objetivo da mamografia

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OBJETIVO DA MAMOGRAFIA Mamografia - um exame preventivoA mamografia de rotina, conhecida em alguns pases como "screening", o exame das mamas realizado com baixa dose de raios x em mulheres assintomticas, ou seja, sem queixas nem sintomas de cncer mamrio. A mama comprimida rapidamente enquanto os raios x incidem sobre a mesma. A imagem interpretada por um radiologista especialmente treinado para identificar reas de densidades anormais ou outras caractersticas suspeitas.

O objetivo da mamografia detectar o cncer enquanto ainda muito pequeno, ou seja, quando ele ainda no palpvel em um exame mdico ou atravs do auto-exame realizado pela paciente. Descobertas precoces de cnceres mamrios atravs da mamografia aumentam muito as chances de um tratamento bem-sucedido. Um exame anual de mamografia recomendado para todas as mulheres acima de 40 anos. Resultados registrados pela American Cancer Society, em uma recente avaliao em oito clnicas escolhidas aleatoriamente, demonstraram que houve 18% menos mortes em decorrncia de cncer mamrio entre mulheres com 40 anos ou mais que haviam feito mamografia periodicamente. Os benefcios da mamografia quanto a uma descoberta precoce e a possibilidade do tratamento do cncer mamrio so muito significativos, compensando o risco mnimo da radiao e o desconforto que algumas mulheres sentem durante o exame. Mamografia Diagnstica A mamografia diagnstica, por sua vez, o exame de raios x das mamas realizado quando h a suspeita da existncia de uma anomalia, sendo que massas e microcalcificaes so as duas mais comuns. Esta suspeita se inicia quando h a descoberta de uma leso palpvel (ndulo), por exemplo por meio de autoexame ou aps o estudo de uma rea previamente identificada em uma mamografia de rotina. A mamografia diagnstica pode mostrar que a anomalia (leso) tem uma grande probabilidade de ser benigna (no cancerosa) ou que caractersticas suspeitas de malignidade (cncer) podem ser observadas, e neste caso, normalmente recomendada ento uma bipsia (amostra do tecido).

O que esperar de um exame de mamografia O exame de mamografia obtido atravs de um aparelho chamado mamgrafo.No exame, a mama comprimida para que seu achatamento possibilite a reduo das doses de raios-x, a uniformizao dos tecidos, alm de manter a mama imvel. A dose de radiao bem baixa e a exposio aos raios x rpida. Neste estgio, tambm possvel a tomada de imagens especiais, com a ampliao da imagem. Posio: a correta posio da mama durante a mamografia extremamente importante para assegurar que a imagem mostre todo o tecido mamrio e tambm a axila (regio abaixo do brao). O tcnico se certificar de que toda a mama esteja situada sobre a chapa de raios x e que nada bloqueie os raios x (como, por exemplo, uma jia, o ombro ou a mama oposta). Cooperao da paciente: o tcnico dever lhe informar todas as etapas da mamografia para assegurar sua inteira participao e cooperao durante o exame. Durante a exposio aos raios x, voc dever permanecer absolutamente imvel e prender a respirao para evitar a possibilidade de distorcer a imagem em funo da movimentao. Compresso: a compresso necessria para imobilizar a mama e uniformizar o tecido da mama, permitindo uma melhor imagem. A compresso da mama pode s vezes causar algum desconforto, mas leva pouco tempo. Assim, voc sente a compresso, mas no uma dor significativa. Se sentir dor, informe ao tcnico.

INTRODUO O cncer de mama a primeira causa de mortalidade de mulheres, no Brasil. Segundo estatsticas do Instituto Nacional do Cncer (INCA), houve uma variao nas taxas de mortalidade em torno de 68%, no perodo de 1979 a 2000. Os nmeros de bitos e incidncia esperados para o cncer de mama, no ano de 2003, na populao feminina so, respectivamente, de 9.335 e 41.610. Isto revela taxas brutas de mortalidade e incidncia de 10,40/100.000 e 46,35/100.000, respectivamente(1). Esses dados tm desviado constante interesse e esforos dos rgos de sade nacional e internacional no desenvolvimento e aprimoramento de tcnicas de rastreamento e deteco precoce do cncer de mama(2). A mamografia o mtodo mais efetivo de diagnstico precoce, na atualidade. Segundo Dershaw, a nica rea da radiologia em que possvel buscar, de modo sistemtico, o cncer em estgio ainda curvel. Um exame com alto padro de qualidade pode visualizar, em 85% a 90% dos casos, um tumor com mais de dois anos de antecedncia de ocorrer acometimento ganglionar, em mulheres com mais de 50 anos de idade(3). Sua especificidade de aproximadamente 90% ou mais, sendo, portanto, o exame "padro ouro" na deteco precoce do cncer de mama(4). O objetivo da mamografia produzir imagens detalhadas com alta resoluo espacial da estrutura interna da mama para possibilitar bons resultados diagnsticos. A diferena radiogrfica entre o tecido normal e o tecido doente extremamente tnue; portanto, a alta qualidade do exame indispensvel para alcanar uma resoluo de alto contraste que permita essa diferenciao. Cada componente na formao seqencial da imagem indispensvel para o seu sucesso, desde o posicionamento do paciente para a aquisio da imagem at a qualidade e estado do negatoscpio. Portanto, o valor da mamografia est na dependncia ntima de seu padro de qualidade. Para alcanar alto padro imperativo que o exame mamogrfico siga padres rgidos e pr-estabelecidos, em que o pessoal envolvido no processo de obteno da imagem esteja efetivamente preparado e o material e o equipamento utilizados sejam adequados. A qualidade de imagem determinada pelo total de efeitos de imagem impressos na radiografia, que inclui o tubo de raio-X e o ctodo, a janela do nodo, a filtragem, a colimao, a distncia da imagem fonte, o sistema de compresso e o controle de exposio automtico. Outros componentes tambm so importantes no processo da obteno da imagem da mama, como o cassete, o filme, o "cran", o processador e o sistema de interpretao (negatoscpio especfico para a visualizao mamogrfica ou o monitor do computador)(4). Um efetivo programa de controle de qualidade deve comear com o uso do equipamento de raio-X e receptores de imagem designados especificamente para mamografia. O tempo de processamento do filme, a temperatura, os qumicos e sua reposio devem estar de acordo com o tipo de filme mamogrfico especfico que est sendo utilizado. Em 1992, foi assinado como lei, nos Estados Unidos, o Ato de Padronizao de Qualidade Mamogrfica, determinando regulamentao nacional para os mamgrafos e o pessoal envolvido no processo de imagem da mama. Dentre outras normas, foram estabelecidos testes e intervalos a serem submetidos aparelhos e materiais envolvidos, conforme descrito na Tabela 1(1,4). No Brasil, a partir de 1/6/1998, a publicao da Portaria n 453 do Ministrio da Sade(5), que estabelece as Diretrizes de Proteo Radiolgica em Radiodiagnstico Mdico e Odontolgico, fez com que o Colgio Brasileiro de Radiologia (CBR) modificasse a sistemtica de seu Programa de Qualidade em Mamografia, com a finalidade de adequ-la aos requisitos tcnicos estabelecidos nesta regulamentao. Por esta Portaria, os servios de mamografia passam a ser

responsveis pela realizao peridica de testes de qualidade da imagem e da dose da radiao para os pacientes(6,7).

OS ARTEFATOS Conforme um programa de acreditao do American College of Radiology (ACR), em que foram analisados 2.341 exames de mamografia, os artefatos foram reportados como o sexto problema em ordem de importncia, sendo responsveis por 11% das falhas no exame. Os tipos mais encontrados foram determinados por p ou poeira, linhas da grade e marcas dos rolos do processador(8). Artefatos so defeitos no processamento do filme ou qualquer variao na densidade mamogrfica no causada por atenuao real da mama (incluindo corpos estranhos e dispositivos mdicos implantados)(2,6). Eles comprometem a qualidade final da imagem e podem resultar em informaes perdidas ou mascaradas, incluindo resultados falso-positivos e falso-negativos. H numerosos tipos de artefatos derivados de diversas fontes na aquisio da imagem, todos resultando na degradao da imagem obtida. Os artefatos podem ser relacionados ao processador, ao desempenho do tcnico de radiologia, unidade mamogrfica ou ao paciente. Quando se examina um filme com relao aos possveis artefatos, importante tentar isolar o artefato, identificar sua fonte e fazer qualquer correo necessria para eliminar sua causa. Neste sentido,

vrios fatores devem ser considerados, incluindo a posio do artefato e suas caractersticas, como densidade, forma e distribuio na imagem. Radiologistas e tcnicos de mamografia devem estar familiarizados com os numerosos artefatos que podem criar falsas leses ou mascarar verdadeiras anormalidades. Neste sentido, este artigo tem como objetivo apresentar os artefatos mais encontrados na prtica diria, acompanhados de suas ilustraes imaginolgicas, apontando suas diversas fontes, meios de identificao e como de evit-los. Artefatos relacionados ao processador Artefatos comuns relacionados ao processador so do tipo lineares, geralmente por presso excessiva dos rolos sobre o filme (Figura 1). Para diferenciar se o artefato devido ao processador ou unidade mamogrfica, o ACR, na sua normatizao, descreve um teste em que duas radiografias so feitas com a mesma tcnica e colocadas no revelador de maneira a serem uma perpendicular outra. Se os artefatos lineares forem paralelos, o responsvel ser o processador, caso forem perpendiculares, o mamgrafo ser a fonte do artefato.

Outras causas de artefato relacionadas ao processador so: sujeira nos rolos de impulso, rolos de secagem molhados, repleo inadequada dos qumicos de revelao e fixao, tempo inadequado de imerso do filme nos qumicos, produzindo imagens mais ou menos escuras nas reas afetadas do filme (Figura 2). A temperatura est diretamente relacionada ao contraste radiogrfico e ao valor de base + fog. Seu valor ideal depende do tipo de filme, dos ciclos de processamento e das recomendaes do fabricante, variando, normalmente de 29,4C a 35C e de 4,5C a 29,5C para o revelador e para a gua, respectivamente(2,9) (Figura 3).

Artefatos relacionados ao tcnico de radiologia Artefatos associados ao desempenho do exame incluem manuseio imprprio do filme, limpeza inadequada do cassete, erro no uso da unidade mamogrfica e materiais relacionados, posicionamento e o funcionamento da cmara escura. Um artefato comum dado pela impresso digital no filme, principalmente se o profissional estiver usado cremes e loes para as mos. Se a impresso digital ocorrer antes da exposio radiolgica, o artefato ser de baixa radiodensidade (branco), e se ocorrer aps a exposio, ele ser de radiodensidade maior (preto) (Figura 4). Marcas de unhas so vistas como artefatos escuros e curvilneos determinados pela quebra da emulso do filme.

Armazenamento imprprio das caixas de filmes pode causar um artefato de menor densidade no mesmo local em todos os filmes da mesma caixa. Sujeira, p, cabelo e fiapos de tecidos podem causar artefatos se acidentalmente se depositarem dentro dos cassetes (Figuras 5 e 6). Por isso, a cmara escura deve ser limpa diariamente e a tela intensificadora, semanalmente, para minimizar os artefatos dessa natureza. aconselhado um agente de limpeza especial para cassetes em um tecido livre de fiapos (por exemplo, gaze) ou escova de plo de camelo(3,10) (Figura 7).

Outra causa importante de contato insuficiente da tela com o filme ar aprisionado entre o filme e o cassete quando este reabastecido, levando formao de imagem obscura no filme (Figura 8). Segundo o ACR, os cassetes devem ser deixados pelo menos 15 minutos depois de carregados para permitir que o ar aprisionado dissipe. A colocao adequada do filme no cassete de suma importncia, sobretudo porque a emulso de um nico lado do filme, e este lado deve sempre estar em contato com a tela intensificadora para uma adequada exposio e aquisio de imagem.

Artefatos relacionados ao mamgrafo Podem ser causados por falha na rotao do espelho de colimao do campo de viso durante a exposio do raio-X, falha na movimentao da grade (Figura 9), materiais que caem dentro do compartimento do tubo de raio-X, falha na compresso (Figura 10), alinhamento inadequado do remo de compresso com a bandeja do "buck" e defeito no remo de compresso(6). Qualquer erro na compresso mamria resultar em imagem obscurecida, devido moo e compresso inadequada. Uma compresso eficaz deve ser com intensidade de no mnimo 25 libras. Normalmente, o valor adequado no excede 40 libras, apesar de o Manual de Controle de Qualidade do ACR no especificar um valor mximo de compressibilidade(10).

Artefatos relacionados ao paciente Causados por moo ou superposio de objetos ou substncias tais como partes do corpo, jias, roupas, cabelo, dispositivos mdicos implantados, corpo estranho ou substncia na pele (desodorantes, antiperspirantes, ungentos e loes) que contenham materiais como zinco, alumnio e magnsio, que so radiopacos aos raios X e podem simular microcalcificaes (Figuras 11, 12 e 13). A maneira eficaz de evit-los informar s pacientes, no agendamento do exame, para no usarem produtos nas axilas e mamas.

Os artefatos de moo se devem movimentao do paciente durante a exposio, mais comumente vistos na incidncia em mdio-lateral oblqua, j que na incidncia crnio-caudal as mamas esto escoradas pela bandeja do "buck" (Figura 10). Esses artefatos exigem a repetio do exame porque podem obscurecer microcalcificaes e devem ser diferenciados de compresso insuficiente em mama espessa. Artefatos causados por interposio de cabelos so linhas brancas, curvilneas e assimtricas. So mais comuns de serem vistos na incidncia crnio-caudal do que nas incidncias mdio-lateral oblqua ou perfil(6,11) (Figura 14).

Corpos estranhos como clipes metlicos, fragmentos metlicos por ferimento por arma de fogo, implantes mdicos devem questionados e salientados pela paciente (Figuras 12, 15 e 16).

DISCUSSO Os artefatos podem representar empecilhos a um diagnstico mamogrfico fiel. Radiologistas e tcnicos devem estar familiarizados com a gama de artefatos existentes e devem tambm ser aptos ao rpido reconhecimento de sua fonte, minimizando, assim, custos e exposio do paciente radiao. A implementao de um programa de controle de qualidade piloto no setor de mamografia, num hospital do Rio de Janeiro(2), demonstrou eficcia na reduo do ndice de rejeio de filmes de 21% para 7,7%. Isso foi atribudo principalmente a iniciativas como treinamento de tcnicos, manuteno de parmetros sensitomtricos do processamento, manuteno peridica do mamgrafo, limpeza peridica da processadora e abertura da tampa superior durante a noite, e preparo e manuteno correta dos produtos qumicos. Constatou-se ainda a reduo do aparecimento de artefatos, otimizando a qualidade final da radiografia mamria e reduo de gastos.

CONCLUSO Uma rotina de preveno e deteco de artefatos e um efetivo controle de qualidade no processo de aquisio de imagem radiogrfica da mama podem ser facilmente incorporados pelo servio de mamografia, resultando em exames mais fiis, diagnsticos mais acurados e reduo dos custos.

REFERNCIAS 1. Brasil. Ministrio da Sade. Instituto Nacional do Cncer. Estimativas da incidncia e da mortalidade por cncer. Rio de Janeiro: INCA, 2001. http://inca.gov.br/estimativas/2003/seriehistorica.asp (acessado em 14/12/2003). [ Links ] 2. Magalhes LAG, Azevedo, ACP, Carvalho ACP. A importncia do controle de qualidade de processadoras automticas. Radiol Bras 2002;35:357 63. [ Links

A mamografia o estudo radiolgico das mamas realizado com baixa dose de raios X. um mtodo de inquestionvel importncia no diagnstico precoce e na deteco do cncer de mama. Os esforos para procurar e detectar cncer de mama precocemente so baseados no autoexame, no exame mdico e nas tcnicas de imagem da mama. O achado precoce de um tumor aumenta as chances de sucesso do tratamento. A mamografia ainda a forma mais eficaz de detectar precocemente alteraes nas mamas capazes de gerar um cncer, at mesmo as que, de to pequenas, passam despercebidas no autoexame. o mtodo de escolha para detectar leses ainda impalpveis da mama, possibilitando, assim, o tratamento precoce das alteraes encontradas. Os benefcios deste exame quanto uma descoberta precoce e tratamento do cncer mamrio so muito significativos, sendo muito maiores do que o risco mnimo da radiao e o desconforto que algumas mulheres sentem quando a mama comprimida durante o exame. A qualidade da mamografia influenciada por diversos fatores, como equipamento, sistema de registro, compresso, habilidade do tcnico no posicionamento, tamanho da leso, densidade da leso, densidade do tecido mamrio, idade da paciente e o seu estado hormonal, alm da qualidade da imagem e da experincia do radiologista. Em relao ao posicionamento, so realizadas no mnimo duas incidncias: a craniocaudal e a

mediolateral oblqua, mas com freqncia so necessrias incidncias complementares, como por exemplo, compresso seletiva e ampliao. A correta posio da mama durante a mamografia extremamente importante para assegurar que a imagem mostre todo o tecido mamrio e tambm a axila. O tcnico deve se certificar que toda a mama esteja situada na rea til do feixe de raios X. A compresso necessria para imobilizar a mama e uniformizar seu tecido, permitindo uma melhor imagem. Para diminuir a possibilidade de dor durante a compresso da mama, deve-se realizar a mamografia aps o perodo menstrual. importante lembrar que no devem ser utilizadas substncias como desodorantes, talcos ou cremes nas mamas e nas axilas, pois interferem no resultado do exame. A mamografia de rotina, conhecida como rastreamento, o mtodo mais sensvel para o diagnstico do cncer de mama em estdio inicial, e indicado para mulheres assintomticas, ou seja, sem queixas nem sintomas de cncer mamrio. A primeira mamografia de rastreamento deve ser realizada aos 40 anos de idade. Aps 50 anos e se a paciente estiver fazendo uso de terapia de reposio hormonal, o exame deve ser anual. O cncer de mama pode se apresentar como uma ou mais combinao das seguintes formas: massas, principalmente espiculadas, microcalcificaes, distoro do parnquima, assimetria arquitetural, dilatao ductal e alterao cutnea ou no mamilo.

Cncer de Mama As massas devem ser analisadas de acordo com o tamanho, forma, margens, localizao e densidade. Constituem leses fortemente suspeitas aquelas com contornos irregulares ou espiculados, margens mal definidas e radioatenuao elevada, alm de associao com microcalcificaes e alteraes na pele ou mamilo. No caso das calcificaes devem ser considerados a localizao, tamanho, nmero, contornos, morfologia e distribuio. O cncer de mama raramente produz micro calcificaes maiores que um milmetro, sendo a grande maioria inferior a 0,5 mm. Aquelas com formas bizarras, polimorfas, com contornos irregulares, concentradas e com alta densidade so mais sugestivas de cncer. Existem dois tipos de mamografia: a chamada mamografia convencional, que mais utilizada, e a digital. Na mamografia digital, que chegou recentemente ao Brasil e ainda pouco utilizada no pas, feixes de raios X atravessam a mama e atingem um detector que os transformam em sinais eltricos, transmitidos a um computador, enquanto que no mtodo tradicional a radiao deixa impressa a imagem da mama em um filme. Na mamografia digital, a imagem fica pronta em apenas cinco segundos e possvel melhor-la no prprio monitor, aumentando-a ou alterando o contraste, sem depender da presena da mulher que se submete ao exame. O resultado disso um diagnstico mais rpido e preciso. Na mamografia convencional, o filme leva cerca de trs minutos para ser revelado e, no caso de a imagem no ficar ntida, preciso repeti-la. O benefcio da mamografia digital em seu estgio atual, reside na sua capacidade de manuseio e transmisso eletrnica da imagem, alm do seu armazenamento. A digitalizao a melhor soluo para armazenar imagens. Os exames de ultra-sonografia, de tomografia computadorizada e a ressonncia magntica j so digitalizados.

Dra. Sonia Garcia Pereira Cecatti Fsica e Pesquisadora da Fundacentro/MTE.ENTENDA FUNCIONAMENTO DO MAMGRAFO E A IMPORTNCIA QUALIDADE DA MAMOGRAFIA

O

DA

A realizao de exames de mamografia por raios X em mulheres hoje uma prtica comum para obter um diagnstico precoce do cncer de mama. Este rastreamento consiste em exames mamogrficos peridicos em mulheres assintomticas, acima de 40 anos, para detectar cncer de mama em estdios iniciais, o que pode levar reduo da mortalidade por esta enfermidade. A mama uma regio anatmica que possui caractersticas fsicas que dificultam a obteno de imagens por raios X, pois os tecidos que a compem atenuam a radiao X de forma muito parecida, o que resulta em baixo contraste na imagem, complicando o trabalho do radiologista em encontrar alguma patologia. Por outro lado, esta tcnica a que possibilita uma imagem com maior resoluo para deteco precoce deste tipo de cncer. Por isso, foi desenvolvido um equipamento de raios X dedicado obteno destas imagens: o mamgrafo. Os mamgrafos diferem dos equipamentos radiogrficos convencionais em vrios aspectos, pois utilizam energias de radiao mais baixas para distinguir os tecidos da mama. So capazes de produzir imagens com grande resoluo por terem uma regio de tamanho reduzido (de 1 a 3 mm) para produzir os raios X. Alm disso, possuem um sistema de compresso da mama, que apesar de causar algum desconforto no momento de obteno da imagem, tem uma grande importncia, pois: Mantm a mama longe da parede torcica permitindo a projeo de todos os tecidos no detector sem a interferncia de rudos de outras estruturas do trax. Reduz o borramento na imagem devido ao movimento. Diminui a dose de radiao na mama pela reduo da espessura do tecido atravs do qual a radiao deve passar. Promove a reduo de dose de radiao e movimento devido ao tempo de exposio mais curto necessrio obteno da imagem de uma estrutura mais fina. Separa as estruturas que ficam naturalmente sobrepostas facilitando a avaliao da imagem.

Estruturas da mama mais prximas ao detector produzem imagens mais detalhadas e melhoram a resoluo do sistema. Minimiza a degradao da imagem devido ao espalhamento, aumentando o contraste. Produz uma espessura mais uniforme para proporcionar uma exposio mais uniforme.

Este dispositivo de compresso, em geral, liberado automaticamente aps a exposio, pois causa desconforto paciente, uma vez que utiliza uma faixa de foras que varia de 11 a 18 kgf. A imagem mamogrfica pode ser obtida em filmes ou, mais recentemente, de forma digital. Os filmes mamogrficos so dedicados a este fim, com caractersticas de produzirem imagens de alta qualidade em baixas doses de radiao paciente. Os filmes tambm devem ser revelados em processadoras automticas dedicadas ao servio de mamografia, pois possuem caractersticas diferentes de equipamentos raios X convencional, tais como: temperatura de operao e velocidade de revelao do filme mamogrfico. Os sistemas mais modernos podem produzir imagens que so visualizadas em computadores e analisadas com diversos recursos de softwares que auxiliam o radiologista a diagnosticar melhor, uma vez que oferecem maior contraste na imagem, zoom em regies anatmicas de maior interesse, recursos de inverso de cores, auxlio de diagnstico por computador. Alm disso, possvel enviar a imagem pela Internet (ou outros meios) a outro radiologista em um local distante para obter uma segunda opinio diagnstica. O exame consiste na obteno de imagens das duas mamas, em duas posies principais de compresso da mama: crnio-caudal e mdio lateral, totalizando quatro imagens de rastreamento.

Direo de compresso da mama durante o exame de mamografia.

Para que estas imagens contenham um valor diagnstico, o equipamento de mamografia precisa estar em perfeito funcionamento. Por isso, imprescindvel que este equipamento passe periodicamente por testes de controle de qualidade e a imagem deve ser monitorada para que seja produzida sem perda de informao. As alteraes patolgicas da mama que podem ser vistas na mamografia so: massas, calcificaes, reas com densidades assimtricas ou distoro de arquitetura, ductos proeminentes, espessamento da pele ou mamilo e retrao deste ltimo. Uma imagem mamogrfica deve ter o contraste ideal entre as diferentes estruturas da mama e a melhor resoluo, a fim de se perceber o menor sinal possvel de leso, para que o diagnstico clnico possa ser muito assertivo ao se encontrar alguma anormalidade. Quando se encontra algo diferente na imagem mamogrfica e se deseja um estudo aprofundado antes do diagnstico definitivo, o mdico pode solicitar uma bipsia mamria. Esta pode tambm ser realizada com mtodos que se utilizam de raios X e conhecida por estereotaxia. Existem dois tipos de dispositivos estereotticos para bipsia mamria: sistemas acoplados aos equipamentos convencionais de mamografia e unidades dedicadas. Eles podem ser usados para realizao de aspirao por agulha fina (PAAF) ou bipsia core. Sistemas acoplados consistem de uma unidade de bipsia, colocada como um acessrio no equipamento mamogrfico convencional, e uma unidade localizadora que calcula a localizao da leso a partir das imagens do filme. Depois, a mama da paciente posicionada e comprimida na plataforma de bipsia, com a mulher geralmente sentada. Um porta-agulha e um sistema-guia so usados para inserir a agulha na mama e alcanar a leso atravs de uma pequena abertura no dispositivo de compresso.

Sistema acoplado a unidade mamogrfica.

Dispositivo de compresso dedicada ao sistema acoplado para bipsia.

So utilizadas duas imagens de raios X estreos imagens da mesma rea em diferentes ngulos (+/- 15o) e as coordenadas para a bipsia so determinadas usando-se o localizador a partir do filme revelado. Uma terceira imagem geralmente adquirida para confirmar a localizao da leso e garantir a colocao correta da agulha antes que a amostra seja retirada. Aps o posicionamento do portador de agulhas sobre a leso, a agulha ou revlver de bipsia usado para obter uma amostra simples. A compresso liberada aps a retirada da amostra.

Unidades dedicadas consistem de uma mesa para a paciente, dispositivos de bipsia e localizador, e um sistema de raios X.

Sistema dedicado bipsia mamria por raios X. A paciente mantm-se na horizontal na mesa, com a mama colocada atravs de uma abertura na mesa. O tubo de raios X, os dispositivos de compresso e de bipsia esto localizados abaixo da mesa, que elevada para permitir ao mdico e ao tcnico obterem a imagem e colher o material para a bipsia. O procedimento para obteno deste material bipsia similar ao de unidades acopladas, portanto o fato de a paciente manter-se deitada e a configurao do sistema dedicado facilitam o acesso s leses da mama. Assim, como vrias imagens podem ser produzidas no rastreamento do cncer de mama, para um correto diagnstico deve-se esperar que haja um verdadeiro controle da qualidade destes equipamentos. No Brasil, a publicao da Portaria SVS-MS 453/98 colaborou com o aumento da conscientizao de que necessrio controlar as doses de radiaes fornecidas s pacientes e melhorar cada vez mais a qualidade das imagens, para que se possa detectar precocemente o cncer de mama. Muitos trabalhos esto sendo desenvolvidos em vrios pontos do pas para tornar vivel a implementao de Programas de Controle de Qualidade (PCQ). O Ministrio da Sade, que tem se empenhado para que esta implementao ocorra da forma mais correta e reprodutvel, publicou, no Dirio Oficial da Unio, a Resoluo RE 1016, em 03 de abril de 2006, aprovando o Guia Radiodiagnstico Mdico - Segurana e Desempenho de Equipamentos, que fornece procedimentos prontos para a realizao dos testes de controle de qualidade de maneira simplificada e vivel.

Vrias medidas tm sido tomadas para que as mulheres que realizam exames mamogrficos obtenham a melhor imagem diagnstica possvel com a menor dose de radiao. Dra. Tnia Aparecida Correia Furquim Fsica do Instituto de Eletrotcnica e Energia da USP. Diretora de Radiodiagnstico da Associao Brasileira de Fsicos em Medicina (ABFM).REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

Ministrio da Sade. Diretrizes de proteo radiolgica em radiodiagnstico mdico e odontolgico. Braslia, Dirio Oficial da Unio de 02 de junho de 1998 (Portaria da Secretaria de Vigilncia Sade - SVS-MS 453/98).

Ministrio da Sade. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. ALDRED, MA Radiodiagnstico Mdico: Segurana e Desempenho de Equipamentos. Braslia: Ministrio da Sade, 2005. (Resoluo RE 1016/06).