9% em termos homólogos, respetivamente), mais recentemente,

    este tem apresentado uma evolução ascendente, refletindo o aumento das tensões na região do Médio

    Oriente e a redução da oferta proveniente de alguns países da OPEP (Líbia, Nigéria e Iraque) não total-

    mente compensada pelo acréscimo da produção da Arábia Saudita e dos países não membros da OPEP.

    Até agosto de 2013, os preços das matérias-primas não energéticas estabilizaram em termos homólogos,

    depois de terem diminuído 10% no conjunto do ano de 2012. Este comportamento foi comum a todos os

    produtos, com uma recuperação mais acentuada nos produtos agrícolas.

    Gráfico I.1.2. Preço Spot do petróleo Brent

    (USD/barril e eur/bbl)

    (P) Previsão do FMI.

    Fontes: Direcção-Geral de Geologia e Energia, Banco de Portugal e FMI.

    Nível Baixo das Taxas de Juro de Curto Prazo nas Economias Avançadas

    Na medida em que o nível de utilização da capacidade produtiva nas economias avançadas se manteve

    fraco, tendo contribuído para a manutenção de pressões inflacionistas moderadas, a política monetária da

    generalidade destes países caracterizou-se por uma orientação acomodatícia em 2013. Com efeito, até

    final de setembro de 2013, os Bancos Centrais do Reino Unido, dos EUA e do Japão mantiveram as taxas

    de juro diretoras ao nível do final de 2010, ou seja, próximas de zero. Em maio, o Conselho do BCE deci-

    diu reduzir a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento em 25 p.b. (passando a

    taxa para 0,50%) e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 50 p.b. (para

    1,0%), permanecendo em 0,00% as taxas da facilidade de absorção, valores historicamente baixos.

    Acresce que tanto a Reserva Federal dos EUA como o Conselho do BCE reiteraram a expectativa de

    manutenção das taxas de juro oficiais nos níveis atuais (ou em níveis inferiores para o caso do BCE),

    durante um período de tempo alargado, dado o baixo crescimento da economia real da área do euro, sem

    recuperação visível do mercado de trabalho, e dada a respetiva contenção da dinâmica monetária sem

    pressões inflacionistas significativas.

    Para além das decisões sobre as taxas de juro, os bancos centrais das principais economias avançadas

    continuaram a tomar medidas não convencionais de política monetária, tendo em vista proporcionar uma

    maior liquidez aos bancos para facilitar o financiamento às empresas. No entanto, para o caso dos EUA, é

    esperada uma retirada gradual dos estímulos monetários por parte da Reserva Federal, à medida que se

    20

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    2010

    2011

    2012

    2013

    P

    USD/bbl

    €/bbl

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    5 espera uma melhoria das perspetivas da economia norte-americana e uma diminuição da taxa de desem-

    prego.

    Neste contexto, as taxas de juro de curto prazo na área do euro e nos EUA diminuíram em 2013, com a

    Euribor a 3 meses a situar-se em 0,21%, em média, no conjunto dos nove primeiros meses (0,57% em

    2012) e a Libor para 0,28% no mesmo período (0,43% em 2012).

    Gráfico I.1.3. Taxas de juro a 3 meses do mercado monetário

    (média mensal, em %)

    Fontes: BCE e IGCP.

    Relativamente às economias emergentes, algumas delas têm adotado uma política monetária mais restri-

    tiva, a fim de atenuar as depreciações cambiais sofridas, através de uma subida das suas taxas de juro, o

    que representa alguns riscos de enfraquecimento futuro das suas economias, em parte devido ao aumen-

    to do seu endividamento externo e da perceção de risco por parte dos investidores.

    I.1.2. A Economia Portuguesa em 2013

    O programa de ajustamento económico acordado entre o governo português e o FMI e a U.E. está a ser

    executado desde 2011. Este programa incorpora uma estratégia que visa corrigir os desequilíbrios

    macroeconómicos e financeiros e proceder a uma alteração estrutural da economia portuguesa, criando

    as condições para um crescimento económico sustentado e gerador de emprego. A consolidação orça-

    mental, conjugada com um rápido ajustamento por parte das empresas e das famílias portuguesas, con-

    duziu a uma forte contração da procura interna, mais acentuada em 2012 e no início de 2013. Este efeito

    de compressão da procura interna resultou num ajustamento dos saldos negativos da balança corrente

    mais rápido do que o inicialmente previsto, quer por via da redução das importações quer pelo aumento

    das exportações, muito associado ao esforço das empresas portuguesas na procura de novos mercados

    para colocação dos seus produtos. O ano de 2013 encontra-se contudo já marcado pelos primeiros sinais

    de inversão do ciclo económico, associados a uma estabilização da procura interna e à persistência de

    ganhos de quotas de mercado por parte das empresas exportadoras.

    Procura

    Após a quebra de 3,2% da atividade económica verificada no ano de 2012, os dados mais recentes divul-

    gados pelo INE indicam uma contração de 3,1% em termos homólogos no primeiro semestre de 2013,

    (-4,1% e -2,1%, no primeiro e segundo trimestres respetivamente). Esta evolução é explicada por um

    comportamento menos negativo da procura interna quando comparada com o segundo semestre de

    2012, bem como pela manutenção de um contributo positivo da procura externa líquida, ainda que menos

    0,0

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    3

    Área do Euro

    EUA

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    6 expressivo. Considerando a evolução em cadeia, o PIB cresceu 1,1% no segundo trimestre, com a procu-

    ra interna a contribuir com 0,8 p.p. para este aumento.

    Quadro I.1.2. Despesa nacional

    Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais 2.º Trimestre de 2013.

    De facto, apesar das condicionantes externas, nomeadamente os constrangimentos do mercado comuni-

    tário e as crescentes tensões nos mercados emergentes, as exportações de bens e xerviços aceleraram

    no segundo trimestre de 2013, crescendo 7,3% quando comparadas com igual período do ano anterior.

    Esta evolução representou um ganho significativo de quotas de mercado. Também se assistiu a uma

    quebra homóloga significativamente inferior à do primeiro trimestre no consumo privado, e no investimen-

    to (FBCF), não compensada pela recuperação das importações de bens e serviços.

    No final de 2012 e tendo o ano de 2005 como base, as exportações de bens e serviços eram cerca de

    30% superiores, enquanto que as importações e a procura interna eram inferiores em 0,5% e 9,6%, res-

    petivamente (se compararmos com 2010, as exportações de bens e serviços foram 10,3% superiores e as

    importações e a procura interna, 11,6% e 11,4% inferiores, respetivamente).

    Gráfico I.1.4. Contributo para a variação homólo-ga do PIB

    (p.p.)

    Gráfico I.1.5. Evolução da procura interna, exportações e importações

    (índice 2005=100, volume)

    Fonte: INE.

    I II III IV I II

    PIB e Componentes da Despesa (Taxa de crescimento homólogo real, %)

    PIB -1,3 -3,2 -2,4 -3,2 -3,6 -3,8 -4,1 -2,1

    Consumo Privado -3,3 -5,4 -5,2 -5,6 -5,8 -5,1 -4,0 -2,6

    Consumo Público -5,1 -4,8 -4,1 -5,8 -5,1 -4,1 -3,7 -2,8

    Investimento (FBCF) -10,5 -14,3 -13,4 -17,2 -14,3 -12,3 -16,4 -6,8

    Exportações de Bens e Serviços 6,9 3,2 8,0 3,2 1,5 0,2 0,7 7,3

    Importações de Bens e Serviços -5,3 -6,6 -5,6 -11,0 -8,0 -1,6 -4,2 6,3

    Contributos para o crescimento do PIB (pontos percentuais)

    Procura Interna -5,6 -6,9 -7,2 -8,7 -7,3 -4,5 -6,1 -2,6

    do qual: Variação de Existências -0,2 0,2 -0,4 -0,7 0,1 1,8 0,0 0,7

    Procura Externa Líquida 4,4 3,7 4,9 5,5 3,7 0,7 1,9 0,4

    Evolução dos Preços

    Deflator do PIB 0,2 -0,2 -0,3 -0,5 -0,3 0,5 0,8 2,0

    IHPC 3,6 2,8 3,3 2,8 3,0 2,0 0,4 0,8

    Evolução do Mercado de Trabalho

    Emprego : -4,2 -4,2 -4,2 -4,1 -4,3 -4,9 -3,9

    Taxa de Desemprego (%) 12,7 15,7 14,9 15,0 15,8 16,9 17,7 16,4

    Saldo das Balanças Corrente e de Capital (em % do PIB)

    Capacidade/Necessidade líquida de f inanciamento face ao exterior -5,6 0,2 -3,2 0,5 -0,1 3,6 0,7 3,1

    - Saldo da Balança Corrente -3,4 -3,6 -2,9 -4,3 -1,8 -2,9 -0,7 -2,8

    da qual Saldo da Balança de Bens 0,8 0,8 -1,3 -3,2 0,5 -0,3 3,7 0,6

    - Saldo da Balança de Capital -10,4 -7,2 -3,6 -5,0 -0,7 -2,3 0,3 -0,6

    20132012

    2011 2012

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012 0

    2012 I II III

    IV

    2013 I II

    Procura Interna Procura Externa Líquida PIB (VH, %)

    80

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2012 I II III

    IV

    2013 I II

    Procura Interna Importações (Bens e Serviços)

    Exportações (Bens e Serviços)

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    7 Durante o período de ajustamento, o peso do consumo privado no PIB tem vindo a diminuir em termos

    reais, corrigindo parcialmente a trajetória de subida da década anterior, ao mesmo tempo que o endivi-

    damento das famílias diminuiu, o que se encontra em linha com os objetivos do Programa de Ajustamen-

    to. Além disso, a taxa de poupança dos particulares tem subido durante este período.

    Gráfico I.1.6 Consumo privado real – trimestral

    (milhões de euros, base 2006)

    Gráfico I.1.7 Consumo real de bens duradouros – trimestral

    (vh, %)

    Fonte: INE. Fonte: INE.

    Gráfico I.1.8 Endividamentos das famílias

    (milhões de euros)

    Gráfico I.1.9 Poupança das famílias - ano termi-nado no trimestre

    (milhões de euros, %)

    Fonte: BdP. Fontes: INE e BdP.

    Mercado de Trabalho

    Quadro I.1.3. População ativa, emprego e desemprego

    (taxas de variação homóloga, em %)

    Nota: Nova série iniciada em 2011. Fonte: INE, Inquérito Trimestral ao Emprego.

    22 000

    23 000

    24 000

    25 000

    26 000

    27 000

    28 000

    I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Consumo privado real

    -5

    -4

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    -35

    -25

    -15

    -5

    5

    15

    25

    I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Bens duradouros Bens não duradouros

    100 000

    110 000

    120 000

    130 000

    140 000

    150 000

    160 000

    170 000

    I III I III I III I III I III I III I III I III I

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Endividamento das famílias - empréstimos

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    0

    2 000

    4 000

    6 000

    8 000

    10 000

    12 000

    14 000

    16 000

    I III I III I III I III I III I III I III I III I

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Poupança bruta (esq.) Taxa de poupança (dir.)

    I II III IV I II

    População Ativa (TVH, %) : -0,9 -1,3 -0,9 -0,3 -0,9 -1,8 -2,2

    Emprego Total (TVH, %) : -4,2 -4,2 -4,2 -4,1 -4,3 -4,9 -3,9

    Taxa de Emprego 45,4 43,7 44,0 44,2 43,9 42,8 42,1 42,9

    Taxa de Desemprego 12,7 15,7 14,9 15,0 15,8 16,9 17,7 16,4

    Desemprego de longa duração (% do total) 53,1 54,1 50,8 53,6 55,6 56,3 58,9 61,9

    Taxa de Desemprego jovem 30,1 37,7 36,2 35,5 39,0 40,0 42,1 37,1

    2011 20122012 2013

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    8 Desde maio de 2011, o mercado de trabalho tem sido caracterizado por um aumento do desemprego,

    decorrente do ajustamento estrutural da economia portuguesa. No entanto, os resultados do inquérito ao

    emprego do INE para o segundo trimestre de 2013 revelam uma descida em cadeia da taxa de desem-

    prego de 1,3 p.p. para 16,4%, explicada pela descida do número de pessoas desempregadas. Em termos

    homólogos, a taxa de desemprego subiu 1,4 p.p. devido à redução da população ativa e ao aumento da

    população desempregada. No que diz respeito ao desemprego de longa duração, a taxa situou-se em

    10,2% no segundo trimestre de 2013, abaixo do valor do trimestre anterior (em 0,2 p.p.), mas acima do

    registado no período homólogo (em 2,2 p.p.). Quanto ao desemprego jovem, a respetiva taxa atingiu

    37,1% no segundo trimestre de 2013, menos 5 p.p. do que trimestre precedente e mais 1,6 p.p. que no

    período homólogo.

    No segundo trimestre de 2013, a população ativa aumentou ligeiramente quando comparada com o tri-

    mestre anterior, mas caiu em termos homólogos, verificando-se, em particular, uma redução da popula-

    ção ativa dos 15 aos 34 anos.

    Gráfico I.1.10. Taxa de desemprego

    (%)

    Gráfico I.1.11. Expectativas de emprego – pró-ximos 3 meses

    (SRE, MM3)

    Fonte: INE. Fonte: INE.

    Paralelamente, os dados disponibilizados pelo IEFP, demonstram que o desemprego registado tem vindo

    a reduzir-se entre fevereiro e agosto de 2013.

    De acordo com o inquérito do INE aos empresários, o indicador das expectativas de emprego para os

    próximos 3 meses, designadamente na indústria, apresenta uma trajetória crescente em 2013, o que

    poderá antecipar uma melhoria no mercado de trabalho.

    Preços

    A taxa de variação homóloga do IPC situou-se em 0,3% no terceiro trimestre de 2013. Esta variação cor-

    responde a menos 2,6 p.p. que no período homólogo. Durante os primeiros três trimestres de 2013, o

    IHPC em Portugal cresceu a um ritmo inferior ao verificado nos países da área do euro.

    A taxa de inflação média em 2013, medida pelo IPC, deverá situar-se em 0,6%, num contexto de fraca

    dinâmica da procura interna e com alguma heterogeneidade de variações entre classes de bens e servi-

    ços. Esta diminuição da taxa de inflação média reflete o esbatimento dos efeitos base do aumento da

    tributação e dos preços regulados, que foi significativo em 2011 e 2012 mas residual em 2013.

    0,02,04,06,08,0

    10,012,014,016,018,020,0

    I II III IV I II III IV I II III IV I II

    2010 2011 2012 2013

    Taxa de desemprego trimestral

    Taxa de desemprego anual

    -25

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    jan

    -08

    abr-

    08

    jul-

    08

    out-

    08

    jan

    -09

    abr-

    09

    jul-

    09

    out-

    09

    jan

    -10

    abr-

    10

    jul-

    10

    out-

    10

    jan

    -11

    abr-

    11

    jul-

    11

    out-

    11

    jan

    -12

    abr-

    12

    jul-

    12

    out-

    12

    jan

    -13

    abr-

    13

    jul-

    13

    Indústria Transfomadora Serviços

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    9 Quadro I.1.4. IPC e IHPC

    (taxas de variação homóloga, em %)

    Fontes: INE e EUROSTAT.

    Produtividade e Competitividade

    Após um crescimento homólogo positivo de 1,1% da produtividade do trabalho em 2012, verificaram-se

    novos ganhos no primeiro semestre de 2013, refletindo uma redução do PIB menos significativa do que a

    do emprego.

    Quadro I.1.5. Produtividade, salários e custos do trabalho

    (taxas de variação homóloga, em %)

    Nota: * Deflacionada pelo IHPC.

    Fontes INE e CE.

    Os custos do trabalho por unidade produzida (CTUP) registaram uma variação de 2,4% no primeiro

    semestre de 2013 em termos homólogos, explicada por um aumento de 3,4% das remunerações nomi-

    nais por trabalhador remunerado, o qual foi parcialmente compensado pelo crescimento da produtividade

    em 1%, medida pelo PIB real por unidade de trabalho. No entanto, esta evolução reflete igualmente

    pagamentos por duodécimos do sector público e privado em 2013. É ainda de destacar a evolução favo-

    rável da taxa de câmbio efetiva real, que sustenta também a melhoria da competitividade da economia

    portuguesa.

    No primeiro semestre de 2013, verificou-se igualmente uma significativa melhoria dos termos de troca no

    mercado de bens, que, ao coincidir com o ganho de quotas de mercado por parte das exportações, indicia

    uma subida na cadeia de valor da produção nacional.

    I II III IV I II III IV I II III

    IPC Total 1,4 3,7 2,8 3,7 3,7 3,2 3,9 3,4 2,8 2,9 2,0 0,2 0,6 0,3

    Bens 1,7 4,4 2,5 4,5 4,4 3,7 4,9 3,6 2,6 2,7 1,3 -0,3 0,5 0,0

    Alimentares 0,7 2,9 2,8 4,1 3,5 1,5 2,4 2,6 1,9 3,7 3,0 2,5 3,8 2,5

    Energéticos 9,5 12,7 9,6 13,2 11,7 11,0 14,9 11,5 10,1 11,5 5,5 1,5 -1,0 -1,3

    Serviços 1,0 2,5 3,1 2,5 2,8 2,5 2,4 3,1 3,2 3,3 3,0 1,0 0,8 0,7

    IPC Subjacente 0,3 2,3 1,5 2,1 2,5 2,1 2,3 2,1 1,6 1,2 1,2 -0,2 0,5 0,3

    IHPC Portugal 1,4 3,6 2,8 3,7 3,7 3,1 3,8 3,3 2,8 3,0 2,0 0,4 0,8 0,4

    IHPC área do euro 1,6 2,8 2,5 2,5 2,8 2,8 3,0 2,7 2,5 2,5 2,3 1,9 1,4 1,2

    Diferencial (p.p.) -0,2 0,8 0,3 1,1 0,9 0,3 0,8 0,7 0,3 0,4 -0,3 -1,4 -0,6 -0,8

    2010 2011 20122011 2012 2013

    I II III IV I II III IV I II

    Produtividade (VH, %) 0,3 1,1 1,5 0,2 -0,8 0,4 3,5 0,3 1,7 -1,2 0,3 1,6

    Remunerações médias (VH, %) -0,5 -1,9 0,3 -0,6 -1,4 -0,3 0,3 -4,6 0,7 -4,0 4,1 2,7

    Custos de Trabalho por Unidade Produzida (VH, %) -0,8 -2,9 -1,1 -0,8 -0,6 -0,8 -3,1 -4,9 -1,0 -2,8 3,8 1,1

    Termos de troca - Bens e Serviços (VH, %) -1,7 0,0 -2,4 -1,5 -1,5 -1,3 -0,3 0,1 -0,4 0,8 2,2 2,2

    Termos de troca - Bens (VH, %) -1,0 0,2 -1,5 -0,8 -0,8 -1,1 -0,4 0,2 -0,1 1,2 2,3 2,8

    Termos de troca - Serviços (VH, %) -1,4 -0,5 -2,1 -1,2 -1,7 -0,7 -0,1 -0,1 -1,2 -0,5 1,0 -1,4

    Taxa de Câmbio efetiva real* 1,0 -1,2 -0,2 1,9 1,3 1,0 0,2 -1,3 -1,9 -1,6 -1,1 0,3

    2011 20122011 2012 2013

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    10 Contas Externas

    Durante o primeiro semestre de 2013, as exportações portuguesas de bens e serviços cresceram a um

    ritmo superior ao verificado no semestre anterior (4,0% e 0,8% em termos reais, respetivamente), não

    obstantre a procura externa dirigida à economia portuguesa ter registado uma variação negativa (apesar

    de mais contida que no segundo semestre de 2012), sendo possível a Portugal alcançar ganhos significa-

    tivos de quota de mercado que reforçam o valor positivo acumulado desde o início de 2012. Acrescenta-

    se que a evolução dos termos de troca foi positiva, especialmente beneficiada pelo desempenho negativo

    do deflator das importações.

    Quadro I.1.6. Quotas de mercado e termos de troca

    Fontes: INE, Eurostat, BEA, IBGE e OMC.

    Esta evolução refletiu-se no desempenho da balança comercial, onde a balança de serviços tem vindo a

    reforçar continuadamente o seu excedente, e a componente de bens registou um ajustamento positivo

    assinalável.

    Gráfico I.1.12. Evolução dos termos de troca

    (vh, %)

    Gráfico I.1.13. Evolução da quota de merca-do de bens e Serviços

    (vh, %)

    Fonte: INE. Fontes: INE, Eurostat, BEA, IBGE e OMC.

    De facto, no primeiro semestre de 2013, o saldo da balança de serviços alcançou um excedente de 3,8

    mil milhões de euros, superior em 0,5 mil milhões ao registado em igual período de 2012. Comparando

    com o segundo semestre de 2012, o crescimento foi de 13,9%. O contributo mais relevante para esta

    melhoria foi o da componente de viagens e turismo (6,1 p.p.), seguido pelos transportes (3,0 p.p.).

    Analisando a composição das exportações de serviços, verifica-se que o valor combinado das viagens e

    turismo, transportes e comunicação representou, em 2012, 75% do valor exportado, proporção esta que

    se tem verificado de forma consistente ao longo dos últimos anos e que se mantém, de acordo com a

    informação do Banco de Portugal para o primeiro semestre de 2013. Deve-se no entanto destacar o cres-

    cente papel dos transportes que, em 2001 representavam 16,6% do total e alcançaram uma proporção de

    30,3% no primeiro semestre do ano corrente, decorrente da crescente importância das exportações por

    via dos portos e transportes terrestres.

    I II III IV I II

    Quota de Mercado (B&S) p.p. 3,5 4,9 10,1 5,0 2,9 1,3 2,9 6,1

    Exportações (Volume, %) 6,9 3,2 8,0 3,2 1,5 0,2 0,7 7,3

    Procura Externa (Volume, %) 3,3 -1,6 -1,9 -1,7 -1,3 -1,1 -2,1 1,1

    Termos de Troca (B&S) p.p. -1,7 0,0 -0,3 0,1 -0,4 0,8 2,2 2,2

    Deflator das Exportações (%) 5,5 1,4 1,4 1,2 1,4 1,7 0,4 -0,9

    Deflator das Importações (%) 7,3 1,4 1,8 1,0 1,9 0,9 -1,7 -3,1

    2011 20122012 2013

    -20,0

    -15,0

    -10,0

    -5,0

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    I III I III I III I III I III I III I III I III I

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Variação Acumulada dos Termos de Troca (2001Q1)

    Exportações de Bens (volume, mm3)

    -25,0

    -20,0

    -15,0

    -10,0

    -5,0

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    -50,0

    -40,0

    -30,0

    -20,0

    -10,0

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    I III I III I III I III I III I III I III I III I

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Var. Acumulada - Quota de Mercado (eixo esq.)

    Procura Externa dirigida à Econ. Port. (B&S)

    Exportações (B&S)

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    11

    Gráfico I.1.14. Composição das exportações de serviços

    (%)

    Gráfico I.1.15. Exportações comunitárias e extracomunitárias

    (vh, %)

    Fonte: BdP. Fonte: INE.

    O processo de ajustamento da economia portuguesa foi particularmente evidente na redução do défice da

    balança de bens. No primeiro semestre de 2013, a balança de bens registou um saldo negativo de 1,2 mil

    milhões de euros, 22,9% inferior ao de igual período do ano anterior.

    Analisando a decomposição por tipo de produto exportado, destaca-se o peso crescente dos combustí-

    veis que, no primeiro semestre, representavam já 10,6% do total (8,3% em 2012) e cuja taxa de cobertura

    foi no mesmo período de 46,3% (32,4% em 2012). De facto, no semestre corrente, as exportações de

    combustíveis foram 27,9% superiores às de igual período do ano anterior, seguidas do crescimento dos

    produtos agrícolas (5,3%), químicos (5,0%), plásticos e borracha (4,8%) e acompanhadas por uma que-

    bra de 9,4% dos veículos e outro material de transporte.

    Quadro I.1.7. Decomposição das exportações em valor por grupo de produto

    (%)

    Fonte: INE.

    Considerando a decomposição por destino, destaca-se o crescimento homólogo das exportações extra-

    comunitárias no primeiro semestre de 2013 em 8,7% (que compara com 1,0% nas exportações intraco-

    munitárias). Deste conjunto é de realçar o forte crescimento nas exportações para o Brasil (10,5%), os

    PALOP (6,7%) e a Turquia (6,0%), que contrasta com o decréscimo das exportações para a China

    (-24,6%), explicado também pelo forte aumento observado em 2012. No primeiro semestre de 2013, no

    mercado intracomunitário, a taxa de cobertura no comércio com a Alemanha foi de 89,1% e com a França

    de 147,6% (que comparam com 87,5% e 144,2% respetivamente, em 2012). Neste conjunto, as exporta-

    ções para Espanha e Países Baixos foram as que evoluíram mais favoravelmente.

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2012 I II III

    IV

    2013 I II

    Viagens e Turismo

    Transportes e Comunicação

    Seguros, Financeiros, Informação e Informática

    Construção

    Pessoal, Cultural, Governamental e Direitos de Utilização

    Outros Serviços Fornecidos por Empresas

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    -30%

    -20%

    -10%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    2006 2008 2010 2012 2012 I III 2013 I

    Exp. Extra Exp. Intra Peso do merc. extra (eixo dta.)

    2008 2010 2012jan - junho

    20132008 2010 2012

    jan - junho

    20132008 2010 2012

    jan - junho

    2013

    Grupos de Produtos

    Máquinas, Aparelhos 19,3 14,9 15,3 14,8 58,8 58,6 83,7 89,0 0,8 - 6,3 10,7 0,2

    Veículos e O.M.Transporte 12,2 12,4 11,6 11,2 60,4 56,6 110,5 110,4 2,7 - 22,2 5,3 - -9,4

    Combustíveis 5,6 6,7 8,3 10,6 20,9 29,6 32,4 46,3 25,1 59,5 22,5 27,9

    Metais Comuns 8,6 7,9 8,2 8,0 56,1 64,5 86,8 85,0 0,2 - 17,3 8,8 0,2

    Plásticos e Borracha 5,9 6,9 6,9 6,9 75,8 86,2 99,9 101,0 0,5 27,7 7,2 4,8

    Químicos 4,8 5,0 5,6 5,6 34,4 32,2 41,2 44,5 4,8 17,1 3,5 5,0

    Vestuário 6,4 6,0 5,4 5,2 150,5 129,5 157,8 170,2 5,7 - 3,0 0,2 0,2

    Agrícolas 5,0 5,3 5,4 5,1 32,8 36,1 40,5 38,7 25,0 14,1 5,9 5,3

    Peso nas Exportações Taxa de Cobertura Taxa de Crescimento Homólogo

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    12 Quadro I.1.8. Decomposição das exportações em valor por destino

    (%)

    Fonte: INE.

    Balança de Pagamentos

    A partir de 2008 – ano em que as necessidades líquidas de financiamento da economia portuguesa atingi-

    ram o valor mais elevado desde 1995 (11,4% do PIB) – e particularmente a partir de 2011, assistiu-se a

    uma melhoria substancial do saldo conjunto da balança corrente e de capital. Após um défice de 5,6% em

    2011, verificou-se, em 2012, um excedente de 0,2% do PIB, o primeiro excedente nas últimas duas déca-

    das. Já no primeiro semestre de 2013, registou-se um saldo positivo equivalente a 1,6% do PIB ou 1,3 mil

    milhões de euros, demonstrando que o processo de ajustamento face ao exterior se intensificou.

    Quadro I.1.9. Balança de pagamentos

    (milhões de euros)

    Fonte: INE.

    Analisando as diferentes balanças que contribuíram para esta evolução, verifica-se que, à exceção da

    balança de capital, todas contribuíram para a evolução favorável das contas externas durante o primeiro

    semestre de 2013. No entanto, é de notar o contributo especialmente positivo proveniente da evolução do

    saldo das balanças de bens e de serviços e da balança de rendimentos.

    Gráfico I.1.16. Balança corrente e de capital

    (% PIB)

    Gráfico I.1.17. Ajustamento da balança corrente

    (milhões de euros)

    Fonte: INE.

    2008 2010 2012jan - junho

    20132008 2010 2012

    jan - junho

    20132008 2010 2012

    jan - junho

    2013

    Intracomunitárias 75,5 75,0 71,1 70,9 60,2 63,8 79,8 85,1 -2,1 15,4 0,9 1,0

    Espanha 37,5 35,4 31,6 33,1 54,7 54,8 56,7 64,2 1,4 - 13,2 4,7 - 6,8

    Alemanha 17,1 17,4 17,4 16,9 57,6 60,5 87,5 89,1 0,1 - 16,5 3,3 - -4,4

    França 15,8 15,7 16,6 16,6 88,1 104,8 144,2 147,6 5,0 - 10,3 2,7 -0,4

    Itália 5,0 5,1 5,2 4,9 41,5 43,0 56,4 57,5 9,4 - 17,4 5,6 -1,2

    Países Baixos 4,4 5,1 5,8 5,7 42,2 47,9 69,1 70,2 3,6 - 22,4 12,0 4,8

    Extracomunitárias 25,6 25,0 28,9 29,1 61,4 66,4 82,6 86,7 13,4 17,7 19,5 8,7

    PALOP 27,0 26,3 27,6 24,9 595,3 401,9 199,9 106,2 29,9 9,1 - 24,0 6,7

    China 1,9 2,6 5,9 4,8 13,7 14,9 56,6 49,2 1,6 6,0 96,1 -24,6

    Brasil 3,2 4,8 5,2 4,6 23,5 42,1 49,6 88,9 23,9 49,5 16,4 10,5

    EUA 13,5 14,4 14,2 14,1 130,0 157,3 194,0 228,3 25,0 - 31,1 24,6 5,2

    Turquia 2,2 2,9 2,7 3,0 60,0 83,1 331,4 108,0 2,1 - 32,0 18,2 6,0

    Peso nas Exportações Taxa de Cobertura Taxa de Crescimento Homólogo

    I II III IV I II

    Balança de Pagamentos (Saldos, M€)

    Balança Corrente e de Capital -9,588 301 -1,327 216 -39 1,451 266 1,266

    Balança de Capital 2,534 3,410 753 508 783 1,365 473 593

    Balança Corrente -12,258 -3,187 -2,099 -294 -927 133 -242 630

    Balança de Bens e Serviços -7,478 -1,004 -707 77 -114 -259 459 606

    Balança de Bens -13,248 -7,686 -2,370 -1,597 -1,876 -1,843 -1,455 -1,289

    Balança de Serviços 5,770 6,682 1,663 1,674 1,762 1,584 1,913 1,896

    Balança de Rendimentos -6,230 -4,026 -1,821 -736 -1,194 -275 -1,137 -588

    Balança de Transferências Correntes 1,450 1,842 430 365 381 667 437 612

    2011 20122012 2013

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    5

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    2001

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    2010

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    2012

    2012 I II III

    IV

    2013 I II

    Bal. Bens Bal. Serviços

    Bal. Rendimentos Bal. Transf. Correntes

    Balança de Capital Balança Corrente e de Capital

    -6 000

    -4 000

    -2 000

    0

    2 000

    4 000

    6 000

    8 000

    10 000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2012 I II III

    IV

    2013 I II

    Bal. Bens Bal. Serviços

    Bal. Rendimentos Bal. Transf. Correntes

    Balança Corrente

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    13 Outro indicador relevante para a avaliação da sustentabilidade das responsabilidades financeiras externas

    da economia portuguesa é a posição de investimento internacional. Após as melhorias registadas entre

    2010 e 2011, registou-se um acréscimo na posição devedora líquida em 2012, a qual atingiu os 116,7%

    do PIB. No primeiro semestre de 2013, a posição de investimento internacional foi mais negativa face a

    igual período do ano anterior, mas no sector privado registou-se uma melhoria de cerca de 12%.

    Gráfico I.1.18. Posição de investimento internacional

    (% PIB)

    Fontes: BdP e INE.

    Mercados Financeiros em Portugal

    Em linha com as exigências da supervisão para os rácios de solvabilidade dos bancos e com a necessi-

    dade de ajustamento dos balanços das empresas não financeiras e famílias, o crédito concedido ao sec-

    tor privado continuou a registar variações negativas em todos os segmentos.

    Quadro I.1.10. Agregados de crédito bancário em Portugal

    (variação anual, em %)

    Nota: As taxas de variação anual são calculadas com base na relação entre saldos de empréstimos bancários em fim de mês, ajustados de operações de titularização.

    Fonte: BdP.

    De facto, tem-se vindo a assistir a uma redução dos empréstimos bancários concedidos ao sector privado

    não financeiro, cuja taxa de variação anual diminuiu para -4,7%, em média, no conjunto dos sete primei-

    ros meses de 2013 (-4,5%, em média, no ano de 2012). Esta tendência foi comum quer às sociedades

    não financeiras quer aos particulares, destacando-se para o último caso uma quebra mais pronunciada no

    crédito ao consumo. Contudo, no caso das sociedades não financeiras, desde o final de 2012 tem-se

    assistido a um abrandamento da contração do crédito obtido em Portugal - mais significativo nos emprés-

    timos de 1 a 5 anos - contrariamente à evolução registada para a área do euro, cuja tendência tem sido a

    de uma deterioração neste segmento de empréstimos. A menor contração registada na concessão de

    empréstimos em Portugal a sociedades não financeiras foi extensível à maioria dos sectores, com exce-

    ção da construção, alojamento e restaurantes, indústrias extrativas e atividades de informação e comuni-

    cação, os quais apresentaram uma diminuição mais intensa.

    -125

    -100

    -75

    -50

    -25

    0

    25

    2001

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    2010

    2011

    2012

    2012 I II III

    IV

    2013 I II

    AP's Autoridade Monetária

    Outras Instituições Financeiras Outros Sectores Residentes

    dez-12 jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13

    Empréstimos ao sector privado não financeiro -5,3 -5,1 -5,1 -4,6 -4,6 -4,6 -4,5 -4,5 :

    Sociedades não financeiras -6,6 -6,1 -6,2 -5,0 -5,0 -4,8 -4,7 -4,8 :

    Particulares -4,3 -4,3 -4,3 -4,3 -4,4 -4,3 -4,3 -4,4 -4,3

    para habitação -3,6 -3,6 -3,6 -3,6 -3,7 -3,7 -3,8 -3,9 -3,8

    para consumo -9,4 -9,5 -9,2 -9,4 -9,1 -9,0 -8,6 -8,8 -8,0

  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    14 Gráfico I.1.19. Empréstimos a sociedades não

    financeiras

    (taxa de variação homóloga, em %)

    Gráfico I.1.20. Empréstimos a particulares (taxa de variação homóloga, em %)

    Fontes: BCE e BdP.

    Os empréstimos de cobrança duvidosa evoluíram no sentido ascendente em Portugal até agosto de 2013,

    particularmente no segmento das empresas não financeiras e famílias, e especialmente os empréstimos

    para consumo e outros fins. Com efeito, em agosto de 2013, o peso dos empréstimos de cobrança duvi-

    dosa subiu para 11,7% nas sociedades não financeiras (com destaque para os sectores da construção e

    do imobiliário), 12,2% no consumo e 12,8% nos outros fins (9,4%, 11,8% e 11,6%, respetivamente, em

    dezembro de 2012), tendo atingido níveis historicamente elevados. Em relação à materialização do risco

    de crédito para a habitação, o peso dos empréstimos de cobrança duvidosa tem-se mantido relativamente

    estável, continuando a apresentar níveis de incumprimento contidos, situando-se em 2,2% em agosto de

    2013. Para este resultado tem contribuído o nível relativamente baixo das taxas de juro, evitando subidas

    substanciais da prestação média nos contratos deste segmento.

    Com efeito, prosseguindo a evolução registada em 2012, as taxas de juro do crédito têm vindo a evoluir

    no sentido descendente, tendência particularmente acentuada para o crédito à habitação, cuja taxa de

    juro média desceu para 1,5% em agosto de 2013, representando um recuo de 50 p.b. face ao mesmo

    mês de 2012. Quanto às taxas de juro dos empréstimos concedidos às empresas não financeiras, estas

    situaram-se em torno de 4,4% em agosto de 2013 (-34 p.b. face ao mesmo mês de 2012) mas tendo

    apenas diminuído muito lentamente face aos valores do início do ano. Esta situação resultou na manuten-

    ção do spread entre as taxas de juro dos empréstimos e a Euribor a 6 meses num nível elevado (cerca de

    4,1 p.p.) associada, em parte, à continuação das restrições de balanço dos bancos e à perceção de um

    maior risco empresarial.

    Gráfico I.1.21. Taxas de juro de empréstimos

    (valores médios, fim de período, em %)

    Gráfico I.1.22. Spread das taxas de juro de emprés-timos a sociedades não financeiras

    (p.p.)

    Fontes: BCE e Banco de Portugal. O Spread resulta da diferença entre taxa de Juro de empréstimos e Euribor a 6 meses.

    -9,0

    -6,0

    -3,0

    0,0

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    área do euro Portugal

    -5,0

    -3,0

    -1,0

    1,0

    3,0

    5,0

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    área do euro Portugal

    1,0

    2,0

    3,0

    4,0

    5,0

    6,0

    7,0

    8,0

    9,0

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    Habitação Consumo e outros fins Empresas

    4,05

    2,0

    2,5

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    3,5

    4,0

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  • RELATÓRIO OE2014

    Economia Portuguesa: Evolução Recente e Perspetivas para 2014

    15 Apesar da evolução descendente, as taxas de juro dos novos empréstimos concedidos às empresas não

    financeiras em Portugal têm permanecido bastante acima da média da área do euro, devido à ocorrência

    em simultâneo de vários fatores: i) o ajustamento na economia portuguesa refletiu-se na situação finan-

    ceira de muitas empresas, na qualidade do crédito e no aumento significativo da perceção de risco por

    parte dos bancos aumentando-lhes as suas imparidades; ii) o balanço dos bancos portugueses continuou

    a ser afetado pelos efeitos de operações conduzidas no passado, tanto do lado do ativo como do passivo,

    as quais contribuíram para que o custo de financiamento permanecesse elevado face à rendibilidade dos

    ativos geradores de juros (os juros dos depósitos permaneceram elevados durante vários anos; enquanto

    os juros dos empréstimos para aquisição de habitação concedidos antes do início da crise financeira

    apresentaram taxas de juro inferiores ao custo de financiamento atual dos bancos contribuind