onu_plano educação direitos humanos jornalistas e profissionais de midia

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Brasília, 2015 Plano de Ação Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos Terceira Fase Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Nações Unidas

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ONU - Direitos Humanos para o currículo jornalismo.

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  • Braslia, 2015

    Plano de AoPrograma Mundial para Educao em Direitos Humanos

    TerceiraFase

    Escritrio do AltoComissariado dasNaes Unidas para osDireitos Humanos

    Organizaodas Naes Unidas

    para a Educao,a Cincia e a Cultura

    Naes Unidas

  • Publicado pela Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, France e a Representao da UNESCO no Brasil.

    UNESCO 2015 UNESCO 2015

    Esta publicao esta disponvel em acesso livre ao abrigo da licena Atribuio-Partilha 3.0 IGO (CC-BY-SA 3.0 IGO) (http://creativecommons. org/licenses/by-sa/3.0/igo/). Ao utilizar o contedo da presente publicao, os usurios aceitam os termos de uso do Repositrio UNESCO de acesso livre (http://unesco.org/open-access/terms-use-ccbysa-en).

    Ttulo original: Plan of Action for the third phase (2015-2019) of the World Programme for Human Rights Education, publicado em 2014 pelo Human Rights Council, United Nations General Assembly, sob o nmero A/HRC/27/28.

    Crditos da verso em portugus: Coordenao e reviso tcnica: Setor de Cincias Humanas e Sociais da Representao da UNESCO no BrasilTraduo: esta uma traduo livre da ONU Brasil; nossos agradecimentos aos Voluntrios Online das Naes Unidas que possibilitaram esta traduoReviso tcnica: Escritrio do Coordenador Residente da ONU BrasilReviso gramatical, editorial e projeto gr co: Unidade de Comunicao, Informao Pblica e Publicaes da Representao da UNESCO no Brasil

    As indicaes de nomes e a apresentao do material ao longo deste livro no implicam a manifestao de qualquer opinio por parte da UNESCO a respeito da condio jurdica de qualquer pas, territrio, cidade, regio ou de suas autoridades, tampouco da delimitao de suas fronteiras ou limites.

    As ideias e opinies expressas nesta publicao so as dos autores e no re etem obrigatoriamente as da UNESCO nem comprometem a Organizao.

    Esclarecimento: a UNESCO mantm, no cerne de suas prioridades, a promoo da igualdade de gnero, em todas suas atividades e aes. Devido especifi cidade da lngua portuguesa, adotam-se, nesta publicao, os termos no gnero masculino, para facilitar a leitura, considerando as inmeras menes ao longo do texto. Assim, embora alguns termos sejam grafados no masculino, eles referem-se igualmente ao gnero feminino.

    BR/2015/PI/H/1

    UNESCO Representao no BrasilSAUS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6, Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9 andar70070-912 Braslia DF BrasilTel.: (55 61) 2106-3500Site: www.unesco.org/brasiliaE-mail: [email protected]/unescobrasiltwitter: @unescobrasil

  • Plano de Ao da Terceira Fase (2015-2019) do Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos Resumo do Relatrio do Escritrio do Alto Comissariado das Naes Unidas para os Direitos Humanos1

    De acordo com a Resoluo 24/15 do Conselho de Direitos Humanos, o Escritrio do Alto Comissariado das Naes Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) elaborou, no primeiro trimestre de 2014, um esboo de plano de ao para a terceira fase (2015-2019) do Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos (PMEDH) tomando como base, entre outros, importantes instrumentos e documentos das Naes Unidas, os planos de ao da primeira (2005-2009) e da segunda (2010-2014) fases do PMEDH e outros materiais publicados pelo ACNUDH e pelas Naes Unidas.

    Em abril e maio, o esboo de plano de ao foi submetido anlise dos Estados, organizaes intergovernamentais relevantes, incluindo a Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), instituies nacionais de direitos humanos e sociedade civil. Em 4 de julho, o ACNUDH recebeu 30 respostas com os comentrios, os quais foram levados em considerao no texto final e que constituem as Sees de II a V do presente relatrio.

    1. Traduo livre de: UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY. Human Rights Council. Summary. In: UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY. Human Rights Council. Plan of Action for the Third Phase (2015-2019) of the World Programme for Human Rights Education. New York: United Nations, 4 Aug. 2014. p. 1.

  • Sumrio

    I. Introduo ..................................................................................................................... 7 A. Contexto e definio de educao em direitos humanos ................................................. 7 B. Objetivos do Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos ......................... 9 C. Princpios para as atividades de educao em direitos humanos ...................................... 10II. Terceira Fase (2015-2019) do Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos: um plano de ao para fortalecer a implementao das duas primeiras fases e promover a formao em direitos humanos para profissionais de mdia e jornalistas ................................................................................ 11 A. Abrangncia .................................................................................................................. 11 B. Objetivos especficos ..................................................................................................... 12 C. Ao para fortalecer a implementao da educao em direitos humanos nos sistemas de educao primria e secundria e na educao superior, e formao em direitos humanos para professores e educadores, funcionrios pblicos, agentes policiais e militares ............................................................................. 12 D. Ao para promover a formao em direitos humanos para profissionais de mdia e jornalistas ................................................................................. 18III. Processo de implementao nacional ............................................................................. 29 Passos para implementao ................................................................................................... 29IV. Coordenao e avaliao nacional .................................................................................. 33V. Cooperao e apoio internacional .................................................................................. 35

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    oIIntroduo

    A. Contexto e de nio de educao em direitos humanos1. A comunidade internacional apresenta cada vez mais consenso sobre a contribuio

    fundamental da educao em direitos humanos para a realizao desses direitos. A educao em direitos humanos tem como objetivo desenvolver o entendimento de que somos todos responsveis por tornar os direitos humanos uma realidade em cada comunidade e em toda a sociedade de modo geral. Nesse sentido, ela contribui, no longo prazo, para a preveno de abusos aos direitos humanos e de con itos violentos, para a promoo da igualdade e do desenvolvimento sustentvel, e para o aprimoramento da participao em processos de tomada de decises em um sistema democrtico.

    2. Medidas de educao em direitos humanos tm sido incorporadas em diversos instrumentos e documentos internacionais, incluindo a Declarao Universal dos Direitos Humanos (Art. 26); a Conveno Internacional sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao Racial (Art. 7); o Pacto Internacional de Direitos Econmicos, Sociais e Culturais (Art. 13); a Conveno contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruis, Desumanos ou Degradantes (Art. 10); a Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Mulheres (Art. 10); a Conveno sobre os Direitos da Criana (Art. 29); a Conveno Internacional sobre a Proteo dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famlias (Art. 33); a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Defi cincias (Arts. 4 e 8); a Declarao e o Programa de Ao de Viena (Parte I, Pars. 33-34; Parte II, Pars. 78-82); o Programa de Ao da Conferncia Internacional sobre Populao e Desenvolvimento (Pars. 7.3 e 7.37); a Declarao e o Programa de Ao de Durban (Declarao, Pars. 95-97; Programa de Ao, Pars. 129-139) e o Documento Final da Conferncia de Reviso de Durban (Pars. 22 e 107); e o Documento Final da Cpula Mundial de 2005 (Par. 131).

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    3. Em dezembro de 2011, a Assembleia Geral aprovou, sem votao, a Declarao das Naes Unidas sobre Educao e Formao em Direitos Humanos. A Declarao afi rma que a educao em direitos humanos fornece a todas as pessoas conhecimento e competncias, bem como desenvolve suas atitudes e comportamentos, empoderando-as para desfrutar e exercer seus direitos e tambm respeitar e defender os direitos dos outros (Art. 2). Da mesma forma, declara que os Estados e, onde se aplicar, as autoridades governamentais pertinentes, so os principais responsveis quanto promoo e garantia da educao e da formao em direitos humanos, e que os Estados devem criar um ambiente seguro e favorvel para o envolvimento da sociedade civil e de outras partes interessadas relevantes nesses processos (Art. 7).

    4. Conforme esses instrumentos, que contm elementos para a defi nio da educao em direitos humanos aprovados pela comunidade internacional, a essa educao pode ser defi nida como quaisquer esforos de aprendizagem, educao, treinamento ou informao com vistas a construir uma cultura universal de direitos humanos, incluindo:(a) fortalecer o respeito aos direitos humanos e s liberdades fundamentais;(b) desenvolver de forma plena da personalidade e da dignidade humanas; (c) promover a compreenso, a tolerncia, o respeito pela diversidade, a igualdade

    de gnero e a amizade entre todas as naes, povos indgenas e minorias;(d) capacitar todas as pessoas para participar em uma sociedade livre e democrtica,

    regulada pelo Estado de Direito;(e) construir e manter a paz;(f ) promover a justia social e o desenvolvimento sustentvel centrados nas pessoas;

    5. A educao em direitos humanos abrange:(a) conhecimento e habilidades aprendizagem sobre os direitos humanos e seus

    mecanismos, e aquisio de habilidades para aplic-los de forma prtica na vida cotidiana;

    (b) valores, atitudes e comportamentos desenvolvimento de valores e reforo de atitudes e comportamentos que apoiem os direitos humanos;

    (c) ao participao na defesa e na promoo dos direitos humanos.

    6. Com o objetivo de encorajar iniciativas de educao em direitos humanos, os Estados-membros adotaram vrios marcos de ao internacionais especfi cos, como a Campanha Mundial de Informao Pblica sobre Direitos Humanos (1988, em curso), com foco no desenvolvimento e na disseminao de materiais de informao

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    sobre direitos humanos; a Dcada das Naes Unidas para a Educao em Direitos Humanos (1995-2004) e seu plano de ao, que incentiva a elaborao e a implementao de estratgias abrangentes, efetivas e sustentveis para a educao em direitos humanos em mbito nacional; a Dcada Internacional para uma Cultura de Paz e No Violncia para as Crianas do Mundo (2001-2010); a Dcada das Naes Unidas da Educao para o Desenvolvimento Sustentvel (2005-2014); e o Ano Internacional da Aprendizagem sobre Direitos Humanos (2008-2009). Outros marcos internacionais que promovem, entre outros, a educao em direitos humanos, incluem a Dcada Internacional para a Aproximao das Culturas (2013-2022); o movimento Educao para Todos (2000-2015); a iniciativa mundial Educao em Primeiro Lugar do secretrio-geral das Naes Unidas; e a agenda de desenvolvimento ps-2015.

    7. No dia 10 de dezembro de 2004, a Assembleia Geral proclamou o Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos. Esse Programa Mundial, que se iniciou em 1 de janeiro de 2005, tem como objetivo avanar na implementao de programas de educao em direitos humanos em todos os setores.

    B. Objetivos do Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos

    8. Os objetivos do Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos so:(a) promover o desenvolvimento de uma cultura de direitos humanos;(b) promover o entendimento comum, com base em instrumentos internacionais,

    de princpios bsicos e metodologias de educao em direitos humanos;(c) assegurar o foco na educao em direitos humanos nos mbitos nacional,

    regional e internacional;(d) fornecer um marco comum de ao coletiva para todos os atores relevantes;(e) aperfeioar as parcerias e a cooperao em todos os nveis;(f ) supervisionar, avaliar e apoiar programas de educao em direitos humanos

    existentes, com o objetivo de destacar prticas de sucesso e incentivar a sua continuao e/ou expanso e o desenvolvimento de novas prticas;

    (g) promover a implementao da Declarao das Naes Unidas sobre Educao e Formao em Direitos Humanos.

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    o C. Princpios para as atividades de educao em direitos humanos9. As atividades educativas no mbito do Programa Mundial devem:

    (a) promover a interdependncia, a inter-relao, a indivisibilidade e a universalidade dos direitos humanos, incluindo os direitos civis, polticos, econmicos e culturais, bem como o direito ao desenvolvimento;

    (b) fomentar o respeito e valorizar a diversidade, e se opor discriminao com base em raa, sexo, gnero, lngua, religio, opinio poltica ou outra, origem nacional, tnica ou social, defi cincia ou orientao sexual, entre outras;

    (c) incentivar a anlise de problemas de direitos humanos crnicos e emergentes, incluindo pobreza, con itos violentos e discriminao, luz das rpidas transformaes nos campos poltico, social, econmico, tecnolgico e ambiental, o que levaria a respostas e solues consistentes quanto aos padres dos direitos humanos;

    (d) empoderar comunidades e indivduos para identifi car seus direitos humanos e reclam-los de forma efetiva;

    (e) desenvolver as capacidades dos responsveis, em particular de funcionrios pblicos, para cumprir suas obrigaes de respeitar, proteger e realizar os direitos humanos daqueles que se encontram sob sua jurisdio;

    (f ) construir sobre os princpios de direitos humanos incorporados nos diferentes contextos culturais e levar em conta a evoluo histrica e social de cada pas;

    (g) fomentar o conhecimento e a aquisio de habilidades para a utilizao de instrumentos de direitos humanos locais, nacionais, regionais e internacionais, bem como de mecanismos para a proteo dos direitos humanos;

    (h) utilizar pedagogias participativas que incluam o conhecimento, a anlise crtica e habilidades para aes que promovam os direitos humanos e que levem em considerao a idade e as especifi cidades culturais dos alunos;

    (i) fornecer ambientes de ensino e aprendizagem sem misria nem medo, que promovam a participao, o gozo dos direitos humanos e o desenvolvimento pleno da personalidade humana;

    (j) ser importantes para a vida diria dos alunos, envolvendo-os em um dilogo sobre caminhos e meios de transpor os direitos humanos expressos em normas abstratas para a realidade de suas condies sociais, econmicas, culturais e polticas.

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    IITerceira Fase (2015-2019) do Programa Mundial para Educao em Direitos Humanos: um plano de ao para fortalecer a implementao das duas primeiras fases e promover a formao em direitos humanos para pro ssionais de mdia e jornalistas

    A. Abrangncia10. A primeira fase (2005-2009) do Programa Mundial foi dedicada integrao da

    educao em direitos humanos nos sistemas de educao primria e secundria. O plano de ao para sua implementao (A/59/525/Rev.1) foi adotado pela Assembleia Geral em julho de 2005.

    11. A segunda fase (2010-2014) do Programa Mundial teve como foco a educao em direitos humanos para a educao superior, professores e educadores, funcionrios pblicos, policiais e militares de todos os nveis. O plano de ao para sua implementao (A/HRC/15/28) foi aprovado pelo Conselho de Direitos Humanos em setembro de 2010.

    12. Na Resoluo 24/15, o Conselho pediu ao Escritrio do Alto Comissariado das Naes Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) que elaborasse o presente plano de ao para a terceira fase (2015-2019) do Programa Mundial, dedicado a reforar a implementao das duas primeiras fases e promover a formao em direitos humanos de profi ssionais de mdia e jornalistas.

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    anos B. Objetivos espec cos

    13. Tendo em vista os objetivos gerais do Programa Mundial (ver a Seo I.B, acima), o presente Plano de Ao se prope a atingir especifi camente os seguintes objetivos:(a) reforar a implementao da educao em direitos humanos na educao

    primria, secundria e superior, e na formao de professores e educadores, funcionrios pblicos, policiais e militares;

    (b) no que diz respeito aos profi ssionais de mdia e aos jornalistas:(i) destacar o seu papel na promoo e na proteo dos direitos humanos;(ii) fornecer orientao para programas efetivos de formao em direitos

    humanos para profi ssionais de mdia e jornalistas;(iii) apoiar o desenvolvimento, a adoo e a implementao de estratgias

    revelantes e sustentveis de formao;(iv) destacar a importncia de ambientes favorveis que garantam a proteo e

    a segurana dos profi ssionais de mdia e dos jornalistas;(v) facilitar o apoio formao em direitos humanos para profi ssionais de

    mdia e jornalistas por meio de organizaes locais, nacionais, regionais e internacionais;

    (vi) apoiar a cooperao e criao de redes entre instituies e organizaes governamentais e no governamentais, nos mbitos local, nacional, regional e internacional.

    C. Ao para fortalecer a implementao da educao em direitos humanos nos sistemas de educao primria e secundria e na educao superior, e formao em direitos humanos para professores e educadores, funcionrios pblicos, agentes policiais e militares

    1. Estratgias

    14. Esta seo analisa estratgias de fortalecimento da implementao da educao em direitos humanos em setores-chave (educao primria, secundria e superior, professores e educadores, funcionrios pblicos, agentes policiais e militares) que foram destacados na primeira e na segunda fase do Programa Mundial. As estratgias identifi cadas pelo Conselho de Direitos Humanos na Resoluo 24/15 so listadas a seguir.

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    Avanar na implementao e consolidar o trabalho realizado.

    15. Os avanos e os esforos de consolidao empreendidos durante as duas primeiras fases do Programa Mundial necessitam de avaliao dos processos de planejamento, coordenao, implementao e avaliao ocorridos nessas fases e em qualquer outro plano nacional relacionado. A Seo III, a seguir, oferece orientaes sobre como realizar essa anlise, que podem ser comparadas aos dados de referncia obtidos nas duas primeiras fases, para verifi car os progressos alcanados.

    16. Dependendo dos resultados da anlise, as estratgias de avano e consolidao dos esforos atuais podem ser desenvolvidos e integrados no plano de implementao da terceira fase do Programa Mundial, incluindo mas no apenas estratgias relativas a:(a) leis e polticas, novas ou revistas; (b) maior coerncia entre os vrios componentes da educao em direitos humanos, como

    currculos de formao, e contedos, prticas e polticas de ensino e aprendizagem;(c) ampliao da presena da educao em direitos humanos nos currculos e na

    formao correspondente;(d) melhora da qualidade e do impacto dos programas de educao em direitos

    humanos existentes;(e) aumento do apoio quanto a recursos humanos e fi nanceiros;(f ) aplicao prtica de processos de monitoramento e avaliao efi cazes e

    inclusivos, no que diz respeito aos esforos de educao em direitos humanos que dependem de indicadores e mecanismos de coleta de dados adequados e que forneam informaes para o aperfeioamento contnuo dos programas;

    (g) maior coerncia entre os esforos da educao em direitos humanos e outros relacionados, como, por exemplo, para promover o respeito diversidade, a cultura de paz e no violncia, a educao cvica e a educao para a cidadania mundial;

    (h) educao e formao em direitos humanos sustentveis e de alta qualidade e, por meio do cumprimento das atividades indicadas acima.

    17. As estratgias para avanar na implementao e consolidar o trabalho realizado devem manter uma abordagem de ensino e aprendizagem baseada nos direitos humanos, como segue: (a) Direitos humanos por meio da educao garantir que todos os elementos e

    processos educacionais, o que inclui currculos, materiais, mtodos e treinamento, conduzam a aprendizagem sobre direitos humanos;

    (b) Direitos humanos na educao assegurar o respeito aos direitos humanos por parte de todos os atores, bem como a prtica desses direitos nos ambientes de trabalho e aprendizagem.

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    Proporcionar educao e formao em direitos humanos para educadores dos sistemas formais e no formais de ensino, sobretudo para aqueles que trabalham com crianas e jovens.

    18. A primeira e segunda fases do Programa Mundial destacaram a importncia da educao e da formao em direitos humanos para educadores, ou seja, aqueles que elaboram, desenvolvem, implementam e avaliam as atividades educativas em contextos formais, informais e no formais.2 Os planos de ao para a primeira e a segunda fases destacaram o fato de que os professores, o pessoal docente do ensino superior e outros funcionrios da educao tm um importante papel e responsabilidade de transmitir valores, habilidades, atitudes, motivao e prticas relacionadas aos direitos humanos, tanto no desempenho de suas atividades profi ssionais como em suas funes como modelos. Assim, a educao em direitos humanos para esses grupos profi ssionais, com o objetivo de estimular seu conhecimento, compromisso e motivao relativos aos direitos humanos, uma estratgia prioritria de qualquer programa de educao em direitos humanos nos sistemas de ensino formal. Essa mesma estratgia prioritria se aplica, por analogia, a todos aqueles que desempenham funes de educadores em outros contextos, especialmente os que trabalham com crianas e jovens que esto fora da escola, e da mesma forma com os pais.

    19. As estratgias de educao e formao em direitos humanos podem incluir a adoo de uma poltica abrangente de formao em direitos humanos, a introduo dos direitos humanos e dos princpios e padres da educao nesses direitos no currculo de formao, bem como a utilizao e a promoo de metodologias adequadas e mtodos de avaliao e desenvolvimento de recursos relacionados.

    20. A adoo de uma poltica abrangente de formao em direitos humanos para educadores pode incluir os seguintes elementos: (a) divulgar e adotar a defi nio internacional de educao e formao em direitos

    humanos, como processo de empoderamento que transfere conhecimento e desenvolve habilidades, atitudes e comportamentos que promovem e protegem os direitos humanos.

    (b) fornecer treinamento inicial e durante o trabalho, para todos os educadores, adaptado suas especifi cidades culturais, educacionais e de experincia, e com base na avaliao das necessidades de formao;

    2. Ver o Plano de Ao da Segunda Fase (A/HRC 15/28), Par. 14. Em geral, educao formal se refere escola e formao profi ssional e universitria; educao no formal se refere aprendizagem de adultos e s formas de educao que complementam a educao formal, como servios comunidade e atividades extracurriculares; e educao informal se refere a atividades desenvolvidas fora do sistema de ensino, como as realizadas por organizaes no governamentais (Plano de Ao da Primeira Fase, Apndice, nota 3).

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    (c) formar formadores, sobretudo aqueles que ministram treinamento inicial e durante o trabalho, que devem ser profi ssionais qualifi cados e experientes em educao em direitos humanos e, da mesma forma, devem re etir a diversidade dos alunos;

    (d) considerar a educao em direitos humanos como critrio para a qualifi cao, a acreditao e a progresso na carreira de docncia;

    (e) reconhecer, credenciar e apoiar organizaes no governamentais e outros setores da sociedade civil que realizam atividades de capacitao de educao em direitos humanos;

    (f ) aperfeioar os critrios e os modelos de avaliao de programas de formao, bem como sua implementao;

    (g) tratar da questo da criao de ambientes favorveis de aprendizagem e de trabalho para os educadores, pois a aprendizagem dos direitos humanos somente pode ocorrer de maneira efetiva onde eles so praticados.

    21. Um currculo de formao em direitos humanos para educadores deve incluir os seguintes elementos:(a) objetivos de aprendizagem que combinem conhecimento, habilidades, atitudes e

    comportamentos relativos aos direitos humanos e educao em direitos humanos;(b) princpios e normas de direitos humanos, assim como mecanismos de proteo

    dentro e fora das comunidades onde os educadores atuam;(c) direitos e contribuies dos educadores e dos alunos na abordagem de assuntos

    relacionados a direitos humanos na comunidade onde vivem, incluindo questes de segurana;

    (d) os princpios para atividades de educao em direitos humanos descritos na Seo I.C, acima;

    (e) uma metodologia apropriada para a educao em direitos humanos, que seja participativa, com foco no aluno, baseada na experincia, orientada para a ao e que considere os aspectos culturais;

    (f ) estilos de liderana e habilidades sociais dos educadores, que sejam democrticos e coerentes com princpios dos direitos humanos;

    (g) informaes sobre recursos existentes de ensino e aprendizagem para a educao em direitos humanos, incluindo tecnologias de informao e comunicao, para desenvolver as capacidades de avaliar e escolher entre elas, bem como de produzir novos recursos;

    (h) avaliaes formais e informais peridicas e que motivem os alunos.

    22. As metodologias de formao de educadores incluem abordagens participativas, baseadas em experincias e com foco na ao, e devem motivar, promover a autoestima

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    e o desenvolvimento emocional para a sensibilizao e a ao em direitos humanos. A avaliao deve ser realizada ao longo de todo o processo de formao.3

    Realizar mapeamentos e pesquisas, compartilhando entre todos os atores as boas prticas, as lies aprendidas e as informaes.

    23. Devem ser realizadas e ampliadas pesquisas em materiais, programas e metodologias, bem como a avaliao de resultados relacionados. As informaes coletadas devem ser compartilhadas periodicamente de modo a melhorar e inspirar futuros programas.

    24. Recursos e materiais de educao e formao, lies aprendidas e exemplos de prticas com metodologias slidas devem ser compartilhados nos mbitos local, nacional e internacional. Canais de divulgao incluem canais eletrnicos e online, centros de recursos, bases de dados e a organizao de encontros.

    Aplicar e fortalecer metodologias educativas slidas baseadas em boas prticas e na avaliao contnua

    25. Uma metodologia consistente a chave do sucesso ou do fracasso de qualquer esforo educacional. A educao em direitos humanos efi caz participativa, baseada em experincias, com foco no aluno e na ao, e leva em conta os contextos culturais.

    26. A avaliao um componente fundamental de qualquer atividade de educao e de formao em direitos humanos. Nesse contexto, representa um compromisso sistemtico de coleta de informaes sobre seu impacto, ou seja, a extenso das mudanas nos aluno, em suas organizaes e comunidades, levando a um maior respeito pelos direitos humanos, as quais possam ser relacionadas, de fato, com a atividade educacional. A avaliao um processo contnuo de aprimoramento, que ocorre ao longo dos programas de educao em direitos humanos e apoia decises para melhorar sua efi ccia. Por exemplo, a avaliao de um curso de formao em direitos humanos no consiste simplesmente em pedir para que os participantes preencham um questionrio de avaliao no fi nal; ela deve se iniciar ainda durante a fase de planejamento da formao, com uma avaliao profunda das necessidades, e continuar at aps o fi m do curso.4

    3. OHCHR, Human rights training: a manual on human rights training methodology (HR/P/PT/6). New York: United Nations, 2000. OHCHR; EQUITAS. Evaluating human rights training: a handbook for human rights educators (HR/P/PT/18). Montreal: International Centre for Human Rights Education, 2011.

    4. Ver: OHCHR; EQUITAS, 2011, op. cit.

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    Promover o dilogo, a cooperao, a rede de contatos e o compartilhamento de informaes entre as partes interessadas.

    27. A educao em direitos humanos requer estreita cooperao e parcerias dentro e entre as agncias governamentais, as instituies nacionais de direitos humanos e a sociedade civil. Isso pode ser reforado por um conjunto de aes que visem a relacionar as partes interessadas na educao em direitos humanos, tais como: campanhas de conscientizao, reunies locais e nacionais, comunidades de prticas, boletins informativos, sites e outras plataformas eletrnicas, como grupos de discusso online, e tambm por meio do intercmbio profi ssional, de apoio ao compartilhamento de conhecimento, lies aprendidas e boas prticas. Podem ser constitudos grupos profi ssionais e criados jornais e revistas, a fi m de promover intercmbios cientfi cos regulares.

    Ampliar a integrao da educao e da formao em direitos humanos em currculos escolares e de programas de formao.

    28. No Apndice do Plano de Ao da Primeira Fase do Programa Mundial (Par. 5 (e)), foram apresentadas estratgias para integrao da educao em direitos humanos em currculos escolares. Ao longo da terceira fase, dependendo do progresso obtido nessa rea, deveriam se realizados mais esforos para aumentar a presena da educao em direitos humanos em:(a) currculos e padres educacionais, considerados de forma geral, no mbito nacional;(b) currculos de todas as disciplinas, inclusive com a identifi cao de se a educao

    em direitos humanos baseada nas disciplinas isoladas ou se transversal a todo o currculo, e se ela obrigatria ou opcional;

    (c) processos de ensino e aprendizagem;(d) livros didticos e materiais de ensino e aprendizagem;(e) ambientes de aprendizagem;(f ) educao e formao profi ssional.

    29. No Plano de Ao da segunda fase do Programa Mundial (Par. 33 (a)), foram apresentadas estratgias integrar a educao em direitos humanos nos currculos de formao de educadores, funcionrios pblicos, policiais e militares. Ao longo da terceira fase, em funo dos progressos obtidos nessa rea, poderiam ser realizados mais esforos para aumentar a presena da educao em direitos humanos em:(a) normas e padres de formao; (b) todas as disciplinas curriculares, inclusive com a identifi cao de se a educao

    em direitos humanos baseada nas disciplinas isoladas ou se transversal a todo o currculo, e se ela obrigatria ou opcional;

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    (c) processos de ensino e aprendizagem;(d) materiais de ensino e aprendizagem;(e) ambientes de trabalho e de aprendizagem em geral.

    2. Atores

    30. A principal responsabilidade para se avanar na implementao da educao em direitos humanos durante a terceira fase recai sobre:(a) ministrios da Educao ou instituies equivalentes, para a educao primria e

    secundria;(b) ministrios da Educao ou de ensino superior, ou instituies equivalentes, bem

    como instituies de ensino superior e escolas de formao relevantes, com diferentes nveis de responsabilidade, dependendo do grau de autonomia institucional, para o ensino superior;

    (c) ministrios responsveis pela Administrao Pblica e pelas foras policiais e militares, para a formao dos funcionrios pblicos, policiais e militares; dependendo de cada pas, podem ser o Ministrio da Administrao Pblica, do Interior, da Justia ou da Defesa.

    31. Todos os atores devem trabalhar em conjunto com outros rgos governamentais apropriados, como o Ministrio da Fazenda, e com o governo local, assim como em estreita cooperao com instituies nacionais de direitos humanos e com a sociedade civil. Os responsveis especfi cos que devem se envolver em cada setor abrangido pelas duas primeiras fases do Programa Mundial esto relacionados, respetivamente, nos planos de ao da primeira (Seo D, Pars. 28-30) e da segunda fase (Seo C.3, Pars. 34-36 e Seo D.3, Pars. 46-48).

    D. Ao para promover a formao em direitos humanos para pro ssionais de mdia e jornalistas

    1. Contexto

    32. O Comit de Direitos Humanos defi niu o jornalismo como uma funo compartilhada por uma ampla gama de atores, o que inclui reprteres e analistas profi ssionais em tempo integral, bem como blogueiros e outras pessoas envolvidas com publicaes prprias, impressas, na internet ou em qualquer outra

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    plataforma.5 Segundo a Assembleia Geral, o jornalismo est sempre evoluindo, de modo a incluir contribuies das instituies de mdia, de particulares e muitas outras organizaes que procuram, recebem e divulgam informaes e ideias de todos os tipos, online e o ine, no exerccio da liberdade de opinio e de expresso.6 Isso inclui informaes compartilhadas por meio de canais tradicionais ou pela internet, por tecnologias da e mdias sociais, difundidas por meios de comunicao pblicos ou privados, bem como por particulares envolvidos em atividades jornalsticas que no esto formalmente empregados em nenhuma organizao de mdia.

    33. Para os objetivos do presente Plano de Ao, a expresso pro ssionais de mdia se refere a todas as pessoas que trabalham em organizaes de mdia, o que inclui reprteres e analistas, bem como outros profi ssionais, como tcnicos e administradores. Jornalista se refere aos trabalhadores de mdia e aos produtores de mdias sociais que criam uma quantidade signifi cativa de material jornalstico, como defi nido no Pargrafo 32, acima.

    34. No que diz respeito formao em direitos humanos para profi ssionais de mdia e jornalistas, o atual Plano de Ao se assenta em princpios e marcos estabelecidos em instrumentos e documentos internacionais de direitos humanos, incluindo a Declarao Universal dos Direitos Humanos; a Conveno Internacional sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao Racial; o Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos e o Comentrio Geral 34 (2011) do Comit de Direitos Humanos sobre o Artigo 19: liberdades de opinio e de expresso; o Pacto Internacional de Direitos Econmicos, Sociais e Culturais; a Conveno sobre os Direitos da Criana; a Declarao e o Programa de Ao de Viena; a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Defi cincias; a Declarao das Naes Unidas sobre os Direitos dos Povos Indgenas; a Declarao das Naes Unidas sobre Educao e Formao em Direitos Humanos; a Declarao da UNESCO sobre os Princpios Fundamentais relativos Contribuio dos Meios de Comunicao de Massa ao Fortalecimento da Paz e da Compreenso Internacional, Promoo dos Direitos Humanos e Luta contra o Racismo, o Apartheid e a Incitao Guerra (denominada a seguir Declarao da UNESCO); a Recomendao da UNESCO relativa Participao e Contribuio das Massas Populares na Vida Cultural; e outros documentos da UNESCO. O presente Plano de Ao tambm se baseia em vrias resolues pertinentes da Assembleia Geral e do Conselho de Direitos Humanos. O relator especial sobre a Promoo e a Proteo do Direito Liberdade de Opinio e Expresso tambm elabora relatrios regulares, com temas especfi cos ou de pases especfi cos, que incluem a anlise e a interpretao de importantes normas de

    5. Ver: Comentrio Geral 34 (2011) do Comit de Direitos Humanos sobre o Artigo 19: liberdades de opinio e de expresso, Par. 44.6. Resoluo 68/163 da Assembleia Geral das Naes Unidas, nono pargrafo do prembulo.

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    direitos humanos. Alm do Sistema das Naes Unidas, instrumentos e mecanismos regionais tambm fornecem orientaes importantes.

    35. Considerados em conjunto, os documentos e instrumentos internacionais destacam vrios assuntos relacionados ao jornalismo, os quais os Estados-membros das Naes Unidas tm enfatizado. Um primeiro tema o papel da mdia nas sociedades democrticas, em especial na promoo dos direitos humanos, da paz, da democracia e do desenvolvimento. A liberdade de expresso, incluindo a liberdade para procurar, receber e divulgar informaes por qualquer mdia, como previsto no Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos (Art. 19), uma condio necessria para que haja participao, transparncia e responsabilizao, as quais, por sua vez, so essenciais para a promoo e a proteo dos direitos humanos; e uma imprensa, ou qualquer outra mdia, livre, sem censura e sem obstculos, fundamental em qualquer sociedade para garantir liberdade de expresso.7 A Conveno sobre os Direitos da Criana destaca o papel e a responsabilidade dos meios de comunicao de massa na disseminao de informaes e materiais de interesse social e cultural para as crianas, levando em conta as necessidades lingusticas de crianas que pertencem a minorias ou a comunidades indgenas (Art. 17). A Declarao da UNESCO afi rma que a mdia de massa tem uma funo essencial a desempenhar na educao em direitos humanos, sobretudo entre os jovens, e pode efetivamente contribuir para combater a guerra, o racismo, o apartheid e outras violaes aos direitos humanos causadas, entre outros, pelo preconceito e pela ignorncia (Art. III (2)). A Conveno Internacional sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao Racial reconhece que medidas efetivas nos campos de educao, ensino, cultura e informao podem combater preconceitos que levam discriminao racial (Art. 7).

    36. Os Estados-membros das Naes Unidas tambm reconhecem o papel das diferentes mdias na realizao de direitos culturais. A Recomendao da UNESCO relativa Participao e Contribuio das Massas Populares na Vida Cultural destaca o papel das mdias de massa como instrumento de enriquecimento cultural, devido em parte a seu papel na preservao e na popularizao de formas tradicionais de cultura, bem como por se tornarem meios de comunicao para grupos e promover a participao direta das pessoas. A Declarao das Naes Unidas sobre os Direitos dos Povos Indgenas reconhece o direito dos grupos indgenas de criar sua prpria mdia na sua prpria lngua; os meios de comunicao estatais deveriam re etir a diversidade cultural indgena, e os Estados deveriam estimular que as mdias privadas tambm re etissem essa diversidade de forma adequada (Art. 16).

    7. Ver Comentrio Geral 34 (2011) do Comit de Direitos Humanos, Pars. 3 e 13.

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    37. Os instrumentos das Naes Unidas tambm especifi cam as responsabilidades dos profi ssionais de mdia e dos jornalistas quanto a respeitar os direitos humanos enquanto desempenham suas funes. As normas internacionais de direitos humanos reconhecem que o exerccio de liberdade de expresso implica deveres e responsabilidades especiais e pode estar sujeito a certas restries, por exemplo, por motivos de segurana e difamao, aps rigorosos testes de legalidade, necessidade e proporcionalidade, bem como em relao a outras normas, como o direito privacidade ou a proibio do discurso do dio. O Comit de Direitos Humanos, entre outros mecanismos, forneceu extensa jurisprudncia e orientao ofi cial sobre essas questes.

    38. Um importante motivo de preocupao para a comunidade internacional a proteo e a segurana dos jornalistas. O relator especial sobre Execues Extrajudiciais, Sumrias ou Arbitrrias e o relator especial sobre a Proteo e a Promoo do Direito Liberdade de Opinio e Expresso destacaram os muitos desafi os enfrentados por jornalistas no desempenho de seu trabalho, por exemplo, quando cobrem protestos e manifestaes de rua ou quando relatam assuntos sensveis politicamente, como violaes de direitos humanos. O relator especial sobre a Situao dos Defensores dos Direitos Humanos tambm forneceu anlises e recomendaes relativas a determinados grupos de defensores em situao de risco, incuindo jornalistas e profi ssionais de mdia. O Conselho de Segurana expressou profunda preocupao e condenou os atos de violncia e ataques, em con itos armados em diferentes partes do mundo, contra jornalistas, profi ssionais de mdia e pessoal associado. Em vrias resolues, o Conselho de Segurana, a Assembleia Geral e o Conselho de Direitos Humanos condenaram a violncia contra jornalistas e pediram para que os Estados-membros garantam sua proteo, acabem com impunidade e responsabilizem os culpados. Em reas de con ito, os jornalistas e os profi ssionais de mdia tm proteo especial sob o direito internacional humanitrio.8

    2. Estratgias

    39. Como foi destacado acima, os profi ssionais de mdia e os jornalistas desempenham um papel fundamental na promoo e na proteo dos direitos humanos. A educao efetiva em direitos humanos promove seu conhecimento, seu compromisso e sua motivao no que diz respeito aos direitos humanos. Os princpios dos direitos humanos fornecem uma orientao essencial para seu desempenho profi ssional e para seu trabalho dos meios de comunicao, o que pode acontecer apenas em ambientes favorveis, nos quais o acesso informao, a liberdade de expresso e a segurana esto garantidos.

    8. Ver o relatrio do relator especial sobre a Proteo e a Promoo do Direito Liberdade de Opinio e Expresso (A/HRC/14/23).

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    40. Todos os jornalistas devem ter oportunidades iguais de formao em direitos humanos. Contedos e valores relacionados aos direitos humanos, com nfase nas especifi cidades do contexto, deveriam fazer parte de qualquer treinamento e/ou certifi cao formal, bem como deveriam estar disponveis por meio de oportunidades de desenvolvimento profi ssional contnuo. Considerando que todos os jornalistas deveriam ter um conhecimento bsico em direitos humanos, cursos especializados, como de informao em direitos humanos, tambm deveriam ser disponibilizados para eles.

    41. Uma abordagem abrangente de formao em direitos humanos para profi ssionais de mdia e jornalistas incluiria a atuao nas trs listadas reas abaixo.

    Polticas e medidas de implementao relacionadas

    42. Se a formao tem como objetivo produzir o impacto desejado sobre o desempenho profi ssional, ela deve ser claramente sustentada e vinculada a polticas e normas correspondentes, no apenas relativas ao treinamento, mas tambm ao exerccio da profi sso em geral. Para isso, no que diz respeito aos profi ssionais de mdia e aos jornalistas, poderiam ser adotadas as seguintes estratgias:(a) rever as polticas de educao e formao existentes, para se certifi car que elas

    incorporam a formao em direitos humanos;(b) adotar polticas que fortaleam a educao em direitos humanos para

    profi ssionais de mdia, incluindo polticas sobre:(i) formao inicial e durante o trabalho para profi ssionais de mdia, incluindo

    editores e outros cargos de deciso dentro das empresas de comunicao, por meio da incluso de currculos de direitos humanos em instituies de ensino formal, bem como na educao online e/ou comunitria para jornalistas atuantes;

    (ii) educao em direitos humanos como um critrio para a qualifi cao, a orientao e o desenvolvimento da carreira;

    (iii) reconhecimento e apoio sociedade civil, particularmente s associaes de mdia que desenvolvem atividades de formao em direitos humanos;

    (iv) critrios e mecanismos para a avaliao de programas de formao em direitos humanos;

    (c) formar profi ssionais de mdia e jornalistas como formadores capazes de compartilhar seu conhecimento e suas habilidades com colegas, a fi m de garantir o mais amplo impacto possvel na comunidade dos profi ssionais de mdia, com foco em selecionar aqueles que melhor se adequam cobertura de assuntos relacionados a grupos em situao de vulnerabilidade. Os programas de formao

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    de formadores devem incluir sesses de metodologia de treinamento, descritas no Pargrafo 44 abaixo, e a concepo de materiais e sesses das prprias sesses de formao;

    (d) introduzir incentivos para os profi ssionais de mdia e jornalistas, especialmente para aqueles provenientes de grupos em situao de vulnerabilidade, a fi m de encorajar sua participao voluntria em programas de formao em direitos humanos, bem como divulgar suas histrias para um pblico mais amplo;

    (e) apoiar a adoo de estruturas autorreguladas, como cdigos de tica e de conduta, e a criao de organismos, como conselhos de mdia, para deliberar, entre outros, sobre assuntos e normas de formao;

    (f ) rever as normas relativas ao trabalho da mdia e dos jornalistas, a fi m de garantir que no sejam inconsistentes com as normas de direitos humanos e que promovam especifi camente as contribuies da profi sso a tais direitos.

    Mtodos e ferramentas de formao

    43. Os currculos de educao em direitos humanos para profi ssionais de mdia e jornalistas podem incluir os seguintes mdulos:(a) uma introduo bsica aos direitos humanos, com contedo sobre:

    (i) o papel dos profi ssionais de mdia e dos jornalistas na promoo e na proteo dos direitos humanos;

    (ii) normas e instrumentos de direitos humanos internacionais, regionais e nacionais, incluindo os(as) que protegem grupos em situao de vulnerabilidade;

    (iii) organismos governamentais internacionais, regionais e nacionais, e outros, como instituies nacionais de direitos humanos, responsveis por proteger e promover esses direitos;

    (iv) defensores dos direitos humanos e organizaes da sociedade civil, nos mbitos nacional, regional e internacional;

    (b) direitos humanos de profi ssionais da mdia e jornalistas, com contedo sobre:(i) instrumentos e normas internacionais, regionais e nacionais relativos

    liberdade de expresso e segurana de profi ssionais de mdia e jornalistas;(ii) mecanismos e procedimentos internacionais, regionais e nacionais relativos

    liberdade de expresso e segurana de profi ssionais de mdia e jornalistas;(c) respeito aos direitos humanos na prtica jornalstica, incluindo:

    (i) princpios de direitos humanos no jornalismo, incluindo a igualdade e a no discriminao, o respeito dignidade, a participao, a transparncia e a responsabilizao;

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    (ii) instrumentos e normas internacionais, regionais e nacionais sobre restries legtimas liberdade de expresso;

    (iii) sensibilidade em relao s questes de gnero; (iv) fontes representativas, incluindo a utilizao de informaes de diferentes

    fontes para garantir uma abordagem equilibrada;(v) princpios de direitos humanos relevantes para a coleta e o compartilhamento

    de informaes e a comunicao de questes, preocupaes e violaes de direitos humanos, sobretudo o princpio de no provocar dano, a confi dencialidade e a proteo das fontes, das vtimas e das testemunhas de violaes;

    (vi) normas de direitos humanos e habilidades relacionadas para lidar com e entrevistar pessoas que podem estar em uma situao de vulnerabilidade e/ou sofrendo algum trauma, incluindo o respeito sua dignidade, privacidade e segurana, e sobre como assegurar que seja obtido o consentimento consciente antes de se divulgar informaes de identifi cao;

    (vii) normas de direitos humanos e habilidades relacionadas para a utilizao de editores, correspondentes, freelancers, intrpretes e assistentes em contextos jornalsticos, inclusive garantindo sua segurana;

    (viii) questes de direitos humanos relativas proteo de fontes jornalsticas e denunciantes, incluindo como proteger dados sensveis;

    (d) promoo dos direitos humanos por profi ssionais da mdia e jornalistas, abordando a seleo e a avaliao de histrias com basea na sua contribuio e no seu impacto relativamente proteo e promoo desses direitos, sobretudo quanto igualdade e no discriminao, com vistas a combater os esteretipos e a violncia, promovendo o respeito diversidade e a tolerncia, o dilogo intercultural e inter-religioso, e a incluso social, e conscientizando o pblico em geral sobre a universalidade, a indivisibilidade e a inter-relao de todos os direitos humanos;9

    (e) recursos teis, tais como:(i) informaes sobre recursos existentes para a formao em direitos humanos

    relacionados com os mdulos mencionados acima, a fi m de desenvolver a capacidade dos formadores para analisar e escolher entre eles, bem como para criar outros novos;

    (ii) informaes sobre recursos materiais para a autoeducao, incluindo livros didticos, manuais, orientaes, plataformas online e glossrios sobre direitos humanos.

    9. Resoluo do Conselho de Direitos Humanos 24/15, Par. 3.

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    44. Do ponto de vista metodolgico, as estratgias para garantir a efetividade dos programas de formao e dos cursos para profi ssionais de mdia e jornalistas incluem as seguintes:10

    (a) pblicos especfi cos a formao deve ser direta e adequadamente dirigida a profi ssionais de comunicao social. Deve ser organizada uma avaliao de necessidades de formao consultiva para se proceder a uma anlise de deveres profi ssionais, experincias, expectativas, background pessoal e aspiraes dos formandos, bem como do seu nvel de conhecimento e habilidades em direitos humanos; estabelecimento de objetivos de aprendizagem especfi cos, inclusive, aps a formao, de mudanas no conhecimento, nas habilidades, nas atitudes e nos comportamentos dos participantes; elaborao de estratgias de avaliao, em particular, como ser mensurada a realizao dos objetivos de aprendizagem; e avaliao de outras atividades que devem ser implementadas;

    (b) aprendizagem entre pares muito mais pode ser realizado por meio de uma abordagem que coloca jornalistas sendo treinados por seus pares, em oposio ao modelo professor-aluno. A abordagem de pares assegura o acesso dos formadores a uma cultura profi ssional diferente, que envolve um pblico profi ssional. Os formadores tambm devem representar a diversidade dos formandos, sejam jornalistas utilizando meios de comunicao diferentes, incluindo as mdias online e a multimdia, bem como aqueles que pertencem a grupos diferentes. Os formadores profi ssionais de mdia devem ser acompanhados e apoiados por especialistas em direitos humanos, de forma a garantir que as normas de tais direitos sejam total e consistentemente re etidas no processo de formao;

    (c) metodologias de aprendizagem de adultos, especialmente as abordagens participativas e com foco nos formandos, que tratam de motivao, autoestima e desenvolvimento emocional, e levam conscientizao sobre os direitos humanos e s medidas de sua proteo e promoo;

    (d) mtodos baseados em experincias especfi cos para a formao de jornalistas, como a criao/utilizao de mdias durante o treinamento, e a utilizao, como referncia, de exemplos positivos e negativos de comunicao.

    45. Materiais e recursos de educao e formao, incluindo ferramentas online, devem re etir os princpios metodolgicos destacados acima. Juntamente com exemplos de prticas de formao metodologicamente consistentes e lies aprendidas, eles devem ser compartilhados nos mbitos local, nacional, regional e internacional. Os canais de difuso so compostos por canais eletrnicos, centros de recursos, bases de dados, a organizao de encontros e outros meios.

    10. Ver: OHCHR, 2000, op. cit.

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    46. A pesquisa e a avaliao, com o compartilhamento de resultados, contribuem para a aprendizagem prtica e baseada na experincia, e ajudariam a melhorar os programas de formao em direitos humanos.

    47. Atividades de formao e intercmbios internacionais poderiam ser promovidos entre os profi ssionais de mdia.

    Ambiente favorvel

    48. A aprendizagem em direitos humanos somente ocorrer de maneira efetiva em um ambiente favorvel onde esses direitos sejam praticados. Assim, de extrema importncia garantir que profi ssionais de mdia e jornalistas sejam capazes de desempenhar suas funes com segurana e efi ccia.

    49. A esse respeito, as seguintes estratgias poderiam ser implementadas: (a) estabelecer e implementar polticas que garantam a liberdade de informao e

    protejam a liberdade de expresso e de opinio;(b) colocar em prtica leis e punies para se combater o discurso e o incitamento ao dio;(c) treinar funcionrios pblicos, em especial militares e policiais, sobre normas

    de direitos humanos relativos liberdade de informao, transparncia, proteo de denunciantes, de fontes jornalsticas e de jornalistas em quaisquer circunstncias, inclusive em situaes de con ito armado.

    (d) desenvolver medidas que garantam que grupos minoritrios e marginalizados possam participar e se manter no campo jornalstico, com incentivos fi nanceiros e organizacionais a jornalistas qualifi cados para assumir cargos de liderana e gerenciamento;

    (e) obter fi nanciamento para disponibilizar infraestruturas e pessoal para entidades pblicas e comunitrias de radiodifuso, que garantam a sua abrangncia, em especial para reas rurais, minorias e populaes indgenas;

    (f ) organizar competies, prmios, bolsas de estudo e gratifi caes para estimular o reconhecimento e a celebrao das conquistas de direitos humanos no jornalismo.

    3. Atores

    50. A responsabilidade pela concepo e pela realizao de estratgias e atividades adequadas educao em direitos humanos para profi ssionais de mdia e jornalistas compartilhada por diversos atores, devido aos complexos sistemas de treinamento e aos diferentes contextos, incluindo:

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    (a) institutos superiores ou universidades, bem como institutos de direitos humanos e Ctedras UNESCO de educao em direitos humanos;

    (b) sindicatos, organizaes profi ssionais e de acreditao de profi ssionais de mdia e jornalistas;

    (c) empresas pblicas e privadas de mdia e suas lideranas, em particular membros da direo da empresa e editores-chefes;

    (d) rgos legislativos relevantes, incluindo comisses de direitos humanos e outras comisses parlamentares e grupos consultivos;

    (e) instituies nacionais de direitos humanos, tais como ouvidorias e comisses de direitos humanos;

    (f ) redes de mdia nacionais, regionais e internacionais;(g) centros de pesquisa na rea do jornalismo;(h) centros de formao e de recursos em direitos humanos, nacionais e locais;(i) organizaes no governamentais e outros atores da sociedade civil;(j) organizaes intergovernamentais, regionais e internacionais.

    51. A implementao do presente Plano de Ao requer estreita colaborao dos atores relacionados acima.

    52. Outras partes interessadas so os ministrios pertinentes, tais como ministrios das Comunicaes, da Previdncia Social, do Trabalho, da Justia, das Mulheres e Juventude; os Poderes Judicirio e Legislativo; lderes culturais, sociais, religiosos e comunitrios; organizaes da juventude; povos indgenas e grupos minoritrios; e o empresariado.

    53. Os governos tm a principal responsabilidade de garantir proteo para os profi ssionais de mdia e jornalistas, por meio de legislao que garanta que as normas relativas liberdade de opinio e de expresso, proteo e segurana de profi ssionais de mdia e jornalistas, ao acesso informao e aos meios de comunicao social, bem como a no discriminao e a diversidade nos meios de comunicao de massa, sejam implementadas e respeitadas.

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    54. Introduzir a educao em direitos humanos nos sistemas de educao primria e secundria, no ensino superior, bem como a formao em direitos humanos de educadores, funcionrios pblicos, policiais e militares, de profi ssionais de mdia e jornalistas, requer uma estratgia abrangente baseada no contexto nacional, nas prioridades, na capacidade e nos esforos existentes. Os Estados-membros devero cooperar estreitamente com os as vrias partes interessadas para implementar a estratgia; a criao de uma aliana nacional, dentro e fora das estruturas governamentais, poderia facilitar a maximizao de recursos e evitar a duplicao de esforos.

    55. Propem-se trs etapas para o processo nacional de planejamento, implementao e avaliao do Plano de Ao, conforme as estratgias propostas nos planos de ao da primeira e da segunda fases do Programa Mundial de Educao em Direitos Humanos.

    Passos para implementao

    56. Os passos para facilitar o planejamento, a implementao e a avaliao em mbito nacional sero delineados abaixo. Esses processos devem ser realizados com o envolvimento de todos os atores nacionais pertinentes (ver as Sees II C. 2 e D.3, acima).

    57. Passo 1: realizar um estudo avaliativo de impacto sobre os progressos realizados na primeira11 e na segunda fases do Programa Mundial, bem como um diagnstico nacional sobre a formao em direitos humanos para profi ssionais de mdia e jornalistas. Esses estudos poderm ser conduzidos por um departamento governamental de coordenao, ou podem ser realizados estudos em separado para cada rea de atuao pelos atores mais relevantes. Os estudos deveriam ser amplamente divulgados em mbito nacional. Aes relevantes incluem:(a) anlise do estado atual de implementao da primeira e da segunda fases do

    Programa Mundial:

    11. Em relao primeira fase, ver: OHCHR; UNESCO. Human rights education in primary and secondary school systems: a self-assessment guide for governments (HR/PUB/12/8). New York: United Nations, 2012.

    IIIProcesso de implementao nacional

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    (i) tendo em mente as estratgias mencionadas na Seo II.C, acima, sobre a educao em direitos humanos nos sistemas de educao primria e secundria, na educao superior e a formao de educadores, funcionrios pblicos, policiais e militares, reunir informaes e analisar o seguinte: situao atual da educao em direitos humanos nos sistemas de

    educao primria e secundria, na educao superior, bem como da formao de educadores, funcionrios pblicos, policiais e militares, em especial iniciativas realizadas durante a primeira e a segunda fases do Programa Mundial, assim como suas defi cincias e obstculos sua implementao;

    atores envolvidos;

    polticas e legislao existentes;

    recursos e ferramentas utilizadas;

    lies aprendidas na primeira e na segunda fases.

    As informaes coletadas e analisadas podem ser comparadas com quaisquer dados iniciais coletados na primeira e na segunda fases, a fi m de determinar os progressos obtidos;

    (ii) avaliar a adequao e a efetividade das iniciativas de educao em direitos humanos existentes e identifi car as boas prticas.

    (iii) ponderar sobre como construir tendo como base as boas prticas e as lies aprendidas, e tambm sobre as medidas que so necessrias para lidar com as defi cincias e os obstculos.

    (b) anlise da situao atual da formao dos profi ssionais de mdia e jornalistas:(i) tendo em mente as estratgias tratadas na Seo II.D, acima, coletar

    informaes e analisar o seguinte: situao atual da formao em direitos humanos dos pro ssionais de

    mdia e jornalistas, incluindo as iniciativas existentes, suas defi cincias e os obstculos de sua implementao;

    contextos histricos e culturais que podem in uenciar essa formao;

    polticas e legislao existentes;

    experincias, recursos e ferramentas existentes nos mbitos local,

    nacional, regional e internacional; atores envolvidos atualmente, incluindo associaes de mdia,

    instituies de ensino superior, entidades governamentais, instituies nacionais de direitos humanos, institutos de pesquisa, organizaes no governamentais e outros atores da sociedade civil;

    esforos adicionais, como programas de formao e ensino universitrio

    sobre tica no jornalismo e trabalho em zonas de con ito.

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    As informaes coletadas e analisadas podem ser utilizadas como uma base de dados nacional.

    (ii) identifi car as boas prticas e as lies aprendidas; (iii) determinar oportunidades e limitaes;(iv) ponderar sobre como construir com base nas vantagens e nas lies

    aprendidas e como utilizar oportunidades, considerando ainda as medidas que so necessrias para lidar com as defi cincias e os obstculos.

    58. Passo 2: desenvolver uma estratgia nacional para aperfeioar a implementao da primeira e da segunda fases do Programa Mundial e para promover a formao em direitos humanos de profi ssionais de mdia e jornalistas. Com base no Passo 1, importantes aes a serem colocadas em prtica, por meio de consultas e com a participao das partes interessadas relevantes, incluem: (a) defi nir os objetivos bsicos de implementao;(b) estabelecer objetivos tendo o Plano de Ao como referncia;(c) estabelecer prioridades com base nos resultados dos estudos, levando em

    considerao as necessidades mais urgentes e/ou as oportunidades disponveis;(d) ter como foco intervenes de impactanto, conferindo prioridade a medidas

    que possam garantir mudanas sustentveis, em detrimento de atividades de curto alcance;

    (e) incentivar a formao de alianas e sinergias entre diferentes atores;(f ) identifi car:

    (i) contribuies alocao de recursos humanos, fi nanceiros e de tempo disponveis;(ii) atividades tarefas, responsabilidades, prazos e indicadores;(iii) mecanismos de coordenao da estratgia nacional;(iv) produtos legislao, cdigos de conduta, materiais pedaggicos, programa

    de formao e polticas no discriminatrias;(v) resultados a serem alcanados.

    59. Passo 3: implementar, acompanhar e avaliar a estratgia nacional. Aes relevantes incluem:(a) divulgar a estratgia nacional entre instituies e partes interessadas, e

    implementar as atividades planejadas em cooperao com elas; (b) acompanhar a implementao no que diz respeito aos indicadores identifi cados

    e elaborar relatrios de progresso;(c) adotar mtodos participativos de autoavaliao e de avaliao independente,

    bem como mecanismos para revisar a implementao e como meios de aperfeioamento e fortalecimento das atividades;

    (d) reconhecer, divulgar e destacar a obteno de resultados.

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    60. No mbito nacional, os governos devem identifi car um departamento relevante como ponto focal do desenvolvimento, da implementao, do acompanhamento e da avaliao da estratgia nacional, em estreita colaborao com os ministrios pertinentes e todos os outros atores nacionais, em particular com instituies nacionais de direitos humanos e com a sociedade civil. Se os governos tiverem criado ou designado uma unidade dentro da sua estrutura, responsvel por coordenar a implementao das iniciativas de educao em direitos humanos na primeira e/ou na segunda fases do Programa Mundial, isso deve ser levado em considerao no planejamento da terceira fase. Os pases que ainda no fi zeram isso tambm so incentivados a identifi car e apoiar um centro de recursos para a educao em direitos humanos, o qual ser responsvel por pesquisar, coletar e divulgar iniciativas e informaes relacionadas, sejam boas prticas, materiais ou recursos, e a formao de formadores.

    61. O ponto focal nacional tambm deve colaborar com as entidades nacionais responsveis pela elaborao de relatrios do pas para apresentao aos mecanismos de direitos humanos das Naes Unidas, incluindo os rgos de tratados, os procedimentos especiais, os mecanismos de reviso peridica universal e outros rgos intergovernamentais regionais ou internacionais12, a fi m de assegurar que os progressos da educao em direitos humanos no mbito do presente Plano de Ao esteja includo nesses relatrios. O ponto focal tambm deve estar em contato com o ACNUDH e compartilhar informaes sobre os progressos nacionais.

    62. Em 2017, o ACNUDH realizar uma avaliao intercalar, na qual os Estados-membros vo avaliar seus progressos no mbito do Plano de Ao e enviar informaes relacionadas ao prprio ACNUDH. Concluda a terceira fase, no incio de 2020, cada pas avaliar suas aes e apresentar ao ACNUDH um relatrio fi nal de avaliao nacional. Tomando como base esses relatrios, o ACNUDH vai elaborar um relatrio fi nal para o Conselho de Direitos Humanos em 2020.

    12. Por exemplo, a UNESCO possui um mecanismo especfi co de acompanhamento para a implementao da Recomendao sobre a Educao para a Compreenso, a Cooperao e a Paz Internacional e a Educao relativa aos Direitos Humanos e s Liberdades Fundamentais, de 1974.

    IVCoordenao e avaliao nacional

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    63. A cooperao e a assistncia internacionais devem ser direcionadas para o fortalecimento das capacidades nacionais de educao e formao em direitos humanos, em apoio estratgia nacional. Devido natureza transfronteiria de certas reas do jornalismo, essa colaborao tambm pode ser direcionada para os esforos realizados nos mbitos regional e internacional.

    64. Os mecanismos de direitos humanos das Naes Unidas, dentro de seus mandatos especfi cos, podem os apoiar esforos nacionais de educao em direitos humanos no mbito do Plano de Ao. Os rgos de tratados das Naes Unidas, quando analisam os relatrios de um Estado-parte, podem revisar e aconselhar sobre a implementao das disposies do tratado no que diz respeito educao em direitos humanos. Procedimentos especiais do Conselho de Direitos Humanos, por tema e/ou pas, podem revisar e aconselhar sobre os progressos na educao em direitos humanos, dentro de seus mandatos especfi cos. Os esforos nacionais de educao em direitos humanos tambm podem ser revisados de forma regular no mbito do mecanismo de reviso peridica universal.

    65. Cooperao e assistncia internacionais podem ser fornecidas por:(a) Sistema das Naes Unidas, incluindo suas agncias especializadas e a

    Universidade das Naes Unidas;(b) instituies de formao profi ssional afi liadas s Naes Unidas, como

    interessadas no bem-estar social; em servios mdicos e de sade; em drogas e preveno ao trfi co; em refugiados, migraes e segurana das fronteiras; em preveno de con itos e construo da paz; e em procedimentos criminais;

    (c) Universidade para a Paz da Organizao das Naes Unidas;(d) outras organizaes intergovernamentais internacionais; (e) organizaes intergovernamentais regionais;(f ) associaes, organizaes sindicais e redes profi ssionais regionais e internacionais

    relevantes;

    VCooperao e apoio internacional

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    (g) redes regionais e internacionais de instituies de ensino superior;(h) organizaes no governamentais regionais e internacionais;(i) centros de documentao e de recursos em direitos humanos; (j) instituies fi nanceiras regionais e internacionais, bem como agncias bilaterais

    de fi nanciamento;(k) agncias multilaterais e bilaterais de desenvolvimento.

    66. essencial que esses atores colaborem de forma estreita, a fi m de maximizar os recursos, evitar duplicaes e garantir a coerncia para a implementao do Plano de Ao.

    67. As organizaes e instituies mencionadas acima podem:(a) apoiar os governos na elaborao, na execuo e no acompanhamento da

    estratgia nacional;(b) fornecer apoio a outros atores nacionais envolvidos, em especial a organizaes

    no governamentais locais e nacionais, associaes profi ssionais, instituies de ensino superior, instituies nacionais de direitos humanos e outras organizaes da sociedade civil;

    (c) facilitar o compartilhamento de informaes em todos os nveis, por meio da identifi cao, coleta e disseminao de informaes sobre boas prticas, por exemplo, por meio de bases de dados e da atribuio de prmios, bem como sobre materiais disponveis, e instituies e programas relevantes;

    (d) apoiar as redes de educao e os atores de formao em direitos humanos existentes, e promover a criao de novos desses componentes em todos os nveis;

    (e) apoiar a efetiva formao em direitos humanos, em particular para os educadores e formadores, bem como o desenvolvimento de materiais relacionados com base nas boas prticas.

    Sumrio