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1 OESTE DA BAHIA CAPITALISMO, AGRICULTURA E EXPROPRIAÇÃO DE BENS DE INTERESSE COLETIVO Mateus Sampaio Universidade de São Paulo (USP) [email protected] Resumo Este trabalho remete-se a questões espaciais vinculadas à Geografia Agrária do Oeste da Bahia, porção territorial onde vivencia-se intensas alterações no padrão de ocupação e uso do solo pela agricultura e pela pecuária. A população camponesa, secularmente alojada na região, enfrenta grandes problemas advindos da chegada de novos atores sociais, atrelados a outra lógica produtiva. O conflito estabelecido é de ordem fundiária, mas também deriva de maneiras de viver e se relacionar com o meio completamente distintas uma da outra. Palavras-chave: Oeste da Bahia. Agricultura. Mundialização. Populações Tradicionais. Conflitos. Introdução O “tradicional” – Formação histórica do campesinato no sertão do além São Francisco: os "beiradeiros" e "geraizeros" O Oeste da Bahia é historicamente conhecido desde os primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil, datando ainda do final do século XVI. A corrida para as minas descobertas no Alto São Francisco determinou o surgimento de vários núcleos de povoamento em toda extensão do vale, constituídos em torno dos “currais” ao longo do rio. Estes núcleos foram responsáveis pelo estabelecimento de ativos mercados de gado e de produtos vegetais que serviram, posteriormente, como pontos de escoamento para os principais centros urbanos do Nordeste da colônia. Até fins do século XVII, o gado constituiu a base da riqueza regional. A miscigenação entre brancos, negros e indígenas, assim como a relativa mobilidade espacial proveniente da busca por pastagens naturais, assim como por metais preciosos, por férteis áreas para o estabelecimento de roçados ou fugas de cativeiros (quilombolas), propiciou a ocupação de vasta hinterlândia ao oeste do São Francisco, tendo como principais artérias de comunicação os rios Grande, Corrente e Cariranha, seguindo-lhes, em menor proporção, os rios Preto, Correntina, Formoso, das Fêmeas, Guará, Branco, de Janeiro, Arrojado, de Ondas, Galheirão, Pratudão e do Meio. As explorações fluviais que adentraram o Rio São Francisco

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1

OESTE DA BAHIA CAPITALISMO, AGRICULTURA E EXPROPRIAÇÃO DE BENS DE

INTERESSE COLETIVO

Mateus Sampaio Universidade de São Paulo (USP)

[email protected]

Resumo Este trabalho remete-se a questões espaciais vinculadas à Geografia Agrária do Oeste da Bahia, porção territorial onde vivencia-se intensas alterações no padrão de ocupação e uso do solo pela agricultura e pela pecuária. A população camponesa, secularmente alojada na região, enfrenta grandes problemas advindos da chegada de novos atores sociais, atrelados a outra lógica produtiva. O conflito estabelecido é de ordem fundiária, mas também deriva de maneiras de viver e se relacionar com o meio completamente distintas uma da outra. Palavras-chave: Oeste da Bahia. Agricultura. Mundialização. Populações Tradicionais. Conflitos. Introdução O “tradicional” – Formação histórica do campesinato no sertão do além São Francisco: os "beiradeiros" e "geraizeros" O Oeste da Bahia é historicamente conhecido desde os primeiros tempos da colonização

portuguesa no Brasil, datando ainda do final do século XVI. A corrida para as minas

descobertas no Alto São Francisco determinou o surgimento de vários núcleos de

povoamento em toda extensão do vale, constituídos em torno dos “currais” ao longo do

rio. Estes núcleos foram responsáveis pelo estabelecimento de ativos mercados de gado

e de produtos vegetais que serviram, posteriormente, como pontos de escoamento para

os principais centros urbanos do Nordeste da colônia. Até fins do século XVII, o gado

constituiu a base da riqueza regional. A miscigenação entre brancos, negros e indígenas,

assim como a relativa mobilidade espacial proveniente da busca por pastagens naturais,

assim como por metais preciosos, por férteis áreas para o estabelecimento de roçados ou

fugas de cativeiros (quilombolas), propiciou a ocupação de vasta hinterlândia ao oeste

do São Francisco, tendo como principais artérias de comunicação os rios Grande,

Corrente e Cariranha, seguindo-lhes, em menor proporção, os rios Preto, Correntina,

Formoso, das Fêmeas, Guará, Branco, de Janeiro, Arrojado, de Ondas, Galheirão,

Pratudão e do Meio. As explorações fluviais que adentraram o Rio São Francisco

2

levaram Francisco Garcia D’Ávila (Casa da Torre) a navegarem os principais afluentes

da margem esquerda do referido rio, fundando uma fazenda/latifúndio/sesmaria voltada

à criação de gado no lugar onde hoje se localiza o município de Barra – BA. Tal

atividade econômica evoluiu, originando um pequeno povoado subordinado à vila de

Cabrobó e capitania de Pernambuco. Localizado em posição estratégica, na confluência

dos rios São Francisco e Grande, desenvolveu-se, tornando-se o primeiro povoado a se

elevar a condição de Vila no oeste do São Francisco, passando a chamar-se São

Francisco das Chagas da Barra do Rio Grande do Sul, o que se deu através de Carta

Régia datada de 1752. Esta ficava então judicialmente vinculada à Bahia, apesar de

localizada em território teoricamente pertencente à Pernambuco.

O “Oeste” era então o limite entre as zonas atreladas à colônia e o sertão dominado

pelas nações indígenas, sua população rarefeita dispersava-se ainda mais quando se

dirigia rumo as nascentes desses rios, adentrando os “Gerais”, numa zona de tríplice

contato entre os biomas de Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica (Floresta Estacional). As

características naturais da região estimulavam uma ocupação territorial orientada aos

cursos d’água, fartas fontes de alimentos e importantes vias de acesso e comunicação.

As casas eram construídas próximas aos rios, o que possibilitava atividades agrícolas

voltadas ao auto-consumo através da abertura de roças de feijão, mandioca, milho e

cana-de-açúcar (pela técnica da coivara); o cultivo de frutíferas e hortaliças, além da

criação de animais como galinhas, porcos, cabras, cavalos, asnos e gado. A vegetação

nativa fornecia lenha para queimar, madeira para se construir, plantas medicinais para

diversas finalidades (barbatimão, copaíba, ingá, sucupira, catuaba, caroba, juá, mama-

cadela, assa-peixe, mutamba, imburana, etc.) e possibilitava a complementação

nutricional, fosse diretamente através de frutos (pequi, umbu, mangaba, araçá, gabiroba,

jatobá, cagaita, brejaúba, buriti, araticum, cajuzinho, cajá, macaúba, jenipapo, etc.), ou

indiretamente, favorecendo a manutenção da fauna, igualmente utilizada na

alimentação: mel de abelhas (principalmente da uruçú) e carne de animais, como tatus,

pacas, porcos-do-mato, antas, veados, emas, jacarés, etc. Geomorfologicamente, essa

extensa área comporta duas unidades fundantes: as chapadas e os fundos de vales. As

chapadas (Chapadões Ocidentais da Bahia) são conhecidas localmente como “Os

Gerais”. São terras planas, de altitude mais elevadas (variando entre ±1.000 e 600 m

acima do nível do mar), dotadas de Latossolos Amarelos e Neossolos Quartzarênicos,

ambos ácidos e de boa drenagem, onde predominam o embasamento de rochas

3

areníticas vinculadas ao aqüífero do Urucuia e fauna e flora típicos de cerrado. São

platôs ricos em biodiversidade e de fundamental importância como áreas de recarga do

lençol freático. Em meio à predominância de formações arbustivas relativamente

densas, destacam-se as veredas, baixadas onde brota água, formando um brejo de solo

escuro (hidromórfico), dotado de acúmulo de matéria orgânica de material coloidal

(argilas brancas - tabatingas) em suas camadas mais profundas. São formações fito-

paisagísticas dotadas de capim agreste e betonca, sendo ainda marcadas pela presença

dos buritizais, que lhe conferem importante papel enquanto áreas de pastagem naturais

tanto para as criações quanto para os animais silvestres.

Os fundos de vales, terras mais baixas que entalham as chapadas de leste para oeste

através da erosão fluvial, são conhecidas localmente como as “Terras de Matas” ou

“Terras de Cultura”, devido ao fato de ser onde se encontravam as variedade associados

ao bioma da Mata Atlântica (jatobá, oiti, aroeira, pindaíba, angico, cumaru, catolé,

murici, ubá, etc. ) e ser onde se dão os plantios de alimentos. Localizadas nas encostas e

partes baixas, próximas a cursos d’água, são as melhores terras para o cultivo, tanto pelo

relevo relativamente plano, quanto por sua fertilidade natural. Quanto mais estes fundos

de vales se localizam no parte oriental, em direção ao rio São Francisco, mais são

amplos e maior era o afluxo de embarcações de médio e grande porte, capazes de fazer

circular pessoas, mercadorias e informações naquele sertão distante. Localizados no

“Pediplano Sertanejo”, estas áreas se marcaram historicamente por abrigarem a maior

parte das famílias camponesas, muitas das quais vinculadas à criação de gado (Ciclo do

Couro), que se deslocavam para o interior em busca de novas terras para habitarem,

expandindo a fronteira demográfica da colônia. Ao se estabelecerem pertos desses

cursos d’água, garantiam abundância de pescados, terras férteis e alguma área para

estabelecerem pequenas pastagens: eram portanto, ao mesmo tempo, famílias

agricultoras, criadoras, pescadoras e caçadoras. Auto-identificaram-se pelos nomes de

“Beiradeiros” e de “Brejeiros”, justamente por se estabelecerem nas beiras dos rios e

ribeirões principais. Conforme seus rebanhos procriavam e as pastagens plantadas nas

proximidades dos rios, e, portanto, de suas próprias casas, tornavam-se insuficientes

para alimentar suas criações, esses posseiros soltavam os animais nos “Gerais” para que

esses se alimentassem livremente.

Historicamente utilizaram-se de uma prática associada à pecuária extensiva via o

pastoreio comunitário da vegetação natural, conhecida como criação por “Fundo de

4

Pasto” ou por “Fecho de Pasto”. Por esse sistema, os animais circulam livremente, “na

solta”, “na larga”, “retirados”, por terras não cercadas e de uso coletivo durante a

estação chuvosa, enquanto as áreas cercadas, localizadas próximas às moradias,

constituem-se em reservas forrageiras para quando retornar a estação seca. Na época das

águas, quando as pastagens artificiais (pastos ou mangas) florescem e a vegetação

nativa está mais exuberante, os animais são soltos (levanta-se a cerca/arriba ou pisa o

arame) para buscarem seu próprio sustento enquanto o capim semeia e se renova.

Nessas ocasiões, os Gerais tornam-se fonte de farta nutrição aos animais, que já

conhecedores desse ecossistema sabem selecionar as plantas comestíveis, dirigirem-se

aos lambedouros de sal naturais, evitarem atoleiros nas veredas. As vacas mais velhas,

geralmente as que já deram 10-12 crias, carregam consigo, além do conhecimento

empírico do terreno, um polaco/badalo, que serve de guia para as demais reses,

facilitando também a localização do rebanho. Trata-se de um tipo bovino sem raça

definida, popularmente chamado de “pé-duro”, bem adaptado as condições regionais. Mais que uma propriedade coletiva, [o Fundo de Pasto] corresponde a uma ausência de propriedade e a um direito de uso generalizado entre os membros de uma mesma comunidade. Esta generalização do acesso aos recursos de um território de forma gratuita e inalienável para aqueles que a ele são ligados, por nascimento ou por aliança, constitui uma das principais bases dos sistemas de reciprocidade rural¹.

Assim como a terra, também a água é compartilhada de forma humanitária e justa. O

interesse em manter em boas condições as nascentes e os leitos d’água são uma

responsabilidade coletiva, uma vez que todos se beneficiarão das mesmas condições. É

comum na região a realização de mutirões para a abertura de valas, por onde a água fará

um desvio de seu curso natural, formando pequenos canais artificiais, que atendem às

diversas necessidades das famílias residentes no trajeto onde ele é escavado. Permitem

aguadas aos bois e às lavouras, facilitando ainda sua captação para o consumo humano

(beber e cozinhar) e a realização das atividades de se banhar e lavar roupa e louça.

Essa oposição está em consonância com o uso que as famílias dão para “os Gerais” e

para as “Terras de Cultivo”: as primeiras são usadas como espaços de estoques de bens

da natureza e de caráter comum: plantas medicinais, fibras, pastagens, lenha e água; a

segunda delimita os espaços do trabalho familiar: roça, terreiro, horta, pomar, estes de

uso mais privativo, restrito à família. Igualmente o conhecimento é socializado entre os

membros da comunidade, posto a serviço do interesse coletivo e do bem estar geral. O

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papel de “Mateiros” e “Raizeiros” é, nesse sentido, crucial. São eles que indicam onde

há concentração de plantas reconhecidamente usadas como “remédios”, quais suas

indicações, as épocas do ano ou horários do dia mais recomendados para coletá-los;

quais as madeiras mais apropriadas para se confeccionar cada um dos artefatos e

instrumentos necessários à reprodução da vida cotidiana. Como as demais “populações

tradicionais”, os Beiradeiros e os Brejeiros transmitem sua sabedoria através das

sucessivas gerações através da vivência, via relações familiares e sociais. Aprende-se

pela prática, na medida em que os jovens acompanham os adultos em determinadas

atividades, assim como pelos ensinamentos, transmitidos oralmente pelos anciões mais

velhos. Enfim, este mundo camponês cria e recria estilos, formas e sistemas próprios de saber, de viver e de fazer, de reproduzir frações da vida, da sua ordem social e da reprodução da vida camponesa. Para cada tipo de atividade do ciclo rural, há um repertório próprio de conhecimentos, cuja rusticidade apenas esconde segredos e saberes de uma grande complexidade².

Figura1 : Aspecto da paisagem sertaneja: nas margens da água fixa-se a população, que ai cultiva suas roças. No plano intermediário localizam-se os pastos, e ao fundo os Gerais, onde o gado passa a estação de chuva se alimentando do cerrado.³

Foto do Autor. O “novo” – A invasão promovida pela agricultura tecnológica de caráter multinacional O que chamamos aqui por “novo” é, basicamente, a expansão da fronteira de

“territorialização” do agronegócio globalizado no campo brasileiro, e os impactos

provocados pela destruição/reorganização sócio-espacial desse fenômeno no oeste

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baiano. As décadas de 1990 e 2000 converteram a região num eixo de expansão do

cultivo de pinus, soja, algodão, milho e da criação de gado e suínos sob o signo da

modernização e da geração valor. A agricultura científica globalizada tem por referência

a produção voltada à escala planetária e sendo articulada por redes agroindustriais

transnacionais, dá-se pela intensificação do uso do tempo, do espaço, dos recursos

naturais e dos recursos humanos disponíveis para apropriação. Estabelece uma “ordem

temporal” e uma “ordem espacial” voltadas “para atribuir maior produtividade

econômica [...] às ações e ao espaço”4 através do fortalecimento do meio técnico-

científico-infomacional 5. Esse capitalismo tecnológico agrícola teve início no Oeste

Baiano após a década de 1990, fazendo com que ao longo dos último 20 anos se

aumentasse enormemente o número de “próteses artificiais” sobre o meio físico, se

elevasse o montante de capital fixo sobre a terra, dotando-a de uma finalidade específica

para a economia-mundo, convertendo-a em “superfícies mercadológicas

especializadas”, tornando-a mais fluida e dependente de trocas externas. O motor dessa

brusca “transformação dos territórios nacionais em espaços nacionais da economia

internacional”6 é a ambição predatória do capital produtivo e, sobretudo, do

especulativo.

Essa nova composição orgânica do território não nos permite mais pensar o Brasil pela

tradicional cisão entre Rural e Urbano. No campo modernizado, os hábitos urbanos são

comuns na área rural, assim como costumes e práticas do campo podem ser facilmente

encontrados deslocados para as cidades. “A agroindústria provocou a urbanização do

mundo rural”; passou-se cada vez mais “a consumir a produção material e espiritual do

mundo urbano: do programa de televisão à pílula anticoncepcional”7. Isto ocorreu pari

passu à migração de hábitos campesinos para o meio urbano, em função do grande

êxodo rural.8 Por isso nos parece mais propício pensarmos na dicotomia existente entre

um Brasil agrícola e um Brasil urbano, intimamente interligados por circuitos . “Hoje,

as regiões agrícolas (e não rurais) contêm cidades; e as cidades contêm atividades

rurais”9. As regiões agrícolas modernas do país contêm núcleos urbanos (cidades)

criadas/adaptados às suas demandas, sendo nestas “o campo que comanda a vida

econômica e social do sistema urbano”10 Surge um novo espaço regional onde a

racionalidade e a funcionalidade do campo e das cidades são intimamente co-

dependentes. O campo abriga a produção e a cidade lhe dá o suporte necessário - recebe

lojas de insumos e de auto-peças agrícolas, aloja a mão-de-obra migrante ou expulsa

7

pela modernização do campo, hospeda investidores, representantes comerciais, técnicos,

agrônomos, operários, etc.). Trata-se de um campo que contém cidades, justamente as

chamadas “cidades do agronegócio” (ELIAS, 2006).

Num plano de abordagem espacial um pouco mais amplo, temos que o Oeste Baiano se

insere numa área maior, chamada de “MAPITOBA”, representante do “novo

Nordeste”11. "Essa região ficou adormecida tempo demais. Hoje, cresce em progressão

geométrica"12. "Há propriedades muito boas por lá. Estamos sempre de olho em

oportunidades de investimento".13 A região entrou na mira de investidores por reunir diversas vantagens. É uma das áreas com maior disponibilidade de terras do país - estima-se que o estoque disponível para novos cultivos seja de 3 milhões de hectares ... Apesar da alta procura nos últimos três anos, que já fez dobrar o valor da terra nos melhores locais, a média de preços ainda é 40% inferior à do cerrado do Centro-Oeste. Os investidores estrangeiros preferem o Mapitoba também por estar fora do foco dos ambientalistas. Ali, a obrigação de preservação ambiental é de 35% da propriedade, enquanto no norte de Mato Grosso (considerado parte do bioma Amazônia) é de 80%. A logística é outro ponto-chave. Boa parte da região é servida pela ferrovia Norte-Sul, operada pela Vale. Seus trilhos transportam soja até o porto maranhense de Itaqui para ser exportada. Essa saída está seis dias a menos de navegação da Europa do que o porto de Paranaguá, no Paraná, de onde é embarcada a maior parte da soja produzida em Mato Grosso. A combinação entre terras mais baratas e custo logístico inferior gera uma rentabilidade que pode chegar a 8% ao ano - o dobro de áreas tradicionais de cerrado, segundo cálculos da consultoria AgraFNP.14

Essa porção do território mundial que ora estudamos se vende tirando proveito de uma

série de vantagens comparativas (naturais e/ou construídas), que a tornam atraente aos

capitais. Aqui o capitalismo pode fundir técnicas, condutas e maquinários os mais

modernos existentes no planeta, com fatores locais que nos remetem ao período colonial

de nossa economia “nacional”: a manutenção do viés monocultor e agro-exportador de

matérias-primas, a expropriação-apropriação das terras feitas por métodos violentos e o

uso predatório e indiscriminado do meio natural são exemplos disso. A sobrevivência do capitalismo é atribuída à capacidade constante de acumulação pelos meios mais fáceis. O caminho da acumulação capitalista seguirá por onde a resistência for mais fraca.15

Essa “febre de mais de 40 graus” pela qual o agronegócio e a especulação fundiária

passam na região Oeste da Bahia têm um histórico e um itinerário de implantação, sua

origem remontando à década de 1960. Essa década pode ser tomada como marco para a

história recente da região, pois foi quando se fundou a nova capital nacional, Brasília,

8

almejando, entre outras coisas, promover a “interiorização do desenvolvimento” no

país. A nova capital, construída em pleno cerradão do planalto central, dinamizou a

ocupação sócio-econômica do território brasileiro, sendo a ela associada a construção de

uma série de novas rodovias federais de longas distâncias, conectando as capitais do

Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, ampliando o papel das cidades-médias

existentes ao longo de seus trajetos.

Nesse contexto, na virada para a década de 1970 o governo federal transfere para

Barreiras o 4º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção do Ministério do Exército)

que inicia a construção das rodovias BR-020 (Barreiras-Brasília) e BR-242 (Barreiras-

Salvador). Até então essa região capitaneada pela cidade de Barreiras era historicamente

conhecida como parte do “Sertão do São Francisco”, ou ainda como o “Além São

Francisco”. A partir desse momento começa a ser identificada mais por suas

características próprias e endógenas, relegando a segundo plano nomenclaturas

regionais subordinadas a outras áreas. Aos poucos começa a tomar identidade própria,

até firmar-se como “o Oeste”. Na década de 1970, a Companhia de Desenvolvimento do

Vale do São Francisco (CODEVASF) implantou projetos de colonização e irrigação na

região, destacando-se os perímetros irrigados de Barreiras e São Desidério. Do ponto de

vista da produção agro-pecuária, seu resultado foi modesto. No entanto, decorrente

desse projeto, deu-se o estabelecimento de diversos fazendeiros advindos de fora da

região, sobretudo da “Zona Cacaueira” da Bahia e do estado de Pernambuco, que com

o apoio de tais políticas e dos financiamentos públicos (FINOR- Banco do Nordeste e

SUDENE), estabeleceram na região um sistema de posse calcado na corrupção dos

cartórios e na atuação dos jagunços, “amaciando” a terra para possibilitar o processo de

grilagem sistemática que se desenrolaria nas três décadas seguintes. Não se tornaram

produtores agrícolas, mas sim produtores de propriedades agrícolas, o que reforçava o

caráter especulativo de tal medida governamental. Quanto ao plano técnico, a

agricultura comercial no cerrado foi amplamente beneficiada pela criação, por parte da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), no ano de 1975, do Centro

de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC, atual Embrapa Cerrados).

Na década de 1980, o PRODECER II (1985-1993)16 teve relevante papel na atração de

colonos sulistas para áreas localizadas no Oeste da Bahia, que eram cultivadas em

propriedades de médio porte sob a forma de cooperativas. Os agricultores “que fizeram

parte da ‘aventura’ [...] considerados pioneiros, nos espaços de cerrados, em precária

9

situação de vida”17, responsáveis pelas primeiras experiências vinculadas à abertura,

limpeza, correção e fertilização de solos nessa região, não lograram de sucesso absoluto,

porém cumpririam o histórico papel de “descortinar” a região para os olhos sulistas. As

lavouras que com relativo êxito foram introduzidas foram as de pinus-eucalipto e de

soja. A política estadual passa a repensar sua forma de atuação na região, criando, no

início da década de 1980, o Programa de Ocupação Econômica do Oeste. Reconhecia o

governo, ao lançar tal programa, que essa região, representando mais de um terço do território do Estado e apesar de sua posição reconhecidamente estratégica e notáveis potencialidades produtivas, permanecia como um imenso vazio, isolado, esquecido, desaproveitado, [sendo, portanto, necessária a criação por parte do Estado de] mecanismos e instrumentos para apoiar os verdadeiros empresários18

Em 1987 tem início o Programa de Desenvolvimento Econômico e Social do Oeste

Baiano, projeto idealizado pelo governo estadual, cujo objetivo principal era conceder

incentivos de “acesso” a terra e a créditos “facilitados” através de uma parceria com a

Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), que subsidiava o

custeio da produção.19 Diante desse novo contexto Foram as alianças que ocorreram entre, de um lado, representantes do aparelho de Estado e grandes grupos econômicos nacionais, e, do outro, figuras tradicionais do poder local, como antigos coronéis e grileiros, que obrigaram os pequenos produtores, posseiros e até grandes proprietários de terras de origem regional a disponibilizar a venda de suas propriedades nas áreas de cerrados aos grupos econômicos que se apresentavam.20

Com isso, as décadas de 1980 e 1990 presenciariam intensa transformação sócio-

espacial no Oeste Baiano. Concomitantemente a que chegavam os “forasteiros” - que

aqui, de maneira inédita em nossa história, afluíam do Oeste (geográfico) para o Leste

(geográfico, no sentido Tocantins-São Francisco, ou seja, interior-litoral, ou ainda, alto

da Serra Geral-Depressão Sertaneja) – se impunham a devastação do cerrado e a

implantação de um novo modelo rural, baseado na agricultura produtivista. As cartas de

uso-do-solo na região Oeste da Bahia, referentes às datas 1985 e 2000, apresentadas a

seguir, nos dão uma clara visibilidade da velocidade com que a “Agropecuária

Moderna” dominou vasta extensão de terras:

10

Figura 2: Oeste da Bahia, carta de uso-do-solo de 1985 21

Figura 3: Oeste da Bahia, carta de uso-do-solo de 2000 22

A atratividade de novos habitantes para o “novo Oeste” foi bastante seletiva,

predominando grandes capitalistas agrários, demais empreendedores rurais e urbanos,

assim como uma gama de profissionais liberais atrelados ou não às atividades do

agronegócio – de agrimensor a pedreiro, passando por professor e pizzaiolo. Segundo os

dados do IBGE, a região Oeste Baiana recebeu, entre 1995-2000, 15.642 imigrantes

inter-estaduais, e no mesmo período “expulsou” 31.774 emigrantes.23 Barreiras foi a

terceira cidade que mais atraiu migrantes em toda Bahia (8.248 pessoas) 24, sendo

muitos dos quais de origem “sulista”. Exemplo foi o fazendeiro Walter Horita um dos

11

“pioneiros” e a quem se chama popularmente em Barreiras e região como “rei da soja”.

Chegou à região em 1984, quando trocou 400 hectares de soja no Paraná por uma área

que hoje chega a 40 mil hectares no Oeste Baiano: Naquele tempo, comprar terra era muito barato. Em valores atualizados, eu diria que paguei algo em torno de R$ 50 por hectare. Hoje o hectare vale R$ 10 mil. São 200 vezes mais25

Outro exemplo emblemático é o do casal Jusmari e Oziel Oliveira. Ambos paranaenses,

ela natural de Pérola do Oeste e ele de Itaguaje, mudaram-se jovens para o Oeste, onde

fizeram carreira na política. Ela, agricultora, comerciante e educadora, além de ser

membro do Conselho de Honra da Associação dos Produtores de Café da Bahia, foi ainda

condecorada três vezes com o prêmio “Soja de Ouro” (1997, 1998 e 1999). Ele, “com a

grande procura de terras por agricultores de todo o Brasil e do exterior, passou a prestar

assessoria de intermediação entre o comprador e o vendedor, atividades estas que

possibilitaram ao casal rápido crescimento patrimonial.” 26 Ela, em 1999, já cumprindo o

seu segundo mandato enquanto Deputada Estadual pelo PFL, participou decisivamente da

elaboração do projeto de emancipação do então distrito de Mimoso do Oeste, que em

30/03/2000 se converteria no município de Luis Eduardo Magalhães. 27 Ele, após tal

desmembramento, tornou-se o primeiro prefeito do “primeiro município gaúcho” da

Bahia, cargo para o qual foi em seguida reeleito. No momento, ela é prefeita de Barreiras,

após reaver seu direito de mandato, que havia sido cassado por “captação ilícita de votos”

e “abuso de poder econômico” durante a campanha eleitoral ocorrida em 2008. 28 Ele foi

eleito Deputado Federal, após conseguir obter o status de “Ficha Limpa”, mesmo tendo

tido que recorrer à liminares para se manter no cargo de prefeito de LEM, quando o

número de processos contra sua administração no TSE foi superior a 40.29

12

Figura 4: Propaganda política: eleição 2010 30

Conclusão Após apresentarmos as diferenças envolvendo os dois processos demográficos e

econômicos de ocupação do espaço pelo qual o Oeste da Bahia passou, cabe falar dos

conflitos atualmente existentes entre ambos.

Entre os principais impactos da reorganização sócio-espacial provocada pela migração

sulista, seguida pela internacionalização do processo produtivo agrícola na região, cinco

são de caráter estrutural: o conflito pela posse da terra, o conflito pelo uso da água, o

atrito geo-político existente entre interesses “tradicionais” e “novos”, a ampliação das

desigualdades sócio-econômicas entre indivíduos e entre municípios e, por fim, a

degradação do meio ambiente.

Os conflitos relacionados a posse da terra tiveram início com o estabelecimento da

grilagem sistemática, iniciado na década de 1970 e intensificado nos anos 1980, 1990 e

2000. Essa prática fraudulenta converteu diversas terras públicas devolutas, porém de

uso coletivo, extensivo e sazonal, assim como terras claramente habitadas, de cultivo e

moradia camponesa, em mercadorias a serviço da acumulação e do grande capital.

Comprar importantes recursos hídricos converteu-se em estratégia futura para

incorporadores de origem dos mais variados países: Argentina, Estados Unidos,

13

Alemanha, Japão, China, Israel, etc. Para os nacionais, investir na compra de uma terra

(ou melhor, do título de uma propriedade agrícola, existente ou não, explorada ou não) é

muitas vezes visto como uma maneira de se ampliar o patrimônio e ao mesmo tempo

angariar um financiamento (público ou privado) para ser utilizado para qualquer outra

finalidade tida como mais prioritária que fazer a propriedade produzir. Muitos desses

grandes fazendeiros que exploram as terras da região o fazem beneficiando-se de

técnicas de irrigação, não poupando esse recurso para ampliarem “seu lucro a qualquer

custo”. Com isso estabelece-se outra modalidade séria de conflito na região, a do uso

pela água. Até recentemente abundante na região devido a preservação da vegetação

nativa sobre as áreas de recarga do Aqüífero Urucuia, esta já dá claros sinais de

esgotamento, havendo casos de sua falta até mesmo para a realização de atividades

elementares, como o consumo humano doméstico. No entanto, como as fazendas se

estabeleceram no alto da chapada, na zona das cabeceiras, a montante das numerosas

ocupações humanas tradicionais, para a irrigação a água ainda é farta. De acordo com

dados fornecidos pela AIBA (Associação dos Agricultores Irrigantes da Bahia), existe

atualmente cerca de 550 pivôs centrais instalados na região, e a área irrigada atinge

aproximadamente 100 mil hectares.

Mas não apenas à irrigação se deve a falta de água vivenciada atualmente pela

população, sobretudo pelas camadas mais pobres dessa, como também ao

desmatamento. A própria legislação ambiental do país, ao estabelecer o patamar de 20%

da área como Reserva Legal a ser preservada, além da APP, faz com que, na prática, a

maioria das terras exploradas pelo agronegócio na região (exceção se faz justamente às

irrigadas), fiquem seis meses por ano em solo nu, ou seja, exposto diretamente à

irradiação solar. Com isso o ressecamento se amplia. Além do mais, como a queimada

persiste (ao lado do correntão) como técnica de desmate, o ar se resseca ainda mais com

a fuligem e a fumaça, dificultando a formação de vapor nas camadas atmosféricas,

minguando o já limitado volume de precipitação natural, e prejudicando a saúde geral

da população. É ainda importante destacar que, de acordo com o MMA/IBAMA/PNUD,

dentre todos os municípios inseridos no bioma do Cerrado, os três “campeões” de

desmatamento entre 2002 e 2008 foram Formosa do Rio Preto, São Desidério e

Correntina, todos localizados no Oeste da Bahia, totalizando para os três municípios

mais de 460.000 hectares desmatados nesse curto intervalo de apenas seis anos.31

14

A disparidade sócio-econômica tornou-se outro aspecto gritante na região, pois ao

mesmo tempo em que grandes investidores aportavam na área, sobrevoando em jatinhos

e comprando milhares de hectares terras, que por vezes nunca pisarão, criou-se um mito

do “eldorado da soja”, que atraiu muitos nordestinos, sobremaneira baianos da região

de Irecê, na busca de serviços pouco qualificados. Para se ter uma idéia da proporção

alcançada pela desigualdade social e territorial, em Luís Eduardo Magalhães, a renda

mensal da maioria das famílias da cidade não chega a dois salários mínimos, no entanto,

o PIB per capita do município é superior a R$ 50.000. Somadas, as economias de

Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério respondem por mais de 60 % do

PIB da região Oeste. As cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, detentoras dos

mais intensos ritmos de crescimento populacional na região, experimentam o amargo

gosto da proliferação de bairros desprovidos das condições mais elementares de

urbanização: esgoto e água tratados, escolas, postos médicos, etc. LEM, por exemplo,

possui um bairro que, devido ao alto índice de violência existente, foi batizado por seus

moradores de “Iraque”.

Por fim, destacamos que há um projeto tramitando no Senado que visa criar um novo

Estado na região, o Estado do São Francisco. Para tanto, já contam, com o apoio de

entidades conservadoras, tais como o Rotary Club, as Lojas Maçônicas, a Fundação

Geraldo Rocha e alguns setores da Igreja Católica. Seu slogan é o chavão de origem

norte-americana “Sim, nós podemos”. Caso isso venha a se concretizar, será mais uma

vitória dos interesses do agronegócio, que além de deter o poder econômico, ampliará

também seu poder político na região.

Notas

1.CARON, SABOURIN e SILVA, 1997, p.8. 2.BRANDÃO, 1986, p.15. 3. Foto: Mateus Sampaio, 2010. 4.SANTOS, 1994, p.167. 5.SANTOS 1975, 1989, 1993 e 2002 b. 6.SANTOS, 1993, p.147. 7.IANNI, 2004, p. 63. 8.Êxodo rural ou Expropriação pela Violência? – Qual terminologia seria mais apropriada para fazer

referência ao processo de cercamento das terras por grileiros e pistoleiros? 9.SANTOS, 2002 a, pp. 73-74. 10.SANTOS, 2002 a, p. 76. 11.HAESBAERT, 1996, p.382. 12.Avaliação de João Comério, diretor da unidade florestal da Suzano Papel e Celulose, que atualmente

está implementando 35.000 hectares de eucaliptais no sul do Maranhão. 13.Afirma Harald Brunckhorst, diretor da Calyxagro, sociedade formada em 2007 pelo grupo francês

Louis Dreyfus e a seguradora norte-americana AIG . Já possuem duas fazendas que totalizam 19.600 hectares no Oeste Baiano, e seguem buscando terras para novas expansões.

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14.Revista Exame. O sertão agora é assim. Abril. Edição n 0947, 15/07/2009. 15.HARVEY, 2005, p. 71. 16.O PRODECER é o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados,

idealizado em 1974. Tendo sido seu coordenador político-institucional o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, tal projeto foi financiado pelos Governos do Brasil, do Japão (JICA/OECF) e por bancos privados japoneses. Sua execução foi de responsabilidade da Companhia de Promoção Agrícola - CAMPO, empresa de capital binacional criada para este fim, da qual 51% das ações pertenciam à brasileira BRASAGRO e 49% à japonesa JADECO. Sua segunda fase (PRODECER II) iniciou-se em 1985 e abrangeu, no estado da Bahia, 31.430 mil hectares, acumulando investimentos japoneses da ordem de US$ 67 milhões. Fonte: MOROUELLI, 2003, p. .

17.SANTOS, 2008, p. 104. 18.BAHIA, 1980, p. 7, apud. SANTOS, 2008. P. 91. 19.1RIOS FILHO e SANTOS FILHO, 2008, P. 5. 20.SANTOS, 2008. P. 91. 21.BATISTELLA, GUIMARÃES, MIRANDA, VIEIRA, VALLADARES, MANGABEIRA E ASSIS,

2002, pp. 26-27. 22.BATISTELLA, GUIMARÃES, MIRANDA, VIEIRA, VALLADARES, MANGABEIRA E ASSIS,

2002, pp. 26-27. 23.MONDARDO, 2010, p. 281. 24.DALL’ACQUA, 2007 p. 81. As duas primeiras foram: Salvador (36.714 pessoas), Juazeiro (10.861

pessoas). 25.Horita apud. MONDARDO, 2010, p. 270. 26.http://ozieloliveira.org/site/ , acesso realizado em 30/10/2010. 27.Um dia antes da “comemoração” do 36º aniversário da “Revolução de 64”. O nome dado a cidade

prestava homenagem ao filho de ACM, político a quem Jusmari era alinhada. Hoje ela mudou de partido para o PR, e está aliada ao governo do PT, através de uma coligação com o governador Jaques Wagner.

28.http://correio24horas.globo.com/noticias/noticia.asp?codigo=26556&mdl=50 , acesso realizado em 30/10/2010.

29.http://www.classealem.com.br/index.php?opcao=1b&id=4370 , acesso realizado em 30/10/2010. 30.Fonte: googleimages, acesso realizado em 27/10/2010. 31.http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/cerrado/Relatorio%20tecnico_Monitoramento%20Desmate

_Bioma%20Cerrado_CSR_REV.pdf , acesso realizado em 27/10/2010.

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