olha o peixe!
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Jornal de CulturaTRANSCRIPT
olha o peixe !ano 00 vol. 01
Patrocinadora do Concurso Estadual de poesiaque homenageia o poeta Vicente Cechelero
jornal de cultura
do
po
rão
. Noturno para Navegantes
Vicente Cechelero
Poema publicado no livro A Língua das Sombras. São Paulo: Editora Giordano, 1997.arq
uiv
o
Portonave lança Concurso de Poesia
Ademir Neves:o Guardador de Memórias
Lei de Incentivo a Cultura:novos rumos para arte em Navegantes
Cultura e SaúdeProfissão: Naturólogo
arte Ambiental
Imagens da MadeiraSustentabilizando a Cultura
Expediente
Editorial
Olha o Peixe! é uma publicação do Instituto CaracolEspaço Cultural:Av. João Sacavém 160 -Centro Navegantes S.C. -CEP: 88375-000Diretora: Patrícia F.C. MoreiraSecretaria: Rosa de OliveiraCoord. Projetos : Cristiano Moreira
Olha o Peixe!Editor: Cristiano MoreiraProjeto Gráfico e Papa Terra EditoraRevisão: Patrícia CostaEdição feita ao som de Noturnos brasileiros e Música de Câmara de César Guerra Peixe.Tiragem: 2.000 exemplaresAgosto de 2011.
Diagramação:
05 Agosto- Lançamento do Concurso Estadual e Concurso Escolar de poesia PORTONAVE. Homenagem ao poeta Vicente Cechelero.
20 Agosto - Curso de Introdução à psicanálise Encontros quinzenais de agosto a dezembro. Profª Doutora Marta Arábia. Valor R$ 70,00.*
29,30 e 31- Oficina Básica de Contadores de Histórias(2ª,3ª e 4ª feira) das 19h às 22:15h Ministrante: Daniel Rosa dos Santos. Valor R$ 70,00.*
26 de agosto: Lançamento do Documentário Montagem e desmontagem: a restinga como caleidoscópio de Patrícia F.C. Moreira.
Práticas de Saúde Integral: Quintas feiras 9:00 horasGratuitoCine Clube Divinéia: todos os domingos sessões de cinema gratuitas às 19:30. Local : Espaço Cultural Caracol.
*ps. Sócios do Instituto tem 15 % de desconto nestas atividades.
Agenda Caracol AgostoOlha o Peixe! Chega em um momento crucial na cultura de Navegantes. O
jornal chega como se viesse do mar, como se o peixe viesse à praia para ver o que
está acontecendo. Aqui da terra olhamos para o horizonte da cultura e em alto e
bom som dizemos Olha o peixe!, como quem divulga uma boa nova, um bom
presságio ou, ainda, como aquele que, pescando com o olhar preso ao mar vê o
salto do peixe voador que sai da invisibilidade e vem à tona com saudade da luz. O
exercício do pescador é muito parecido com o exercício do artista, pois estabelece
uma relação com o tempo, com o acaso e com a surpresa.
Olha o peixe, Minha gente!
A produção cultural na cidade navega em corrente contínua, corrente de grandes
novidades. No segundo ano de Lei Municipal de Incentivo à Cultura foram
destinados a propostas culturais o valor de R$ 250.000,00 que contemplaram 21
projetos em diversas áreas. Os artistas estão por aí dizendo Olha o Peixe! Estão
vendendo seu peixe para os empresários que acreditam no desenvolvimento
cultural, empresas que sabem que cultura também gera emprego e renda.
Olha o peixe, Minha gente!
É com apoio de a algumas empresas que projetos de cinema, literatura, teatro,
rádio e fotografia estão levando à população de Navegantes a possibilidade de
conhecer mais de sua própria história e provar experiências estéticas com as
manifestações artísticas. É importante dizer que a administração da Fundação
Cultural teve papel importante ao tirar a Lei de Incentivo da gaveta. É importante
dizer que empresas como Rogério Philipe, Engina Construções e Portonave são
colaboradores deste processo de profissionalização da cultura.
É neste contexto, acreditando que finalmente a cultura começa a ser levada a
sério e sabendo do muito trabalho a ser feito, que o Instituto Caracol abre as
portas de um Espaço Cultural alternativo. Neste espaço há o Cine Clube Divinéia,
o Ateliê de Cartonaria, um projeto de formação de leitores e a sala de leitura
Vicente Cechelero. A diretriz principal do Instituto Caracol é proporcionar às
pessoas um exercício de leitura do mundo.
Com este objetivo o Instituto Caracol em parceria com a Fundação Cultural
de Navegantes e o patrocínio da Portonave lançam os Concursos estadual e
escolar de poesia PORTONAVE que homenageia o poeta Vicente Cechelero.
Olha o Peixe! Um jornal que antes de ser embrulho para carregar o peixe, carrega
cultura como as próprias víceras.
Olha o Peixe minha gente!!!!
O que embrulha o peixe:Capa: Cerâmica de Edmundo Campos fotografada por Patrícia Moreira.Imagem pg. 10 praia de Navegantes, 1961, acervo de Ademir Neves.Para falar com Olha o [email protected]
Colaboradores do Caracol:Agnailde SantiagoSelso MenezesFernando MangoldWilson de Jesus GuichabeiraDavi Pietro HofstatterGustavo CecheleroSteferson StaresMarcos Porto
Olha o Peixe ! 02 A p
ele
Olha o Peixe! 11
Tinha manchas na pele por todo o corpo. Chamavam-no Tigre. Não sabia dizer por que as manchas apareceram, mas acreditava terem sido provocadas por uma chuva estranha que apanhara na praia de Armação de Itapocorói, em 1990. Sofria dos nervos e bebia saquê, mas do Japão mesmo, tinha apenas um amigo que morou por lá e escreveu um livro de poemas chamado Cadernos do Japão. Fora este, tinha lido apenas um livro daquele escritor suicida. Passava os dias trabalhando em projetos que nunca se concretizavam, chegava em casa com uma pilha de papéis e dizia que as idéias se proliferavam e em breve fecharia um bom projeto e que seu livro estava pronto em sua cabeça, era questão de tempo. Sentia que algo parecia estar se dissipando. Tenso, porém, ficava ao tirar a roupa no banheiro, via as manchas em seu corpo e silenciosamente chorava, pois percebia que aquelas marcas eram os vazios em sua vida. Percebia com um misto de euforia e amargura sua existência material se dissipando. Em seu íntimo sabia que seu livro começava a se realizar, seu mergulho na ficção, o sumiço. Tremia, suava, olhava para os lados. Não poderia, no entanto, mostrar-se efusivo para a esposa, não poderia explicar-lhe. Ela sabia que as manchas não eram da tal chuva na praia da armação de Itapocorói em 1990 e, com medo de ficar branquinha assim como ele, bebia café dia inteiro. O 'Tigre' aguardava o grande dia, a resposta positiva da musa inspiradora. Armava em sua mente seus planos andando de um lado pro outro em seu escritório, mas quando percebia que iria ser iluminado pela grande idéia, o conto que o lançaria nas artes da escrita, ouvia os gritos da vizinha que vivia perdida entre bijuterias e outras encrencas de um e noventa e nove. Os gritos o irritavam e percebia as manchas aumentarem. Aumentava o nível de saque em seu copo e sua pele era o alarme branco e silencioso. Algo estava prestes a acontecer.Anos se passaram e o tigre já estava mesmo se comportando com um animal enjaulado em si mesmo. O vazio que compunha as grades era o mesmo que compunhas as manchas na pele, as manchas brancas. Restava pouco de seu próprio corpo e a cada dia perdia-se um pouco diante do espelho. Quando viu que já não conseguia mais ver-se, com exceção das próprias mãos, temeu o inevitável e passou baton na palma e nos dedos marcando assim o espelho com sua impressão, a última, um par de mãos. A mulher ainda hoje, na cozinha, ainda tomando seu café, ouve freqüentes ruídos pela casa e percebe, vez por outra, que alguns livros mudam de lugar. Mas é só.
Cristiano Moreira arte Ambiental
Imagens da MadeiraSustentabilizando a Cultura
CulturaCultura de Incentivo àCultura
Lei municipal
s políticas públicas desde a primeira gestão do
Presidente Lula modificaram-se valorizando a Ademocratização e acessibilidade aos produtos
culturais, entendendo que o dinheiro público que financia
projetos deve ser bem distribuído. Da mesma maneira as
discussões junto com a sociedade sobre os processos e
tomadas de decisão foram realizadas através de fóruns e
conferências que garantiram a participação de toda a
população brasileira envolvida com os setores da cultura,
todas as linguagens foram ouvidas, todas as classes e etnias
tiveram poder de fala. O poder de fala é o que detém a fala de
poder, é um gesto que detém o totalitarismo sobre um
produto que é do povo.
O Ministério da Cultura pretende, criar um sistema nacional
de cultura A Fundação Cultural de Navegantes sob a
administração do Sr. Marcos Venício Montagna executou
estas etapas de construção de um sistema de cultura,
constituindo o Conselho Municipal de Cultura, promovendo
fóruns de debate sobre a cultura e as conferência que enviou
representantes para a Conferência Estadual. Estas ações
contribuíram para um processo de profissionalização da
cultura e mostrou à classe artística que é necessária a
participação na construção do Plano Municipal de Cultura,
próximo passo dentro do sistema. Navegantes já assinou o
Acordo de Colaboração Federativa o que habilita o município
a receber recursos assim que o sistema nacional estiver
pronto. Possibilita entre outras coisas a constituição de um
Ponto de Cultura na cidade, bastando apenas uma pequena
contrapartida da administração pública.
O grande feito administrativo da Fundação Cultural foi tirar
da gaveta a Lei Municipal de Incentivo à Cultura que existia
desde 2003, mas só no ano passado funcionou efetivamente
com um repasse do poder público no valor de R$ 150.000,00
em renúncia fiscal. Concorreram a este recurso 34 propostas
culturais das quais 17 propostas foram aprovadas.
O que é necessário ressaltar ainda é que muitos projetos não
aco
ntecer
am por
falta de captação,
pelo fato de que alguns empresários não conhecem o
mecanismo de incentivo. A Lei Municipal de Incentivo
funciona com renúncia fiscal, ou seja, a prefeitura abre mão
de determinado valor, (este ano foram R$ 250.000,00)
oriundo do ISSqn (imposto sobre serviço de qualquer
natureza) pago pelas empresas. O empresário que se torna
parceiro de um projeto de cultura fica em dia com o
pagamento do seu imposto e contribui para a produção
cultural da cidade que, por sua vez, levará à comunidade um
bem cultural, música, literatura, artes visuais, cinema, teatro
etc.
Existem empresas que já perceberam o benefício que é apoiar
projetos culturais. É o caso da Portonave que apoiou cinco
projetos do edital passado: um documentário sobre a
restinga, oficinas de leitura e produção de textos, um projeto
de fotografias sobre a carpintaria naval e um teatro com
educação ambiental. A empresa Rogério Philippi apoiou um
programa de rádio que resgata a memória da cidade, a
cultura oral que como patrimônio imaterial.
Este ano o Prefeito acreditando no desenvolvimento cultural
aumentou o repasse disponibilizando R$250.000,00 que
serão destinados a 21 propostas culturais aprovadas entre as
53 inscritas no edital. O superintendente da Fundação
Cultural acredita que é um número expressivo pois
demonstra a demanda que o setor possui. Esperamos que no
50º aniversário da cidade possamos ter R$ 500.000,00
divididos entre o Edital da Lei de Incentivo e o Fundo de
Cultura. Investir em cultura é investir no povo, devolver os
tributos gerando emprego e renda. Estamos no caminho.
Olha o Peixe ! 03
O Guardador de Memórias
Ademir Neves, um navegantino preocupado com a memória da cidade
mesmo filósofo que escreveu a epígrafe acima, nos diz ainda que o homem que pretende se
aproximar do passado deve agir como um escavador e, ainda, não deve temer retornar por Ovezes aos mesmos acontecimentos. Investigar é seguir vestígios, seguir as pegadas, os
rastros. Para muitas pessoas são válidas apenas investigações que tenham como avalista a
universidade e por este motivo perdemos muitas vezes valiosos documentos fruto do trabalho
incansável de algum homem que acredita no valor da memória.Em Navegantes há um escavador, um Sherlock Holmes das imagens, um guardador de memórias
que zela pela cultura da cidade. Ademir Neves há mais de três anos organiza um acervo de
imagens de Navegantes, imagens que narram alguns capítulos da história desta cidade prestes a
comemorar 50 anos. Como escreve o filósofo alemão, as imagens são como camadas de terra
que o arqueólogo remove e deve estar atento em todas as camadas pois cada uma guarda uma
mensagem do passado.Ademir Neves é um cidadão que nasceu em Navegantes há 65 anos e cresceu na Av. João
Sacavém, onde hoje é a casa da Dona Zilda. Ademir possui imagns do primeiro Hidroavião nas
águas do Itajaí-Açu, imagens do primeiro campo do União localizado atrás da Celesc; fotos do
navio Revesbydyke que naufragou na foz do Itajaí em setembro de 1965 carregado de madeira.Para Ademir as tradições navegantinas estão se perdendo e emociona-se quando mostra as
fotografias dos grupos de Terno de Reis e do Boi de mamão “Tínhamos Festivais de Folclore
Catarinense no campo do Clube Náutico Almirante Barroso em Itajaí com participação de Boi
de mamão, pau de fitas, brincadeira do arco...Lembro que vencemos por quatro vezes estes
festivais. Seu João Salvador fabricava com maior carinho os brinquedos, mas depois que
morreu as fotos se perderam.”Ademir nos contou ainda, que Dona Jocelina Couto há 10 ou 15 anos tentou resgatar este
material para os alunos das escolas, mas infelizmente perdeu-se em algum arquivo ou depósito e
preferiu calar-se a este respeito, um tanto indignado.Para o Guardador de Memórias, o folclore
pode ser aproveitado como uma grande estratégia para o turismo e para a cultura da cidade. Diz
que poderiam ser organizados novamente grupos de seresteiros, grupos de Boi de Mamão e que
ficaria feliz em organizar este trabalho, pois o faria com muita paixão.
“verdadeiras lembranças devem proceder informativamente muito menos do que indicar
o lugar exato onde o investigador se apoderou delas.”
Walter Benjamin
Olha o Peixe !10
arte Ambiental
Imagens da MadeiraSustentabilizando a Cultura
Olha o Peixe! 04
O projeto Sustentabilizando a Cultura, é um moradores de Navegantes transmitido pela Rádio Dengo Dengo FM sempre às segundas feiras às 7 horas da manhã até outubro deste ano. A escolha do Rádio se deu pelo fato de ser um dos veículos mais antigos de comunicação e se trata de entrevistas gravadas. Uma das riquezas do projeto é registro da cultura oral, dos falares dos navegantes. O projeto conta com o apoio da empresa Rogério Philippi. O projeto terá um desdobramento em sua sequência pois foi aprovado no edital da lei de incentivo deste ano. Essencialmente é um resgate da cultura oral da cidade, temos as vozes das pessoas, um patrimônio imaterial, diz Marcela Urbano, coordenadora do projeto.
programa de entrevistas feitas com
Louise Benassi publicará um estudo que realizou em seu trabalho de conclusão de curso. O resultado da pesquisa se transforma em um sobre as memórias da ditadura militar brasileira.O interesse pelo tema deu origem a este livro-reportagem, que costumo dizer ser uma mistura de passado, presente e futuro. Passado, porque fala da ditadura, instaurada em 1964; presente, porque descreve as ações atuais do Comitê Catarinense Pró-Memória de Mortos e Desaparecidos Políticos; futuro, porque mostra as incertezas a respeito dos arquivos secretos, que dependem da boa vontade dos políticos para que se tornem públicos. A mistura dos tempos é o que torna As lembranças não morrem: histórias do Comitê Catarinense Pró-memória de Mortos e Desaparecidos Políticos um livro diferente. Louise recebeu o repasse de recursos da Empres Engita Construções.
O projeto “Arte Ambiental” do proponente Juliano Urbano Silva, contemplado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura do ano de 2010, busca promover, através da arte do teatro, uma reflexão quanto às questões ambientais envolvendo os resíduos sólidos. O projeto consiste na realização de palestras ambientais em escolas do município de Navegantes, seguida de apresentação de peça teatral enfocando desde o consumo e reciclagem dos diferentes tipos de resíduos, até as destinações finais adequadas aos mesmos.
Arte
Navegantes
cultura&
Olha a arte!
ultura dá trabalho. Eis um chavão que pode ser entendido como um bom presságio. Quando o poder público e empresários entendem que a Cprodução de arte em uma cidade contribui para o aumento da qualidade
de vida e serve como estratégia de combate não só ao analfabetismo funcional, mas também à violência, podemos pensar que há uma luz no fim do túnel. A produção cultural começa a aparecer incentivada pela Lei
municipal de incentivo à cultura, um dispositivo que utiliza dinheiro do povo para promover arte e cultura para o povo. A renúncia fiscal é uma maneira de
inv estir e produtos culturais que começam a chegar nas escolas neste segundo semestr e. Coma a execução de alguns projetos os maiores beneficiados serão os alunos da rede pública de ensino. Cultura dá trabalho pois precisa de organização e planejamento para executar projetos, mas cultura dá trabalho de outra maneira, começa a participar da formação de profissionais e já pode ser considerada mais um item na economia do município. Os produtores culturais e artistas esperam agora que mais empresas se tornem parceiras no desenvolvimento de projetos culturais e que a administração pública mantenha e reforce o orçamento tanto da Fundação Cultural, quanto da Lei de Incentivo.
A seguir, alguns projetos em andamento.
Com a efetivação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e a participação de empresas, a cidade começa
a mudar o perfil da produção cultural .
Olha o Peixe! 04
Cultura e Saúde
“A saúde é o completo bem estarpsíquico,físico e social e não
meramente a ausência de doenças”.
Olha o Peixe! 09
saúde é nosso bem mais precioso e é um direito fundamental do homem, sendo reconhecida como o maior e o
melhor recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, como também uma importante extensão da Aqualidade de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem por objetivo desenvolver ao máximo possível
o nível de saúde de todos os povos, trás na sua constituição a saúde como sendo um « estado de completo bem-estar físico,
mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade. Assim, podemos dizer que a saúde não é
apenas um processo de intervenção na doença, mas um processo para que o indivíduo e a coletividade disponham de meios para
a manutenção ou recuperação do seu estado de saúde. Diante disso, podemos enfatizar a idéia de promoção da saúde, que se
apresenta como uma forma moderna e eficaz de enfrentar os desafios referentes à saúde e qualidade de vida, oferecendo
condições e instrumentos para uma ação integrada. Esta visão integral do ser humano vai de encontro com uma nova profissão
que está ganhando espaço na área da saúde – a Naturologia.
A Naturologia é uma profissão que utiliza as medicinas tradicionais e conhecimentos contemporâneos para a promoção,
manutenção e recuperação da saúde, buscando a melhoria da qualidade de vida e o equilíbrio do ser humano com o meio em que
vive. Tem como forma de intervenção as Práticas Integrativas e Complementares como a Aromaterapia, Arteterapia,
Cromoterapia, Fitoterapia, Florais do Dr.Bach, Geoterapia, Hidroterapia, Massoterapia, Musicoterapia, Reflexoterapia e
Talassoterapia, entre outras. O profissional naturólogo relaciona aos sintomas e sinais que o ser humano apresenta, todo seu
histórico pessoal, incluindo dados anatômicos, fisiológicos, patológicos, sociais, energéticos, psíquicos e emocionais. Tudo isto é
trazido para o tratamento e auxilia a compreender o que o indivíduo está apresentando. A “consulta” é denominada de
“interagência” e o “paciente” é chamado de “interagente” ressaltando a co-responsabilidade do indivíduo no processo de saúde
individual e coletiva.
No processo de interagência, o aprender se torna um fato. Durante esse momento existe uma combinação de valores em
que a educação que foi recebida dos pais, do meio social, cultural, religioso, se liga à que estará sendo posta em prática durante a
interagência.
Os campos para a aplicação destes conhecimentos incluem consultórios particulares, instituições hospitalares, casas de
saúde, postos de saúde, casas de repouso, estâncias hidrominerais, spas, empresas privadas, organizações não-governamentais
e eventos.
A Sétima Arte nos Bairros é um projeto da Fundação Cultural de Navegantes que leva sessões de cinema itinerantes por todo o município. O projeto conta com o apoio da Portonave e atende aproximadamente 100 crianças por mês em sessões de cinema. Este ano o projeto continua com a intenção de levar junto com o cineam outras atividades para que os alunos entendam melhor a sétima arte .
Patrícia F. da Costa MoreiraNaturóloga
arte Ambiental
Imagens da MadeiraSustentabilizando a Cultura
Montagem e desmontagem - a restinga como caleidoscópio é um projeto que visa a produção de um documentário ressaltando a importância da preservação do ecossistema restinga para a população do município de Navegantes, reforçando e resgatando um olhar para a restinga como patrimônio cultural e natural desta cidade.A preservação da restinga tem relação direta com a preservação da orla de Navegantes, pois não se pode falar em restingas sem a referência a ambientes ligados a ela, como as dunas e praias, desenvolvendo um papel importante na contribuição para uma melhor qualidade de vida da população, para a prática de esportes, pesca artesanal, caminhadas e lazer. O documentário aprovado pela Lei Municipal de Incentivo a Cultura, e apoiado pela PORTONAVE, traz entrevistas com pescadores, professores, moradores antigos e pesquisadores que trazem para este caleidoscópio as imagens de suas lembranças e experiências com a restinga e com a praia de Navegantes.
Variações sobre um mito. Os lagos são olhos de deusesque espreitam do fundo da terra. Teus olhos dois lagos-espelhosde terra tua mente de mito. Dois focos dois fulcros de veresquais luzes nascidas no abismo. Em ti há dois brilhos de coresdas rosas estranhas do nada. Há lagos de luzes da morteque dorme entranhas da Terra. A morte dorme entre os lençóis do fogo, das águas, das asas. A Terra é a cabeça de DeusQue, se não pensar, não existe. Seu corpo quintal-universoDos homens-crianças vertigem. No horto os numes latejamenquanto Ele se refaz, dorme. E as coisas refazem-se sempre:meu filho, tijolo do eterno. Da Casa que Sísifo ergue, Das águas, lágrimas do Ermo,emerge da Casa a folhagem. `A morte, portal-do-informeFecunda-a o húmus das coisas. O ser se insinua em teus olhosqual peixe esquivo aos meus sóis.
São Paulo, 1983 Publicado em A Língua das Sombras, 1997
João, 19, 5 Ei-lo, despojado em suas vestes.'E, como vós, mortal e eterno,feito de memória e esquecimento.(Uma tarde,junto a Jerusalém, feriu-seo pé ao pisar falso numa pedra.)revela, em sonho, o seu passadopovoado de reis e de escravos. Vítima do tempo e acaso,como vós guarda histórias banaisde cortes, ditas e mortes.Por que vos assusteis, se em seu seioCorrói-lhe a sina de milagres e fracassos? Santiago de Compostela, 1981 Publicado em Só Matéria do Mundo, 1991
Poema oral.
Eu te quero, tu que falas minha língua,que traduz a mudez das coisas surdas,a nudez das coisas virgens, sem um nome.
Sou poeta, porque falo tua língua.O meu corpo é a tua língua,que só míngua se pararmos de falar.
Tua língua de reflexos em meu lagoonde nadas escarnecem do Deus uno,onde lamas escarnecem do Tirano.
Eu te quero, tu que falas minha língua.Tua língua gesta os fetos dos meus fatos,meus retratos, os meus rostos mais possíveis,que são nada sem os nomes que me emprestas.Qual sofista, minha arma é a palavra.
Eu te quero, porque falas minha língua,que é nada sem os nomes que me emprestas.
Minha língua
Vicente CecheleroRapsódia tibetana Ecce homo
Olha o Peixe! 08 Olha o Peixe! 05
O projeto Palavra Navegante consiste em um circuito de leitura e produção textual feito cm alunos do nono ano do ensino fundamental da rede municipal de ensino. Em oficinas de 24 horas os alunos serão apresentados a textos e jogos de linguagem cujo objetivo é aprimorar as formas de leitura e, consequentemente, as maneiras de narrar, de escrever. Os alunos participarão de oficinas de Xilogravura e terão encontro com contadores de história.Todos os participantes terão seus textos publicados em livros elaborados por eles próprios com capas de papelão. Estes livro serão feitos em oficinas de Cartonaria como um processo posterior a leitura e escrita. A cartonaria surgiu em 2003 na Argentina e se espalhou por toda a América Latina.O Projeto acontece com o apoio da Portonave e publicará mais de 100 textos até o final de ano. A arte da leitura para cultivar alegria.
A proposta do projeto Imagens da Madeira é levar aos alunos e professores uma mostra fotográfica que possibilite uma série de discussões sobre a cultura das imagens e principalmente sobre a cultura tradicional, no caso de Navegantes e deste projeto, a cultura da construção naval. A mostra fotográfica acompanhada das palestras potencializará a leitura dos alunos diante deste fator sócio-cultural-econômico presente no dia a dia desta comunidade e, no entanto, pouco valorizado. Este trabalho conta cm o apoio da Portonave e da Lei Municipal de Incentivo à cultura.Desde o mito fenício de Gilgamesh, passando pela Arca de Noé, pelo poeta grego Homero, as embarcações fizeram parte da construção da história do mundo. Com imaginação e mãos fortes homens trabalham arduamente para erguer um colosso de madeira que irá por muitos anos servir de máquina de sustento para outros homens. Servirá como instrumento de viagem e aventuras.
Professores e alunos, fiquem atentos:Produtores levarão às escolas muitas
atividades e possibilidades de aprendizado
Patrocínio Apoio realização
Lei Municipal de Incentivo à Cultura
arte Ambiental
Imagens da MadeiraSustentabilizando a Cultura
Vicente Cechelero
m Ascurra/SC respirou pela primeira vez este Vicente
Cechelero. Era o ano de 1950.EUm poeta não precisa de mais biografia do que esta: estar vivo,
impregnado da impossível crosta do mundo.
Dele assim escreveu Wilson Martins, um dos mais importantes críticos
literários do país: "O que há de admirável e até de inesperado nesse
poeta brasileiro é que ele pode realmente dialogar em pé de igualdade
com os vates de todos os tempos, justamente porque domina, como eles,
a língua de vaticínios poéticos."
Vicente já recitou Brecht, lutou contra a ditadura, estudou Filologia e
Língua Espanhola em Madri, já teve o livro "Só Matéria do Mundo"
recusado pela Editora da UFSC em 1990 obra esta que recebeu, entre
outras insígnias, a de Melhor Livro de Poesia (APCA/1991) e Prêmio
Olavo Bilac 1993, da Academia Brasileira de Letras.
Entre mortos e feridos, entretanto, sobrou a cristalina grafia de Vicente
Cechelero. Única, e por isto clássica. Guardador de vocábulos raros,
Vicente quer sempre, à maneira de Fina García Marruz, "escribir con el
silencio vivo".
Um de seus últimos breviários poéticos, "A Língua das Sombras"
(Editora Giordano/1997), excede em raridade. Com periscópio de
almenara (facho ou farol que se acendia, antigamente, nas torres ou
castelos para dar sinal ao longe), Cechelero lapida a sombra mineral da
palavra com atenção de arqueiro chinês. Em seus escritos "algo atira,
algo acerta". Ou, como ele mesmo recita: "Zen-dita instante".
Cada palavra que Cechelero utiliza para clarear aos outros seus finos
oráculos tem o artesanato e a lâmina de Orfeu o deus da Música. Orfeu
no inferno, se diria, à escuta da alta árvore no ouvido de Eurídice, sua
amada. Orfeu-Vicente escuta com seu arco de palavras o que Cechelero-
Eurídice segreda à certa música calada.
Vicente Cechelero aprecia palavras incomuns. Sua escrita, feminina, é
língua d'amour e, quando se debruça ao pergaminho, privilegia selos
raros. Eis alguns exemplos: óstracos, sornas, sololhos, lito, vistária,
iquebana, rapsódia, numes, lerdas, grises, fanais.
Língua de "claroásis" esta de Cechelero, de "cristalua" inscrita
fundamente "neste exílio vasto". Íntimo de astros, Vicente lima cada
uma de suas frases nas bordas da concha exata. Quando há limo nas
reentrâncias das palavras, o poeta as vigora com o sopro de uma voz que
já se sabe úmida de estanho e de ouro vidente.
"A Língua das Sombras", de Vicente Cechelero, trescala a todo momento
sobriedade de cristal. Com haste de gramínea, ele caligrafa o simples ao
lado do refinado: "por que solholos mirarei de amores"; "no seio lívio,
Com o livro "A Língua das Sombras", o poeta catarinense inscreve-se entre
os grandes escritores contemporâneos do País
Fernando José KarlEspecial para o Anexo*
Concurso Estadual e concurso Escolarde Poesia Portonave
fulvo Saara, atinjo"; "no vale dos deuses-voaves apunhalados"; "e
expõe teu frágil ser, de areais"; "na aragem da miragem".
A poesia, que vem do grego poeiesis e significa "criar ou fingir",
serve ao quê? Ao Eu profundo. Tua poesia, Vicente, serve-nos
incessante. Teu estilo possui a serenidade oca do raio. Então, por
que a tristeza, Vicente? Porque os deuses só não perdoam uma coisa
aos poetas: a hubris ou orgulho. Os deuses não querem que os
humanos aspirem à casta divina. Daí é que a humildade arte de
estar ligado ao chão, ao húmus pode que nos indique alguma via de
acesso às ondas contínuas da felicidade.
Tua poesia, Vicente, seqüestra muito fogo dos deuses, que devem
estar irados contigo. Onde há sombra, há luz. Onde há pássaro, há
vento. Onde há língua, há sombra. Onde há revelação, o poeta deve
desistir de ser Deus. Onde há Deus, o homem deve cuidar do frágil.
O poeta, a criança e a mulher são os primeiros que desistem de
ancorar navios no espaço. A musa do poeta é a "criança interior", a
mais poderosa das musas.
Em tuas opus, Vicente, o próprio silêncio tem ritmo. E tua presença
mineral é, via Rochefoucault, como "o vento que apaga as velas e
atiça as fogueiras". Ao poeta cabe considerar/respirar as fogueiras.
E lapidá-las, então, como se lava o rosto ou se bebe o café na
padaria. Amor eis a palavra-chave da poesia que de tão exato não
cabe em si.
Ao poeta só se oferecem ausências, que podem se transmutar em
presenças. Sombra convertida em lúmen. Palavra-carvão que, do
longo sono da terra, acorda de repente diamante. Assim defino tua
poesia, Vicente:
Carne de cântaro, única.Cântaro,que do vazio do Outro ou Deus,faz jorrar o traço únicoCântaro da escritura de Vicente Cechelero:carne da fantasia.
"A Língua das Sombras" (Editora Giordano/Caixa Postal 19022/CEP 04505-907,
São Paulo, fone/fax 011 829-9369), do vate de Ascurra Vicente Cechelero, é, sem
dúvida, um dos mais belos livros de poesia escritos em língua portuguesa. Quem
viver, lerá.
* Publicado no Anexo do Jornal A Notícia em 16 de janeiro de 1999.
proposta do Concurso Estadual de Poesia PORTONAVE é editar um livro
de poemas do autor vencedor com tiragem de 500 exemplares. O Aconcurso será direcionado para autores inéditos que residam em Santa
Catarina.
O concurso homenageia o poeta Vicente Cechelero, sepultado no cemitério
de Navegantes desde o ano 2000, quando veio visitar sua mãe e aqui
faleceu. Vicente Cechelero possui uma obra poética elaborada com
extrema minúcia no uso da linguagem. Sua poesia não se afasta da
realidade do mundo contemporâneo e abarca tanto os males do mundo
quanto os afetos dos homens. Com o concurso, também poderemos
divulgar a obra deste poeta que completaria 50 anos em 2010, ano que
percebemos 10 anos de sua ausência.
O concurso será dirigido e organizado pela Fundação Cultural de
Navegantes e pelo Instituto Caracol, que se responsabiliza pelo
lançamento e divulgação do concurso fazendo chegar a todas as cidades
catarinenses tanto do litoral quanto do oeste catarinense. Caberá ao Instituto
Caracol e à Fundação Cultural de Navegantes a escolha dos jurados para o
concurso, bem como a direção da edição do livro que poderá ser feita por uma editora
contratada.
O concurso é lançado neste mês de agosto, durante as comemorações do aniversário de Navegantes e as
inscrições encerram no dia 25 de outubro deste ano. O resultado será divulgado em novembro e a publicação do livro em dezembro.
Paralelo ao Concurso Estadual,será lançado também um concurso escolar de poesia que tem como objetivo descobrir, nas escolas, alunos (as)
que desejam se aventurar nos caminhos da escrita. O concurso faz parte também das estratégias de
Incentivo à leitura do Instituto Caracol.
O concurso escolar está aberto aos alunos de ensino fundamental e médio da rede pública, sendo dividido
em três categorias: 1ª alunos matriculados no sexto e sétimo anos do ensino fundamental;
2ª alunos matriculados no oitavo e nono anos do ensino fundamental;
3ª alunos matriculados nas três séries do ensino médio
Serão premiados os três primeiros colocados de cada categoria recebendo
os seguintes prêmios: Uma bicicleta e um kit de livros para o primeiro colocado e um kit de
livros para o segundo e terceiro colocados.
escolar
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