odontologia e sociedade - faculdade de odontologia · trabalho que, se corrigido ......

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Ida T. P. Calvielli Universidade de São Paulo Andrés José Tumang Universidade Estadual de Maringá Dalton Luiz de Paula Ramos Universidade de São Paulo Eduardo Daruge Universidade Estadual de Campinas Genival Veloso de França Universidade Federal de Paraíba Ida Tecla Prellwitz Calvielli Universidade de São Paulo José Roberto Magalhães Bastos Universidade de São Paulo Marcos de Almeida Universidade Federal de São Paulo Nemre Adas Saliba Universidade Estadual Paulista Paulo Capel Narvai Universidade de São Paulo COMISSÃO EDITORIAL Editor Científico Moacyr da Silva Universidade de São Paulo Editores Associados Maria Ercilia de Araújo Universidade de São Paulo Conselheiros Antonio Bento de Moraes Universidade Estadual de Campinas Edgard Crosato Universidade de São Paulo Esther Goldenberg Birman Universidade de São Paulo Hermínio Alberto Marques Porto Pontifícia Universidade Católica S.P. João Humberto Antoniazzi Universidade de São Paulo Luiz Jean Laund Universidade de São Paulo Marcos Mazzeto Universidade de São Paulo Nilce Emy Tomita Universidade de São Paulo Regina Maria Gifonni Marsiglia Santa Casa de São Paulo Rodolfo Francisco Haltenhoff Melani Universidade de São Paulo Rogério Nogueira Oliveira Universidade de São Paulo Odontologia e Sociedade Carlos Botazzo Instituto de Saúde Secretaria de Estado da Saúde Edmir Matson Universidade de São Paulo Fermim Roland Schramm Escola Nacional de Saúde Pública / Fundação Oswaldo Cruz Hilda Ferreira Cardozo Universidade de São Paulo Jorge Souza Lima Inst. Médico Legal de Belo Hori- zonte Marco Segre Universidade de São Paulo Mendel Ambrowicz Universidade de São Paulo Paulo Antonio de Carvalho Fortes Universidade de São Paulo Roberto Augusto C. Fernandez Universidade de São Paulo

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Page 1: Odontologia e Sociedade - Faculdade de Odontologia · trabalho que, se corrigido ... consideraÇÕes sobre os aspectos Éticos envolvidos no ... a compreensÃo dos pesquisadores da

Ida T. P. CalvielliUniversidade de São Paulo

Andrés José TumangUniversidade Estadual de Maringá

Dalton Luiz de Paula RamosUniversidade de São Paulo

Eduardo DarugeUniversidade Estadual de Campinas

Genival Veloso de FrançaUniversidade Federal de Paraíba

Ida Tecla Prellwitz CalvielliUniversidade de São Paulo

José Roberto Magalhães BastosUniversidade de São Paulo

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Paulo Capel NarvaiUniversidade de São Paulo

COMISSÃO EDITORIAL

Editor Científico

Moacyr da SilvaUniversidade de São Paulo

Editores Associados

Maria Ercilia de AraújoUniversidade de São Paulo

Conselheiros

Antonio Bento de MoraesUniversidade Estadual de Campinas

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Odontologia e Sociedade

Carlos BotazzoInstituto de Saúde

Secretaria de Estado da Saúde

Edmir MatsonUniversidade de São Paulo

Fermim Roland SchrammEscola Nacional de Saúde Pública /

Fundação Oswaldo Cruz

Hilda Ferreira CardozoUniversidade de São Paulo

Jorge Souza LimaInst. Médico Legal de Belo Hori-

zonte

Marco SegreUniversidade de São Paulo

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Roberto Augusto C. FernandezUniversidade de São Paulo

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Odontologia e Sociedade- Vol.4, no.2 (2002). São Paulo: Departamento de Odon-tologia Social da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo,

2002

SemestralISSN 1516-9480

1- Odontologia social- Brasil- Periódicos. I. Universidade deSão Paulo. Faculdade de Odontologia. Departamento de Odon-tologia Social.

Dados internacionais de Catalogação-na-fonte (CIP)Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

CDU 616.314-084 (81) (05)

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Ainda que lentamente, a Revista Odontologia e Sociedade vem confirmando o

seu propósito inicial de tornar-se o veículo de divulgação de trabalhos da gran-

de área denominada Odontologia Social. Se é verdade que esse objetivo vem

sendo alcançado com a superação de inúmeros obstáculos, também é verdade que o reco-

nhecimento da importância de sua existência para todos os que militam na área tem se

traduzido pelo recebimento de um número cada vez mais expressivo de trabalhos enviados

para publicação. O reconhecimento da sua qualidade dependerá, por sua vez, da qualidade

dos trabalhos publicados e é por essa razão que conclamamos os nossos colaboradores a

produzirem e enviarem trabalhos que signifiquem instrumentos adequados para atingir a

nossa outra meta, que é a de vermos a nossa Revista conquistar uma qualificação neces-

sária aos objetivos propostos. A Revista Odontologia e Sociedade deverá representar a

realização coletiva de todos os que entendem que a Odontologia Social deve alcançar o

lugar que merece na Odontologia e isso só será possível com o esforço de cada um de nós.

Até o próximo número!

Profª Drª Ida T. P. Calvielli

Editora Associada

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Odontologia e SociedadeInstruções aos Autores

Odontologia e Sociedade destina-se à divulgação de artigos originais que contribuam para o estudo e o desenvolvi-mento da Odontologia Social, Odontologia Legal, Bioética, Deontologia, Orientação Profissional e áreas afins.

Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções:

Artigo: revisão crítica sobre temas pertinentes às áreas de abrangência ou resultado de pesquisa de natureza empírica,experimental ou conceitual (máximo 14 páginas de texto).

Opinião: parecer qualificado sobre tópico de interesse, a convite do Editor.Nota Prévia: relato de resultados parciais ou preliminares de pesquisa (máximo: 2.000 caracteres).Resenha: apresentação crítica de livro relacionado ao campo temático da Revista, publicado recentemente e revisão de

redes de comunicação “on-line” de interesse.Tese: resumo de tese ou dissertação de interesse, defendida no último ano (máximo 500 palavras).Carta: crítica a artigo publicado em fascículo anterior da Revista ou nota curta, relatando observações de campo ou

laboratório (máximo 1.000 caracteres).Documentos: fotos, textos e outros documentos de interesse para a história da Odontologia no Brasil.Apresentação dos originais: Serão aceitas contribuições em português ou inglês. Os originais devem ser apresentados

em 3 vias impressas e em um arquivo digital preparado no software “Word for Windows”, identificado com o título dotrabalho e nome do autor. Devem ser seguidas as configurações: papel A4; margens superior, inferior, direita e esquerda: 2,5cm; tipo de fonte: arial; tamanho de fonte: 12; alinhamento do texto: justificado; espaçamento entre linhas: 1,5 linhas;numerar as páginas. Enviar com uma página de rosto, na qual constará o título completo do artigo, nome(s) do(s) autor(es)e de sua(s) respectiva(s) instituição(ões), assim como o endereço para correspondência (inclusive e-mail). Por motivo deisenção no trabalho da comissão de avaliação, repetir o título do trabalho na segunda página. Fotos: não mande fotosdigitalizadas em seu arquivo de texto. Anexe os originais, em papel fotográfico, ao seu artigo. Fotos cujos originais estejamimpressos em jato de tinta ou laser não serão aceitas para publicação. Quadros, tabelas e gráficos devem ser anexados aofinal do texto, devidamente identificados. Estudos realizados in vivo devem ser acompanhados de aprovação por escrito daComissão de Ética do estabelecimento onde foram realizados.

Resumo e descritores: Artigos, Opinião e Nota Prévia deverão conter título, resumo e descritores (máximo 200 palavras)em português e em inglês.

Citações: No texto, citar sobrenomes do autor e ano de publicação, como em Diamond (1997) ou Bailey and Gatrell(1995). No caso de citações com mais de dois autores, somente o sobrenome do primeiro deverá aparecer, seguido de et al.

Referências bibliográficas: As referências citadas deverão ser numeradas ao final do artigo, em ordem alfabética, deacordo com o sobrenome do primeiro autor. Deverão ser adotadas as normas definidas pelo “Grupo de Vancouver” (Inter-national Comittee of Medical Journals Editours) publicadas em português na Revista de Saúde Pública 1999; 33(1):6-15.Exemplos:

Artigo : Grembowski D, Milgron P, Fiset L. Dental decision making and variations dentist service rates. Soc. Sc. Med.1991; 32: 287-94.

Livro: Bailey TC, Gatrell, AC. Interactive Spatial Data Analysis. Essex: Longman; 1995.Tese: Gonçalves ACS. Estimativa da idade em crianças baseada nos estágios de mineralização dos dentes permanen-

tes, com finalidade odontolegal. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da Universidade de SãoPaulo; 1998.

Capítulo de livro: Diamond I. Population conunts in small areas. In: Elliott P, Cuzick J, English D, Stern R. Geographical& Environmental Epidemiology. Oxford: World Health Organization/Oxford University Press; 1997. p.96-105.

Etapas de avaliação: Os originais serão previamente avaliados pelo corpo editorial quanto à compatibilidade com a linhaeditorial da Revista, seguida da verificação quanto à formatação exigida. O não cumprimento implicará em devolução dotrabalho que, se corrigido, poderá ser novamente remetido para apreciação. Os originais serão encaminhados para relatorese o parecer final poderá ser desfavorável, favorável com correção ou favorável. O autor receberá um ofício com o resultadodo julgamento.

Endereço para correspondência: Departamento de Odontologia Social. Revista Odontologia e Sociedade. Faculdade deOdontologia da USP. Av. Prof. Lineu Prestes, 2227 – CEP: 05508-900 – São Paulo – SP, Brasil.

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ÍndiceArtigos

A INTERFERÊNCIA DO ÓLEO DE AMÊNDOA NA ADERÊNCIA DA PLACA BACTERIANA DENTÁRIA - José Roberto deMagalhães Bastos, Daniele Balestra Lunardi, Soraia Ushirobira do Prado, Roosevelt da Silva Bastos, Marília Afonso Rabelo Buzalaf ................................................... 7

AULAS TEÓRICAS DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNAERPUMA AVALIAÇÃO POR ALUNOS DO TERCEIRO E QUARTO ANOS -Emilio Carlos Sponchiado Júnior, Danilo Alessandro de Oliveira, Tabajara Sabbag Fonseca, Manoel D. Sousa - Neto,Lisete D. Ribas Casagrande .............................................................................................................................................................................................................................. 13

PERSPECTIVAS DE EXERCÍCIO PROFISSIONAL ENTRE CALOUROS E FORMANDOS DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA, PARANÁ - Beatriz Liliane Meinicke, Denise de Fátima Tomacheski,Cristina Berger Fadel, Márcia Helena Baldani ................................................................................................................................................................................................. 18

SAÚDE BUCAL EM PIRACICABA (SP) SEGUNDO OS CRITÉRIOS ATUAIS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - Maria da Luz Rosáriode Sousa, Silvia Cypriano, Lilian Berta Rihs, Ronaldo S. Wada .................................................................................................................................................................... 24

INFLUÊNCIA DA RAÇA DO PACIENTE NA DECISÃO DOS DENTISTAS EM EXTRAIR OU CONSERVAR UM DENTE EXTENSAMENTE

CARIADO Etenildo Dantas Cabral, Arnaldo de França Caldas Jr..................................................................................................................................................................................31

ResumosEXPECTATIVAS COM RELAÇÃO AOS RESULTADOS ESTÉTICOS DOS TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS - Aiko Takahashi Mori .....................................................................30

CONDIÇÕES DENTÁRIAS E NECESSIDADES PROTÉTICAS EM INDIVÍDUOS DE 60 A 65 ANOS DE IDADE DOMICILIADOSNO BAIRRO DE PRESIDENTE ALTINO, OSASCO SP - 2002 - Cecília Suenaga Junqueira de Carvalho..................................................................................................................................30

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE ODONTOLOGIA SOBRE OTRATAMENTO OFERECIDO: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ASPECTOS ÉTICOS ENVOLVIDOS NO ATENDIMENTO - Cilene Rennó Junqueira..................................................3 1

EXTRAÇÃO DE DNA DE SALIVA HUMANA DEPOSITADA SOBRE A PELE E SUA APLICABILIDADE AOSPROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO INDIVIDUAL - Evelyn Kurori Anzai.....................................................................................................................................................................................31

ANÁLISE DE CARACTERISTICAS CURRÍCULARES DA DISCIPLINA ODONTOLOGIA LEGAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃOEM ODONTOLOGIA NO BRASIL - Fábio José Andrade Lima..........................................................................................................................................................................................................31

CONTRIBUÇÃO AO ESTUDO DA CORRELAÇAO ENTRE AS ALTERNATIVAS ÉTICAS E OS MODELOS BIOÉTICOS E SUA APLICABILIDADENA REFLEXAO DA RELAÇAO PROFISSIONAL-PACIENTE - Fernando Jorge Mais Abrahão.................................................................................................................................................32

FATORES ASSOCIADOS À CÁRIE DENTÁRIA EM PRÉ-ESCOLARES: UMA ABORDAGEM SOB A ÓTICADO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA - Julie Silvia Martins....................................................................................................................................................................................................32

ANÁLISE DOS FATORES QUE PODEM INTERFERIR NO TRATAMENTO ORTODÔNTICO, QUANTO À SUA IMPREVISIBILIDADE. - Leonardo Bandle Filizzola.................33

A COMPREENSÃO DOS PESQUISADORES DA ODONTOLOGIA SOBRE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS - Luciana Maria Cavalcante Melo..........................33

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL: RELAÇÃO PACIENTE PROFISSIONAL EM PRÓTESE TOTAL - Luis Fernando Pinheiro..............................................................................33

SUBSÍDIOS PARA O PLANEJAMENTO DE CUIDADOS ESPECIAIS PARA O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTES PORTADORES DEDIABETES MELLITUS TIPO 2 - Luis Antônio Cherubini Carvalho....................................................................................................................................................................................................34

O PERFIL DO CIRURGIÃO-DENTISTA FRENTE À ERGONOMIA E À ANÁLISE DO SEU AMBIENTEDE TRABALHO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO - Márcio Mitsuo Ohashi..................................................................................................................................................................................34

ANALISE DO ACESSO AOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA NO FINALDO SECULO XX – PNAD 1998 (IBGE) - Mutsumi Shirota..................................................................................................................................................................................................................35

O SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL PROFISSIONAL NA ODONTOLOGIA - Nilcéa Nicola Baldacci...................................................................................................................35

PROTOCOLO BÁSICO PARA DOCUMENTAÇÃO ODONTOLÓGICA NA ESPECIALIDADE DE IMPLANTODONTIA - Plínio Marcos Modaffore................................................36

ESTRATÉGIAS PARA A PROVISÃO DE CUIDADOS NO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTESPORTADORES DE DEFICIÊNCIA - José Reynaldo Figueiredo.........................................................................................................................................................................................................36

A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES PARA AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA, DOS PROCESSOS INTERNOS E DOS RESULTADOSEM ASSISTÊNCIA À SAÚDE BUCAL - Regina Juhás Rodrigues.......................................................................................................................................................................................................36

A CONTRIBUIÇÃO DA ODONTOLOGIA LEGAL NA IDENTIFICAÇÃO HUMANA EM ACIDENTES AERONÁUTICOS - Rodrigo Miranda Pereira...........................................37

AVALIAÇÃO DA ACURÁCIA E PRECISÃO DAS MEDIDAS CRÂNIO-FACIAIS REALIZADAS NA 3D-TC PARA IDENTIFICAÇÃO ANTROPOLÓGICA - Sara dos Santos Rocha.....................................................................................................................................................................................................37

A INFLUÊNCIA DO TABAGISMO NO INSUCESSO DOS TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS - Solange Lilia Mais Daud..............................................................................................37

PLANEJAMENTOS DE SERVIÇOS EM SAÚDE BUCAL PARA A ZONA RURAL - Tatiana Ribeiro de Campos Mello........................................................................................................38

EXAMES RADIOGRÁFICOS APLICADOS EM ODONTOLOGIA LEGAL - Vitor José Bazzo...................................................................................................................................................38

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A Interferência do Óleo de Amêndoana Aderência da Placa Bacteriana Dentária.1

A Interferência do Óleo de Amêndoa naAderência da Placa Bacteriana Dentária.

José Roberto de Magalhães BASTOS (*), Daniele Balestra LUNARDI (**), Soraia Ushirobira do PRADO (***),Roosevelt da Silva Bastos (***) , Marília Afonso Rabelo BUZALAF (****)

(*) Prof. Titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva - Faculdade de Odontologia deBauru, Universidade de São Paulo, (**) Bolsista de Iniciação Científica - FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado de São Paulo), Processo: 97/12179-0. (***) Mestrados em Odontologia em Saúde Coletiva pela Faculdade deOdontologia de Bauru - Universidade de São Paulo. (****) Profª Drª do Departamento de Bioquímica - Faculdade deOdontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.

1Prêmio Nacional, Categoria Prata, Johnson & Johnson, 1999/2000 (2º lugar)

Resumo: O trabalho trata de uma pesquisa de campo que visa obter uma maior eficiência nahigiene bucal e um desenvolvimento no tratamento de doenças periodontais e cárie dental.Avaliou-se a interferência no processo de aderência da placa bacteriana ao esmalte quandoutilizado um creme dental à base de óleo de amêndoa desenvolvido pelo Departamento deBioquímica da FOB/USP. Este creme dental foi comparado a outros dois existentes no mercado(marca A e marca B). Foram utilizados por 60 crianças num período de 9 meses, de modo quetodas as crianças usaram os três cremes dentais. O método de avaliação foi através de umíndice simplificado para avaliação da presença de placa dental: Patient Higiene Performance(PHP). Foi utilizada a análise da variância não-paramétrica (teste de Kruskal-Wallis e de Dunn)para a comparação dos valores de PHP entre as pastas utilizadas nas diversas fases de contro-le. A pesquisa possibilitou a conclusão de que a escovação com o creme dental à base de óleode amêndoa é melhor, pois o índice de placa bacteriana após a escovação com o referido cremeé significantemente menor que os índices obtidos após a escovação com os outros doiscremes, o que sugere a elaboração de estudos mais complexos deste creme (ou similares), comuma amostra maior. Estes estudos serão importantes para que se comprove sua eficácia nodesenvolvimento de novos métodos de combate a doenças periodontais e cárie dental.

Palavras-Chave: Interferência, óleo de amêndoa, aderência, placa bacteriana.

Abstract: This paper discuss about a research in field with the aim to obtain better efficien-cy in oral hygiene and, too, development treatment of dental caries and periodontal diseases.It was assessed the interference on the process of dental plaque adherence to dental enamelwhen utilized toothpaste (TP) based on almond oil prepared by the Department of Biochemis-try of the Faculty of Dentistry of Bauru / University of São Paulo. This TP was compared withtwo others found in the market ( trade A and rade B). It was utilized by 60 schoolchildren,during 9 months, in such way that all the children used the three TP in study. It was used asimplified index, the Patient Higiene Performance (PHP) and analysis of variance non-parame-tric (Kruskal-Wallis and Dunn) to compare the scores obtained trough PHP, among the TP usedduring the different phases of evaluation. The research became possible the conclusion thatthe toothbrushing, with TP based on almond oil is the best, because the dental plaque index,after toothbrushing with the mentioned TP is significantily lower than the indexes obtainedafter toothbrusing with the other two, suggesting the elaboration of studies more complexs ofthis TP (or similars), with use of higher sample. This studies will be important to prove itsefficacy develop new methods to combat dental caries and periodontal diseases.

Keywords: Interference, almond oil, adherence, dental plaque.

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INTRODUÇÃOCárie dentária e doenças periodontais são as principais

enfermidades da cavidade oral que são influenciadas pelaatividade patológica da placa bacteriana, Menaker (1984).

A placa bacteriana constitui um conglomerado dinâmi-co de um complexo de bactérias e substâncias orgânicas einorgânicas. A composição da placa varia conforme o localda cavidade oral onde ela se encontra e da área da superfí-cie do dente, Menaker (1984).

No transcorrer de sua evolução a placa bacteriana vaimodificando suas características. Admite-se que possamaderir à placa bacteriana microorganismos de potencial va-riável, com maior ou menor agressividade aos tecidosperiodontais, e/ou à estrutura dentária, Guedes-Pinto (1995).

Desde que certos indivíduos tenham alto índice de pla-ca bacteriana e não estejam protegidos pelas estratégiasanti-placas atuais, os procedimentos alternativos poderiamser úteis para tratar estes indivíduos com eficácia, Bowenand Tabak (1995).

Dentre tais estratégias as gorduras mostram efeito anti-placa quando utilizadas na dieta, podendo diminuir a ativi-dade de cárie pela modificação das propriedades da super-fície do esmalte e por ter efeito tóxico direto sobre os micro-organismos bucais, interferindo na solubilização do açúcare dificultando a aderência dos alimentos aos dentes, Me-naker (1984).

A formação da placa bacteriana ocorre em duas fases:a) Fase inicial, na qual se observa adsorção rápida de

bactérias da saliva à película adquirida. A adsorção é sele-tiva no sentido de que apenas algumas bactérias como Strep-tococcus sanguis, Actinomyces viscosos e o Actinomycesnaeslundii conseguem se aderir irreversivelmente à películaadquirida;

b) Fase de acumulação, na qual: primeiro: as bactériasda fase inicial se multiplicam; segundo: novas bactérias seagregam à placa aderindo às já existentes; terceiro: váriospolissacarídeos extracelulares bacterianos aumentam a mas-sa da placa ocupando os espaços entre as células, Tárzia(1986).

Os açúcares da dieta são cariogênicos por constituírema principal fonte de energia para os microorganismos daboca, enquanto que as gorduras demonstram efeito anti-cárie, Menaker (1984).

A sacarose, o açúcar predominante na alimentação oci-dental, é uma molécula pequena que penetra com facilidadena placa sendo considerada o mais cariogênico dos açúca-res. Quando a molécula de sacarose penetra na célula bac-teriana sofre ação de enzimas e se divide em duas molécu-las, uma de glicose e outra de frutose, sendo que estas duasmoléculas são interconversíveis de modo que nos termosmetabólicos, temos a considerar apenas o metabolismo daglicose, a partir do qual os microorganismos obtêm energiapara sobreviverem e multiplicarem. Esta capacidade de fer-mentação da glicose produz ácido como produto, o qual,por sua vez, tem a capacidade de desmineralizar o esmaltedentário adjacente, Tárzia (1986).

Quando em altas concentrações nos alimentos, a maiorparte da sacarose penetra na célula bacteriana, porém, de 10a 20% das moléculas de sacarose deixam de ser extracelula-

res de reserva. São classificados em solúveis (dextrano elevano) e insolúveis (mutano). Assim, a glicana insolúvel(mutano) que não é metabolizada por enzimas presentes nacavidade bucal, contribui para a aderência e acúmulo deStreptococcus mutans , sendo um dos fatores da virulênciado microorganismo, Tárzia (1987).

A aderência do Streptococcus mutans à superfície dodente é um passo essencial no desenvolvimento de cáriesdentais. A inibição da aderência de bactérias à película ad-quirida seria uma atraente estratégia na prevenção da colo-nização e redução da progressão da cárie dentária, Fisher etal (1987).

Experiências com animais de laboratório têm confirma-do os efeitos anti-cariogênicos das gorduras. Para explicarseu mecanismo de ação, alguns autores admitem que ao semisturarem aos alimentos durante a mastigação torna-osimpermeáveis à dissolução aquosa da saliva, diminuindo asolubilização dos compostos cariogênicos como é o casodos carboidratos. Às gorduras têm-se atribuído uma ativi-dade anti-bacteriana, pois modificam a permeabilidade bac-teriana, inibindo a via glicolítica. Estes produtos tambémdissertam sobre a hipótese da gordura não apenas interferirna aderência da placa bacteriana ao esmalte dentário, mastambém diminuir o número de bactérias a ela agregada, Hayes(1979); Rosebury and Karshan (1939); Gustafson et al.(1953).

Devido à grande dificuldade da motivação de hábitosque favoreçam a saúde bucal, como diminuir a freqüênciade ingestão de açúcar, Bastos (1990) e conscientização, nãosó da população, mas também da classe odontológica, paraque através da educação em saúde se consiga diminuir pla-ca dentária, talvez seja necessário alguns métodos maissimples e imediatos, de utilização pronta, que não requei-ram grandes esforços de ambas as partes, para se prevenircárie e doenças periodontais.

PROPOSIÇÃOVisando obter maior eficiência na higiene bucal e um

desenvolvimento do tratamento de doenças periodontais ecáries dentárias, o propósito deste trabalho foi o de estudara interferência no processo de aderência da placa bacteria-na ao esmalte quando utilizamos um creme dental contendoóleo de amêndoa em sua composição.

MATERIAIS E MÉTODOSPara que se pudesse alcançar o objetivo deste trabalho

foi realizado um estudo comparativo entre a escovação den-tária feita com cremes dentais existentes no mercado brasi-leiro e um creme dental desenvolvido à base de óleo deamêndoa.

Este trabalho foi realizado na escola E. E. P. G. Prof. LuizBraga (Bauru -SP). A referida escola possui equipamentosodontológicos necessários para a execução deste trabalho.

Foram selecionadas 60 crianças, de 07 a 10 anos de ida-de, alunos da própria escola. Foi entregue a cada criançauma carta de autorização, comunicando aos pais a realiza-ção do trabalho e contendo também as orientações de como

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9Odontologia e Sociedade

monitorar a criança no correto cumprimento de cada etapa.Só participaram do programa as crianças que trouxeram aautorização assinada pelos pais. As crianças foram dividi-das aleatoriamente em três grupos (A,B e C), cada um dosquais com 20 crianças.

Para que se pudesse comparar a eficácia do creme de-senvolvido, utilizou-se três diferentes tipos de cremes den-tais:

· Marca A (encontrado no mercado brasileiro) - 100 uni-dades

· Marca B (encontrado no mercado brasileiro) - 100 uni-dades

· Creme dental à base de óleo de amêndoa - 100 unida-des

As Marcas A e B apresentam sabores semelhantes en-tre si e um paladar agradável, prova disso é a grande aceita-ção no mercado de ambas. O creme dental à base de óleo deamêndoa foi desenvolvido apresentando cheiro e saboragradáveis (menta), visando sua aceitação. Este creme den-tal foi acondicionado dentro de tubos plásticos com orifíciotipo conta-gotas para que o creme escoasse facilmente paraa escova.

Todas as crianças utilizaram os três tipos de creme den-tal, pois houve uma relocação dos cremes entre os gruposno decorrer do trabalho. Foi consumido um tubo de cremedental por criança/mês. Cada criança consumiu cinco tubosde creme dental ao longo do trabalho.

Todas as crianças receberam uma escova dental novano início do trabalho, para que se pudesse padronizar o tipode escova dental. As pastas dentais utilizadas no decorrerdo trabalho foram distribuídas pessoalmente pela pesqui-sadora deste trabalho. Foi pedido as criança que somenteelas utilizassem aquele tubo de pasta em casa.

Depois de receber o respectivo creme dental, cada cri-ança foi instruída a usá-lo após a higienização com fio den-tal. As crianças usaram apenas o creme dental determinadopara aquele período, em todas as escovações. Em todas asfases nenhuma técnica de escovação foi ensinada às crian-ças, apenas foi recomendado que a higienização de rotinacontinuasse a ser desenvolvida pelas crianças, conforme aprópria técnica individual de costume.

Também não foi feita nenhuma restrição no que diz res-peito ao tipo de dieta, porém foi pedido aos pais que ascrianças não ingerissem nada a não ser água depois de terescovado os dentes de manhã em casa, enquanto não fos-se registrado o seu PHP; os registros ocorreram sempre noperíodo matutino e antes do recreio, na tentativa da medi-ção não sofrer influências da dieta.

Após o encerramento da pesquisa, as crianças recebe-ram as devidas instruções sobre higiene bucal, incluindotécnicas de escovação e outros métodos preventivos.

MétodoO método de avaliação da presença de placa bacteriana

foi feito através de um índice simplificado: Patient HygienePerformance (PHP). Este é um método desenvolvido paraavaliar a eficácia de um programa de higiene oral. O índicefornece dados relativos à presença ou ausência de placanos dentes do paciente que é registrado contando com o

auxílio de tabletes ou solução corante (solução evidencia-dora). Através de uma avaliação periódica é possível verifi-car o grau de eficiência do paciente na obtenção de suahigiene oral e quando indicado estabelecer medidas parasua melhoria.

Para utilizar o PHP deu-se inicialmente ao paciente umtablete evidenciador (REPLAC), o qual cora a placa dentalde cor rosa forte. A criança era instruída a deixar o tabletedissolver na boca e em seguida "bochechar" por 30 segun-dos. Ela podia cuspir, sendo permitido lavar a boca antes doexame.

O exame foi feito nos seguintes dentes, nesta ordem:· primeiro molar superior direito (16);· incisivo central superior direito (11);· primeiro molar superior esquerdo (26);· primeiro molar inferior esquerdo (36);· incisivo central inferior esquerdo (31);· primeiro molar inferior direito (46).As superfícies examinadas foram: superfícies vestibula-

res nos molares superiores e incisivos superior e inferior, esuperfície lingual nos molares inferiores.

Se os primeiros molares estavam ausente, apresenta-vam menos que ¾ irrompidos, tinham coroas artificiais com-pletas ou estavam muito destruídas para permitir o exame,eram substituídos pelo segundo molar. Se o segundo molartambém estava ausente ou não podia ser usado, examina-va-se o terceiro molar. Se todos os três estavam ausente ounão podiam ser utilizados, era marcado M na ficha.

Para dar o escore de placa de cada dente, sua superfícieera dividida mentalmente em 5 área. Primeiro, a coroa clínicaera dividida longitudinalmente em terço mesial, terço médioe terço distal. Os terços mesial e distal são as duas primeirassubdivisões e se estendem até a metade da superfície proxi-mal adjacente. O terço médio remanescente era então sub-dividido horizontalmente em terço gengival, terço médio eterço oclusal.

Cada uma das subdivisões era examinada para detectara presença de placa bacteriana corada. Se não existia placadava-se o escore 0. Para cada área onde existia placa bacte-riana dava-se o escore 1. O escore 1 era registrado apenasquando não existe dúvida quanto à presença de placa naárea.

O escore de cada dente era determinado pela soma dosescores de cada uma das cinco áreas. Por exemplo: Se aplaca estava presente nas áreas proximais e no terço gengi-val o escore era três.

Os resultados coletados foram registrados na ficha decada paciente para que se pudesse acompanhar a eficáciaou não do óleo de amêndoa na diminuição da aderência deplaca bacteriana ao esmalte quando comparada aos outrosdois cremes dentais. A cada dia de avaliação, era obtida ummédia (de 0 a 5) que se transferia para uma tabela, paratraduzir as condições de higiene bucal do paciente comrelação à presença de placa, da seguinte forma:

· entre 0 e 1: BOM;· entre 1 e 2: REGULAR;· entre 2 e 5: ALTO.

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CronogramaO trabalho foi desenvolvido em seis fases da seguinte

forma:· primeira fase: 28 dias (avaliação semanal);· segunda fase: 60 dias;· terceira fase: 60 dias;· quarta fase: 60 dias;· quinta fase: 60 dias;· sexta fase: (análise e comparação dos resultados).

Primeira fase (28 dias)Primeiro dia:Foi registrado o índice de placa (PHP) de todas as 60

crianças, após uma escovação com o creme dental de usohabitual de cada criança, o registro foi feito logo ao chega-rem à escola e foi previamente pedido às crianças do grupoa ser avaliado naquele dia que não ingerissem nada depoisde escovar os dentes até a hora da avaliação. Em cadeira eluz própria para o exame, com ajuda de pastilhas corantes(REPLAC) e espátula de madeira, foi feito o exame intrabu-cal dos três grupos (A, B e C), verificando o índice de PHPde cada um.

Os resultados de cada criança foram anotados em fi-chas apropriadas. Foi feita então a profilaxia das superfíciesdentais com taça de borracha e pedra pomes.

Após a profilaxia as crianças receberam um tubo de cre-me dental de acordo com o grupo ao qual pertenciam:

Grupo A - creme dental: Marca A;Grupo B - creme dental: Marca B;Grupo C - creme dental: à base de óleo de amêndoa.De acordo com a fase, as crianças utilizaram apenas o

creme dental determinado para aquele período em todas asescovações.

Primeira semana:Após 7 dias do início da escovação com os cremes den-

tais fornecidos, foi efetuada uma nova avaliação dos trêsgrupos com a evidenciação da placa (REPLAC) e anotaçãodos índices PHP.

Sempre antes de cada avaliação do índice PHP, as crian-ças fizeram uma escovação com o creme dental que estavasendo utilizado pelo grupo.

Segunda semana:Após 14 dias do início do trabalho repetiu-se os proce-

dimentos da primeira semana.Terceira semana:Após 21 dias do início do trabalho repetiu-se os proce-

dimentos da primeira semana.Quarta semana:Após 28 dias do início do trabalho repetiu-se os proce-

dimentos da primeira semana, isto é, evidenciação da placa(REPLAC).

Segunda fase:Obtidos os índices de PHP da quarta semana (primeira

fase), foi dado um descanso de 60 dias nos quais as crian-ças dos grupos A, B e C voltaram a fazer a escovação como creme dental de uso costumeiro de cada uma (que utiliza-vam antes do início do trabalho). Como nesta primeira faseforam feitas quatro medições de PHP após o início da utili-

zação dos cremes dentais propostos, obteve-se uma médiaentre estes quatro índices registrados (somou-se os qua-tros valores de PHP e dividiu-se por quatro).

Terceira fase:Após o período de descanso da segunda fase, foi medi-

do o índice PHP. Nesta fase as crianças receberam nova-mente cremes dentais para serem utilizados durante 60 dias,porém, houve uma relocação das pastas entre os grupos,da seguinte forma:

Grupo A - creme dental: Marca B;Grupo B - creme dental: à base de óleo de amêndoa;Grupo C - creme dental: Marca A.

Quarta fase:Obtidos os índices de PHP da terceira fase, foi dado um

descanso de 60 dias nos quais as crianças dos grupos A, Be C voltaram a fazer a escovação com creme dental de usocostumeiro de cada uma (que utilizavam antes do início dotrabalho).

Quinta fase:Após o período de descanso da quarta fase, foi medido

o índice de PHP. Também nesta fase as criança receberamnovamente cremes dentais para serem utilizados durante 60dias, porém, houve uma nova relocação das pastas entre osgrupos, da seguinte forma:

Grupo A - creme dental: à base de óleo de amêndoa;Grupo B - creme dental: Marca A;Grupo C - creme dental: Marca B.

Sexta fase:Decorrido este período de 60 dias de utilização das pas-

tas, foi medido pela última vez o índice PHP das criançasdos três grupos e analisada a média do desempenho decada pasta para obtenção da conclusão final.

ANÁLISE DOS RESULTADOSFoi usada a análise de variância não-paramétrica (teste

de Kruskal-Wallis) para a comparação entre as pastas utili-zadas nas diversas fases de controle, tomando-se comobase o índice PHP.

Tabela 1 - Média, desvio padrão e mediana dos três pro-dutos nas diferentes fases avaliadas.

Início - corresponde à avaliação do PHP após o períodode "descanso", em que a criança utilizou o creme dental de

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uso habitual.Término - corresponde à avaliação de PHP após o perí-

odo de utilização dos cremes dentais: Marca A, Marca B ecreme dental à base de óleo de amêndoa.

Término-início - neste item avaliamos se houve diferen-ça entre o PHP antes do início da utilização dos cremesdentais e o PHP após o uso destes cremes.

Verificamos que houve uma redução maior do PHP noperíodo em que foi utilizado o creme dental à base de óleode amêndoa.

Vale ressaltar que devido à primeira fase apresentar qua-tro medições após o início do uso dos cremes dentais ana-lisados foi obtida uma média somando-se os quatro PHP edividindo por quatro.

Tabela 2 - teste de Kruskal-Wallis e Dunn para a compa-ração entre as variações entre os P.H.P. nos três produtos.

H=31,74*

* - diferença estatísticamente significante (P<0,05)n.s. - diferença estatísticamente não significante

Nos testes estatísticos de Kruskal-Wallis e Dunn paraefeito de comparação dos PHP obtidos pelos três tipos decremes dentais, somente o creme dental à base de óleo deamêndoa apresentou diferença estatisticamente significante(P<0,05). Entre os cremes dentais da Marca A e B não hou-ve diferença estatísticamente significante. Isso mostra quea redução do PHP foi maior quando se utilizou o óleo deamêndoa. Os índices de P.H.P. obtidos com as pastas Mar-ca A e Marca B reduziram o seu valor quase que equivalen-temente, porém não com valores tão expressivos quanto oóleo.

Gráfico 1-

O gráfico mostra os valores do PHP no início dasfases, ou seja, antes de começar a usar o creme dental darespectiva fase e o PHP final, isto é, após o uso do cremedental pelo período previamente determinado, permitin-do assim a avaliação e comparação do comportamentodos três tipos de cremes dentais em questão.

Observa-se que o declínio do PHP foi mais acentua-do quando as crianças utilizaram o creme dental à basede óleo de amêndoa na escovação.

DISCUSSÃOA finalidade da higiene bucodentária é eliminar ou dimi-

nuir ao máximo as concentrações bacterianas, detritos ali-mentares e placas nas superfícies dentárias prevenindo ainstalação da cárie dentária, além de manter a saúde perio-dontal.

Com o objetivo de testar se há diminuição da quantida-de de placa aderida à superfície lisa do dente dependendoda substância utilizada na escovação, este trabalho compa-rou os cremes dentais Marca A e Marca B com um cremedental à base de óleo de amêndoa.

Este creme por nós avaliado teve uma excelente aceita-ção pelas crianças, mesmo apresentando características fí-sicas e gustativas diferentes dos demais cremes dentaisexistentes no mercado. O creme apresenta um estado físicomais fluido, cor verde, cheiro e sabor menta. Este creme foiacondicionado dentro de tubos plásticos tipo conta-gotas,para serem distribuídos às crianças. Por ser mais fluido, foiexplicado às crianças que antes da utilização do creme den-tal elas deveriam agitar o frasco e que não deveriam molhara escova depois de ter colocado o creme nela.

Foi verificado que o creme dental formava pouca espu-ma, o que fez com que as crianças estranhassem um poucoa princípio.

Outro aspecto que deve ser enfocado é o fato de aoelaborarmos a pasta, constatarmos a impossibilidade da in-corporação de flúor em sua fórmula devido à incompatibili-dade do flúor ao óleo de amêndoa. Sabe-se que a escova-ção diária com dentifrícios fluoretados promove uma dimi-nuição na incidência de cárie dentária, sendo um método deprevenção reconhecido, Ferh and Moller (1978). Devido aeste fato a prescrição de flúor tópico ou sistêmico, assimcomo a investigação das taxas de flúor na água de abasteci-mento devem ser consideradas. Outras fórmulas devem serdesenvolvidas, com o intuito de se tentar formular uma pas-ta dental à base de óleo de amêndoa, com conteúdo compa-tível de flúor.

Este trabalho apresentou e avaliou uma nova alternati-va no combate à doença periodontal e cárie, utilizando umasubstância oleosa na busca da diminuição da aderência daplaca bacteriana ao dente. Os bons resultados obtidos de-monstraram que apesar de ainda depender de melhorias eestudos mais detalhados, a proposta apresentada pode sig-nificar o início de uma nova tendência no combate à placabacteriana.

CONCLUSÃOEste trabalho nos comprovou que há diminuição no pro-

cesso de aderência da placa bacteriana ao esmalte dentárioquando se utiliza o creme dental à base de óleo de amêndoana escovação.

Como a amostra é pequena, outros trabalhos mais com-plexos podem ser realizados para estudar mais a fundo esta

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descoberta, nos quais se utilizaria uma amostra maior, aescovação fosse feita por mais tempo e onde se investiga-ria a patogenicidade da placa, pois aqui só verificamos aaderência da mesma. Neste trabalho realizado não se sabese houve redução de placa em região de cicatrículas e fissu-ra dos dentes, já que o método de avaliação que foi utiliza-do é um índice simplificado, de superfície lisa do dente.

Chega-se, portanto, através das variáveis medidas comos testes de Kruskal-Wallis e Dunn a conclusão de quehouve uma redução significativa de placa bacteriana emsuperfície lisa com a escovação utilizando o creme dental àbase de óleo de amêndoa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALFANO, M. C. Ed (1976) Symposium on nutrition. Dent. Clin.N. Amer., 20, n.3, jul.BASTOS, J. R. M.; RICCI, A. A.; AGUIAR, A. (1990) A redu-

ção na frequência de ingestão de alimentos ricos em sacarose.RGO. Porto Alegre, 470-77, nov./dez.

BOWEN, W. H.; TABAK, L. A. (1995) Cariologia para a décadade 90, Ed. Santos, 462p.

FERH, F. R.; MOLLER, I. J. (1978) Caries-preventive fluoridesdentifricies. Caries Res. 12 supplement 1, p.31-7.

FISHER, J. C.; et al. (1987) External radiolabelling of components

of pellicle of human enamel and cementum. Arch. Oral Biol.,32, 509-17.

GREENE, J. C.; VERMILLION, J. R. (1964) The Simplified OralHygiene Index. J.A.D.A. 68, 25-31.

GUEDES-PINTO, A. C. (1995) Odontopediatria.Ed. Santos,1137p.

GUSTAFSON, G.; STELLING, E.; BRUNIUS, E. (1953) Expe-riental Dental Caries in Golden Hamsters. Experiments withDietary Fats having Differents Contents of Saturated FattyAcids. Br. Dent. J., 95, 124-25.

HAYES, M. L. (1979) Inhibition of Plaque Bacteria by MédiumChain Fatty Acids. J. Dent. Res., 58, 1249.

MENAKER, L.(1984) Cáries dentárias - Bases Biológicas. Gua-nabara Koogan, 641p.

PINTO, V. G.(1986) Saúde Bucal.Ed. Panamericana, 243p.ROSEBURY, T. ; KARSHAN, M.(1939) Suceptibility of Dental

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TÁRZIA, O. (1986) Bioquímica da Placa Dental. FOB-USP. De-partamento de Bioquímica, 41p.

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TOLEDO, A. (1986) Odontopediatria. Ed. Panamericana, 243p.

Correspondência para:e-mail: [email protected]

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13Odontologia e Sociedade

Aulas Teóricas do Curso de Odontologia da Unaerp:uma Avaliação por Alunos do Terceiro e Quarto Anos

Unaerpis Lectures Odontology Course:the Students' Evaluation of Third and Forth Degree

Emilio Carlos SPONCHIADO JÚNIOR (*) , Danilo Alessandro de OLIVEIRA (*), Tabajara Sabbag FONSECA (*),Manoel D. SOUSA - NETO (**), Lisete D. Ribas CASAGRANDE (***) .

(*) Mestrandos em Odontologia pelo Curso de Pós-Graduação da Universidade de Ribeirão Preto- UNAERP, (**)Coordenador do curso de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto- UNAERP, (***) Profes-sora da disciplina de Didática do Curso de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto- UNA-ERP

Resumo: O presente estudo teve o objetivo de analisar a opinião dos alunos do terceiro equarto anos da Faculdade de Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP, como intuito de avaliar o método usado nas aulas teóricas ministradas durante o curso de Odonto-logia. Elaborou-se um questionário com alternativas e uma pergunta escrita. As respostas dogrupo de alunos foram quantificadas e analisadas, sendo que 63% disseram que há um predo-mínio das aulas expositivas com a utilização de slides, 60% afirmam que as aulas teóricasterminam no horário correto, 48% prefeririam que as aulas teóricas fossem ministradas com autilização de recursos de multimídia, a maioria dos alunos (41%) avaliou as aulas teóricas comnota sete e 33% acreditam que as aulas teóricas seriam melhor aproveitadas se a comunicaçãoprofessor-aluno fosse mais desenvolvida.

Palavras chaves: Recursos audiovisuais, odontologia, aulas teóricas.

Abstract: This present study had a purpose to analyse students' opinions of third andforth degree of Ribeirão Preto Odontology University - UNAERP, to evaluate the aim methodin lectures witch has been taught in the odontology course. Were elaborate questions withalternatives and a written one. The students' answers were analised and qualified, 63% saidthat there's a predominant use of slides in lectures, 48% would rather have classes with multi-midia procedures, most of students gave to their lectures mark seven and 33% believe thatlectures should be more useful if the communication between teacher-student had moredevelopment.These results show a didactic odontology method in Brazil, with a pedagogicaltransmission, where we can observe a vertical relation between teacher and students. As adidactic alternative to odontology course it must have a problem-posing education. The regu-lar application of those students' answers would make them minimize their difficults and showa better assistance in knowledge inside the College.

Uniterms: Lectures, Odontology course and students' evaluation.

INTRODUÇÃOHá pouco tempo as preocupações pelo processo de

formação pedagógica estavam restritas aos professoresde primeiro e segundo graus, que cursam, entre outras,as disciplinas: Psicologia da educação, Didática e Práti-ca de ensino, que têm por objetivo capacitá-los para odesempenho de atividades docentes.

O mesmo não ocorria com os professores de nívelsuperior, alegando, como justificativa a esta situação,que o professor universitário, por lidar com adultos, nãonecessita tanto da formação didática quanto os profes-sores de primeiro e segundo graus, que lidam principal-mente com crianças e adolescentes. De acordo com este

raciocínio, o mais importante para o desempenho do pro-fessor universitário é o domínio de conhecimentos refe-rentes à matéria que leciona, aliado, sempre que possí-vel, à prática profissional. Seus alunos, por serem adul-tos e por terem interesses sobretudo profissionais, es-tariam suficientemente motivados para a aprendizageme não apresentariam problemas de disciplina como emoutros níveis de ensino. (CASTANHO, 2002)

Essas suposições durante muito tempo foram acei-tas, sobretudo em decorrência do caráter elitista do en-sino superior, observado no Brasil desde a constituiçãodos primeiros cursos.

De fato, como os alunos dos cursos universitários

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eram poucos e selecionados com rigor, seu comporta-mento de saída tendia a ser considerado bastante ade-quado. Como conseqüência, a qualidade da universi-dade e o desempenho de seus docentes não se torna-vam alvo de maior questionamento (BORDENAVE,1980).

Este quadro se altera no entanto, à medida que ummaior número de pessoas chega à Universidade, queseus cursos se tornam mais específicos e que o con-trole sobre a qualidade de ensino e capacitação dosdocentes decai. Todos estes fatores, aliados a umavisão mais crítica do ensino, conduzem à identifica-ção da necessidade de o professor universitário do-tar-se de conhecimentos e habilidades de naturezapedagógica. Tanto que é muito freqüente, aluno decursos universitários fazerem a apreciação de seusprofessores, ressaltando sua competência técnica ecriticando sua didática (BORDENAVE, 1980).

Um problema facilmente observado na comunica-ção docente é o verbalismo, ou seja, a transmissãode conhecimentos e habilidades mediante o empregoexagerado de palavras. Como conseqüência desseverbalismo, muito do que é passado aos alunos nasaulas constitui-se em palavras vazias, sem significa-do. Os esforços verbais dos professores muitas ve-zes são suficientes apenas para que os alunos "de-corem a matéria", sem que se tornem capazes de com-preender o seu significado ou aplicá-lo em situaçõescompletas. Esse tipo de ensino praticado no Brasil éconhecido como pedagogia da transmissão. (BOR-DENAVE,1980)

Com o objetivo de tornar a comunicação mais cla-ra e precisa, os professores com freqüência cada vezmaior vêm lançando mão dos recursos conhecidoscomo audiovisuais, que vão desde simples desenhosou diagramas até os sofisticados equipamentos e pro-gramas de multimídia.

Neste estudo, foi analisada a opinião de alunosdo curso de odontologia do terceiro e quarto anos,quanto aos recursos utilizados em aulas teóricas esuas sugestões para melhorar a didática de ensino.

MATERIAL E MÉTODOSForam realizadas cem entrevistas com alunos do

terceiro e quarto anos de Odontologia da Universi-dade de Ribeirão Preto - UNAERP, nas quais foramanalisados vários fatores. Dentre estes fatores, osalunos avaliaram o recurso didático de ensino maisutilizado em aulas teóricas do curso de graduação; orespeito do corpo docente ao horário das aulas; osrecursos didáticos preferidos pelos discentes; a ava-liação dos discentes quanto ao rendimento das aulasteóricas e, finalmente, uma sugestão dada pelo alunopara a melhoria das aulas teóricas.

As entrevistas foram feitas individualmente, paraque houvesse maior fidelidade quanto aos resulta-dos e informações obtidas.O modelo da entrevistapode ser observado logo abaixoa seguir:

UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETOCURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA

DISCIPLINA DE DIDÁTICADO ENSINO SUPERIOR

1) Qual destes recursos abaixo são utilizados pre-dominantemente, pelos seus professores em suas au-las teóricas:

a) Aula exclusivamente baseada na exposição oral.b) Aula expositiva com uso de transparências.c) Aula expositiva com uso de lousa.d) Aula expositiva com uso de projeção de slidese) Aula expositiva com uso de multimídia.f) Opção c e d.g) Opção c e e.h) Opção d e e.

2) Suas aulas teóricas são terminadas na maioriadas vezes:

a) Antes de completar 50 minutos.b) No horário correto.c) Após completar os 50 minutos.

3) Qual destes recursos abaixo você gostaria quefosse utilizado em suas aulas teóricas de 50 minutos,para o seu melhor aproveitamento:

a) Aula exclusivamente baseada na exposição oral.b) Aula expositiva com uso de transparências.c) Aula expositiva com uso de lousa.d) Aula expositiva com uso de projeção de slidese) Aula expositiva com uso de multimídia.f) Opção c e d.g) Opção c e e.h) Opção d e e.

4) Em uma escala de 0 a 10, assinale onde se encaixaa maioria de suas aulas teóricas, considerando 0 parauma aula sem aproveitamento e 10 para uma aula comaproveitamento completo.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

5) Caso sua resposta na questão 4 não foi 9 ou 10,dê sua sugestão para que se tenha melhor aproveita-mento nas aulas teóricas.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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RESULTADOSSegue abaixo as tabelas com seus respectivos resul-

tados obtidos com a análise das entrevistas:

Tabela I Frequência de respostas por alternativa na ques-tão número 1.

Figura 1 – Porcentagem de respostasassinaladas na questão 1.

Tabela II – Frequência de respostas poralternativa na questão número 2.

Figura 2 – Porcentagem de respostasassinaladas na questão 2.

Tabela III – Frequência de respostas poralternativa na questão número 3

Figura 3 – Porcentagem de respostasassinaladas na questão 3.

Tabela IV – Frequência de respostas poralternativa na questão número 4.

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Figura 4 – Porcentagem de respostasassinaladas na questão 4.

Tabela V – Frequência de sugestõesdadas na questão número 5.

Figura 5 – Porcentagem de sugestõesdadas na questão 5.

DISCUSSÃOA grande preocupação atual em cursos de formação

para professores universitários está quanto ao enfoquepsico-pedagógico da educação.

Para que o docente esteja capacitado a exercer suaatividade, o método mais utilizado atualmente, no Brasil,é o método da educação "bancária" ou pedagogia datransmissão, na qual o aluno é tratado como um depósi-to de conhecimentos, sendo passivo no recebimentodas informações, não conseguindo observar, analisar e

questionar a sua realidade. Este método não proporcio-na o desenvolvimento da criatividade do aluno, aumen-ta a dificuldade em participar e resolver problemas pre-sentes em sua vida como aluno, ser humano, e cidadão.Podendo-se observar uma relação vertical entre profes-sor e aluno, em que os alunos são apenas meros ouvin-tes das palavras do professor.(BORDENAVE & PEREI-RA, 1980)

O recurso didático mais utilizado pela maioria dosprofessores foi o de "slides", seguido do recurso domultimídia, sendo estes muito válidos dependendo docomportamento didático do professor perante o aluno.

É sabido que se tem um determinado tempo para quea aula seja ministrada, e que esta deve ser planejada detal forma que a distribuição dos assuntos seja completa-mente assimilada pelo aluno, ou seja, que ele consigadecodificar e interpretar o assunto explanado. A inter-pretação do que foi explanado ao aluno terá uma res-posta ou uma reação do mesmo. Esta reação poderá ser:a mensagem do professor completamente ignorada peloaluno, a mensagem aceita e incorporada em suas atitu-des, a mensagem aceita parcialmente e com o alunobuscando mais informações a respeito, ou ainda com omesmo podendo se sentir ameaçado e reagindo imedia-tamente contra a mensagem.(GIL, 1994)

O professor deve sempre estar atento a captar asrespostas citadas acima (feedback) para que a mensa-gem seja reajustada para o aluno. A eficiência da comu-nicação depende do emprego que o docente fez com aretroinformação (feedback).

Observa-se que há grande contentamento por partedos alunos com relação à didática das aulas teóricas(média 7,71), lembrando que este aluno está em contatocom o método da pedagogia de transmissão e não co-nhece outro método pedagógico.

Através de sugestões dadas pelos alunos, para queas aulas teóricas sejam melhoradas, observa-se que hou-ve um predomínio da comunicação professor/aluno, se-guindo por uma correlação entre a prática clínica com asaulas teóricas. CECCON (2000) citou que muito tempo epouco conteúdo faz parte do curso de odontologia nopaís, mas FRANCO apud CECCON (2000) diz que 80%dos alunos gostariam que novas disciplinas fossem in-corporadas à grade curricular, ocorrendo também umagrande queixa dos alunos devido ao pouco tempo parao elevado conteúdo programático do Curso de Odonto-logia.

Diante disto, através da Lei de Diretrizes de Bases(LDB) de 1996 que estabelece as principais normas deestimulação do ensino brasileiro, o mesmo Franco afir-ma que as faculdades estão procurando, mesmo que deforma discreta, projetos pedagógicos inovadores volta-dos para a formação profissional mais engajada com aciência e os problemas sociais, ou seja, estas sugestõesdos alunos podem ser entendidas como possibilidadede troca do método da pedagogia de transmissão pelométodo da pedagogia da problematização (BRASIL,1997). Neste é priorizada a interação entre as pessoas esua realidade, pelo desenvolvimento de suas capacida-

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des intelectuais e consciência social, capacitando aspessoas a observar, analisar, e questionar suas realida-des, seus problemas, procurando soluções ou respos-tas para mudá-los. Em síntese, que os alunos não sejammeros expectadores, meros coadjuvantes, mas que se-jam criadores do mundo.

De acordo com BORDENAVE (1980) (pág. 213), é su-gerida a utilização do esquema do arco que segue abai-xo:

CONCLUSÃOEstes resultados sugerem que o método didático pre-

dominante do ensino odontológico no curso de Odon-tologia da UNAERP é o método da pedagogia da trans-missão, em que se observa uma relação vertical entreprofessor e aluno. Como alternativa didática para o cur-so de odontologia, recomenda-se que haja uma didáticade educação problematizadora. A aplicação regular dequestionários aos alunos minimizaria as dificuldadesrelatadas e subsidiaria a melhoria do ensino dentro daFaculdade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. (1980) Estratégias

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CECCON, M. F. (2000) A odontologia em prova,Rev.Assoc Paul Cir Dent, 54(5), 353 -363.

GIL, A. C. (1994) Metodologia do ensino superior. 2ª ed.Ed. Atlas, São Paulo.

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Perspectivas de Exercício Profissional eEntre Calouros e Formandos do Curso de Odontologia

da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná

Expectations with the Professional PracticeBetween Freshmen and Senior Students of the School

of Dentistry, University of Ponta Grossa, Paraná

Beatriz Liliane MEINICKE (*), Denise de Fátima TOMACHESKI (*), Cristina Berger FADEL (**), Márcia HelenaBALDANI (***)

(*) Acadêmicas do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, (**) Professora Assistente dadisciplina de Odontologia Social e Preventiva da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Mestre em OdontologiaSocial, (***) Professora Assistente da disciplina de Odontologia Social e Preventiva da Universidade Estadual dePonta Grossa, Mestre em Ciências, área de Epidemiologia

Resumo: A escolha profissional é e sempre foi um dos motivos de maior preocupaçãoentre os jovens de um modo geral. Muitas vezes, ao ingressar em um curso universitário oestudante traz consigo expectativas que podem mudar no decorrer da graduação. O objetivodeste estudo foi analisar as perspectivas de exercício profissional entre calouros e formandosde Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, matriculados no curso no ano de2002, e comparar as expectativas que o acadêmico possui ao ingressar e ao sair da instituiçãode ensino. Para a realização deste trabalho, 125 graduandos de Odontologia (57 calouros e 68formandos) foram convidados a participar. O instrumento utilizado para a coleta de informa-ções foi um questionário composto por dez questões, abertas e fechadas, de acordo com aproposta de metodologia quanti-qualitativa, tendo sido previamente testado e validado. Osresultados obtidos pelos questionários evidenciaram que as expectativas, na maioria dasvezes, são semelhantes entre os calouros e formandos. Ambos os grupos esperam iniciar asatividades profissionais logo após a formatura. Porém, enquanto os formandos pretendeminiciá-la após conseguirem um emprego, os calouros, somente após a realização de uma pós-graduação.

Palavras chave: Odontologia, perspectiva profissional, mercado de trabalho.

Abstract: The professional choice has ever been one of the reasons of greatest worryamong the young people as general. Many times, when entering a graduation course, thestudent has expectations that can change during it. The aim of this study was to analyse theexpectations of professional activities between freshmen and senior students of the School ofDentistry, University of Ponta Grossa, who were graduating during the year of 2002, and tocompare the expectations that the student has when entering and leaving the university. Forconducting this study, 125 students of Dentistry (57 freshmen and 68 seniors) were invited toparticipate. The informations were collected by a questionnaire consisting of ten questions,according to the quanti-qualitative method, which was previously tested and validated. Theresults evidenced that, most of the times, the expectations are similar between the two groups.Both of them intend to begin the professional activities just after graduated. However, whilethe seniors intend to begin it after getting a job, the freshmen intend it only after a postgraduation course.

Key works: Dentistry, Professional expectation, Labor market

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INTRODUÇÃOAo escolher uma profissão o indivíduo geralmente pro-

cura optar por uma atividade que seja condizente com suascaracterísticas pessoais, com o contexto sócio-cultural emque vive e com as necessidades do mercado de trabalho.Em tempos modernos, a preocupação com a escolha de umaprofissão que, além de satisfação pessoal, seja também ca-paz de reverter-se em estabilidade financeira, vem crescen-do entre os estudantes brasileiros.

No entanto, a realidade da atual situação em que seencontra o mercado odontológico no Brasil, o qual vemenfrentando crise econômica, política e social, não tem sidosuficientemente exposta à população, gerando um conflitode informações entre os estudantes que, muitas vezes ain-da indecisos, optam pela Odontologia, acreditando encon-trar uma profissão de grande status e altamente rendosa.

Mesmo após a conclusão do curso, a falta de informa-ção adequada quanto às possibilidades das diversas espe-cialidades no mercado de trabalho, pode levar os re-cém-formados a optarem por certas áreas, normalmente astradicionais, as quais, devido ao excesso de profissionaiscapacitados, os coloca diante de um mercado fechado ealtamente competitivo.

O objetivo deste estudo foi analisar as perspectivas deexercício profissional de calouros e formandos do curso deOdontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa,Paraná, no ano de 2002 e comparar as expectativas que oacadêmico possui ao ingressar e ao sair da instituição deensino.

REVISÃO DA LITERATURAAlmeida JR et al (1984) analisaram a motivação para

escolha da profissão odontológica entre alunos de Odon-tologia da Universidade Federal da Bahia e verificaramque a maioria dos estudantes foi motivada pelo gostopelas ciências médicas. Alguns estudantes escolherama Odontologia devido a ambição sócio-econômica oupor influência familiar.

Pires Filho et al (1984) através da aplicação de umquestionário entre acadêmicos de Odontologia da UFR-GS, analisou as perspectivas de futura localização pro-fissional destes estudantes. Constatou que: antes dechegar ao último semestre do curso, 42% dos alunos jáhaviam escolhido sua futura sede profissional; 72% dosestudantes optaram por localizar-se em grandes centros;e quase 60% optaram pela permanência em Porto Ale-gre, cidade sede da faculdade. Dessa maneira, há umpequeno retorno dos profissionais as suas cidades deorigem.

Vacariuc (1985) em levantamento bibliográfico sobreas opções de trabalho e distribuição dos cirurgiões den-tistas no Brasil, concluiu que a preferência dos profissi-onais é ter um consultório próprio associado a empregojunto a terceiros e docência. A grande maioria dos cirur-giões dentistas deseja se instalar em grandes centrosurbanos e prestar serviços às classes sociais financeira-mente mais privilegiadas.

Botti e Santos (1986) em estudo sobre a perspectiva

de exercício profissional na Odontologia com forman-dos de quatro universidades do Rio Grande do Sul, cons-tataram predominância de jovens do sexo feminino. Con-cluíram que há uma tendência dos formandos a poster-garem o início do exercício profissional para a realizaçãode uma pós-graduação, ou mesmo para organizarem avida pessoal; a maioria almeja um emprego para assimobter uma renda fixa, associado a um consultório parti-cular em sua cidade de origem. Rendimentos ambiciosostambém fazem parte de suas expectativas por se trataremde profissionais liberais.

Costa et al (1992) verificaram que quase a totalidadedos dentistas é formada por clínicos gerais e apenas24% apresentam o título de especialista. As especialida-des mais procuradas por homens são em ordem decres-cente: Dentística, Prótese e Endodontia; e por mulheres:Dentística, Endodontia e Odontopediatria. O especialis-ta consegue quase 25% melhor remuneração que o clíni-co geral. Também é significativo que o ganho dos ho-mens é substancialmente superior ao das mulheres. Asmotivações para escolha da Odontologia como profis-são foram o interesse pelo trabalho do dentista (76%) eperspectiva de ganho e prestígio social (32%).

Carvalho et al (1997) estudou as motivações e expec-tativas dos acadêmicos de três faculdades de Odonto-logia de São Paulo e constatou que o formando dessasfaculdades é predominantemente do sexo feminino, jo-vem e solteiro. A escolha do curso foi motivada princi-palmente por vocação e a expectativa para o início daatividade profissional é o trabalho assalariado e a conti-nuidade dos estudos.

Andrade (1999) observou que, atualmente, mais de60% dos cirurgiões dentistas com até 30 anos são mu-lheres. Porém, mesmo com essa prevalência femininaentre os profissionais de Odontologia, ele constatou,através de dados do CFO, que os homens ainda predo-minam na escolha de certas especialidades, como Próte-se Dentária, Prótese Bucomaxilofacial, bem como Cirur-gia e Traumatologia Bucomaxilofacial.

Oliveira et al (2000), em estudo realizado para verifi-car a distribuição dos cirurgiões dentistas de acordocom as regiões do Brasil, constataram haver maior con-centração dos profissionais principalmente na regiãoSudeste. Há maior tendência dos profissionais se insta-larem próximo dos grandes centros e das cidades quepossuem faculdades de Odontologia, até mesmo pelamaior facilidade de acesso a cursos de aperfeiçoamentoe especialização.

Pereira e Fiorini (2000), em um trabalho com estudan-tes do curso de Odontologia da Universidade de Alfe-nas, observaram algumas diferenças na escolha das es-pecialidades entre os alunos da 1ª. e 4ª. séries. A especi-alidade escolhida na 1ª. série foi Ortodontia. Na 4ª. série,os alunos do sexo masculino escolheram a Ortodontia eos do sexo feminino escolheram a Odontopediatria.

Andrade (2001) cita a Odontogeriatria como sendo aespecialidade do futuro e mostra que a perspectiva da-qui a 20 anos é que de cada 3 pacientes, 2 serão idosos.Este fato está relacionado ao aumento da expectativa de

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vida da população. A universidade pioneira em implantaresta especialidade na graduação foi a Universidade Esta-dual de Maringá (UEM), no Paraná.

Segundo dados do Conselho Federal de Odontologia(CFO, 2002), existem no Brasil um total de 173.637 dentistase, destes, 10.515 estão no Paraná. As especialidades maisescolhidas em ordem decrescente são Endodontia, Odon-topediatria, Ortodontia, Periodontia e Prótese Dental.

Ribeiro (2002) relata que na 2ª. ANEO houve mudançanas denominações de algumas especialidades odontológi-cas: a Dentística Restauradora passou a ser Dentística; aOdontologia em Saúde Coletiva passou a ser Saúde Coleti-va; a Prótese Dentária passou a ser Prótese Dental; e aRadiologia passou a ser Imageologia Dentomaxilofacial. Oautor ainda cita as cinco novas especialidades que foramcriadas na Conferência: Disfunção Temporomandibular eDor Orofacial; Odontologia do Trabalho; Odontologia paraPacientes com Necessidades Especiais; Odontogeriatria;e Ortopedia Funcional dos Maxilares. Atualmente a Odon-tologia apresenta dezenove especialidades.

MATERIAL E MÉTODOSPara a realização deste trabalho, a população utiliza-

da foi constituída por 125 alunos matriculados no cursode Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Gros-sa no ano de 2002, dos quais 57 eram calouros e 68 for-mandos.

O instrumento utilizado para a coleta das informa-ções foi um questionário com questões abertas e fecha-das, de acordo com a proposta de metodologia quanti-qualitativa, tendo sido previamente testado e validado.Tal questionário foi aplicado em sala de aula, no iníciodo ano letivo, tendo-se procurado momento e ambienteoportunos, sendo que os acadêmicos foram previamen-te esclarecidos de que não havia necessidade de identi-ficação. No início de cada questionário os alunos espe-cificaram idade, sexo e período em que estavam matricu-lados.

As perguntas formuladas visaram abordar os seguin-tes aspectos:

1) Motivo de escolha do curso.2) Expectativa de início do exercício profissional.3) Atuação em serviço público ou privado.4) Realização de pós-graduação e área em que pre-

tende atuar.5) Estrutura (porte) da cidade em que se estabelecerá.6) Dificuldades para formação de clientela.7) Expectativa inicial de renda financeira.8) Pretensão de realizar outro curso universitário no

futuro.As especialidades listadas em uma das questões obe-

deceram as atuais categorias de especialidades da Odon-tologia (CFO, 2002; Ribeiro, 2002).

As informações foram armazenadas no programa Mi-crosoft Excel e os resultados foram expressos em tabe-las contendo valores absolutos e relativos.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO presente estudo abrangeu a totalidade dos acadê-

micos matriculados nos 1° e 5° anos do curso de Odon-tologia da UEPG no ano de 2002. Observou-se que exis-te uma predominância do sexo feminino, representando54,3% dos calouros e 63,2% dos formandos, achado queestá de acordo com a literatura (Botti e Santos, 1986;Costa et al, 1992; Carvalho et al, 1997; Andrade, 1999),que tem demonstrado uma crescente predominância demulheres atuando no campo da Odontologia.

Os resultados obtidos por essa pesquisa podem serverificados nas tabelas de 1 a 9.

TABELA 1- Distribuição segundo os principais motivosda opção pelo curso de Odontologia.

A tabela 1 identifica os principais motivos que levaramos estudantes a optarem pelo curso de Odontologia. Ob-serva-se que, tanto para os calouros (57,8%) como para osformandos (61,7%), a vocação para as ciências médicas foio principal motivo relatado. O segundo motivo mais relata-do pelos alunos do primeiro ano foi a possibilidade de umrelacionamento direto com pacientes (14,0%) e pelos alu-nos do quinto ano foi o acaso (14,7%). Esses resultadosdiferem dos encontrados por Pereira e Fiorini (2000) queencontraram a vocação para as ciências da área Biológicacomo principal motivo de escolha da profissão apenas en-tre os alunos do primeiro ano. Para os alunos do último anoda graduação da Universidade de Alfenas (UNIFENAS), osautores verificaram que a possibilidade de exercer uma pro-fissão liberal foi o motivo mais relatado. A influência famili-ar foi pouco relatada pelos acadêmicos da UEPG, achadoque difere do encontrado entre os estudantes da UNIFE-NAS, na qual a influência da profissão paterna na escolhada carreira teve um peso considerável, sendo a segundaopção mais declarada pelos estudantes de ambas as séries.Esse achado poderia indicar, segundo Botti e Santos (1986)uma maturidade maior por parte dos acadêmicos da UEPG,uma vez que estes optaram pelo curso não por influênciafamiliar ou por simples ambição socioeconômica.

O início da vida profissional gera no indivíduo angústi-as ocasionadas pela necessidade de tomar certas decisõesque irão influenciar diretamente seu sucesso futuro. Botti eSantos (1986) questionam se a intenção da realização decursos de pós-graduação logo após a conclusão da gradu-ação, antes de iniciar o exercício da profissão, não seria umaforma de fuga, consciente ou não, da nova realidade a serenfrentada.

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TABELA 2 – Distribuição segundo a época em que pre-tende iniciar o exercício profissional.

Analisando a Tabela 2, observa-se que, assim como osformandos (63,2%), a maioria dos calouros (63,1%) desejainiciar a atividade profissional logo após a formatura. Esteresultado foi semelhante ao obtido por Botti e Santos (1986),em estudo realizado com formandos de quatro universida-des gaúchas. Porém, 26,4% dos formandos pretendem co-meçar a exercer a profissão somente após conseguirem umvínculo empregatício; e 29,8% dos calouros têm a intençãode, antes de iniciar a atividade profissional, realizarem umapós-graduação.

TABELA 3 – Distribuição segundo o setor do mercado detrabalho ao qual pretende se dedicar após concluída agraduação.

A maioria dos calouros e dos formandos almeja um em-prego associado ao serviço público, para poder dispor deuma renda fixa mensal, além da renda particular do consul-tório (Tabela 3). Em estudo realizado com dentistas forma-dos da Grande São Paulo, Costa et al (1992), constataramhaver maior concentração dos profissionais na atividadeautônoma, sendo que grande parte destes associam a ativi-dade particular com um emprego.

TABELA 4 – Distribuição segundo aespecialidade pretendida.

Quase a totalidade dos entrevistados pretende cursaralguma pós-graduação: 98,2% dos calouros e 98,5% dosformandos. As especialidades preferidas podem ser verifi-cadas na tabela 4. Dentre os calouros observa-se que asáreas mais freqüentes foram: Ortodontia (21,0%), Cirurgia eTraumatologia Buçomaxilofacial (17,5%) e Odontopediatria(10,5%); e dentre os formandos foram: Ortodontia (19,4%),Prótese Dental (16,4%) e Dentística (14,9%). Observa-seainda que o número de indecisos quanto à especialidadepretendida é maior entre os calouros (36,8%) do que entreos formandos (16,2%), condizendo com os resultados en-contrados por Pereira e Fiorini (2000). Inicialmente, a maio-ria dos acadêmicos deseja dedicar-se a essas áreas especí-ficas através de um curso de especialização (Tabela 5). AOrtodontia destaca-se como a especialidade mais escolhi-da tanto por calouros quanto por formandos. Esse resulta-do condiz com o encontrado por Pereira e Fiorini (2000) paraa Universidade de Alfenas (UNIFENAS). Dados do Conse-lho Federal de Odontologia (CFO, 2002) demonstram que asespecialidades que apresentam maior número de odontólo-gos atuando são, tanto no Brasil quanto no Paraná, a Endo-dontia em primeiro lugar, seguida da Odontopediatria e daOrtodontia. Por outro lado, existe um número bastante pe-queno de profissionais atuando em áreas menos conheci-das como a Prótese Buçomaxilofacial, a Estomatologia e aOdontologia Legal.

A escolha das especialidades apresentou algumas dife-renças em relação ao sexo dos entrevistados. As forman-das apresentam uma certa tendência por especialidades queenvolvam estética, como a Dentística e a Prótese Dental;enquanto que as calouras não citaram estas especialida-des, possivelmente por desconhecimento. De uma formageral, as especialidades mais citadas pelas mulheres forama Ortodontia (34,1%), a Cirurgia e Traumatologia Buçomaxi-lofacial (25,4%) e a Odontopediatria (24,5%). As especiali-dades que os homens mais relataram foram a Ortodontia(51,2%), a Cirurgia e Traumatologia Buçomaxilofacial (27,2%)e a Implantodontia (23,5%), sendo que os calouros demons-traram preferência pelas duas primeiras. Por sua vez, osformandos preferem a Ortodontia, seguida da Implantodon-tia. Costa et al (1992) encontraram resultados divergentesem relação ao presente estudo. Constataram que as especi-alidades preferidas pelos homens foram: Dentística, Próte-se Dental e Endodontia; enquanto que para as mulheresforam: Dentística, Endodontia e Odontopediatria. Porémconvém ressaltar os períodos em que o presente estudo(2002) e o de Costa et al (1992) foram conduzidos, sendo

TABELA 5 – Distribuição segundo o tipo de pós-gradua-ção que pretende realizar inicialmente para dedicar-se àespecialidade pretendida.

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tais diferenças possivelmente fruto de alterações no perfildo mercado de trabalho.

A Odontopediatria destaca-se pelo fato de ser umaespecialidade escolhida principalmente pelo sexo femi-nino. Observa-se, porém, que alguns calouros optarampor esta especialidade e que nenhum formando desejaseguí-la. Por outro lado, observa-se que apenas forman-dos se interessam em seguir algumas especialidades maisrecentes ou pouco difundidas e que apresentam-se pro-missoras como mercado de trabalho (Andrade, 2001;Ribeiro, 2002) como a Odontogeriatria e a Saúde Coleti-va, ou mesmo algumas tradicionais como a Periodontia.Tais resultados são indícios de que, com o transcorrerdo curso e o contato com as disciplinas menos tradicio-nais, os acadêmicos tendem a reorientar suas preferên-cias.

Com relação ao porte da cidade em que pretende atuar(Tabela 6), a maioria dos acadêmicos optou por cidades demédio porte. Este resultado não concorda com os estudosde Pires Filho et al (1984) e Vacariuc (1985), que relataramexistir tendência dos cirurgiões dentistas se instalarem emgrandes centros, principalmente nas capitais. No presenteestudo nota-se que a opção capital foi pouco citada pelosacadêmicos, possivelmente pela consciência que os mes-mos apresentam em relação à saturação do mercado de tra-balho, principalmente nas regiões Sudeste e Sul do Brasil(Oliveira et al, 2000).

TABELA 7 – Distribuição segundo a principal dificulda-de que será encontrada para a formação da clientela.

Os graduandos estão conscientes e preocupados como número elevado de profissionais no mercado de trabalho,bem como acreditam ser esta a principal dificuldade queenfrentarão para formação da clientela após a formatura(Tabela 7). Este achado discorda dos de Botti e Santos (1986)que citaram como a principal dificuldade os poucos recur-sos por parte da população, item que aparece em segundolugar nesse estudo. Observa-se, portanto, que os acadêmi-

cos da atual década acreditam que enfrentarão com maiordificuldade a saturação do mercado de trabalho do que osacadêmicos da década de 80.

TABELA 8 – Distribuição segundo a perspectiva inicialde renda financeira.

As expectativas em termos de rendimento são muitosemelhantes entre os calouros e os formandos (Tabela 8),sendo que a maioria tem perspectiva inicial de salário entre1.000 e 3.000 reais. Destaca-se, contudo, em relação ao sexo,que mais homens (19,6%) do que mulheres (8,1%) imaginamque conseguirão uma renda inicial superior a 3.000 reais pormês.

TABELA 9 – Distribuição segundo outro curso pretendi-do após a graduação em Odontologia:

Uma parte dos acadêmicos entrevistados pretende rea-lizar outro curso universitário no futuro (19,3% dos calou-ros e 17,6% dos formandos). Observa-se na tabela 9 que ocurso de Medicina foi o mais citado pelos calouros (5,2%) enão foi citado por nenhum formando. O curso de Direito,por sua vez, ficou em primeiro lugar entre os formandos(7,3%) e em segundo lugar entre os calouros (3,5%). Estesresultados diferem dos observados por Almeida JR et al(1984) e por Pereira e Fiorini (2000), que encontraram maiorpredominância de pretensão de cursos na área das ciênciasmédicas, especialmente a Medicina, em qualquer períododa graduação. No presente estudo houve maior variaçãoentre as áreas de conhecimento escolhidas, tendo se desta-cado o curso de Direito. Uma tendência dos alunos optarempelo Direito como segundo curso de graduação já haviasido verificada por Pereira e Fiorini em 2000.

CONCLUSÕESOs resultados demonstrados no presente estudo permi-

tem concluir que as perspectivas de exercício profissionalentre calouros e formandos do curso de Odontologia daUEPG são bastante semelhantes, sendo que a maioria de-

TABELA 6 – Distribuição segundo a estrutura (porte) dacidade em que pretende atuar.

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les:1. Aponta a vocação para as ciências médicas como o

principal motivo da opção pela Odontologia;2. Pretende continuar os estudos após a conclusão do

curso, principalmente através de uma especialização;3. Espera ter um emprego em serviço público associado

à clínica privada, em município de médio porte;4. Tem perspectivas iniciais de salário entre 1.000 e 3.000

reais;5. Acredita que o elevado número de profissionais no

mercado de trabalho será o principal obstáculo à formaçãoda clientela após a formatura;

6. Não almeja outro curso de graduação.

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Correspondência para:e-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃOPiracicaba é um Município da região sudoeste do Esta-

do de São Paulo e dista 160 Km da capital, com uma popula-ção de aproximadamente 400.000 habitantes, tendo suaságuas fluoretadas desde 1971 na concentração ótima de 0,7ppm. De acordo com dados da literatura o CPO-D aos 12

Saúde Bucal em Piracicaba (SP) Segundo osCritérios Atuais da Organização Mundial da Saúde

Piracicaba Oral Healt According with Current CriteriaEstablished by the World Health Organization

(*) Maria da Luz Rosário de SOUSA, (**) Silvia CYPRIANO, (**) Lilian Berta RIHS, (***) Ronaldo S. WADA

Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Esta-dual de Campinas. (*) Professora Livre Docente do Departamento de Odontologia Social da Faculdade deOdontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas, (**) Mestrandas do Programa de Pós-

Graduação em Odontologia, Área de Cariologia - Faculdade de Odontologia de Piracicaba da UniversidadeEstadual de Campinas, (***) Professor Doutor do Departamento de Odontologia Social da Faculdade de

Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas

Resumo: O objetivo deste trabalho foi conhecer a prevalência de cárie, fluorose, doençaperiodontal e necessidades de tratamento segundo os novos critérios da Organização Mun-dial de Saúde (1997) em alunos de escolas públicas e privadas e em adultos do município dePiracicaba. A amostra foi aleatória e composta por 489 pessoas. Na rede pública o CPO-D dos7 aos 12 anos foi de 1,68 e na rede particular de 0,81. Aos 12 anos de idade os escolaresapresentaram um CPO-D de 2,64, sendo 36,4% de livres de cárie. Aos 18 anos o CPO-D foi de7,55 e para adultos foi de 21,07. O componente obturado foi o de maior percentual nas idadesde 12, 18 e adultos. A prevalência de fluorose foi de 15,1%, 8,9% e 2,3%, respectivamente. Osangramento gengival apresentou os maiores percentuais dentro das condições de saúdeperiodontal nos escolares e aos 18 anos, sendo que nos adultos a maior prevalência foi decálculo. Estes resultados sugerem que o Município de Piracicaba atingiu a meta da OMS comCPO-D aos 12 anos menor que 3 em 2000, que as necessidades atendidas são maiores do queas de tratamento nas idades de 12, 18 e adultos que freqüentam o ambiente escolar, porémmaior ênfase deve ser dada às medidas preventivas e educativas em todas idades, para que sealcance um contingente maior de pessoas livres de cárie e com saúde gengival, não sendo afluorose um problema de saúde pública no Município.

Palavras-chave: Cárie dentária, epidemiologia, Saúde bucal, Saúde escolar.

Abstract: The aim of this study was to know the dental caries prevalence and its severity,fluorosis, periodontal disease and treatment needs according WHO new criteria (1997) inpublic and private schoolchildren from Piracicaba district, as well as in adults. The samplewas 489 individuals, selected by systematic randomization, made in two steps. The DMF-Twas 1.68 for 7-12 year-olds from publics school and 0.81 for those from private schools. TheDMF-T was 2.64 for 12 year-olds, being 36.4% free of caries. The DMF-T was 7.55 for 18 year-olds and 21.07 for adults. The filled component showed the highest percentage at ages 12, 18and in adults. The fluorosis prevalence was 15.1%, 8.9% and 2.3%, respectively. The bleedinggum showed the highest percentage among periodontal health conditions in schoolchildrenand at the age 18, where as calculus showed the highest prevalence in adults. These resultssuggest that Piracicaba district met WHO aims with DMF-T at 12 years old less than 3 in theyear 2000, and that the treatment needs solved are bigger than the treatment needs at ages 12,18 and adults who are at school place. However, a greater emphasis must be given to preven-tive and educational actions in all ages, in order to achieve a larger number of people free ofcaries and with healthy gum. Fluorosis is not a public health problem in the district.

Keywords: dental caries, epidemiology. Oral health. School health

anos apresenta-se em queda desde 1971, cujo valor era de8,6, para 2,0 no ano de 1996, observando-se uma redução de76,7% no índice CPO-D aos 12 anos após 28 anos de fluore-tação (Cury, 2000).

Esta redução nos índices de cárie também têm ocorridoem diversas regiões do Brasil, assim como em vários países

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A calibração foi realizada em 36 horas, divididas entrediscussões teóricas e atividades práticas simulando as di-ferentes condições e situações que a equipe de 10 examina-dores encontraria durante a realização do trabalho prático.A coleta de dados foi realizada nos meses de setembro anovembro de 1999 e digitados utilizando para tal o softwareEPI-Info (Dean, 1990) versão 5.01 e o programa EPIBUCO(Lopes, 1991).

Utilizou-se o teste de diferenças entre proporções comnível de significância igual a 5,0% para se estabelecer com-parações entre escolas públicas e privadas no grupo de 7 a12 anos, bem como comparações entre outras variáveis,como etnia, sexo e livres de cárie, nos extratos que o tama-nho amostral permitiu.

RESULTADOSA porcentagem de discordância inter-examinadores en-

contrada na calibração foi de: 2,5% para a coroa, 1,3% paraa necessidade de tratamento e 10,6% para CPI, 10,8% para afluorose. Aproximadamente 10,0% dos indivíduos selecio-nados foram re-examinados para obtenção das porcenta-gens de discordância intra-examinadores, que foram: 1,6%para coroa dentária, 1,6% para a necessidade de tratamen-to, 6,2% para o CPI e 6,9% para a fluorose, valores estesconsiderados aceitáveis segundo a OMS (WHO, 1987) (aci-ma de 85,0%), e segundo Frias (2000), comprovando a pre-cisão dos dados coletados.

O total de pessoas examinadas foi de 489 pessoas, mos-trando composição equilibrada entre os sexos, com exce-ção para os 18 e 35 a 44 anos (Tabela 1).

Tabela 1 - Número e porcentagem de pessoas examina-das, segundo idade e sexo – Piracicaba, 1999.

industrializados e em desenvolvimento como nos EstadosUnidos da América, Austrália, Reino Unido, Costa Rica eFrança (Marthaler et al., 1996; Peterson & Bratthall, 1996).As razões para este declínio não estão ainda integralmenteesclarecidas e dimensionadas, mas vários trabalhos apon-tam para o uso de dentifrícios fluoretados e fluoretação daságuas de abastecimento como os maiores responsáveis peloseu declínio (Cortes et al., 1996; Pinto, 1999).

Piracicaba tem o histórico de levantamentos epidemio-lógicos, entretanto estes estudos se concentraram nos es-colares da rede pública e se restringiram à cárie dentária. Aproposta deste trabalho foi acrescentar as informações per-tinentes à cárie dentária de outros grupos populacionais(18 anos e adultos), além de incorporar dados de saúdegengival, cárie e necessidade de tratamento para os escola-res de 7 a 12 anos das redes pública e particular de ensino,mediante a nova metodologia da Organização Mundial daSaúde (WHO, 1997).

MATERIAIS E MÉTODOSEste é um estudo transversal e o tamanho da amostra

foi calculado por faixa etária conforme recomendação daOMS (WHO,1987) em que obteve-se 96 elementos amos-trais para cada idade ou faixa etária. Este valor foi obtidoconsiderando-se que 40 escolares por idade seriam sufici-entes para obtenção de dados confiáveis, quando a preva-lência de cárie é moderada ou alta. Optou-se por admitir umerro de desenho de 2 e perda amostral de 20%. A amostrafinal foi de 489 pessoas, sendo constituída de 390 escolaresde escolas públicas e particulares de 7 a 12 anos, 56 escola-res de 18 anos e 43 professores e funcionários de 35 a 44anos, selecionados mediante sorteio aleatório simples. Asaúde bucal dos idosos está divulgada em separado (Para-jara & Guzzo, 2000; Silva et al., 2002).

Piracicaba seguiu as mesmas orientações do Levanta-mento Epidemiológico realizado no Estado de São Paulo(Narvai & Castellanos, 1998)

e através do termo de consen-

timento livre e esclarecido, obteve-se a autorização das pes-soas (ou responsáveis) que participariam do estudo.

Os índices que foram utilizados obedeceram os códigose critérios recomendados pela OMS (WHO, 1997) e FSP/USP (Narvai & Castellanos, 1998). As seguintes condiçõesforam pesquisadas: cárie dentária (índices CPO-D e ceo-d),necessidade de tratamento, condição periodontal (índiceCPI) e a fluorose dentária (índice de Dean).

Foram também utilizados para a análise dos resultadoso Índice de Cuidados (Care Index) (Pitts et al., 2000) quemostra os cuidados restauradores a que a população alvoesteve exposta, através da relação de dentes obturados/CPO x 100 e o Índice de Equivalência a Dentes Saudáveis(T-health modificado) que busca representar a quantidadede tecido dental saudável em cada grupo populacional, oqual fornece pesos aos componentes do índice CPO-D, se-gundo a seguinte fórmula: (hígidos x 4/N) + (cariados x 1/N)+ (obturados x 1/N)/6, onde “N” seria o total de dentes(Marcenes & Sheiham, 1993). Para o cálculo destes doisíndices, quando se tratava de dentição mista, se utilizou asomatória de dentes decíduos e permanentes.

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Figura 1: Evolução da cárie dentária em escolares se-gundo o índice CPO-D e o ano, em Piracicaba.

* Fonte: Adaptado de Basting et al.

A Figura 1 mostra tendência de redução da cárie dentá-ria nos escolares de Piracicaba no período de 1971 a 1999.Utilizou-se o índice CPO-D como unidade de medida.

Tabela 2: Índice ceo-d, CPO-D, média (%) dos componen-tes do índice CPOD, experiência de cárie e os Índices deCuidados Dentários e o T-health modificado, segundo aidade - Piracicaba, 1999.

*T-Health modificado corresponde ao Índice de Equivalência aDentes Saudáveis.

A Tabela 2 apresenta os índices de cárie e seus compo-nentes, além da porcentagem de crianças com experiênciade cárie e os índices de cuidados dentários e de saúdedentária nas diversas idades.

Tabela 3: Índices de cárie e porcentagem de livres decarie, com experiência de cárie e fluorose, de 7 a 12 anossegundo o sexo, etnia e tipo de escola - Piracicaba, 1999.

* Valores seguidos por letras sobrescritas distintas nacoluna diferem entre si ao nível de 5% de significância.

A Tabela 3 apresenta os índices de cárie para dentiçãodecídua e permanente, bem como a prevalência de fluorose,saúde gengival e livres de carie, além da porcentagem dascrianças que apresentavam um ou mais dentes cariados.Quanto à etnia, considerou-se como grupo de não brancosos indivíduos que foram incluídos nas categorias de par-dos, negros e amarelos, segundo os critérios do IBGE

(Nar-

vai & Castellanos, 1998).Com relação às necessidades de tratamento nas crian-

ças de 7-12 anos, se indicou tratamento para apenas 6,5%dos dentes examinados, que corresponderam a 603 dentesem 390 escolares (examinou-se 9292 dentes). Considerandoa totalidade de dentes com indicação de tratamento, segun-do o tipo de necessidade, a maior parte das indicações sereferiu a procedimentos de baixa complexidade, como res-taurações de uma superfície (57,2%), de duas ou mais su-perfícies (24,0%), aplicação de selante (6,8%), exodontia(6,1%), tratamento pulpar (5,0%), sendo que apenas 5 den-tes (0,8%) tiveram indicação de coroas. Aos 18 anos, a qua-se totalidade das indicações se referiram a restaurações de01 superfície (97,0%), sendo 33 dentes em 56 indivíduosexaminados. Para os adultos também se observou que 82,0%das indicações se referiram a restaurações e 15,0% indica-ção de endodontia e coroas.

Quanto a necessidade de tratamento odontológi-co, 13,6% aos 12 anos e 5,4% anos 18 anos têm 4 ou maisdentes com cárie, concentrando, portanto, a maior parte denecessidades de cuidados restauradores e preventivos.

A prevalência de fluorose aos 12, 18 e adultos en-contrada foi respectivamente de 15,1%, 8,9% e 2,3%. Naamostra estudada não se observou casos de fluorose mo-derada ou severa, segundo o índice de Dean (WHO, 1997).

Figura 2: Distribuição percentual da amostra segundo omaior grau periodontal e grupo etário - Piracicaba, 1999.

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27Odontologia e Sociedade

Os resultados encontrados na amostra com relação àcondição periodontal, podem ser observados na Figura 2.

DISCUSSÃOEste estudo apresentou uma amostra representativa dos

escolares do município para a cárie dentária, fazendo-se aressalva que para os adultos esta inferência deve ser cuida-dosa, pois se restringe a funcionários das escolas e nume-ricamente ficou um pouco aquém do planejado. Aos 18 anos,cabe ainda ressaltar que a amostra foi composta predomi-nantemente pelo sexo feminino. Os dados, entretanto for-necem informações preliminares e exploratórias sobre a saúdebucal destes grupos, sendo que outros estudos deverãoser conduzidos de forma a possibilitar inferências para es-tas populações do município.

Os valores médios do índice CPO-D no período de 1971a 1999, mostram uma evidente redução de cárie na faixaetária de 7 a 12 anos, sugerindo uma melhora nas condiçõesde saúde bucal desta população (Figura 1). Aos 12 anos seobservou uma média de redução do índice CPO-D de 69,3%.

Este estudo de 1999 apesar de manter o padrão de redu-ção dos índices de cárie que vem ocorrendo durante déca-das apresentou valores numericamente mais altos em todasas faixas etárias quando se compara com o estudo de 1996(Basting et al., 1997). Por terem sido utilizadas diferentesmetodologias é precipitado concluir que houve um aumen-to de cárie no período de 1996 a 1999, sendo necessáriooutros estudos para confirmar se o padrão de redução ain-da permanece.

A prevalência de cárie em Piracicaba é moderada, estan-do abaixo da média do Estado de São Paulo em 1998 e acimado valor observado em Blumenau (SC) nas escolas públi-cas (Traebert, et al., 2001). A meta que a OMS propunhapara o ano 2000 aos 12 anos foi atingida, sendo necessário,o monitoramento e continuidade dos programas preventi-vos e educativos para os escolares para a manutenção dospadrões de redução de cárie.

Na dentição decídua o índice ceo-d diminuiu com a ida-de, variando de 2,69 aos 7 anos a 0,11 aos 12 anos. Freire etal.(1999) ao observar a prevalência de cárie nos escolaresde escolas públicas do interior de Goiás encontrou valoresmais elevados, variando de 5,54 aos 7 anos a 0,29 aos 12anos, sendo maior também a média do CPO-D (5,19 aos 12anos).

Os dados apontam para a importância da dentição decí-dua como indicador de atividade de cárie na dentição per-manente, pois as crianças com cárie na dentição permanen-te apresentaram um ceo-d de 1,73, sendo que este índice foide 1,18 nas crianças livres de cárie na dentição permanente(Tabela 3).

Quanto aos componentes do índice CPO-D na faixa etá-ria dos escolares, o padrão de obturados permaneceu, sen-do que este presente estudo mostrou maior amplitude tantodo componente obturado (11,1% a 88,9%) como do compo-nente cariado (38,5% a 88,9%), quando comparado ao estu-do de Basting et al. (1997)

em Paulínia (Moreira et al., 1996),

apenas 21% do índice CPO-D era composto pelo compo-nente cariado, em todas as idades analisadas, e 79% do

índice era composto pelo componente obturado. Em Blu-menau, aos 12 anos, o componente obturado correspondeua 64,3% do índice e que segundo Traebert et al (2001) con-sideraram como uma boa cobertura dos serviços de saú-de bucal.

Aos 18 anos e adultos o componente obturado foi tam-bém o de maior peso na composição do índice CPO-D, res-saltando que dos 35 aos 44 anos 36,0% dos dentes já havi-am sido perdidos.

Quanto à porcentagem de crianças livres de cárie aos 12anos, em 1992 foi de 13%, em 1996 foi de 38,6% e de 36,4%em 1999. No Estado de São Paulo

27 foi 16,4% menor que o

valor encontrado em Piracicaba em 1999. Em Blumenau26

este valor foi de 45,3% nas escolas públicas. Entretanto,entre os escolares das escolas particulares, aos 12 anos, aporcentagem de livres de cárie foi de 47,1% no Estado deSão Paulo

27 e 63,6 % em Piracicaba, apesar da amostra ter

caráter exploratório. Dados de levantamentos em saúde bucalde escolares nos EUA (1986-87) demonstraram que aproxi-madamente 50% das crianças dos 5 aos 17 anos estavamlivres de cáries (Heller et al., 1997).

Neste estudo, o Índice de Cuidados oscilou de 38,9%aos 7 anos a 89,6% aos 18 anos. Segundo Pitts et al. (2000)este índice reflete o cuidado restaurador recebido por aque-les que foram atingidos pela cárie dentária, tendo interesseao estudar a oferta de serviços odontológicos e que nocaso do estudo da Grã-Bretanha (1998-99) aos 14 anos foide 58,0%, sendo considerada baixa segundo os pesquisa-dores, semelhante aos dados de Piracicaba aos 12 anos.

O T-health modificado no grupo etário de 7 a 18 anososcilou de 13,1 a 16,2, sendo que na amostra dos adultos elediminui para 8,5 demonstrando que este indicador de saúdebucal é sensível para medir a piora observada nesta popula-ção pois este índice dá maior peso aos dentes hígidos, fatornão considerado no índice CPO-D.

Ao se comparar numericamente o índice CPO-D este foimaior no sexo feminino, no grupo de não brancos e nosescolares de escolas públicas, sendo aproximadamente odobro do encontrado nas escolas particulares.

Dentre os que apresentavam experiência de cárie o CPO-D foi de 3,15, sendo duas vezes maior do que a média doíndice do município (1,55), ressaltando a importância dessamedida para se saber qual é a real média de ataque de cáriedentro do grupo de indivíduos que são acometidos peladoença (Tabela 3). Este valor foi próximo ao encontrado naGrã-Bretanha (3,24), sendo que 54,0% apresentavam-se comexperiência de cárie aos 14 anos e o CPO-D médio era de1,76 no ano de 1998/1999.

Considerando o sexo (p=0,1573), etnia (p=0,0977) e tipode escola, a porcentagem de escolares livres de cárie nadentição permanente diferiu significativamente apenas comrelação ao tipo de escola (p=0,0010), sendo que nas escolasparticulares obteve-se 23,4% mais indivíduos livres de cá-rie na dentição permanente, sugerindo melhores condiçõesde saúde bucal. Entretanto, considerando-se a porcenta-gem de crianças que apresentavam um ou mais dentes cari-ados, observou-se diferenças estatisticamente significati-vas em todas as categorias estudadas (p=0,0000 para etniae tipo de escola e p=0,0119 para o sexo) sugerindo diferen-

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ças evidentes na composição do índice CPO-D.Quanto à saúde gengival nos escolares o maior percen-

tual foi de sangramento, assim como no estudo de Marcan-tonio Junior & Santos (1998), discordando do estudo deTapsoba et al. (2000), onde o maior percentual foi de cálcu-lo. Encontraram-se diferenças estatisticamente significati-vas com relação ao tipo de escola e ter ou não experiênciade cárie na dentição permanente (p=0,0000). As criançasdas escolas particulares sem experiência de cárie na denti-ção permanente têm também mais saúde gengival com me-nores porcentagens de sangramento à sondagem (Tabela3), concordando com Maltz & Silva (2001). Quanto aos adul-tos, a maioria dos trabalhos apontam para baixos percentu-ais de bolsas periodontais (Gesser et al., 2001), assim comoneste estudo (Figura 2).

A prevalência de fluorose nos escolares foi de 9,5% ediferiu estatisticamente apenas com relação ao sexo(p=0,0224), não havendo diferenças entre as escolas públi-cas e privadas (p=0,8101), discordando do observado porMaltz & Silva (2001).

O índice de fluorose dentária da comunidade (Chaves,1977) foi de 0,17, estando abaixo da zona de limite, nãosendo considerado um problema de saúde pública até omomento. Os dados de Piracicaba estão abaixo dos encon-trados em Piratininga (Tomita et al., 1995) e acima dos en-contrados em Araraquara (Dini et al., 1997).

No grupo etário de 7 a 12 anos, indicou-se tratamentopara 29,5% (n=115) e 32,3% (n=126) dos escolares, conside-rando a dentição decídua e permanente, respectivamente.Entre as indicações prevaleceram procedimentos passíveisde serem realizados em Unidades Básicas de Saúde nãoexigindo cirurgiões dentistas especializados, já que as mai-ores necessidades se referiram a tratamentos restauradoressimples. Traebert et al. (2001) também confirmaram estesachados no seu estudo.

Os resultados deste estudo confirmam a tendência dequeda no índice de cárie quando comparados às décadasde 70 e 80, além de descrever dados de saúde periodontal efluorose em escolares e adultos, demonstrando a relevân-cia deste estudo e de futuros levantamentos epidemiológi-cos que incorporem estas medidas.

CONCLUSÕESA prevalência de cárie em Piracicaba aos 12 anos é mo-

derada e o município atingiu a meta da OMS para o ano2000. Para o grupo etário dos adultos este foi um estudoexploratório. As necessidades atendidas foram maiores doque as de tratamento aos 12, 18 e 35 a 44 anos, sendo oinverso dos 7 aos 10 anos, evidenciando a necessidade demedidas curativas direcionadas a este grupo e de medidasde promoção de saúde a todos grupos, tendo em vista obaixo percentual de livres de cárie e alto percentual de san-gramento gengival, sendo que a fluorose não se constituiuum problema de saúde pública até o momento.

AGRADECIMENTOSÀ Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba, aos ci-

rurgiões dentistas e outros profissionais envolvidos nestelevantamento epidemiológico, além das pessoas que con-sentiram em participar deste estudo.

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Influência da Raça do Paciente na Decisão dos Dentistas emExtrair ou Conservar um Dente Extensamente Cariado

Influence of the Race of Patient on Decision of Dentiststo Extract or Retain a Grossly Decayed Tooth

(*) Etenildo Dantas CABRAL, (**) Arnaldo de França CALDAS JR**

*Professor Assistente da UFPE, Doutorando em Saúde Coletiva / FOP-UPE **Professor Adjunto da FOP-UPE

Resumo: O objetivo desse estudo foi avaliar a influência da raça do paciente na decisãodos dentistas em extrair ou conservar um dente extensamente cariado. Para isso foi utilizadauma amostra de 30 cirurgiões-dentistas do Recife, sorteados aleatoriamente a partir de listagemfornecida pelo CRO-PE. Aos dentistas sorteados foram apresentados dois cenários de casocom fotografias de um caso clínico de um molar extensamente cariado, mas com total condiçãode tratamento conservador. Os dois cenários eram idênticos, exceto a fotografia frontal dopaciente, que no caso 1 era de um paciente com características da raça branca e no caso 2 de umpaciente com características da raça negra. Os resultados mostraram uma tendência para osdentistas decidirem por extrair um dente extensamente cariado mais frequentemente quando opaciente possuía características da raça negra, assim como os dentistas com 17 a 21 anos deformado e com maior renda familiar mais frequentemente decidirem por extrair do que os dentis-tas das demais categorias de tempo de formado e com menor renda familiar. No entanto asdiferenças não foram estatisticamente significativas.

Palavras-chave: tomada de decisão; decisão de tratamento; variação racial; preconceito racial.

Abstract: The aim of this study was investigate the influence of the race of patient ondecision of dentists to extract or retain a grossly decayed tooth. A random sample of 30dentists from Recife was used, which was selected from a CRO-PE’s list. Two case scenarioswere presented to dentists. They included photographs of a clinical case of a grossly decayedmolar with conditions for conservative treatment. The scenarios were the same, but the photo-graph from the face of the patient was different. Case 1 showed a photograph from a whitepatient while case 2 showed a photograph from a black patient. The results showed a trend fordentists decide to extract more likely for the black patient than for the white patient, anddentists that was 17 to 21 years old and from higher family income more likely decided extractthan others. However the differences were not statistically significant.

Keywords: decision making; treatment decision; racial differences; racial bias

INTRODUÇÃOA tomada de decisão está tão envolvida no processo

de solução de problemas clínicos que é essencial a ele. Elaenvolve a idealização de planos ou cursos de ação quetenham por objetivos mudar a situação atual do problemapara uma outra melhor. No entanto, a tarefa de determinarqual terapia melhor se aplica às necessidades do pacientenão é fácil. Não há uma terapia única universalmente aplica-da que preencha todos os objetivos de tratamento do paci-ente (NETO, 1998; NEWMAN, 1998).

Dentistas ao redor do mundo tomam, diariamente, im-portantes decisões clínicas com relação ao futuro da saúdebucal dos pacientes. No entanto, há evidências de que es-ses profissionais não compartilham um processo comumde tomada de decisão, e algumas pesquisas têm encontra-do variações na decisão de cirurgiões-dentistas (ELDER-TON e NUTTALL, 1983; MERRETT e ELDERTON, 1984;

MARYNIUK, 1990; EL-MOWAFY e LEWIS, 1994; LEWISet al., 1996; MAUPOMÉ e SHEIHAM, 1997; CHOI et al.,1998). Contudo, o enfoque dessas pesquisas têm sido odiagnóstico e tratamento da cárie dentária e a substituiçãode restaurações de amálgama. Quase nenhum enfoque temsido dado a extração dentária.

A perda dentária pode ter grande impacto na saúde bu-cal, sendo importante, portanto, identificar os fatores quecontribuem para a decisão de extrair um dente. Muitos estu-dos têm identificado as razões relacionadas as doençasbucais para a extração dentária e não há dúvidas de que acárie e a doença periodontal são as principais (VIGNARA-JAH, 1993; MORITA et al., 1994; ANGELILLO et al., 1996;HULL et al., 1997; HADDAD et al., 1999; CHESTNUTT etal., 2000; MCCAUL et al., 2001). No entanto, poucos estu-dos têm examinado a influência de fatores não clínicos naextração dentária (CALDAS JR et al., 2000) e, menos ainda,

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fatores relacionados à decisão do cirurgião dentista (WAR-REN et al., 2000).

Segundo MCKINLAY (1996), os fatores não clínicosque influenciam decisões de tratamento são de três catego-rias principais: características do local de trabalho, do pro-fissional, e do paciente. Nessa última inclui-se, dentre ou-tras, a raça do paciente. E nesse tocante, estudos america-nos têm mostrado variação racial no recebimento de proce-dimentos de saúde, e como resultado os negros recebemmenos mamografias (BURNS et al., 1996; O’MALLEY et al.,1997), menos procedimentos cardiovasculares (MAYNARDet al., 1986; FORD et al., 1989; WENNEKER e EPSTEIN,1989; AYANIAN et al., 1993; WHITTLE et al., 1993; PETER-SON et al., 1994; HANNAN et al., 1999), menos cirurgiassofisticadas (GITTELSOHN et al., 1991) menos medicaçãopara tratamento da AIDS (MOORE et al., 1994) e da depres-são (SIREY et al., 1999) e menos transplante de rins (ALE-XANDER e SEHGAL, 1998; AYANIAN et al., 1999).

Contudo, embora a literatura evidencie as diferençasraciais na condição de saúde bucal (OLIVER et al., 1991;WALDMAN, 1992; BROWN et al., 1996; MARCUS et al.,1996; DRAKE et al., 1997; FOERSTER et al., 1998; ALBAN-DAR et al., 1999), não há nenhum estudo avaliando a influ-ência da raça do paciente na decisão terapêutica de cirurgi-ões-dentistas. Portanto, o objetivo desse estudo é avaliar ainfluência da raça do paciente na decisão dos dentistas emextrair ou conservar um dente extensamente cariado.

MATERIAIS E MÉTODOSTrata-se de um estudo piloto, quantitativo e analítico

com um desenho do tipo transversal, apresentando umacaracterística particular que foi a utilização de “cenário decasos”. Ou seja, uma apresentação de casos clínicos, pa-dronizados pelo investigador, no momento da coleta dedados.

A população estudada foi constituída de Cirurgiões-Dentistas da cidade do Recife, Pernambuco, onde, segun-do dados do Conselho Regional de Odontologia de Per-nambuco (CRO-PE), existem 2.576 profissionais.

AMOSTRAA partir de listagem fornecida pelo CRO-PE, 30 pro-

fissionais foram sorteados, por amostragem simples ealeatória, através do programa estatístico EPIINFO. Por-tanto, o primeiro critério de inclusão na amostra foi ainscrição do profissional no CRO-PE. Essa amostra éconsiderada não probabilística ou de conveniência, porser este estudo um piloto de um outro maior a ser desen-volvido.

Os profissionais selecionados foram contatados portelefone, através do qual foi solicitada a sua participa-ção na pesquisa e a consequente marcação de uma visi-ta. Quando não foi possível localizar o cirurgião-dentis-ta ou o mesmo manifestou o desejo de não participar dapesquisa, ou ainda declarou não exercer clínica geral, opróximo nome da listagem foi escolhido. Portanto, outrocritério de inclusão na amostra foi o profissional estarexercendo atividade de clínica geral.

COLETA DOS DADOSNa visita ao cirurgião-dentista foi explicada a natureza

da pesquisa e sua relevância, informando ao profissionalque a pesquisa tinha como objetivo identificar os fatoresrelacionados a decisão de tratamento dos cirurgiões-den-tistas de Recife frente a um dente extensamente cariado.Porém, o profissional não foi informado do enfoque dado acaracterística racial do paciente. Foi solicitado, então, a par-ticipação do profissional com a apresentação do Consenti-mento Livre e Esclarecido.

Dos que aceitaram participar do estudo, os dados foramcoletados a através de entrevista pessoal em que o autor foio entrevistador, utilizando um formulário que estava consti-tuído de duas etapas. A primeira referia-se a informaçõessobre a formação profissional, dados demográfico e sócioeconômicos do cirurgião-dentista entrevistado. A segundaetapa utilizava um cenário de caso, descrevendo um casoclínico de um dente extensamente cariado, auxiliado por umálbum de fotografias do caso, para o qual o profissional foisolicitado a propor, em questão aberta, seu tratamento.

Devido a natureza do estudo houve dois momentos nacoleta dos dados com relação a cada cirurgião-dentista. Noprimeiro momento foi feito o contato inicial e a apresenta-ção de um cenário de caso. No segundo momento, que foirealizado no intervalo mínimo de 15 dias após o primeiro, foiapresentado outro cenário de caso.

Cenário de caso:O cenário de caso apresentado ao profissional foi sele-

cionado dentre 30 casos clínicos de molares com extensalesão cariosa identificados e fotografados durante o mês deSetembro de 2002 nas clínicas odontológicas das Faculda-des de Odontologia da UPE e da UFPE ou em consultórioparticular no Recife. Dentre os casos fotografados, foi sele-cionado aquele com maior extensão de lesão cariosa e comcomprometimento pulpar, porém com total condição paraum tratamento conservador.

A apresentação do cenário de caso incluiu um álbumcom a fotografia frontal do paciente, das suas arcadas den-tárias superior, inferior e em oclusão, fotografia em close dodente com a lesão em questão e sua radiografia. Os profis-sionais foram informados de que: “o paciente em ques-tão apresenta uma boa saúde geral, sem nenhuma en-fermidade que impeça qualquer tratamento, e que estádisposto a aceitar qualquer tratamento proposto, des-de que elimine a sua dor, a qual é sua queixa princi-pal.”

Foram apresentados dois cenários de caso para cadaprofissional, consequentemente dois álbuns de fotografi-as. Porém, eles foram idênticos, excetuando as característi-cas raciais do paciente. Ou seja, existiram duas fotografiasfrontais. Uma fotografia de um paciente com característi-cas da raça branca, utilizada no álbum 1 (caso 1), e umaoutra fotografia de um paciente com características da raçanegra, utilizada no álbum 2 (caso 2). As fotografias intra-orais foram manipuladas digitalmente em suas cores paracaracterização racial de acordo com a fotografia frontal dopaciente, haja vista que foram utilizadas as mesmas foto-grafias intra-orais em ambos os álbuns.

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ANÁLISE DOS DADOSPara análise dos dados foi utilizado o programa esta-

tístico SPSS 10.0, onde as variáveis numéricas foramcategorizadas bem como as decisões dos dentistas fo-ram dicotomizadas em extrair ou conservar o dente ex-tensamente cariado. Os dados foram primariamente ana-lisados no sentido de identificar associação entre a de-cisão dos cirurgiões-dentistas e a raça do paciente apre-sentado. Posteriormente, verificou-se a existência deassociação entre a decisão do profissional e suas variá-veis demográficas e sócio-econômicas. Em consequên-cia ao pequeno tamanho da amostra, devido ao fato dese tratar de um estudo piloto, utilizou-se a razão de ve-rossimilhança (Likelihood Ratio) para testar a associa-ção entre as variáveis.

RESULTADOSAs tabelas 1 e 2 mostram as características da

amostra estudada. Nelas pode-se destacar que 50%dos dentistas entrevistados possuíam 40 anos oumais, 80% declararam ser da raça branca, apenas 20%eram especialistas, 60% trabalhavam no setor priva-do e mais de 40% declararam possuir renda pessoalmensal de 4000 reais ou mais.

Tabela 1. Distribuição dos Cirurgiões-Dentistas da amos-tra estudada de acordo com as variáveis demográficas

A tabela 3 traz a decisão dos cirurgiões-dentis-tas, categorizada em extrair ou conservar, de acordocom o caso apresentado. Não obstante a decisão deextrair tenha sido tomada com pouca frequência, elaocorreu exclusivamente no caso do paciente com ca-racterísticas da raça negra. Enquanto nenhum den-tista decidiu extrair o dente extensamente cariadoquando o paciente possuía características da raçabranca, 2 dentistas (6,7%) decidiram pela extraçãoquando o paciente possuía características da raçanegra. Essas diferenças, no entanto, não são estatis-ticamente significativas (p>0,05).

P = 0,09

As tabelas 4 e 5 mostram a frequência da decisão doscirurgiões-dentistas frente ao caso clínico apresentado ondeo paciente possuía características da raça negra para cadacaraterística demográfica e sócio econômica estudada. Tam-bém mostram o valor de p para o teste de associação entre

Características n %

Idade

- 20 a 29 anos 6 20

- 30 a 39 anos 9 30

- 40 anos ou mais 15 50

Sexo

Masculino 14 46,7

Feminino 16 53,3

Raça

Branco 24 80

Negro - -

Pardo 6 20

Características n %

Tempo de formado

- até 5 anos 9 30

- 6 a 15 anos 10 33,3

- 17 a 21 anos 6 20

- 22 anos ou mais 5 16,7

Titulação

Graduação 10 33,3

Aperfeiçoamento 14 46,7

Especialização 6 20

Mestrado - -

Doutorado - -

Tipo de trabalho

Público 1 3,3

Privado 18 60

Ambos 11 36,7

Tempo de atendimento

- até 20 min 6 20

- 21 a 40 min 19 63,3

- acima de 40 min 5 16,7

Renda pessoal

- 700 a 1999 Reais 6 20

- 2000 a 3999 Reais 11 36,7

- 4000 Reais ou mais 13 43,3

Renda familiar

- até 5000 Reais 17 56,7

- acima de 5000 Reais 13 43,3

Tabela 2. Distribuição dos cirurgiões-dentistas da amos-tra estudada de acordo com as variáveis sócio econômi-cas

Tabela 3. Decisão de tratamento dos cirurgiões-dentistasde acordo com as características raciais do paciente apre-sentado

Decisão Características

Raciais do Paciente Extrair %

Conservar %

Branco (caso 1) 0 100

Negro (caso 2) 6,7 93,3

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33Odontologia e Sociedade

cada variável e a decisão do profissional, onde se podeverificar que houve uma tendência (0,05<p<0,10) para asso-ciação da decisão de tratamento com o tempo de formado ea renda familiar dos cirurgiões-dentistas. Com relação asdemais características demográficas e sócio econômicas doscirurgiões-dentistas, não houve associação significativacom a decisão de tratamento.

Tabela 4. Decisão de tratamento dos dentistas para o pa-ciente com características da raça negra, de acordo comsuas características demográficas.

DISCUSSÃOCenários de casos já são conhecidos em pesquisa epi-

demiológica e têm sido utilizados na maioria dos estudosespecíficos de tomada de decisão (CARROL et al., 1995;LAWRIE, 1996; CACCIOLA et al., 1997; LIANG, 1999;CHOW et al., 2000; O’CONNOR, 2000; BROWNING e THO-MAS, 2001; RICHTER e EISEMANN, 2001). Eles apresen-tam a vantagem distinta de controlar variáveis, permitidoanalisar a extensão pela qual elas são responsáveis pordiferenças em tomada de decisão.

No presente estudo, a decisão dos cirurgiões-dentistasem extrair ou conservar um dente extensamente cariado nãofoi associado com a idade, o sexo, a raça, a situação conju-gal, a titulação, o tipo de trabalho, o tempo de atendimentoe a renda pessoal do profissional. Houve apenas uma ten-dência estatística para os dentistas entre 17 a 21 anos deformado e com maior renda familiar, mais freqüentementedecidirem por extrair do que os dentistas das demais cate-gorias de tempo de formado e com menor renda familiar,embora as diferenças não foram estatisticamente significa-tivas. Esses resultados são semelhantes aos de WARRENet al.(2000) onde a idade, o sexo e o tempo de formado dodentista não foram estatisticamente associados com a deci-são de extrair ou não um dente com prognóstico duvidoso.

Também foi encontrada uma tendência estatística paraos cirurgiões-dentistas decidirem por extrair um dente ex-tensamente cariado mais frequentemente quando o pacien-te possuía características da raça negra. Não obstante adiferença não tenha sido estatisticamente significativa, esse

é um dado importante principalmente se for lembrado que odentista decidiu diferentemente para o mesmo caso clínico,onde apenas a fotografia da face do paciente era diferente.Se os profissionais que decidiram diferentemente o fizerampor um processo de estereótipo, imaginando dessa formaque o paciente com características da raça negra deveria sereconomicamente menos favorecido, o que dificultaria umtratamento conservador, ainda sim incorrem num precon-ceito inaceitável. Felizmente isso ocorreu com apenas doisdentistas e não pode ser generalizado.

O presente estudo possui a limitação de ter utilizadouma pequena amostra, haja vista se tratar de um estudopiloto. Contudo, seus resultados não podem ser desconsi-derados e são suficientes em apontar a necessidade de no-vos estudos sobre o impacto da raça do paciente na deci-são dos cirurgiões-dentistas.

CONCLUSÃOA decisão de tratamento dos cirurgiões-dentistas da

amostra estudada não variou significativamente de acordocom as características raciais do paciente apresentado nocenário de caso nem de acordo com suas variáveis demo-gráficas e sócio econômicas. Houve apenas uma tendência

Decisão

Características Extrair %

Conservar %

P-valor

Idade 0,586

- 20 a 29 anos 0 100

- 30 a 39 anos 11,1 88,9

- 40 anos ou mais 6,7 93,3

Sexo 0,104

Masculino 0 100

Feminino 12,5 87,5

Raça 0,323

Branco 4,2 95,8

Pardo 16,7 83,3

Decisão Características

Extrair %

Conservar %

P-valor

Tempo de formado 0,070

- até 5 anos 0 100

- 6 a 15 anos 0 100

- 17 a 21 anos 33,3 66,7

- 22 anos ou mais 0 100

Titulação 0,201

Graduação 0 100

Aperfeiçoamento 14,3 85,7

Especialização 0 100

Tipo de trabalho 0,343

Público 0 100

Privado 11,1 88,9

Ambos 0 100

Tempo de atendimento 0,395

- até 20 min 0 100

- 21 a 40 min 5,3 94,7

- acima de 40 min 20 80

Renda pessoal 0,624

- 700 a 1999 Reais 0 100

- 2000 a 3999 Reais 9,1 90,9

- 4000 Reais ou mais 707 92,3

Renda familiar 0,060

- até 5000 Reais 0 100

- acima de 5000 Reais 15,4 84,9

Tabela 5. Decisão de tratamento dos Dentistas para opaciente com características da raça negra, de acordocom suas características sócio econômicas.

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para os cirurgiões-dentistas decidirem por extrair um denteextensamente cariado mais frequentemente quando o paci-ente possuía características da raça negra, assim como osdentistas com 17 a 21 anos de formado e com maior rendafamiliar mais frequentemente decidirem por extrair do queos dentistas das demais categorias de tempo de formado ecom menor renda familiar.

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Correspondência para: e-mail: [email protected]

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R E S U M O S

EXPECTATIVAS COM RELAÇÃO AOSRESULTADOS ESTÉTICOS DOS

TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS

Aiko Takahashi Mori (2003)Orientadora: Hilda Ferreira Cardozo

Este trabalho objetivou analisar alguns fatores rela-cionados à estética facial e aos tratamentos dentáriosestéticos na visão de pacientes e cirurgiões-dentistas e,principalmente, as divergências entre ambos. O levanta-mento de dados foi realizado mediante a aplicação dequestionários com 32 questões coincidentes para am-bos os grupos de profissionais e de pacientes, e duasespecíficas aos profissionais. As perguntas referiam-seà estética, à motivação, às informações e aos esclare-cimentos sobre tratamentos odontológicos. Foram en-trevistados 150 pacientes e 150 profissionais de con-sultórios particulares e de cursos de especialização eaperfeiçoamento - alunos e professores - de duas ins-tituições. Dos pacientes, 98 eram do sexo feminino e52 do sexo masculino, predominando indivíduos comgrau de instrução do ensino médio (40%), seguido desuperior completo (28%). Dentre os profissionais, 83eram do sexo feminino e 67 do sexo masculino, sendo37 especialistas, 14 mestres, 2 doutores e um livredocente. A análise e a discussão dos resultados ob-tidos no presente trabalho possibilitaram as seguin-tes conclusões: 1) os conceitos de estética em geralde pacientes e profissionais são muito semelhantes,à exceção da coloração dos dentes, considerada maisimportante pelos pacientes que pelos profissionais;2) quanto à estética em outras pessoas, a avaliação dascaracterísticas negativas em próteses demonstrou di-vergência acentuada entre os dois grupos pois, enquan-to para os pacientes a estética é comprometida pela pre-sença de grampos, para os profissionais a cinta metálicaé que compromete a estética; 3) com relação à estéticado sorriso em si mesmo, pacientes e profissionais diver-giram - os pacientes apontaram a exposição dos dentessuperiores, enquanto os profissionais indicaram o des-vio dos arcos dentários; 4) no que tange às motivaçõese expectativas para o tratamento odontológico tambémhouve discrepâncias para os pacientes, a manutençãoda saúde é determinante, e os profissionais afirmaramque os seus serviços são procurados por motivo de dor;5) quanto aos resultados dos tratamentos, os pacientesdemonstraram o desejo de receber próteses que lhesproporcionassem conforto, enquanto os profissionaisacreditam que o fator mais importante para seus pacien-tes é a estética da prótese; 6) a cor dos dentes - muitovalorizada pelos os pacientes quando se trata de carac-

terísticas dentárias - perde importância no contexto deuma prótese, contrariamente ao que pensam os profissi-onais, que colocaram esse item como o segundo maisimportante; 7) no contexto das informações e esclareci-mentos, os profissionais quase que unanimemente afir-maram optar por condutas consideradas adequadas,enquanto o número de pacientes que declararam ter re-cebido esse tipo de conduta é bem menor; 8) quando daocorrência de desentendimentos, os pacientes declara-ram que optam pela troca de profissional, enquanto amaioria dos profissionais procura chegar a uma soluçãoamigável com o paciente.

CONDIÇÕES DENTÁRIAS E NECESSIDADESPROTÉTICAS EM INDIVÍDUOS DE 60

A 65 ANOS DE IDADE DOMICILIADOSNO BAIRRO DE PRESIDENTEALTINO OSASCO SP - 2002

Cecília Suenaga Junqueira de Carvalho (2003)Orientadora: Maria Ercilia de Araujo

Em fevereiro de 2002 foi realizado um levantamentode condições dentárias dos indivíduos da faixa etáriade 60 a 65 anos domiciliados em um bairro do municí-pio de Osasco, região metropolitana do estado deSão Paulo, através de visita domiciliar realizada porcirurgiões-dentistas da secretaria de saúde munici-pal. O objetivo foi conhecer as condições dentáriase as necessidades protéticas dos moradores do bair-ro adstrito ao posto de saúde. Os resultados serãoaplicados no dimensionamento do serviço de próte-se dentária a ser implantado. A pesquisa seguiu ametodologia proposta pela OMS /4ªedição. Dos 374indivíduos que foram visitados, constantes do cen-so domiciliar realizado em 2000 pela mesma secreta-ria, 161 foram encontrados e concordaram em fazer oexame.

O índice CPO-D foi 27,2. A prevalência de eden-tulismo foi de 37,9%. Apenas 14,9% dos examinadostinham pelo menos 20 dentes naturais na boca. Emtodos os dentes examinados, 73,8% tinham sido per-didos, 12,5% estavam hígidos, 5,2% estavam caria-dos e 8,5% estavam restaurados. Necessitavam deprótese total superior 49,7% e de prótese total inferi-or 32,9% dos examinados. Necessitavam de prótesestotais superior e inferior 31,7% dos examinados. Nãonecessitavam de nenhum tipo de prótese 16,8% dosexaminados. Dos indivíduos examinados, 19,3% ne-cessitavam de prótese de múltiplos elementos no arcosuperior e 45,3% no arco inferior.

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AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS PACIENTES DEUMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE

ODONTOLOGIA SOBRE O TRATAMENTOOFERECIDO: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS

ASPECTOS ÉTICOS ENVOLVIDOS NOATENDIMENTO

Cilene Rennó Junqueira (2003)Orientador: Dalton Luiz de Paula Ramos

Para que o ensino da Odontologia se efetive, énecessária a realização de uma fase clínica que ocor-re mediante o atendimento de pacientes em clínicasintegradas ou setorizadas. A manutenção e a recupe-ração da saúde bucal de pacientes, bem como a pre-venção de doenças é o objetivo do exercício da Odon-tologia. Portanto, desde o ensino da graduação, ocuidado com a saúde dos pacientes deve ser a meta aser atingida. Por outro lado, o acesso a serviçosodontológicos tem sido difícil para grande parte dapopulação, o que tem levado a um aumento na procu-ra por serviços em Instituições de Ensino. O objetivodeste trabalho foi avaliar qual a percepção de pacien-tes atendidos em uma Instituição de Ensino Superiorde odontologia sobre o atendimento oferecido, vi-sando ressaltar alguns aspectos éticos envolvidosno atendimento. Dessa forma, foi realizada uma avali-ação qualitativa, que permite o estudo de comporta-mentos, atitudes, crenças e valores, por meio da rea-lização de entrevistas semi-estruturadas com 42 pa-cientes atendidos em uma instituição de Ensino deOdontologia. Os dados foram anotados para permitiro acesso a dados da comunicação não-verbal e foraminvestigados: as informações recebidas, as expecta-tivas com o tratamento, seu custo, a orientação rece-bida pelo aluno, o relacionamento entre professores,alunos e pacientes, a satisfação com o tratamento eas queixas e sugestões dos pacientes. Esses itensconstituíram-se em categorias de análise. A interpre-tação dos discursos dos entrevistados permitiu con-cluir que: a percepção dos pacientes atendidos naIES pode ser melhor explorada e incluída no modelode atendimento; é necessário repensar o ensino daOdontologia, com base em reflexões éticas, para con-siderar a visão do paciente durante o atendimento; énecessário enfatizar, no processo ensino-aprendiza-gem, o processo de comunicação entre professor, alu-no e paciente, a fim de tornar mais ético o atendimen-to; o modelo de exercício profissional é adquirido du-rante a graduação, por isso as atitudes éticas devemser exercitadas durante o atendimento realizado nasIES.

EXTRAÇÃO DE DNA DE SALIVA HUMANADEPOSITADA SOBRE A PELE E SUA

APLICABILIDADE AOS PROCESSOS DEIDENTIFICAÇÃO INDIVIDUAL

Evelyn Kurori Anzai (2003)Orientador: Rogério Nogueira de Oliveira

O objetivo desse trabalho foi verificar a reprodutibili-dade de análise de DNA de saliva coletada sobre a pele,simulando casos que envolvam marcas de mordida. Cole-tou-se 20 amostras de saliva (±2mL) de voluntários distin-tos (simulando suspeitos). Das 20 amostras de saliva, cin-co foram sorteadas por outro pesquisador, depositando-se 250 µL de saliva no braço da pesquisadora para simularcasos de mordida. Removeu-se a saliva utilizando-se a téc-nica do duplo swab (Sweet et al. 1997). O DNA das 20amostras de saliva e das cinco amostras de saliva coleta-das sobre a pele foi extraído pelo método orgânico (Anzaiet al. 2001). Após a sua extração, o DNA foi amplificadopor PCR utilizando-se 15 STRs: D13S317, D18S51, D16S539,D7S820, SE – 33, F13B, FES/ FPS, FGA, D3S1358, D5S818,vWA, D19S253, D21S11, F13A01 e HUMTH01. Realizou-se a eletroforese em um seqüenciador automático ALFex-press® e os fragmentos de DNA foram analisados por meiodo software Allele Locator®, ambos da Amersham Phar-macia Biotech®. A quantidade de DNA obtido das amos-tras de saliva coletada sobre a pele variou de 0,44mg/mL a0,69mg/mL de DNA. Das cinco amostras de saliva deposi-tada na pele, quatro tiveram de um a seis loci amplificadospossibilitando o cálculo da freqüência do perfil genéticodentro da população brasileira foi de 1:11, 1:144, 1: 159.140,1: 153.700.123, e três tiveram uma identificação positiva aocompará-los aos 20 voluntários que simularam os suspei-tos. O presente estudo proporcionou uma gradual aumen-to de conhecimentos técnicos e científicos acerca dessarecente tecnologia de identificação individual, que demons-trou ser sensível e eficiente em casos criminais que há apresença de saliva em marcas de mordida.

ANÁLISE DE CARACTERISTICAS CURRÍCULARESDA DISCIPLINA ODONTOLOGIA LEGAL

NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EMODONTOLOGIA NO BRASIL

Fábio José Andrade Lima (2003)Orientador: Rodolfo Francisco Haltenhoff Melani

A importância do conhecimento dos conteúdos perti-nentes à Odontologia Legal na formação do graduando emOdontologia, está diretamente ligada à formação do futuroegresso, um profissional com responsabilidades, e com acompetência inferida pela Lei Nº 5.081/66, que regulamentao exercício da profissão no país, que contêm incisos quetratam das competências ao profissional da área, dá com-

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petência no âmbito da Odontologia Legal, o que não fazespecificamente com qualquer outra área do conhecimen-to, indica desta forma, a proposta da presente análise, quefoi investigar as características curriculares da disciplinaOdontologia Legal dos cursos de Odontologia no Brasilcolaboradores com a pesquisa e se os graduandos em Odon-tologia no Brasil, adquirem conhecimentos sobre os con-teúdos da área da Odontologia Legal, avaliando a ocorrên-cia da disciplina ou dos conteúdos, a bibliografia utilizada,as formas de aprendizagem e o tempo empregado, o núme-ro e qualificação dos professores envolvidos, se teórica,prática ou ambas. Desta forma, com base no levantamentolegal e nos resultados obtidos neste estudo, coloca-se adisciplina Odontologia Legal como obrigatória e os seusconteúdos imprescindível para formação profissional.

CONTRIBUÇÃO AO ESTUDO DA CORRELAÇAOENTRE AS ALTERNATIVAS ÉTICAS E OS MODELOS

BIOÉTICOS E SUA APLICABILIDADE NAREFLEXAO DA RELAÇAO PROFISSIONAL-

PACIENTE

Fernando Jorge Mais Abrahão (2003)Orientador: Dalton Luiz de Paula Ramos

Muitos sistemas éticos foram propostos no correr daHistória da Filosofia. Dentre estes encontraremos os sereshumanos, ora com origem dos conceitos e normas de con-duta, ora com meio para o alcance de um ou mais objetivosespecíficos, ora como fim a ser satisfeito. Tratando dasciências da vida, não se escapa deste quadro geral. A Bio-ética se desenvolve sob a guarda e os princípios das alter-nativas genericamente citadas acima. A relação existenteentre a Bioética e aquelas alternativas (o homem como ori-gem, meio ou fim das condutas), o questionamento a res-peito do modo de interpretar a vida e viver e a sua aplicabi-lidade à prática clínica são assuntos abordados neste tra-balho. Conclui-se que a Alternativa Ética Hierárquica rela-cionada ao Modelo Bioético Personalista Reformado apre-senta relevante contribuição para a solução dos dilemasde todos os tempos, inclusive aqueles enfrentados na clí-nica diária.

FATORES ASSOCIADOS À CÁRIE DENTÁRIA EMPRÉ-ESCOLARES: UMA ABORDAGEM SOB A

ÓTICA DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Julie Silvia Martins (2003)Orientadora: Maria Ercilia de Araujo

Os níveis de cárie refletem características soci-ais, comportamentais, culturais e econômicas das po-pulações, embora a influência destes fatores na dis-tribuição da doença não esteja totalmente estabele-

cida. O objetivo foi investigar a relação entre as ca-racterísticas socioeconômicas, comportamentais e desaúde geral da criança com a experiência de cáriedentária, em comunidades assistidas pelo Programade Saúde da Família. Foi realizado um estudo trans-versal com crianças de 36 a 48 meses de idade cadas-tradas nas Unidades de Saúde da Família na zonaleste do município de São Paulo. O estudo foi com-posto de entrevista realizada com o responsável pelacriança, avaliação da condição dentária realizada con-forme os critérios preconizados atualmente pela Or-ganização Mundial de Saúde. A análise dos dadosfoi realizada utilizando-se o teste de associação doqui-quadrado e regressão logística múltipla, tendocomo variável dependente a presença de cárie (ceo-d = 0 ; ceo-d = 1) e como variáveis independentes ascaracterísticas demográficas, socioeconômicas, fami-liares, do domicílio, antecedentes de internação e/oudesnutrição, hábitos e cuidados com a criança. Omodelo de regressão logística múltipla foi construí-do através do procedimento Stepwise Forward Se-lection Procedure. A amostra foi constituída de 690crianças, sendo que 66,1% das crianças apresenta-vam-se livres de cárie. Os fatores de risco indepen-dentes para ocorrência de cárie foram: a presença deplaca no exame atual (OR=2,49 [IC

95% (O.R.) = 1,68 –

3,69]); presença de placa no exame anterior (OR=4,72[IC

95% (O.R.) = 2,26 – 9,86]); a criança ter sido inter-

nadas por causas perinatais, pneumonia ou diarréia(OR=2,15 [IC

95% (O.R.) = 1,28 – 3,63]); a criança ficar

com a mãe durante o dia (OR=1,87 [IC95%

(O.R.)= 1,07– 3,27]); ficar com a avó durante o dia (OR=2,63 [IC

95%(O.R.) = 1,18 – 5,82]); ficar com a empregada (OR=8,17[IC

95% (O.R.) = 1,91 – 34,93]); a criança ter de 1 a 4

irmãos (OR=1,54 [IC95%

(O.R.)= 1,01 – 2,36]); a crian-ça ter mais de 4 irmãos (OR=3,38 [IC

95% (O.R.) = 1,26

– 9,06]) independente da renda e do consumo deaçúcar. Os resultados encontrados neste estudo, as-sociados à literatura consultada, apontam que a cá-rie dentária neste grupo etário apresenta-se associa-da às condições de vida da criança. A associação dacárie com a internação em decorrência de problemasperinatais, diarréia e pneumonia, torna nítida esta re-lação, sugerindo que a polarização observada em re-lação à cárie dentária, pode estar associada a outrosagravos à sua saúde, os quais a literatura médica têmrelacionado às condições de vida destas crianças.Desta forma os resultados deste estudo poderão con-tribuir nas discussões e implementações de ações noPrograma de Saúde da Família, reafirmando a impor-tância do trabalho interdisciplinar na abordagem in-tegral do indivíduo.

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ANÁLISE DOS FATORES QUE PODEM INTERFERIRNO TRATAMENTO ORTODÔNTICO, QUANTO À

SUA IMPREVISIBILIDADE.

Leonardo Bandle Filizzola (2003)Orientadora: Ida Tecla Prellwitz Calvielli

A evolução do conhecimento na área da Odontologiaem geral, e da Ortodontia em particular, tem demonstradocada vez mais a interação entre uma série de aspectos e aevolução e/ou os resultados dos tratamentos. Assim, oobjetivo do presente trabalho foi levantar, entre os orto-dontistas, os fatores que, na sua prática clínica, concorre-ram para alterar os objetivos inicialmente propostos para otratamento e, em uma revisão da literatura verificar quais,dentre tais fatores, se revestem da imprevisibilidade ne-cessária para o afastamento da culpa profissional, dadoque o Direito entende que a natureza da obrigação contra-tual da ortodontia é de resultado. Com isso pretende-sealertar os ortodontistas para os cuidados que devem ob-servar na presença desses fatores, ao mesmo tempo emque se espera que este estudo possa constituir-se em con-tribuição para a área do Direito, na solução de problemasque envolvam a atuação profissional dos ortodontistas.Verifica-se que a maioria dos fatores apontados como im-previsíveis pelos especialistas que constituíram a amostrapodem ser considerados inesperados, mas não imprevisí-veis, sob o ponto de vista jurídico. No entanto, seja o fatorconsiderado inesperado, seja ele entendido como imprevi-sível, o exame de cada um, ou de conjuntos deles, compor-ta conclusões - apresentadas de forma a possibilitar a com-preensão das particularidades presentes em cada situaçãoexaminada - diferenciadas para as várias hipóteses consi-deradas no decorrer da Discussão.

A COMPREENSÃO DOS PESQUISADORESDA ODONTOLOGIA SOBRE ÉTICA EM

PESQUISA COM SERES HUMANOS

Luciana Maria Cavalcante Melo (2003)Orientador: Dalton Luiz de Paula Ramos

O olhar sobre o ser humano é primordial na história dareflexão ética em pesquisa. Alguns episódios de abusosem experimentação com seres humanos em todo o mundosugeriram organizações mais eficazes do Estado e da soci-edade em geral no controle e orientações éticas nas pes-quisas; muitos autores associaram esse episódio ao nasci-mento da Bioética. No Brasil, o marco sobre essa reflexão eorientação está na aprovação da Resolução nº.196/96. Apartir daí são instaurados os Comitês de Ética em Pesquisa(CEPs) e as pesquisas com seres humanos são amplamentediscutidas e refletidas no âmbito institucional. Este estudofundamenta-se na identificação e análise do discurso dopesquisador da Odontologia sobre ética em pesquisa, con-

cepção de sujeito de pesquisa e utilização de questionári-os e / ou entrevistas. Foi empregado o método qualitativode pesquisa, utilizando a técnica de Análise de Conteúdocomo instrumento mediador para interpretação dos discur-sos. Foram entrevistados 28 pesquisadores seguindo umroteiro de questões que auxiliou no processo de diálogoentre entrevistador e participante. Com base nestas análi-ses considera-se que: 1- Nas pesquisas da odontologiausualmente são envolvidos pacientes de Instituição deEnsino Superior; pessoas caracterizadas por condições so-cioeconômica baixa e de baixa escolaridade. 2- Identifica-se um distanciamento social, profissional e pessoal do pes-quisador para com o sujeito de pesquisa. 3- O pesquisadorconcebe a Resolução nº196/96 em diferentes papéis: o re-gulador, o educativo e o restritivo. 4- O conhecimento des-ta normativa brasileira é fundamental para auxiliar o pes-quisador na avaliação e conduta ética de suas pesquisas.5- Para uma maior compreensão mútua, entre pesquisadore CEP, é necessário um esforço bilateral de aproximação. 6-O uso das técnicas, questionários e entrevistas é freqüen-temente compreendido como método que não ocasionarisco ao sujeito participante. É necessário avaliar os riscos,do físico ao espiritual, em qualquer pesquisa que envolvaseres humanos. 7- A compreensão de ética em pesquisa édeterminada pelo contexto social que o pesquisador estásituado; sua visão sobre ética está associada com o enten-dimento que se tem sobre o mundo, a sociedade, o homeme os valores.

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL: RELAÇÃOPACIENTE PROFISSIONAL EM PRÓTESE TOTAL

Luis Fernando Pinheiro (2002)Orientadora: Hilda Ferreira Cardozo

O objetivo do presente trabalho foi investigar quais osprocedimentos clínicos e as dificuldades encontradas nostratamentos de reabilitação com próteses totais, desde aconsulta inicial até o pós-tratamento incluindo as ques-tões de natureza jurídica que permeiam o tratamento odon-tológico. Um questionário foi enviado pelo correio, ou en-tregue pessoalmente, a cirurgiões-dentistas especialistasem prótese dentária do Estado de São Paulo: o número dequestionários respondidos foi de 98. A análise percentualdas respostas obtidas demonstrou que 65,3% dos compo-nentes da amostra consideram o aspecto psicológico dopaciente a principal causa de insucesso no tratamento comprótese total, e que 74% dos pacientes, quando questiona-dos pelos cirurgiões-dentistas, procuram por um novo tra-tamento para melhorarem a estética e a função de suaspróteses. Com relação à documentação odontológica,70,5% dos profissionais investigados não seguem o pre-conizado pelo CRO, e que 71,4% desconhecem o termo“provas pré-constituídas”. No que concerne aos aspectos

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jurídicos, 91% dos integrantes da amostra desconhecem oart. 177 do Código Civil Brasileiro, e 72,4% não adotamforma ou modelo de contrato. Quando questionados sobrea natureza contratual, 59% afirmam que o tratamento comprótese total encerra uma obrigação de resultado, contra41% que entendem ser uma obrigação de meio. O desco-nhecimento da legislação e o descuido com a documenta-ção odontológica podem levar o profissional a ser objetode ação civil indenizatória impetrada pelo paciente.

SUBSÍDIOS PARA O PLANEJAMENTO DECUIDADOS ESPECIAIS PARA O ATENDIMENTO

ODONTOLÓGICO DE PACIENTES PORTADORES DEDIABETES MELLITUS TIPO 2

Luis Antônio Cherubini Carvalho (2003)Orientador: José Leopoldo Ferreira Antunes

Além das manifestações sistêmicas que acometem ospacientes portadores de Diabetes Mellitus (DM), como an-giopatias, cardiopatias, retinopatias, nefropatias e hiper-tensão arterial, estes pacientes apresentam também res-postas diminuídas a infecção, quando descompensados,fazendo que o transcurso da doença se desenvolva deforma diferenciada do paciente normoglicêmico. Esta ca-racterística irá se apresentar, também, na cavidade bucal,fato este que deverá alertar o cirurgião dentista quanto aomanejo adequado destes pacientes, eliminando os riscosde complicações durante e pós-tratamento. Para tanto, énecessário conhecer a prevalência das manifestações bu-cais que mais acometem estes indivíduos, assim como ascomplicações sistêmicas associadas, as quais irão intervirnesta conduta. O objetivo deste trabalho foi apresentaruma população, já sabidamente, portadora de DM tipo 2,caracterizando as alterações sistêmicas e as manifestaçõesbucais apresentadas por estes pacientes no momento emque se apresentaram para atendimento odontológico. Fo-ram examinados 372 participantes, na 4ª Campanha gratui-ta de prevenção, educação e detecção em diabetes realiza-da pela Associação Nacional de Assistência ao Diabético– ANAD – no ano de 2001, com idade entre 32 a 87 anos,sendo 191 do sexo masculino e 181 do sexo feminino,. Pri-meiramente foi preenchido um questionário contendo in-formações auto-referidas sobre alterações metabólicas pré-existentes e também transcrito para a ficha o valor da glice-mia e pressão arterial. Procurou-se verificar se estes parti-cipantes estavam em acompanhamento médico, odontoló-gico e se utilizavam algum tipo de medicação para controleda glicemia. A percepção de condições de saúde bucaltambém foi questionada e classificada em aval positivo enegativo, com escalas. Posteriormente foi realizado examebucal. Os resultados mostram que 46% se apresentaramcom hipertensão arterial, a retinopatia e a neuropatia foiobservada em 31% dos participantes, angiopatia em 20%,

cardiopatia em 19% e nefropatia em 10%. Dos participan-tes, 80% realizavam acompanhamento médico e 37% reali-zavam acompanhamento odontológico, sendo que 78%utilizavam medicação para o controle da glicemia. Em rela-ção à auto-percepção das condições de saúde bucal, 38,5%avaliavam positivamente e 37,5% avaliavam negativamen-te. Quanto às manifestações bucais, os achados mais ex-pressivos foram: exposição radicular com sensibilidade(57%), gengivite (45%) e diminuição de fluxo salivar (44%).Concluímos que em função das múltiplas e freqüentes ma-nifestações bucais apresentadas por estes pacientes, oscirurgiões dentistas devem receber formação específica parao diagnóstico e desenvolvimento desses agravos, infor-mação esta que deverá capacitá-lo inclusive para o atendi-mento sob a agravante de sua condição clínica alterada.

O PERFIL DO CIRURGIÃO-DENTISTA FRENTE ÀERGONOMIA E À ANÁLISE DO SEU AMBIENTE DE

TRABALHO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Márcio Mitsuo Ohashi (2003)Orientador: Edgard Crosato

O presente estudo tem o propósito de conhecer o perfildos Cirurgião-Dentista frente à aplicabilidade dos seusconhecimentos ergonômicos nos consultórios odontoló-gicos situados no município de São Paulo. Por meio deuma entrevista realizada com 200 (duzentos) Cirurgiões-dentistas no município de são Paulo, baseado em um ques-tionário composto pro 35 (trinta e cinco) perguntas, bus-cou-se informações pertinentes à analise do posiciona-mento dos equipamentos frente ao profissional durante oatendimento clinico, o posicionamento do profissionaldurante o atendimento, o trabalho com auxiliar, jornada detrabalho, queixas relativas à saúde decorrentes da profis-são, além de cuidados e atenção com a saúde geral. Anali-se dos resultados obtidos permitiu verificar que 50% dosprofissionais entrevistados pertenciam ao sexo masculinoe conseqüentemente 50% ao sexo feminino e que 37% dosprofissionais entrevistados tinha entre 31 a 40 anos deidade, 58% dos 200 cirurgiões-dentistas entrevistados eramformados entre 1991 a 2002, 5,5% eram canhotos e desses.54% possuem equipamentos para destro, ou seja, tiveramque se adaptar para exercer as suas atividades. O posicio-namento do equipo de maior preferência durante o atendi-mento clinico é o conceito básico 1 com 82% e a posição detrabalho 9 horas é a mais eleita pelos profissionais com63,5%. A maioria dos profissionais trabalha mais e 8 horasdiárias e 5 ou mais vezes pro semana. 31% dos Cirurgiões-Dentistas trabalham 10 horas pro dia e 51% trabalham 6vezes pro semana. Dos 200 profissionais entrevistados 35%trabalham a 4 mãos e desse número, 54,2% realizaram cur-sos específicos para auxiliar. 20% dos entrevistados nãopossuem secretária para trabalhos de agendamento, aten-

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dimento ao cliente, lavagem de material etc. 5% possuemcompressores dentro da sala de atendimento e 95% nãoutilizam nenhum tipo de protetor auricular durante o aten-dimento clinico. 60% afirmaram praticar algum tipo de es-porte, 74% não realizam nenhum tipo de alongamento apóso atendimento clínico e 60% alegam sentir dores após umdia de trabalho. 15,5% dos Cirurgiões-Dentistas afirmaramter adquirido alguma doença em decorrência da atividadeodontológica.

ANALISE DO ACESSO AOS SERVIÇOSODONTOLÓGICOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

NO FINAL DO SECULO XX – PNAD 1998 (IBGE)

Mutsumi Shirota (2003)Orientadora: Maria Ercilia de Araujo

O objetivo do trabalho é analisar o acesso aos servi-ços odontológicos da população brasileira segundo re-giões, através de dados pertinentes ao assunto a fim deconstruir um panorama para o diagnóstico da oferta edemanda aos serviços de odontologia para o planeja-mento de políticas publicas de saúde bucal no Brasil nofinal do século XX. Foi utilizado o método de estudoexploratório através de dados secundários para analiseda demanda, relacionados à freqüência de utilização eacesso aos serviços, por faixa etária, renda mensal fami-liar, tipo de pagamento e prestador de serviços (PNAD-98/IBGE); para a analise da oferta de serviços de odon-tologia, foram levantados dados sobre os recurso hu-manos na odontologia (MEC, CFO) e recursos físicosexistentes (SIASUS,MS, MAS-99/IBGE). Os problemasodontológicos são o terceiro maior motivo de procurapor serviços de saúde no Brasil e cerca de 50% da popu-lação tem acesso freqüente a assistência odontológica,30% tem acesso irregular e 20% não tem acesso (nuncaforam ao CD), sendo que destes, 50% se encontram nafaixa etária de 0 a 4 anos, e são predominantes na regiãoNordeste. Sendo que o motivo mais freqüente da nãoprocura por serviços de saúde, caracterizou-se pela nãopercepção de necessidade. Quanto às classes de rendi-mento mensal, quanto pior a classe, pior o acesso aosserviços odontológicos. O atendimento predominante éatravés do SUS, seguido pela forma de pagamento dire-ta. Os recursos físicos e humanos tem melhor relaçãorecursos/população nas regiões economicamente desen-volvidas (Sul, Sudeste e Centro-oeste) e se concentramna administração SUS, na esfera municipal. Conclui-seque há demanda de serviços odontológicas através dapercepção da necessidade devido à procura dos servi-ços, mas o maior motivo da não procura dos serviços,mas o maior motivo da não procura dos serviços (popu-lação que nunca foi o CD) é devido e não percepção danecessidade – “não achavam que tinha necessidade” a

oferta de serviços (recursos humanos e físicos) no Bra-sil está concentrada nas regiões economicamente de-senvolvidas, facilitando o acesso da população residentenessas regiões. Ressalta-se que há necessidade de rea-valiações das políticas publicas de saúde bucal quantoà acessibilidade da população aos serviços odontológi-cos, planejamento na distribuição da força de trabalho eincentivos à atenção à saúde bucal coletiva, ressaltan-do a necessidade de maior integração das políticas desaúde e sociais a fim de resultar na melhoria de condi-ções da população residente em regiões de baixos IDHs,uma vez que a população que tem uso irregular e semacesso aos serviços odontológicos se encontra em es-tado de não percepção da necessidade e residentes emtais regiões.

O SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVILPROFISSIONAL NA ODONTOLOGIA

Nilcéa Nicola Baldacci (2002)Orientadora: Ida Tecla Prellwitz Calvielli

Considerando o surgimento do Seguro de Respon-sabilidade Civil Profissional Odontológico no sistemasecuritário brasileiro, o presente trabalho se propôs aanalisar o instituto do Seguro no Brasil, nos seus aspec-tos históricos e de fundamentação legal. Para tanto – eaté para suscitar uma reflexão por parte da classe odon-tológica brasileira -, foi apresentada a experiência vividapelos Estados Unidos da América neste campo, o quepossibilitou as seguintes conclusões: 1) O seguro deresponsabilidade civil profissional pode se constituirem valioso instrumento de proteção pessoal, profissio-nal e patrimonial para o cirurgião-dentista, permitindo-lhe exercer com tranqüilidade, mas também com dignida-de e honestidade, a profissão que escolheu. 2) O segurode responsabilidade civil profissional não pode ser en-carado como salvo-conduto para a incompetência pro-fissional, ou seja, o fato de estar protegido pelo seguronão deve levar os cirurgiões-dentistas a acreditarem quepossam utilizá-lo de forma indiscriminada e abusiva, ser-vindo de base para uma prática descuidada, negligenci-ando o dever de cuidado. 3) A manutenção dos benefí-cios assegurados pelas apólices de seguro de respon-sabilidade civil profissional — sejam elas individuais oucoletivas —, bem como o valor maior ou menor do prê-mio a ser pago pelos segurados para usufruírem dosseus benefícios, dependerá das exigências das segura-doras para dar cobertura às apólices pactuadas, bemcomo, e principalmente, de seu bom uso pela classe odon-tológica. 4) A realidade vivida nos Estados Unidos, paíscom larga vivência nesse campo, deve servir como aler-ta à classe odontológica brasileira no que se refere aotema do seguro de responsabilidade civil profissional.

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PROTOCOLO BÁSICO PARA DOCUMENTAÇÃOODONTOLÓGICA NA ESPECIALIDADE

DE IMPLANTODONTIA

Plínio Marcos Modaffore (2002)Orientador: Prof. Dr. Edgard Crosato

A importância da documentação odontológica no dia-a-dia do profissional, principalmente em situações de lití-gio judicial, é indiscutível. Assim, a proposta da presenteinvestigação foi verificar, com o auxílio de um questioná-rio, como são documentados os casos clínicos dos implan-todontistas do Estado de São Paulo, avaliando: as formasde seleção e planejamento do tratamento; a freqüência deutilização dos prontuários; as características de seu preen-chimento; e o conhecimento dos profissionais quanto àsimplicações odontolegais do conteúdo e arquivamento dosmesmos. A análise dos dados coletados apontou que amaioria dos implantodontistas que participaram da pesqui-sa possui uma sistemática individualizada de seleção e deplanejamento de seus casos clínicos. Entretanto, apesarde conhecerem as implicações odontolegais da constitui-ção e do tempo de arquivamento dos prontuários, muitosnegligenciam dados importantes no seu preenchimento, oque ressalta a importância de se estabelecer uma padroni-zação para a documentação a ser mantida pelos profissio-nais da área. Assim, com base no levantamento bibliográ-fico e nos resultados obtidos neste estudo, foi elaboradoum protocolo básico para a documentação odontológicanessa especialidade, que contempla uma caixa plástica paraarquivo dos modelos, e uma pasta em cujo interior sãoarquivadas as fichas que formam o prontuário do paciente.

ESTRATÉGIAS PARA A PROVISÃO DE CUIDADOSNO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A PACIENTES

PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

José Reynaldo Figueiredo (2003)Orientador: José Leopoldo Ferreira Antunes

O objetivo desse estudo é identificar as estratégias uti-lizadas para se prover cuidados no atendimento odontoló-gico de pessoas portadoras de deficiência. Espera-se coma identificação dessas estratégias contribuir para o desen-volvimento de rotinas de atendimento a esses pacientespor parte de entidades e profissionais interessados, bemcomo aprimorar os serviços já existentes e motivar as enti-dades que ainda não disponibilizam esses serviços a for-necê-los. Concomitantemente, mostrar que a Odontologiadeve ser encarada com uma especialidade clínica primordi-al no processo de reabilitação dos pacientes portadores dedeficiência. Foram analisados cinco ambientes onde o pa-ciente portador de deficiência pode receber cuidados- umainstituição de ensino, um centro de reabilitação, um servi-

ço público municipal, um consultório particular e um domi-cílio. Através de entrevistas semi-estruturadas professo-res, cirurgiões-dentistas e um cuidador foram argüidos sobreos aspectos que influenciam na atenção odontológica aesses pacientes. Os resultados demonstram que existe umacarência na oferta de atendimento odontológico e que asestratégias utilizadas não se diferenciam muito em relaçãoàquelas que são oferecidas à população não portadora dedeficiência. Um capítulo específico é dedicado a uma pes-soa não ligada à área odontológica, mas de fundamentalimportância no processo de interligação profissional/paci-ente: o cuidador. Conclui-se que existem estratégias, masque precisam ser mais difundidas. O cirurgião-dentista ne-cessita estar preparado para prover atendimento e a facul-dade de Odontologia pode vir a ser a melhor opção para seiniciar essa capacitação. O serviço público e os centros dereabilitação têm funções claras e são imprescindíveis nadotação de recursos financeiros e técnicos para o atendi-mento odontológico de pacientes com deficiências. O cui-dador deve ser visto como parceiro do cirurgião-dentistanesse processo.

A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES PARAAVALIAÇÃO DA ESTRUTURA, DOS

PROCESSOS INTERNOS E DOS RESULTADOSEM ASSISTÊNCIA À SAÚDE BUCAL

Regina Juhás Rodrigues (2002)Orientador: Rodolfo Francisco Haltenhoff Melani

A avaliação da qualidade dos serviços de assistênciaodontológica necessita da elaboração de critérios que per-mitam uma análise fundamentada em evidências. O meca-nismo de controle de qualidade e dos custos em saúde eem outras áreas de prestação de serviços demonstra a via-bilidade da aplicação dos conceitos e da metodologia utili-zada nessa área. Programas de controle de qualidade emserviços, particularmente de qualidade hospitalar, eviden-ciam a possibilidade dade elaboração de um modelo deavaliação para serviços odontológicos estruturado pormeio de indicadores. Com essa finalidade, analisou-sefo-ram analisadas, a partir dacom base no levantamento detrabalhos revista da literatura, as atividades da auditoriaem serviços de assistência à saúde bucal em operadorasde planos privados. Verificou-seForam verificadas a im-portância da monitoria da qualidade em saúde, as ações dequalidade utilizadas, e como estas se relacionam com amelhoria do sistema de atenção ao paciente. A partir dessaavaliação, elaborou-se um modelo abordando os aspectosquantitativos, qualitativos e financeiros da estrutura, doprocesso e dos resultados da organização, fundamentadona elaboração e no acompanhamento de indicadores dosserviços diretos de atendimento na área odontológica. Omodelo de avaliação é composto depor 40 indicadores re-

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ferentes à auditoria operacional (13 de estrutura, 15 de pro-cessos internos, 5 de resultados e 7 da área financeira), e38 referentes à auditoria analítica (5 relacionados àa cola-boradores, 6 àa empresas clientes, 4 à instituição, 9 à redeprestadora e 11 àa usuários). A utilização de indicadoresmostrou-se viável, fornecendo o diagnóstico da institui-ção, e permitindo o contínuo aprimoramento de aprimorarcontinuamente processos, na busca depor melhores índi-ces de qualidade, produtividade e satisfação.

A CONTRIBUIÇÃO DA ODONTOLOGIA LEGAL NA IDENTIFICAÇÃO HUMANA

EM ACIDENTES AERONÁUTICOS

Rodrigo Miranda Pereira (2003)Orientador: Moacyr da Silva

O objetivo deste estudo foi verificar a importância daOdontologia Legal na identificação humana em acidentesaeronáuticos e detectar a situação dos odonto-legistas edos equipamentos de radiologia odontológica, nos Insti-tutos de Medicina Legal, das cidades onde estão localiza-dos os 20 (vinte) maiores aeroportos do Brasil, em movi-mento de passageiros obtidos no ano de 2001 e no perío-do de janeiro a junho de 2002. Na revisão da literaturaespecializada e na análise de 18 (dezoito) questionáriosrespondidos pelos Diretores dos Institutos de MedicinaLegal pesquisados, verificou-se: O total de odonto-legis-tas que trabalham nestes Institutos de Medicina Legal éem número de 102 (cento e dois), sendo 79 (setenta e nove)odonto-legistas efetivos e 23 (vinte e três) odonto-legistascontratados. A maior parte destes Institutos de MedicinaLegal (10 casos), não possui aparelhos de raios X odonto-lógico para radiografias periapicais e não possui aparelhosde raios X para radiografias panorâmicas, equipamentosessenciais para a realização de perícias de identificaçãohumana. O Instituto de Medicina Legal da cidade de Vitó-ria e o da cidade de Campinas, não possuem odonto-legistas.Todos os 18 (dezoito) Diretores dos Institutos deMedicina Legal, por unanimidade, afirmaram que o traba-lho do odonto-legista na perícia de identificação de víti-mas de acidentes aeronáuticos, é muito importante. A situ-ação atual da Odontologia Legal em grande parte dos Ins-titutos de Medicina Legal pesquisados é deficiente tantona quantidade de odonto-legistas, quanto na inexistênciade equipamentos de raios X odontológicos, para realizarperícias de identificação humana, para realizar um trabalhoimportante de identificação, mediante a ocorrência de umacidente aeronáutico, que tem como uma de suas caracte-rísticas principais, a falta de previsibilidade. O mais grave éque no Brasil, inexistem equipes especializadas e capacita-das para o trabalho de identificação de vítimas de desas-tres de massa – acidentes aeronáuticos.

AVALIAÇÃO DA ACURÁCIA E PRECISÃO DASMEDIDAS CRÂNIO-FACIAIS REALIZADAS NA 3D-

TC PARA IDENTIFICAÇÃO ANTROPOLÓGICA

Sara dos Santos Rocha (2003)Orientador: Marcelo de Gusmão Paraíso Cavalcanti

A tomografia computadorizada, bem como as suas re-construções em 2D-TC e em 3D-TC, têm sido estudadas emrelação aos seus recursos qualitativos e quantitativos deanálise e utilizadas de maneira significativa em algumasáreas da Odontologia. A proposta deste trabalho é avaliara precisão e acurácia de medidas realizadas na reconstru-ção em terceira dimensão obtida a partir de dados de TC emespiral pela técnica de volume, buscando validar este mé-todo na área de identificação antropológica. Treze (13) ca-beças de cadáveres foram submetidas à TC em espiral, osdados obtidos foram transferidos para uma estação de tra-balho independente e as reconstruções em 3D-TC foramobtidas por meio de um programa de reconstrução volumé-trica. Dez medidas lineares, tegumentares e ósseas, foramdeterminadas nas imagens em 3D-TC por dois examina-dores, duas vezes, independentemente, utilizando pro-tocolos estabelecidos durante o estudo para a análisede medidas tegumentares e ósseas. As medidas físicasforam obtidas por meio de um 3D digitizer eletromagné-tico. A análise estatística foi realizada por meio do pro-grama SPSS(Statistical Package for Social Science) paraavaliar a precisão intra e interexaminadores e a acuráciadessas medidas quando comparadas com as medidasfísicas. Os resultados não demonstraram diferença esta-tisticamente significante intra ou interexaminadores, ouentre as imagens e as medidas físicas (p> 0,01). A 3D-TCobtida pela técnica de volume, pode ser consideradauma ferramenta de grande auxílio na área forense na de-terminação de medidas craniométricas para identifica-ção antropológica.

A INFLUÊNCIA DO TABAGISMO NO INSUCESSODOS TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS

Solange Lilia Mais Daud (2003)Orientadora: Ida Tecla Prellwitz Calvielli

O objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisãobibliográfica sobre os efeitos que o hábito de fumar podeter sobre o periodonto e o peri-implante, para alertar a clas-se odontológica sobre os cuidados que deve observar quan-to aos esclarecimentos sobre os riscos a que estão sujei-tos os pacientes fumantes, bem como contribuir para oesclarecimento da área jurídica, carente desses conheci-mentos, na solução dos problemas eventualmente envol-vidos na avaliação da responsabilidade civil profissionaldo cirurgião-dentista. Como decorrência da revisão da lite-ratura e da discussão empreendida, concluiu-se que: o ta-bagismo tem efeito deletério sobre a saúde bucal, constitu-

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indo-se no maior fator de risco para as doenças periodon-tais conhecido na atualidade; os principais efeitos noci-vos do hábito de fumar sobre o periodonto são: diminui-ção da vascularização, alteração na resposta inflamatória eimunológica, bolsas periodontais mais profundas, maiorperda de inserção periodontal e interferência na cicatriza-ção pós-terapias; no que concerne ao peri-implante, o ta-bagismo provoca: vasoconstrição sistêmica, redução dofluxo sangüíneo, maior probabilidade de desenvolver peri-implantite e interferência na cicatrização pós-cirúrgica; ocirurgião-dentista precisa verificar se o paciente é fumanteou não, para esclarecê-lo e conscientizá-lo sobre os riscosque esse hábito traz à saúde e, conseqüentemente, aostratamentos e trabalhos odontológicos reabilitadores, po-dendo levá-los ao insucesso, pois é o periodonto que ossustenta; o paciente deve manifestar-se sobre a vontadede abandonar esse hábito ou não, e o profissional devedocumentar os esclarecimentos que lhe forneceu e a deci-são que deles resultou, arquivando esse documento noprontuário odontológico, a fim de se resguardar no casode eventuais ações impetradas contra si.

PLANEJAMENTOS DE SERVIÇOS EM SAÚDEBUCAL PARA A ZONA RURAL

Tatiana Ribeiro de Campos Mello (2003)Orientador: José Leopoldo Ferreira Antunes

As condições de saúde bucal da população rural brasi-leira têm sido pouco estudadas, o que torna difícil compa-tibilizar recursos preventivos e assistenciais com as efeti-vas necessidades desse segmento social. O presente estu-do visa fornecer subsídios para a implantação de um pro-grama de promoção à saúde bucal da população rural deItapetininga, SP, identificando a distribuição de agravosbucais e dos serviços odontológicos relativos a essa po-pulação. Uma única dentista efetuou o exame bucal de 291crianças de 5 e 12 anos em escolas rurais, seguindo oscritérios da Organização Mundial da Saúde para levanta-mento epidemiológico de cáries (condição dental e neces-sidade de tratamento) e características de oclusão. Os paisdessas crianças informaram quanto a suas característicassócio-econômicas, acesso a serviço odontológico e hábi-tos alimentares e de higiene através do preenchimento deum questionário semi-estruturado. A capacitação do ser-viço público odontológico de cinco distritos rurais foi ca-racterizada através de entrevistas com os dirigentes dospostos de saúde. Dados secundários relativos aos escola-res da área urbana foram utilizados para análise comparati-va. Os índices de cárie observados foram – ceo-d (5 anos)de 2,63 e CPO-D (12 anos) de 2,45 – concomitante a eleva-da necessidade de tratamento odontológico: 56,0% dascrianças de 05 anos e 44,0% das de 12 anos necessitavamrestaurações dentárias. O componente cariado correspon-

deu a 85,6% ceo-d e 34,2% do CPO-D, indicando o piorperfil de atendimento odontológico às crianças com cáriesna dentição decídua. A prevalência de cárie foi mais eleva-da na área rural do que na área urbana de Itapetininga. Emrelação à área rural, 24% dos escolares apresentaram máoclusão definida e 31% foram classificados como má oclu-são severa ou incapacitante e necessidade de tratamentomuito desejável ou imprescindível. Pais ou responsáveisdeclararam que 71% dos escolares tinham hábitos de suc-ção e 57% uma condição de saúde bucal regular ou ruim.As taxas de má oclusão definida e severa ou incapacitantedos escolares na área rural foram superiores em compara-ção com as estimativas relativas à área urbana. As informa-ções levantadas devem instruir o planejamento do atendi-mento odontológico e as atividades de prevenção em saú-de bucal para a população rural da cidade, levando emconsideração as características próprias dessa população.

EXAMES RADIOGRÁFICOS APLICADOS EM ODONTOLOGIA LEGAL

Vitor José Bazzo (2003)Orientador: Rodolfo Francisco Haltenhoff Melani

O presente trabalho teve como objetivos: 1) verificar,na literatura disponível, as incidências radiográficas maisindicadas em trabalhos com finalidade odontolegal - so-bretudo nos processos de identificação humana -, as mo-dificações técnicas necessárias para a obtenção de radio-grafias post mortem, as falhas técnicas radiográficas maiscomuns no exercício diário da clínica e os recursos práti-cos para a melhoria qualitativa de imagens radiográficasante mortem, de forma a facilitar as análises comparativasnas identificações odontolegais; 2) propor um protocolode atuação para a obtenção de radiografias intrabucais decrânios secos com filmes radiográficos das marcas Kodak(Insight) e Agfa Dentus (M2 Comfort), analisando o posi-cionamento do crânio, a manutenção do filme em posição,o tempo de exposição e as diferenças qualitativas entre osdois filmes. Para atender ao primeiro objetivo, foi realizadoo levantamento de trabalhos - nacionais e internacionais -publicados sobre a aplicação de radiografias às períciasodontolegais. Para desenvolver o segundo objetivo, fo-ram realizadas 72 radiografias periapicais em três áreas pre-viamente selecionadas de quatro crânios secos - regiãodentada, região desdentada e região com perdas dentaispost mortem, em um aparelho de Raios X marca Funk, mo-delo X10. Cada região foi radiografada três vezes, com tem-pos de exposição de 0,4s (padrão), 0,3s e 0,2s. As imagensobtidas foram avaliadas com base em seu contraste, suanitidez e sua densidade, e receberam escores 1 (insuficien-te), 2 (regular) e 3 (boa). A análise da literatura e dos resul-tados obtidos, bem como a discussão empreendida a partirdessa análise, permitiram as seguintes conclusões: 1) en-

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tre os métodos utilizados nas perícias de identificação hu-mana, particularmente naquelas que envolvam corpos es-queletizados ou carbonizados por meio de parâmetros odon-tolegais, as radiografias ocupam lugar de destaque, poisse constituem em registros duradouros das característicasparticulares do indivíduo, o que lhes garante um potencialde utilização por tempo indefinido; 2) o cirurgião-dentistaé o profissional indicado para interpretar essas radiografi-as em processos de identificação humana que envolvam aOdontologia Forense; 3) para melhorar a qualidade de ima-gens radiográficas processadas inadequadamente na roti-na diária do consultório, existem meios químicos e digitaisque podem contribuir positivamente nos processos de iden-tificação humana; 4) na obtenção de radiografias periapi-

cais em crânios secos, a manutenção do conjunto filme/posicionador realizada com fita adesiva é eficaz para a re-produção da técnica da bissetriz; 5) para a execução datécnica radiográfica periapical em regiões dentadas, rebor-dos edentados ou áreas com perdas dentárias pós-morteem crânios secos - com aparelhos de 60kVp e 10mA e fil-mes Kodak Insight e Agfa M2 Comfort -, o tempo de expo-sição de 0,2s é recomendável, pois fornece imagens dequalidade e sem diferenças perceptíveis entre as duas mar-cas, com nitidez, contraste e densidade médios.