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ÍNDICE CÍVEL A SABESP E O CONSUMIDOR 1 DORA BUSSAB CASTELO Promotora de Justiça 1..................................................INTRODUÇÃO ........................................................... 2......INFORMAÇÕES PRESTADAS POR TÉCNICOS DA SABESP SOBRE AS QUESTÕES RELACIONADAS NA INTRODUÇÃO........................ 3.. LEGISLAÇÃO SOBRE A OBRIGATORIEDADE DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO E SOBRE A COMPETÊNCIA PARA A SUA FISCALIZAÇÃO....... 4........LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ÀS TARIFAS COBRADAS PELA SABESP ........................................................... 5.......JURISPRUDÊNCIA ENTENDENDO QUE A NATUREZA JURÍDICA DA CONTRAPRESTAÇÃO AOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO É DE T A X A 6.......JURISPRUDÊNCIA ENTENDENDO QUE A NATUREZA JURÍDICA DA CONTRAPRESTAÇÃO COBRADA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO É DE PREÇO PÚBLICO.............................................. 7.......ACÓRDÃO DO S.T.F.: - CONTRAPRESTAÇÃO COBRADA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO - ALGUNS SUSTENTAM SE TRATAR DE TAXA OUTROS DE TARIFA...................................... 1 publicado no Caderno de Doutrina e Jurisprudência nº 29 da APMP)

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ÍNDICE

CÍVEL

A SABESP E O CONSUMIDOR 1

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de Justiça

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................2. INFORMAÇÕES PRESTADAS POR TÉCNICOS DA SABESP SOBRE AS

QUESTÕES RELACIONADAS NA INTRODUÇÃO..............................................3. LEGISLAÇÃO SOBRE A OBRIGATORIEDADE DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E

ESGOTO E SOBRE A COMPETÊNCIA PARA A SUA FISCALIZAÇÃO.............4. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ÀS TARIFAS COBRADAS PELA SABESP............5. JURISPRUDÊNCIA ENTENDENDO QUE A NATUREZA JURÍDICA DA

CONTRAPRESTAÇÃO AOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO É DE T A X A6. JURISPRUDÊNCIA ENTENDENDO QUE A NATUREZA JURÍDICA DA

CONTRAPRESTAÇÃO COBRADA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO É DE PREÇO PÚBLICO........................................................................................

7. ACÓRDÃO DO S.T.F.: - CONTRAPRESTAÇÃO COBRADA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO - ALGUNS SUSTENTAM SE TRATAR DE TAXA OUTROS DE TARIFA.................................................................................

8. JURISPRUDÊNCIA SOBRE TARIFA DE ÁGUA E ESGOTO..............................9. QUESITOS SOBRE SISTEMA DE MEDIÇÃO DE ESGOTO E SOBRE AR DO

CANO E VENTOSAS.............................................................................................10..............RESPOSTAS AOS QUESITOS APRESENTADAS PELO DR. PEDRO

MANCUSO.............................................................................................................11..........................................................................TARIFA MÍNIMA DE CONSUMO

...............................................................................................................................1 publicado no Caderno de Doutrina e Jurisprudência nº 29 da APMP)

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12........................................................................................................AR DO CANO...............................................................................................................................

13..............................RECLAMAÇÕES POR CONTAS DE VALORES ELEVADOS...............................................................................................................................

14.NATUREZA JURÍDICA DA CONTRAPRESTAÇÃO PAGA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO PRESTADOS PELA SABESP: TAXA OU PREÇO PÚBLICO?.............................................................................................................

15............................................................................................TARIFA DE ESGOTO...............................................................................................................................

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CÍVELA SABESP E O CONSUMIDOR

INTRODUÇÃO

Considerando o disposto no artigo 2º, inciso XXI, do Ato

PGJ nº O1/9O, no sentido de que compete aos Centros de Apoio Operacional

"desenvolver estudos e pesquisas", bem como considerando que diversos

Promotores de Justiça do Consumidor deste Estado vinham formulando

indagações a respeito do encaminhamento que deveriam dar a várias queixas

contra a SABESP, solicitou-me o Excelentíssimo Senhor Doutor José Geraldo Brito

Filomeno, Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de

Justiça do Consumidor, que realizasse pesquisa sobre as matérias relativas

àquelas queixas.

Assim, realizei estudos a)sobre a legitimidade, ou não,

de a SABESP cobrar a tarifa mínima de consumo, independentemente de este

último ter ou não ocorrido; b) sobre a cobrança, por ela, do denominado "ar do cano"; c) sobre as causas que podem ensejar reclamações por contas de valores elevados, incluindo-se aqui o erro de leitura do hidrômetro, vazamentos,

ligações clandestinas, defeitos no hidrômetro, consumo elevado de água, e valor

alto efetivo da tarifa; d) sobre a natureza jurídica da contraprestação cobrada pela SABESP, relativamente à prestação dos serviços de água e esgoto (taxa ou

preço público); e) e sobre a legitimidade, ou não, de se cobrar a tarifa de esgoto,

à base de 8O% ou 100% do consumo de água.

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O presente trabalho inclui o teor de várias audiências

realizadas com técnicos da SABESP, pesquisa legislativa, doutrinária e

jurisprudencial, bem como estudo pericial e pareceres específicos sobre cada uma

das questões acima mencionadas, onde se procurou abordar o cabimento, ou não,

da tomada de alguma providência específica contra a SABESP, relativamente a

cada um dos assuntos em apreço.

São Paulo, 29 de outubro de 1993

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de Justiça

Designada - CENACON

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INFORMAÇÕES PRESTADAS POR TÉCNICOS DA SABESP SOBRE AS QUESTÕES RELACIONADAS NA

INTRODUÇÃO

Por solicitação verbal formulada pela Promotora

de Justiça que subscreve o presente, compareceram nos dias 25.O8.93, 01.09.93,

09.09.93 e 10.09.93, neste Centro de Apoio Operacional das Promotorias de

Justiça do Consumidor, os Senhores ROBERTO INUI, Superintendente de Análise

Econômica e Tarifas-FE da SABESP, PAULO VIRGILIO GODOY CABRAL,

Coordenador Comercial da SABESP, ANDÁCIO MARTINS CASTRO FILHO, chefe

do Departamento de apoio gerencial do interior da SABESP, e LORIMEL

BRANDÃO DOS REIS, Chefe do Departamento de Tarifas da SABESP, os quais,

em face das várias indagações feitas por esta Promotora de Justiça prestaram os

seguintes esclarecimentos:

1- Na Capital, não existe contrato de concessão

escrito, sendo que os serviços de abastecimento de água e coleta de esgotos

sempre foram executados pelo Estado.

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2- No interior, para que a SABESP execute tais

serviços, é aprovada uma lei municipal, autorizando o Município a celebrar um

contrato de concessão, outorgando à SABESP o direito de implantar e explorar os

serviços de água e coleta de esgoto , em seguida ao que tal contrato é

efetivamente assinado, conforme exemplificam as cópias da lei municipal e do

contrato de concessão relativos ao Município de Lavrinhas, cujos termos em geral

são os mesmos dos adotados pelas leis e contratos dos demais Municípios, com

algumas diferenças.

3- A SABESP só faz a ligação da rede privada às redes públicas de fornecimento de água e de coleta de esgotos mediante

solicitação ou concordância do morador. Este tem que preparar internamente sua

residência para que tais ligações se tornem possíveis, construindo as instalações

hidráulicas apropriadas e construindo um abrigo, na parte externa da casa, para

colocação do cavalete, que é o cano, comprado pelo próprio morador, onde será

colocado o hidrômetro, que é o aparelho de medição do uso da água. A SABESP

não exerce nenhuma pressão para que a pessoa aceite fazer tais ligações;

4- Quando a SABESP pretende instalar as redes

públicas de fornecimento de água e de coleta de esgoto em uma determinada

região, contata previamente com os moradores, indagando-lhes sobre se

concordam em fazer a ligação de sua rede privada às redes públicas, e

orientando-os sobre a forma de como devem proceder para tornar possíveis tais

ligações. Chega a colher a assinatura dos que concordam, sendo certo que

quando da instalação das redes, as ligações das redes privadas com as redes

públicas só são feitas com relação aqueles moradores que manifestaram

concordância e prepararam suas casas para tanto;

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5- O disposto no art. 18, "caput", do Regulamento

de Instalações Prediais de Água e Esgoto baixado pela SABESP, que permite a ela

proceder a ligações de água e/ou esgoto, sem a solicitação do interessado, em

alguns casos, se trata de norma que a SABESP de há muito não aplica, uma vez

que quando o fez, em época passada, foi obstada pela Justiça. O que a SABESP

faz em 100% dos casos já há muito tempo, é só fazer as ligações mediante

solicitação ou concordância do morador.

6- O morador pode escolher entre fazer a ligação

de sua casa só à rede de água, ou só a rede de esgoto, ou ainda à ambas,

dependendo do que lhe estiver disponível e de sua vontade. É comum ,

principalmente em regiões mais pobres, que os moradores concordem só em fazer

a ligação à rede de água, deixando de fazer a ligação à rede de esgoto, para não

pagar o preço da tarifa de esgoto;

7- Os canos da rede de água são totalmente

independentes dos canos da rede de esgoto.

8- Excepcionalmente, a SABESP, por não ser

órgão dotado de poder de polícia, comunica ao Órgão Sanitário do setor de Saúde

competente( na Capital, a Secretaria da Saúde, no interior o Centro de Saúde do

Município), sobre casos em que a não concordância da pessoa em fazer a ligação

de sua residência à rede pública de esgoto esteja acarretando sério perigo à saúde

pública, conforme comprova a cópia de uma comunicação efetuada. Assim, por

exemplo, quando o esgoto jogado em uma fossa residencial começa a extravasar,

invadindo propriedades vizinhas, e tal fato chega ao conhecimento da SABESP.

Tais comunicações excepcionais se referem invariavelmente à não ligação à rede

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de esgoto, porque quanto à ligação à rede de água a adesão é praticamente de

1OO% . Fora destes casos excepcionais, a SABESP não tem por rotina comunicar

ao órgão sanitário, a não concordância da pessoa em ligar a sua casa à rede

pública de água ou esgoto, porque tem observado que os órgãos de saúde não

exercem nesta área a fiscalização que deveriam. Em época passada, procediam à

tais comunicações, mas não observavam nenhum resultado efetivo.

9- Entendem que de acordo com o Código

Sanitário Estadual, em tendo sido instalada em uma determinada região as redes

públicas de fornecimento de água e de coleta de esgotos, todos os moradores do

local ficam obrigados a proceder à ligação de suas residências à tais redes. No

entanto, na prática, tal obrigatoriedade não tem sido imposta pelo órgão da saúde,

e nem pela SABESP, que não é dotada de poder de polícia para tanto .

1O- Informam que o "habite-se" da Prefeitura é

concedido independentemente da ligação da residência às redes públicas de água

e esgoto já existentes no local.

11-A cobrança das tarifas de água e de esgoto

começa a ser feita tão logo sejam conectadas as redes particulares de água e de

esgoto às redes públicas respectivas . Se a ligação foi feita apenas à rede de

água, será cobrada só a tarifa de água. Se a ligação foi feita só à rede de esgoto,

somente a tarifa de esgoto será cobrada, cobrando-se ambas dos moradores que

tiverem feito ambas as ligações.

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12- Quanto à taxa mínima ( 1Om cúbicos para

água e 1Om cúbicos para o esgoto, em todo o Estado) cobrada

independentemente do uso efetivo de água ou do despejo de esgoto no mês, se

justifica para ressarcir a Companhia de seu gasto fixo, operacional, pela

manutenção do serviço. Mesmo que a pessoa não use água ou despeje esgoto no

mês, a Sabesp não para de funcionar, continuando neste mês a proceder à

captação, tratamento, e reserva da água, ao monitoramento dos reservatórios, à

limpeza das redes, à leitura do hidrômetro, à emissão e entrega da conta, ao

pagamento dos funcionários, ao pagamento dos empréstimos contraídos para

instalar os sistemas, a reformas e reparos na rede, etc. Os 1O m cúbicos foram

estabelecidos pelo § 2º do art.1Oº do Decreto 82.587, de 6.ll.78 , já revogado, e

pelo Decreto Estadual nº 21.123/83, em vigor.

13- Outra razão a justificar a taxa mínima é a de

que se visa com ela fazer com que o usuário do serviço efetivamente use a água e

o sistema de esgoto, mantendo a higiene domiciliar, ou seja tem a taxa mínima um

caráter e fim sanitários, de manter a saúde da população, a saúde pública.

14- O tratamento dispensado a contas de valores elevados (superiores a um determinado critério estabelecido pela

SABESP) , diferem na Capital e no interior.

15- No interior, em sendo constatada pela própria

SABESP tal alta, emitem duas contas, uma com base na informação da leitura, e

outra com base na média dos últimos seis meses. Dirigem-se ao local, e lá

verificam se ocorreu erro de leitura do hidrômetro. Se não ocorreu, a SABESP

providencia a entrega da conta feita com base na leitura, com a observação de que

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o morador deverá verificar se está ocorrendo eventual vazamento . Se ocorreu,

entrega a outra conta baseada na média.

16- Além desta verificação prévia de ofício, no

interior, quando qualquer morador faz uma reclamação por alta do valor, a

SABESP se dirige até o local, para proceder a testes, visando verificar se há

vazamento, defeito no hidrômetro ou outro qualquer problema.

17- Em verificando que ocorre vazamento invisível, notifica o morador para fazer o conserto, que é de sua responsabilidade

por se situar em suas instalações internas, mas concede-lhe um benefício, que

considera mera liberalidade, de lhe reduzir a conta, de acordo com uma tabela

própria, se o consumo for superior a um determinado patamar fixado por norma da

SABESP, e isto independentemente de ter o morador providenciado o conserto. No

segundo mês, o benefício da redução da conta pode ser concedido novamente,

mas no terceiro mês já não pode mais ser concedida a redução da conta. Somente

após transcorridos 9O dias, é que poderá ser concedida outra redução da conta

pelo mesmo fundamento. Se o vazamento for visível, a SABESP não concede

nenhuma redução.

18- Se o hidrômetro estiver com defeito, ele é

trocado pela SABESP, que arca com o custo da troca, e faz a reforma da conta,

cobrando pela média dos últimos seis meses. Se não for possível apurar esta

média, por problemas do hidrômetro, cobra-se a taxa mínima. Se, no entanto, a

SABESP, feito o teste, verificar que o hidrômetro não está quebrado , mas o

usuário insistir em trocá-lo mesmo assim, por acreditar que o mesmo está

quebrado, ou se o usuário danificar o aparelho, então, nestas duas hipóteses, será

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ele, usuário, que terá que arcar com o custo de um novo hidrômetro. Este último

pertence à SABESP, sendo que o usuário é o seu fiel depositário. Existe uma

margem de erro, de mais ou menos 1O %, normal do aparelho , que a SABESP

não aceita como defeito . Se não for constatado o defeito, o usuário paga pelo

serviço de aferição do hidrômetro , caso contrário não.

19- Na Capital, verifica-se previamente se o

consumo foi superior a um determinado critério e, em caso positivo, volta-se no

local , para confirmar a leitura do hidrômetro , emitindo-se a conta posteriormente,

e visando-se com isso evitar erro de leitura do hidrômetro. Quando a SABESP

retorna ao local para confirmar a leitura, deixa com o morador uma recomendação

para que verifique eventual vazamento em suas instalações.

2O- No entanto, em havendo na Capital,

reclamação quanto ao elevado valor da conta, a SABESP não se dirige ao local,

porque em uma Cidade tão grande, tal locomoção seria inviável e muito cara, mas

solicita ao reclamante que leve a leitura do relógio, para novamente confirmar se

houve erro de leitura do hidrômetro. Não se dirige ao local para proceder a testes,

só excepcionalmente em casos polêmicos. No entanto, em se verificando um

consumo superior a um determinado critério, concedem o benefício da reforma da

conta, independentemente de qualquer verificação ou constatação, por dois meses

consecutivos, só podendo novamente conceder a reforma da conta após passados

9O dias. Quando há defeito no hidrômetro, procedem da mesma forma daquela

esclarecida no item 16.

21- Em verificando a SABESP que foi feita uma

ligação clandestina à rede pública de água ou esgoto, ou seja, uma ligação pelo

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próprio particular, não cadastrada na Sabesp, toma três providências: 1) elimina o

ramal clandestino; 2) providencia junto à polícia a elaboração de B.O. por furto; e

3) faz a cobrança, retroativa a no máximo 5 anos, do período utilizado

clandestinamente, que fixa a partir de uma pesquisa realizada levando em conta a

data da instalação da rede pública no local, a data da instalação do

estabelecimento do responsável na região, etc., existindo casos pendentes na

Justiça para proceder à tal cobrança.

22- Ligações denominadas clandestinas são

aquelas feitas pelo próprio consumidor na rede pública da SABESP. Quando o

morador faz a ligação na rede do vizinho, sem o seu consentimento, é um

problema que deve ser descoberto pelo próprio prejudicado, que deverá tomar as

medidas cabíveis, não tomando a SABESP, nestes casos, nenhuma providência;

apenas orienta o consumidor que vai reclamar de uma conta elevada, que deve

verificar, na caixa da água, ou no seu encanamento, se não foi feita uma ligação

criminosa pelo vizinho. A SABESP, nestes casos, cobra o valor constante da conta.

23- Quanto ao ar de cano, a SABESP coloca

ventosas(válvulas de extração de ar) nas redes cujos projetos indicam a

necessidade dessa colocação, e nos locais indicados também pelos projetos,

visando com isso evitar o problema. Tal problema ocorre, por exemplo, se a rede

é desligada para limpeza e posteriormente religada, o que inclusive ocorre

periodicamente em todas as redes de água, variando-se somente a periodicidade

de lugar para lugar. O fenômeno afeta mais os domicílios próximos ao final da

rede, por razões técnicas que não sabem explicar. São raríssimas as reclamações

alegando "ar do cano", sendo que em ocorrendo(mesmo na Capital), averiguam se

o local ficou sujeito a alguma ocorrência que pudesse ter dado ensejo à verificação

do fenômeno no período reclamado. Em caso positivo, vão ao imóvel proceder a

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testes, com um aparelho que detecta esta ocorrência e, quando detectada,

verificam que causa ela um acréscimo insignificante ao valor da conta, nunca

justificando todo o consumo elevado reclamado. Mas mesmo assim, procedem à

reforma da conta, cobrando o valor correspondente ao consumo médio dos últimos

seis meses. Outra providência que pode ser tomada pela SABESP, é a instalação

de ventosas, nas redes onde eventualmente elas não tenham sido instaladas.

24- O aparelho de aferição do "ar do cano" só é

capaz de detectar tal fenômeno se ele ocorrer durante o período de sua instalação,

junto à instalação do hidrômetro de medição da água(aferição instantânea) ,

inexistindo possibilidade técnica de aferição do "ar de cano" ocorrido

anteriormente à instalação do aparelho. Este último fica por alguns ou vários

dias(conforme o necessário)instalado na residência do reclamante, ao lado do

hidrômetro de medição da entrada de água.

25- Não só a SABESP, mas também as

Faculdades de engenharia com especialização em hidráulica fazem este teste,

para aferição do "ar do cano", já tendo o IPT procedido à tal teste, por solicitação

de um consumidor, que pagou o Instituto para tanto . A única forma de ser o

fenômeno aferido, é mediante a instalação de um aparelho respectivo, conforme

esclarecido no item anterior.

26- No interior, é muito comum a SABESP

herdar o sistema já instalado pela Prefeitura ou outro Órgão, sendo que nestes

casos, as ventosas poderão ou não já terem sido instaladas nas redes. O mesmo

ocorre quando a SABESP herda o sistema já instalado pelo loteador. A SABESP,

em todos estes casos, ao receber o sistema, em geral recebe juntamente a planta

das redes, onde consta se foram ou não instaladas ventosas . Quando o

responsável pela instalação das redes não confeccionou planta das mesmas , a 13

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SABESP, ao assumir o sistema, procede a um levantamento da região, para fazer

o mapeamento da rede e verificar se há ventosas. Nos casos em que elas não

foram instaladas, deve a SABESP proceder de ofício à instalação das mesmas,

mas não podem garantir que isto foi feito em todos os Municípios. Ante uma

reclamação procedente, poderá a SABESP instalar ventosas necessárias .

27- Com as ventosas, os problemas de ar do

cano ocorridos na prática foram eliminados.

28- É de interesse também da SABESP instalar

as ventosas, e eliminar o "ar do cano", porque em existindo ar na rede, isto

prejudica a operacionalização do sistema de fornecimento de água.

29- Para se saber se existem ventosas

instaladas em um Município, tem-se que solicitar esta informação à SABESP,

porque ela é que tem à sua disposição a planta da rede onde consta se existem

ou não ventosas, sendo que jamais se negaria em fornecer tais dados. Uma

averiguação "in loco", sem se dispor da planta de localização da rede e das

ventosas, seria extremamente difícil, porque existem ventosas que não chegam ao

nível da rua, e porque a pessoa não saberia onde se encontra a rede, que se

encontra abaixo do nível da rua.

3O- Existem hidrômetros que giram muito rápido,

causando uma impressão, ao consumidor que vê tal aparelho funcionando mesmo

não estando sujeito à pressão da água, de que estará sendo registrado um

consumo elevado pelo" ar do cano". No entanto, cada giro do ponteiro representa

um consumo mínimo de água, quase insignificante, sendo que o resultado final da

marcação pela pressão do ar também tem se revelado muito pequeno.

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31- A tarifa de esgoto é cobrada no percentual

de 1OO% sobre o consumo de água na Capital e na baixada Santista, e no

percentual de 8O% sobre esse mesmo consumo, no interior, invariavelmente. A

diferença decorre do fato de que no interior a maioria das Cidades não têm

tratamento de esgoto, e na Capital e na Baixada Santista têm.

32- Informam que é tecnicamente possível se

proceder à medição do uso individual do sistema de esgoto, por meio de aparelhos

próprios, que relativamente às indústrias existem até mesmo disponíveis no

mercado nacional . Tais aparelhos custam hoje aproximadamente Cr$

5OO.OOO,OO (quinhentos mil cruzeiros reais). Para medir o esgoto que sai de

residências, não existe aparelho disponível no mercado, porque não há procura,

mas seria tecnicamente possível se desenvolver um.

33- No entanto, operacionalmente, seria inviável

esta aferição individual nas residências, porque nem a SABESP nem os

particulares têm condições de arcar com o custo elevado deste aparelho, sendo

certo ainda que cada residência teria que proceder a reformas internas em suas

instalações, para que tal aparelho pudesse ser instalado, já que a rede de esgoto

fica enterrada e, para haver a medição, uma parte dela teria que sair ao nível da

rua. A maioria das casas , aliás, não teria espaço físico para tal instalação, porque

o aparelho medidor de esgoto, para ser instalado, ocuparia um espaço de 2 metros

quadrados da residência, o que não ocorre com o aparelho medidor da água,

sendo que a maioria da população não habita em residências que tenham tal

espaço disponível. A manutenção do sistema também seria impraticável, porque

sendo imprevisível todos os objetos que podem ser lançados na rede de esgotos,

seria muito comum ocorrer a paralisação do aparelho medidor.

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34- Acrescem também que o sistema é feito para

receber o máximo de esgoto que a casa pode despejar, sendo que este máximo

equivale ao máximo que pode entrar em termos de água. Mesmo que possa sair

menos do que entrou (para o sistema de esgoto só vai o que sai pelas instalações

hidráulicas apropriadas), pode também ocorrer de sair tudo, razão pela qual o

sistema tem que ser feito para receber o máximo. E se assim ocorre, entendem ser

justa a cobrança da forma como é feita, já que o sistema colocado à disposição do

usuário e mantido pela SABESP tem um custo decorrente de sua capacidade .

35- Algumas grandes firmas hoje utilizam-se do

aparelho em apreço, e a SABESP permite isso, cobrando o esgoto delas de acordo

com o uso da rede de esgoto. No entanto, isso somente ocorre quando a indústria

possui fonte própria de água, procedendo apenas à ligação à rede pública de

esgoto. Nestes casos, é a própria empresa que adquire o medidor, podendo optar

entre o sistema de medição do esgoto, ou da água que entra por fonte própria. Se

optar por medir a água, pode ainda ser abatido, por estimativa, o que consome no

processo de industrialização . Exemplos de tais empresas: Hoescht do Brasil,

Peles Polo Norte, Nacata. Na Capital, existem ao todo somente cinco empresas

que procedem à medição do esgoto despejado na rede.

36- Esclarecem que a medição do esgoto não é

feita em nenhum lugar do mundo( com raríssimas exceções, como ocorre em uma

Cidade do Japão, em que o esgoto é medido, mas antes triturado por um aparelho

instalado nas residências), e que não iria diminuir o valor da tarifa, porque esta

medição tornaria o sistema mais caro, aumentaria seu custo; assim, o valor da

tarifa iria aumentar, e o consumidor teria que continuar a pagar um valor elevado ,

não em virtude mais da ficção em termos de medição, mas em virtude do valor do

metro cúbico utilizado. Com o sistema de medição do esgoto, mais uma leitura por

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residência, por exemplo, teria que ser feita, sendo certo que a SABESP em geral

contrata uma empresa para proceder à leitura do hidrômetro, que cobra por cada

leitura efetuada.

37- Querem ressaltar que em várias casas e

prédios, apesar de isto ser irregular, há ligação dos ralos dos quintais à rede

pública de esgoto, e não às galerias pluviais, como seria o correto. Assim, a água

da chuva iria entrar pelo sistema de esgoto, aumentando muito a marcação do

medidor e, pois, do valor a pagar.

38- Entendem que o valor pago pelo sistema de

esgoto pelo usuário hoje é insuficiente, não cobrindo os custos efetivos do sistema,

que é muito mais caro do que o sistema de fornecimento de água, já que é mais

profundo, trabalha por gravidade, e não por pressão como a água, requer pontos

de visita, só pode ser instalado em regiões com determinadas características

especiais, o que não ocorre com a água, etc..

39- Indagados sobre a possibilidade de se

conferir ao consumidor a opção de escolher entre pagar o esgoto pelo critério

atual, ou pelo sistema de medição, entendem que isto iria beneficiar uma pequena

minoria da população, mais rica, que teria condições de arcar com o custo desse

sistema, pois a grande maioria da população não teria condições de suportar o

custo do sistema de medição, de nada lhes adiantando conferir tal opção.

4O- Finalmente, entendem que a SABESP deve

continuar funcionando sob o regime tarifário e não sob o regime tributário, porque:

a) o corte do fornecimento é uma arma essencial para garantir a eficiência do

serviço, e só possível no regime tarifário( o corte só é feito com relação à água,

não sendo feito com relação ao esgoto, por razões de ordem pública); b) sem essa 17

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eficiência, não se obtém financiamentos, que são de extrema importância para a

SABESP; c)para funcionar como uma empresa privada, é imprescindível a tarifa,

porque a taxa tiraria a agilidade do sistema, na medida em que para se aumentar o

seu valor teria que se esperar uma lei, que não se sabe se seria ou não aprovada,

e que só poderia ser aplicada no exercício seguinte, sendo certo que muito

frequentemente, vê-se a SABESP obrigada a aumentar o valor da tarifa com

rapidez, para fazer frente aos custos, sendo tal possibilidade imprescindível para

garantir a sua eficiência;

41- A SABESP tem hoje como fonte de captação

de recursos as tarifas e os financiamentos. O seu capital é fechado, mas caso

venha a ser aberto , para captação de recursos, no mercado de capitais ( por

meio da venda de ações e da colocação de debêntures no mercado),seus títulos

perderão espaço, se a remuneração de seus serviços for à base tributária.

42- Para que as tarifas que a SABESP cobra

sejam aumentadas, esta faz uma proposta, que tem que ser aprovada pelo

CODEC (Conselho de Defesa de Capitais, vinculada à Secretaria da Fazenda),

sendo o aumento posteriormente comunicado pela SABESP , em publicação no

Diário Oficial.

43- Informam que com o Governo Color,

terminou o Planasa, e com ele o sistema de fiscalização que era antes exercido

pelo Governo Federal, por meio do Ministério do Interior, sobre os aumentos das

tarifas. A partir deste Governo, o controle passou a ser feito somente pelo órgão

referido no item anterior.

44- Nos últimos anos, houve um aumento real do

valor da tarifa, porque deixou a SABESP de receber subsídios do Governo 18

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Estadual, e financiamentos da Caixa Econômica Federal. Tais recursos

terminaram em 87, com a extinção do BNH , pelo Governo Sarney.

São Paulo, 10 de Setembro de 1993.

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de JustiçaCENACON-Designada

ROBERTO INUI

PAULO VIRGILIO GODOY CABRAL

ANDÁCIO MARTINS CASTRIO FILHO

LORIMEL BRANDÃO DOS REIS

LEGISLAÇÃO SOBRE A OBRIGATORIEDADE DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO E SOBRE A COMPETÊNCIA PARA A SUA FISCALIZAÇÃO

1. LEI FEDERAL Nº 2.312, de 03 de setembro 1954 Estabelece Normas Gerais sobre Defesa e Proteção da Saúde.

(REVOGADA PELA LEI FEDERAL Nº 8.080/90 - “Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos seviços correspondentes, e dá outras providências”)

2. DECRETO FEDERAL Nº 49.974-A, de 21 de janeiro de 196119

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Regulamenta, sob a denominação de Código Nacional de Saúde, a Lei nº 2.312, de 03 de setembro de 1954 ( aplicável aos Estados e Municípios - art. 28, § único, Lei 2.312/54.

(REVOGADA PELO DECRETO S/Nº, DE 05/09/91, PUBLICADO NO D.O.U. EM 06/09/91 - “Ressalva os efeitos jurídicos de declarações de interesse social ou de utilidade pública e revoga os decretos que menciona”)

3. DECRETO-LEI ESTADUAL Nº 211, de 30 de março de 1970

Dispõe sobre normas de promoção, preservação e recuperação da saúde, no campo de competência da Secretaria de Estado da Saúde, e dá providências correlatas - Tem força de lei em virtude do Ato Complementar nº 47/69, e do Ato Institucional nº 05/68.

ART. 3º - Para execução de suas atribuições a Secretaria de Estado da Saúde deverá entrar com órgãos normativos e executivos destinados a proporcionar:

A - controle:

II - das condições sanitárias decorrentes da coleta e destino de excretos;

XV - das condições sanitárias das habitações e de seus anexos, das construções em geral, das reconstruções e reformas de prédios.

ART. 12 - São infrações de natureza sanitária:

VII - inobservar as exigências de normas legais pertinentes a construções, reconstruções, reformas, loteamentos, abastecimento domiciliário de água, esgoto domiciliar,...

4. DECRETO ESTADUAL Nº 12.342, de 27 de setembro de 1978

Aprova o Regulamento a que se refere o art. 22 do Decreto-Lei nº 211, de 30 de março de 1970, que dispõe sobre normas de promoção, preservação e

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recuperação da saúde no campo de competência da Secretaria de Estado da Saúde (Código Sanitário Estadual).

ART. 9º - Todo prédio deverá ser abastecido de água potável em quantidade suficiente ao fim a que se destina, e dotado de dispositivos e instalações adequados, destinados a receber e conduzir os despejos.

§ 1º Onde houver redes públicas de águas ou de esgotos, em condições de atendimento, as edificações novas ou já existentes serão obrigatoriamente a elas ligadas e por elas respectivamente abastecidas ou esgotadas.

ART. 570 - São infrações sanitárias entre outras:

XXV - inobservância das exigências sanitárias relativas a imóveis, pelos seus proprietários, ou por quem detenha legalmente a sua posse.

(LEI ESTADUAL Nº 10.083, DE 23 DE SETEMBRO DE 1998 - Dispõe sobre o Código Sanitário do Estado

5. EVENTUAIS LEIS MUNICIPAIS dispondo sobre obrigatoriedade da ligação das redes privadas às redes públicas de água e esgoto.

Observação: O CENACON dispõe de todos os textos legais e decretos acima mencionados, podendo fornecer cópia aos interessados.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ÀS TARIFAS COBRADAS PELA SABESP

1) CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art. 175 - Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

§ único - A lei disporá sobre:..III - política tarifária

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(VIDE LEI FEDERAL Nº 8.987, de 13/02/1995 - Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no artigo 175 da Constituição Federal, e dá outras providências e LEI FEDERAL Nº 9.074, DE 7 DE JULHO DE 1995 - Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências

2) LEI FEDERAL Nº 6.528, de 11 de maio de 1978 - Dispõe sobre as tarifas dos serviços públicos de saneamento básico, e dá outras providências.

Esta Lei confere ao Poder Executivo, através do Ministério do Interior, o direito e o dever de estabelecer normas gerais de tarifação, ficando as companhias estaduais de saneamento básico sujeitas a estas normas, quando realizarem estudos para fixação das tarifas.

Limites estabelecidos para fixação das tarifas:

a) as tarifas deverão representar o valor do custo do serviço;b) não se admite uma remuneração superior à 12% ao ano sobre o

investimento reconhecido, por parte de quem executa o serviço;c) deverá ser assegurado o equilíbrio econômico financeiros das

companhias;d) deverá ser preservado o aspecto social da prestação do serviço,

assegurando-se prestação do serviço adequado aos usuários de menor consumo, com base em tarifa mínima;

3) DECRETO Nº 82.587, de 6 de novembro de 1978, que regulamenta a Lei 6.528/78 - Foi revogado, não tendo sido expedido outro em seu lugar.

4) CONSTITUIÇÃO ESTADUAL - Arts. 120 e 122 - Estabelecem que os serviços públicos serão remunerados por tarifa, fixada pelo órgão executivo competente, na forma da lei, sendo que devem assegurar qualidade e eficiência, e tarifas módicas.

5) LEI ESTADUAL Nº 119/73 - Autoriza o Poder Executivo Estadual a criar a SABESP, para planejar, executar e operar os serviços públicos de saneamento básico em todo o Estado de São Paulo, respeitada a autonomia dos Municípios.

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Art. 3º estabelece o regime tarifário de cobrança dos serviços prestados pela SABESP, relativos ao abastecimento de água e a coleta e disposição de esgotos sanitários.

(VIDE LEIS ESTADUAIS NºS. 388/74, 6.851/90, DECRETOS NºS. 4.706/74, 5.424/75 e 20.789/83)

6) DECRETO Nº 21.123, de 29 de agosto de 1983Regulamenta o Sistema Tarifário dos Serviços Prestados pela SABESP.

(REVOGADO PELO DECRETO ESTADUAL Nº 41.446, DE 16/12/1996 - “Dispõe sobre o Regulamento do Sistema Tarifário dos Serviços prestados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP”)

7) Eventuais Leis Orgânicas Municipais e Leis Municipais

A Lei Orgânica do Município de São Paulo confere à lei a incumbência de fixar a política tarifária das concessionárias de serviços públicos.

OBS.: As tarifas são alteradas mediante proposta da SABESP, aprovada pelo CODEC (Conselho de Defesa de Capitais), órgão vinculado à Secretaria da Fazenda Estadual, e posteriormente divulgadas pela SABESP, por um comunicado publicado no Diário Oficial.

A cobrança da tarifa de esgoto no interior, à base de 80% do consumo de água, foi estabelecida pelo comunicado da SABESP, de 18.05.84.

Observação: O CENACON dispõe de todos os textos legais e decretos acima mencionados, podendo fornecer cópia aos interessados.

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JURISPRUDÊNCIA ENTENDENDO QUE A NATUREZA JURÍDICA DA CONTRAPRESTAÇÃO AOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO É DE

T A X A

1. APELAÇÃO CIVIL Nº 193.637 - SANTOS

RECORRENTE: GIL REIGADA

RECORRIDO: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO

TAXA DE ÁGUA - Alegação de conta exagerada - Recusa de pagamento - Ameaça de corte do fornecimento - Inexistência de ilegalidade - Segurança denegada.

A taxa de água corresponde à efetiva prestação de um serviço: se o pagamento por essa prestação não for efetuado é justo que se cancele a mesma.

Acórdão proferido pela Quinta Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - por votação unânime negaram provimento ao recurso. - 13.11.70 - (RT 425/100)

2. AGRAVO DE PETIÇÃO Nº 177.430 - CAPITAL

AGRAVANTE: ALEXANDRE AHMED

AGRAVADA: SUPERINTENDÊNCIA DE ÁGUA E ESGOTOS DA CAPITAL-SAEC

TAXA DE ÁGUA E ESGOTO - Prédio em condomínio - Englobamento de contas das unidades autônomas - Inexistência de motivo de ordem técnica - Possibilidade de individualização da conta mesmo com o caráter de tarifa - Ameaça de corte de água - Ilegalidade no sistema de cobrança - segurança concedida.

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É ilegal o englobamento de contas de taxa de água e esgoto, de forma a ser cobrada uma única, do prédio em condomínio, ao invés de ser individualizada para cada unidade autônoma. Mesmo considerada como tarifa essa cobrança englobada não é legal.

Acórdão proferido pela Quarta Câmara do Tribunal de Alçada Civil - por maioria de votos, deram provimento ao recurso para conceder a segurança, contra o voto do Segundo Juiz. - 19.07.72 - (RT 444/196)

3. APELAÇÃO Nº 267.936 - (REEXAME) - PROMISSÃO

RECORRENTE: JUIZO DE OFÍCIO

APELANTE: SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE PROMISSÃO

APELADO: LEONEL DE OLIVEIRA

TAXA DE ESGOTO - Aumento - Decreto de prefeito municipal - Violação da Constituição Federal e do Código Tributário Nacional - Segurança concedida - Voto vencido.

Não pode o prefeito baixar decreto aumentando taxa de esgoto sem lei a autorizá-lo.

Acórdão proferido pela 5ª Câmara do 1º Tribunal de Alçada Civil - por maioria de votos, negaram provimento aos recursos oficial e voluntário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto. - 23.04.80 - (RT 544/128)

4. APELAÇÃO Nº 276.186 - (REEXAME) - MATÃO

APELANTE: JUÍZO DE DIREITO

APELADO: JOÃO GERALDO DA COSTA

TAXA DE ÁGUA E ESGOTO - Majoração por decreto de prefeito - ilegalidade - Segurança concedida.

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É ilegal o aumento da taxa de água e esgoto por simples decreto de prefeito municipal. - 05.03.81 - (RT 551/140)

5. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 96.055-4 - PARANÁ

ÁGUA - Fornecimento por departamento do Estado - Pagamento de preço público ou taxa - Atraso de consumidor - Corte - Ilegalidade - Ação ajuizada pela SANEPAR - Improcedência.

O abastecimento de água é serviço indispensável à coletividade e não pode estar sujeito a cortes por falta de pagamento. (Red.)

Ementa oficial: Ação rescisória. Falta de preqüestionamento (Súmulas 282 e 356) das questões relativas aos arts. 116 da C.F. e 2º da Lei de Introdução ao CC: Dissídio de jurisprudência não demonstrado. Recurso Extraordinário não conhecido. - 19.02.82 - (RT 588/258)

6. APELAÇÃO Nº 336.247 (REEXAME) - PIRAJUÍ

APELANTE: DIRETOR GERAL DO SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE PIRAJUÍ-SAAE

APELADO: MANOEL DEL HOYO E OUTROS

MANDADO DE SEGURANÇA - Informações - Apresentação por Advogado constituído pela autoridade coatora - Admissibilidade.

Sendo o Mandado de Segurança ação promovida pelo impetrante, nada impede que a autoridade coatora outorgue procuração a advogado para apresentar as informações, pois, a rigor, a defesa deve ser feita por advogado, que tem capacidade postulatória.

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TAXA - Água e esgoto - caracterização - fornecimento compulsório pelo Poder Público, independentemente de solicitação - Majoração através de resolução - Inadmissibilidade - Mandado de segurança concedido.

A remuneração dos serviços prestados pelo Poder Público em caráter compulsório configura taxa, e não preço público. Sendo assim, não pode ela ser majorada através de simples resolução.

Acórdão proferido pela Terceira Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada Civil - por votação unânime, negaram provimento aos recursos. - 28.08.85 - (RT 605/82)

7 - RECURSO ESPECIAL nº 167.489 -SP - Santo André

RECORRENTE: Bridgestone Firestone do Brasil Indústria e Comércio Ltda. RECORRIDO: Serviço Municipal de Água e Saneamento de Santo André -

SEMASAEmenta Oficial: TRIBUTÁRIO. SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA.

TAXA. NATUREZA TRIBUTÁRIA. 1. O serviço de fornecimento de água e esgoto é cobrado do usuário pela

entidade fornecedora como sendo taxa, quando tem compulsoriedade.2. Trate-se no caso em exame, de serviço público concedido, de natureza

compulsória, visando atender necessidades coletivas ou públicas. 3. Não tem amparo jurídico a tese de que a diferença entre taxa e preço

público decorre da natureza da relação estabelecida entre o consumidor ou usuário e a entidade prestadora ou fornecedora do bem do serviço, pelo que, se a entidade que presta o serviço é de direito público, o valor cobrado caracterizar-se-ia como taxa, por ser a relação entre ambos de direito público; ao contrário, sendo o prestador do serviço público pessoa jurídica de direito privado, o valor cobrado é preço público/tarifa.

4. Prevalência no ordenamento jurídico das conclusões do X Simpósio Nacional de Direito Tributário, no sentido de que "a natureza jurídica da remuneração decorre da essência da atividade realizadora, não sendo afetada pela existência da concessão. O concessionário recebe remuneração da mesma natureza daquela que o Poder Concedente receberia, se prestasse diretamente o serviço". (RF, julho a setembro. 1987, ano 1897, v.299, p.40).

5. O art. 11, da Lei nº 2312, de 3.09.94 ( Código Nacional de Saúde) determina: "É obrigatória a ligação de toda construção considerada habitável à rede de canalização de esgoto, cujo afluente terá destino fixado pela autoridade competente".

6. "No Município de Santo André/SP, as Leis Municipais nºs 1174/29.11.56 e 2742/21.03.66 obrigam que todos os prédios se liguem à rede coletora de esgotos, dispondo, ainda, que os prédios situados em locais servidos de rede de distribuição de água devem a ela ser ligados, obrigatoriamente" (Memorial apresentado pela recorrente).

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7. Obrigatoriedade do serviço de água e esgoto. Atividade pública (serviço) essencial posta à disposição da coletividade para o seu bem estar e proteção à saúde, no Município de Santo André/SP.

8. "A remuneração dos serviços de água e esgoto normalmente é feita por taxa, em face da obrigatoriedade da ligação domiciliar à rede pública" (Helly Lopes Meirelles, "in" "Direito Municipal Brasileiro", 3ª ed., RT - 1977, p.492).

9. "Se a ordem jurídica obriga a utilização de determinado serviço, não permitindo o atendimento da respectiva necessidade por outro meio, então é justo que a remuneração correspondente, cobrada pelo Poder Público, sofra as limitações próprias de tributo". (Hugo de Brito Machado, "in" Regime Tributário da Venda de Água, Rev. juríd. da Procuradoria-Geral da Fazenda Estadual/Minas Gerais, nº 05, pg. 11).

10. Adoção da tese, na situação específica examinada, de que a contribuição pelo fornecimento de água é taxa. Aplicação da prescrição tributária, em face da ocorrência de mais de cinco anos do início da data em que o deferido tributo podia ser exigido.

11. Recurso especial provido.

Acórdão proferido pela Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça - por votação unânime, deram provimento ao recurso - Relator: Min. José Delgado - j. 02/06/1998 - Public. DJU de 24/08/1998, pg. 24 e RSTJ nº 112/89.

Observação: O CENACON dispõe dos textos de todos os acórdãos supra referidos, podendo fornecer cópia aos interessados.

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JURISPRUDÊNCIA ENTENDENDO QUE A NATUREZA JURÍDICA DA CONTRAPRESTAÇÃO COBRADA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO É

DE

PREÇO PÚBLICO

1. EMBARGOS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 54.491 - PERNAMBUCO

EMBARGANTE: IMOBILIÁRIA SÃO JOSÉ LTDA E OUTROS

EMBARGADO: DEPARTAMENTO DE SANEAMENTO DO ESTADO

TRIBUTOS. IMPOSTOS, TAXAS E SERVIÇOS PÚBLICOS. - O preço de serviço não se confunde com taxa, não é tributo e não está sujeito às regras do art. 141, § 34, da Constituição. Fato gerador. Critério diferencial com base na tipificação. Embargos rejeitados.

Acórdão prolatados pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plena - por maioria de votos, rejeitaram os embargos. - 03.07.65 - (RTJ 33/147)

2. AGRAVO DE PETIÇÃO Nº 162.994 (Recurso "ex officio") -CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

AGRAVANTE: SUPERINTENDÊNCIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DA CAPITAL

AGRAVADO: ROBERTO TEIXEIRA NETTO

RECORRENTE: JUÍZO DE DIREITO

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TAXA DE ÁGUA - Falta de pagamento - Suspensão de fornecimento - Admissibilidade - Segurança denegada.

A falta de pagamento da taxa correspondente autoriza a suspensão do fornecimento de água. A proibição do uso de meios coativos somente diz respeito à cobrança de tributos.

Acórdão prolatado pela Quinta Câmara do Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo - por votação unânime, deram provimento aos recursos para cassar a segurança. -06.10.71 - (RT 436/168)

3. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 85.268 - PARANÁ

RECORRENTE: CIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ-SANEPAR

RECORRIDO: ABIB MIGUEL

SERVIÇO DE ÁGUA - É legítima a suspensão do fornecimento de água por falta de pagamento da conta apresentada pela Companhia de Saneamento, de acordo com a lei que a criou. Recurso Extraordinário conhecido e provido.

Acórdão preferido pelos Ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal - por unanimidade de votos, conheceram e deram provimento ao recurso. - 19.04.77 - (RTJ 81/930)

4. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 77.162 - SÃO PAULO

RECORRENTE: LOURENÇO BRAZ DE SIQUEIRA

RECORRIDA: SUPERINTENDÊNCIA DE ÁGUA E ESGOTOS DE SÃO PAULO

PREÇO PÚBLICO - Essa a natureza jurídica da tarifa cobrada pelo fornecimento de água. Não incidência, na hipótese, da Lei nº 4.591/1964, art. 11, porquanto ai se estabelece regra a observar para efeito tributário, não para efeito de preço público.

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Acórdão proferido pelos Ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal - por votação unânime, não conheceram do recurso. - 24.05.77 - (RTJ 82/763)

5. APELAÇÃO Nº 240.138 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

APELANTE: MARIO OTTORONI E OUTROS

APELADAS: SABESP E PREFEITURA DA ESTÂNCIA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

ÁGUA E ESGOTOS - Redistribuição dos serviços - Consideração como tarifa - Alteração desta mediante decreto - Legitimidade - Segurança denegada.

Se a lei local definiu sob a configuração de tarifa a contraprestação remuneratória dos serviços de água, de exploração concedida a empresa de natureza privada, é legítima a alteração do preço público por simples ato administrativo, expedido com atendimento aos critérios legais.

Acórdão proferido pela 4ª Câmara do 1º Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo - por votação unânime, negaram provimento ao recurso. - 06.02.80 -

6. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 89.876 - RIO DE JANEIRO

RECORRENTES: 1º) OSWALDO DAMÁZIO RIBEIRO E OUTROS -2º)COMPANHIA CINEMATOGRÁFICA FRANCO

BRASILEIRA

RECORRIDA: COMLURB-CIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA

TARIFA BÁSICA DE LIMPEZA URBANA

Em face das restrições constitucionais a que se sujeita a instituição de taxa, não pode o Poder Público estabelecer, a seu arbítrio, que à prestação de serviço público específico e divisível corresponde contrapartida sob a forma, indiferentemente, de taxa ou de preço público.

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Sendo compulsória a utilização do serviço público de remoção de lixo - o que resulta, inclusive, de sua disciplina como serviço essencial à saúde pública - a tarifa de lixo instituída pelo Decreto nº 196, de 12 de novembro de 1975, do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro, é, em verdade, taxa.

Inconstitucionalidade do referido Decreto, uma vez que a taxa está sujeita ao princípio constitucional da reserva legal - Recurso Extraordinário conhecido e provido.

Acórdão prolatado pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária - por maioria de votos, conheceram do recurso e lhe deram provimento. - 04.09.80 - (RTJ 98/230)

Este acórdão, em seu bojo, também trata da natureza jurídica da contraprestação devida pelos serviços de água.

7. APELAÇÃO Nº 278.731 (reexame) - CACONDE

RECORRENTE: JUÍZO DE DIREITO

APELANTE: EDGARD TORTORELLI NOGUEIRA

APELADOS: JOSÉ ORRICO E OUTROS

ÁGUA - Fornecimento não obrigatório - Cobrança tarifada - Não pagamento - Corte - Possibilidade - Legitimidade do ato.

Pela Lei municipal (de Caconde) 1.157/77, a ligação dos domicílios à rede de água não é serviço obrigatório e coercitivamente imposto ao usuário. Por outro lado, não se cobram "taxas" e sim preço (tarifa), pelos serviços de fornecimento de água potável, o que justifica o corte do fornecimento da água na hipótese de não pagamento.

Acórdão proferido pela 2ª Câmara do 1º Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo - por maioria de votos, deram provimento aos recursos. - 14.04.82 - (RT 561/111)

8. APELAÇÃO Nº 30.588-2 - CAPITAL

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APELANTE: CIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO -SABESP

APELADO: CONDOMÍNIO EDIFÍCIO “CYPRUS”

ÁGUA - Corte no fornecimento - Pretendida anulação das contas por excesso de consumo - inadmissibilidade - Hipótese de tarifa e não de taxa - Aplicação dos arts. 167, II, da CF e 12 do Dec. estadual 10.207/77 - Segurança cassada.

Tratando-se de tarifa, a falta de pagamento implicará a supressão do fornecimento de água, consoante dispõe o art. 12 do Dec. estadual 10.207/77, baixado em cumprimento ao preceito do art. 71, § 2º, da Constituição Estadual e art. 3º da Lei estadual 119/73.

Acórdão prolatado pela 7ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - por votação unânime, deram provimento ao recurso. - 14.10.82 - (RT 570/83)

9. APELAÇÃO Nº 301.224 (reexame) - Rio Claro

APELANTE: DEPARTAMENTO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE RIO CLARO

RECORRENTE: JUÍZO DE DIREITO DE RIO CLARO

APELADO: IRMÃOS CASONATO

TAXA DE ÁGUA E ESGOTO - Alegado aumento excessivo - Preço público - Decreto do Executivo - Possibilidade - Segurança denegada.

Tratando-se de aumento de tarifa, isto é, preço público, não há incidência dos arts. 19, inciso I, e 153, § 29, da C.F. 05.04.83 - (RT 579/135)

10. APELAÇÃO Nº 87.002-2 - SÃO MANOEL

APELANTE: COMÉRCIO DE CARNE SÃO MANOEL

APELADA: SABESP

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TARIFA - Consumo de água - Cobrança - Preço público não sujeito ao princípio da anualidade - Ação procedente - Recurso não provido.

O serviço de fornecimento de água constitui atividade de natureza industrial que o Estado desenvolve em benefício do particular, embora o fruto deste desempenho possa resultar em atendimento de um interesse público, o que confere à cobrança pelo fornecimento o caráter de exigência de preço público pela atividade movimentada, não se submetendo ao princípio da anualidade, por lhe faltar caráter tributário.

Acórdão proferido pela 17ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - por votação unânime, negaram provimento ao recurso - 06.03.85 - (RT 596/92)

Observação: O CENACON dispõe dos textos de todos os acórdãos supra referidos, podendo fornecer cópia aos interessados.

ACÓRDÃO DO S.T.F.: -

CONTRAPRESTAÇÃO COBRADA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO -

ALGUNS SUSTENTAM SE TRATAR DE TAXA OUTROS DE TARIFA

1. EMBARGOS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 54.194 - PERNAMBUCO

EMBARGANTE: DEPARTAMENTO DE SANEAMENTO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

EMBARGADOS: IMOBILIÁRIA SÃO JOSÉ E OUTROS

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Embargos. Taxa de água e de saneamento - Questão de inconstitucionalidade da taxa, pois alegava-se que não havia lei que a autorizasse, segundo o art. 141, § 34, da Constituição. O Tribunal recebeu os embargos, visto não se ter alcançado o quorum para declaração de inconstitucionalidade do ato impugnado.

Acórdão prolatado pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária - receberam os embargos - 25.03.65 - (RTJ 33/465)

Observação: O CENACON dispõe dos textos de todos os acórdãos supra referidos, podendo fornecer cópia aos interessados.

JURISPRUDÊNCIA SOBRE TARIFA DEÁGUA E ESGOTO

DIVERSIDADES

1. APELAÇÃO Nº 266.734 - SÃO MANUEL

APELANTE: SEBASTIÃO DE MORAES

APELADO: GERENTE DIVISIONAL DA SABESP

ÁGUA - Fornecimento - Corte - Medida visando a constranger o usuário ao pagamento de débito não reconhecido - Segurança concedida.

O fornecimento de água envolve saúde pública com reflexos diretos no serviço de esgotos, pelo que é inviável a medida extrema de seu corte visando ao pagamento de uma conta que se quer discutir.

Acórdão prolatado pela 5ª Câmara do 1º Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo - por votação unânime, deram provimento ao recurso para conceder a segurança. - 19.03.80 - (RT 541/140)

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2. APELAÇÃO Nº 307.004 - (REEXAME) - SANTO ANDRÉ

APELANTE: JUÍZO DE DIREITO

APELADO: LÚCIO SALOMONE

TAXA DE ÁGUA E ESGOTOS - Cobrança de verba pela instalação da rede - Inadmissibilidade - Caso de contribuição de melhoria.

O município, pela implantação da rede de fornecimento de água e de coleta de esgotos, só poderá recuperar o respectivo custo mediante a cobrança de contribuição de melhoria, pela valorização dos imóveis beneficiados. A taxa de água e esgotos deverá ser cobrada pelos serviços prestados posteriormente, após a instalação da rede, através de tarifas ou preços públicos.

Acórdão prolatado pela 2º Câmara do 1º Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo - por votação unânime, negaram provimento ao recurso. 20.04.83 - (RT 574/131)

3. APELAÇÃO CRIMINAL Nº 222.627 - SÃO VICENTE

APELANTE: JOSEFINA PIRES TRINDADE DE LIMA

APELADA: JUSTIÇA PÚBLICA

CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR - Corte do fornecimento de água - Infração não mais subsistente - Revogação do art. 9º, VIII, da Lei 1.521/51 pela Lei 6.649/79 - Absolvição decretada.

A Lei 6.649/79 revogou expressamente o art. 9º da Lei 1.521/51, de sorte que as infrações nele previstas não mais integram as figuras de crimes contra a economia popular. (Red.)

Acórdão prolatado pela 9ª Câmara do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo - por votação unânime, deram provimento ao recurso para absolver a apelante, julgando prejudicada a preliminar de nulidade. - 16.03.81 - (RT 552/336)

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4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - TATUÍ

AUTOR: PROCURADORA GERAL DE JUSTIÇA

RÉ: CÂMARA MUNICIPAL DA COMARCA DE TATUÍ

TARIFA PÚBLICA - Fixação - Atuação administrativa típica - Impossibilidade de previsão em lei orgânica municipal de exigência de que a tabela de preços decorra de lei, privilegiando o Legislativo municipal em detrimento do Executivo - Ofensa ao princípio da separação de Poderes - Procedência da ação direta de inconstitucionalidade.

A fixação de tarifas públicas corresponde a atuação administrativa típica. Inconstitucional a exigência contida em lei orgânica municipal de que a tabela de preços decorra de lei, em cuja elaboração se intromete o Legislativo, com papel predominante, de vez que lhe assiste a prerrogativa de rejeitar o veto da Prefeitura, significando e acarretando lesão ao princípio da separação de poderes.

Acórdão prolatado pela sessão plenária do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - por votação unânime, julgaram procedente a ação. - 06.03.91 - (RT 667/79)

5. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 216/91 - CABO FRIO/RJ

AGRAVANTE: CIA ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS-CEDAE

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO

AÇÃO CIVIL PÚBLICA - Proteção do Consumidor - Taxa de água - Liminar vedando a cobrança onde o abastecimento não for regular e proibindo o desligamento dos dutos em caso de recusa dos consumidores em pagarem as contas - Inadmissibilidade - Comarca em que o fornecimento do serviço sofre impactos decorrentes de explosão demográfica, grande afluxo de turistas, estiagens e outros fatores perturbadores de sua regularidade - Medição por hidrômetro e, na hipótese de efeito neste, pelo consumo-base, que não torna arbitrária a cobrança, uma vez que facilmente fiscalizável pelo usuário - Substituição apenas da modalidade de cobrança estimada em tabelas pela tarifa mínima, nos locais onde inexistirem aparelhos medidores.

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EMENTA OFICIAL: TAXA DE ÁGUA - Critérios para sua cobrança. Agravo de instrumento interposto de decisão que, liminarmente, em ação civil pública, a requerimento do Ministério Público, vedou a cobrança de taxa de água pela concessionária do serviço, onde não mantiver abastecimento regular, proibindo-lhe também desligar os dutos ou “penas” em caso de recusa dos consumidores de pagarem as contas. Comarca em que o abastecimento de água sofre impactos decorrentes da explosão demográfica, afluxo de turistas que aumentam de seis a sete vezes a população consumidora nos meses de verão, estiagens, e outros fatores perturbadores de sua regularidade. A solução simplista adotada pelo despacho agravado, de privar a concessionária de sua receita operacional, é, certamente, a menos indicada. Provimento em parte do recurso, para os efeitos de restabelecer a cobrança, nos casos e na forma previstos no regulamento, de consumo medido e arbitrado, substituindo-se o consumo por estimativa, pela cobrança da tarifa mínima, até que seja instalado hidrômetro, e até mesmo como estimulo para a sua instalação, por ser esse o critério mais justo e equânime para a concessionária e para o consumidor.

Acórdão prolatado pela 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - deram provimento parcial ao recurso, por unanimidade de votos. - 11.06.91 - (RT 679/158)6. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 42.649 - PARANÁ

RECORRENTE: ESTADO DO PARANÁ

RECORRIDOS: ALEXANDRE BACH E OUTROS

SERVIÇO DE ÁGUA - Suspensão do fornecimento com aviso prévio, pela falta de pagamento. Improcedente a eiva de discriminação. Competência do Município.

Acórdão prolatado pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária - por unanimidade de votos, conheceram do recurso e lhe deram provimento. - 20.10.56 - (RTJ 40/311)

Observação: O CENACON dispõe dos textos de todos os acórdãos supra mencionados, podendo fornecer cópia aos interessados.

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QUESITOS SOBRE SISTEMA DE MEDIÇÃO DE ESGOTO E SOBRE AR DO CANO E VENTOSAS

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de Justiça

CENACON - Designada

1- Existem no mercado nacional aparelhos para medição do despejo de esgoto domiciliar?

2- Qual o preço deste aparelho?3- Se não existir no mercado nacional, pode vir a ser

fabricado se houver demanda? Qual seria o seu custo aproximado?4- A Sabesp poderia arcar com este custo, adquirindo-o

para todos os usuários de seu serviço de coleta de esgoto?5- Qual o espaço físico que teria que ser destinado em

cada edificação para instalação deste aparelho?6- Teriam que ser procedidas modificações em cada

imóvel para instalação deste aparelho? Em caso positivo, indicar quais. 7- A implantação de um sistema de medição do esgoto

domiciliar aumentaria o custo da tarifa? Por que?8- O que seria mais benéfico para o usuário, em termos

econômicos: a cobrança da tarifa de esgoto de acordo com o que se medir de sua vazão, ou continuar-se com o sistema atual, de cobrança da tarifa de esgoto à base do consumo de água?

9- Seria viável, em termos práticos, a instalação de um sistema de medição de esgoto? Por que?

1O- Considerando-se que na Capital e na Grande São Paulo, a tarifa de esgoto é cobrada à base de 1OO% do consumo de água, bem como que nem tudo o que entra de água em um imóvel sai pela rede de esgoto, indicar qual seria o percentual correto sobre o consumo de água, para embasar a cobrança da tarifa de esgoto naqueles locais, que se aproximasse de forma mais justa da vazão efetiva do esgoto.

11- Está correta a afirmação dos técnicos da SABESP, de que o "ar do cano" só pode ocasionar uma alteração bem pequena no valor da conta?

12- As ventosas, quando corretamente instaladas, e em funcionamento perfeito, eliminam totalmente o problema do "ar do cano"? ou mesmo com elas, o problema do "ar do cano" residual continua a ocorrer? Em caso positivo, como pode ser, então, eliminado de forma eficaz, o problema do "ar do cano"?

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13- Tecer todas as demais considerações consideradas pertinentes com relação aos assuntos enfocados.

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de JustiçaCENACON - Designada

RESPOSTAS AOS QUESITOS APRESENTADAS PELO DR. PEDRO MANCUSO

1- Em consulta efetuada à ASFAMAS (Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais e Equipamentos para Saneamento) foi nos informada a inexistência de tais equipamentos no mercado nacional e internacional.

O que existe são equipamentos para medições de grandes vazões (vertedores, calhas parshall, etc) cuja imprecisão é bastante grande. Normalmente esses equipamentos são de porte tal que, a presença de materiais em suspensão não impossibilita seu uso, sendo comum sua utilização em medições de córregos, rios ou efluentes industriais, em geral não visando basear uma cobrança tarifária.

2- Prejudicado.

3- Tal fabricação não teria utilidade, porque os aparelhos medidores de líquidos, dentro da visão tecnológica já desenvolvida, para funcionarem corretamente, não podem ficar sujeitos à presença de material sólido.

Medições de líquidos são tanto mais precisas quanto mais livres de impurezas estejam esses líquidos, pelo fato de que essas medições via de regra são feitas por mecanismos do tipo relógio, altamente afetados por qualquer material sólido.

Normalmente, os esgotos domésticos trazem consigo materiais em suspensão tais como alimentos, objetos metálicos, absorventes higiênicos, papéis, etc cuja remoção, nos níveis necessários para o

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bom funcionamento do medidor, é impossível. Nessas condições, mesmo imaginando-se a hipótese de remoção do material grosseiro, a presença inevitável de material particulado induziria a uma imprecisão na medição, não podendo, portanto, servir de base para uma cobrança tarifária.

4- Prejudicado.

5- Prejudicado.

6- Prejudicado.

7- Imaginando-se a existência de tal equipamento, aos custos tarifários atuais teriam que ser incorporados os custos de instalação, manutenção, leitura, etc., relativos ao novo sistema.

8- Dada à inexistência de um sistema de medição de esgotos domésticos, a resposta deste quesito é impossível.

9- Não, de acordo com o já exposto.

10- Não tenho elementos para responder.

11- Pelas informações adquiridas e pela vivência que tivemos em nosso trabalho anterior na SABESP, a afirmação está correta.

12- Na hipótese de "corretamente instaladas" e "em funcionamento perfeito" as ventosas eliminam o "ar do cano".

13- Nada mais.

São Paulo, 28 de setembro de 1993.41

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PEDRO CAETANO SANCHES MANCUSO Engenheiro/Professor da Faculdade

de Saúde Pública da (USP)

TARIFA MÍNIMA DE CONSUMO

1- A SABESP, pela prestação dos serviços de

fornecimento de água e coleta de esgoto, cobra, para cada um destes serviços, um

preço mínimo, correspondente ao preço da tarifa pela utilização de 1Om3 de água.

2- Este valor (que é duplicado para quem se

utiliza de ambos os serviços supra referidos) deve ser pago pelo usuário

independentemente do uso efetivo da água ou do sistema de esgoto no período de

apuração.

3- Uma vez utilizados efetivamente os serviços,

o preço mínimo a ser pago é considerado como pagamento real dos 1Om3 de

água consumidos e do sistema de esgoto utilizado.

4- Após vários esclarecimentos que me foram

prestados por técnicos da SABESP, e após análise da questão, terminei por

concluir que tal cobrança tem razão de ser, não sendo ilegal nem abusiva.

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5- Primeiramente, verifica-se que tal cobrança e

seu valor estão previstos nos parágrafos 2º (quanto à água)e 3º (quanto ao

esgoto) do art.3º do Regulamento que acompanha o Decreto nº 21.123, de

O4.O8.83, Decreto este que visa disciplinar o sistema tarifário dos serviços

prestados pela SABESP.

6- Este Decreto foi baixado com fundamento na

Lei Estadual nº 119/73, que autorizou o Poder Executivo Estadual a constituir a

SABESP, e mais especificadamente no seu art.3º , "caput", que determina que

será tarifário o regime de cobrança dos serviços da sociedade relativos ao

abastecimento de água e à coleta e disposição de esgotos sanitários.

7- Em segundo lugar, observa-se que uma vez

tendo o particular providenciado junto à SABESP, a ligação das redes hidráulicas

de sua propriedade, às redes públicas de fornecimento de água e de coleta de

esgoto, passa a ser usuário de um serviço que lhe será efetivamente prestado,

quer faça uso efetivo ou não da água ou do sistema de esgoto no período de

apuração.

8- É que a SABESP não só entrega a água na

residência do usuário, e coleta o seu esgoto, mas procede, permanentemente, a

captação, o tratamento, a reserva da água, a limpeza das redes, a leitura do

hidrômetro, a emissão e entrega da conta, serviços estes que continuam a ser por

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ela prestados, em favor do usuário, mesmo quando ele não utiliza a água e/ou o

sistema de esgoto no período de apuração.

9- Ou seja, os serviços de fornecimento de água

e de coleta de esgoto pela SABESP, envolvem a prática de vários atos, não se

restringindo à entrega da água e à coleta específica do esgoto. E todos estes atos

se consubstanciam em serviços que continuam necessariamente a ser por ela

prestados quer ocorra ou não o uso da água e do sistema de esgoto no período de

apuração. Tais serviços fazem parte integrante do sistema de fornecimento de

água e de coleta de esgoto, não se podendo imaginar a prestação destes sem a

prestação concomitante e permanente daqueles.

1O- E tais serviços paralelos e permanentes

obviamente envolvem custos, pelo que tem a SABESP o direito de, pela prestação

deles, cobrar um determinado valor dos usuários, não havendo que se falar,

portanto, em enriquecimento ilícito dela pelo simples fato de cobrar a tarifa mínima

em apreço.

11- Em suma, a cobrança da tarifa mínima é

legítima não porque mesmo sem a utilização da água e do sistema de esgoto

estes serviços estão à disposição do usuário, mas sim porque mesmo sem a

utilização de tais serviços, o usuário estará, necessariamente, se utilizando de

outros serviços, permanentemente prestados pela SABESP, e sem os quais não

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se pode conceber a existência de um serviço de fornecimento de água e de coleta

de esgoto.

12- Acresça-se ainda, por outro lado, que a

cobrança desta tarifa mínima não confere à contraprestação paga à SABESP um

caráter tributário, porque o seu pagamento não é obrigatório para quem não ligou

as redes de sua casa às redes públicas de fornecimento de água e de coleta de

esgoto, mas apenas às pessoas que fizeram tais ligações ou apenas uma delas,

caso em que o pagamento se torna obrigatório porque estará sendo efetivamente

utilizado um serviço. Ou seja, o pagamento da tarifa mínima será obrigatório,

assim como é obrigatório pagar as prestações de um contrato firmado, ou o preço

de um produto adquirido.

13- Somente se o pagamento da tarifa mínima

fosse obrigatório para quem não fez a ligação de sua casa às redes públicas de

fornecimento de água e de coleta de esgoto é que se poderia afirmar que a

natureza jurídica de tal cobrança seria tributária, porque neste caso o pagamento

seria devido pelo só fato de o serviço se encontrar à disposição do usuário,

hipótese constitucionalmente prevista para legitimar a cobrança de uma

taxa(art.145, II, da Constituição Federal) , mas não para legitimar a cobrança de

um preço, que pressupõe a prestação efetiva do serviço.

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14- Este aspecto da natureza não tributária da

contraprestação devida à SABESP será mais pormenorizadamente abordado no

parecer específico elaborado sobre a natureza jurídica de tal contraprestação .

São Paulo, 1O de setembro de 1993

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de Justiça

Designada - CENACON

AR DO CANO

1- Ocorre o fenômeno conhecido como " ar do

cano" quando a rede de fornecimento de água é desligada por qualquer motivo

(limpeza, racionamento, conserto, etc.), e posteriormente religada. Quando ocorre

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o religamento, o ar que ficou no cano vazio de água, é pressionado pela força da

água, fazendo girar o ponteiro dos hidrômetros (aparelhos destinados a medir o

consumo da água, instalados nas partes externas das residências) , que assim

marcam um consumo que não corresponde à efetiva entrada de água no local,

mas sim à entrada de ar.

2- Os técnicos da SABESP ouvidos neste

CENACON reconheceram que este fenômeno efetivamente pode ocorrer(fls.5/14),

inclusive em todas as redes de água, já que todas são periodicamente desligadas

para limpeza e posteriormente religadas, sempre ficando ainda sujeitas ao

desligamento para conserto de algum problema apresentado na rede.

3- No entanto, segundo também informado pelos

referidos técnicos, existem as chamadas ventosas, que são válvulas instaladas

nas redes de água, para extração do ar, e que quando efetivamente instaladas

eliminam o problema do" ar do cano", impedindo consequentemente que o

ponteiro do hidrômetro gire só pela força do ar, já que elas garantem a retirada do

ar da rede, antes da chegada dele ao referido aparelho.

4- Visando-se verificar se esta informação

prestada pelos técnicos da SABESP está correta, indaguei a confirmação pelo

Engenheiro Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Dr. Pedro Caetano

Sanches Mancuso, o qual presta serviços ao Ministério Público, tendo ele

esclarecido que , realmente, se as ventosas forem corretamente instaladas, e

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estiverem funcionando perfeitamente, eliminam elas completamente o problema

do "ar do cano", não havendo que se falar em "ar do cano" residual(fls.3O8/311).

5- Segundo ainda informado pelos técnicos da

SABESP, quando esta promove ela própria a instalação da rede pública de água,

são desde logo colocadas ventosas, se o projeto previu a necessidade delas para

aquela rede, e nos locais por ele indicados.

6- No entanto, e principalmente no interior, na

grande maioria dos casos, a SABESP herda o sistema já instalado pela Prefeitura,

por outro Órgão, ou até pelo loteador, sendo que nem todos podem ter colocado

as ventosas. A SABESP, ao assumir o sistema já instalado, deve promover de

ofício a instalação das ventosas, mas não puderam os técnicos ouvidos neste

CENACON afirmar que foram elas efetivamente instaladas pela SABESP em todos

os Municípios em que o sistema foi por ela herdado de outro órgão. Afirmaram, no

entanto, que ante uma reclamação julgada procedente pela SABESP, de falta de

ventosa, poderá ela tomar as devidas providências para instalá-la.

7- Segundo apurado junto aos técnicos da

SABESP, quando recebe ela uma reclamação alegando "ar do cano", verifica se

no local e no período reclamado ocorreu algum fato que pudesse ter dado ensejo à

ocorrência do "ar do cano", como o desligamento da rede por exemplo. Em caso

positivo, se dirigem à residência, para proceder a testes (testes estes que também

podem ser feitos pelas Faculdades de engenharia com especialização em

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hidráulica), mediante a utilização de um aparelho de medição do ar, que fica

instalado por alguns dias ao lado do hidrômetro da água, para verificar a

ocorrência ou não do fenômeno.

8- Informaram ainda que a ocorrência do "ar do

cano", quando constatada, provoca uma insignificante alteração no valor da conta,

nunca justificando todo o consumo alto reclamado. Esta informação foi confirmada

pelo Professor Pedro Caetano Sanches Mancuso, já antes referido, conforme se

verifica às fls.3O9.

9- Mesmo assim, a SABESP, conforme

informado, em caso de ter constatado a ocorrência do "ar do cano", procede à

reforma da conta, cobrando o valor correspondente à média dos últimos seis

meses, e devolvendo parte da quantia paga, se a conta já tiver sido paga, podendo

ainda instalar ventosas, se julgar necessário.

1O- Em face do exposto , e considerando-se que

mesmo em sendo pequena a alteração provocada no valor da conta em virtude do

"ar do cano", tem o consumidor o direito de não pagar pela entrada de ar mas sim

e tão somente pela entrada da água, acredito que ante uma reclamação do

usuário alegando "ar do cano", ou mesmo de ofício, já que este é um fenômeno

que pode ocorrer em toda a rede de água, envolvendo o interesse difuso de todas

as pessoas que dela se servem, poderá o Promotor de Justiça procurar obter

informes, junto à SABESP, por requisição, sobre se na rede pública em

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questão existem ventosas instaladas, e sobre quais as providências que vem

tomando para impedir a ocorrência do "ar do cano".

11- A SABESP dispõe dos mapas ou plantas das

redes que instalou, onde constam a existência ou não de ventosas e suas

localizações. Quando não instalou a rede, mas a herdou de outro órgão, recebe

deste as plantas da rede ou, se não foram excepcionalmente confeccionadas,

procede a SABESP ela própria a confecção dos mapas, com base em

levantamento que diretamente efetua.

12- Para se saber se na rede de água da Cidade

existem ou não ventosas instaladas, o melhor meio é a verificação das plantas da

rede, porque a verificação "in loco" seria extremamente difícil, já que sem a planta

da rede não seria fácil se encontrar a própria rede, que é subterrânea, e ainda

mais difícil se encontrar as ventosas, algumas das quais nem sequer saem ao

nível da rua.

13- Se, por hipótese, a SABESP se negar a

fornecer as plantas, em alguma Cidade do interior, poderá a requisição ser

endereçada à sua sede, na Capital, onde se encontra o pessoal da Diretoria, e se

mesmo assim não se obtiver resultados, poderá ser tomada uma providência de

ordem criminal, pela desobediência à requisição da Promotoria.

14- Verificando-se que não existem ventosas

instaladas, e estando este problema afetando o interesse de um considerável

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número de pessoas no Município (porque pode ocorrer de a falta de ventosas

estar afetando apenas alguns moradores, na hipótese, por exemplo, de não

existirem ventosas apenas em um determinado local da rede), poderá o Promotor

de Justiça tentar um contato com a SABESP, para que ela resolva

extrajudicialmente o problema, instalando desde logo as ventosas onde for

necessário, reformando as contas já emitidas e não pagas e devolvendo os

valores indevidamente cobrados dos consumidores.

15- Se ela se recusar a assim proceder, poderá o

Promotor de Justiça ingressar com uma ação civil pública, para o fim de obter

uma sentença que a) a obrigue a tomar as providências necessárias para evitar a

ocorrência do" ar do cano", instalando as ventosas, ou tomando qualquer outra

providência que resolva o problema, sob pena de cominação de multa diária pelo

descumprimento da decisão ; e b)a condene a devolver em dobro (art.42,

parágrafo único, do CDC) os valores indevidamente cobrados e pagos pelos

consumidores , e a reformar as contas já emitidas mas ainda não pagas, cobrando

apenas o valor da média dos últimos seis meses .

16- Acredito que a cobrança do "ar do cano"

representa um enriquecimento ilícito por parte da SABESP, porque ela está

cobrando por um consumo de água que não ocorreu.

17- Ademais, pelo disposto no art.22 do Código

de Proteção ao Consumidor, as concessionárias de serviços públicos têm a

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obrigação de prestá-los de forma eficiente, não se podendo considerar eficiente

um serviço prestado de forma a permitir que o usuário pague pelo que não usou,

ainda mais em se considerando que existe um meio técnico, reconhecido pela

própria SABESP, de evitar o problema do "ar do cano".

18- Por outro lado, se já existirem ventosas

instaladas na rede, e mesmo assim ainda estiver ocorrendo o problema do "ar do

cano", poderá isto decorrer de uma instalação ineficiente, o que poderá se verificar

, por exemplo, se não tiverem sido instaladas ventosas em todos os locais

necessários da rede, por falta de previsão correta no projeto.

19- As providências extrajudiciais e judiciais que

podem ser tomadas nesta hipótese são as mesmas daquelas expostas para o

caso de rede sem instalação das ventosas, procedidas às devidas modificações.

2O- Se o problema do "ar do cano" estiver

afetando um ou apenas alguns moradores de uma rua, o melhor será orientá-los a

tomar providências por seus próprios meios ( reclamando junto à SABESP, junto

ao órgão local de proteção ao consumidor, ou junto ao Juizado Especial de

Pequenas Causas, ou ainda ingressando com a ação competente (cominatória de

obrigação de fazer, consignação em pagamento, devolução em dobro das

quantias pagas), porque neste caso não haverá interesse público que legitime a

atuação do MP, por falta de abrangência (Súmula de entendimento CENACON nº

O5).

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21- Sob o ponto de vista individual, pelo que

pude depreender dos esclarecimentos prestados pelos técnicos da SABESP,

sempre será conveniente o consumidor tentar, primeiramente, junto à SABESP,

obter dela a colocação de ventosas , a reforma da conta, e/ou a devolução de

quantias indevidamente pagas, porque segundo informado pelos mesmos a

SABESP costuma tomar extrajudicialmente estas providências , quando

comprovada a ocorrência do "ar do cano".

22- Por outro lado, analisando-se o aspecto

criminal, entendo que se a SABESP, sabendo que em um determinado local ou

Município, está ocorrendo o problema do "ar do cano", e mesmo assim cobra dos

consumidores o valor integral marcado pelos hidrômetros, comete ela, em tese, o

crime de estelionato( se for uma ou algumas vítimas certas afetadas), ou o delito

capitulado no art.2º, inciso IX, da Lei l521/51 (se o número de vítimas for

indeterminado), porque estará, dolosamente, obtendo vantagem ilícita(recebimento

de valores sem o correspondente fornecimento de água), em detrimento de vítimas

determinadas ou indeterminadas, respectivamente, mediante fraude, consistente

em fazer elas pensarem que estão pagando por água consumida, quando na

verdade estão pagando pelo ar que entra na rede e gira o ponteiro dos

hidrômetros.

São Paulo, O5 de outubro de 1993

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DORA BUSSAB CASTELOPromotora de Justiça

Designada- CENACON.

RECLAMAÇÕES POR CONTAS DE VALORES ELEVADOS

Ítens abordados

I- Introdução

II- Erro de Leitura do Hidrômetro

III- Vazamentos

IV- Ligações Clandestinas

V- Defeito no Hidrômetro

VI- Consumo Elevado de Água

VII- Conclusão quanto aos itens anteriores

VIII- Valor alto efetivo da tarifa

I- Introdução

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1- As reclamações por contas de valores

elevados, bem acima do consumo normal mensal, podem resultar de vários

fatores, tendo esta Promotora de Justiça conseguido vislumbrar seis deles, , quais

sejam: 1) erro de leitura do hidrômetro; 2) vazamentos; 3) ligações clandestinas ;

4) defeito no hidrômetro; ; 5) consumo efetivamente elevado; 6)preço elevado da

tarifa. Deixa-se de incluir o problema do "ar do cano" como um destes fatores,

porque segundo informado pela SABESP, e confirmado pelo Dr.Pedro Caetano

Sanches Mancuso, engenheiro que presta serviços a este CENACON, o mesmo

ocasiona uma pequena variação no valor da conta, nunca justificando todo o

consumo alto reclamado, sendo certo ainda que tal problema está sendo tratado

em parecer autônomo.

2- Sobre cada um dos fatores acima numerados,

passa-se abaixo a fazer uma exposição .

II -Erro de leitura do hidrômetro

3- Para verificar o "quantum" que o usuário deve

pagar pelos serviços de fornecimento de água e despejo de esgotos, a SABESP se

utiliza de dois métodos distintos.

4- O primeiro deles, e mais usual, é proceder à

leitura mensal do número marcado no hidrômetro, que é o relógio que marca o

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consumo de água em cada residência. A marcação se dá de forma equivalente ao

velocímetro de um carro. Começa do zero, e conforme a água vai entrando , o

relógio vai marcando em somatória os metros cúbicos consumidos (cada metro

cúbico corresponde a l.OOO litros) . Ao final do período de apuração, verifica-se o

valor final marcado, e diminui-se a marcação da leitura do mês anterior; o que

resultar desta operação será a quantidade de metros cúbicos consumidos no mês,

que será multiplicado pelo valor da tarifa, encontrando-se ao final o valor total a

pagar. Todos estes dados constam de cada conta emitida.

5- Quando, no entanto, não se consegue chegar

até o hidrômetro, porque, por exemplo, a casa está fechada, procede-se à

cobrança pela média do consumo dos últimos seis meses.

6- No primeiro método de aferição do valor a

pagar, a leitura pode ser feita por funcionários da SABESP, ou por uma firma por

ela contratada.

7- A SABESP, no entanto, afirmou que procura

evitar que o erro de leitura ocorra, adotando práticas preventivas.

8- Assim é que a leitura se procede em uma

sistema de rodízio, em que o leitor só volta em um local para proceder novamente

à leitura após passados quatro meses, procurando-se com isso evitar que , já

acostumado com o local, acabe por estimar sem ler a quantidade de metros

cúbicos de água consumidos por uma residência.

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9- Afirmou ainda, que tanto na Capital, quanto no

interior, quando a leitura se apresenta acima de um determinado patamar, fixado

por tabela própria da SABESP, volta-se ao local, para confirmação da leitura. Tal

confirmação, na Capital, se faz antes de emitida a conta. No interior, para

agilização dos serviços, em face da leitura elevada, já se emite duas contas, uma

com base na leitura, e outra com base na média dos últimos seis meses, em

seguida dirigindo-se até o local, para confirmação, e entrega da conta correta( se a

leitura for confirmada, entrega-se a conta emitida com base nela; caso contrário,

entrega-se a conta emitida com base na média).

1O- O próprio consumidor pode também manter

o controle sobre a leitura de seu hidrômetro, verificando-o regularmente , e

procedendo a mesma operação daquela explicada no item 4 acima, mensalmente.

A SABESP possui inclusive um folheto explicativo em suas agências, que pode ser

retirado por qualquer consumidor, esclarecendo como pode o consumidor controlar

a leitura mensal do hidrômetro . O CENACON dispõe de exemplares deste folheto,

podendo fornecer aos Promotores de Justiça interessados.

11- Na conta emitida consta inclusive a marcação

da leitura anterior e da atual , podendo o consumidor verificar junto ao seu

hidrômetro se a leitura atual constante da conta é viável . É certo que quando o

consumidor recebe a conta, o relógio já estará apresentando outra marcação, em

face do período transcorrido entre a leitura e a data do recebimento da conta. No

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entanto, em geral, será possível verificar por aproximação se houve erro ou não.

Assim, por exemplo, se a cobrança foi de 4O metros cúbicos, e o relógio, mesmo

passado aquele período, está marcando 3O metros cúbicos consumidos, o erro de

leitura ficará evidente.

12- Se não obstante o controle preventivo da

SABESP, o consumidor verificar que ocorreu erro de leitura, deverá levar a leitura

correta até a SABESP, pleiteando a reforma da conta, para que a cobrança seja

feita corretamente, se ainda não se tiver efetuado o pagamento, ou para se

requerer a devolução de valores pagos, se o pagamento já tiver se efetuado .

13- Se não se resolver o problema

amigavelmente, poderá o consumidor, em se tratando de questão de caráter

individual, se dirigir ao Procon, ao Juizado Especial de Pequenas Causas, ou

ingressar em Juízo, pleiteando a repetição do indébito, em dobro(art.42, parágrafo

único, do CDC). Para segurança quanto à prova do erro de leitura, e em se

considerando que a marcação do hidrômetro se altera permanentemente , é

aconselhável se ingressar com processo cautelar de produção antecipada de

prova, para aferição judicial da marcação do hidrômetro.

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III- Vazamentos

14- A responsabilidade pela conservação das

instalações domiciliares de abastecimento de água potável e remoção de dejetos é

do ocupante do imóvel, conforme estabelece o § 2º do art.36 do Decreto Federal

nº 49.974-A, de 21.O1.61.

15- Assim, nenhuma responsabilidade quanto a

eventuais vazamentos que possam ocorrer nas redes domiciliares de água cabe à

SABESP, cabendo, isto sim, ao ocupante do imóvel providenciar o seu conserto.

16- Mesmo que não existisse norma dispondo

desta forma, não haveria dúvida de que a conservação dos encanamentos de

água, que se situam dentro da residência do consumidor, seria seu encargo,

justamente porque se tratam de bens que estão sob sua inteira responsabilidade.

17- O consumidor pode, inclusive, em face de

uma conta de valor elevado, verificar por seus próprios meios, se está ocorrendo

vazamento em suas instalações hidráulicas internas. O vazamento pode ser visível

ou invisível. Em sendo visível, basta analisar o extravasor da caixa de água , as

torneiras, a válvula de descarga, etc., para se verificar se está ocorrendo o

vazamento. Em sendo invisível, o consumidor poderá, ele próprio, aplicar testes

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para se certificar se ocorrem ou não vazamentos. A SABESP possui um folheto

explicando a forma de aplicação destes testes, folhetos estes disponíveis em suas

agências, possuindo o CENACON exemplares dos mesmos. Poderá ainda o

consumidor contratar um encanador para proceder à tal verificação.

18- No interior, segundo informado pela

SABESP, em face de uma reclamação de valor elevado a pagar, se dirige a

mesma até a residência do reclamante, procedendo ela própria a testes para

verificar se está ocorrendo vazamento ou qualquer outro problema . Em verificando

que está ocorrendo vazamento invisível, concede ao consumidor uma redução do

valor da conta, por dois meses seguidos, que considera mera liberalidade. Se

verificar a ocorrência de vazamento visível, não concede nenhuma redução. Em

ambos os casos, orienta o consumidor a proceder ao conserto do vazamento.

19- Na Capital, a SABESP não vai até a

residência do consumidor para proceder a testes, mas se o valor da conta for

superior a um determinado critério que fixa, concede-lhe, por até dois meses

seguidos, a redução de tal valor, período dentro do qual o consumidor deve, ele

próprio, ou por meio da contratação de um encanador, verificar se está ocorrendo

vazamento e proceder ao seu conserto.

2O- Assim, ante uma conta de valor elevado,

deve o consumidor verificar ele próprio, com a ajuda da SABESP, ou contratando

um encanador, se está ocorrendo algum vazamento em suas instalações

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hidráulicas, procedendo ao conserto, em caso positivo, e tentando junto à

SABESP, extrajudicialmente, obter a redução do valor da conta, redução esta que

é concedida nas hipóteses acima especificadas .

21- Se o consumidor tiver que pagar um valor

elevado em virtude de vazamento , entendo que não poderá pleitear em Juízo a

devolução de parte do que pagou, porque esse consumo elevado não decorreu de

culpa da SABESP, mas sim do próprio usuário, pela falta de manutenção de sua

rede hidráulica interna, não existindo, pelo que me foi dado conhecer, norma

interna da SABESP, garantindo especificamente a redução do valor da conta em

caso de vazamentos.

IV- Ligações Clandestinas

22- A ligação clandestina significa que uma

determinada pessoa efetuou a ligação de sua rede interna à rede pública da

SABESP, sem o consentimento desta última , ou à rede particular do vizinho,

igualmente sem o seu consentimento, visando com isso receber água em sua

residência, sem ter que pagar o valor da tarifa respectiva.

23- Quando a ligação clandestina é feita na rede

pública da SABESP, esta é a vítima, passando a tomar as providências civis e

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criminais contra o infrator. ( Para a SABESP, ligação clandestina, com esta

denominação, só ocorre nestes casos).

24- Se a ligação clandestina é feita na rede do

vizinho, ou até em sua caixa da água, cabe à vítima verificar tal ocorrência em sua

residência(pois ela é a responsável pelas instalações hidráulicas internas de sua

casa , conforme já acima ressaltado), tomando as providências civis (cobrança do

valor que teve que pagar a maior) e criminais(furto de água) contra o infrator,

cabendo lembrar ainda que pode o possuidor, turbado em sua posse manter-se

nela por sua própria força, contanto que o faça logo (art.5O2 do Código Civil), isto

significando que o possuidor pode, ele próprio, cortar a ligação clandestina feita na

área que se encontra sob o seu poder de fato.

25- A SABESP não tem culpa nenhuma pela

realização de tal ligação clandestina, pelo que cobra o valor da conta da vítima

que, por sua vez, poderá pleitear a restituição do infrator, da parte que lhe cabe.

Nenhuma providência por parte da vítima cabe contra a SABESP.

26- No interior, a SABESP se dispõe a ir até a

casa do usuário, verificar inclusive a ocorrência de uma ligação clandestina, se

solicitada pelo mesmo. Na Capital, não procede à tal verificação, cabendo ao

usuário procedê-la, por si, ou com a ajuda de um encanador, o mesmo devendo

fazer o consumidor do interior se por qualquer motivo a SABESP não puder

proceder à tal verificação.

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V- Defeito no Hidrômetro

27- O hidrômetro, aparelho que mede o que

entra na casa de um indivíduo, pertence à SABESP, sendo o usuário o seu fiel

depositário. A SABESP que compra o aparelho, e o instala na casa do consumidor,

o qual, por sua vez, tem que adquirir e instalar o cavalete(cano onde será

instalado o hidrômetro), e o abrigo( proteção construída sobre o cavalete), na parte

externa de sua residência.

28- A SABESP procede preventivamente ao

controle do funcionamento do hidrômetro, quando da realização da leitura mensal,

anotando o leitor em um formulário quando ele se encontra com defeito.

29- Se tal controle preventivo falhar, o

consumidor, em suspeitando que o hidrômetro está com defeito, pode também

reclamar junto à SABESP, tanto na Capital, quanto no interior, solicitando que a

mesma proceda à verificação. Tal verificação também pode ser feita por outra

pessoa habilitada, como, por exemplo, por um engenheiro com especialização em

hidráulica.

3O- Constatado o defeito, por iniciativa da

SABESP, ou do consumidor, se a SABESP concordar com a existência dele,

procede ela à troca do aparelho às suas próprias custas, procedendo à reforma da

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conta, que será emitida com base na média dos últimos seis meses. Se não

concordar, mas o consumidor insistir que o defeito existe, a SABESP troca o

aparelho às custas do consumidor, não realizando a reforma da conta. A SABESP

também procede desta mesma forma se o consumidor danificar dolosamente o

aparelho.

31- Se houver divergência entre a SABESP e o

consumidor sobre a existência do defeito, e em se tratando de problema de cunho

individual, caberá ao consumidor se socorrer do Procon, do Juizado Especial de

Pequenas Causas, ou ingressar com ação em Juízo, objetivando obter a troca do

hidrômetro, a redução dos valores de contas, e/ou a devolução de eventuais

quantias pagas, em razão do defeito verificado no hidrômetro .

VI -Consumo elevado de água

32- Se não estiverem ocorrendo nenhum dos

problemas anteriores, o valor elevado da conta pode estar decorrendo de um

consumo elevado de água, ou de desperdícios.

33- Neste caso, de cunho individual, poderá ser o

consumidor orientado a como deve proceder para evitar o desperdício . A SABESP

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tem um folheto que orienta o consumidor neste sentido, o qual se encontra

disponível em suas agências, e também neste CENACON.

34- Neste caso, tem o consumidor o dever de

pagar a conta tal qual emitida, porque o consumo alto se deveu à sua culpa.

Lembro tão somente que, na Capital, quando o valor ultrapassa um determinado

critério, independentemente de outras indagações, pode a SABESP conceder uma

redução por dois meses seguidos. No interior, diferentemente, a SABESP só

concede a redução se , além do valor da conta ser superior a um determinado

patamar, ocorrer algum outro motivo, dentre os quais não se inclui o ora em

análise .

VII- Conclusão quanto aos itens anteriores

35- Em face de tudo o quanto foi exposto, ante

uma reclamação de um consumidor por conta de valor elevado, penso que deverá

ser orientado a tomar de início duas providências.

36- A primeira delas será verificar a ocorrência

de erro de leitura, vazamento, ligação clandestina em sua rede interna ou defeito

no hidrômetro, utilizando-se para tanto dos meios já citados. A segunda será

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pleitear junto à SABESP eventual reforma ou redução da conta, se for o caso,

conforme já também acima exposto.

37- Após, se for o caso, deverá providenciar o

conserto do vazamento, a supressão da ligação clandestina, e a troca do

hidrômetro, bem como se necessário recorrer-se dos órgãos de proteção ao

consumidor do Município, e até da Justiça, para ressarcir-se de eventual prejuízo,

ou obrigar a SABESP a tomar alguma outra providência que seja de sua

responsabilidade.

38- Em todas estas hipóteses se estará frente a

problemas de cunho individual, e não coletivo ou difuso.

VIII- Valor alto efetivo da tarifa

39- Se o problema a ser enfrentado for o de alto

valor da tarifa, importa observar, inicialmente, que com o Governo Color terminou o

controle federal, antes exercido pelo Ministério do Interior, e pelo BNH , sobre o

valor das tarifas cobradas pelas Companhias estaduais de saneamento.

4O- Atualmente, o controle é feito pelo CODEC,

órgão estadual vinculado à Secretaria da Fazenda, que aprova os aumentos

propostos pela SABESP. Não se pode considerar este um controle efetivo, porque,

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como se sabe, quem detém o controle acionário da SABESP é o governo estadual.

Assim, em sendo o CODEC um órgão vinculado à tal governo, verifica-se que o

controle está sendo feito por quem deveria ser controlado.

41- Em não existindo um controle efetivo na

prática exercido sobre os aumentos das tarifas, resta analisarmos se existem

parâmetros legais para a fixação das mesmas, podendo, assim, serem

questionados judicialmente.

42- E tais parâmetros existem , estando

efetivamente fixados na Lei Federal nº 6.528/78, que estabelece as normas gerais

para a fixação das tarifas dos serviços públicos de saneamento básico (muito

embora pelo que me foi dado conhecer não exista mais o sistema administrativo

de controle do valor da tarifa pelo Conselho Interministerial de Preços , instituído

por esta lei, não tendo sido a mesma revogada, continua ela a ter aplicação no

tocante aos critérios que estabeleceu para fixação de tarifas).

43- Assim é que pela leitura do § 2º do art.2º, e

do artigo 4º desta lei, se verifica a existência de quatro normas que devem

nortear a fixação e os aumentos das tarifas. São elas :

a) as tarifas deverão representar o valor do

custo do serviço;

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b) não se admite uma remuneração superior à

12% ao ano sobre o investimento reconhecido, por parte de quem executa o

serviço;

c) deverá ser assegurado o equilíbrio econômico-

financeiro das companhias;

d)deverá ser preservado o aspecto social da

prestação do serviço, assegurando-se prestação do serviço adequado aos

usuários de menor consumo, com base em tarifa mínima.

44- A Constituição Estadual, por sua vez,

estabelece no artigo 122, que os serviços públicos deverão ser prestados com

base em métodos que visem à melhor qualidade e maior eficiência e à

modicidade das tarifas.

45- Assim, em se tratando de critérios

estabelecidos pela lei, e pela Constituição Estadual, entendo que seria viável se

questionar judicialmente eventual aumento da tarifa que não atenda a tais

critérios. Tal questionamento ou impugnação se basearia nestes parâmetros

legais, visando comprovar a ilegalidade do ato administrativo. Ou seja, ao se

proceder à tal impugnação judicial, não se estará ingressando no mérito do ato

administrativo, mas sim no aspecto de sua legalidade.

46- Poder-se-ia também impugnar judicialmente

o valor da tarifa, procurando-se obrigar a SABESP, por exemplo, a cobrar tarifa

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mínima dos usuários de menor consumo , no que nada mais se estaria fazendo do

que se exigir o cumprimento da lei.

47- Tais impugnações poderiam ser feitas,

inclusive, por meio de ação civil pública, já que nestes casos se estaria diante de

interesses difusos ou coletivos a serem protegidos .

48- Lembro ainda que o artigo 39, inciso V, do

CDC, considera prática abusiva exigir-se do consumidor vantagem

manifestamente excessiva. Para se poder impugnar o valor da tarifa com base

neste dispositivo legal, ter-se-ia, no entanto, que se estar de frente a uma tarifa de

valor tão alto, que dispensaria até mesmo a realização de perícia para aferição de

seu abuso, já que só se considera prática abusiva exigir-se uma vantagem

"manifestamente" excessiva do consumidor, sendo que o que é manifesto

independe de qualquer comprovação técnica especializada.

49- Para se impugnar o valor da tarifa com base

na Lei Federal nº 6528/78 , basta, no entanto, que um dos critérios estabelecidos

pela mesma tenham sido descumpridos, descumprimento este cuja prova , em

geral, necessitará da realização de perícia

5O- Acresço também que os Municípios do

Estado de São Paulo, para fins de fixação do valor da tarifa de água e esgoto, são

integrados em três grupos distintos, cada um dos quais possuindo valores de

tarifas diferenciados, conforme elucida o comunicado de fls.49, tendo o Senhor

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Roberto Inui, Superintendente de Análise Econômica e Tarifas da Sabesp, me

informado que a fixação do valor das tarifas se faz pela média do custo dos

serviços prestados a todas as Cidades abrangidas por cada grupo.

51- Caso se queira questionar se o valor da tarifa

corresponde ao seu custo, no entanto, acredito que a questão deverá ser tratada

pelo Promotor de cada Município, separadamente, porque o custo real do serviço

depende das circunstâncias em que ele é prestado em cada Cidade. Assim, o

custo variará dependendo do tipo de solo do Município, do índice populacional, da

quantidade de funcionários da SABESP, do tipo de tratamento dado à água, etc.,

sendo que esta variação de Município para Município me foi confirmada pelo já

referido Senhor Roberto Inui.

52- Observo, a propósito, que antes de se

questionar o valor da tarifa atual, com base no fato de não estar ela retratando o

valor do custo do serviço, seria imprescindível verificar previamente, por meio de

perícia, se tal questionamento não iria levar a um aumento do valor da cobrança,

prejudicando, assim, o consumidor.

53- Observo, ainda, que muito embora a

SABESP preste os seus serviços sob regime de monopólio, este regime não pode

ser impugnado, no meu entender, nos termos e para os fins da Lei 8.158/91 (que

institui normas para a defesa da concorrência), e da Lei 8.137/9O( que define os

crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo).

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54- No interior, o direito de explorar os serviços

com exclusividade, consta das Leis municipais que autorizam o Município a

celebrar contrato de concessão com a SABESP, bem como dos contratos de

concessão celebrados entre o Poder Público Municipal e a SABESP (fls.6O e 67) .

55- Na Capital, não há lei municipal específica

autorizando o Município a transferir para a SABESP o direito de exploração de

determinados serviços, e nem contrato de concessão. A prestação por ela de

serviços de saneamento na Capital se baseia na Lei estadual nº 119/73, que

autorizou o Poder Executivo Estadual a criar a SABESP. Exerce, mesmo assim, de

forma monopolizada, os seus serviços na Capital.

56- Ocorre que este monopólio tem amparo

constitucional, no art.3O, inciso V, da Constituição Federal, que confere aos

Municípios o direito de explorar os serviços públicos de interesse local, como o são

os serviços de fornecimento de água e de coleta de esgoto.

57- Assim, cabe ao Município decidir para quem

concede o direito de explorar este serviço e se decidiu, formal ou informalmente,

só conceder este direito à SABESP, tal direito decorre do poder e da autonomia

que lhe foram concedidos pelo referido dispositivo constitucional .

São Paulo, O5 de outubro de 1993

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DORA BUSSAB CASTELO

Promotora de Justiça

Designada - CENACON

NATUREZA JURÍDICA DA CONTRAPRESTAÇÃO PAGA PELOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO PRESTADOS PELA SABESP: TAXA ou PREÇO PÚBLICO?

I- Introdução

1- Existe muita controvérsia sobre a natureza

jurídica da contraprestação paga pelo recebimento dos serviços de água e coleta

de esgoto sanitário, uns entendendo que se trata de taxa, espécie de tributo, e

outros de preço público ou tarifa.

2- A discussão a respeito da matéria é antiga,

sendo certo que até hoje não se consegui no Brasil, tanto na Doutrina como na

Jurisprudência, se chegar a um entendimento pacífico sobre a questão.

3- Realizei ampla pesquisa na Jurisprudência,

analisando todas as Revistas dos Tribunais desde l98O até agosto de 1993, bem

como as Revistas Trimestrais de Jurisprudência do STF desde 1981 até 199O, e

ainda as Revistas da LEX - Jurisprudência do STF, de 1991 até julho de 1993,

sendo certo ainda que todos os acórdãos anteriores aos períodos pesquisados de

que tomei conhecimento também foram analisados. Todos estes acórdãos foram

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xerocopiados para os autos, a fim de que se possa fornecer cópia aos Promotores

de Justiça interessados.

4- Encontrei, nesta pesquisa, vários acórdãos

sustentando que a natureza jurídica de tal contraprestação seria de taxa ( RT

425/1OO, 444/197, 444/129, 551/14O, 588/258, 6O5/83, 679/158, RTJ 33/465,

4O/311-neste último existem votos nos dois sentidos), e vários outros sustentando

que se trata de preço público ( RT 436/168, 543/125, 561/111, 57O/83, 596/92,

579/135, RTJ 33/147, 82/763, 81/93O).

5- Na realidade, assume-se uma ou outra

posição dependendo do entendimento que se tenha a respeito da definição e dos

critérios distintivos entre taxa e preço público. Até hoje, no entanto, muita

controvérsia existe sobre qual a diferença efetiva existente entre taxa e preço

público, não se tendo igualmente conseguido chegar a uma posição pacífica. A

este respeito, interessante se consultar o volume 1O do Caderno de Pesquisas

Tributárias, sobre "TAXA E PREÇO PÚBLICO", que contém pareceres da lavra de

16 Tributaristas conceituados sobre o tema ( Co-edição Centro de Estudos de

Extensão Universitária e Editora Resenha Tributária, São Paulo, 1985).

6- Os critérios distintivos invocados , tanto pela

Doutrina como pela Jurisprudência, para diferenciar taxa de preço público são

vários, pelo que passarei a citá-los resumidamente.

II- Critérios utilizados pela Doutrina e pela Jurisprudência, para distinguir taxa de preço público

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7- O primeiro critério que encontrei diz respeito à

obrigatoriedade ou não de o serviço ser prestado e de o particular dele se

utilizar , entendendo-se, assim, que se estará diante de uma taxa se tal

obrigatoriedade existir, e diante de um preço público, se o serviço puder ser

facultativamente prestado e utilizado pelo consumidor.

8- Tal critério distintivo foi inclusive objeto da

Súmula 545 do STF, editada nestes termos: "Preços de serviços públicos e taxas

não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e

têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à

lei que as instituiu". Tal Súmula é antiga, anterior à setembro de 198O, data do

acórdão que a citou e através do qual pode esta Promotora tomar conhecimento

da mesma(RTJ 98/23O).

9- Tal critério, no entanto, foi posteriormente pelo

próprio Supremo Tribunal Federal considerado deficiente para determinar a

diferença entre taxa e preço público( RTJ 98/23O), porque existem taxas que não

são impostas obrigatoriamente ao particular, que só as pagará se,

facultativamente, quiser se utilizar de um determinado serviço público. Exemplo

destas taxas são as taxas judiciárias . Assim, a obrigatoriedade do serviço e sua

utilização compulsória pelo particular não são elementos que sempre estão

presentes nas taxas.

1O- Outro critério distintivo que se invoca é a

natureza do serviço prestado. Assim, entende-se que se estará diante de uma

taxa, se o serviço for considerado essencial, impassível de descentralização, por

se inserir nas obrigações básicas do Estado, visando-se por meio dele atender a

um interesse coletivo, e só secundariamente aos interesses individuais. Por outro

lado, se estará diante de um preço público, se o serviço for de natureza industrial,

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passível de descentralização, e visar atender primeiramente os interesses

individuais .

11- Invoca-se também, para se distinguir a taxa

do preço público, a circunstância de que a primeira pode ser exigida quando o

serviço é simplesmente colocado à disposição do particular, ao passo que o preço

só pode ser exigido quando o particular se utiliza efetivamente do serviço.

12- Outro elemento de distinção que se invoca é

o regime jurídico a que está sujeita uma ou outra contraprestação. Assim, se os

traços essenciais fixados pelo legislador são característicos do regime de taxa,

desta se tratará. Se forem característicos do regime de preço, deste se estará

cuidando.

III- Conseqüências da distinção entre taxa e preço público

13- A conceituação de um pagamento como taxa

ou preço público gera conseqüências extremamente importantes.

14- E isto porque em se tratando de taxa,

existem restrições constitucionais que devem ser obedecidas. Assim, a taxa, como

espécie de tributo, só pode ser instituída e aumentada por lei, devendo-se

respeitar ainda o princípio da anualidade. Já o preço público está livre destas

restrições, podendo ser criado e aumentado por Decreto.

15- Ou seja, ao se conceituar uma

contraprestação como taxa, ficará ela sujeita a todo o regime jurídico público

tributário estabelecido pelo nosso Ordenamento , ao passo que se a

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conceituarmos como preço público, ficará ela sujeita a um regime de direito

privado, inclusive sujeita ao Código de Defesa e Proteção do Consumidor, muito

embora por se tratar de preço" público", em geral fica sujeita também a um

determinado controle administrativo fixado pela lei.

16- Outra conseqüência desta distinção, é que

em se tratando de preço público, se admite a suspensão do fornecimento do

serviço, em caso de seu não pagamento pelo consumidor, sendo que em se

tratando de taxa, em caso de não pagamento da mesma, somente se admite a

cobrança judicial, muito embora tenha esta Promotora de Justiça encontrado

acórdãos sustentando que mesmo em se tratando de taxa, a contraprestação

devida pelos serviços de água e esgoto, se não paga, pode ensejar a suspensão

de seu fornecimento( ( RTJ 4O/311, RT 425/1OO, e RT 679/158 ).

17- No tocante especificamente à natureza da

contraprestação paga pelos serviços de água e esgoto, são vários os argumentos

invocados ora para se sustentar que se trata de taxa, ora para se sustentar que se

trata de preço público.

IV- Argumentos invocados para defesa da tese de que a Sabesp cobra taxa

18- Na defesa da tese de que a natureza jurídica

de tal contraprestação seria de taxa, propugna-se por uma interpretação literal do

disposto no artigo 145, inciso II, da Constituição Federal, segundo o qual a União,

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Estados, Municípios, e o Distrito Federal, podem instituir taxas, em razão do

exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços

públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua

disposição.

19- Assim, sustenta-se que se o Poder Público

quiser cobrar uma contraprestação pela prestação dos serviços públicos de água

e esgoto, terá que necessariamente cobrar uma taxa, não tendo a liberdade de

escolher entre cobrar taxa ou preço público. Sustenta-se, ainda, que pela

Constituição Federal de 1946, tal escolha era permitida, porque o Poder Público

podia cobrar além dos tributos hoje conhecidos, uma contraprestação denominada

de renda (art.3O, inciso III). Com a não repetição de tal inciso nas Constituições

posteriores, ter-se-ia impedido ao Poder Público, em se tratando de verdadeiro

serviço público, a cobrança de um preço.

2O- Argumenta-se ainda com a obrigatoriedade,

efetivamente existente em nosso ordenamento jurídico, de ser a residência ligada

às redes pública de água e esgoto, quando estas redes tiverem sido instaladas na

região.

21- Realmente, a Lei Federal nº 2.312/54, em

seu art.11, torna obrigatória a ligação de toda construção à rede pública de esgoto.

O Decreto nº 49.974-A, que regulamentou tal lei, repete tal obrigatoriedade,

estendendo-a também à rede pública de água(art.36). O Código Sanitário Estadual

(Decreto nº 12.342//78) determina por sua vez que onde houver rede pública de

água e esgoto, as edificações deverão ser obrigatoriamente a ela ligadas(artigo 9º,

§ 1º).

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22- Os que defendem se tratar de taxa, invocam

ainda a natureza do serviço de água e esgoto, sustentando se tratar de serviço

essencial, que interessa antes à coletividade do que ao indivíduo.

23- Argumentam ainda que a contraprestação

pelos serviços de água e esgoto é devida mesmo que o particular não se utilize

destes serviços, só os tendo à sua disposição, o que só é possível de ocorrer em

se tratando de taxa e não de preço público.

V- Argumentos invocados para a defesa da tese de que a SABESP cobra preço público

24- Por outro lado, para defesa da tese de que a

contraprestação pelos serviços de água e esgoto se trata de verdadeiro preço

público , invoca-se o fato de tais serviços poderem ser objeto de descentralização,

podendo, portanto, serem prestados por uma concessionária de serviços públicos,

cuja única remuneração admissível seria o preço público.

25- Argumenta-se que se trata de serviço de

natureza comercial ou industrial, que requer muitos gastos, só podendo ser

prestado com base em um regime tarifário, que permite maior flexibilidade do que

a taxa.

26- Há quem sustente inclusive que o que se visa

atender em um primeiro plano é o interesse particular dos usuários , e só

secundariamente o interesse público.78

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27- No acórdão proferido pelo pleno do STF,

inserto na RTJ 98/23O, proferido em O4.O9.8O, admitiu-se que não haveria

obrigatoriedade na utilização do sistema público de água , podendo o particular,

em querendo, se servir de meios próprios para obtenção da mesma, como, por

exemplo, pegar água de um poço.

28- Argumenta-se ainda que o particular só paga

a contraprestação em análise se efetivamente se utilizar do serviço.

VI- Nosso entendimento

29 - Colocados os principais argumentos

invocados por ambas as correntes existentes sobre o assunto, passo a analisá-los

e a manifestar o meu entendimento, esclarecendo desde logo que acredito ser de

preço público a natureza jurídica da contraprestação cobrada pelos serviços de

fornecimento de água coleta de esgoto prestados pela SABESP.

3O- Primeiramente, entendo que o disposto no já

referido inciso II, do art.145, da Constituição Federal, não significa que a taxa seja

a única remuneração constitucionalmente permitida para a prestação de serviços

públicos.

31- Tal dispositivo constitucional não pode ser

interpretado isoladamente, mas sim em consonância com o artigo 175, parágrafo

único, inciso III, da mesma Carta Magna, que prevê outra forma de remuneração

dos serviços públicos, qual seja, a tarifa.79

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32- O art.175 da Magna Carta permite que os

serviços públicos sejam objeto de descentralização para concessionárias e

permissionárias, determinando que, para estas hipóteses, a lei disciplinará, dentre

outros assuntos, a política tarifária, sendo que, como se verá mais a frente, tarifa

é um termo mais ligado à preço, ou pelo menos um vocábulo que também pode

abranger preço público.

33- Portanto, os serviços públicos, quando

prestados por concessionárias ou permissionárias, podem ser remunerados por

preço público . Aliás, encontrei vários acórdãos aceitando a cobrança de preço

público mesmo por Departamentos de Água e Esgoto do Estado ou Município,

quando estes estiverem prestando os serviços de fornecimento de água e coleta

de esgoto ( RTJ 33/147, 579/135, 561/111, 82/763) .

34- Admitindo-se, no entanto, para efeitos de

argumentação, que somente as concessionárias ou permissionárias de serviços

públicos possam cobrar preço público, é bom salientar que os serviços de água e

esgoto podem ser objeto de descentralização, sendo legítima sua prestação pela

SABESP.

35- Entendo que somente os serviços que a

própria Constituição Federal ou a legislação infra-constitucional delegar com

exclusividade à Administração Direta é que não poderão ser objeto de

descentralização, como ocorre com os serviços de Justiça.

36- No caso dos serviços de água e esgoto, nem

a Constituição Federal, nem a legislação infra-constitucional proíbem a sua

prestação por concessionárias de serviço público, pelo que se conclui ser possível

juridicamente a concessão deles à SABESP .

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37- No entanto, é bom que se ressalte também,

que a possibilidade de descentralização de um serviço não significa que,

necessariamente, terá ele que ser remunerado por meio de preço público, se for

efetivamente objeto de descentralização à uma concessionária.

38- Ou seja, a possibilidade jurídica de se

transferir os serviços de água e esgoto à SABESP e a transferência efetiva a ela

de tais serviços, não basta, por si só, para se firmar o entendimento de que de

preço público se trata a contraprestação por ela cobrada.

39- E isto porque nada impede que o serviço seja

objeto de descentralização, e mesmo assim seja cobrado um tributo, instituído pelo

Poder Público Concedente, cobrado por este, repassando-se o arrecadado para à

Concessionária, ou instituído pelo Poder Público Concedente, mas transferindo-se

à Concessionária a capacidade tributária( e não a competência, que é

indelegável), para cobrar e ficar com o produto de sua arrecadação ( Caderno de

Pesquisas Tributárias, Vol. 1O, Taxa e Preço Público, Co-edição Centro de

Estudos de Extensão Universitária e Editora Resenha Tributária, 1991, fls.127).

4O- O que confere à contraprestação cobrada

pela SABESP a natureza jurídica de preço público é o nosso ordenamento jurídico,

ou o regime jurídico a que está submetido, bem como o fato de seu pagamento só

ser obrigatório para quem efetivamente se utilizar dos serviços por ela prestados.

41 - O Decreto Estadual nº 21.123/83 regula a

estrutura do sistema tarifário a ser utilizado pela SABESP, conferindo ao valor por

ela cobrado características de preço público, tanto que pela leitura de seus artigos

1º, 9º e 25º, verifica-se que a cobrança instituída por tal Decreto só se aplica às

edificações que tenham feito às ligações de suas redes particulares às redes

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públicas de água e/ou esgoto, ou seja, só se aplica a quem estiver se utilizando

efetivamente do serviço.

42- Nada existe em tal Decreto que caracterize

como taxa a contraprestação cobrada pela SABESP, como ocorreu, por exemplo

com a tarifa básica de limpeza urbana cobrada pela COMLURB(Cia. Municipal de

Limpeza Urbana da Cidade do Rio de Janeiro), que foi considerada

inconstitucional pelo STF, em razão de seus traços essenciais fixados em Decreto

mais se afeiçoarem à taxa do que à preço público(RTJ 98/231).

43- A fixação por tal Decreto do valor da tarifa de

esgoto à base do consumo de água é apenas um critério estabelecido para

cobrança da mesma, não sendo suficiente para lhe conferir a configuração de

tributo.

44- Tal Decreto nº 21.123/83, foi baixado com

base na Lei Estadual nº119/73, que autorizou o Poder Executivo a criar a SABESP,

e dispôs, em seu art.3º, que a cobrança dos serviços prestados pela mesma

obedecerá ao regime tarifário.

45- A Constituição Estadual, por sua vez, em

seu artigo 12O, estabelece que os serviços públicos serão remunerados por tarifa, fixada pelo órgão executivo competente.

46- Ora, não há dúvida de que o vocábulo tarifa

aqui utilizado o foi no sentido de preço público, porque somente este pode ser

fixado pelo órgão executivo competente, e jamais a taxa que, como tributo, só

pode ser instituída e aumentada por lei .

47- Assim, o Decreto nº 21.123/83 e a Lei nº

ll9/73 não infringem a Constituição Estadual, nela encontrando amparo.82

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48- Temos ainda a Lei Federal nº 6528/78, que

estabelece normas gerais para a cobrança de tarifas dos serviços públicos de

saneamento básico, conferindo à tal cobrança um regime jurídico próprio de preço

público, tanto que determina competir aos Estados, através das Companhias

Estaduais de Saneamento, realizar estudos para fixação de tarifas, o que não

poderia ocorrer se o regime jurídico por ela instituído para tal cobrança fosse

tributário, já que neste caso somente a lei poderia fixar o valor do tributo .

49- Portanto, toda a legislação infraconstitucional

até agora citada instituiu um regime jurídico próprio de preço público para a

cobrança efetuada pela SABESP. Resta saber se tal legislação não viola

dispositivos da Constituição Federal, sendo negativa a resposta a que se chegou.

5O- O art.175, parágrafo único, da Constituição

Federal, conforme já exposto anteriormente, confere à lei a incumbência de

estabelecer a" política tarifária" dos serviços prestados por concessionárias e

permissionárias de serviços públicos.

51- Não tendo a Constituição Federal definido ela

própria o que se deve entender por política tarifária, empreendi pesquisa na

Doutrina e em vários Dicionários, para averiguar o conceito de tarifa e, pois, se a

legislação infraconstitucional, ao estabelecer o regime jurídico de preço público

para a contraprestação cobrada pela SABESP seria ou não inconstitucional.

52- Hamilton Dias de Souza e Marco Aurélio

Greco mencionam em seu artigo inserto no Vol. 1O dos Cadernos de Pesquisas

Tributárias já mencionado (pag.128), que tarifa não significa preço

necessariamente, pois "o vocábulo tarifa significa apenas a" tabela", "lista", "rol",

"pauta". Vale dizer, refere-se a uma forma de apresentação de determinado

conteúdo e não ao próprio conteúdo".

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53- Analisando vários Dicionários, no entanto,

verifiquei que uma das definições para tarifa constante em quase todas as obras, é

a de " registro, tabela ou pauta de preços ou valor especial de um gênero "

( Dicionário Brasileiro Contemporâneo- Francisco Fernandes, Ed.Globo, l965, 2º

edição; Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 6º edição, Livraria Bertrand,

Cândido de Figueiredo, Vol. II; Dicionário Enciclopédico Brasileiro Ilustrado, Álvaro

Magalhães, 1943, Edição 1267 A, Editora Globo; Dicionário Contemporâneo da

Língua Portuguesa, 1978, 3º edição, Editora Delta S/A; Grande Dicionário

Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, 8º Vol., Editora Saraiva, 1967; Novo

Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 1º

edição, Editora Nova Fronteira; Dicionário de Direito Tributário, Editor José

Bushatsky, 1975; Dicionário Jurídico, 7º edição, 199O, Humberto Piragibe

Magalhães e Christovão Piragibe Tostes Malta).

54-Em apenas um Dicionário, encontrei como

uma das definições de tarifa imposto. Mas mesmo nesta obra, não se deixou de

também conceituar tarifa como lista de preços, valores, porcentagens, inclusive

especificando que um dos conceitos de tarifa é o do preço fixado pelo Estado para

as concessionárias de serviços públicos cobrarem dos usuários (Dicionário

Jurídico, 7º edição, 199O, Humberto Piragibe Magalhães e Christovão Piragibe

Tostes Malta).

55- Assim, por esta pesquisa, conclui que muito

embora tarifa não seja sinônimo de preço, um dos significados que em geral se

atribui a tal expressão, dentre outros, é o de forma de apresentação de preços( ou

valores genericamente considerados) .

56- Acresça-se que o significado usual que se dá

à tarifa é de preço público, inclusive na jurisprudência ( RT 57O/84).

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57- Assim, quando a Constituição Federal se

refere, no inciso III, do parágrafo único do art.175 à "política tarifária", entendo

que está ela admitindo que as concessionárias ou permissionárias de serviços

públicos possam ser remuneradas por meio do recebimento de um preço público.

Assim, ainda que se possa sustentar que esta não seja a única forma passível de

remuneração de uma concessionária, com certeza é uma das formas

constitucionalmente permitidas.

58- Portanto, ao se estabelecer, através da

legislação infraconstitucional já citada, um regime jurídico próprio de preço público

à contraprestação cobrada pela SABESP, não se violou a Constituição Federal.

59- Além do exposto até aqui, entendo que a

natureza jurídica da contraprestação exigida pela SABESP é de preço público

porque não há obrigatoriedade de seu pagamento se não utilizado o serviço.

6O- Muito embora existam taxas mesmo sem

obrigatoriedade de pagamento, se não utilizado o serviço(serviços de Justiça), não

sendo, portanto, este critério da obrigatoriedade suficiente para se distinguir taxa

de preço público, é certo que quando tal obrigatoriedade existe, de ser o serviço

pago, mesmo sem ser utilizado, se estará, sem dúvida alguma, frente à uma taxa,

porque só esta espécie tributária pode ser exigida em tal situação, pelo disposto no

art.145, II, da CF, e nunca um preço público, que deve ser pago apenas se o

serviço for efetivamente prestado.

61- Ou seja, não se pode exigir preço público

pelo fato de um serviço ser colocado à disposição do usuário, mas apenas pelo

fato de o serviço ser-lhe efetivamente prestado, pois preço, instituto originário do

Direito Privado, pressupõe sempre o recebimento de algo por quem o efetua

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(artigos 1122 e 1216 do Código Civil), estando ligado à idéia de contrato, que gera

direitos para ambas as partes.

62- No caso dos serviços prestados pela

SABESP, o usuário só paga se efetivamente se utilizar dos mesmos.

63- Quando paga a tarifa mínima, mesmo sem

ter consumido água e/ou se utilizado do sistema de esgoto no mês, está efetuando

o pagamento de um serviço que, mesmo sem o uso da água e do sistema de

esgoto, lhe está sendo efetivamente prestado.

64- É que a SABESP, havendo ou não uso da

água e/ou do sistema de esgoto, procede, permanentemente, à leitura mensal do

hidrômetro, à emissão e entrega da conta, ao tratamento e reserva da água, etc.

Ou seja, existe um serviço que é permanentemente prestado ao usuário, quer ele

se utilize ou não da água e/ou do sistema de esgoto no mês, e é este serviço que

paga ao quitar a tarifa mínima na hipótese em análise.

65- Não há dúvida ainda que em havendo redes

públicas de abastecimento de água e de coleta de esgoto, toda edificação deverá

ser a tais redes ligadas, obrigatoriamente ( Lei Federal nº 2.312/54, artigo 11,

Decreto Federal nº 49.974-A, artigo 36, § 2º, e Decreto Estadual nº 12.342/78 ,

art.9º, § 1º-fls.15/34).

66- No entanto, a sanção para o caso de não

cumprimento desta obrigação, não é a cobrança de um valor, mas sim sanções

administrativas, consistentes em advertência, multa ou interdição, a serem

aplicadas pela Secretaria de Estado da Saúde, conforme prevê o Decreto-Lei

Estadual nº 211, de 3O.O3.7O.

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67- Portanto, o não cumprimento desta obrigação

gera efeitos , ou deve gerar, para a área sanitária, e não para a SABESP, que só

efetua a ligação das redes particulares às redes públicas de água e esgoto, com a

concordância ou mediante solicitação do particular (ver informações prestadas às

fls.O5/14). Nem poderia ela, aliás, efetuar por iniciativa própria tais ligações, já que

cabe ao particular construir o cavalete e o abrigo, necessários para que se faça a

ligação da rede pública à rede particular de água (item III, B, 1, "b", da Norma 43

baixada pela SABESP-fls.132), bem como cabe ao particular preparar as suas

instalações internas para ligação de sua rede particular à rede pública de esgoto.

68- Além desta impossibilidade prática de a

SABESP providenciar as ligações contra a vontade do particular, não é ela dotada

de poder de polícia, não tendo meios de obrigar o particular a proceder tais

ligações.

69- Também não lhe foi conferido o direito de

cobrar a tarifa mesmo sem que tenham sido efetuadas tais ligações. E este é o cerne da questão, porque se tal direito lhe tivesse sido atribuído pela lei ou por

Decreto, dai não há dúvida, de taxa se trataria a contraprestação por ela exigida.

Como só pode cobrar, se estiver prestando efetivamente o serviço, nada impede

que cobre por eles um preço público.

7O- Ou seja, se o serviço estiver sendo

efetivamente prestado, tanto se poderá cobrar um preço público como uma taxa.

Se o serviço não estiver sendo prestado, somente se poderá cobrar uma taxa.

71- Finalmente, observo que diferenciar-se preço

público de taxa com base na natureza do serviço jurídico prestado, é um critério

muito subjetivo, não conferindo a objetividade que se necessita para resolução de

casos práticos. Não há dúvida que a SABESP presta serviços de interesse

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coletivo, porque suas atividades impedem a propagação de doenças, protegendo a

saúde pública. No entanto, também atendem ao interesse dos particulares, de

receberem água em sua residência, e terem onde despejar o esgoto.

72- O que atende primeiro ou primordialmente,

vai depender da visão que se tenha sobre o assunto, tendo esta Promotora

encontrado acórdãos em ambos os sentidos.

73- Ou seja, este critério não foi por mim utilizado

para resolução da questão, justamente pela falta de objetividade. Aliás, mesmo

que se considere os serviços prestados pela SABESP como de interesse público

primordialmente, nada impede que sejam eles descentralizados e remunerados

por tarifa, por todas as razões já expostas.

74- Concluindo, entendo que é de preço público

a natureza jurídica da contraprestação exigida pela SABESP, porque este é o

regime jurídico a que está subordinado, não sendo obrigatório o seu pagamento se

não utilizado o serviço, e não estando tal cobrança infringindo dispositivos

constitucionais ou legais, encontrando, pelo contrário, amparo no nosso

ordenamento jurídico.

São Paulo, 21.O9.93

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de JustiçaDesignada - CENACON

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TARIFA DE ESGOTO

I - Introdução

1- Segundo informado pelos técnicos da

SABESP (fls.11/14), a tarifa de esgoto é cobrada à base de 1OO% sobre o

consumo de água na Capital e na Baixada Santista, e à base de 8O% do consumo

de água em todo o interior.

2- A base jurídica para a cobrança deste

percentual de 1OO% sobre o consumo de água, na Capital e na Baixada Santista,

é o Decreto Estadual nº 21.123/83, que no parágrafo 2º de seu artigo 3º determina

que:

"Para efeito do cálculo da conta, considerar-se-á

volume de esgotos coletado no período o correspondente ao da água faturada

pela SABESP, e/ou consumida de sistema próprio, medido ou avaliado pela

SABESP."

3- No tocante ao percentual de 8O% cobrado no

interior, o mesmo foi fixado por decisão da SABESP, no Comunicado de

18.O5.84(fls.58) , tendo sido divulgado pela Imprensa no dia 29.O5.84 (fls.59).

Segundo consta do texto da divulgação desta decisão, a SABESP fixou tal

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percentual "levando em conta as dificuldades econômicas vividas por grande parte

da população atendida pela mesma no interior"(fls.59).

4- Segundo informado pelos técnicos da SABESP

(fls.O7/1O), no entanto, a diferença de percentual de cobrança entre a Capital e a

Baixada Santista (1OO%) e o interior (8O%), decorreria do fato de que no interior,

diferentemente do que ocorreria na Capital e na Baixada Santista, não haveria

tratamento do esgoto.

5- A cobrança da tarifa de esgoto tem sido

impugnada em algumas Cidades do interior, sob os seguintes argumentos : a) de

que por ser obrigatória a ligação das redes particulares às redes públicas de

esgoto, a natureza jurídica de tal cobrança não poderia ser de preço público, que

pressupõe liberdade das partes em contratar; b)que não poderia, no entanto, ser

cobrada" taxa", espécie tributária, pela prestação de tal serviço, porque este não

seria específico e nem divisível; c) que tal cobrança seria arbitrária, por se basear

não no uso da rede de esgoto, mas sim no consumo de água ; d) que tal tarifa não

seria devida pelo fato de a SABESP não tratar o esgoto, prestando, assim, um

serviço inadequado e insatisfatório, sendo que em geral também não seria a

responsável pela instalação do sistema.

II- Natureza Jurídica da cobrança pela prestação do serviço de esgoto

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6- Quanto ao primeiro argumento acima

relacionado , foi elaborado parecer em separado, ao qual ora me reporto, tendo

nele se concluído que a natureza jurídica da cobrança efetuada pela SABESP,

tanto com relação ao serviço de água, quanto com relação ao serviço de esgoto, é

de tarifa, preço público, e não de taxa, espécie tributária.

III- Especificidade e Divisibilidade do Serviço de Esgoto

7- Quanto à alegação de que o serviço de esgoto

seria inespecífico e indivisível , não podendo, pois, embasar a cobrança de uma

taxa, que pressupõe a prestação de um serviço específico e divisível (art.145,

inciso II, da Constituição Federal), entendo que está incorreta a afirmação.

8- A análise desta alegação é ora feita apenas

com o intuito de abordar nesse estudo por completo as questões levantadas

relativamente à tarifa de esgoto, já que o nosso entendimento é no sentido de que

de preço público é a natureza da cobrança feita pela SABESP com relação à

prestação do serviço de esgoto.

9- O art.79, incisos II e III, do Código Tributário

Nacional, define o que se deve entender por serviços públicos específicos e

divisíveis, estabelecendo que serviços específicos são aqueles passíveis de serem

destacados em unidades autônomas de intervenção, utilidade ou necessidade

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públicas , e divisíveis aqueles suscetíveis de utilização, separadamente, por parte

de cada um dos seus usuários.

1O- Melhor esclarecendo a doutrina, serviços

específicos são aqueles em que se pode detectar quem o usa direta e

pessoalmente, sendo utilizados individualmente (“uti singuli”) por cada consumidor,

distinguindo-se dos serviços genéricos, em que o que se verifica é uma utilização

generalizada e indistinta por todos (“uti universi”), não se podendo identificar quem

são os seus usuários .

11- A divisibilidade, por sua vez, é vista como

uma conseqüência da especificidade, consistindo na possibilidade de divisão do

custo do serviço entre os usuários determinados, com base na quantidade utilizada

por cada um deles (in "Compêndio de Direito Tributário", de Bernardo Ribeiro de

Moraes, fls.531/534), ou com base em um critério rateador utilizado pelo legislador

(in "Curso de Direito Tributário", de Edgar Neves da Silva, Vol. 2, Belém, CEJUP,

1993, pags.362/363).

12- Levando-se em consideração estes conceitos

legal e doutrinário, verifica-se que o serviço de esgoto é específico e é divisível.

13- E isto porque é prestado especificamente

com relação a determinados usuários, os quais podem ser identificados, sendo

que se trata de serviço passível de utilização individual, por cada consumidor (“uti

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singuli”), tanto que cada um tem uma ligação específica com a rede pública de

esgoto, se utilizando dela individualmente.

14- Não se pode, por exemplo, equiparar o

serviço de esgoto ao de iluminação pública, este último sim, impassível de fruição

individual, prestado indistintamente com relação a toda uma coletividade, sem

possibilidade de identificação de seus usuários. Justamente por esta natureza

genérica do serviço de iluminação pública, que a "taxa de iluminação pública " já

foi julgada inconstitucional por várias decisões ( RT 642/1O2, 623/116, 612/119,

etc.). A iluminação pública realmente é um serviço prestado "uti universi" e não "uti

singuli", não podendo, portanto, ser cobrada "taxa", que pressupõe, conforme já

exposto, a prestação de um serviço público específico e divisível (art.145, inciso II

da Constituição Federal ).

15- Esta comparação com o serviço de

iluminação pública foi feita apenas para tornar mais clara a distinção entre serviços

específicos e genéricos, e para demonstrar que o serviço de esgoto é específico e

não genérico .

16- Quanto à possibilidade de divisão dos custos

do serviço, pode ela se basear em um critério rateador estabelecido pelo

legislador, como sustentado por uma das obras acima citadas. No entanto, mesmo

que se entenda que o serviço tenha que poder ser medido individualmente, é de se

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ponderar que esta possibilidade deve estar presente na análise da natureza do

serviço, não se exigindo que haja possibilidade prática de medição.

17- É que a medição do uso da rede de esgoto

por cada particular é inviável na prática, pelas razões que logo mais serão

expostas. No entanto, esta impossibilidade prática não retira do serviço de esgoto

a sua natureza de divisibilidade, ou seja, considerando-se o serviço de esgoto em

si, antes de se perquirir sobre a viabilidade prática do sistema de medição, tem-se

que ele pode ser objeto de medição, já que é utilizado individualmente por cada

usuário, tal qual ocorre com a água. E esta divisibilidade ligada à natureza do

serviço, é o que basta para que seja ele considerado divisível. Tanto a

Constituição Federal(art.145, II), quanto o Código Tributário Nacional (art.79, II e

III), e os ensinamentos doutrinários sobre o assunto, se referem à especificidade e

à divisibilidade como características da natureza do serviço a ser objeto de taxa.

18- Acresça-se que o fato de o serviço de esgoto

atender não só a interesses individuais, mas também à necessidade de ordem

social, consistente no impedimento da propagação de doenças contagiosas, não

lhe retira o caráter de divisibilidade e especificidade, sendo normal que assim

ocorra, por se tratar de serviço público, em cuja concepção está ínsita a idéia de

atender a um interesse público, ainda que também atenda a interesses particulares

.

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IV- Cobrança da tarifa de esgoto com base no consumo de água

19- Quanto ao terceiro argumento que vem sendo

utilizado, para se sustentar a ilegalidade da cobrança da tarifa de esgoto, no

sentido de que a mesma seria arbitrária, por ser fixada sobre o consumo de água,

e não sobre o uso da rede de esgoto, passa-se a fazer as considerações que se

seguem.

2O- De fato, juridicamente, e à primeira vista,

parece-me que se poderia sustentar a ilegalidade da cobrança da tarifa de esgoto,

porque se considera, como volume de esgoto coletado, o correspondente ao da

água , ou seja, se fixa um limite de quantidade de consumo, para fins de cobrança

do esgoto, que não corresponde ao serviço efetivamente consumido , o que pode

se caracterizar como prática abusiva (art.39, I, do Código de Proteção ao

Consumidor), abuso do poder econômico (art.2º, alínea "a", da Lei nº 8.158/91), e

ainda prática criminosa (art.5º, inciso III, da Lei 8137/9O).

21- Em face deste entendimento, procurei saber,

então, se o uso da rede coletora de esgoto poderia ser medido individualmente,

assim como se faz com o uso do sistema de água, este último por meio dos

hidrômetros instalados em cada residência.

22- Por meio de informes colhidos dos técnicos

da SABESP(fls.7/1O), tomei conhecimento de que existem disponíveis no mercado

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aparelhos medidores de esgoto. No entanto, foram desenvolvidos para serem

instalados em locais onde é bastante grande a vazão do esgoto, como em um

córrego, ou em uma indústria, por exemplo.

23- Não existem disponíveis no mercado nacional

e nem no internacional, aparelhos medidores de esgoto domiciliar, o que foi

confirmado pela ASFAMAS ( Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais e

Equipamentos para Saneamento), conforme apurado pelo Dr. Pedro Caetano

Sanches Mancuso, engenheiro que presta serviços a este CENACON, Professor

da Faculdade de Saúde Pública da USP(fls.3O8).

24- Segundo informado ainda pelo referido

engenheiro, em termos de desenvolvimento tecnológico mundial, no tocante a

aparelhos medidores de esgoto, não se inventou ainda um aparelho que possa

proceder à uma medição "precisa" da vazão de esgoto, com a presença de

material sólido(fls.3O8).

25- Esclarece o mesmo que, os aparelhos

medidores de líquidos já desenvolvidos, só funcionam eficazmente, apresentando

um resultado preciso, quando não há presença de material sólido(fls.3O8)

26- Na vazão do esgoto, no entanto, tal presença

é inevitável, porque na rede de esgoto entram sabidamente fezes, alimentos,

objetos metálicos, papéis, etc. Assim, o resultado oferecido por um aparelho

medidor seria bastante impreciso(fls.3O8), não podendo basear uma cobrança

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tarifária, que requer um sistema de medição sem erros. Considere-se ainda que o

aparelho medidor também ficaria sujeito a constantes entupimentos, (fls.12), o

que torna ainda mais evidente a inviabilidade prática de se instalar um sistema de

medição.

27- A medição nas grandes vazões, é feita por

aparelhos igualmente grandes, não sendo, em virtude deste tamanho dos

aparelhos, tão afetada pela presença de material sólido, sendo que, conforme

informado por aquele engenheiro Mancuso, em geral tais medições também

oferecem um resultado bastante impreciso, não sendo feitas para basear uma

cobrança tarifária(fls.3O8).

28- Assim, ante tais esclarecimentos prestados

pelo Dr. Pedro Caetano Sanches Mancuso, acabei por concluir que se afigura

inviável, na prática, instalar-se um sistema de medição de esgoto, para fins de

cobrança da tarifa respectiva.

29- Estas informações prestadas pelo

Dr.Mancuso foram definitivas para formação de meu convencimento sobre a

questão, muito embora também inicialmente outras razões estivessem me levando

a assim concluir .

3O- Preocupava-me o transtorno que iria ser

causado àquelas inúmeras pessoas, que já têm suas residências ligadas à rede

pública de esgoto. E isto porque, para que se pudesse concretizar a medição do

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esgoto com relação a elas, teriam as mesmas que proceder a reformas em suas

residências, uma vez que para que a cobrança se fizesse com base na medição, o

cano de esgoto teria que sair para a rua, para que o relógio de medição respectivo

pudesse ser instalado, e lido pelos funcionários da SABESP, conforme informaram

os técnicos desta última(fls.7/1O).

31- Outro motivo que me preocupava era o

possível aumento do custo do sistema de esgoto, com reflexos sobre o valor da

tarifa, uma vez que a SABESP provavelmente iria cobrar do consumidor os custos

adicionais pela implantação deste novo sistema, que obviamente demandaria

novas tarefas, de leitura, de manutenção, etc. , às quais corresponderiam novos

custos, como informado pelos técnicos da SABESP (fls.12), e pelo Dr.

Mancuso(fls.3O9).

32- Mas mesmo ante tais considerações, ainda

me colocava em dúvida quanto ao cabimento do sistema de medição, porque

acreditava que a SABESP deveria pelo menos conferir ao consumidor o direito de

optar entre pagar de acordo com o sistema atual de estimativa, ou de acordo com

o sistema de medição. No entanto, mesmo este direito de opção acabou ficando

prejudicado, ante os esclarecimentos prestados pelo Dr.Mancuso, no sentido de

que não existe aparelho medidor de água que possa funcionar precisamente com

a presença de material sólido. Assim, uma das opções que se visava conferir ao

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consumidor seria inviável na prática, já que somente uma medição precisa poderia

embasar uma cobrança tarifária.

33- Esta inviabilidade prática de medição

provavelmente deve ser o fator que justifica a não adoção deste sistema de

medição do esgoto em outros Países. É que segundo informado pelos técnicos da

SABESP(fls.12), e segundo se pode concluir das informações prestadas pelas

ASFAMAS(fls.3O8), tal sistema parece não ser adotado em outros Países, salvo o

caso raríssimo de uma Cidade no Japão, País de Primeiro Mundo, em que o

material sólido jogado na rede de esgoto é previamente triturado, por aparelhos

específicos instalados nas residências.

34- Tal impossibilidade prática de se instalar um

sistema de medição de esgoto afasta, ou pelo menos enfraquece ou torna

duvidosa, por conseqüência, a afirmação que se fez inicialmente, no sentido de

que a forma atual de cobrança do serviço de esgoto seria abusiva ou ilegal.

35- É que me parece que há justa causa para a

cobrança por estimativa, face à impossibilidade de conduta diversa por parte da

SABESP.

36- O que caberia ser apurado, no entanto, é

se esta estimativa corresponde ao custo, ainda que aproximado, do uso do

sistema de esgoto , já que a cobrança atual da tarifa de esgoto não é feita

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com base no custo do serviço de esgoto, mas sim com base no custo do

serviço de água.

37- A Lei nº 6.528/78 estabelece que as tarifas

dos serviços públicos de saneamento básico devem obedecer ao regime do

serviço pelo custo (art.2º, parágrafo 2º). Assim, a tarifa de esgoto deve retratar,

ainda que aproximadamente, já que não é possível se instalar um sistema de

medição, o valor do custo do serviço prestado.

38- Como para fins de cálculo da tarifa de esgoto,

se considera como volume de esgoto o da água consumida no mês, importa saber

se o custo do serviço todo prestado pela SABESP relativamente a um metro cúbico

(l.000 litros- unidade de que se utiliza a SABESP para cálculo do valor a ser

cobrado do usuário) do esgoto coletado, equivale ao custo de todo o serviço por

ela prestado relativamente ao fornecimento de um metro cúbico de água .

39- No interior, em que em geral não há

tratamento do esgoto, importa saber se o custo da coleta do esgoto equivale, como

cobrado, à 8O% do custo do fornecimento da água, ou se é inferior. Na Capital, e

na Baixada Santista, importa saber se o custo da coleta e tratamento do esgoto

equivale ao custo de 1OO% do fornecimento da água, ou se é inferior.

4O- Saliente-se que a apuração de tal custo teria

que ser feita em cada Município, separadamente, porque o custo do serviço varia

de local para local, dependendo das circunstâncias peculiares a cada um deles .

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Assim, em um local em que haja tratamento de esgoto, o custo da tarifa deve ser

superior ao local onde tal tratamento não ocorre. Existem ainda vários tipos de

tratamento de esgoto, cada qual com um custo específico. A topografia da Cidade

também influencia no custo do sistema, e assim por diante. Tal diferenciação de

custos, e suas razões, me foram informadas pelo Dr. Roberto Inui,

Superintendente de Análises Econômicas da SABESP. Este Senhor me esclareceu

ainda, que a divisão em três grupos distintos que hoje ocorre com os Municípios

deste Estado, para fins de fixação do valor da tarifa, é feita com base na média do

custo dos sistemas dos Municípios pertencentes a cada grupo.

41- Uma vez apurado o custo de um metro cúbico

de vazão de esgoto em um determinado Município, ter-se-ia em seguida que

multiplicar este valor pela quantidade estimada de metros cúbicos vazados da

rede de esgoto (estimada, porque não há meios de se medir a vazão efetiva do

esgoto), estimativa esta que deveria ser fixada levando-se em conta que nem tudo

o que entra de água em uma casa sai pela rede de esgoto(parte se evapora na

feitura de alimentos, é absorvida pelo organismo humano, entra pelos ralos dos

quintais, que em geral desembocam nas galerias de águas pluviais, etc.), mas que

em geral quase tudo que entra sai pela rede em apreço.

42- Observe-se que feita a apuração do custo, e

multiplicando-se-o pela estimativa de uso da rede, ter-se-ia, ainda, que observar se

uma cobrança baseada nestes termos não iria elevar o valor da tarifa, frente ao

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seu valor atual. Ou seja, ter-se-ia que apurar o que é mais benéfico ao

consumidor, se cobrar de acordo com o sistema atual, ou de acordo com o custo

efetivo do sistema, para que não se corra o risco de prejudicá-lo com uma medida

judicial. Os técnicos da SABESP informaram que o custo do sistema de esgoto é

muito mais caro do que o custo do fornecimento de água, e que o valor hoje

cobrado a título de tarifa de esgoto não cobriria o custo efetivo de tal

serviço(fls.13). No entanto, somente um estudo pericial poderia esclarecer com

segurança estas questões, mesmo porque cada localidade tem as suas

características em termos de prestação do serviço de esgoto.

43- Apurando-se, no entanto, que a cobrança

pelo custo do sistema, multiplicado pela estimativa de uso, iria beneficiar o

consumidor, acredito ser cabível uma ação civil pública, para obrigar a SABESP a

proceder à cobrança da tarifa de esgoto nos termos da Lei nº 6.528/78 (com base

no custo do serviço), visando-se beneficiar o interesse de todos os usuários

difusamente considerados (atuais e futuros- artigo 81, § único, inciso I, do Código

de Proteção ao Consumidor), e/ou para condená-la à devolução de valores

cobrados indevidamente, inclusive em dobro( art.42, parágrafo único, do Código de

Proteção ao Consumidor), visando-se beneficiar os usuários determinados de seu

sistema (interesses individuais homogêneos: artigos 91 à 1O2 do Código de

Proteção ao Consumidor).

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V- Falta de tratamento do esgoto e não instalação do sistema pela SABESP

44- Quanto ao quarto argumento que vem sendo

utilizado, para afastar a cobrança da tarifa de esgoto pela SABESP, referente ao

não tratamento do esgoto e à sua não responsabilidade pela instalação do

sistema, entendo que estes fatos não afastam por completo o cabimento da

cobrança da tarifa de esgoto, mas devem ser levados em consideração para

aferição do custo do serviço de esgoto em uma determinada localidade.

45- É que a SABESP, mesmo não tratando o

esgoto e nem tendo instalado o sistema, procede à coleta do esgoto, pelo que tem

direito a ser remunerada pelo menos pela prestação deste serviço de coleta, não

se podendo, a meu ver, sustentar que a tarifa respectiva não seja, portanto,

devida por completo.

46- Conforme anteriormente explicitado, no

entanto, o que importa é a apuração do custo do serviço de esgoto, para se saber

se a quantia cobrada reflete este custo, conforme determina a Lei Federal nº

6528/78, sendo certo que nos locais onde não é feito o tratamento do esgoto e

nem foi o sistema instalado pela SABESP, certamente este custo do serviço deve

ser inferior ao custo do serviço de esgoto prestado em uma Cidade onde tal

tratamento é feito e/ou o sistema foi instalado pela SABESP, o que deve

necessariamente refletir no valor da tarifa. Quanto à apuração do custo do serviço

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e seus reflexos no valor da tarifa, reporto-me ainda ao já exposto nos itens 36 à

43.

VI- Conclusão

47- Em face de todo o exposto, concluo no

sentido de que o serviço de esgoto reveste-se das características da

especificidade e divisibilidade, mas que, não obstante isto, a natureza jurídica da

cobrança que se faz é de tarifa (preço público), e não de taxa, sendo certo ainda

que, em face da impossibilidade prática de medição do esgoto, a cobrança por

estimativa é a única solução viável, devendo, no entanto, o valor da tarifa refletir,

ainda que aproximadamente, o custo da prestação do serviço de esgoto, que varia

de Município para Município, podendo tal correlação com o custo do serviço ser

exigida por meio de ação civil pública, verificando-se previamente, no entanto, se a

exigência de tal correlação não irá prejudicar o consumidor.

São Paulo, 15 de outubro de 1993

DORA BUSSAB CASTELOPromotora de JustiçaCENACON - Designada

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