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1 UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA umarfeminismos.org Observatório de Mulheres Assassinadas OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR Dados de 2013 (01 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2013)

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UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA

umarfeminismos.org

Observatório de Mulheres Assassinadas

OMA – Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR

Dados de 2013

(01 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2013)

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O OBSERVATÓRIO DE MULHERES ASSASSINADAS

A União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR, por meio do trabalho que

desenvolve no Observatório de Mulheres Assassinadas - OMA apresenta anualmente e

desde 2004, dados relativos ao femicídio ocorridos em Portugal.

No presente ano (2013) a UMAR afirma o conceito de FEMICÍDIO, passando a utilizar

este vocábulo para designar os assassinatos de mulheres valorizando o contexto da sua

ocorrência distinguindo-os, desta forma, dos assassinatos no âmbito da criminalidade

violenta em geral. A morte destas mulheres, isto é o femicídio surge pois, como

resultante da desigualdade entre homens e mulheres, assente numa sociedade

patriarcal que continua a manter e legitimar a discriminação de género.

Em rigor, verificamos que a maioria das situações registados pelo OMA surgem como

o culminar de uma escalada de violência perpetrada no seio de uma relação de

intimidade. Nesta salienta-se uma vivência relacional assente numa lógica de poder e

controlo estrutural que mantém as mulheres cativas em relações que as vitimizam.

Na continuidade do trabalho desenvolvido nesta área somos a reforçar como principais

objetivos:

- Lembrar, visibilizar e valorizar as mulheres vítimas desta forma de violência

extrema;

- Contribuir para a desocultação da violência exercida contra as mulheres e em

particular nas relações de conjugalidade e intimidade na sua forma mais grave;

- Desocultar esta realidade, potenciando o aumento do conhecimento e compreensão

do fenómeno, com vista a encontrar caminhos para a eliminação de todas as formas

de violência contra as mulheres.

- Desenvolver o estudo do femicídio e tentativas de femicídio de mulheres, em

consequência da violência contra as mulheres ou violência de género e conhecer o

seguimento dos casos.

- Propor medidas que auxiliem na prevenção destes crimes.

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Através do OMA, a UMAR vem lembrar que as mulheres vítimas destes crimes são, não raras

vezes, esquecidas! MULHERES cuja identidade não é resgatada que não pela efemeridade da

sua morte; mulheres que foram brutalmente ASSASSINADAS por aqueles com quem um dia

pensaram poder ser felizes; mulheres que perderam a sua vida por dizerem NÃO a uma

relação pouco satisfatória; mulheres que acabaram por ser silenciadas quando disseram

BASTA, quando “ousaram” refazer as suas vidas; mulheres ASSASSINADAS no silêncio e

(in)”segurança” de suas casas, ….

Mulheres ESQUECIDAS, cuja morte e horror surge como facto brutal visualizado pelo

mediatismo, mas sem que a sociedade no seu conjunto a relembre no seu quotidiano e

impulsione mudança estrutural no que tange à violência contra as mulheres.

O trabalho do OMA é conhecer, relembrar e potenciar a mudança por via do aumento do

conhecimento sobre o Femicídio em Portugal, contribuindo para a transformação ainda

necessária e para a propositura de estratégias de evitamento e/ou manutenção de uma

realidade que a todos/as deve envergonhar.

ÀS MULHERES,

EUFÉMIA, FERNANDA B., CARINA, FERNANDA P., MARIA DO CARMO, DJILAM, MARGARIDA,

MARIA DE LURDES, ROSA, DELMIRA, MARIA DA CÉU, MARIA TERESA, ANA CRISTINA,

TERESA, MARIA DO CARMO, MÓNICA, INÊS, MARIA LUCÍLIA, CIDÁLIA, MARIA DE LOURDES,

ELZA, ALZIRA, AMÉLIA, JOSEFINA, CÂNDIDA, CÉLIA, MARIA, ADÉLIA, MAYARA, AUGUSTA,

FILOMENA, MAFALDA, MARGARIDA, ANGÉLICA, MARIA CELINA, JÉSSICA, …

ÀS MULHERES,

MARIA HELENA, BETY, MARIA, CLÁUDIA, ELISE, MARIA FERNANDA, ANDREIA, CARLA,

CONCEIÇÃO, DULCE, ROSA, JOANA, OFÉLIA, MARIA C., FERNANDA, MARIA E ÀS MUITAS

OUTRAS MULHERES CUJOS NOMES NÃO IDENTIFICAMOS, …;

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO INFRA APRESENTADO

Tendo como fonte as notícias sobre femicídios e tentativas de femicídio na

conjugalidade e relações de intimidade, relatados na imprensa escrita nacional, a

UMAR vem apresentar os dados relativos ao Observatório de Mulheres Assassinadas

referentes ao ano de 2013 (01 de Janeiro a 31de Dezembro).

Os dados referentes ao femicídio e femicídio na forma tentada analisados nos anos

anteriores permitem-nos aferir que a sua maioria ocorre em contextos de violência

doméstica prévia, e muitas vezes conhecidos de familiares, amigos, colegas de trabalho

e mesmo de entidades oficiais, sem que tal facto tivesse minorado o impacto da

violência e evitado a morte e lesões graves nas mulheres e suas/seus filhas/os.

Os dados apresentados incluem ainda, os femicídios e tentativas de femicídio

praticados contra mulheres nas relações familiares privilegiadas (ascendentes e

descendentes diretos e outros familiares) nas quais, era conhecida uma situação de

vitimação, inserindo-se assim tais crimes e tentativas, em contextos de violência

doméstica e intrafamiliar.

O Observatório de Mulheres Assassinadas registou em 2013 uma diminuição no

número de femicídios e tentativas de femicidio quando comparado com período

análogo de 2012.

Até à presente data o OMA contabilizou, em 2013, um total de 37 femicídios e 36

tentativas de femicídio.

Em 2013 foram ainda noticiadas 2 (dois) outros femicídios ocorridos, um em 2010 e

outro em 2012. Sobem assim para 39 o número de femicídios conhecidos pelo OMA

durante o ano de 2013. Porém, tratando-se de femicídios que não ocorreram em 2013,

mas sim, cuja investigação sobre a relação entre as vítimas e os homicidas só foi

determinada em 2013, logo, noticiados neste ano, não serão objeto da análise no

capítulo dos femicídios ocorridos em 2013.

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De acrescentar que a morte destas 2 mulheres não se encontrava registada no OMA em

anos anteriores. Em termos de metodologia definiu-se a sua inclusão nos dados globais

comparativos ao longo dos anos.

Relativamente a estes dois femicídios apresentamos a síntese infra:

Ano de Ocorrência 2010 2012

Relação da vítima c/ o homicida Ascendente direto Mulher

Idade da Vítima Mais de 65 anos 51-64 anos

Situação Profissional Reformada S/ inf.

Idade do homicida 36-50 anos e mais de 65

anos (co-autoria)

51-64 anos

Situação Profissional S/ inf. Empregado

Mês de ocorrência Novembro Dezembro

Distrito Bragança Viseu

Concelho Mirandela Viseu

Motivação/Justificação Partilhas Contexto de VD

Arma do Crime/Meio empregue Asfixia Asfixia

História de Violência na Relação S/ inf. Sim

Local de ocorrência Residência Residência

Medidas de Coacção aplicadas Caução Prisão preventiva

Denúncia/Processos em curso Ni S/ inf.

De registar ainda um total de 27 vítimas associadas, sendo que 16 (dezasseis) são

vítimas diretas, 4 (quatro) delas mortais, e 11 (onze) vítimas indiretas, que

presenciaram a prática do crime.

Pudemos ainda contabilizar um total de 30 filhos/as das vítimas dos crimes, apesar de

na maioria das notícias existir a ausência de dados referentes a este item, sendo do

entendimento da UMAR que a violência exercida contra as suas mães, os vitimiza de

forma traumática.

Nas relações de intimidade entre casais do mesmo sexo (homossexuais e lésbicas),

informação introduzida pela primeira vez no OMA em 2012, notamos que, no ano de

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2013, foi noticiado pela imprensa escrita a ocorrência de 1 homicídio enquadrando este

item.

DO ESTUDO DO FEMICÍDIO E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO NAS RELAÇÕES

DE INTIMIDADE E RELAÇÕES FAMILIARES PRIVILEGIADAS

Apresentaremos em seguida a caracterização das vítimas diretas e dos autores do

crime de femicídio e femicídio na forma tentada, bem como a caracterização destes

crimes quanto à sua ocorrência em termos geográficos e temporais, local, meio

empregue, suposta motivação e contexto em que foram praticados.

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I- OMA – FEMICÍDIOS 2013

FEMICÍDIOS:

RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O HOMICIDA

Em termos da relação existente entre vítimas e homicidas, verificamos que continua a

ser o grupo dos homens com quem as mulheres mantêm uma relação de intimidade

aquele que surge com maior expressividade, correspondendo este ano a 57% (n=21) do

total de vítimas que foram assassinadas. Segue-se, tal como nos anos anteriores, o

grupo daqueles de quem as mulheres já se tinham separado, ou mesmo obtido o

divórcio com 19% (n=7) do total das situações registadas.

Verifica-se assim que as relações de intimidade presentes e passadas representam

76% do total dos femicídios noticiados.

A violência intrafamiliar, nomeadamente a praticada por outros familiares, contabiliza

11%, (n=4) e os ascendentes diretos registam 11% (n=4).

No presente ano foi ainda reportada uma (1) situação de femicídio perpetrada por

indivíduo que não aceitou que uma mulher não correspondesse à pretensão de com ela

estabelecer relação de intimidade (2%, n=1).

Relação de intimidade: Mulher, Companheira, Namorada

Ex-mulher, ex-companheira, ex-namorada, ex-relação de intimidade, separada

Ascendente directa

Outro familiar

Pretendida

21

7

4

4

1

Femicídios: Relação da vítima com o homicida

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FEMICÍDIOS:

RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O HOMICIDA AO LONGO DOS ANOS

2004-2013

Desde o início do Observatório e, dos dados recolhidos, verificamos que mantém-se a

tendência de maior vitimização das mulheres às mãos daqueles com quem ainda

mantinham uma relação, fosse ela de casamento, união de facto, namoro ou outro tipo

relação de intimidade (n total=227), seguido pelo grupo dos ex-maridos, ex-

companheiros e ex-namorados (n total=74).

RELAÇÃO COM

A VÍTIMA

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

Total

Marido,

Companheiro,

namorado,

relação de

intimidade

28

25

23

16

27

17

30

18

21 +1

21

226 +1

Ex-marido, ex-

companheiro,

ex-namorado

3

6

9

4

13

11

8

5

8

7

74

Descendentes

diretos

7 1 0 1 2 0 3 2 1 4 21

Outros

Familiares

2 2 4 0 1 0 2 0 7 4 22

Desconhecida 0 0 0 1 3 1 0 0 0 0 5

Ascendentes

diretos

- - - - - - +1 1 3 0 4 +1

Relação não

correspondida

- - - - - - - 1 0 1 2

TOTAIS ANO

40

34

36

22

46

29

44

27

41

37

356

Nota: (+) Correspondem a femicídios referentes a anos anteriores mas só conhecidos em 2013.

(Vide preâmbulo)

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FEMICÍDIOS:

IDADE DAS VÍTIMAS

Em 2013, o grupo etário que registou mais femicídios foi o das vítimas com idades

compreendidas entre os 51 e os 64 anos de idade (38%, n=14).

De seguida surgem os grupos etários de mulheres com idades compreendidas entre os

36 e os 50 anos e o das mulheres com idades superiores a 65 anos registando, cada um

deles, 19% (n=7, cada grupo etário) do total das situações.

O grupo de mulheres com idades compreendidas entre os 18-23 anos, bem como os 24-

35 anos registou 11% cada (n=4).

Numa das situações registadas não foi possível apurar a idade da vítima, pelo que ni

corresponde a 2% (n=1) das situações reportadas.

11% 11%

19% 38%

19% 2%

Femicídios: Idade das Vítimas

18-23 anos 24-35 anos 36-50 anos

51-64 anos Mais de 65 anos ni

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FEMICÍDIOS:

IDADE DAS VÍTIMAS AO LONGO DOS ANOS 2004 a 2013

Comparando os diversos anos desde 2004, podemos observar que o grupo etário mais

vitimizado pelo femicídio por violência de género tem oscilado.

Relativamente a 2013, verificamos que é o grupo de idades compreendido entre os 51 e

os 64 anos, o grupo predominante (n=14), seguido do grupo de mulheres com mais de

65 anos de idade e com idades compreendidas entre os 36-50 anos, ambos com igual

valor registado (n=7, cada).

IDADE 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

2011

2012

2013

TOTAL

Até 17 anos 1 0 0 1 0 0 0

0

0

0

2

Dos 18 aos 23

anos 2 2 3 3 4 4 3

3

2

4

30

Dos 24 aos 35

anos 6 7 9 6 19 8 14

7

9

4

89

Dos 36 aos 50

anos 14 11 12 8 10 13 13

9

12

7

109

> 50 anos 16 12 10 4 9 3 13 +1 8 17 +1 21 113+2

Dos 51 aos 64

anos - - - - - - -

- 11 +1 14 25+1

Mais de 65

anos - - - - - - 1

6 7 13+1

Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11

TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 44 27 41 37 356

Desagregação do grupo etário mais de 50 anos, desdobrando-se e compreendendo dois escalões

etários: 51-64 anos e, mais de 65 anos, encontrando-se contabilizados enquanto total no mais de

50 anos.

Nota: (+) Correspondem a femicídios referentes a anos anteriores mas só conhecidos em 2013.

(Vide preâmbulo)

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Da análise comparativa com os anos anteriores, verificamos que em 2013, tal como

2004, 2005 e 2012, é o grupo etário das mulheres com idade superior a 50 anos que

apresenta, a maior taxa de prevalência correspondendo a 56,8% do total das situações

registadas (n = 21 situações).

Se desdobrarmos os escalões etários das mulheres com idades superiores a 50 anos,

verificamos que das 21 mulheres sinalizadas, 14 tinham idades compreendidas entre os

51 e os 64 anos e que 7 tinham idade superior a 65 anos de idade.

FEMICÍDIOS:

SITUAÇÃO PROFISSIONAL DAS VÍTIMAS

No que toca à situação profissional das vítimas é de notar a ausência de informação

quanto a este item em 57% (n=21) das situações reportadas.

Naquelas em que foi possível recolher informação registamos que 13% (n=5) se

encontrava em situação de reforma e que 30% (n=11) das mulheres assassinadas

estavam inseridas em mercado de trabalho.

Sem informação

Empregada

Reformada

21

11

5

Femicídios: Situação Profissional da Vítima

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FEMICÍDIOS:

IDADE DOS HOMICIDAS

No que se refere à idade dos autores do crime de femicídio, podemos observar que em

2013 são identificados três grupos etários com igual número de gomicidas; a saber, o

grupo etário dos indivíduos com mais de 65 anos, os com idades entre 51-64 anos de

idades e o grupo etário cujas idades estão compreendidas no intervalo 24-35 anos de

idade, registando cada um deles 9 homicidas (24% cada).

Logo de seguida surgem os homicidas com idades compreendidas no intervalo dos 36-

50 anos, a que equivale uma percentagem de 16% (n=6).

Com menor taxa de prevalência 3% (n=1) surgem os homicidas com idade inferior aos

18 anos. O grupo etário dos 18-23 anos regista 2 situações a que corresponde 6% do

total.

Em 2013 não foi possível recolher informação quanto a este item relativamente a um

dos homicidas, surgindo assim 1 situação em que não é identificada a idade,

correspondendo a 3% (n=1).

3% 6%

24%

16%

24%

24% 3%

Femicídios: Idade do homicida

Menos de 17 anos 18-23 anos 24-35 anos

36-50 anos 51-64 anos Mais de 65 anos

ni

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FEMICÍDIOS:

IDADE DO HOMICIDA AO LONGO DOS ANOS 2004 a 2013

Apresentamos, ainda, a tabela comparativa das idades dos homicidas ao longo dos

anos em que o Observatório de Mulheres Assassinadas tem trabalhado na denúncia

deste tipo extremado de violência de género incluindo a doméstica.

Podemos verificar que as idades dos homicidas seguem o mesmo padrão do das

vítimas, e também com oscilações ao longo dos anos.

Assim, dos dados registados em 2013, o grupo etário com maior prevalência é o dos

homicidas com idades superiores a 50 anos (n=18), tal como registado nos anos de

2005, 2011 e 2012. Ao desdobrarmos este intervalo, contabilizamos 9 homicidas com

idades compreendidas entre os 51 e os 64 anos e 9 com idades superiores a 65 anos.

Não podemos contudo descurar o número igual de homicidas com idades

compreendidas entre os 24 e os 35 anos (n=9) em 2013.

IDADES 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

Até 17 anos 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 2

18 - 23 anos 0 0 0 2 1 3 3 0 2 2 13

24 –35 anos 2 6 7 4 10 4 6

7

7

9

62

36 - 50 anos 7 5 9 3 20 13 18 +1 6 13 6 100+1

> 50 anos 7 16 9 4 8 5 13+1 14 14+1 18 108+2

51-64 anos - - - - - - - - 10+1 9 19+1

> 65 anos - - - - - - - +1 - 4 9 13+1

Desconhecida 24 6 11 9 7 4 3 0 4 1 69

TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 45 27 41 37 357

Desagregação do grupo etário mais de 50 anos, desdobrando-se e compreendendo dois escalões etários: 51-

64 anos e, mais de 65 anos, encontrando-se contabilizados enquanto total no mais de 50 anos.

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Nota: (+) Correspondem a femicídios referentes a anos anteriores mas só conhecidos em 2013. (Vide

preâmbulo). Num dos Femicídio reportados para o ano 2010, porque o foi em co-autoria, justifica o facto

de surgir o número global de homicidas (357) superiores ao n.º total de vítimas (356).

FEMICÍDIOS:

SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS HOMICIDAS

No que toca à situação profissional dos homicidas foi possível constatar que 12 (32%)

exerciam actividade profissional identificada e 8 (22%) estavam em situação de

desemprego.

Foram identificados ainda 4 (11%) homicidas em situação de reforma, e 1 (3%) como

sendo estudante.

De notar ainda que em 12 (32%) situações não foi possível identificar este item.

FEMICÍDIOS:

MÊS DE OCORRÊNCIA

Relativamente aos meses de ocorrência dos femicídios, Março foi o mês que registou

maior número de femicídios, contabilizando um total de 9 (nove).

Sem informação

Empregado

Desempregado

Reformado

Estudante

12

12

8

4

1

Femicídio: Situação Profissional do homicída

Sem informação

Empregado

Desempregado

Reformado

Estudante

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De ressaltar ainda o mês de Junho e Outubro, com o registo de 5 (cinco) femicídios

cada, e o mês de Julho com 4 femicídios.

Porém, será de referir que todos os meses registam ocorrência de femicídios, sendo de

3 a média de mulheres assassinadas por mês em Portugal no contexto da

conjugalidade, relações de intimidade ou relações familiares privilegiadas, registados

pelo OMA.

Como se constata da análise do gráfico infra, os meses de Janeiro, Fevereiro, Abril, e

Setembro registaram um total de 4 femicídios.

Em meses de Novembro e Dezembro registaram-se 2 cada e, quer o mês de Maio, quer

o mês de Agosto registaram o assassinato de 3 mulheres em cada um deles.

FEMICÍDIOS:

MÊS DE OCORRÊNCIA AO LONGO DOS ANOS 2004 a 2013

No ano de 2013 assinalamos uma maior taxa de incidência do femicídio no mês de

Março, mês em que ocorreu 24% (n=9) do total dos femicídios noticiados.

0 5

10 15 20 25 30 35 40

1 1

9

1 3 5 4 3 1 5

2 2

37

Femicídos: mês de ocorrência

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16

Em termos globais, da análise dos registos ao longo dos anos conclui-se que a

prevalência do femicídio das mulheres deixou de incidir, em particular, nos meses de

verão, pese embora seja ainda nestes meses que, em termos absolutos e pela análise do

conjunto dos anos do OMA, se registe o maior número de femicídios. Porém, e em

termos relativos, verifica-se uma dispersão da ocorrência do crime por quase todos os

meses do ano, num total de 356 mulheres assassinadas entre 2004 e 2013.

MESES

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

TOTAL MÊS

Janeiro 3 2 4 0 1 3 3 0 1 1 18

Fevereiro 4 3 1 2 2 1 0 2 5 1 21

Março 2 1 0 2 2 3 2 1 7 9 29

Abril 4 5 3 2 7 1 2 1 1 1 27

Maio 3 3 7 3 5 2 3 3 3 3 35

Junho 4 1 1 1 3 2 5 3 3 5 28

Julho 1 5 1 5 10 3 8 1 2 4 40

Agosto 8 4 5 0 3 0 4 5 4 3 36

Setembro 4 4 7 4 4 2 6 5 7 1 44

Outubro 4 3 3 1 3 4 6 1 2 5 32

Novembro 0 3 2 1 4 6 2 +1 3 1 2 24 +1

Dezembro 3 0 2 1 2 2 2 2 4+1 2 20 +1

TOTAL ANO 40 34 36 22 46 29 44 27 41 37 356

Nota: (+) Correspondem a femicídios referentes a anos anteriores mas só conhecidos em 2013.

(Vide preâmbulo).

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17

FEMICÍDIOS:

DISTRITOS

Quanto aos distritos, este ano, destacam-se negativamente Lisboa (13), seguido de

Setúbal e Leiria, ambos com o registo de 4 (quatro) femicídios cada. Os distritos de

Coimbra (2), Faro (2), Porto (2) e Santarém (2) registam 2 (dois) femicídios cada e, com

a notícia de 1 (um) femicídio, identificamos a região autónoma dos Açores (1), e os

distritos de Beja (1), Braga (1), Bragança (1), Castelo Branco (1), Évora (1), Guarda (1)

e Viana do Castelo (1). Sem registo de femicídios nas relações de intimidade e relações

familiares privilegiadas surge a região autónoma da Madeira (0), bem como os

distritos de Aveiro (0), Portalegre (0), Vila Real (0) e Viseu (0).

FEMICÍDIOS:

DISTRITOS AO LONGO DOS ANOS 2004 a 2013

Partindo da análise dos dados dos femicídios recolhidos pelo OMA entre os anos 2004

a 2013 verificamos que os distritos de Lisboa (83), Porto (49) e Setúbal (34) continuam

a assumir taxas de incidência preocupantes perfazendo um total de 166 dos 356

femicídios praticados nesse período.

Aço

res

Ave

iro

Bej

a

Bra

ga

Bra

gan

ça

Cas

telo

Bra

nco

Co

imb

ra

Évo

ra

Faro

Gu

ard

a

Leir

ia

Lisb

oa

Mad

eira

Po

rtal

egre

Po

rto

San

taré

m

Setú

bal

Via

na

do

Cas

telo

Vila

Rea

l

Vis

eu

1 0

1 1 1 1 2

1 2

1

4

13

0 0

2 2

4

1 0 0

Femicídios por Distrito

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18

Podemos ainda verificar que no ano de 2013, não existem registos de femicídios nos

distritos de Aveiro, Portalegre, Vila Real, Viseu e Madeira.

De notar que atendendo-se à fonte de recolha do OMA, a ausência de tais informações

não deve ser interpretada como garantia da inexistência de femicídio nos distritos

identificados, mas sim que não foram identificadas notícias de femicídios.

DISTRITOS 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

2011

2012

2013 TOTAL

DISTRITO

Desconhecido 19 0 0 0 0 1 0 0

0

0 20

Aveiro 1 3

1 0 2 0 2 1 1 0 11

Beja 1 0

1 1 0 1 0 1 2 1 8

Braga 2 2

0 0 2 1 2 1 2 1 13

Bragança 0 1

1 0 0 1 0+1 1 0 1 5+1

Ctl. Branco 2 4

0 0 1 3 0 1 0 1 12

Coimbra 2 0

0 1 3 1 1 2 0 2 12

Évora 0 0

0 0 1 0 0 0 1 1 3

Faro 0 0

3 1 1 2 5 1 2 2 17

Guarda 0 0

0

1

1

0

0

0

0

1 3

Leiria 1 0

4 2 1 1 1 1 2 4 17

Lisboa 5 9

6 6 9 6 9 7 13 13 83

Portalegre 0 0

3 0 2 0 0 0 0 0 5

Porto 3 10

8 3 7 2 6 2 6 2 49

Santarém 0 1

3 1 2 1 0 1 1 2 12

Setúbal 0 2

3 2 4 3 8 5 3 4 34

Vila Real 1 0

1 0 0 3 2 1 2 0 10

Viana Castelo 2 1

0 2 0 0 0 0 1 1 7

Viseu 1 1

2 1 4 1 2 2 2+1 0 16+1

Madeira 0 0

0 0 0 1 4 0 1 0 6

Açores 0 0

0 1 6 1 1 0 1 1 11

TOTAL ANO 40 34 36 22 46 29 44 27 41 37 356

Nota: (+) Correspondem a femicídios referentes a anos anteriores mas só conhecidos em 2013.

(Vide preâmbulo)

Page 19: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

19

FEMICÍDIOS:

CONCELHO DE OCORRÊNCIA

Relativamente à desagregação da ocorrência do femicídio registada nos diversos

distritos, por concelhos, verificamos mais uma vez que, embora o distrito de Lisboa

surja referenciado como aquele em que ocorre a maioria dos femicídios noticiados, 13

de um total de 37, a identificação destes crimes pelos concelhos do distrito de Lisboa,

aponta Loures como sendo o Concelho que, em 2013, registou o maior número de

femicídios (n=4). O concelho de Lisboa surge, a par dos concelhos de Palmela e

Montijo, como aquele em que se registou um total de 2 femicídios/cada.

FEMICÍDIOS:

MOTIVAÇÃO OU SUPOSTA JUSTIFICAÇÃO PARA A PRÁTICA DO

CRIME

Analisadas as características das vítimas e dos homicidas importa agora

compreendermos em que contexto, motivação, meio e local, o crime ocorreu.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2

1

4

1 1 1 1 1 2

1 1 1 2

1 1 1 1 1

Ale

nq

uer

Alv

aiáz

ere

Am

ado

ra

Ben

aven

te

Bra

ga

Cal

das

da

Raí

nh

a

Cas

cais

Cas

tro

Ver

de

Évo

ra

Faro

Figu

eira

da

Fôz

Figu

eira

de …

Fun

dão

Lisb

oa

Lou

Lou

res

Lou

rin

Mai

a

Mat

osi

nh

os

Mir

and

a d

o C

orv

o

Mir

and

ela

Mo

nti

jo

Ób

ido

s

Oei

ras

Ou

rém

Pal

mel

a

Rib

eira

Gra

nd

e (S

. …

Sin

tra

Sob

ral d

e M

on

te …

Tom

ar

Via

na

do

Cas

telo

Femicídios: Concelhos

Page 20: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

20

Atendendo-se à suposta motivação/justificação verificamos que em 2013, grande parte

dos femicídios praticados e registados pelo OMA ocorreu num contexto de violência

doméstica já conhecida (27% /n=10).

Os ciúmes e a atitude possessiva, como seja o não aceitar a separação, contabilizam

24% das situações registadas em que foram essas as causas ou suposta motivação

apontada para a prática dos femicídios, com 11% e 13%, respectivamente.

Em 8% das situações, o alcoolismo e/ou outras dependências surgem referenciadas

como a suposta motivação para o crime.

Os femicídios ocorridos com alegada justificação em psicopatologia do homicida,

problemas financeiros, pedido de divórcio, paixão não correspondida, motivos

passionais e compaixão pelo sofrimento da vítima, contabilizam 17% dos crimes de

femicídio registados.

8% 11%

2%

27%

3% 13%

3%

3%

3%

3%

24%

Femicídios: Suposta Justificação/Motivação

Alcoolismo e/ou outras dependências Ciúmes

Compaixão pelo sofrimento da vítima Contexto Violência Doméstica

Motivos passionais Não aceita a separação

Paixão n/ correspondida Pedido de divórcio

Problemas financeiros Psicopatologia

Sem informação

Page 21: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

21

De salientar ainda que em 24% das situações noticiadas, não foi possível obter

informação relativa a este item.

FEMICÍDIOS:

ARMA CRIME / MEIO EMPREGUE

Analisando-se agora a arma do crime ou o meio empregue para a sua prática,

verificamos que 41% (n=15) dos femicídios foram praticados com arma de fogo e que a

arma branca foi utilizada em 24% (n=9) dos femicídios registados.

Por seu turno, verificamos que o espancamento (n=4) e a asfixia (n=5) foram os meios

empregues em 24% das situações contabilizadas, num total de 9 femicídios.

Registamos ainda que o afogamento (5%), o fogo e a agressão com objeto (3% cada)

foram os meios empregues para a consumação de 4 dos femicídios noticiados.

Arma de Fogo

Arma Branca

Fogo

Agressão com objecto

Espancamento

Asfixia

Afogamento

15

9

1

1

4

5

2

Femicídios: Arma do crime/Meio empregue

Page 22: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

22

FEMICÍDIOS:

HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA NA RELAÇÃO

Cruzando a prevalência do femicídio com a presença de violência doméstica nas

relações de conjugalidade ou de intimidade, presente ou passadas, e relações familiares

privilegiadas, verificamos que 59% (n=22) das mulheres assassinadas em 2013 foi

vítima de violência nessa relação.

Verificamos ainda que, nas situações em que foi possivel identificar a presença de

episódios abusivos na relação, a mesma era conhecida por familiares, vizinhos, amigos

e muitas delas denunciadas aos órgãos competentes. Concluimos assim que tal não foi

suficiente na prevenção da revitimização e consequente femicídio.

De notar que do conteúdo das notícias não foi possível obter informação relativo a este

item em 10 das situações reportadas (27%).

Em 5 situações foi noticiado não existir episódios de violência doméstica conhecidos

na relação (14%).

59%

14%

27%

Femicídio: História de Violência na Relação

Sim

Não

Sem informação

Page 23: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

23

FEMICÍDIOS:

LOCAL DE OCORRÊNCIA

Em consonância com os dados aferidos em anos anteriores constatamos que também

em 2013 a residência continua a ser o espaço onde a maior parte dos femicídios foram

praticados (70%, n=26), seguidos pelos crimes praticados na via pública (24%, n=9).

O local de trabalho e o local isolado encontram-se referenciados como tendo sido os

locais onde o femicídio foi consumado em 3% de cada uma das situações

contabilizadas (n=1).

FEMICÍDIOS:

MEDIDAS DE COACÇÃO APLICADAS

Da informação recolhida nas notícias publicadas, foi possível identificar que em 16 dos

37 femicídios consumados, a medida de coacção aplicada foi a de prisão preventiva.

Residência

Via pública

Local de

trabalho

Local de isolado

26

9

1

1

Femicídio: Local da prática do Crime

Page 24: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

24

Não foi possível identificar qual a medida de coacção aplicada em 7 das situações

registadas.

Em 14 das situações, não era devida a aplicação de medida de coacção, dado que após

a prática do crime, o homicida suicidou-se.

FEMICÍDIOS:

DENÚNCIAS/PROCESSOS EM CURSO

Salientam-se neste item, as situações em que foi possível identificar a existência de

denúncias anteriores à ocorrência do crime de femicídio, ou mesmo aquelas em que,

haviam já sido aplicadas aos homicidas, medidas de coacção prévias pela prática do

crime de violência doméstica.

Pretende-se, assim, neste capítulo analisar, das situações de violência doméstica

identificadas, aquelas em que foi referenciada a existência de participação criminal, às

autoridades competentes.

Foi assim possível identificar que em 11% das situações existia denúncia anterior por

violência doméstica. Nestas, 8% das denúncias foi efectuada pela vítima e em 3% a

denúncia havia sido apresentada por parte de terceiros.

Em 5% das situações em que a situação de violência doméstica era já do

conhecimento oficial, o homicida havia já sido condenado pelo crime de violência

doméstica.

Prisão preventiva

nsa

Desconhecida

16

14

7

Femicídios: Medidas de Coacção aplicadas aos homicidas

Page 25: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

25

Identificamos contudo, um grande número de situações noticiadas em que era

inexistente informação relativa à existência prévia ou não de processos por violência

doméstica ou da posição da vítima face à história de vitimação, num total de 81% dos

femicídios noticiados.

Em 3% das situações contabilizadas foi referenciada que, não obstante a história de

vitimação conhecida, esta nunca fora participada.

8%

81%

3% 3% 5%

Femicídio: Denúncias/Processos em Curso

Denúncia anterior/vítima

Sem informação

Denuncia anterior/outrem

Nunca quis denunciar

Condenado por VD pena suspensa

Page 26: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

26

II- OMA – TENTATIVAS DE FEMICÍDIO 2013

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O AGRESSOR

Analisando-se a relação entre vítima e agressor verificamos que, no que concerne às 36

tentativas de femicídio contabilizadas em 2013, a maioria (86%) teve como seus

autores aqueles com quem as vítimas mantêm ou mantiveram uma relação de

intimidade.

Mantém-se assim a tendência registada em anos anteriores, verificando-se que 47%

(n=17) dos femicídios na forma tentada foram praticados pelos maridos,

companheiros, namorados ou outros com quem a vítima mantinha uma relação de

intimidade e 39% (n=14) pelos ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados.

Relativamente à violência intrafamiliar regista-se, no que concerne às tentativas de

femicídio, que 11% (n=4) das vítimas eram ascendentes diretos (mães) dos agressores e

em 3% (n=1) a vítima era outro familiar do autor do crime.

47%

39%

11%

3%

Tentativas de Femicidio: Relação das Vítimas com o Agressor Mulher, companheira, namorada, relação intimidade

Ex-mulher, ex-companheira, ex-namorada, ex-relação intimidade Ascendente Directo

Outro familiar

Page 27: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

27

Continuamos assim a assistir à reiteração da prática do crime de femicídio e

femicídio na forma tentada como culminar de uma escalada de violência praticada

por aqueles com quem as vítimas mantêm relações de intimidade. Podemos por isso

induzir que a permanência em relações violentas aumenta o risco de violência letal,

considerando-se assim a violência doméstica como um preditor do femicídio e

tentativa do mesmo.

TENTATIVAS DE FEMICIDIO:

IDADE DAS VÍTIMAS

Apesar de nos termos deparado com a ausência de informação relativa à idade da

vítima em 10 das situações reportadas, verificamos que a faixa etária que predomina

entre as vítimas de femicídio na forma tentada, no período em análise, é a faixa dos 36-

50 anos, contabilizando 33% (n=12) do total dos crimes praticados. O segundo grupo

etário com maior taxa de incidência é o 51-64 anos, representado em 17% (n=6) da

amostra total, logo seguido do grupo etário compreendido entre os 24-35 anos a que

corresponde 14% (n=5).

Analisando-se a distribuição etária dos grupos verificamos que os dados são

congruentes com os retratados na literatura que apontam que, frequentemente, as

vítimas de violência doméstica que recorrem aos serviços de apoio têm idades igual ou

superiores aos 25 anos.

1 5

12 6

2

10

36 Tentativas de Femicídio: Idade das Vítimas

Page 28: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

28

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

SITUAÇÃO PROFISSIONAL DAS VÍTIMAS

Ao procurarmos analisar, desta feita, a situação profissional das vítimas de tentativa

de femicídio, deparamo-nos com uma percentagem muito significativa (75%, n= 27)

da ausência de informação nas notícias analisadas relativa a este item. Não obstante, foi

possível apurar que 17% (n=6) das vítimas encontravam-se activas no mercado de

trabalho, ao passo que 5% (n=2) estavam já reformadas e 3% (n=1) desempregada.

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

IDADE DO AGRESSOR

Direccionando o olhar agora para a caracterização dos autores do crime de Tentativa

de Femicídio constatamos que, à semelhança das vítimas, a maioria apresenta idades

superiores aos 25 anos (77%, n=28), evidenciando-se aqui o grupo etário 36-50 anos

como aquele que assume maior representatividade (33%, n=12).

75%

17%

3% 5%

Tentativas de Femícidio: Situação Profissional da Vítima

Desconhecida

Empregada

Desempregada

Reformada

Page 29: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

29

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS AGRESSORES

Tal como nas vítimas, em mais de metade das notícias não foi reportada a situação

profissional dos autores deste crime (58%, n=21).

17% (n= 6) dos autores deste crime encontrava-se desempregado e 14% (n=5)

encontramos os que estavam inseridos no mercado de trabalho.

Em situação de reforma foram identificados 3 a que corresponde 8% do total das

situações, sendo que a categoria estudante integra 3% (n=1).

18-23 anos

24-35 anos

36-50 anos

51-64 anos

Mais de 65 anos

ni TOTAL

2 4

12 8

4 6

36 Tentativas de Femicidio: Idade do Agressor

58%

14%

17%

8% 3%

Tentativas de Femicídio: Situação Profissional do Agressor

Desconhecida

Empregado

Desempregado

Reformado

Estudante

Page 30: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

30

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

MÊS DE OCORRÊNCIA

No que concerne à distribuição dos crimes de femicídio na forma tentada pelos

meses do ano verificamos que, a maioria destes crimes ocorreu no 1º semestre de 2013,

com uma taxa de incidência de 61% (n=22), evidenciando-se, aqui, pela negativa os

meses de Março e Maio, com 5 tentativas de femicídio cada. De salientar ainda que

todos os meses, à exceção de Novembro registam no mínimo dois crimes de tentativa

de femicídio, perfazendo uma média de 3 tentativas por mês.

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

MÊS DE OCORRÊNCIA AO LONGO DOS ANOS 2004 a 2013

Tal como nos anteriores propomo-nos mais uma vez a fazer uma análise comparativa

da distribuição dos crimes de femícidio na forma tentada pelos meses ao longo dos

diferentes anos.

Jan

eiro

Feve

reir

o

Mar

ço

Ab

ril

Mai

o

Jun

ho

Julh

o

Ago

sto

Sete

mb

ro

Ou

tub

ro

No

vem

bro

Dez

emb

ro

Tota

l

3 4 5 3

5 2 3 2 2 3

1 3

36 Tentativas de Femicídio: Mês de Ocorrência

Page 31: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

31

Verificamos, assim, que continuam a ser os meses de Maio a Setembro (à exceção de

Junho), onde se revela uma maior preponderância relativa às tentativas de homicídio

noticiadas, ao longo dos anos.

No total, podemos observar que, desde o início deste Observatório, i. é, entre os anos

2004 e 2013, 415 mulheres foram alvo desta forma extremada de violência que, dos

dados recolhidos, não foram fatais. No entanto, a severidade registada nestas agressões

permite-nos antecipar as sequelas a nível psíquico e físico que poderão perpetuar-se

por toda a sua vida e bem como a de todos/as aqueles/as que com elas vivem ou

viveram na altura da perpetração do crime.

MÊS

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

TOTAL MÊS

Janeiro 1 3 1 4 2 4 1 2 4 3 25

Fevereiro 1 1 0 11 4 1 2 1 2 4 27

Março 1 4 0 3 4 5 5 2 4 5 33

Abril 1 2 1 3 4 4 4 3 1 3 26

Maio 0 4 2 9 8 0 4 10 3 5 45

Junho 0 4 1 1 2 3 2 1 5 2 21

Julho 3 5 6 6 2 3 5 2 9 3 44

Agosto 1 1 7 5 5 4 6 6 8 2 45

Setembro 7 11 9 5 3 2 4 5 8 2 56

Outubro 5 5 9 6 2 0 1 5 4 3 40

Novembro 2 3 6 3 0 1 4 2 1 1 23

Dezembro 4 1 4 3 4 1 1 5 4 3 30

TOTAL ANO 26 44 46 59 40 28 39

44

53

36 415

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32

TENTATIVAS DE HOMICÍDIO:

DISTRITOS

De acordo com a leitura do gráfico infra é possível verificar que uma percentagem

significativa das vítimas de tentativa de femicídio registadas reside no Distrito de

Lisboa (31%, n=11), seguindo-se os Distritos do Porto (n=5) e Aveiro (n=3).

Salientamos ainda que nos Distritos de Évora, Portalegre e Viana do Castelo, e Regiões

Autónomas da Madeira e Açores, não foram noticiadas quaisquer tentativas de

femicídio em 2013.

Aço

res

Ave

iro

Bej

a

Bra

ga

Bra

gan

ça

Cas

telo

Bra

nco

Co

imb

ra

Évo

ra

Faro

Gu

ard

a

Leir

ia

Lisb

oa

Mad

eira

Po

rtal

egre

Po

rto

San

taré

m

Setú

bal

Via

na

do

Cas

telo

Vila

Re

al

Vis

eu

0

3

1 1 1 1 2

0

2 1

2

11

0 0

5

2 2

0 1 1

Tentativas de Femicídio: Distritos

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33

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

DISTRITOS AO LONGO DOS ANOS 2004 A 2013

No decurso do estudo efetuado pelo OMA ao longo dos anos: 2004 a 2013, foi-nos

possível aferir que os distritos com maior incidência de tentativas de femicídio

continuam a ser Lisboa e Porto, com um total de 150 crimes praticados e noticiados

(84 e 66 respetivamente). O distrito de Aveiro continua também a destacar-se

DISTRITO

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013 TOTAL

DISTRITO

Desconhecido 18 0 1 1 0 0 0 0 0 0 20

Aveiro 0 5 8 11 4 2 4 1 2 3 40

Beja 0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 4

Braga 0 2 4 5 1 4 4 2 2 1 25

Bragança 0 1 2 0 0 0 0 3 1 1 8

Castelo Branco

0 1 0 1 1 0 1 1 1

1 7

Coimbra 0 2 0 2 3 3 2 0 1 2 15

Évora 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 3

Faro 0 1 2 2 3 1 2 1 1 2 15

Guarda 1 0 1 0 0 1 1 1 2 1 8

Leiria 0 0 2 3 6 1 1 5 1 2 21

Lisboa 3 4 8 16 7 5 9 9 12 11 84

Portalegre 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 2

Porto 1 13 6 7 8 3 5 9 9 5 66

Santarém 1 1 1 3 2 1 0 4 3 2 18

Setúbal 1 3 0 1 2 2 4 5 12 2 32

Vila Real 0 2 3 0 0 0 0 0 1 1 7

Viana 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 3

Viseu 1 5 5 4 0 4 1 0 1 1 22

Madeira 0 1 1 2 0 0 0 1 2 0 7

Açores 0 0 1 1 2 0 4 0 0 0 8

TOTAL ANO 26 44 46 59 40 28 39 44 53 36 415

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34

negativamente, assumindo-se como o 3º distrito com taxa mais elevada ao nível dos

crimes de tentativa de femicídio noticiados (n=40).

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

CONCELHO

Tal como no ano anterior, o OMA propõe a análise da taxa de incidência dos crimes de

femicídio na forma tentada por concelho. Assim sendo, verifica-se que dentro dos três

distritos que apresentam um maior número de crimes registados – Lisboa, Porto e

Aveiro – são os concelhos de Loures, Amadora, Aveiro, Paredes e Sintra, que

apresentam um número mais elevado de crimes de tentativa de femicídio,

contabilizando 11 dos 36 crimes registados em todo o país.

Am

ado

ra

Ave

iro

Bar

reir

o

Bat

alh

a

Bej

a

Bra

ga

Can

tan

hed

e

Cas

cais

Entr

on

cam

ento

Faro

Lisb

oa

Lou

Lou

res

Mat

osi

nh

os

Mir

a

Mo

gad

ou

ro

Ova

r

Par

ed

es

Pen

ich

e

Qu

elu

z

Rio

Mai

or

Seia

Setú

bal

Sin

tra

Sta.

Feir

a

Torr

es

Ve

dra

s

Vila

Vel

ha

de

Ro

dão

Vila

No

va d

e G

aia

Vila

Rea

l

Vis

eu

2 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

3

1 1 1 1

2

1 1 1 1 1

2

1 1 1 1 1 1

Tentativa de Femicídio por Concelhos

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35

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

SUPOSTA JUSTIFICAÇÃO/MOTIVAÇÃO

Centrando-se agora na análise e compreensão dos motivos que estiveram na base da

perpetração deste crime verificamos, através da leitura do gráfico, que 36% (n=13) das

situações noticiadas ocorreram num contexto de violência doméstica, surgindo a

tentativa de femicídio numa escalada da violência vivenciada por estas mulheres.

Foi ainda noticiado que 17% (n=6) dos crimes de tentativa de femicídio surgiu num

quadro de separação da relação de intimidade não aceite pelo agressor.

3%

8%

36%

17%

3%

3%

8%

11% 11%

Tentativas de Femicídio: Suposta Justificação /Motivação

Atitude de possessão

Ciúmes

Contexto VD

Não aceita a separação

Conflitos no âmbito da Regulação das Resp. Parentais Problemas Financeiros

Psicopatologia do agressor

Sem informação

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36

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

ARMA DO CRIME/MEIO EMPREGUE

O OMA vem registar mais uma vez que, no que se reporta à arma do crime e/ou meio

empregue, os agressores utilizam mais comummente as armas brancas (39%; n=14) ou

armas de fogo (33%; n= 12) para a consumação do crime de homicídio na forma

tentada.

33%

39%

14%

3% 5% 3% 3%

Tentativas de Femicídio: Arma do Crime/Meio Empregue

Arma de Fogo Arma Branca

Fogo Agressão com Objecto

Queda de Edifício Intoxicação por gás

Ácido

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37

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA NA RELAÇÃO

O OMA pôde ainda identificar que em 47% (n=17) dos crimes de tentativa de

femicídio noticiados em 2013 foi reportada história de violência doméstica na relação.

Em 50% (n=18) das situações não constava informação relativa a este item nas notícias

publicadas.

Estes dados vêm mais uma vez reiterar que muitos dos crimes de femicídio e tentativa

de femicídio surgem numa escalada acentuada da violência perpetrada nas relações de

intimidade, sendo que não raras vezes esta história de vitimação é conhecida por

familiares, vizinhos e/ou amigos da vítima. De salientar ainda que das 36 tentativas de

femicídio analisadas obtivemos informação que 2 das vítimas já haviam apresentado

denúncia por violência doméstica nos órgãos judiciais competentes.

47%

3%

50%

Tentativas de Femicídio: História de Violência na Relação

Sim

Não

Sem informação

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38

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

LOCAL DO CRIME

Por último apresentamos os registos referentes ao local da prática dos femicídios na

forma tentada.

Na categoria em análise, verificamos que continua a ser a residência o espaço onde

ocorre a maioria das tentativas de femicídio (55%), a que corresponde um total de 20

das 36 tentativas contabilizadas.

Registamos ainda que 14 dos crimes praticados ocorreram na via pública, a que

corresponde um valor percentual de 39 %. Um dos crimes foi praticado no local de

trabalho da vítima e numa outra situação não foi possível apurar o local da prática do

crime, dada ausência da referida informação nas notícias analisadas.

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

MEDIDAS DE COACÇÃO APLICADAS

Na decorrência da prática deste crime assistimos à notícia da aplicação de 12 medidas

de coacção que se traduziram na aplicação da prisão preventiva, 2 medidas de

internamento hospitalar, 1 medida de afastamento e proibição de contactos com a

55% 39%

3% 3%

Tentativas de Femicídio: Local do Crime

Residência

Via pública

Local de Trabalho

Sem Informação

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39

vítima, 1 medida de Termo de Identidade e Residência e 1 apresentação periódica na

polícia, como medidas de coacção aplicadas. Em 17 das situações reportadas

desconhecia-se a medida de coacção aplicada. Nas restantes 2 situações não é de

aplicar qualquer medida uma vez que o autor do crime cometeu suicídio.

Apresentação Periódica

TIR M. afastamento ou proibição de contacto

Prisão preventiva

Internamento Hospitalar

nsa Desconhecida

1 1 1

12

2 2

17

Tentativas de Femicidio: Medidas de Coacção Aplicadas

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40

III- OMA – VÍTIMAS ASSOCIADAS 2013

FEMICÍDIO E TENTATIVA DE FEMICÍDIO

Como já é habitual, o OMA procura ainda aferir se, na decorrência dos crimes

praticados e anteriormente analisados, existiram ainda outras vítimas, mortais ou

atingidas, como é exemplo filhos/as, agentes de autoridade, outros familiares e/ou

amigos da vítima, vizinhos, colegas de trabalho i. é. outras pessoas que estavam

presentes na cena do crime e que directa ou indirectamente foram também elas

atingidas.

De referir que no ano de 2013, o OMA contabilizou um total de 27 vítimas associadas.

De salientar ainda que o total de vítimas directas, ou seja, pessoas que foram

directamente atingidas na sua integridade física e até vida pelo autor do crime

contabilizam no ano em curso, um total de 16 pessoas, sendo que destas, 4 acabaram

por falecer.

Directas Indirectas Total

16

11

27

Femicídio/Tentativas de Femicídio: Vítimas Assossiadas

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41

Designamos por vítimas indirectas as pessoas que assistiram à prática do crime,

embora não tenham fisicamente sofrido quaisquer ofensas, contabilizando-se este ano

um total de 11 pessoas.

FEMICÍDIOS E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

RELAÇÃO DAS VÍTIMAS ASSOCIADAS COM O AUTOR DO CRIME

Da análise da informação recolhida no que respeita à relação existente entre o autor

dos crimes de femicídio e de femicídio na forma tentada e as vítimas associadas,

verificamos que se destacam duas categorias, a saber: aqueles que são filhos/as do

autor do crime num total de 10 (dez) a que corresponde 37% do total das situações e,

as categorias “outros”, onde se inserem amigos/as, vizinhos e companheiros actuais

das mulheres que foram assassinadas ou que sofreram tentativa de femicídio com 8

situações reportadas a que corresponde 29,5% e “outros familiares” onde incluímos

os sobrinhos e tios, que regista o mesmo valor percentual (29,5% a que correspondem

8 situações reportadas).

Aqueles/as cuja relação com o autor do crime era de descendente direto em 2º grau

surge em 4% (n=1) das situações noticiadas ou seja neto/a do autor do crime.

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42

FEMICÍDIO E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO:

VÍTIMAS ASSOCIADAS AO LONGO DOS ANOS 2004 A 2013

Partindo-se da análise dos dados relativos às vítimas associadas contabilizadas nos

anos 2004 a 2013, verificamos que o OMA contabilizou um total de 301 vítimas

associadas diretas e indiretas de femicídio e/ou tentativa de femicídio.

10

1

8 8

27

Femicídio: Relação das Vítimas Associadas om o

Autor do Crime

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43

8 16 13 25 5 6 3 4 7 10

97

19 29 49 24 6 21 19 7 27

3

204

301 Femicidios e Tentativas de Femicídio:

Vítimas Associadas 2004 a 2013

Femicídios Tentativas de Femicídio

Page 44: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

44

IV- OMA – ACÓRDÃOS DE HOMICÍDIOS

DECISÕES JUDICIAIS EM 2013:

DOS FEMICÍDIOS OCORRIDOS E NOTICIADOS NA IMPRENSA

DURANTE O ANO DE 2013

(Decisões judiciais dos Tribunais de primeira instância)

Em 2013 o Observatório de Mulheres Assassinadas dá seguimento à análise de notícias

relativas a decisões judiciais pelo crime de homicídio, levantamento iniciado em 2010 e

respeitante aos femicídios registados pelo OMA quer no presente ano quer nos anos

anteriores.

Assim, em 2013 foram noticiadas 17 acórdãos relativas a 18 homicídios praticados em

Portugal, sendo que 1 é referente a homicídio ocorrido em 2013 e 16 acórdãos referem-

se a 17 femicídios consumados em 2012 (um dos homicidas assassinou duas

mulheres).

ACORDÃOS:

FEMICÍDIOS REGISTADOS PELO OMA EM 2013

MÊS/DECURSO DO TEMPO

O OMA verifica que relativamente aos homicídios praticados em 2013 apenas foi

possível apurar 1 decisão judicial dos 37 crimes de homicídio reportados. Foi ainda

possível apurar 17 decisões judiciais dos 40 homicídios registados em 2012 (1 decisão

judicial referia-se a 2 homicídios praticados pelo mesmo indivíduo).

De notar que o tempo médio entre a ocorrência do crime e o acórdão condenatório se é

de cerca de 12 (doze) meses.

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45

ACÓRDÃOS TRIBUNAIS DE 1.ª INSTÂNCIA:

PENA APLICADA E INDEMMNIZAÇÕES FIXADAS

Relativamente à pena aplicada e do levantamento efetuado pelo OMA, apresenta-se de

seguida tabela na qual se identifica: a tipologia do crime, a condenação e a pena que o

Tribunal decretou para cada um dos crimes.

Decurso de tempo entre a prática do Crime e a decisão de 1.ª instância

Mês do Crime Mês da decisão a ele relativa Do crime à decisão em 1.ª instância

Março 2013 Novembro 2013 8 meses

Fevereiro 2012 Abril 2013 14 meses

Março 2012 Abril 2013 13 meses

Março 2012 Abril 2013 13 meses

Março 2012 Novembro 2013 20 meses

Abril 2012 Março 2013* 11 meses

Maio 2012* Maio 2013* 12 meses

Maio 2012 Junho 2013 13 meses

Junho 2012 Novembro 2013 17 meses

Julho 2012 Abril 2013 9 meses

Agosto 2012

Novembro 2013

15 meses Agosto 2012

Setembro 2012 Junho 2013 9 meses

Setembro 2012 Novembro 2013 14 meses

Setembro 2012 Novembro 2013 14 meses

Novembro 2012 Outubro 2013 11 meses

Dezembro 2012 Outubro 2013 10 meses

Dezembro 2012 Outubro 2013 10 meses

Tempo médio:

11 meses (11,83)

Page 46: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

46

Tipologia da Agressão Tribunal Condenado por: Pena aplicada em 1ª

instância

Indemnização

fixada

Homicídio praticado em 2013 e cujo acórdão condenatório foi notificado em 2013

Morte por Esfaqueamento Torres Vedras Homicídio 18 anos de prisão ni

Homicídio praticado em 2012 e cujo acórdão condenatório foi noticiado em 2013

Morte por Espancamento

(agressão com objecto)

Ponta Delgada Homicídio

qualificado,

Violência

Doméstica e

Ameaça Agravada

20 anos de prisão 200 mil euros

Morte por espancamento

(martelada)

Vila Nova de

Gaia

Homicídio

Qualificado

17 anos de prisão

ni

Morte a tiro

Loures

Homicídio

Qualificado

25 anos de prisão

(duplo homicídio: ex-

mulher e enteado): 20

anos pelo homicídio da

ex-companheira e 22

anos pelo homicídio do

enteado (morto por

espancamento); mais 3

anos e meios por dois

crimes de detenção de

arma proibida, 1 ano e

seis meses por 1 crime

de coação na forma

tentada e 4 meses por

furto)

45.600 euros: 40

mil por danos

patrimoniais e

5.600, por

danos não

patrimoniais

Morte por asfixia Famalicão Homicídio

qualificado

20 anos 40 mil euros

Morte por estrangulamento

Oeiras

Homicídio

Qualificado

Inimputável

(internamento

psiquiátrico)

ni

Morte por esfaqueamento

Braga

Homicídio

Qualificado

21 de prisão

ni

Morte por Esfaqueamento Évora Homicídio

Qualificado e

Homicídio

Qualificado na

forma tentada

24 anos de prisão

500 mil euros

Morta a tiro

Moita

Homicídio

16 anos de prisão

ni

Page 47: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

47

De notar que o OMA, no respeito pela informação constante da fonte que lhe serve de

base, referirá o tipo de crime e condenação que nela consta. Por tal facto poderá não

existir coincidência exata entre esta e a qualificação jurídico-penal e condenação

constante do acórdão condenatório.

Salientamos assim que as penas aplicadas em Portugal oscilaram entre os 16 anos e os

25 anos de pena de prisão.

A pena menos gravosa foi de 16 anos, aplicada por dois tribunais: pelo Tribunal da

Moita, por homicídio (morte da ex-mulher a tiro) e a também pelo Tribunal de Vila Nova

de Gaia, por homicídio qualificado (morte da ex-namorada a tiro).

Morte por esfaqueamento e

espancamento

Vila do Conde

Homicídio

Qualificado,

Violência

Doméstica e

condução sem carta

25 anos de prisão

ni

Morte por fogo

Sintra

Triplo Homicídio

25 anos de prisão

ni

Morte por fogo

Morta a tiro e por

esfaqueamento

Boticas Homicídio

Qualificado e

detenção de arma

proibida

Internamento

psiquiátrico mínimo de

3 e máximo de 16 anos

130 mil euros

Morte a tiro V. Nova Gaia Homicídio

qualificado

16 anos 75 mil euros

Morte asfixia e

espancamento

(pazadas)

Santo Tirso

Homicídio

Qualificado e

Ocultação de

cadáver

20 anos e 6 meses

120 mil euros

Morte por asfixia,

esfaqueamento e

profanação de cadáver

Oeiras Homicídio

Qualificado,

Profanação de

cadáver, incêndio e

furto

25 anos de prisão 118.550 mil

euros

Morte por estrangulamento Vila Franca de

Xira

Homicídio

Qualificado

17 anos e 4 meses de

prisão

ni

Morte por asfixia e

espancamento

(paulada)

Aveiro

Homicídio

Qualificado, 1

crime de Violência

Doméstica e 2

crimes de Ofensas à

Integridade Física

23 anos

ni

Page 48: OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR³rio_Final_… · Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0 0 0 1 11 TOTAIS ANO 240 34 36 22 46 29 44 741 3 356 Desagregação do grupo etário

48

Relativamente às penas mais elevadas foram de 25 anos de prisão, aplicadas pelos

Tribunais de Loures (Morte da ex-companheira a tiro e morte do enteado, por espancamento e

outros crimes), Vila do Conde (Morte de ascendente directo por esfaqueamento e

espancamento), Sintra (Morte por fogo – triplo homicídio) e Oeiras (Morte da namorada por

asfixia, esfaqueamento e outros crimes).

Porém, se atentarmos somente à condenação pela prática de um (1) crime de homicídio

consumado, concluímos que a condenação mais elevada foi decidida pelo Tribunal de

Braga (morte da companheira, por esfaqueamento), com uma pena de 21 anos de prisão.

No que concerne às indemnizações fixadas verificamos ausência de informação em

notícias referentes a 9 (nove) dos acórdãos condenatórios. Relativamente às demais

situações reportadas foi possível aferir que a indemnização mais baixa foi decidida

pelo Tribunal de Vila Nova de Famalicão que fixou indemnização no montante de 40

mil euros (morte por asfixia) e que a mais elevada foi do montante de euros: 500 mil,

fixada pelo Tribunal de Évora (morte por esfaqueamento e homicídio na forma tentada).

ACÓRDÃOS TRIBUNAIS DE 1.ª INSTÂNCIA:

DISTRITOS

Dos registos do OMA verificamos a seguinte distribuição, por distritos, quanto aos

acórdãos dos tribunais de 1.ª instância relativas a femicídios reportados pelo OMA

quer no ano de 2013 quer em anos anteriores.

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HOMICÍDIOS POR DISTRITO 2013-2012- 2011 -2010

DECISÕES POR DISTRITO 2013

Aveiro 5 1

Beja 3 0

Braga 6 2

Bragança 1 0

Castelo Branco 2 0

Coimbra 3 0

Évora 2 1

Faro 8 0

Guarda 0 0

Leiria 4 0

Lisboa 35 7

Portalegre 0 0

Porto 17 4

Santarém 2 0

Setúbal 17 1

Vila Real 6 1

Viana 1 0

Viseu 6 0

Madeira 5 0

Açores 3 1

TOTAIS 126 18

De referir ainda que não se verificarão julgamentos da totalidade dos femicídios

registados pelo OMA entre os anos 2010 e 2013 dado que em algumas das situações

reportadas, os homicidas consumaram o atentado contra a própria vida.

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HOMICÍDIOS/FEMICÍDIOS NAS RELAÇÕES HOMOSSEXUAIS:

GAYS E LÉSBICAS

Dando seguimento ao reporte iniciado em 2012 quanto à ocorrência de homicídios e

femicídios e tentativas deste crime nas relações de intimidade entre pessoas do mesmo

sexo, apresentamos infra informações recolhidas no ano 2013.

HOMICÍDIOS NAS RELAÇÕES ENTRE CASAIS DO MESMO SEXO

O OMA identificou no decurso de 2013, um total de 1 homicídio em relação

homossexual.

Dada a escassez de notícias relacionada com o crime de violência nas relações de

intimidade entre casais do mesmo sexo, optamos e pelo 2.º ano consecutivo, por

apresentar os dados não desagregados por capítulo, inserindo-os na tabela infra.

Uma vez que a amostra trabalhada é muito reduzida entendeu-se, também em 2013,

não se apresentar conclusões ou ilações, por considerarmos não serem representativas

do universo do crime em análise.

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HOMICÍDIOS/FEMICÍDIOS

Homicídios

Relação com o agressor

Grupo etário da

vítima

Situação profissional

Grupo etário

do agressor

Situação profissional do

agressor

Local do crime

Arma/meio

Suposta justificação

História de violência

prévia

Medida de coacção

Concelho

Distrito

1 Companheiro 43 Empregado 36-50 anos

Empregado Residência Arma branca Conflito familiar

ni ni Loulé Faro

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SÍNTESE DE RESULTADOS - OMA 2013:

SÍNTESE Nº VÍTIMAS

Femicídios 37

Tentativas de Femicídio 36

Homicídio Rel. Homossexuais 1

Tentativas Hom. Rel. Homossexuais 0

Vítimas Associadas 27

Filhos/as comuns 30

Decisões Judiciais 17*

* Relativa a 18 vítimas, uma vez que um homicida foi julgado por duplo homicídio.

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CONCLUSÕES e REFLEXÕES DA UMAR FACE AOS DADOS

REGISTADOS E ANALISADOS PELO OMA

Em 2013 assistimos a uma diminuição da prevalência de femicídio e tentativas de

femicídio em relação ao ano transacto.

Porém, não podemos falar numa tendência na diminuição dos crimes perpetrados nas

relações de intimidade, dado que os dados aferidos no Observatório desde 2004

alertam-nos para uma oscilação, por vezes, acentuada, quer de aumento quer de

diminuição nos registos, conforme gráfico infra.

Ano

Femicídio

Tentativas de Femicídio

Total crimes/Ano

2004 40 26 66

2005 34 44 78

2006 36 46 82

2007 22 59 81

2008 46 40 86

2009 29 28 57

2010 43+1 39 82+1

2011 27 44 71

2012 40+1 53 93+1

2013 37 36 73

TOTAL 356 415 771

Nota: (+) Correspondem a femicídios referentes a anos anteriores mas só conhecidos em 2013.

(Vide preâmbulo)

Ou seja, verificamos uma descontinuidade na incidência do femicídio e tentativas de

femicídio, o que obsta a uma conclusão absoluta no sentido de identificar uma

tendência de aumento ou de diminuição. Por tal facto, cingimo-nos a uma análise

comparativa relacional entre os resultados do ano em curso e o ano anterior, tendo

contudo presente os registos apresentados desde 2004.

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Efectivamente registamos uma diminuição se compararmos com os dados de 2012,

porém se os cruzarmos com os dados obtidos em 2009, verificamos que nesse ano

ocorreu igualmente uma diminuição comparativamente a 2008, com um aumento

exponencial no ano de 2010.

Fazendo uma leitura transversal dos dados registados pelo Observatório de Mulheres

Assassinadas podemos procurar definir um padrão quanto aos femícidios tentados e

consumados, concluindo o seguinte:

1. As vítimas são mulheres que mantinham uma relação de intimidade, presente

ou passada, com o autor do crime.

2. Têm idades superiores a 36 anos (padrão que se mantém nos autores dos

crimes).

3. A residência é o local privilegiado para a prática do crime.

4. A arma de fogo é o meio mais comumente utilizado.

5. A violência doméstica é identificada como contexto prévio à ocorrência dos

crimes.

6. Os crimes surgem, assim, numa escalada de violência nas relações de

intimidade presentes ou passadas.

7. Os meses de verão são os que registam maior número de crimes. Não obstante,

em 2013 o mês de Março foi o que contabilizou o maior número de crimes

praticados (9 femicídios e 5 tentativas de femicídio);

8. Os distritos com maior número de registos destes tipos de crime são por ordem

decrescente Lisboa, Porto e Setúbal.

O número de femicídios e tentativas de femicídio são tradutores de uma realidade que

nos deve envergonhar a todos e todas, de uma sociedade que continua a ser permissiva

com a violência exercida no seio familiar e, que teima em manter padrões de

comportamentos e atitudes discriminatórias e atentatórias dos direitos das mulheres

com repercussões irremediáveis e não raras vezes fatais, consubstanciando-se assim

uma situação grave e muito preocupante.

Esta preocupação, legítima e real, sai reforçada, se analisarmos:

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- que em mais de metade dos homicídios e tentativas registados, existia violência na

relação e algumas das situações haviam mesmo sido reportadas às entidades

competentes;

- que não obstante o conhecimento prévio da existência de violência doméstica, esse

facto não contribuiu para minimizar os impactos e consequências da vitimação, nem

foi impedimento da concretização dos homicídios e das tentativas de homicídio;

-que as formas mais graves de violência contra as mulheres ocorrem nas suas

residências, muitas delas após a separação entre a vítima e o agressor/homicida;

- que a permanência em relações violentas aumenta o risco de violência letal, sendo que

a violência doméstica surge como um preditor do femicídio e tentativa do mesmo;

Pelo exposto, somos do entendimento que os crimes de homicídio e de tentativa de

homicídio praticados na conjugalidade ou relação de intimidade não devem estar

dissociados do fenómeno da violência exercida contra as mulheres;

Acrescenta-se ainda que, nas situações em que foi possivel identificar a presença de

episódios abusivos na relação, a mesma era conhecida por familiares, vizinhos, amigos

e que, o homicídio ou a tentativa surge na escalada da violência e como antevisão do

seu desfecho;

Estamos certas de que:

- É possível diminuir a violência que é dirigida às mulheres, com consequências diretas

na redução da taxa de prevalência dos homicídios e de tentativas de homicídio;

- A lei não é, de per si, instrumento suficiente para impedir a prática de crimes e a

reiteração de condutas criminosas. A sociedade, no seu conjunto, terá de querer e agir

no sentido da eliminação da violência contra as mulheres e da tolerância zero a

quaisquer situações de violência;

- A prevenção, a solidariedade, uma educação para a igualdade de género e para a

cidadania ativa, bem como, a ampliação de recursos e meios, de forma consistente e

continuada, são fundamentais;

- Uma justiça célere, eficaz no que tange à penalização dos agressores, a medidas e

penas que tenham impacto directo e concreto na vida dos agressores e, medidas de

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proteção com impacto efetivo na vida das vítimas, servirão mais os princípios de

prevenção geral e específica pretendida pelas normas jurídicas;

- Há que dar sinais mais claros de intolerância perante a prática dos crimes de violência

doméstica que estão também na base da maioria das situações de homicídios e

tentativas de homicídio na conjugalidade e relações de intimidade;

- Mantém-se pertinente reforçar a informação de que a violência doméstica é um crime

público, que podemos denunciá-lo e que todos e todas temos a responsabilidade de

intervir para lhe pôr termo.

A UMAR REITERA ASSIM, A SUA CONVICÇÃO SOBRE A NECESSIDADE DE:

- REFORÇAR AS MEDIDAS DE POLÍCIA NAS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA;

- APLICAR INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO;

- PROMOVER E DECRETAR MEDIDAS DE COACÇÃO ADEQUADAS E EM TEMPO ÚTIL;

- POTENCIAR A MONITORIZAÇÃO DAS MEDIDAS DE COACÇÃO APLICADAS E PROMOVER A

VIGILÂNCIA ELECTRÓNICA DAS MESMAS E A APLICAÇÃO DA MEDIDA DE COACÇÃO DE

PRISÃO PREVENTIVA;

- AUMENTAR AS MEDIDAS DE FISCALIZAÇÃO PREVENTIVAS NO COMBATE À POSSE ILÍCITA DE

ARMAS;

- DESENVOLVER ESTRATÉGIAS QUE VISEM A PENALIZAÇÃO DOS AGRESSORES E NÃO A

REVITIMAÇÃO DAS VÍTIMAS;

TUDO, NO SENTIDO DE MELHOR PRESERVAR A SEGURANÇA, PROTECÇÃO, INTEGRIDADE

FÍSICA E PSÍQUICA DAS VÍTIMAS, POTENCIANDO VIDAS NÃO VIOLENTAS E EVITANDO

MAIS MORTES.

Por fim, não podemos deixar de realçar o papel que a comunicação social, em especial

a imprensa escrita, tem tido na desocultação e registo da informação de situações de

violência doméstica e na sua forma mais grave e letal.

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Relação Femicídio e Crise económica

Considerando que, o quadro político, social e económico vivido em Portugal tem

levado frequentemente ao questionamento sobre a direta relação entre a crise e a

ocorrência do femicídio, quer consumado, quer na sua forma tentada, somos a concluir

que, dos dados analisados e tendo particular atenção ao contexto motivacional de

ocorrência, cruzando com dados analisados ao longo dos anos, o fator crise não surge

referenciado como o fator que determinou ou motivou a consumação do crime.

Surgem-nos antes as situações enquadradas em relações de vitimização, em quadros de

ocorrência prévia de violência doméstica, as atitudes possessivas do agressor para com

as vítimas, os ciúmes, em suma estratégias ligadas ao poder e controlo sobre as

mulheres nas relações de intimidade, assentes na lógica de discriminações de género,

como os principais fatores identificados como motivações para a prática do femícídio

ou tentativa deste e, em algumas situações, em contexto de quadros de

descompensação psiquiátricos.

Porém, não podemos deixar de salientar que a situação profissional dos indivíduos, o

contexto socioeconómico e a maior dificuldade financeira ou inexistência de meios para

fazer face ao governo da vida quotidiana mais elementar ou básica são fatores de

stress, de angústia de dificuldades sentidas as quais podem potenciar uma maior

agressividade, desorientação, descontrolo e mesmo quadros de psicopatologia, por

parte de indivíduos e nesta medida, serem identificados como fatores de risco e

conducentes a uma maior prevalência na ocorrência de atos ilícitos, nomeadamente de

femicídios e tentativas de femicídio.

Lisboa, 8 de Março de 2014

Pela União de Mulheres Alternativa e Resposta: Elisabete Brasil, Fátima Alves e Sónia Soares.