ocupação ballet stagium

47

Upload: itau-cultural

Post on 27-Jul-2016

254 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

O Itaú Cultural apresentou, entre novembro de 2011 e janeiro de 2012, a 11ª edição do programa Ocupação, dedicada ao Ballet Stagium, uma das mais importantes companhias de dança do Brasil. Com curadoria de Edgard Duprat, Carlos Gardin e Pedro Markun, a exposição rememora os 40 anos de história do grupo, criado e coordenado pelos bailarinos Décio Otero e Marika Gidali.

TRANSCRIPT

Page 1: Ocupação Ballet Stagium

1

Page 2: Ocupação Ballet Stagium

1

Page 3: Ocupação Ballet Stagium

1

Page 4: Ocupação Ballet Stagium

2

Page 5: Ocupação Ballet Stagium

Por que dançar?

Onde dançar?

Para quem dançar?

Page 6: Ocupação Ballet Stagium

2

Itaú Cultural revela ao público, na 11ª edição do programa Ocupação, a

trajetória de uma das principais companhias de dança do Brasil, o Ballet Sta-

gium, que completou 40 anos de atividade em outubro de 2011. A exposição,

com curadoria de Edgard Duprat, Carlos Gardin e Pedro Markun, traz cen-

tenas de registros audiovisuais coletados por Duprat ao longo da história do

grupo, entre ensaios, viagens, apresentações e a vivência dos bailarinos. O

projeto cenográfico, criado por Gardin, em parceria com Marcelo Larrea,

não poderia ser outro, em se tratando de uma companhia autentica-

mente mambembe: o interior de um ônibus. Outros elementos com-

põem a expografia: a sala de ensaio, primeiro ambiente do percur-

so, espaço sagrado para todo bailarino, lugar de experimentação,

disciplina e aprendizado; e as praças e arquibancadas, afir-

mação de que todo artista tem de ir aonde o povo está

Criado e ainda hoje coordenado pelos bailarinos Marika

Gidali e Décio Otero, o Ballet Stagium foi escola, direta

ou indiretamente, de toda uma geração de bailarinos

brasileiros em atividade atualmente. Pioneiro na

concepção de uma dança com as feições da nossa

arte e cultura, representativa das pessoas e das

assimetrias territoriais brasileiras, o grupo é

um exemplo de dedicação e perseverança

no meio artístico. Desde seu início, rom-

peu fronteiras, tanto físicas quan-

to estéticas, ao desbravar o país,

nutrindo-se do que vivenciava e

contribuindo para a democra-

tização da dança, ao se apre-

sentar não só em teatros,

mas em qualquer lugar,

bastando apenas es-

tender o tecido que

fazia as vezes de

palco Esta

publicação,

Page 7: Ocupação Ballet Stagium

3

Itaú Cultural

que oferece ao público uma extensão do que é apresentado na exposição – bem

como no site (itaucultural.org.br/ocupacao) –, abre espaço para que profissio-

nais que fizeram (ou ainda fazem) parte dessa trajetória deem seu depoimento

e façam reflexões sobre os aspectos que permeiam a história do Stagium: sua

filosofia, resumida nas perguntas-chave por que dançar?, onde dançar? e para

quem dançar?; seu caráter vanguardista, ao apresentar temáticas e práticas

nunca antes vistas na dança brasileira; os bailarinos, cenógrafos, músi-

cos e figurinistas que colaboraram nos vários projetos; além da capaci-

dade excepcional de manutenção e sobrevivência da companhia

Uma galeria de fotos de autoria do fotógrafo Emidio Luisi, que re-

gistrou grande parte dos espetáculos ao longo dos anos, mostra

imagens dos bailarinos em cena, muitas vezes desafiando os

limites do corpo e da gravidade. Um infográfico, especial-

mente concebido para este momento, pretende mostrar

com palavras e conceitos a enorme teia de referências

que compõe o processo criativo do Stagium e reitera

a influência que o grupo exerceu sobre o que foi e

ainda é feito na dança brasileira A Ocupa-

ção é mais uma das iniciativas do Itaú Cultural

para recuperar e preservar a memória ar-

tística brasileira. Criado em 2009, o pro-

grama apresentou exposições de Nel-

son Leirner, Chico Science, Zé Celso,

Regina Silveira, Abraham Palatnik,

Rogério Sganzerla, Paulo Le-

minski, Haroldo de Campos,

Flávio Império e Cildo Mei-

reles, além de apoiar a

digitalização, organiza-

ção e edição de acer-

vos desses artistas,

ação que se repe-

te com o Ballet

Stagium

Page 8: Ocupação Ballet Stagium
Page 9: Ocupação Ballet Stagium
Page 10: Ocupação Ballet Stagium

Sumário

Texto institucional 2

Nunca antes na dança brasileiraUm tempo que não se extingue Helena Katz 10

Utopia

Um balé brasileiro Sonia Sobral 24

Depoimentos 32

Page 11: Ocupação Ballet Stagium

Apresentação Marika Gidali 8

FilosofiaUm modo de viver Oswaldo Mendes 18

Gente Todas as gentes do Stagium Cássia Navas 30

Bailarinos 38

Page 12: Ocupação Ballet Stagium

8

É muito emocionante, neste momento, escrever algo para a exposição dos 40

anos do Stagium. Parece que tudo começou ontem. Vamos tentar recordar um

pouco: nós nos conhecemos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro

em 1956. Foi uma antipatia mútua. Mesmo assim tivemos

a experiência de dançar juntos em uma coreografia

de Leonide Massine e Igor Schwezoff que, na

verdade, não foi nada má Voltei para

São Paulo e criei coreografias para tea-

tro convidada por Claudio Petraglia

[então diretor da TV Cultura] e pelo

diretor teatral Ademar Guerra.

Este mais tarde se juntaria a nós

na fundação do Ballet Stagium.

Décio continuou a dançar no

Rio de Janeiro por mais al-

guns anos. Depois foi para

a Europa a convite de

Serge Golovine, tendo

participado de várias

companhias importantes

na Suíça e na Alemanha

Resultado dessa pre-

liminar: tive uma experi-

ência fundamental em téc-

nicas teatrais e Décio vol-

tou com grande vivência da

Europa. Reencontramo-nos

em Curitiba para dar aulas

no Curso do Teatro Guaíra. O

momento foi histórico: paixão à

primeira vista! Resultado, casamen-

to! Logo depois, em 1971, criamos o

Ballet Stagium Só pensávamos em dan-

çar, coreografar e juntar mais bailarinos com o

intuito de formar um grupo. Várias experiências

aconteceram, como quando Claudio Petraglia escolheu o

grupo para participar do programa Convite à Dança, na TV Cul-

tura. Ao terminar, propusemos, junto com a bailarina Geralda Bezerra,

continuar o grupo que passaria a ser o Ballet Stagium A luta começou,

pois vários pontos deveriam ser resolvidos. A parte filosófica principalmente,

Apresentação

Page 13: Ocupação Ballet Stagium

9

que resultaria na estética das coreografias. Sobrevivência, que levaria às viagens

pelo Brasil. Discutir conteúdo das coreografias com a análise e a pesquisa do mo-

mento social muito complicado da década de 1970 As viagens

acabaram nos mostrando um Brasil problemático, mas mara-

vilhoso, que excitava a criatividade: origens, paisagens,

raízes e pessoas simples e dançantes. Enfim, tudo

novo e instigante. Nascimento de brasilidade.

Coreografias escritas para ser entendidas

por todos; simples, criativas, ricas em

movimentação. Aprofundamos o es-

tudo da dança-teatro, e ao mesmo

tempo nos recusamos a qual-

quer estilo imposto, mistu-

rando tudo sem preconceitos

São 40 anos de desafios,

conquistas, derrotas, prê-

mios e mais prêmios...

Porém, o prêmio maior e

o mais importante é sem

dúvida a formação de

multiplicadores, cada um

com sua leitura sobre o

próprio trabalho O

Stagium continua na re-

sistência, abrindo vários

caminhos e possibilidades a

todos. Éramos três: eu, Décio

e Geralda; somos hoje centenas

de bailarinos e seis filhos, tam-

bém envolvidos na dança, cada um

de uma maneira diferente. Nosso fi-

lho Edgard Duprat, que por vários anos

trabalhou ao nosso lado em várias funções,

inclusive a de bailarino, registrou e registra to-

das as ações do Stagium, salvando assim um gigan-

tesco acervo de acontecimentos Só temos a agradecer

a Deus por ter nos dado a oportunidade de viver cada segundo

desses 40 anos sempre em plenitude; e por saber que contribuímos para

que outros sonhadores pudessem mergulhar nos caminhos da cultura. Certa-

mente alguma coisa ficará para o futuro, mesmo que seja somente a história.

Marika Gidali

Page 14: Ocupação Ballet Stagium

10

N u n c a

a n t E s

na

d A n ç a

b r a s i l e i R a

Page 15: Ocupação Ballet Stagium

Helena Katz

Um tempo que não se extingue

Page 16: Ocupação Ballet Stagium

12

Foram 40 anos muito especiais, que

começaram em pleno AI-5 e viram a

ditadura se transformar em demo-

cracia e a globalização se instalar em

um país com distorções sociais tão

gigantes quanto o seu tamanho. E

nele construíram não somente a sua

história, mas uma nova história para

toda a dança: no Brasil do século XX,

o Ballet Stagium divide o que existiu

em antes e depois Em tempos

de obsolescência programada por um

consumismo desenfreado, o que não

se apresenta como novidade tende a

não durar. Ou a ser invisibilizado por

um conjunto de fatores associados,

que, no caso da dança, estão relacio-

nados com a deficiência na sua educa-

ção e com o silenciamento da mídia.

Sem acesso ao que acontece e acon-

teceu, porque rareiam cada vez mais

as oportunidades de se encontrar com

essas informações, tendemos a pen-

sar o mundo a partir de nós mesmos –

com todos os riscos aí implicados

A importância de uma exposição para

celebrar os 40 anos do Ballet Stagium

aumenta ainda mais quando se tem

clareza desse contexto. Trazer à luz

um pouco do tanto que o Stagium

vem fazendo tem sabor de construção

de cidadania em um campo que não

cultiva a sua memória. Espalha-se a

esperança de que algumas utopias

podem dar certo. A do Stagium var-

reu o país como exemplo de um tipo

de artista que dedica a vida a fazer o

que escolheu, com ou sem boas con-

dições para levar seu trabalho adiante

Foi o Stagium a primeira compa-

nhia de dança a percorrer todo o ter-

ritório brasileiro, costurando-o com

seus espetáculos, palestras, aulas e

workshops. Bandeirantes desbrava-

dores em um tempo em que não exis-

tiam as condições atuais de financia-

mento para a circulação, aculturavam

a proposta béjartiana de fazer a dança

de seu tempo à sua maneira, sempre

educando aqueles com quem entra-

vam em contato Era um tempo em

que as informações não podiam ser

googladas tampouco youtubadas. A

solidez dos rastros que iam produzin-

do era o que contava nessa teia que foi

sendo construída em um movimento

de auto-organização: das premissas

do balé para o encontro com a cultu-

ra e a diversidade brasileira; dos es-

petáculos para se comunicarem com

todos para a necessidade de formali-

zar um processo de educação de sen-

sibilidades; deste para a urgência em

atuar na educação mais diretamente;

e dessa percepção para a identificação

de que seria indispensável atuar na

formação dos professores. A mesma

filosofia transbordando de uma para

outra iniciativa. Muito antes da época

das contrapartidas, o Stagium dilatou

o alcance social de seu trabalho artís-

tico, desenvolvendo projetos pedagó-

gicos na Fundação Estadual para o

Bem-Estar do Menor (Febem) [atual

Fundação Casa], nas escolas públicas

– eco na educação do que já faziam

quando buscavam se apresentar fora

dos teatros, seja dançando nas areias

ribeirinhas das populações do Rio

São Francisco, no Parque Nacional do

Page 17: Ocupação Ballet Stagium

13

Xingu, seja desfilando em escola de

samba, ou se apresentando em pre-

sídios, hospitais, quadras, pátios etc

Ano após ano, suas missões ex-

ploratórias iam tecendo um novo per-

fil para a dança no Brasil. Os lugares

eram os mais distintos, mas a missão

era a mesma: mostrar como fazer uma

dança que falasse um “português”

que todos entendessem Nos

anos 1970, esse “português” era não

somente o corpo formado na técnica

do balé, mas sobretudo certo modo

de pensar a dança como uma lingua-

gem artística que fala de algo. Fala

sobre acontecimentos, sentimentos e

emoções; é uma dança que comunica

para mobilizar, com a sua proposta,

quem a vê. Aí está o chão que susten-

ta o balé moderno, tão bem enraizado

entre nós, um enraizamento no qual o

Ballet Stagium tem papel de destaque

Décio Otero costurou um jeito seu

de fazer a dança falar sobre qualquer

que seja o assunto eleito. Nos tempos

da ditadura, os temas que escolhia

mobilizavam multidões. Espetácu-

los do Stagium eram possibilidades

de encontrar e reconhecer outras vo-

zes silenciadas pelo mesmo medo de

uma repressão violenta e assassina.

Tornavam visíveis – para aqueles

que não conseguiam torná-las audí-

veis – as questões que mais impor-

tavam. Nessa época, não se assistia

a um espetáculo do Stagium: você se

filiava ao que lá estava sendo mostra-

do. Era uma senha de pertencimento

Um sobrevoo pelo seu repertório

evidencia o foco no que acontecia no

Brasil e no restante da América Lati-

na. Hoje, contudo, o significado dessa

postura, infelizmente, mal pode ser

dimensionado por quem não o viveu.

Ocorreu um percurso que merece re-

flexão: as danças até então feitas por

Décio Otero e Marika Gidali antes do

Stagium transformaram-se no pas-

sado das outras danças, que logo co-

meçaram a gestar. Elas ainda se dese-

nhavam em Dessincronia, Impressions

e Alegretto, todas de 1971, seu primei-

ro ano de existência, mas em seguida

deram lugar a Diadorim (1972), Das

Terras de Benvirá (1975), Quebradas

do Mundaréu (1975), Mulheres Argen-

tinas (1977), Kuarup ou a Questão do

Índio (1977), Dança das Cabeças (1978),

Coisas do Brasil (1978), A Mi América

(1979), Santa Maria de Iquique (1982),

Estatutos do Homem (1983), Missa dos

Quilombos (1984), Pantanal (1986), Cé-

sio 137 (1987), Que Saudade, Elis! (1988)

e A Floresta do Amazonas (1989)

Depois da abertura do país à demo-

cracia, a inserção do Stagium muda,

mas seu compromisso permanece:

Sair pro Mar (1990), Shamaim (1992),

Choros – os Estudos Brasileiros (1993),

Anjos da Praça (1995), Pátio dos Mi-

lagres (2001), Stagium Dança Chico

Buarque (2005), Mané Gostoso (2010)

e Adoniran (2011) Décio Otero

e Marika Gidali foram apurando o

ponto da mistura entre dança, teatro e

música e acabaram por transformá-lo

na sua marca. Esse é o eixo principal

do legado do Stagium, que irrigou o

país e fez moderno o Brasil, produ-

zindo outro tipo de “corpo nacional”,

Page 18: Ocupação Ballet Stagium

14

diferente do proposto no Ballet do

Theatro Municipal do Rio de Janeiro

e, como ele, ligado à questão do nacio-

nalismo que atravessa a nossa moder-

nidade Algumas das proposições

do Stagium na configuração do balé

moderno no Brasil foram: um

jeito de ocupar o espaço, distribuin-

do nele as sequências de frases, que

foram ganhando tamanhos e formas

variadas de inserção. Nelas, o final

em pose foi sendo retrabalhado, o que

tem um valor simbólico importante,

por indicar o reprocessamento da li-

nhagem em balé clássico da qual tanto

Décio quanto Marika vieram; a

utilização de materiais triviais (jor-

nais, fios, retalhos, cordas etc.) para

cenografia e figurinos, colaborando

para aproximá-los ainda mais de um

Brasil que não tinha familiaridade

com a dança e que, com o Stagium,

encontrava uma linguagem mostrada

em imagens que “falavam português”;

o uso da música como um maestro

que assegura o pulso dos movimen-

tos. E, quando tal modo de produzir

a trilha sonora é marcado pela música

popular, ela também opera como mais

uma plataforma de acesso; uma

compreensão de teatro como espaço

de representação de personagens, que

se traduz em caracterizações gestuais

e no emprego de adereços que os su-

blinham Com esses, em meio a

outros traços, o Stagium vai refinando

a sua habilidade em construir danças

que falam sobre temas. Décio torna-se

o mestre da dança narrativa moderna

que continua a se espalhar pelo Bra-

sil Sem desvendar o que esses

40 anos gestaram artisticamente com

o nome Stagium, não se compreende o

país hoje, em termos de dança. Todos

os que estão, agora, fazendo algo com

dança, saibam ou não, devem alguma

coisa ao Ballet Stagium. Quando isso

ficar claro para a maioria, um pouco

da dívida que temos com quem pa-

vimentou um caminho que pôde se

pluralizar em tantas outras rotas co-

meçará a ser paga.

Page 19: Ocupação Ballet Stagium

15

Helena Katz

é professora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica e no Curso Comunicação das Artes do Corpo, na PUC/SP,

professora na Escola de Dança da UFBA e crítica de dança do

jornal O Estado de S. Paulo.

Page 20: Ocupação Ballet Stagium

Começamos eu, Décio e Geralda na Sarandi querendo dançar. Era só isso no começo. A vontade de dançar. Não sabíamos aonde ia chegar.”

Marika Gidali

Page 21: Ocupação Ballet Stagium

17

Page 22: Ocupação Ballet Stagium

Oswaldo Mendes

Filosofia

Um modo de viver

“O renascimento da dança como

forma de cultura e de vida é parte

de uma luta mais geral por um

modo novo de vida, por um novo

regime econômico e político, por um

homem novo. A escolha existe – é

preciso repetir sempre – e nós somos

responsáveis por ela: civilização do

confronto ou civilização do coral.”

Roger Garaudy

Page 23: Ocupação Ballet Stagium

19

A dança não é apenas uma arte, mas

um modo de viver.” O filósofo Roger

Garaudy resumia assim seu pensa-

mento no livro Danser sa Vie, publi-

cado em 1973, na França, quase ao

mesmo tempo que, no Brasil, dois

bailarinos se lançavam à louca aven-

tura que é, ainda, criar e manter uma

companhia de dança sem o apoio de

nenhuma forma de mecenato, público

ou privado, permanente. Nada poderia

sugerir longevidade a um projeto que

não contava senão com a vontade e a

determinação de seus criadores. Não

sobram exemplos de companhias de

dança, mesmo no tal mundo desenvol-

vido, que tenham se mantido, stricto

sensu, com suas próprias pernas. Por

que, então, isso seria possível aqui,

num país em que a dança, privilégio de

poucos, vivia trancafiada em guetos e

redomas? As reflexões desse pensador

francês respondem à surpresa que é

uma companhia independente, como

o Ballet Stagium, existir há tanto tem-

po Agora, convidado a escrever

sobre esses 40 anos de história, recor-

ro ao prefácio que escrevi para o livro

que registraria os 25 anos do Stagium

e que, por razões que não interessam

neste momento, acabou não sendo

publicado. Percebi que, passados 15

anos, não há o que tirar nem pôr no

que se refere a conceitos e objetivos,

que permanecem intocados. Marika e

Décio insistem em fazer da dança, e do

Stagium, um modo de vida. Por isso,

e por acompanhar a sua trajetória an-

tes mesmo de outubro de 1971, sempre

me desinteressaram as observações

críticas e/ou acadêmicas pautadas na

discussão puramente estética desse

trabalho. Mais que a arte, o Stagium

perseguiu a vida. Ele sempre enten-

deu que, como dizem as palavras de

Garaudy, “a dança só reencontra seu

grande estilo quando é a expressão,

ou a esperança, de uma vida coletiva,

como de fato foi, há milênios, nas so-

ciedades não ocidentais”. Daí a incom-

preensão daqueles poucos que torciam

o nariz à dança do Stagium por sua

preocupação às vezes ostensivamente

política, como nos obscuros anos 1970,

e sempre social, a partir do reconheci-

mento da sua identidade. Acontece que

ao Stagium nunca interessou apenas a

qualidade da sua dança – e nenhuma

outra companhia radicalizou tanto a

preparação física e intelectual de seus

bailarinos –, mas, sim, a razão de dan-

çar, o que dançar e para quem dançar.

Isso fez do Stagium a mais brasileira

das nossas companhias. Porque, tam-

bém, ele foi atrás do seu público, for-

mou plateias, aprendeu a ser brasilei-

ro. Entre fazer carreira internacional

e embrenhar-se pelo Brasil adentro,

escolheu a opção menos glamourosa e

mais difícil. Ao som da nossa melhor

música popular, dançou em todos os

palcos do país, nos grandes teatros e

em beira de rio, morros, praças e fave-

las. A marca de seu pioneirismo está

Page 24: Ocupação Ballet Stagium

20

nos grupos e companhias surgidos nas

suas pegadas e que elevaram a dança

no Brasil a um patamar de excelência.

“Lições de perseverar”, assim Helena

Katz sintetizou com precisão poética

esses 40 anos, ao constatar “o silencia-

mento da mídia” sobre o Stagium, que,

ela diz, dividiu a história da dança bra-

sileira em antes e depois de 1971, ano

em que Marika Gidali e Décio Otero

fundaram a companhia que dirigem

até hoje É esse o Stagium que

sempre me apaixonou. É esse Stagium

de rosto definido, com traços de uma

identidade assumida, que inspira esse

meu depoimento. Eu sei, é um depoi-

mento parcial, de alguém comprome-

tido com o Stagium há mais de quatro

décadas. Entretanto, o que nos une não

é apenas o afeto de uma convivência

quase familiar, e sim, principalmente,

a cumplicidade de uma identificação

ideológica. Por isso convido o leitor a

percorrer a história do Stagium não

apenas com os olhos embriagados pela

beleza das imagens e das conquistas

obtidas. Que o (re)conhecimento dessa

história, espero, possa ajudar os que

virão depois de nós, como queria Ber-

tolt Brecht, a entender os tempos difí-

ceis que vivemos e a saber que se pode

construir um sonho. Se o registro do

sonho possível que é o Stagium cum-

prir minimamente esse objetivo, valeu

a pena conhecê-lo Entretanto,

Marika e Décio não construíram sozi-

nhos essa história. Tantos foram, e são,

os seus companheiros de viagem e de

sonho que nomeá-los aqui seria impos-

sível, além do risco de omissões imper-

doáveis. Talvez se faça justiça a todos ao

sintetizar essas muitas contribuições na

lembrança de um personagem emble-

mático da história do Stagium: o diretor

de teatro Ademar Guerra (1933-1993).

Amigo e parceiro de Marika em espetá-

culos memoráveis nos anos 1960, como

Oh, que Delícia de Guerra!, Marat/Sade,

Missa Leiga, O Burguês Fidalgo e Hair,

Ademar foi o primeiro a dizer a ela e ao

Décio que, se quisessem viver a dança,

teriam de criar suas próprias condi-

ções de trabalho, com uma escola e uma

companhia permanentes. A influên-

cia de Ademar Guerra, entretanto, foi

muito além. Antes que alguns concei-

tos como o de teatro-dança (ou dança-

-teatro, como preferir) surgissem, eles

já estavam presentes nos seus trabalhos

com o casal. Basta lembrar o balé A In-

fanticida Marie Farrar, criado por Mari-

ka sobre um poema de Bertolt Brecht,

com participação da atriz Aracy Bala-

banian. Ou os balés criados e dançados

por Décio e Marika na série Convite à

Dança, da TV Cultura, no início de 1971.

A contribuição intelectual e prática de

Ademar para uma dança com forte tea-

tralidade seria, entretanto, minimizada

pelo diretor, característica marcante de

sua modéstia. Para desmenti-lo, recor-

ro a uma carta que ele escreveu a Ma-

rika e Décio, em 1975, após a estreia de

Quebradas do Mundaréu (versão para

balé da peça Navalha na Carne, de Plínio

Marcos). Na carta, ele dizia que seu tra-

balho no Stagium estava terminado (o

que não era verdade), pois “a consciên-

cia teatral foi assimilada”. Modesto, ele

concluía:

Page 25: Ocupação Ballet Stagium

21

“Eu não tentei ensinar nada. Não passei técnica nenhuma a vocês. Apenas tentei,

e acho que consegui, passar essa automatização. Até pela minha presença física. O

fato de eu existir dentro do grupo dava a ilusão a todos de que eu realmente tinha

ensinado a eles (bailarinos) a serem atores. Eu não fiz isso. E sabia que não podia

fazer, mas deixei que eles acreditassem porque essa confiança abria as portas

da procura que eles mesmos tinham vontade de fazer. Me vendo na coxia eles

lembravam que era necessário interpretar os seus personagens e dar senti-

do interior aos seus passos. Sem isso, representar em dança torna-se algo

bobo, é apenas uma novidade, uma frescura, um modismo sem sentido.

Se um bailarino dançar bem, ele pode ser perfeito. Mas se ele dan-

çar de verdade, totalmente, pode parecer loucura, mas é um fato, a

pele dele muda de cor conforme o passo, os músculos mudam de

consistência, ficam mais suaves, adquirem nuances impercep-

tíveis a olho nu mas concretíssimas para quem assiste. Não

sei explicar, só posso afirmar que a Marika para mim tem a

pele branquíssima quando dança Eurídice e, sem mudar a

maquiagem, ela fica morena, de pele gasta e escura em

Navalha na Carne. E agora? Sou louco? Eu vejo isso,

juro por Deus. Esse subjetivismo da dança existe

no teatro também. Portanto, não basta querer

representar, não basta se propor a representar.

É necessário que a representação seja uma

necessidade natural e inconsciente no in-

térprete para que isso aconteça. Marika,

pela vizinhança com o teatro, já fazia

isso a maior parte do tempo. Não

sempre. Mas já fazia. Ela ainda se-

parava balés. Os de dançar, os de

interpretar. Na verdade, era

uma atriz técnica apenas.

Não natural. Entendem

a sutileza?”

Oswaldo Mendes é ator e dramaturgo. Escreveu Bendito Maldito – uma Biografia de Plínio Marcos

e foi editor dos jornais Última Hora e Folha de S.Paulo e da revista Visão.

Recebeu os prêmios APCA e Jabuti de 2009.

Page 26: Ocupação Ballet Stagium

Nascemos na ditadura. Só podíamos ser um grupo

focado no social. Começamos brigando pelas

coisas e pelas pessoas.”

Marika Gidali

Page 27: Ocupação Ballet Stagium
Page 28: Ocupação Ballet Stagium

Utopia

Sonia Sobral

Page 29: Ocupação Ballet Stagium

25

Quando propus os nomes Décio Otero

e Marika Gidali para a Ocupação do

Itaú Cultural, foram aceitos imedia-

tamente. Parti de uma antiga e per-

sistente sensação de que tudo o que

acontece até hoje na dança no Brasil

teve direta ou indiretamente influên-

cia do Ballet Stagium. Desde então,

perguntei a cada bailarino que encon-

trei qual a importância do Stagium

para eles, e minha tese se confirmava

a cada resposta dada Comecei

a estudar sua história e, a partir daí,

não parei de me surpreender

com o tanto de picadas que

eles abriram para o cam-

po da dança. Considero

a oportunidade de co-

ordenar essa exposição

um ponto alto na minha

carreira de gestora cultural.

Essa realização é um prazer e uma

obrigação. Nosso intuito, que vai ao

encontro do objetivo da Ocupação, é

de que as novas gerações percebam

que seus professores e a maioria dos

criadores da atualidade foram in-

fluenciados de forma decisiva por

esse grupo. Muitas das frentes inau-

guradas por eles são praticadas hoje

sem que se saiba que Marika, Décio

e seus companheiros próximos as

fizeram, pela primeira vez, décadas

atrás Conheci o Stagium como

plateia e como aluna há uns 25 anos,

quando ingressei na dança. Havia 15

anos de seu início e ainda faziam uma

Um Balé brasileiro

“O Stagium pavimentou o seu

próprio caminho.”Marika Gidali

revolução diária. Eles representaram

o talho na mesmice (expressão retirada

de O Brasil Descobre a Dança Descobre

o Brasil, Helena Katz, DBA, 1994). O

que faziam e como faziam não se pa-

recia com nada que estava sendo feito

por aqui. Penso que o Stagium tem

a vocação do Brasil, uma sabedoria

que parte da natureza das coisas. O

grupo dançou, com a mesma afei-

ção e profissionalismo, nos grandes

teatros do país assim como nos seus

cantos mais recônditos. Não havia

dentro e fora, tudo pertencia.

Sem produtores especia-

lizados ou editais de

circulação, aprendia-se

fazendo. A experiência

de trabalhar no Stagium

profissionalizou muita

gente Tudo registrado

por Edgard Duprat, filho de Marika

e à época bailarino da companhia, que

ganhou, de Décio, uma câmera su-

per-8 e passou a filmar espetáculos,

viagens e bastidores. Ainda bem, por-

que agora esse material é preciosida-

de histórica. Desde o primeiro balé, a

plateia, ao chegar ao local de apresen-

tação, assistia à companhia se aque-

cendo para o espetáculo. O objetivo

era mostrar a rotina e a preparação de

um bailarino, assim como aproximar

artista e público. Se hoje isso parece

banal não o era há 40 anos. Foram

eles que apresentaram o linóleo para

a dança brasileira. Décio Otero, au-

Page 30: Ocupação Ballet Stagium

26

tor de mais de 70 balés só para o Sta-

gium, muitas vezes assinou as trilhas

sonoras das suas criações. O uso de

música popular brasileira em balés e

a colagem de música popular e erudi-

ta tornaram-se uma marca do artista.

Outra fonte importante foi a literatu-

ra e a história do Brasil Criaram

o famoso curso intensivo nas férias de

janeiro. Durante um mês, bailarinos

de todo o Brasil se encontravam na

sede da companhia, na Rua Augusta,

em São Paulo. Além de oferecer ensi-

no de excelência, tratava-se de criar

um ponto de encontro e de reconhe-

cimento entre bailarinos

dos quatro cantos do

Brasil. A pro-

pósito, não havia

grupo no país com

elenco de tantas

cidades diferen-

tes. Não era comum,

numa mesma compa-

nhia, ter bailarinos de Ma-

naus, São Paulo, Recife, Fortaleza,

Belém, João Pessoa , Teresina etc

Convidavam artistas, pesquisadores

e jornalistas para ministrar palestras

na sede da companhia. Citarei al-

gumas palestras às quais eu mesma

assisti e que jamais teria visto não

fosse o Stagium nos aproximar de

seus autores: Maria Bonomi, Mau-

rício Kubrusly, Marilena Ansaldi

e Helena Katz. Essa ação vinha da

convicção de que a formação de um

bailarino deveria ser maior do que a

técnica aprendida na sala de aula, em

ensaios e no palco. Pode-se dizer que

ali era um centro cultural Que

se saiba: é a primeira companhia que

entende a dança como dispositivo

educacional. Assim, dançam e ensi-

nam, já na década de 1970, em regiões

com pouquíssimo acesso ao ensino e à

arte. A partir dos anos 1990, portan-

to muito antes da moda da promoção

social e da invenção da contrapartida,

estruturam projetos como Dança a

Serviço da Educação, Projeto Escola,

Professor Criativo, Projeto Escolas

Vão ao Teatro, SOS Criança, Proje-

to Stagium-Febem e Projeto Joani-

nha Décio e Marika

já tinham uma carreira

destacada, apoiada

numa formação ri-

gorosa, antes de se

encontrar, e isso se

refletiu na qualida-

de técnica e artística

do grupo. Criaram um

balé brasileiro, ou talvez

seja mais correto dizer um balé mes-

tiço. O grande interesse pelo Brasil e

pelo restante da América Latina, suas

questões culturais, sociais, ambien-

tais e políticas, foi tratado como dança

por Décio. O encontro da dupla com

Ademar Guerra – primeiramente

com Marika, que desde os anos 1960

coreografava seus espetáculos – le-

vou o diretor teatral a dirigir alguns

espetáculos do Stagium ao lado de

Décio. Esta seria mais uma singula-

ridade: a mistura das técnicas clássi-

ca e moderna com o teatro, proposta

Page 31: Ocupação Ballet Stagium

27

pela primeira vez Foram eles também os primeiros a lutar pela desti-

nação de verba pública e privada para a dança. Tiveram um fundamen-

tal patrocínio da Klabin Papel e Celulose na pessoa de Vera Lafer en-

tre 1990 e 1997, que evitou o fechamento da escola e da companhia.

As inúmeras viagens pelo país, primeiramente de ônibus e posterior-

mente de avião, com apoio da Varig, e depois novamente de ônibus,

espalharam um modo de compreender a dança e fazê-la. Vê-los

era contundente. Ao mesmo tempo tudo o que eles viam e co-

nheciam do país entrava no seu modo de fazer mestiçando

ainda mais sua linguagem Essa experiência criou uma

escola de espectadores para a dança praticamente em

todo o país. É incontável a quantidade de pessoas que

assistiu à dança pela primeira vez com o Stagium

O que os move, desde o princípio, são as pessoas,

este país, este continente. Seus valores são hu-

manistas, por isso seguem realizando com di-

nheiro ou não Eu jamais imaginaria,

enquanto fazia minhas aulas de balé mor-

rendo de medo da Marika, que 25 anos

depois eu voltaria a subir as escadas

da sede na Rua Augusta para dizer

a eles que o Itaú Cultural gostaria

muitíssimo de lhes prestar uma

homenagem. A emoção deles

me tocou como quando os vi

pela primeira vez. Espero

que todos desfrutem da

exposição e com ela

aprendamos ainda

mais sobre nós

mesmos.

Sonia Sobralé gerente de Artes Cênicas do Itaú Cultural

Page 32: Ocupação Ballet Stagium

Os professores da rede pública são os meus eleitos. Trabalho

para o professor renascer com o despertar do corpo e da criatividade. Nesse momento,

a menina dos meus olhos é a companhia, porque ela

corre risco, é a minha maior preocupação.”

Marika Gidali

Page 33: Ocupação Ballet Stagium
Page 34: Ocupação Ballet Stagium

30

GenteCássia Navas

Page 35: Ocupação Ballet Stagium

31

Que gente é essa que viaja sem cessar

por mais de 40 anos, levando arte aos

quatro cantos? É a gente do Stagium,

seus diretores, artistas, professores,

alunos – gente de dança Rostos,

nomes, gestos sucedem-se ao longo de

uma trajetória ímpar na cultura brasi-

leira, estruturando as feições da com-

panhia Se hoje juntos

pudessem estar, teríamos

uma dança de celebra-

ção, grande e poderosa.

Uma dança da história

do Stagium, de renasci-

mento-morte, começo-fim,

continuidade-ruptura, resis-

tência e coragem, para sagrar o tem-

po cotidiano, constelando aqui todos

os solos da cena por onde a compa-

nhia passou – um imenso Kuarup

Para a gente do Stagium sempre foi

proposto um combate – para além da

dança há muito a fazer. Desde sempre,

Décio Otero e Marika Gidali desafiam

Cássia Navas

é professora de dança da

Unicamp

todos ao seu redor, pois, se para eles a

dança pode em si se bastar, devemos

ir além: ser gente da dança em busca

de uma cidadania ampliada, gente de

muitas faces e habilidades, lutando

por uma arte plural em um país plural

Em face dessa arte matizada de

Brasil, estiveram todas as plateias do

Stagium, que vendo a compa-

nhia (uma vez, duas vezes,

muitas vezes) trouxeram

para si os vários conte-

údos da modernidade

brasileira São 40

anos de estética, ética e

afeto. Nesse período o Sta-

gium nos fez gente melhor, olhando

passado e presente, na construção

de um tempo que colheremos no fu-

turo, quando mais uma vez (daqui

há 10, 20 ou outros 40 anos) sere-

mos chamados para, através da arte,

rever-fazer história Evoé, Stagium!

Todas as suas gentes o saúdam.

Todas as gentes do Stagium

Page 36: Ocupação Ballet Stagium

32

“Não há como rever minha vida sem

a presença do Stagium tatuada em

mim. Nas salas do Stagium aprendi o

que é disciplina, respeito à profissão,

aos colegas. Aprendi que é preciso ou-

sar e, mais ainda, mostrar o fruto do

trabalho em cada esquina possível de

se pisar com a certeza inabalável do

poder da dança, do teatro, da música,

enfim, da arte. Juntei-me a eles quan-

do tinha 16 anos e fiquei para sem-

pre. Hoje, além da companhia, vejo o

Stagium servir de exemplo, com suas

atitudes de solidariedade, irmandade

e crença absoluta na importância da

dança na vida das pessoas. Os proje-

tos sociais falam por si. Não é sempre

que uma companhia no Brasil come-

mora 40 anos de estrada. Ainda há

muito o que aprender e desfrutar com

o Stagium. Minha gratidão e amor,

para sempre.”

Clarisse Abujamra é coreógrafa, bailarina e atriz

DEP OIMENTOS

“Tive a felicidade de estar no palco

com Marika Gidali, Ademar Guerra e

Bertolt Brecht! Guardei o Stagium no

meu coração e fiquei da plateia acom-

panhando de perto todos esses anos.”

Aracy Balabanian é atriz

“Meu aperfeiçoamento artístico deve-se

aos estudos rigorosos com Marika

Gidali durante cinco anos de minha

adolescência, quando participei de

seu grupo Amigos da Dança. A práti-

ca da dança, porém, ficou em segundo

plano quando resolvi seguir forma-

ção acadêmica em psicologia. Aos 30

anos, já com três filhas e uma carreira

promissora, voltou-me o desejo impe-

rativo de dançar. Procurei Marika e

Décio no Ballet Stagium, que me con-

vidaram para participar da criação de

Kuarup. Fui também convidada para

dançar com o grupo no Parque Na-

cional do Xingu, experiência trans-

formadora: causou-me um profundo

impacto emocional e modificou meus

valores estéticos. A essas vivências

com Marika e Décio devo em grande

parte meu respeito e minha dedicação

à arte da dança. Disciplina rigorosa,

aliada à criatividade, e o imenso pra-

zer de compartilhar emoções com o

público foram aprendidos nas aulas,

nos ensaios e nas apresentações com

o Ballet Stagium.”

Marília de Andrade é bailarina

“Tive a sorte de acompanhar o cresci-

mento – e até de participar um tiqui-

nho dele – dessa companhia brasilei-

ra. Ou melhor: Brasileira. Sim, letras

grandes para saudar o nascimento de

um sotaque inconfundível e até inédi-

to por aqui. Que sorte!

Maurício Kubrusly é jornalista

Page 37: Ocupação Ballet Stagium

33

“Cheguei ao Stagium em 1980. Era então uma menina bailarina cheia de so-

nhos. Ali aprendi a exercitar meu ofício com dignidade, a questionar e criticar

a realidade com responsabilidade e esperança, a conhecer meu país e a buscar

um mundo melhor para todos por meio da arte a qual tanto me dedico des-

de criança... Valores como solidariedade, fraternidade e colaboratividade fo-

ram os que aprendi com Marika, Décio e todos os companheiros, amigos até

hoje, dessa companhia artística que mudou o panorama da dança no Brasil e

no mundo. Sou eternamente grata por ter integrado, aprendido e efetivamente

participado com minha arte.”

Tatiana Cobbett é dançarina, cantora e compositora

“Comecei minha carreira profissio-

nal de bailarina no Ballet de Câmara

Stagium. Essa companhia estava em

seu início, pouco mais de dois anos

de existência, e já gozava de enorme

prestígio. Eu, que nem pensava que

a dança seria a minha profissão, fa-

zia um curso de férias na escola do

Ballet Stagium e fui convidada pela

Marika para fazer parte do grupo.

Aos 19 anos, lancei-me naquela aven-

tura de cruzar o Brasil e além, nas

pontas dos pés (e de barco, avião, car-

roça, ônibus, Kombi), que aqueles vi-

sionários, Marika e Décio, ofereciam

a quem quisesse segui-los. Dançar

onde houvesse alguém: praças, ruas,

clubes, cinemas e até palcos! Dois

anos intensos de aprendizado pessoal

e profissional que me nutriram pela

vida toda.”

Mônica Mion é bailarina

“Que privilégio acompanhar esses

40 anos de jornada ao lado de Décio e

Marika. Parece que foi ontem que eles

se encontraram em Curitiba e traçaram

seus primeiros planos desbravadores,

que mudaram os rumos da dança no

Brasil. Já em São Paulo, a convite da TV

Cultura, participei do programa Convite

à Dança. Dançar vários estilos, sempre

dirigida por Marika e Décio, foi o come-

ço do meu despertar para uma dança

mais abrangente e emocionante. Com a

colaboração do diretor Ademar Guerra

nos trabalhos do Stagium descobri que

bailarina e atriz não poderiam mais se

separar. Além de tudo isso, viajar o Bra-

sil inteiro, a América Central, o México,

a Argentina, os Estados Unidos... Tive

a oportunidade de conhecer o povo, a

cultura e as estruturas sociais. A dan-

ça do Ballet Stagium foi se modifican-

do, rasgando corações. Olho para trás

e digo: não teria conseguido viver sem

tudo isso. Agradeço a Marika e Décio

o que fizeram e fazem por mim e por

todas as plateias do mundo.”

Geralda Bezerra de Araújo é bailarina

“Marika. Décio. Heroicos. Ilumina-

dos. Luz na escuridão.”

Marilena Ansaldi é bailarina, coreógrafa, autora,

produtora e atriz

Page 38: Ocupação Ballet Stagium

34

“Tenho certeza de que o destino ja estava se programando para receber Marika,

antes mesmo de ela ter nascido, pois nossos pais – Buci (Elizabeth) e Bela – se co-

nheceram numa escola de dança muito popular em Budapeste, Hungria, no co-

meço dos anos 1930, que frequentavam assiduamente. Quando éramos crianças,

nossos pais, para nos divertir, faziam demonstrações de charleston, black-button,

suingue, quick step, bolero, valsa e tango, ritmos populares da época. Na verdade,

os dois foram, até o fim de suas vidas, verdadeiros e ótimos bailarinos, um fato que

influenciou especialmente Marika Eu, sendo a mais velha, fui matriculada

numa escola de balé clássico, mas Marika tinha de esperar a idade mínima para po-

der ser aceita. Os planos de nossos pais para as duas futuras melhores bailarinas

do mundo foram interrompidos pela Segunda Guerra Mundial e pela perseguição

nazista aos judeus. Sobrevivi à guerra por milagre e fiquei doente por muito tempo.

Assim, minha carreira, que eu nem havia iniciado, terminou sem dramas, pois eu

jamais tive talento para o balé. Mas Marika sim. Ela me imitava sem mesmo ir à

escola, e como me imitava! Flexível, persistente, dedicada, ela mesma foi forjando a

grande artista que viria a ser Devo registrar que o apoio de nossos orgulhosos

pais jamais lhe faltou, nem o meu aplauso e torcida, bem como a de nosso irmão

Peter. Passamos a ser os maiores admiradores e fãs, primeiro da bailarina Mari-

ka Gidali, depois, do novo membro da família, Décio, e por fim do Ballet Stagium.

Nossos pais, quando vivos, tinham uma cadeira cativa em todas as apresentações,

às quais jamais faltaram Esses 40 anos de vida do Stagium são a prova de que

a persistência e a dedicação da infância de Marika permanecem e se tornam cada

vez mais fortes na luta por um ideal, e na resistência em todos os momentos. Prova

disso é que Marika e Décio aprenderam não apenas a sobreviver, mas a sobreviver

com dignidade em todas as situações.”

Agnes (Ines) Gidali Buchwald é irmã de Marika Gidali, integra a equipe do Ballet Stagium

“Sou suspeito, confesso. Conheci o Stagium em 1984, por causa de três bailari-

nas que vi dançando lindas, leves e soltas, numa casa noturna. Casei com uma

delas, Tatiana Cobbett, mas antes disso passei a acompanhar a trupe liderada

por Marika e Décio por vários cantos deste país. Assisti às montagens de vá-

rios espetáculos inesquecíveis, como Pantanal, que tive o privilégio de ver ain-

da sem a música de Egberto Gismonti. Outros elencos entraram no Stagium, e

acabei fazendo bons amigos. Viva a persistência!”

Paulo Markun é jornalista

Page 39: Ocupação Ballet Stagium

35

“A Marika significa para mim o momento da adolescência, em que você está na

corda bamba. Num período de ditadura, com falta de perspectiva, comecei a

fazer dança com ela. Eu a vejo uma educadora como poucas. Ela nos colocava o

exercício da vocação. Estimulava em todos nós aprendizes a construção de um

instinto de vida. Sempre foi um símbolo que eu persegui mesmo quando me se-

parei dela. Era muito raro o trabalho híbrido, e por isso mesmo brasileiro, que

eles faziam. Dança das Cabeças e Xingu são obras notáveis. Eu a levarei sempre

no meu coração.”

Ivaldo Bertazzo é coreógrafo

“Celebrar 40 anos de um trabalho contínuo na arte da dança, que surgiu do

sonho de dois grandes artistas, Décio Otero e Marika Gidali, é algo muito im-

portante. Ainda mais quando fazemos uma reflexão sobre a trajetória dessa

companhia e constatamos que serviu e continua a servir de exemplo, pela com-

petência artística, pela formação de uma sólida escola, por uma persistência

diária diante das inúmeras dificuldades. E, além disso, pela criatividade em

articular conteúdos e temas relevantes de nossa cultura por meio de gestos e

movimentos de sua dança, levada a tantos lugares dentro e fora do Brasil. Hoje,

ao recordar meus primeiros dias no Ballet Stagium, vejo-me como uma jovem

cheia de entusiasmo, admiração e respeito por ambos e pela dança da com-

panhia. Com o orgulho de ter pertencido a esse grupo, posso dizer que esses

sentimentos não só permaneceram, mas a eles agreguei outros. Nunca perdi a

sensação de ser parte, talvez por ter sido sempre acolhida ao procurá-los, por

ter tido o apoio em outros passos da minha carreira. À minha alegria deste ins-

tante adiciono o meu muito obrigada a você, Décio, e a você, Marika, por todos

os momentos e preciosos ensinamentos recebidos!”

Julia Ziviani é bailarina e atua na Cia. Dançaberta, Campinas (SP)

“Tenho muito respeito pela Marika

e pelo Décio. Acho que por causa

do Stagium ainda existe dança em

São Paulo. É surpreendente como

eles conseguem se manter há 40

anos, sem estabilidade e segurança

financeira.”

Ruth Rachou é bailarina, atriz , coreógrafa, diretora e professora de dança

Page 40: Ocupação Ballet Stagium

36

“Stagium... saber dança em dilatação,

que salta para o invisível e que conhe-

ce pelo contato direto as coisas e os

acontecimentos. Submersão em todas

as coisas passadas, presentes e futu-

ras. Espalhando o que se oculta nas

profundidades do tempo, revelando

em forma de gesto, de encantação e de

oráculo uma verdade essencial, de es-

paço/tempo. Assim, toda dança que se

brinda é, ao mesmo tempo, do Stagium

e dos outros, já que o homem é, inteira-

mente, eu e outro, um modo de práxis

fundamentalmente social. A própria

história tecida de forma poética.”

Fábio Villardié bailarino

“O Ballet Stagium foi fundamental na minha formação. No início dos anos

1970, ainda muito moleque, assumi a produção da primeira turnê da compa-

nhia pelo Brasil. Vale lembrar que naquela época não existiam leis de incentivo,

celulares, e-mails e muito menos redes sociais. Parte da nossa comunicação

com as cidades era feita por telefone e até rádio amador – acho que muita gente

não tem a menor ideia do que é isso. Com a direção da Marika Gidali e do Décio

Otero, nós nos embrenhamos pelo Brasil adentro e isso foi fundamental para

balizar futuras turnês de grupos de dança e de teatro. Se o Ballet Stagium é

fundamental na história da dança brasileira, com certeza também o é para um

bando de brasileiros que, como eu, passou por essa oficina de formação de ma-

lucos e bons profissionais das artes cênicas de nosso país.”

Celso Curi é produtor, administrador cultural e crítico de teatro

“Ao voltar de uma turnê pela Alemanha,

fui apresentado por Marilena Ansaldi

aos diretores de um grupo de balé que

dançava periodicamente num progra-

ma na TV Cultura de São Paulo, Mari-

ka Gidali e Décio Otero. Com o convite

de ambos para pertencer ao grupo que

tinham recentemente formado, vislum-

brei a possibilidade de dançar profis-

sionalmente. Assim começou o Ballet

Stagium, e fui parte do elenco fundador

do grupo. Dancei por dois anos com eles,

atuando em diversas capitais brasileiras.

Para mim foi um crescimento artístico

fenomenal, pois o grupo era formado

pela nata do balé de São Paulo. Com Dé-

cio, comecei, de fato, a entender a neces-

sidade de aprimorar minha atuação tan-

to técnica como artística, em ensaios mi-

nuciosos. Adquiri bastante experiência

dançando um repertório eclético ao lado

de bailarinos e coreógrafos que muito

contribuíram para minha carreira. Te-

nho imenso orgulho de ter sido parte da

história dessa companhia.”

Pedro Paulo Kraszczuké bailarino

Page 41: Ocupação Ballet Stagium

37

Cenógrafos, Figurinistas, Iluminadores e Músicos

Todas as coreografias exibidas em vídeo no espaço expositivo são de autoria de Décio Otero, exceto a

coreografia Duetto composta em 1977 por Ismael Guiser para Décio Otero e Marika Gidali.

O diretor Ademar Guerra tem presença direta ou indireta em todo o percurso e nas criações do Ballet Stagium.

Trilhas sonoras especialmente compostas: Almeida Prado, André Abujamra, Aylton Escobar, Egberto Gismonti, Isaías e os Chorões, Marcelo Petraglia,

Milton Nascimento e William Sena.

Figurinos: Ana Maria Stekelman, Carlos Gardin, Clodovil Hernandes, Darcy Penteado, Domingos

Fuschini, Donna M. Larsen, Fabio Brando, Fabio Villardi, João Elias Júnior, João Santa Ella Júnior, Leda Senise, Lois Bewley, Luiz A. Martins, Luiz Rossi, Marcio Tadeu, Maria Bonomi, Marika Gidali, Murilo Solla, Ney

Galvão, Oscar Arraiz, Patrício Bisso e Ugo Castellane.

Cenários: Ademar Dornelles, Ana Maria Stekelman, Darcy Penteado, Fabio Brando, Fabio Villardi, Jussara

Gomes, Luiz Rossi, Marcio Tadeu, Marco Antonio Silva, Marcos Weinstock e Maria Bonomi.

Iluminação: Décio Otero, Domingos Quintilhiano, Edgard Duprat, Erondino Loretto, Giba, Guilherme

Bonfante, Inezito, Jean Carlo, Jeanzinho, Marcial Perez, Oswaldo Vieira e Romulo Righi.

Page 42: Ocupação Ballet Stagium

38

B A I L A R I N O S

Ademar Dornelles • Adriana Almeida • Adriana Bonfati • Adriana Roda

• Aguinaldo Bueno • Aleksandro Pereira • Alessandra Gidali Jannuzzi •

Alessandra Lia • Alicia Rosado • Amanda Santos • Amarildo Cassiano •

Ana Claudia Bjornberg • Ana Lúcia Coutinho • Ana Maria Mondini • Ana

Paula Camolese • Ana Paula Tavares • Ana Paula Tavernaro • Andrea

Maciel • Anette Leite • Angela Borges • Anton Garcez • Antônio Carlos

Sousa • Arnaldo Batista • Áurea Ferreira • Beatriz Cardoso •Bernardette

Miranda • Bernot Sanches • Bete Oliveira • Camila Lacerda • Carla Kubrusly

• Carlos Campos • Carlos Demitre • Catherine Kodama • Chu-Fa-Ching •

Cida Borges • Clarisse Abujamra • Clarita Colombiana • Claudia Lisboa •

Claudia Mendonça • Claudio Garrido • Claudio Ribeiro • Cleide Milane •

Cleusa Dias • Cleusa Fernandes • Daniel James • Décio Otero • Delphino Nunes

• Danielle Guimarães • Denise Almeida • Denise Gaiolli • Denise Panessa •

Denise Maçãs • Dino Brasil • Djair Alexandre Goes / Djha • Dora Mendez

• Doris Giesse • Edgar Dias • Edgard Duprat • Edílson Ferreira • Edinaldo

Nascimento • Eduardo Augusto / Sô • Eduardo Fraga • Eduardo Mascheti

• Elaine Piavone • Eliana Karim • Elizabeth Oliveira • Elsa Mochen • Ethel

Marcelino Dias • Eugênio Gidali • Everson Rocha Nascimento • Fabio Villardi

• Felipe Vinicius • Fernando Lee • Flávia Costa • Flávio Coelho • Franco André

/ Frank Ejara • Gabriela Hernandez • Geralda Bezerra • Geraldo Lachine •

Glaucia Fonseca • Graciela Rodriguez • Gustavo Leite • Helena Bastos • Henrique

Belling • Hugo Lavrac • Idovar Stahl • Igor Vieira • Iracity Cardoso • Isa Kokay

• Ismenia Rogich • Ivaldo Bertazzo • Jaime Amaral • Jane Blauth • Jessica Fadul

• Ji Von Shin • João Carlos Fucci • Joffre Santos • John Santos • Jordana Paulista

Belém • Jorge Lima • Jorge Luiz Fernandes • José Antonio Abac • José Luis da

Silva • José Luiz Sultan • Juan Castiglionne • Juan José Soares • Julia Ziviani •

Page 43: Ocupação Ballet Stagium

39

Juliana Figueredo • Jurandir Rodrigues • Kátia Castanheira • Kaká da Boa Morte

• Kênia Genaro • Lalo Fleytas • Liliane Benevento • Lívio Lima • Lorena Merlino •

Lúcia Weber • Luciana Madeira • Luciana Porta • Lucianita Farah • Luis Arrieta

• Manuel Messias • Marcelo Jannuzzi • Marcelo Mike • Marcelo Pereira • Márcia

Freire • Márcio Morais • Márcio Rongetti • Marcos Palmeira • Marcos Veniciu •

Maria Clara Merchan • Maria Eduarda Gonçalves • Maria Emília Clark • Maria

Helena Alemany • Maria Vidal • Maria José Sommer • Marika Gidali • Marilda

Fontes • Marília Oswald de Andrade • Marina Athié • Marina Costa • Marina

Ricci • Marina Salgado • Mário Alves • Mário Enio • Mário Jarry • Michelle

Briseno • Michelle Calegari • Miguel Trezza • Mílton Carneiro • Mílton Coatti

• Mônica Mion • Nádia Luz • Nestor Ragadali • Noeli Praxedes • Olivia Maciel

• Osmar Zampieri • Pamela Hutchinson • Patricia Sardá • Patty Brown • Paula

Perillo • Paulo Magalhães • Paulo Barreto • Paulo Vinícius • Penha Pietra • Pedro

Paulo Kraszczuk • Poti Ara Bolzan • Rafael Carrion • Renata Botta • Renata

Colin • Renata Drumond • Renée Bolehovsky • Ricardo Gomes • Ricardo Ordonez

• Ricardo Iazetta • Rober Tainan • Roberta Botta • Roberta Maziero • Roberto

Aguiar • Roberto Amorim • Roberto Fazenda • Ron Sequoio • Rubens Pires •

Sebastião Freitas • Sérgio Cruz • Sérgio Marchal • Sheyla Silva • Sidney Campos

• Silvana Lenke • Silvana Marquina • Sílvia Altiere • Sílvia Antunes • Sílvio

Dufrayer • Simone Coelho • Solange Lucatelli • Soren Niewelt • Susuki Tamin •

Suzanna Yamauchi • Tama Rivero • Tania Tonezzer • Tânia Wolkof • Tatiana

Cobbett • Tatiana Portela • Tatiana Rocha • Thaís Ferreira da Graça • Tony Abbott

• Ulisses Nogueira• Umberto Silva • Vahram Asdurian • Valéria Magalhães •

Vanderley Falcão • Vanessa Guillén • Vinicius Rodrigues Anselmo • Vivian Araújo

• Viviani Ribeiro • Wagner Alvarenga • Wladimir Reche • Wellerson Minucci

• Xica Timbó • Yann Seabra • Yasser Guillén • Yolanda Gidali • Zetta Casalena

Page 44: Ocupação Ballet Stagium

40

ficha técnica

Ocupação Ballet Stagium

Coordenação-geral e organizaçãoNúcleo de Artes Cênicas

Sonia SobralCristina Espírito Santo

Bebel de Barros

ConcepçãoEdgard DupratCarlos Gardin

CuradoriaEdgard DupratCarlos GardinPedro Markun

CenografiaCarlos Gardin

Marcelo Larrea

Coordenação de pesquisaPaula PerilloAssessoria

Rejane de Abreu Perillo

Edição de imagensEdgard Duprat

Assistência de montagemDiego Cesário

FinalizaçãoHiperaktv

Desenvolvimento de site de depoimentosPedro Markun

ProduçãoYolanda Gidali

FotosEmidio Luisi

Grupo de pesquisa do Ballet Stagium

Ademar DornellesDécio Otero

Marika GidaliOswaldo Mendes

ImagensAcervo Ballet Stagium

Edgard Duprat

Produção do site OcupaçãoDuanne Ribeiro

AgradecimentosAdemar Guerra (in memoriam),

família Plínio Marcos, Fausto Fuser, Maria Bonomi, Mario de Aratanha,

Tania Quaresma, A Gazeta de Vitória, A Tribuna (Santos), A Tribuna

(Vitória), Diário Catarinense, Diário de Notícias (São Paulo), Diário Popular

(Pelotas), Elo – Jornal Interno do Governo de Indaiatuba, Gazeta de Santo Amaro, Gazeta do Tatuapé, Gazeta de Vitória, IstoÉ, Jornal de

Brasília, Jornal do Brasil, Tribuna de Araraquara, Tribuna de Vitória, TV

Cultura de São Paulo, TV Sesc e TV Uniban

O Ballet Stagium agradece a:Ministério da Cultura,

Sesc SP, Secretaria de Estado da Cultura e Sesi SP

Page 45: Ocupação Ballet Stagium

3

Publicação

Concepção e coordenação de conteúdoNúcleos de Artes Cênicas e Comunicação do Itaú Cultural

Coordenação editorialNúcleo de Comunicação

Produção editorialLara Daniela Gebrim

Maria Clara Matos

Direção de arteEstevan Pelli

Jader Rosa

Projeto gráfico e designEstevan Pelli

EdiçãoMarco Aurélio Fiochi

Paula FazzioRoberta Dezan

RevisãoCiça Corrêa

Nelson ViscontiPolyana Lima

ImagensEmidio Luisi

BibliografiaKATZ, Helena. O Brasil descobre a dança descobre o Brasil. São Paulo: DBA,

1994. OTERO, Décio. Stagium, as paixões da dança. São Paulo: Hucitec, 1999.

___________, GIDALI, Marika. Singular e plural. São Paulo: Senac, 2001.Ballet Stagium – www.stagium.com.br

AgradecimentoHelena Katz

Page 46: Ocupação Ballet Stagium

1

Page 47: Ocupação Ballet Stagium

1