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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 2014 6 XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual II Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa CBO 2014 grande fórum da Especialidade em 2014 reuniu de 03 a 06 de setembro, no Recife mais de 3.600 médicos oftalmologistas e mais de 500 profissionais ligados à Saúde Ocular, num evento multifacetado e dinâmico que marcou intensamente a todos os que dele partici- param bem como os rumos da Oftalmologia brasileira em futuro próximo. “O XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Ce- gueira e Reabilitação Visual foi realizado num momento tenso da vida nacio- nal, quando as incertezas do período pré-eleitoral estavam presentes. Mesmo assim, fomos capazes de congregar um grande número de colegas para trans- mitir e receber o conhecimento científico, debater os caminhos da profissão e da assistência oftalmológica, fazer e reatar laços de amizade e inteirar-se dos mais modernos produtos e serviços fornecidos pelo segmento oftálmico e visitar e revisitar as maravilhosas cidades do Recife e Olinda. Foi um con- gresso que refletiu toda a magnitude da Oftalmologia brasileira”, analisou o presidente do CBO, Milton Ruiz Alves. O evento contou com a participação de 39 convidados internacionais, a maioria (23) provenientes dos EUA. Contou também com a participação de cerca de 700 palestrantes de todas as regiões do Brasil. Ao todo foram mais de 400 horas/aula divididas em diversas modalidades de apresentação, que abordaram todos os aspectos da Oftalmologia atual, com a preocupação didática e de incentivar a participação dos ouvintes. A Programação Científica foi dividida em Dia Especial (03 de setembro), Simpósios por Conteúdo, Simpósios Especiais, Simpósios de Prevenção, Pai- néis (convencionais e interativos) e Cursos de Instrução. Cada modalidade de apresentação do conteúdo científico teve suas características especiais e cada congressista teve oportunidade de participar das programações de seu interesse. De acordo com pesquisa feita entre os congressistas, o congresso teve como pontos altos o aumento do tempo dedicado aos debates e perguntas, a preocupação dos palestrantes em transmitir informações que pudessem ser utilizadas imediatamente em clínicas e consultórios e a magnitude da exposi- ção comercial. O alto nível dos debates e a abrangência dos temas abordados foram outras características do evento, reiteradas constantemente pelos con- gressistas. Enfim, foi uma experiência inesquecível para todos os que dela participa- ram. Ciência, debates sobre saúde ocular e festa: no Recife teve tudo isto... e muito mais! O

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 20146

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

grande fórum da Especialidade em 2014 reuniu de 03 a 06 de setembro, no Recife mais de 3.600 médicos oftalmologistas e mais de 500 profissionais ligados à Saúde Ocular, num evento multifacetado e dinâmico que marcou intensamente a todos os que dele partici-param bem como os rumos da Oftalmologia brasileira em futuro próximo.

“O XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Ce-gueira e Reabilitação Visual foi realizado num momento tenso da vida nacio-nal, quando as incertezas do período pré-eleitoral estavam presentes. Mesmo assim, fomos capazes de congregar um grande número de colegas para trans-mitir e receber o conhecimento científico, debater os caminhos da profissão e da assistência oftalmológica, fazer e reatar laços de amizade e inteirar-se dos mais modernos produtos e serviços fornecidos pelo segmento oftálmico e visitar e revisitar as maravilhosas cidades do Recife e Olinda. Foi um con-gresso que refletiu toda a magnitude da Oftalmologia brasileira”, analisou o presidente do CBO, Milton Ruiz Alves.

O evento contou com a participação de 39 convidados internacionais, a maioria (23) provenientes dos EUA. Contou também com a participação de cerca de 700 palestrantes de todas as regiões do Brasil.

Ao todo foram mais de 400 horas/aula divididas em diversas modalidades de apresentação, que abordaram todos os aspectos da Oftalmologia atual, com a preocupação didática e de incentivar a participação dos ouvintes.

A Programação Científica foi dividida em Dia Especial (03 de setembro), Simpósios por Conteúdo, Simpósios Especiais, Simpósios de Prevenção, Pai-néis (convencionais e interativos) e Cursos de Instrução. Cada modalidade de apresentação do conteúdo científico teve suas características especiais e cada congressista teve oportunidade de participar das programações de seu interesse.

De acordo com pesquisa feita entre os congressistas, o congresso teve como pontos altos o aumento do tempo dedicado aos debates e perguntas, a preocupação dos palestrantes em transmitir informações que pudessem ser utilizadas imediatamente em clínicas e consultórios e a magnitude da exposi-ção comercial. O alto nível dos debates e a abrangência dos temas abordados foram outras características do evento, reiteradas constantemente pelos con-gressistas.

Enfim, foi uma experiência inesquecível para todos os que dela participa-ram.

Ciência, debates sobre saúde ocular e festa: no Recife teve tudo isto... e muito mais!

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

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sta é uma das missões mais fecundas e generosas do CBO: criar pretexto para somar e dividir conhecimentos. E a isto que este congresso se propõe. Todos os presentes aqui, palestrantes locais ou internacionais ou ouvintes, trarão suas respectivas experiências, conhecimentos e práticas para dividi-las fraternalmente entre todos nós, para bene-fício de muitos. Todos, indistintamente, estaremos reuni-dos para ensinar e aprender, mesmo por que mestre não é aquele que ensina, mas aquele que, de repente, aprende.”

Com estas palavras, o presidente do XXI Congresso Brasileiro de Pre-venção da Cegueira e Reabilitação Visual / II Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa, Afonso Medeiros iniciou os pronunciamentos da soleni-dade de abertura do evento, realizada em 03 de setembro no Teatro Guarara-pes, no Centro de Convenções de Pernambuco.

Solenidade de Abertura

A Mesa Diretora da Solenidade de Abertura do Congresso do Recife foi formada por Milton Ruiz Alves (presidente do CBO), Liana Ventura e Afonso Ligório de Medeiros (presidentes da Comissão Executiva do congresso), Luciano Vásquez (secretário de Estado da Casa Civil, no ato representando o governador João Soares Lyra Neto), Ana Paula Menezes (secretaria executiva do Ministério da Saúde, no ato representando o ministro Arthur Chioro), Jailson Correia (secretário de Saúde do Recife, no ato representando o prefeito Geraldo Júlio), Bruce Spivey (ex-presidente do International Council of Ophthalmology – ICO), Richard L. Abbott (representante da American Academy of Ophthalmology – AAO), Ana Luiza Hofling Lima (presi-dente a Associação Pan-Americana de Oftalmologia), Paulo Torres (representante da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia), João Pessoa de Souza Filho (representante do Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco), Alexandre Ventura (presidente da Sociedade de Oftalmologia de Pernambuco), Douglas D. Koch (representante da American Society of Cataract and Refractive Surgery), Eduardo Chavez Mondragon (presidente da Asociación Latinoamericana de Cirujanos de Catarata, Córnea y Segmento Anterior – ALACCSA-R) e Eydie Miller-Ellis (presidente da Joint Commission on Allied Health Personnel in Ophthalmology – JCAHPO)

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A solenidade de abertura já havia se ini-ciado antes do discurso de Medeiros, com a bela apresentação de show do grupo cultural Rugido do Leão Maracatu Regional, que en-cantou os presentes com uma apresentação de som e danças significativas das riquíssi-mas culturas pernambucana e nordestina.

Depois da aplaudida apresentação do Rugido do Leão Maracatu Regional, houve uma homenagem especial ao ex-governador

do Estado de Pernambuco, Eduardo Cam-pos, com a reapresentação da mensagem que ele gravou por ocasião da campanha para a captação do evento em benefício do Reci-fe. Em seguida, houve a execução do Hino Nacional Brasileira pela jovem cantora cega Maria de Mendonça.

O primeiro pronunciamento foi de Afon-so Medeiros, que enalteceu o caráter do con-gresso e agradeceu a todos os responsáveis por sua realização. O agradecimento também foi a tônica do discurso de Liana Maria de Oliveira Viana Ventura, também presiden-te da Comissão executiva do congresso que, emocionada, relembrou toda a trajetória da realização do evento, de seu planejamento até sua concretização naquela noite.

“Trabalhamos incansavelmente nos últi-mos dois anos para oferecer a vocês, colegas, um momento inesquecível. Esperamos que desfrutem de toda programação científica, social, da exposição comercial. Afinal, para ser feliz em Pernambuco é só chegar. O sol é lindo, os amigos estão de coração aberto e sejam todos bem-vindos e desfrutem. O con-gresso é para vocês e mais do que tudo, quero agradecer a Deus por que através de cada um de vocês temos combatido o bom combate.

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

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Como a mulher grávida, que no momento do parto sofre as dores e depois, com seu filho, glorifica a Deus. Este congresso para mim foi como um filho que nasceu e só nasceu por que nasceu antes no coração de cada um de vocês. E como não posso estar aí abraçando cada um de vocês, gostaria que vocês rece-bessem um abraço, um aperto de mão e, mais do que tudo, olhando nos olhos, um sinal de gratidão. Muito obrigado”, concluiu Liana Ventura.

O terceiro pronunciamento foi do pre-sidente do CBO, Milton Ruiz Alves, que enumerou as atividades da entidade na luta pela melhoria da assistência oftalmológica e da saúde ocular da população (veja a íntegra na página 12).

Em seguida, fizeram uso da palavra Ana Paula Menezes e Luciano Vásques, que sau-daram os congressistas em nome do ministro Arthur Chioro e do governador João Soares Lyra Neto. A solenidade foi encerrada com um coquetel a todos os presentes.

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

nFrederico Cox Cavalcante Lins – bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Pernambu-co, procurador do Estado, consultor geral da Junta Comercial do Estado de Pernambuco e sócio fundador do escritório Cox & Sociedade;nNelson Louzada – presidente da Federação das Cooperativas Estadu-ais de Serviços Administrativos em Oftalmologia (FeCOOESO) e inte-grante da Comissão de Saúde Suple-mentar (CSS) do Conselho Brasileiro de Oftalmologia;nSaly Maria Bugmann Moreira – Professora de Oftal-mologia da Faculdade de Medicina da Unviersidade Evan-gélica do Paraná, presidente do XV Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e

HomenagensDurante a solenidade de abertura do congresso do Recife, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia homenageou a três personalidades de destaque na defesa da saúde ocular da população e das prerrogativas profissionais dos médicos oftalmologistas:

Refratometria – SOBLEC – e da As-sociação Paranaense de Oftalmologia – APO

O CBO também prestou homena-gem a cinco médicos oftalmologistas já falecidos, entregando diplomas de reconhecimento a seus filhos.

nInácio Cavalcanti – co-fundador do Hospital de Olhos de Pernambuco e criador da Fundação Altino Ventura

– o diploma foi recebido por Ronald Cavalcanti;nLeiria de Andrade Júnior – Fundador do Hospital de Olhos que leva seu nome em Fortaleza, presidente do CBO (gestão 1973/75) e presidente do XVIII Congresso Brasilei-ro de Oftalmologia – o diploma foi recebido por Leiria de Andrade Neto;

Afonso Ligório de Medeiros e a homenageada Saly Maria Bugmann Moreira

Leiria de Andrade Neto recebe a homenagem a seu pai, Leiria de Andrade Júnior, das mãos de Carlos Heler Ribeiro Diniz

O vice-presidente do CBO, Renato Ambrósio Júnior, e a família de Inácio Cavalcanti

Liana Ventura entrega a homenagem a Nelson Louzada

A secretária geral do CBO, Keila Monteiro de Carvalho, entrega a homenagem a filha de Manoel P. Queiroz Abreu, Elvira B. Abreu

Mauro Nishi, tesoureiro do CBO, faz a homenagem a Pedro Cavalcanti Lira na pessoa de seu filho, Rodrigo Pessoa Cavalcanti Lira

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

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nManoel Penteado Queiroz Abreu – Formou-se em 1958 na então Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, oftalmologista da Sociedade Civil João Penido Bur-nier – foi representado por Elvira Barbosa Abreu;n Pedro Cavalcanti Lira – Fez especialização em Oftal-mologia em 1971, mestrado em 1975 e ocupou vários cargos na administração pública do Estado de Pernambuco - Ro-drigo Pessoa Cavalcanti Lira recebeu a homenagem;nRenato Luiz Nahoum Curi – Graduou-se pela Universi-dade Federal Fluminense, onde foi Professor Titular de Of-talmologia, foi presidente do Conselho Latino-Americano

de Estrabismo e membro titular da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro – a homenagem foi entregue a André Luiz Curi.

A Comissão Executiva do Congresso do Recife, por sua vez, prestou homenagens especiais a Ana Luiza Hofling Lima, Bruce Spivey, Eduardo Chavez Mondragon, Eydie Miller-Ellis, Paulo Torres e Richard L. Abbott.

Por fim, os dois presidentes do congresso entregaram di-ploma de reconhecimento ao presidente do CBO, Milton Ruiz Alves

A presidenta do Congresso, Liana Ventura, entrega a homenagem a Richard L. Abbot, da Harvard Medical School

O presidente do CBO é homenageado pelos presidentes do CBO 2014

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, Paulo Torres, recebe a homenagem das mãos de Milton Ruiz Alves

Marcelo Ventura e Douglas D. Koch (Baylor College of Medicine - EUA )

Ana Luíza Hofling, presidente da Associação Pan-Americana de Oftalmologia, recebe a homenagem do presidente do CBO 2014

Eydie Miller-Ellis, presidenta eleita da JCAHPO, recebe a homenagem de Alexandre Ventura

Alexandre Ventura, presidente da Sociedade de Oftalmologia de Pernambuco, entrega a homenagem a Bruce Spivey, do International Council of Ophthalmology

Inácio Cavalcanti entrega a homenagem a Eduardo C. Mondragon, pres. da Asociación L, de Cirujanos de Catarata, Córnea y Segmento

Renato Ambrósio Júnior entrega a homenagem a André Luiz Curi, filho do homenageado Renato Luiz Nahoum Curi

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

m quarto de século de-pois da promulgação da Constituição Fe-deral que apregoa "ser a saúde um direito de todos e dever do Esta-do" a realização desse direito ainda está lon-

ge do Cidadão brasileiro. Hoje, três quartos da nossa população, ou cerca de 150 milhões de brasileiros dependem totalmente do SUS. O mesmo SUS que ainda gasta pouco e que poderia gastar melhor em saúde.

O movimento "Passe Livre" escancarando a necessidade de se melhorar a gestão na saú-de pública desencadeou o atual processo de reformas porque passa todo o sistema de saú-de público brasileiro. Inclui-se aqui a constru-ção do "novo" SUS na área da Oftalmologia.

Neste momento o CBO vem interagin-do com o Ministério da Saúde para que na construção do "novo" SUS o Oftalmologista atue, também, dentro das ações de Atenção Básica, aqui incluindo a refração ocular e a prescrição de óculos, além de sua atuação na Atenção Especializada Ambulatorial, Cirúr-gica, Prevenção e Reabilitação. Não há como imaginar ações básicas de saúde no SUS sem a participação de nossa especialidade!

É preciso ficar bem claro que o SUS ain-da não se estruturou para o atendimento of-talmológico e que o número de pessoas que trabalham nos serviços existentes não é sufi-ciente, ou seja, há falta de recursos humanos que possam trabalhar nas ações de promoção da saúde ocular, assim como inexistência de infraestrutura física e de equipamentos para exames de refração. O que falta não é Oftal-mologista, mas sim condições para que ele forme equipes produtivas, treinando pessoas que o auxiliarão na implementação dos pro-gramas necessários.

O nosso País vive muitas transições, mas gostaria de destacar aspectos da transição tecnológica que ocorre no campo de nossa especialidade, porque já passou a hora de o Brasil trabalhar com gestão de tecnologias na área da saúde ocular e de estabelecer cri-térios para a incorporação adequada destas tecnologias.

A inovação tecnológica presente nos no-vos "fotoscreeners" e nos novos refratores computadorizados acaba de decretar a extin-ção da necessidade de se ter no SUS o pro-fissional refracionista clínico da OPAS, este com muita ideologia, um curso secundário e com apenas alguns meses de treinamento em esquiascopia e, também, acaba de deter-minar a extinção da necessidade no SUS da atuação do outro profissional não médico também envolvido com a esquiascopia. Em tempo, como é do conhecimento dos senho-res, o exame de refração ocular é composto

Discurso do presidente do CBOna solenidade de abertura do Congresso do Recife

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

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de duas partes: a medida do erro de refração pela esquiascopia e a prescrição dos óculos que é feita pelo oftalmologista consideran-do-se a necessidade e as condições de saúde do paciente.

No Brasil, olhar para o futuro talvez não seja uma prática tão frequente, mas é certa-mente necessária. Melhorar a qualidade dos serviços de saúde, com redução de custos exige práticas completamente diferentes das atuais. Com este desígnio, o CBO coorde-nou nos últimos anos os Fóruns Nacionais de Saúde Ocular em Brasília e, junto com as lideranças nacionais, ajudou na constru-ção da Política Nacional de Saúde Ocular vigente. Para demonstrar mais uma vez sua disposição em participar da construção do “novo” SUS e da solução dos problemas do Povo Brasileiro, o CBO entregou oficial-mente, em maio último, justamente no Dia do Oftalmologista, ao Ministério da Saúde, o projeto "Mais Acesso à Saúde Ocular" que elenca as medidas necessárias para levar assistência oftalmológica de qualidade a to-dos os cidadãos brasileiros, independente de condição social ou local de moradia. Elenca também os princípios necessários para que a assistência oftalmológica seja integrada às políticas públicas de saúde e ao "novo" SUS, não como um dispendioso apêndice, mas como elemento primordial para a melhoria da saúde dos brasileiros e como parte da na-cionalidade que a todos cumpre construir.

O outro quarto da nossa população ou cerca de 50 milhões de brasileiros, hoje, têm a opção de acesso à saúde suplementar. Os atendimentos realizados por meio da pres-tação de serviços às operadoras de planos de saúde garantem serviços a um contingente imenso de oftalmologistas, mas existe uma saturação do mercado de trabalho nas prin-cipais cidades do País. Destacamos aqui a criação da Comissão de Saúde Suplementar CBO voltada para mediar conflitos entre médicos e operadoras, fortalecer as COOE-SOs, defender remunerações dignas e justas e atuar junto aos poderes Legislativo e Exe-

cutivo, além de oferecer assessoria jurídica competente na área à disposição dos asso-ciados CBO.

Nestes anos todos o CBO tem acumu-lado grande saldo social porque na questão social tem focado insistentemente na saúde ocular do cidadão. Todo o trabalho realizado pelo CBO tem uma origem: o oftalmolo-gista brasileiro; e um destino: a população. É em prol das pessoas que o CBO busca as melhores condições de atendimento. É na Medicina de qualidade e de compromisso social que o CBO contribui para a melho-ra dos serviços de saúde ocular oferecido aos brasileiros. São as ações assistenciais de cunho social pregressas do CBO e da Of-talmologia brasileira que dão legitimidade ao CBO para solicitar sua participação nos programas governamentais.

Para finalizar, questões sobre que oftal-mologista devemos formar hoje para aten-der às necessidades do povo brasileiro serão debatidas no Seminário CBO sobre Educa-ção que se realizará em dezembro deste ano, na Sala da Comissão de Ensino do Senado Federal, em Brasília. O “novo” SUS Oftal-mologia vai ser debatido no V Fórum Na-cional de Saúde Ocular que o CBO realizará em fevereiro de 2015, também, em Brasília. Repetindo o saudoso governador Eduardo Campos: não podemos e não vamos desistir do Brasil! Muito obrigado!

Nestes anos todos o CBO tem acumulado grande saldo social porque na questão social tem focado insistentemente na saúde ocular do cidadão

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CBO 2014

Como foi o CBO 2014 para você?

A Comissão Executiva do CBO 2014 sente-se agradecida pela colaboração de todos para o bom êxito do evento.

O CBO presente em todos os momentos, desde a figura do seu presidente, o professor Milton Ruiz Alves, à comissão cien-tífica, incansável, todo o pessoal administrativo, o nosso muito obrigado pela confiança em nós creditada.

Aos colegas palestrantes ou não, aos colegas internacionais, elite da Oftalmologia internacional, o nosso profundo agra-

decimento. Vocês fizeram a festa do CBO 2014. O apoio irrestrito do Governo do Estado de Pernambuco, das prefei-turas do Recife e de Olinda foram fundamentais para a nossa realização.

Não podemos deixar de agradecer também a todos os ex-positores que acreditaram desde o início na força deste con-gresso.

O Curso da Abordagem Multidisciplinar em Deficiência Visual foi uma porta aberta ao deficiente visual e seus parentes, onde tiveram a oportunidade de ouvir o que há de possibilida-des presentes e futuras em condições de reabilitação.

O Curso de Auxiliar em Oftalmologia voltado para gestores de saúde, assistentes, auxiliares de enfermagem e profissionais afins.

Estes cursos foram difusores de informações importantes para este público.

Enfim, sentimo-nos agradecidos e felizes pela oportunidade.

Afonso Ligório de Medeirospresidente da Comissão Executiva do CBO 2014

Na minha opinião, o congresso foi um completo sucesso. A perspectiva de organizar um congresso do CBO é

sempre desafiadora pela excelência dos eventos anteriores, mas nós aproveitamos as orientações e sugestões dos ex-pre-sidentes de congressos para fortalecer os fundamentos que achamos positivos. Também fizemos coisas novas. Quais fo-ram as novidades? Tenho muito carinho pela ação social que desenvolvemos nos meses anteriores ao congresso para exa-minar os resultados durante o evento. Aproveitamos o ensejo do congresso para trazer um benefício real à população que tem deficiência visual, não só com o diagnóstico, mas também com a oferta do tratamento, doação de óculos, lupas, tele lupas e outros auxílios.

Outra coisa que achei maravilhosa foi a participação das sociedades filiadas ao CBO, não somente colaborando na or-ganização científica, contribuindo com a comissão científica do CBO, mas também com estandes. Foi muito positivo.

O programa científico ficou muito sólido, muito abran-gente e ao mesmo tempo deu muitas oportunidades para os colegas oftalmologistas da região norte-nordeste, que têm di-ficuldades para ir a outros congressos, bem como muitos of-talmologistas de outras regiões, que vieram para o CBO 2014, o que mostra que Pernambuco foi atrativo. Outra coisa ma-ravilhosa foi o trabalho de divulgação do congresso na media. Foi um sucesso enorme e foram publicados muitos artigos, muitas matérias nos jornais, na televisão, rádio, todo mundo falou deste congresso.

Destaco também os palestrantes internacionais, todos de grande proeminência científica, que foram muito disponíveis, que colaboraram com palestras de ponta, mostrando as últi-mas novidades científicas internacionais, para que os nossos

oftalmologistas pudessem trocar experiências e contribuir para melhorar a Oftalmologia.

Do ponto de vista de política da Oftalmologia o congres-so também foi muito bom. A participação do Ministério da Saúde, participação dos secretários de Saúde e Educação e de vários representantes de entidades que trabalham com de-ficiência visual foi muito forte. A defesa de classe foi outro ponto de destaque nas programações do CBO e de suas várias comissões.

A parte da exposição comercial foi um sucesso por que a área era muito grande, conseguimos fazer um fluxo bem ade-quado, os estandes ficaram belíssimos e todos com quem a gente conversou disseram que venderam muito.

A parte social, as festas do congresso foram maravilhosas, animadas.

Liana Venturapresidente da Comissão Executiva do CBO 2014

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

O importante neste evento foi a colo-cação dos principais pontos de cada

um dos assuntos abordados com emba-samento científico. Na programação de glaucoma, os apresentadores trocaram suas referências, trabalhos de metanálise, revisão e depois disso houve discussão de casos clínicos, casos polêmicos, que fo-ram debatidos por dois apresentadores. Havia sempre a conclusão, depois do discutidor sinalizar o que era relevante. O congresso teve formato que me agradou muito e o termô-metro que tenho para dizer que a programação de glaucoma foi boa é que a plateia sempre esteve cheia durante todo o tempo. Também houve muitos questionamento e muita participação dos presentes.

Paulo Augusto de Arruda Melloex-presidente do CBO

Grande parte da programação cien-tífica ligada à oncologia ocular teve

como centro a discussão sobre diagnós-tico e tratamento, dirigida aos oftalmo-logistas que não trabalham nesta área específica. Porém, para os especialistas, houve apresentações abordando o me-lanoma, principalmente as mais recentes pesquisas sobre metástase, e sobre o reti-noblastoma, abordando principalmente a aplicação de quimioterapia local dentro do olho e não mais a quimioterapia venosa. A grande discussão feita no congresso foi como viabilizar este tipo de tratamento para todas as regiões do Brasil

Virgínia Laura Lucas Torrespresidente da Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia

Felizmente, atualmente temos muitas armas à disposição para o tratamento

de diversas doenças da retina. Os antian-giogenicos são cada vez aplicados, seja sob a forma de tratamento padronizado e aprovado pela ANVISA, seja em indica-ções off-label que beneficiam o paciente. Neste congresso discutimos muito o tal-vez seja o lançamento de maior impacto que foi o início da comercialização do implante intraocular biodegradável do corticoide dexametazona, utilizado em casos de oclusão de ramo venoso, em casos de edema de mácula e em alguns casos de DMRI, em conjunto com os antiangioge-nicos. Trata-se de um dispositivo injetado com anestesia tópica e com todos os cuidados de assepsia necessários para um pro-cedimento deste tipo e permanece no olho por alguns meses e vai liberando remédio gradativamente para se controlar estas doenças. Também temos assistido, e durante o CBO 2014 isto foi confirmado, o o uso de instrumentos cada vez menores para cirurgias de vitrectomia.

Walter Takahashiintegrante da Comissão Científica do CBO e responsável pelo programa de retina do congresso.

Mais uma vez a Oftalmologia bra-sileira mostrou sua pujança e o

Conselho Brasileiro de Oftalmolo-gia mantém sua tradição de se dedicar fundamentalmente ao ensino da Of-talmologia para melhorar o padrão e a qualidade de atendimento à população. O médico tem uma situação muito es-pecífica dentro do Sistema de Saúde: trabalha na área da cura, mas tem que trabalhar na área de prevenção e tam-bém na área política, por condições para que seu trabalho chegue à população. O Congresso de Prevenção da Ceguei-ra é o momento em que os oftalmologistas discutem o que foi feito, o que vem sendo feito e o que deve ser feito e, neste ponto, é absolutamente indispensável. Aqui no Recife, a exposição comercial foi muito boa. Na parte cientí-fica, como vem acontecendo continuamente na Oftalmologia brasileira, conseguimos aprimorar cada vez mais e nossos con-gressos, na parte da medicina curativa, não devem nada aos congressos dos países mais desenvolvidos do mundo.A pro-gramação relacionada com lentes de contato, refração e córnea seguiu o mesmo padrão do nosso congresso. Foram apresen-tadas as últimas novidades para proporcionar mais conforto e segurança e aumentar a possibilidade de mais pessoas usarem lentes de contato. A orientação do paciente foi outro ponto bastante discutido. Na parte da refração, tivemos o próprio Tema Oficial do congresso. As palestras também mostraram os resultados atuais de pesquisas com novos antibióticos, no-vos anti-inflamatórios e novas medidas de proteção do epitélio corneano.

Newton Kara Joséex-presidente do CBO e presidente da Sociedade Brasileira de Córnea, Lentes de Contato e Refratometria - SOBLEC

A refração ocular é um dos temas mais importantes da Oftalmologia

por que ela é o procedimento que to-dos os oftalmologistas, de uma forma ou de outra, se sentem compelidos a fazer. A refratometria é muito abrangente e, infelizmente, ficou um pouco descurada nos últimos tempos por que a técnica foi muito simplificada com o advento do refrator automático. Agora, os oftal-mologistas estão acordando novamente para a realidade de que a refratometria é importante, que ela não é só o ato de apertar um botão e ler um número, tem a prescrição óptica que vem em seguida. Aqui, no Recife, tive-mos o Dia Especial de Refração e as salas onde o assunto foi exposto ficaram cheias. Tivemos cinco módulos, dois dos quais de refratometria convencional. Achei a programação completa e satisfatória, talvez com aulas muito expositivas e com pouco espaço para discussão, mas mesmo assim, levando em conta que em congressos passados o tema nem existia, houve grande progresso.

Harley Edison Amaral BicasProfessor Sênior de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e ex-presidente do CBO

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

O encontro das auxiliares de oftal-mologista foi um sucesso. Convi-

damos Roberta Fernandes, psicóloga ligada à RH para dois cursos de quatro horas cada e tivemos uma assistência muito maior que a prevista. Também tivemos a colaboração da Joint Com-mission on Allied Health Personnel in Ophthalmology ( JCAHPO), entidade internacional sem fins lucrativos que educa e certifica os técnicos em oftal-mologia. Os principais tópicos abordados foram relacionados com a importância do auxiliar no aumento da produtividade e da qualidade do atendimento oftalmológico.

Já na programação sobre administração em oftalmologia esteve relacionada com os aspectos legais, aumento da produti-vidade médica através da equipe, qualidade do serviço médico e prontuário eletrônico.

Ronald Cavalcantipresidente da Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia - SBAO

Além da programação científica ex-celente, o mais importante foram as

discussões que esclareceram as sessões e completaram os temas. No campo da Cirurgia Refrativa as apresentações mais polêmicas abordaram o laser de femto segundos, que veio para ficar tanto na Refrativa quanto na Catarata. Hoje, a Cirurgia Refrativa aproximou muito da catarata e os debates abordam a indica-ção de algumas cirurgias e o momento mais apropriado de sua indicação. A seleção do paciente foi ou-tro ponto de muito interesse no congresso. Os convidados inter-nacionais foram todos bons e este intercâmbio é muito positivo para nossa Oftalmologia.

Carlos Heler Ribeiro Diniz Assessor Especial da Diretoria do CBO

A programação foi muito boa, equili-brada, com novos trabalhos, gente

nova apresentando pesquisas e avanços, com oportunidade de discussão com os colegas consagrados. Tivemos algumas polêmicas em relação ao acompanha-mento dos casos de crosslinking para ceratocone. Na minha avaliação, neste congresso o mais importante não são necessariamente as novidades, mas a depuração das informações recebidas através da confrontação com a opinião dos colegas e as discussões acabam trazendo mais informações que a literatura ou as aulas. Tivemos tam-bém a interação com as outras atividades, a presença de no-vos pesquisadores que vieram discutir seus pôsteres e temas livres com professores de diferentes instituições, o que sempre é muito positivo para a Especialidade.

Eduardo Melani Rochaeditor associado da revista Arquivos Brasileiros de Oftalmologia

A programação de glaucoma, que acompanhei mais de perto, esteve

lotada durante todo tempo e as discus-sões, no bom sentido, foram muito ani-madas, o que mostra que existem muitas coisas em que o conhecimento não está consolidado e que os oftalmologistas precisam participar do congresso para ti-rar as dúvidas. Fiquei com excelente im-pressão, pois o congresso de prevenção perdeu aquele aspecto de ser um con-gresso menor. No glaucoma discutiu-se muita coisa de cirurgia, de procedimento, de laser, de como abordar o paciente, as novas tecnologias, se devem ou não ser incorporadas, se são mais in-teressantes para a companhia que vende ou para o paciente que vai ser beneficiário. Tenho certeza de que quem participou do congresso saiu melhor do que entrou.

Augusto Paranhos Júniorcoordenador do Curso de Especialização em Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Achei a programação científica bem estruturada. A relação lente/córnea

despertou muito interesse, assim como as lentes especiais para correção de cór-neas irregulares tipo esclerais e outros desenhos também que os fabricantes estão desenvolvendo para ceratocone e córneas com traumas. Quanto à reunião da Comissão CBO Mulher, só posso di-zer que estou muito triste por que tive que sair do encontro para dar uma aula. Minha recomendação é que nos próximos congresso, as mulhe-res não tenham nenhuma outra atividade durante o encontro.

Tânia Mara Cunha Schaeferex-presidente da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria - SOBLEC

A programação do congresso foi bem abrangente, atual, incluindo convi-

dados internacionais com experiência, principalmente na área de superfície ocular e ceratocone, olho seco, cirur-gias da superfície ocular e ceratoprote-se. Acredito que o programa está pos-sibilitando para o congressista ter um apanhado geral do que realmente está acontecendo de mais moderno na área de córnea. Acredito que tenha três áreas principais onde estão acontecendo maiores controvérsias, que se refletem no evento: indicação e tratamento para reabilitação visual no ceratocone, indicação de crosslinking e uso do laser. A ceratoprotese tam-bém ocupou espaço nos debates, bem como o tratamento de doenças como ceratites infecciosas, olho seco e alergias. Os no-vos lubrificantes oculares, bem como os novos aparelhos para crosslinking rápido, os novos laseres para utilização em trans-plante ou em ceratotonia radial indicam novas possibilidades terapêuticas apresentadas no congresso

José Álvaro Pereira Gomespresidente da Sociedade Pan-Americana de Córnea

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 2014 17

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

No Dia Especial de Retina, fiz apre-sentação “fototerapias a laser” onde,

diferentemente da fotocoagulação, usa-se ondas contínuas, com a energia con-trolada através de algoritmo específico, que produzem mudanças intracelulares e provocam estimulação das células do epitélio pigmentar para tratar doenças como maculopatia diabética e coreo-retinopatia central serosa. Apresentei a comparação básica experimental e seus resultados encorajadores.

Daniel Lavinsky médico oftalmologista com atuação predominante em Retina e Vítreo

Acho que a programação foi bem am-pla. Os pontos de maior interesse

para o oftalmologista que trabalha com Baixa Visão são as novas terapias para recuperação da visão e as novas tecnolo-gias, desde auxílios na área de informáti-ca e de vídeo-ampliação até projetos de tratamentos e terapias para a recupera-ção da visão, temas que foram focados com precisão no CBO 2014. Como su-gestão, creio que nos próximos congres-sos, o CBO deveria convidar um palestrante internacional em nossa área.

Maria Aparecida Onuki Haddadmédica oftalmologista que atua na área de Visão Subnormal

A programação científica foi muito boa, porém senti a falta de mais in infor-

mações sobre o campo de atuação dos palestrantes. No campo da oculoplástica, temos assistido a gradual valorização dos procedimentos estéticos e cosméticos em consequência da baixa remuneração pro-porcionada pela saúde suplementar para os procedimentos corretivos. E isto refle-te-se na programação do congresso que privilegiou esta parte da subespecialidade.

Hélcio José Fortuna Bessa médico oftalmologista com atuação predominante em Plástica Ocular

A Sociedade Brasileira de Glaucoma lançou, durante o CBO 2014, o I

Consenso Mundial de Glaucoma Se-cundário (veja na página 30) e tivemos a oportunidade de discutir sobre o papel dos colírios de corticoides, a principal causa de glaucoma secundário, que são vendidos livremente no País.

Francisco Eduardo Lopes de Lima presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma

O congresso foi brilhante, positivo em todos os quesitos. O Dia Especial

foi magnifico. Horas contínuas onde uma sessão foi melhor do que a outra, com destaque para as apresentações so-bre visão artificial, uso de células tronco, o uso de laser subliminar. Julgo que para os próximos congressos seria convenien-te uma sinergia entre o Dia Especial e a sociedade de especialidade para que houvesse uma programação única para evitar repetições no último dia do congresso. Entendo também que o congresso devesse ter grupos de trabalho para fazer o pla-nejamento prospectivo das pesquisas que vão trabalhar nos dois anos seguintes.

Jacó LavinskyProfessor Titular de Oftalmologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ex-presidente do CBO

A programação científica foi muito boa. O laser de femto segundos na

catarata foi discutido durante três horas e meia, depois houve a apresentação de casos complicados e aulas específicas. Tudo despertou muito interesse dos ou-vintes e muitas perguntas e participação. Na parte da Cirurgia Refrativa, um dos pontos mais polêmicos do congresso foi a apresentação da cirurgia de íris artifi-cial, que foi apresentada aqui pela em-presa Irma Optics, que está distribuindo a lente especial que é indicada para anaridia, congênita ou traumática. Tivemos como convidado internacional Douglas Koch, que deu umas aulas es-petaculares, e o joint meeting internacional, com padrão cien-tífico impressionante, mas com uma plateia pequena. Também tivemos uma sessão onde apresentamos os casos mais complica-dos, que foi um grande sucesso.

Carlos Gabriel de Figueiredopresidente da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa - ABCCR

A programação foi bem densa, com muitas coisas acontecendo ao mes-

mo tempo, mas muito bem feita. O que provocou mais interesse e discussões na área das uveites foi o implante para libe-ração prolongada de corticoide.

Cristina MuciolliProfessora Adjunta e Livre Docente da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 201418

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

Prêmio Conselho Brasileiro de OftalmologiaNagingerina inibe a neovascularização corneana através do mecanismo anti-inflamatório e antioxidante Autores: Ana Paula Miyagusko Taba Oguido, Antônio Marcelo Barbante Casella, Felipe Pinho, Jefferson Crespigio, Miriam Sayuri Hohamann e Waldic eu Verri Júnior Instituição principal: Universidade Estadual de Londrina

PremiaçãoA entrega dos prêmios aos melhores trabalhos apresentados no XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual / II Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa foi realizada em sessão exclusiva durante a programação do evento.

O presidente do CBO, Milton Ruiz Alves, entrega o diploma a Ana Paula Miyagusko Taba Oguido

A secretária geral do CBO, Keila Monteiro de Carvalho e o primeiro autor do trabalho premiado, Lauro Augusto de Oliveira

Milton Ruiz Alves e Maria Cecília Zorat Yu

Augusto Paranhos Júnior entrega o diploma a Jayter Silva de Paula

Keila Monteiro de Carvalho e Heloísa Gagheggi Ravanini Gardon Gagliardo

Prêmio Oftalmologia CirúrgicaVisual rehabilitation with Boston type I keratoprothesis in a public referral cornea centerAutores: Lauro Augusto de Oliveira, Fernanda Pedreira Magalhães, Flávio E. Hirai e Luciene Barbosa de SousaInstituição principal: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) 

Prêmio Oftalmologia ClínicaCeratite infecciosa em crianças: estudo microbiológico e epidemiológico em hospital universitário de São PauloAutores: Maria Cecília Zorat Yu, Ana Luísa Hofling-Lima, Guilherme Henrique C. Furtado e Júlia de Lima FarahInstituição principal: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) 

Prêmio Pesquisa BásicaEffects of rosmarinic acid in suppressing responses contributing to fribrosis in TGF-Beta-stimulated tenon’s fribroblasts Autores: Paulo José Gomes Puccinelli, Carolina Maria Módulo, Eduardo Melani Rocha e Jayter Silva de PaulaInstituição principal: Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto 

Prêmio Educação em Saúde OcularTriagem visual de lactentes: medida de promoção à Saúde OcularAutores: Heloísa Gagheggi Ravanini Gardon Gagliardo, Maria de L. Zanolli, Maria F. Colella-Santos e Solange G. RavaniniInstituição principal: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 2014 19

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

Milton Ruiz Alves e Patrick Frensel de Moraes Tzelikis

Keila Monteiro de Carvalho e Francisco Irochima Pinheiro

O presidente do CBO e Cristina Maria Garrido Lins

Paulo Augusto de Arruda Mello entrega o diploma a Augusto Paranhos Júnior

Milton Ruiz Alves e Rogil José de Almeida Torres

Keila Monteiro de Carvalho e Camila e Silva Zangali

Prêmio Região Centro-OesteComparison of Ketorolac 0,4% and Nepafenac 0,1% for the prevention of cystoid macular edema after phacoemulsificationAutores: Patrick Frensel de Moraes Tzelikis, Antônio Motta, Celso Takashi Nakano, Eliane Mayumi Nakano, Monike Vieira e Wilson Takashi HidaInstituição principal: Hospital Oftalmológico de Brasília 

Prêmio Região NordesteDesenvolvimento de um novo topógrafo de córnea ultra portátil para smartphones e tabletsAutores: Francisco Irochima Pinheiro, Eugênio Pacelly Brandão de Araújo e Paulo SchorInstituição principal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)Instituição secundária: Inova Metrópole – Instituto Metrópole Digital (IMD – UFRN) Prêmio Região NorteO uso inadequado de lentes de contato causa alta incidência de transplantes de córnea e cegueira no Estado do AmazonasAutores: Cristina Maria Garrido Lins, Gilmara Guimarães, Hugo Pessoa e Larissa GouvêaInstituição principal: Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (SUSAM) 

Prêmio Região SudestePositive association between intrinsic photosensitive retinal ganglion cells and retina nerve fiber layer in glaucomaAutores: Carolina Pellegrini Barbosa Gracitelli, Ana Laura de Araújo Moura, Augusto Paranhos Júnior, Balazs V. Nagy, Dora Selma Fix Ventura, Geraldine Ragot, Glória Liliana Duque Chica, Marina Roizenblatt, Paula Borba e Sérgio H. TeixeiraInstituição principal: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Prêmio Região SulAvaliação da expressão do VEGFR-1 coroidoescleral em coelhos hipercolesterolêmicos tratados com CandesartanAutores: Rogil José de Almeida Torres, Andréa Luchini, Antônio Marcelo Barbante Casella, Conrado Roberto Hoffmann Filho, Dalton Bertolim Précoma, Leonardo Brandão Précoma, Lucas Antônio de Almeida Torres, Lúcia de Noronha, Renan Pedro de Almeida Torres e Seigo NagashimaInstituição principal: Pontifícia Universidade Católica do ParanáInstituição secundária: Hospital Angelina Caron – Campina Grande do Sul Prêmio Trabalho InternacionalCorrelation of the deep optic nerve head structures between sdoct and co-localized 3D histomorphometryAutores: Camila e Silva Zangalli, Brad Fortune,Claude F. Burgoyne, Galen Williams, Hongli Yang, Howard Lockwood, Jean M. Mari, Juan Reynaud e Michael J. GirardInstituição principal: Devers Eye Institute – Portland (EUA)Instituição secundária: Legacy Emanuel Hospital & Health Ctr – Portland (EUA)

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 201420

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

Nossos pacientes, eternos exemplos de supe-ração, garra e determinação.

Diariamente, somos expostos a situações nas quais nos sentimos frustrados por não poder ajudar na recuperação visual. Mas, algumas ve-zes, esquecemos do potencial de aproveitamen-to do resíduo visual que os pacientes têm e da alegria que os contagia quando são ensinados e estimulados a usá-lo. Lembremo-nos do quanto é importante, ainda que com dificuldades, con-seguir ler um texto, ver o letreiro do ônibus, um rosto amigo. Ou ainda saber se locomover com auxílio de bengala e executar atividades da vida diária com maior autonomia. Importante ter-mos a consciência que a Oftalmologia vai além do olhar.

Concursos Culturais do congressoMédico não é só ciência. Médico também é muita cultura, muita conversa no dia a dia e muita gente. Fiquei muito contente com a iniciativa do congresso de organizar concursos culturais. Obtive o segundo lugar no concurso de fotografia e o primeiro no concurso de contos. Escrevi sobre o paciente que não consegue compreender a pergunta feita e responde algo que não tem qualquer relação com o que o médico perguntou. E isto nada mais é do que o nosso dia a dia”. Andréa Gondim Leitão Sarmento.Uma das inovações do Congresso do Recife foi a realização de dois concursos culturais, o primeiro de Fotografias e o segundo de Casos e Prosas. Os trabalhos premiados foram:

FOTOGRAFIA

2º lugarAndréa Gondim Leitão Sarmento

“Um dia na vida de um oftalmologista”

“Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar.

Uns queriam ter voz bonita; outros, falar.

Uns queriam silêncio; outros, ouvir.Uns queriam sapato novo; outros, ter

pés.Uns queriam um carro; outros, andar.Uns queriam o supérfluo; outros,

apenas o necessário

Chico Xavier

E no dia livre do congresso de Catarata e Refrativa, em pleno Rio de janeiro, me deparo com a maravilhosa imagem do por do sol na baía de Botafogo. Momento mágico que me transportou para minhas melhores lembranças! Quantas vezes temos tempo de apreciar o que a Natureza nos oferece? A fotografia foi na intenção de eternizar o momento.

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 2014 21

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

CASOS E PROSAS

Vou aqui contar um causo que aconteceu em Recife, com um oftalmologista amigo meu. Pessoa muito séria e distin-ta, porém encabulado. Mas um rapaz muito competente.

Chegava ele ao final do expediente, cansado de atender, mas ainda bem disposto, quando adentra no consultório um casal de idade mais avançada. Depois dos tradicionais gracejos e apertos de mão, o marido começa a falar de suas queixas: - “Sabe doutor, eu não aguento mais esses meus olhos lagrimando. Até parece que fiquei frouxo, só vivo cho-rando. E no final do dia, os olhos ardem que nem brasa...”

O doutor investiga, pergunta e temporiza. Pesquisa so-bre medicamentos em uso e etc e tal. E finalmente per-gunta: - “Seu Fulano, me diga uma coisa, qual é o nome do lubrificante que o senhor tem usado?”

Antes do marido abrir a boca, aquela senhorinha dos seus 70 anos, se mete na conversa do doutor com seu mari-do: - “Que pergunta! Mas como o senhor é doutor, eu vou responder. Mesmo sem entender o que isso tem a ver com os olhos do meu marido. O nosso lubrificante é KY”.

Silêncio constrangedor no consultório! Doutor vermelho como um pimentão replica: - “Dona

Fulana, eu perguntei o colírio lubrificante, pois o seu mari-do sofre de olho seco!”

Muito constrangido e dando uma gargalhada, o marido pediu desculpas ao doutor e a consulta seguiu como se nada tivesse acontecido.

Coisas como essas que acontecem no dia a dia de um consultório de oftalmologia quebram a rigidez necessária e tornam a vida mais leve. Desde esse dia o doutor aprendeu que ao perguntar sobre qualquer coisa, precisa ser específico e se fazer entender.

1º lugarAndréa Gondim Leitão Sarmento

2º lugarPedro Ronaldo de Carvalho Filho

Residente no fim do diaÉ tarde, o cansaço bate a porta, os olhos já não conse-

guem ficar abertos, o dia foi exaustivo. O cérebro no seu li-mite. Quanto mais estuda, mais sabe que menos sabe. Pega a última gota de energia e lê algumas páginas do livro de Oftalmologia. Adormece debruçado sobre a mesa de es-tudo e começa a sonhar. Encontra-se com o Engenheiro Universal. O jovem médico pergunta-Lhe, por que o olho é tão complexo e que não consegue memorizar tantas in-formações novas. Deus, então, lhe responde: - Observe que o mundo foi criado em 7 dias e a órbita com 7 ossos. A órbita é matemática, o olho, física e o trato óptico, enge-nharia elétrica. Na cova rasa jaz a proptose e na profunda o enoftalmo. O olho é a nossa janela para o mundo. A íris a sua cortina. As lágrimas são como a chuva e da glândula lacrimal partem para a umidificação. Para que as enchentes não ocorram, epífora, elas passam através dos canalículos e desaguam no ducto nasolacrimal. A pálpebra superior é o telhado, a inferior a comporta do lagoftalmo e quando se unem, detonam a bomba lacrimal, surgindo um arco--íris de cores; o vermelho, hemangioma, o amarelo, xan-telasma, o verde, cloroma, o azul, linfangioma, o violeta, neuroblastoma e o rabdomiossarcoma. O preto surge da escuridão da sua união! Pretos também são os cílios, que na sua rarefação a madarose, e no branco a poliose. A mácula, laranja, cor de cenoura, fonte natural do retinol. O grande intérprete, o cérebro, comanda todos os sentidos. Somos seres complexos, controlados pelo encéfalo, o processador das informações. Os hormônios, difusores do controle, são coordenados pela glândula mestre, a hipófise. Na vida a vi-são nos traz a realidade. Somos sim duais, cérebro e mente. O positivo gera hipermetropia e o negativo, miopia. Para que a visão não seja astigmática é necessário o equilíbrio plano. Quanto mais próximo do conflito, menor o campo visual do conjunto problemático. Afaste-se o quanto possí-vel da situação estressante. Sempre haverá um bom motivo, mesmo que para enxergá-lo, você às vezes passe por mo-mentos de sofrimento, mas a vida sempre se renova a cada dia, tudo é passageiro, nada lhe pertence, a não ser seus co-nhecimentos e sentimentos, por isso agora, mais leve, abra sua cabeça, uma nova jornada em sua vida começará. Você poderá fazer milhares enxergarem e milhões não deixarem de ver a luz de todos os dias. Saiba que você não escolheu, mas, foi escolhido por mim para essa missão. Amanhã será um novo dia.Andréa Gondim Leitão Sarmento e Pedro Ronaldo de Carvalho Filho

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 201422

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

curso contou com a participação de aproximadamente 50 docentes de to-das as partes do Brasil. Foi organizado pelo ICO, pelo CBO e pela Associa-ção Pan-Americana de Oftalmologia, com o apoio financeiro da Fundação Allergan. Seu programa foi organi-zado por Gabriela Palis (Argentina),

Mário Luiz Ribeiro Monteiro e Liana Ventura (Brasil).O curso iniciou-se justamente com a intervenção do

presidente do CBO que afirmou que os cursos credenciados pela entidade procuram se inspirar no currículo preconizado pelo ICO para desenvolver nos alunos as habilidades cog-nitivas e habilidades cirúrgicas que ao final são avaliadas na Prova Nacional de Oftalmologia.

Houve também a intervenção da secretária geral do CBO, Keila Monteiro de Carvalho, que mostrou os resulta-dos de uma pesquisa realizada entre os cursos de especializa-ção credenciados pela entidade, e do ex-presidente do ICO, Bruce Spivey, que expôs a atuação do conselho na educação em oftalmologia em todo o mundo.

Depois das exposições, os participantes foram divididos em grupos para discussão dos principais temas propostos e apresentação das conclusões.

De acordo com Gabriela Palis, coordenadora do Pro-grama de Residência em Oftalmologia do Hospital Italia-no de Buenos Aires e coordenadora do Comitê “Teaching the teachers” do ICO, o curso do Recife foi extremamente produtivo e as discussões e conclusões evidenciaram o rico momento por que passa o ensino da Especialidade no Brasil.

Ensino da Oftalmologia no Brasil atual “Hoje, os cursos de especialização do CBO estão pre-

sentes em 20 estados. São ao todo 75 instituições, quase 30% delas credenciadas nos últimos três anos. Significam 379 vagas por ano, quase metade dos cerca de 800 médicos oftalmologistas que, calculamos, entrem no mercado de trabalho por ano, ao passo que não temos qualquer cálculo ou estimativa de quantos saem do mercado no mesmo pe-ríodo”, afirmou o presidente do CBO, Milton Ruiz Alves, em sua palestra no Curso para Diretores de Programas de Especialização e Residência em Oftalmologia, no Recife.

Depois de apresentar uma radiografia da distribuição de cursos credenciados pelo CBO e das vagas correspon-dentes em todas as regiões brasileiras, Ruiz Alves cons-tatou que os médicos oftalmologistas estão presentes em 15% dos 5.570 municípios brasileiros e ausentes em 4.732 municípios, onde residem cerca de 77 milhões de brasi-leiros.

“Se levarmos em conta o cenário da saúde suplemen-tar, temos um oftalmologista para 3.066 beneficiários. De acordo com o Ministério da Saúde, temos 7.019 médicos oftalmologistas atendendo no Sistema Único de Saúde (SUS), o que resultaria em um profissional para 21.749 beneficiários. No cenário atual, a Oftalmologia brasileira precisa assumir funções na Atenção Básica, ou deixar que outro profissional não médico assuma a tarefa. Este é o ponto fundamental sobre o qual temos que refletir e res-ponder a pergunta que fiz logo no início da apresentação”, disse o presidente do CBO.

Antes de concluir sua intervenção, Milton Ruiz Alves, elencou as ações que o CBO realizou nos últimos meses para aproximar os médicos oftalmologistas dos programas de Atenção Básica do Ministério da Saúde, com destaque para o programa “Mais Acesso à Saúde Ocular”. Também fez um levantamento das ações anunciadas pelo governo, das quais destacou o chamado Novo SUS, a ampliação do Programa Mais Médicos, agora transformado em Mais Especialistas, e as modificações no ensino de medicina para implantar modalidades de serviço civil obrigatório que ainda não estão muito claras. Por fim, anunciou a realização de um seminário de Ensino de Oftalmologia, a ser realizado no Senado Federal, em Brasília em 3 de dezembro e na realização do IV Fórum Nacional de Saú-de Ocular que ocorrerá em fevereiro de 2015, também no Senado Federal, na capital do País.

Que médico oftalmologista o Brasil precisa hoje?

O

Participantes do Curso

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 2014 23

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

dealizado por Alexandre Ventura no âmbito do curso de lideranças da Associação Pan-Americana de Oftalmologia / Academia Americana de Oftal-mologia, onde teve como mentora Zélia Maria da Silva Corrêa, o Curso CBO Lideranças 2014/15 do CBO tem como objetivos identificar oftalmo-logistas com potencial de se tornarem futuros lí-deres da Especialidade, orientá-los e fornecer-lhes

ferramentas conceituais para acelerar a maturação da lide-rança natural e facilitar sua inserção no universo da Oftal-mologia brasileira.

Foi dividido em quatro etapas, a primeira das quais reali-zada no dia anterior à abertura do XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual / II Con-gresso de Oftalmologia da Língua Portuguesa.

Nesta primeira sessão, houve a apresentação e recepção dos participantes e a apresentação de palestras sobre admi-nistração, liderança, saúde suplementar e atuação do CBO. A sessão foi aberta pelo presidente do CBO, Milton Ruiz Alves e pelo coordenador do Conselho de Diretrizes e Ges-tão (CDG) da entidade, Paulo Augusto de Arruda Mello.

“A Oftalmologia brasileira está passando por várias transformações que terão resultado no médio e no longo prazo. O CBO está empenhado em colocar a assistência of-talmológica na Atenção Primária do SUS, em atualizar o ensino da Especialidade e em congregar os colegas de todo o País na luta em defesa da Saúde Ocular da população e das prerrogativas profissionais dos médicos oftalmologistas. Temos uma grande expectativa dos resultados deste curso e, mais ainda, da ação que os senhores desenvolverão em futuro próximo para contribuir com as várias entidades oftalmo-lógicas do País e, principalmente, com a mais importante delas, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia”, declarou Milton Ruiz Alves.

Curso CBO LiderançasUma das mais ambiciosas metas da atual diretoria do CBO começou a se concretizar em 02 de setembro, um dia antes do início do Congresso do Recife: o Curso CBO de Desenvolvimento de Lideranças 2014/15, que contou com a participação de 14 médicos oftalmologistas de todas as regiões brasileiras que completaram a primeira etapa da iniciativa.

Participantes

Depois da sessão inicial, os integrantes do Curso de Li-deranças participaram de outras atividades durante o Con-gresso do Recife, das quais a mais importante foi o Simpósio da Comissão CBO Jovem, realizado em 03 de setembro. No final de novembro, os participantes se encontrarão para uma sessão de aulas interativas e workshops sobre gerenciamento de associações, liderança, comunicação, política de negocia-ção, relação com a imprensa e temas relacionados. Em abril de 2015 será realizada uma visita conjunta ao Congresso Nacional e a outros centros de poder da Capital Federal. Finalmente, no início de setembro de 2015, no XXXVIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Florianópolis (SC), haverá a sessão final do curso onde os alunos deverão apresentar o resultado de seus respectivos trabalhos.

O curso tem a coordenação de Alexandre Ventura, Gus-tavo Victor, Pedro Carricondo e Zélia Maria da Silva Corrêa.

Participantes: Antônio Francisco Pimenta Mot-ta, Bernardo Menelau Cavalcanti, Carlos Anchieta Castro Cardoso da Silva, Eduardo Ovídio Borges de Velloso Vianna, Fernando Melo Gadelha, João Car-los Diniz Arraes, Leandro Cabral Zacharias, Leonar-do Mariano Reis, Luiz Henrique Soares Gonçalves de Lima, Marcella Salomão, Newton Andrade Junior, Patrick Frensel de Moraes Tzelikis, Roberto Freda e Rodrigo Almeida Vieira Santos.

O site do CBO vem publicando regularmente entre-vistas com todos os participantes da iniciativa. Veja em www.cbo.com.br

I

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Jornal Oftalmológico Jota Zero | setembro/outubro 201424

XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

Reunião do Conselho Deliberativo / Assembleia de associados do CBO

XXVIII Congresso Bra-sileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual será realizado na cidade de Maceió (AL) e terá como Tema Ofi-cial “Análise Crítica

da Saúde Ocular Brasileira”, que envolverá capítulos sobre o papel da Oftalmologia na Atenção Básica em Saúde Ocular e sobre o Histórico do Exercício Profissional na Oftal-mologia brasileira. Além disso, o CBO deci-diu credenciar o Curso de Especialização em Oftalmologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, em São Paulo. Tais decisões foram tomadas durante a reunião do Conselho Deliberativo e Assembleia Ge-ral dos Associados do CBO, realizada em 05 de setembro, durante o congresso do Recife.

A reunião/assembleia também examinou a situação contábil do Conselho Brasileiro de CBO. Antes, o Conselho Fiscal da entida-de havia emitido documento onde afirmou que “Após os devidos esclarecimentos e, visto representarem fielmente a situação econômi-

Reunião do CDGO Conselho de Diretrizes e Gestão (CDG) do Conselho Brasileiro de Oftalmologia realizou uma reunião em 02 de setembro, na qual a atual situação da especialidade e a atuação do CBO foram debatidas.

co-financeira e patrimonial do CBO, todos os demonstrativos foram devidamente apro-vados por unanimidade pelo Conselho Fiscal que sugere a sua aprovação pelo Conselho Deliberativo e Assembleia Geral dos asso-ciados.” O balanço e os balancetes contábeis e patrimoniais do CBO foram aprovados por unanimidade.

Ensino – Em sua exposição, o coordenador da Comissão de Ensino do CBO, Mário Luiz Ribeiro Monteiro, explicou que a enti-dade recebeu manifestações de interesse para credenciamento de doze instituições e que após a análise da documentação, a Comissão de Ensino sugeriu e o Conselho Deliberativo do CBO aprovou o credenciamento de seis vagas do curso da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

Por fim, as ações de marketing e de defe-sa profissional do CBO foram debatidas no encontro, bem como os preparativos para a realização do XXXVIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que será realizado em Flo-rianópolis em setembro de 2015.

O

Mário Jorge Santos (ao microfone) e João Marcelo Lyra defendendo a cidade de Maceió como sede do CBO 2016

O tesoureiro do CBO apresentando a situação financeira da entidade

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

É hora de desconstruir os congressos do CBO!

Jota Zero: Como foi o Congresso do Recife?

Wallace chamon: A qualidade de várias sessões foi surpreendentemente boa. Tivemos sessões onde os palestran-tes brasileiros demonstraram competência igual ou superior a qualquer convidado internacional, o que chamou a atenção, inclusive, dos palestrantes estrangeiros. Na minha avaliação, a Oftalmologia brasileira definitivamente conquistou massa crítica de oftalmologistas de altíssimo conhecimento técni-co com a competência para ensinar Oftalmologia no mais alto padrão. Outro ponto alto, apesar de não ser novidade, foi a importância dos painéis de discussão, ou simplesmente painéis. Tenho certeza que o ouvinte amadureceu e cres-ceu muito com as discussões, avaliando as discordâncias e se posicionando frente ao espectro de informações recebidas. O cuidado que a Comissão Científica, da qual me ex-cluo por que não participei diretamente disto, teve com a definição dos temas e sua abrangência didática, foi muito grande e propiciou excelente experiência de aprendizado. Temos que lembrar que o objetivo primordial do congresso é ensinar. 

Jota Zero: E os pontos fracos?

Wallace chamon: Mais uma vez ficou demonstrado que um programa recheado de palestrantes internacionais não é só custoso, como desnecessário e desinteressante. Os congressistas não participam deste tipo de atividade. Temos massa crítica suficiente e o participante dos nos-sos congressos sente-se muito à vontade para aprender com seus compatriotas. Também vimos muitas salas vazias. Nos próximos congressos, não poderemos ser reféns da disponibilidade física do centro de convenções, pois está claro que o congresso brasileiro não deve oferecer mais do que dez atividades simultâneas. Acredito que está na hora de se fazer outra grande transformação. Acho que o congresso tem que ser desconstruído, uma palavra pouco usual, mas que significa muito. Começar do zero no-vamente para a gente poder continuar inovando.

Jota Zero: Como seria esta desconstrução?Wallace chamon: Considero que está na hora da Of-talmologia brasileira ter um congresso que visa, realmente, a atualização na Especialidade. Os congressos do CBO cum-priram o papel de ensinar Oftalmologia por muitos anos e o grau de maturidade que atingimos permite que o ensino de oftalmologia não seja mais feito em congressos, pois isto os torna maçantes, longos, caros e complexos em termos de logística e viabilização. Hoje temos pelo menos 50% do con-gresso voltado para o ensino básico de Oftalmologia, princi-palmente na forma de simpósios temáticos e isto precisa ser repensado. Também acho que o congresso não pode mais ter o aspecto unilateral, no qual o ouvinte fica apenas receben-do as informações que o palestrante transmite. Quando falo em mudanças, falo em acabar com os simpósios e, eventual-mente, acabar com as aulas e mudar a maneira que é feita a interação entre “aprendedor” e “ensinador”, e não vejo como traduzir melhor estas ideias. Temos pessoas que, se colocadas no centro de uma arena, podem responder perguntas de 200 pessoas sobre sua área e, desta forma, pode retornar infor-mação útil a cada uma destas 200 pessoas. Da maneira como nossos congressos funcionam, essa pessoa não fica no centro da arena, mas no alto do pódio e ensina o que acha que as ouvintes tenham interesse. Será que não é a hora de apostar na flexibilidade e na capacidade de muitos de nossos profes-sores, de muitos de nossos “ensinadores”? Logicamente, esta é uma decisão estratégica que deve envolver a Diretoria do CBO e suas instâncias dirigentes. Jota Zero: E os outros aspectos do congresso?Wallace chamon: A exposição comercial foi um suces-so. Todas as conversas que tive mostraram que a exposição comercial superou todas as expectativas dos nossos parcei-ros. A organização do congresso foi excelente. A abertura foi agradável, a programação social foi ótima, a cidade é ex-tremamente acolhedora. O sucesso do evento foi a prova, de que não interessa o quão insegura está a situação, a Oftalmo-logia brasileira não vai deixar de investir e de melhorar.

Para o coordenador da Comissão Científica do CBO, Wallace Chamon, o sucesso do congresso do Recife deve incentivar a entidade a renovar o formato de seus próximos eventos para aprimorar cada vez mais sua função didática e de grande fórum de debates sobre o futuro da especialidade. Nesta entrevista, Chamon explica suas ideias sobre o presente e o futuro dos congressos brasileiros de oftalmologia.

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CBO 2014

o fazer a abertura da reunião, Keila Monteiro explicou que a comissão pretende debater ques-tões relacionadas ao ge-renciamento de carreira e conciliação com as atri-

buições inerentes ao papel feminino na socie-dade, tendo como objetivos principais fomen-tar a discussão sobre a igualdade de gênero na prática médica, oferecer estímulo ao empre-endedorismo entre as mulheres na prática of-talmológica e promover e estimular ações para integração das jovens médicas ao CBO.

Os primeiros passos da Comissão CBO Mulher começaram a ser dados há dois anos, no Congresso de São Paulo. Depois disso, a comissão foi pouco a pouco se consolidando até que sua institucionalização fosse efeti-

vamente marcada no CBO 2014. Para a coordenadora da comissão, estudos feitos pelo Conselho Fe-deral de Medicina apontam que a profissão está passando por um processo de feminilização, pois desde 2009, entre os médicos re-gistrados, as mulheres já são maio-ria. Afirmou que, de acordo com os dados do último Censo Oftal-mológico do CBO, no Brasil exis-tem 6.300 médicas oftalmologistas num universo de aproximadamen-te 16 mil profissionais.

“São fatos que têm implicações no mercado de trabalho. Isto é uma realidade e são as estatísticas que demonstram. Muitos autores afir-maram que as mulheres são mais

propensas que seus colegas homens a harmo-nizar a relação médico paciente, pois adotam estilos mais democráticos de comunicação. Ela ouve o paciente e pergunta o que deseja, é uma pessoa mais “normal”, promove relacio-namentos colaborativos, discute mais os tra-tamentos e envolve os pacientes na tomada de decisão. Trabalho na Câmara Técnica do CRM de São Paulo há vários anos e as quei-xas contra mulheres são raríssimas, declarou.

Ao concluir a abertura da reunião, Keila Monteiro de Carvalho disse que o primeiro objetivo da comissão é estruturar os canais de comunicação regular com as associadas e solicitou a colaboração de todas neste senti-do, para que o site da comissão, bem como outros tipos de comunicação que venham a ser instituídos, tenham conteúdo rico e ino-vador.

Depois da apresentação da coordenadora da comissão, a programação da reunião teve continuidade com palestras sobre organiza-ção da agenda médica, proferida por Márcia Regina Ferreira Campiolo, sobre estilo e pos-tura profissional, proferida por Cris Francini e sobre questões de sexo e gênero, a cargo da psicanalista e sexóloga Jair Henrique Marin. Também houve testemunhos de médicas oftalmologistas e debates sobre as próximas ações a serem empreendidas.

Mas, vocês são discriminadas?

“Eu não! E se fui, não percebi”, respondeu com toda firmeza a secretária geral do CBO e coordenadora da Comissão CBO Mulher, Keila Monteiro de Carvalho, na abertura da concorrida reunião da comissão, realizada em 05 de setembro, dentro da programação geral do XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual.

aDebateu-se o mercado de trabalho, mas moda também

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CBO 2014

A Comissão CBO Mulher tem a seguinte composição:

n Keila Monteiro de Carvalho (São Paulo)Coordenadora n Ana Petrili (São Paulo)n Ângela Rossini (São Paulo)n Camila Ventura (Recife)n Cristina Muccioli (São Paulo)n Denise Fornazari (Campinas)n Denise Freitas (São Paulo)n Elvira Abreu (Campinas)n Islane Verçosa (Fortaleza)n Leila Suely Gouvêa José (Manaus)n Lidiane Agra da Rocha (Maceió)n Lisabel Gemperli (Campo Grande)n Luciene Fernandes (Belo Horizonte)n Maria Cristina Nishikawi-Dantas (São Paulo)n Maria Regina Chalita (Brasília)n Ruth Santo (São Paulo)

Assessoras Especiais:n Ana Luísa Hofling de Lima (São Paulo)n Andréa Zin (Rio de Janeiro)n Fabíola Mansur (Salvador)n Hélia Angotti (Belo Horizonte)n Liana Ventura (Recife)n Márcia Guimarães (Belo Horizonte)n Maria de Lourdes V. Rodrigues (Ribeirão Preto)n Regina Menon Nosé (São Paulo)n Sally Moreira (Curitiba),n Silvana Schelini (Botucatu)n Tânia Schaefer (Curitiba)n Zélia Correa

Visite o site da comissão: www.cbomulher.com.br

Equipe logística da reunião

Aspecto do encontro

Visite o site da comissão: www.cbomulher.com.br

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CBO 2014No

tas

Como já vem acontecendo em todos os con-gressos promovidos pelo CBO, em 04 de se-

tembro foi realizado o “Encontro com o Autor”, quando os autores dos trabalhos apresentados sob a forma de pôster recebem a visita e a ava-liação de professores e especialistas no assunto abordado e ficam à disposição para responder perguntas e dúvidas dos interessados.

Esta forma de interação entre o jovem pes-quisador e o universo da pesquisa oftalmológica tem dado excelentes resultados e já se institu-cionalizou como uma das marcas registradas mais positivas dos congressos brasileiros de of-talmologia e de prevenção da cegueira e reabi-litação visual.

Encontro com o autor

Os resultados e dados coleta-dos durante a ação “A Visão do

Meu Olhar”, realizada no Recife nos meses antecedentes ao CBO 2014, foram expostos e discutidos no Sim-pósio Multidisciplinar de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual, que dividiu com os Dias Especiais a programação científica do primei-ro dia do evento. O simpósio teve a participação de centenas de médicos e representantes de entidades nacionais e internacionais que trabalham com o deficiente visual.

Simpósio Multidisciplinar

CBO JovemA atuação do CBO nas várias frentes em defesa da saúde

ocular da população e das prerrogativas profissionais do médico oftalmologista, bem como as perspectivas do mercado de trabalho e as várias opções que se abrem diante do jovem oftalmologista foram os pontos centrais do encontro da Co-missão CBO Jovem, realizada na manhã de 05 de setembro.

Estande do CBO

Um dos locais mais movimentados do evento foi o estande do CBO, onde ocorreram vá-

rios sorteios, reuniões e encontros. Além disso, o assessor da Comissão de Saúde Suplementar do CBO, João Fernandes, e o contabilista Ede-no Tostes, ficaram grande parte do tempo pres-tando assessoria em seus respectivos campos de atuação a associados do CBO.

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CBO 2014

Espaço SensorialNo dia anterior à abertura do CBO 2014, foi inaugurado

nas instalações do Centro de Convenções de Pernam-buco o Espaço Sensorial, construído por entidades de as-sistência ao deficiente visual do Estado. Na ocasião, houve apresentações do Grupo Musical Menina dos Olhos, for-mado por deficientes visuais de todas as idades.

O Espaço Sensorial simula, em espaço limitado e pro-tegido, várias situações do dia-a-dia. Para entrar no am-biente, a pessoa é vendada e, sem o recurso da visão, tem que percorrer o circuito determinado sendo submetido a vários estímulos e tendo que superar vários obstáculos, como se fosse cego. A intenção é que o vidente passe alguns minutos sem a visão e reflita sobre esta situação.

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em conjunto com a Associação Mé-dica Brasileira (AMB), realizou o Exame de Suficiência em Categoria Especial em 3 de setembro, durante o XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Vi-sual, no Recife.

Médicos formados até 31 de dezembro de 2003 e com exercício da especialidade em Of-talmologia há pelo menos oito anos, participa-ram da prova, com três horas de duração com questões teóricas e teórico-práticas, num total de 80 questões.

O CBO deu uma grande ênfase nessa Prova Especial no intuito de que o médico que já exerce a especialidade obtenha sua titulação formal, comprovan-do sua qualificação profissional.

O objetivo do CBO foi cumprido pois houve elevado número de inscritos (422) tendo comparecido 386 candidatos. Desses, 235 (60,88% dos que rea-lizaram a prova) obtiveram aprovação com direito ao Titulo de Especialista.

Se compararmos com os resultados da Prova Nacional de Oftalmologia realizada em janeiro de 2014 dentre os 642 candidatos inscritos, 603 compare-ceram ao Centro de Convenções Frei Caneca para prestar o exame e, entre eles, estavam 136 médicos na categoria independente (que seriam os que não cur-saram residência medica nem curso de especialização credenciado pelo CBO).

O total de aprovados na Prova Nacional de Oftalmologia de janeiro 2014 foi 311 (51,58% dos que realizaram a prova). Dos 311 aprovados, 21 médicos estavam na categoria independentes (15,44% dos 136 da categoria indepen-dente que realizaram a prova), índice bem menor que nessa Prova Especial.

Deve-se observar que para atingir esse objetivo o CBO promoveu um in-tenso Programa de Educação Continuada com edição no site CBO de aulas escolhidas dos Congressos CBO, vídeos educativos e gravações especiais de aulas para esse fim. Além disso foi disponibilizado aos associados o Programa ONE/AAO e videoconferências.

O Programa de Educação Continuada permanece ativo e sempre atua-lizando os temas para que os associados possam participar melhorando seu conhecimento e qualidade de atendimento à população.

Para o próximo Congresso CBO 2015, em Florianópolis, haverá novamen-te o Exame de Suficiência para médicos que já exerçam a especialidade e gra-duados em Medicina até 31 dezembro de 2004.

Esperamos vocês com seus “click´s” no nosso site para Educação Continu-ada e depois para fazer a prova em Florianópolis!

Keila Monteiro de CarvalhoSecretaria geral CBO

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CBO 2014

Curso de Auxiliares Relatos de Casos

Relatório de GestãoAs ações realizadas pela

atual diretoria do CBO em seus 13 meses de gestão foram apresentadas na forma de painel num dos locais de grande circulação do Centro de Convenções de Pernam-buco durante toda a duração do evento.

Mais de 400 profissionais partici-param dos Cursos Práticos para

Auxiliares de Oftalmologia, realiza-dos no primeiro dia do congresso. Entre os pontos abordados estiveram a importância do auxiliar no aumen-to da produtividade e da qualidade do atendimento oftalmológico; escolha das pessoas certas para os lugares cer-tos; treinamento e desenvolvimento de atividades. Grande parte da pro-gramação esteve a cargo da psicóloga Roberta Fernandes que, de maneira interativa, conseguiu abordar vários conceitos e situações práticas da ad-ministração de clínicas e consultórios oftalmológicos. O encontro também contou com a participação de repre-sentantes da Joint Commission on Allied Health Personnel in Ophthal-mology – JCAHPO

O que é um glaucoma secundário? Qual a sua diferença da hipertensão ocular secundária? Esta foi a primeira questão a ser abordada e gerou discussões que até hoje reverberam nos

ambientes acadêmicos. Parece um questionamento simples, mas não é. Mostra a necessidade de realização e constante atualização dos Consensos da Sociedade Brasileira de Glaucoma.”

A frase faz parte do prefácio do I Consenso de Glaucoma Secundário da SBG, lançado du-rante o Congresso do Recife, assinado por Augusto Paranhos Júnior, que coordenou o trabalho de cem especialistas, que se reuniram por dois dias para elaborar a obra, única no mundo.

Paranhos Júnior explica que durante a elaboração do consenso houve a preocupação de se-guir um modelo democrático que privilegiasse a solidez da argumentação e a opinião da maioria qualificada de 70%.

“As discussões foram por vezes acaloradas, como era de se esperar. Mas sempre com o respei-to construtivo dos integrantes do grupo que queriam terminar com uma informação válida, tan-to para o especialista em glaucoma, quanto para o médico generalista”, afirmou Paranhos Júnior.

A obra foi elaborada e editada com o apoio da empresa Allergan Produtos Farmacêuticos Ltda.

Mais informações sobre o consenso podem ser obtidas na SBG, que pode ser contatada a partir do site www.sbglaucoma.com.br/ (veja mais notícias sobre a SBG na página 47)

SBG lança consenso de glaucoma secundário

Os trabalhos de relatos de casos foram apresen-tados em painéis de pôsteres localizados em

espaço especial da área da exposição comercial.

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CBO 2014

site do XXXVIII Con-gresso Brasileiro de Oftalmologia já está na rede e as primeiras ins-crições para o evento de 2015 já foram fei-tas durante o congresso do Recife. Além disso,

os presidentes da Comissão Executiva do evento e os diretores da empresa organi-zadora, Attitude Promo, organizaram uma reunião com representantes das empresas do segmento oftálmico e a área da exposição comercial já está praticamente toda com-prometida em virtude das manifesções de interesse efetuadas.

“Estamos trabalhando neste congresso há cerca de seis anos. Já realizamos o blo-queio da rede hoteleiras, reserva do centro de convenções, definição de datas, troca de informações com o CBO, com os colegas, com as pessoas que normalmente são pales-trantes, com a Comissão Científica do CBO e com os médicos oftalmologistas de Santa Catarina”, declarou João Luiz Lobo Ferreira, um dos presidentes do CBO 2015.

Ayrton Roberto Branco Ramos, outro dos presidentes do evento, afirmou que Flo-rianópolis já é o terceiro destino de turismo de eventos no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

“Setembro é uma ótima época para se vi-sitar a cidade. A temperatura é agradável e a data escolhida para o evento permitirá aos congressistas aproveitarem o feriado de 07 de setembro (segunda-feira)”, declarou.

Os presidentes também enumeram os planos para tornar o evento inesquecível.

Médico não sócio (inclusive veterinário) 1.630,00 1.680,00 1.730,00 1.930,00sócios CBo 600,00 650,00 750,00 950,00sócios CBo (até 35 anos) 350,00 380,00 420,00 580,00alunos de especialização em Curso Credenciado pelo CBo* 350,00 380,00 420,00 580,00acadêmicos de Medicina** 350,00 380,00 420,00 580,00Áreas afins*** 350,00 380,00 420,00 580,00técnico de Banco de olhos**** 320,00 350,00 380,00 400,00neurologistas do Clan (não-oftalmologistas)***** 250,00 280,00 300,00 400,00acompanhantes****** 190,00 210,00 250,00 300,00

Os organizadores estão planejando a rea-lização de uma caminhada ou corrida de cinco quilômetros, com o título “Corra para o CBO”. Para tanto, já foi estabelecida par-ceria com a academia F.Scherer, pertencente ao nadador Fernando Scherer (o Xuxa), que prestará toda assessoria aos médicos atletas que se encontrarão as 5:30 hs. de um dos dias do congresso, farão alongamento, aque-cimento, a caminhada ou corrida e, às 8:00 hs estarão com banho e café da manhã to-mados e com a endorfina em alto nível para começar um grande dia de congresso.

“Estamos planejando a festa do con-gresso no Stage, local onde são realizados os maiores shows do sul do Brasil, onde ha-verá espaço para programação para todas as idades. Vai ser um congresso espetacular em todos os sentidos, principalmente na área científica como, aliás, já é a marca dos con-gressos do Conselho Brasileiro de Oftalmo-logia”, declaram os presidentes do XXXVIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia.

Em 2015, todos em Florianópolis

Inscrição para o XXXVIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia - Tabela de Valores (R$)

Categoria 30/12/2014 30/04/2015 31/07/2015 No local

Visite o site do evento: www.cbo2015.com.br

OApresentação do evento às empresas

Os presidentes do congresso

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CBO 2014

ma plenária cheia, com alguns ouvintes em pé, mostrou que a Oftal-mologia brasileira está preocupada e disposta a propor soluções para a resolução da principal causa de deficiência vi-

sual em nosso País, a falta da correção dos erros de refração. “Refração Ocular: Uma Necessidade Social”, tema oficial do XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Ce-gueira e Reabilitação Visual, traz uma valio-sa contribuição para a discussão e constru-ção de uma atenção pública a saúde ocular de qualidade.

Na Apresentação do livro, que reúne as contribuições sobre o tema, o nosso querido líder na luta das prerrogativas profissionais do Oftalmologista, e ex-Presidente CBO, Elisabeto Ribeiro Gonçalves, diz: “Refração Ocular: Uma necessidade Social”, irá influir decisivamente na mudança das políticas de atendimento oftalmológico da sociedade brasileira. O livro traz o aval de autores re-verenciados pelo conhecimento do assunto e pela dedicação com que tentam – sem ne-nhum interesse, que não o de servir – alterar o modelo quase clientelista das nossas po-líticas públicas. É um livro para encher de orgulho os oftalmologistas brasileiros. Os autores, tão sintonizados com o ideal de ser-vir, canalizado pelo CBO com raro senso de oportunidade e competência, que nós oftal-mologistas nos sentimos, também reais cola-boradores deste livro, signatários de todos os capítulos como se os autores o escrevessem com pena comunitária que toda a Oftalmo-logia brasileira lhes outorgou.”

O livro, sob a coordenação cuidadosa do Presidente CBO, Milton Ruiz Alves, foi estruturado em quatro seções abordando a questão da Refração Ocular com foco social, visando colaborar com a construção de uma

Refração Ocular: uma necessidade socialMauro Nishi e Milton Ruiz Alves

U

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XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira e Reabilitação VisualII Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa

CBO 2014

saúde ocular de qualidade, uma das missões institucionais do CBO.

A Parte I do livro traz o cenário de de-sassistência da população que depende do SUS e consequente ônus social e econômico que a falta de políticas públicas que amplie o acesso de uma atenção básica ocular impinge a nossa sociedade. No Brasil, segundo Res-nikoff, existem 2.667.023 pessoas com perda visual devido a erro de refração não corrigi-do; destas, 253.497 têm idades entre 5 a 15 anos, 552.644 entre 16 e 39 anos, 450.063 entre 40 e 49 anos e 1.410.819 com 50 anos ou mais. No campo da refração ocular, o Brasil conta com cerca de 18 mil médicos oftalmologistas. Não se deve insistir na in-fantil ideia de que o caos na saúde pública se deu por falta de médicos; os problemas atuais resultam das gestões repetidamente míopes do Ministério da Saúde.

A Parte II aborda toda a complexa arte médica da refração ocular e também contri-bui com estratégias operacionais no atendi-mento de massa, experiência construída com os pioneiros projetos de mutirão elaborados pelo CBO, como as Campanhas “Veja Bem Brasil” e “Olho no Olho” que foram coor-denados por eminentes lideranças nacionais como Newton Kara José e Milton Ruiz Al-ves, também relatores deste livro. Estas cam-panhas mostram a preocupação e a efetiva colaboração da classe oftalmológica brasilei-ra em trazer soluções para os diversos pro-blemas de saúde ocular, como a deficiência visual por erro refrativo.

A Parte III foca em apresentar diver-sas propostas concretas, além de críticas construtivas para a política governamental hora vigente. As quinze propostas do Pro-jeto “Mais Acesso a Saúde Ocular”, o Cre-denciamento Universal do oftalmologista no SUS, a formação da Rede Nacional de Atendimento Oftalmológico, a Interioriza-ção da Oftalmologia, o Vale Consulta Oftal-mológica, as propostas para melhoramento do Projeto "Olhar Brasil", além de reflexões sobre o Ensino da Oftalmologia focado na formação do profissional médico que atenda as necessidades oculares da população brasi-leira, são alguns dos exemplos de ações que podem mudar a qualidade de saúde ocular de nossa população.

No Projeto “Mais Acesso a Saúde Ocu-lar” que também é apresentado no livro (pu-blicado no Jota Zero no. 154 e no site CBO), o CBO oferece apoio técnico e consultoria em Oftalmologia, por telemedicina, aos profissionais da saúde que atuam em áreas

de baixa oferta de oftalmologistas. Um pro-grama com essas características poderia ser multiplicado pelos serviços de especialização em Oftalmologia coordenados pelo CBO, trazendo apoio para: (a) participantes de re-sidências médicas e de cursos de aprimora-mento em Oftalmologia em áreas de baixa oferta de oftalmologistas; (b) médicos do PSF que necessitem de consultoria em temas ligados à Oftalmologia; e (c) profissionais de saúde que necessitem de consultoria em te-mas ligados à saúde ocular. Adicionalmente, ações governamentais seriam necessárias na criação da devida infraestrutura pedagógica. O Ministério da Saúde deve adotar soluções permanentes na saúde pública brasileira, atraindo médicos oftalmologistas por con-curso público e carreira federal e disponibi-lizada por convênios a estados, municípios, áreas de fronteiras indígenas ou quaisquer áreas de difícil provimento desses profis-sionais. O emprego de mecanismos legais e constitucionais na construção da carreira e financiamento, pelo seu caráter permanente, deve fixar especialistas nas regiões de carên-cia.

A quarta e última parte discute questões legislativas que regulamentam a atuação na área da refração, delineando legalmente os atores envolvidos na atenção a saúde ocular no Brasil.

O Presidente Milton Ruiz Alves destaca no Prefácio deste livro que “nesses 73 anos de existência, o CBO tem acumulado grande saldo social porque tem focado insistente-mente no paciente. Todo o trabalho realiza-do pelo CBO tem uma origem: o oftalmo-logista brasileiro; e um destino: a população. É em prol das pessoas que o CBO busca as melhores condições de atendimento. É na medicina de qualidade e de compromisso social que o CBO contribui para a melhora dos serviços de saúde ocular oferecidos aos brasileiros”.

O emprego de mecanismos legais e constitucionais na construção da carreira e financiamento, pelo seu caráter permanente, deve fixar especialistas nas regiões de carência