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OBESIDADE X QUALIDADE DE VIDA: a escola como promotora de saúde.

NASSAR, Sumaia1

GRASSIOLLI, Sabrina2

Resumo

A obesidade é considerada atualmente uma epidemia mundial, a qual rapidamente atinge crianças e adolescentes em idade escolar. O excesso de tecido adiposo favorece a instalação de quadros patológicos cada vez mais freqüentes nos adolescentes, tais como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Ingestão excessiva de carboidratos e lipídios, associado ao sedentarismo são elementos centrais na instalação de obesidade entre crianças e adolescentes. A escola cumpre um importante papel social e como promotora e disseminadora do conhecimento deve incentivar a prática de hábitos alimentares e físicos saudáveis, atuando no combate a epidemia de obesidade entre os jovens. O presente artigo considera os resultados de uma implementação pedagógica que teve como objetivo identificar a incidência de obesidade entre os estudantes dos 9ºs anos do Colégio Estadual Professor Milton Benner-EFM, município de Wenceslau Braz, Paraná, no ano de 2011 e destaca a importância de hábitos de vida saudáveis na adolescência para combater a obesidade. Para esta intenção optou-se por uma pesquisa exploratória quanti-qualitativa, aplicação de questionário estruturado para analisar hábitos alimentares e nível de atividade física, estimativas de parâmetros biométricos, apresentação da anatomia e fisiologia do trato digestório, registro alimentar, montagem de mesa alimentar com a participação de uma nutricionista e elaboração de um jornal da saúde, além de constatar a presença de 20% de sobrepeso e 8,8% de obesidade independente do sexo, de um total de 80 alunos avaliados. O trabalho desenvolvido evidenciou a contribuição das aulas de ciências por meio da indução científica, qual seja a partir de reflexões, relação de causas e interpretações que estabeleceram o interesse, conhecimento e atitudes benéficas à qualidade de vida entre os adolescentes, considerando-os assim como sujeitos autônomos e responsáveis por sua própria história.

Palavras chave: obesidade; adolescentes; hábitos alimentares; prevenção da obesidade.

1 Especialista em Educação Patrimonial, graduada em Ciências Físicas e Biológicas, professora da Rede Estadual

de Ensino do Paraná, atuante no Colégio Estadual Professor “Milton Benner”. 2 Doutora em Ciências Biológicas, professora de Fisiologia Humana. Departamento Biologia Geral –

Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG.

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Abstract

Obesity is now considered a worldwide epidemic, which quickly reaches children and adolescents of school age. Excess adipose tissue favors the installation of pathologies more frequent in adolescents, such as cardiovascular disease and type 2 diabetes. Excessive intake of carbohydrates and lipids associated with physical inactivity are key elements in the installation of obesity among children and adolescents. The school plays an important social role and as a promoter and disseminator of knowledge should be encouraged to practice healthy eating habits and physical acting to combat the obesity epidemic among youth. This article considers the results of an implementation pedagogy that aimed to identify the incidence of obesity among students from the 9th s years of State College Professor Milton Benner-EFM, the city of Wenceslau Braz, Paraná, in 2011 and highlights the importance of healthy lifestyle in adolescence fighting obesity. To this aim we chose an exploratory quantitative and qualitative, a structured questionnaire to assess dietary habits and physical activity level, estimates of biometric parameters, presentation of the anatomy and physiology of the digestive tract, food record, assembly table with food the involvement of a dietician and making a newspaper health, in addition to noting the presence of 20% of overweight and obesity 8.8% regardless of sex, a total of 80 students evaluated. The work highlighted the contribution of science classes through scientific induction, which is based on reflections, and interpretations regarding the causes that have set the interest, knowledge and attitudes beneficial to the quality of life among adolescents, considering them as autonomous individuals and responsible for their own history.

Keywords: obesity; adolescents; eating habits; prevention of obesity.

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente a obesidade é considerada uma epidemia global. O acúmulo

excessivo de gordura corporal, característica da obesidade é desencadeado por

diversos fatores, tais como: genéticos, hormonais, neurais e comportamentais.

Embora a obesidade possa ser desencadeada por múltiplos fatores, dados

epidemiológicos apontam o sedentarismo, aliado à ingestão excessiva de

carboidratos e gordura como eventos predominantes na instalação da obesidade. A

população brasileira também apresenta um rápido avanço de sobrepeso e

obesidade. Crianças e adolescentes brasileiros consomem alimentos com baixo

valor nutricional, de elevado valor calórico, que atrelado ao baixo grau de atividade

física favorece o acúmulo de tecido adiposo (FISBERG, 2005).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística através da Pesquisa de

Orçamento Familiar, anuncia no ano de 2010 que o sobrepeso atinge mais de 30%

das crianças entre 5 e 9 anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19

anos , 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos.

A adolescência é um período de marcantes alterações hormonais,

metabólicas e comportamentais, considerada atualmente uma importante fase do

desenvolvimento fisiológico. O excesso de tecido adiposo está intimamente

relacionado a problemas de saúde, dentre os quais se destacam o diabetes Mellitus

tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, transtornos alimentares e

psicossociais. Segundo FISBERG, 2005, “a obesidade pode ter início em qualquer

época da vida, especialmente nos períodos de aceleração do crescimento”.

ESCRIVÃO E LOPES, 1995, avisam: a maioria das complicações

começadas na infância e adolescência acaba se manifestando na fase adulta.

De acordo com HELLER, 2004, no Brasil, estima-se que 15% das crianças e

20% dos adolescentes sejam obesos e acrescenta que a obesidade infantil é uma

das mais complexas patologias cuja compreensão de muitos dos seus mecanismos

ainda permanecem desconhecidas.

Informação é o primeiro passo para começar a lutar por uma mudança e

criação de culturas e hábitos saudáveis na nossa sociedade, e a escola é o espaço

que além da democratização do conhecimento deve propor essa formação. A

obesidade é um problema grave, devendo ser encarado e problematizado com

urgência pelos profissionais da educação, conscientizando os alunos sobre qual a

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maneira adequada de impedir a sua instalação. A adoção de hábitos alimentares

saudáveis associados à prática de atividade física regular é importante na busca de

uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, na ascensão da saúde, bem

estar físico e social.

Nesta perspectiva, Identificar a incidência de sobrepeso e obesidade em

estudantes dos 9ºs anos do Colégio Estadual Professor Milton Benner, município de

Wenceslau Braz, pode ser uma importante ferramenta no combate a patologias que

diminuem qualidade e expectativa de vida dos indivíduos.

Diante deste conjunto, houve a necessidade de saber se as aulas de

ciências podem despertar o interesse, gerar o conhecimento e desencadear atitudes

nos adolescentes que promovam saúde e qualidade de vida, considerando o

objetivo de orientar os estudantes quanto aos fatores que podem causar sobrepeso

e obesidade, destacando suas implicações à saúde e a qualidade de vida,

transformando-os em disseminadores deste conhecimento.

Quando o aluno adquire, conceitos, atitudes, hábitos e culturas, ele pode ser

agente disseminador desses conceitos na comunidade de seu convívio, socializando

conhecimentos adquiridos na escola para promoção da sua saúde individual e

coletiva.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Da Educação Básica do Paraná,

2008:

Ao assumir posicionamento contrário ao método único para toda e qualquer investigação científica da Natureza, no ensino de ciências se faz necessário ampliar os encaminhamentos metodológicos para abordar os conteúdos escolares de modo que os estudantes superem os obstáculos conceituais oriundos de sua vivência cotidiana.

2 METODOLOGIA

O proposto objeto de estudo foi desenvolvido no 2º semestre de 2010 e para

a implementação utilizou-se a Unidade Didática como formato de escolha. A prática

ocorreu no 2º semestre de 2011, sendo inicialmente apresentada para a comunidade

escolar. Nesta ocasião foi destacada a importância do coletivo para obtenção de

resultados satisfatórios.

Os passos metodológicos foram aplicados em três turmas de 9ºs anos do

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Ensino Fundamental, período matutino, e contou com a colaboração de uma

nutricionista e de um professor de Educação Física em uma das etapas.

QUESTIONÁRIO: Foi entregue para cada aluno um questionário estruturado

com questões fechadas para coleta de dados a respeito de Hábitos Alimentares e

Atividade Física, sendo este sem identificação para não haver distorções nas

respostas e manter o anonimato.

COLETA DE PARÂMETROS BIOMÉTRICOS: Com a colaboração do

professor de Educação Física coletou-se o peso (Kg), altura (m2), utilizando-se de

régua antropométrica e balança digital. Os dados foram colocados em fichas

individuais enumeradas, contendo a diferença quanto ao sexo e idade. As

informações obtidas foram utilizadas para calcular o IMC (Peso÷alturaxaltura) e,

posteriormente, os resultados comparados a Tabela com Referência para

classificação de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes aceita pela

Organização Mundial de Saúde (OMS).

AULA TEÓRICO-EXPOSITIVA: nutrição, nutrientes e sistema digestório.

Previamente preparado no programa PowerPoint, apresentou-se a Organização do

Sistema Digestório: metabolismo, cuja exposição dos slides, ocorreu através do uso

da TV multimídia.

Nutrição e nutrientes: Inicialmente apresentamos a importância dos alimentos em

nossas vidas como forma de obter energia e calorias, necessárias a manutenção do

funcionamento do organismo. Os nutrientes foram categorizados em macro

nutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras) e os micro nutrientes (vitaminas e

minerais) enfatizando-se que a ausência ou excesso destes elementos é prejudicial

à saúde. Finalmente, destacamos a importância da água para as atividades

funcionais do nosso organismo.

Sistema digestório: Com o auxílio de banner e boneco didático exploramos a

anatomia e fisiologia do sistema digestivo, dando ênfase aos hormônios do trato

gastrointestinal (TGI) como reguladores da ingestão alimentar e balanço energético.

Dentro deste contexto, apresentamos a íntima relação entre a ingestão alimentar e o

Sistema Nervoso Central.

REGISTRO ALIMENTAR: Durante 3 dias alternados (dois dias no meio da

semana e 1 no final de semana) os alunos registraram sua ingestão alimentar, nas

principais refeições e entre elas, informando o horário das mesmas, bem como, o

tipo de alimentação e quantidade ingerida

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DIETA SAUDÁVEL: Com a colaboração de uma nutricionista orientou-se a

quantidade e os diferentes tipos de nutrientes a serem incluídos em uma dieta diária

saudável, considerando os conceitos da Pirâmide Alimentar. Ensinaram-se conceitos

de variedade, moderação e inclusão de tipos de alimentos em proporções

adequadas na dieta total. Enfatizamos que a ingestão alimentar total deve ser

equilibrado com a quantidade de atividade física.

JORNAL DA SAÚDE: Com o intuito de dissipar o conhecimento entre a

comunidade escolar, um jornal com os dados obtidos, com dicas de alimentação

saudável e atividade física, foi elaborado pelos alunos. As reportagens, imagens,

textos e estruturação tiveram como base o tema obesidade e foram inteiramente

organizados pelos alunos. O professor foi apenas um mediador e orientador no

processo.

ANÁLISE DOS DADOS: O questionário foi organizado em blocos de

perguntas com temas similares, sendo as respostas expressas graficamente em

porcentagem, com auxílio do Programa Excel 2010. Os dados de peso e altura

foram expressos como média ± erro padrão da média, empregando-se o Programa

Graph Pad Prism ( Versão 5.0) com Teste t de Student’s (p˂0,05).

3 RESULTADOS

O referido artigo se faz presente pela possibilidade de participação de

professores no Programa de Desenvolvimento educacional que visa à

implementação de projetos dentro do contexto escolar, como forma de minimizar

problemas reais que repercutem na relação educacional e nos meios sociais locais.

Como expõe as Diretrizes Curriculares:

Dos conteúdos estruturantes organizam-se os conteúdos básicos a serem trabalhados por série, compostos tanto pelos assuntos mais estáveis e permanentes da disciplina quanto que se apresentam em função do movimento histórico e das atuais relações sociais.

Dessa forma concebeu-se o projeto de intervenção pedagógica que foi

aplicado por etapas no segundo semestre de 2011, bem como o uso por escolha da

unidade didática, pela oportunidade de desenvolver atividades que consideram o

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indivíduo como ser pensante autônomo, inserido em seu meio social e cultural frente

a um processo de transformação.

No retorno à escola, de início, na semana pedagógica, houve apresentação

a Direção, Equipe pedagógica, Professores e Funcionários, através de Banner, o

tema e objetivos da pesquisa, e comentários das atividades a serem realizadas com

os alunos. Nesse momento percebeu-se a importância do estudo em questão e do

envolvimento do corpo educacional para se atingir as intenções do evento, bem

como proporcionou interação e discussões entre o conjunto, o que comprova a

hipotética do tema e a necessidade de pesquisas.

Antes da ampliação das atividades, foram exibidas aos alunos as etapas das

ações, o valor do objeto de estudo, para juntos atingirmos resultados satisfatórios na

melhoria da qualidade de vida, e também assuntos a serem explorados que se

relacionam com a pesquisa, sendo que os alunos apresentaram dúvidas em

conceitos relacionados ao tema de estudo, como por exemplo: dislipidemias,

triglicérides, entre outros citados, onde estes conceitos foram trabalhados em

atividades no material didático posteriormente, constituindo elaboração de

compreensões por parte dos alunos. Foram apresentadas na oportunidade algumas

doenças que decorrem de maus hábitos e que implicam diretamente na qualidade

de vida, sendo que estas também foram estudadas através da integração didática.

Exibe-se neste trabalho a compreensão e análise das ações desenvolvidas

no processo de ensino-aprendizagem, onde esteve presente a investigação de

parâmetros biométricos, hábitos alimentares e físicos incluídos a influência do meio,

assim como atividades dilatadas para compreensão da melhoria da qualidade de

vida como forma de se promover a saúde.

Conforme coloca Gasparin, 2002, ‘Os “principais problemas” são as

questões fundamentais que foram apreendidas pelo professor e pelos alunos e que

precisam ser resolvidas, não só pela escola, ou na escola, mas no âmbito da

sociedade’. As informações a serem expostas neste artigo foram investigadas no

processo de participação dos alunos de 9ºs anos do período matutino, composta por

três turmas A, B e C, compreendendo uma faixa etária entre treze (13) e quinze (15)

anos de idade, com participação total de 83 alunos, sendo 40 meninos e 43

meninas.

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3.1 Aplicações do Questionário

No início da implementação houve entrega de questionário estruturado para

cada aluno com questões fechadas para coleta de dados a respeito de Hábitos

Alimentares e Atividade Física, sendo estes sem identificação para manter o sigilo e

para que não houvesse distorções nas respostas. As questões referentes a temas

similares foram agrupadas em blocos e apresentadas em porcentagem para facilitar

a compreensão dos resultados, conforme demonstram os dados a seguir

Figura 1: Bloco Hábitos Alimentares

Gráfico1: Hábitos Alimentares – Questões: 9, 10, 11,12, 17, 18 e 19. O valor das alternativas em cada questão está representado em porcentagem. Os gráficos foram elaborados com auxílio do Programa Excel (2010). As questões abordadas em cada ítem são: 9) Com que frequência você consome hambúrguer, salgadinhos, bolachas e outros produtos

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industrializados?; 10) Você tem o hábito de consumir frutas e verduras? ;11) Com que frequência você consome doces e/ou balas?; 12) Você consome muita fritura?; 17) Você tem hábito de comer entre as principais refeições?; 18) Qual seu alimento preferido entre as refeições?; 19) Você costuma se alimentar quantas vezes por dia? Fonte: a autora, 2012.

Na questão 9 observa-se que durante a semana 58% dos estudantes

consomem produtos industrializados. Todavia, como aponta a questão 10 também

ocorre alto consumo de frutas e verduras (66%). O consumo de doces e balas

(questão 11) também se caracterizou como prioridade em vários dias da semana

apresentando um total de 56% contra 42% que consomem várias vezes ao dia.

O consumo de frituras também está presente no cotidiano dos estudantes

como se percebe na questão 12 (88% entre sim e às vezes). Metade dos alunos

costuma se alimentar entre as principais refeições (questão 17), sendo os principais

alimentos consumidos apontados na questão18. Nesta questão observa-se elevado

consumo de chocolates (28%), salgadinhos (16%) e refrigerantes (15%).

Considerando as respostas da questão 19 nota-se que grande parte dos alunos faz

as principais refeições, 64% costumam se alimentar de 3 a 4 vezes por dia.

Figura 2: Bloco Atividade Física X Estilo de Vida

Gráfico 2: Atividade Física X Estilo de Vida – Questões : 5, 6, 7, 13 e 23. O valor das alternativas em cada questão está representado em porcentagem. Os gráficos foram elaborados com auxílio do Programa Excel (2010). As questões abordadas em cada item são: 5) Você pratica atividade física?; 6) Você participa das atividades físicas em sua escola?; 7) Quantos de

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seus familiares praticam atividade física?; 13) Como você vai até a escola?; 23) Como você avaliaria a atividade física na sua escola? Fonte: a autora, 2012.

Nota-se na questão 6 que quase todos os alunos participam das atividades

físicas escolares, o que é importante, uma vez que a prática fora da escola às vezes

não é regular, pois não há uma rotina estabelecida. Avaliando os dados da questão 7

observa-se que alguns familiares dos alunos tem o gosto pelas atividades físicas,

sendo que as atividades desenvolvidas em família são próprias para a criança e o

jovem adquirir a mesma postura e com isso evitar o sedentarismo, inimigo do bem

estar e da saúde. Segundo aponta a questão 13 mais da metade dos alunos vão a

pé para a escola. Na questão 23 podemos notar que 52% dos estudantes avaliam a

atividade física escolar entre regular e ruim.

Figura 3: Bloco Utilização de tecnologias X Estilo de Vida

Gráfico 3: Utilização de tecnologias x Estilo de vida – Questões: 8, 14, 15 e 16. O valor das alternativas em cada questão está representado em porcentagem. Os gráficos foram elaborados com auxílio do Programa Excel (2010). As questões abordadas em cada item são: 8) No momento das refeições, você tem o hábito de assistir televisão?; 14) Você tem computador e/ou vídeo game e o usa todos os dias?; 15) Quantas horas do dia você passa no computador?; 16) Quantas horas do dia você assiste TV? Fonte: a autora, 2012.

O desenvolvimento tecnológico contribui imensamente para facilitar o

trabalho do homem e oportunizar momentos de lazer, mas inversamente o mau uso

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dessas invenções também colaborou para a vida inativa das pessoas na maior parte

do tempo, conforme MOURA & SANTOS, 1988. Percebe-se pelos dados das

questões 14, 15 e 16 que os estudantes são atraídos também pelo uso dessas

modernidades. De acordo com a questão 16 a maior parte do tempo dos estudantes

é gasta em frente a TV (61% entre 3 e 8 horas). Apenas 8% ficam a frente do

computador acima de 8 horas. Preocupantemente observa-se na questão 8 que 59%

realiza suas refeições em frente a TV. Diferente estudos apontam que comer em

frente à televisão aumenta-se a compulsão por alimentos (FISBERG, 2005).

Figura 4: Bloco Obesidade.

Gráfico 4: Obesidade – Questões: 1, 2, 3 e 4 O valor das alternativas em cada questão está representado em porcentagem. Os gráficos foram elaborados com auxílio do Programa Excel (2010). As questões abordadas em cada item são: 1) Você está acima do peso? ; 2) Na sua família alguém está obeso? ; 3) Você já fez dieta para emagrecer? ; 4) Você tem amigos obesos? Fonte: a autora, 2012.

Na questão 1, mostra-se que 55% dos alunos consideram seu peso normal.

Enquanto 30% dizem não saber e 15% afirma estar acima do peso. Por outro lado,

nota-se que, segundo os estudantes, 40% dos seus familiares estão acima do peso,

questão 2. Ainda de acordo com questão 4, 82% dos amigos são obesos.

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Finalmente, embora a maioria dos estudantes considere seu peso normal, quase

metade deles (49%) já fez dieta para emagrecer, conforme aponta a questão 3.

Figura 5: Bloco Obesidade X Saúde.

Gráfico 5: Obesidade X Saúde – Questões: 20, 22 e 23 O valor das alternativas em cada questão está representado em porcentagem. Os gráficos foram elaborados com auxílio do Programa Excel (2010). As questões abordadas em cada item são: 20) Você acha que a obesidade pode causar doenças? ; 22) Em sua opinião a melhor forma para emagrecer é: ; 23) Como você avaliaria a atividade física em sua escola? Fonte: a autora, 2012.

Conforme apontam os dados da questão 20, 90% dos estudantes afirmam

saber que a obesidade causa doenças. Adicionalmente segundo a questão 22, 61%

dos alunos acreditam que a melhor forma para emagrecer é a reeducação alimentar

associada a exercícios físicos.

3.2 Aula Teórica- Expositiva.

No mês de agosto de 2011, houve apresentação do Sistema Digestório

através de materiais didáticos, ilustrações em banner e boneco contendo as

representações dos órgãos internos do sistema para manuseio, enviados pela

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Secretaria Estadual de Educação para as escolas paranaenses. De início, o

professor recordou junto com os alunos o conceito de célula e sua característica, em

seguida propôs uma atividade dinâmica já programada através da elaboração da

Unidade didática realizada na segunda etapa de participação do projeto do Plano de

Desenvolvimento Educacional (PDE):

Sugestão da Atividade: “Fazer modelagem de célula animal incluindo suas

organelas”.

Material: bola de isopor tamanho médio e oco (membrana plasmática); bola de

isopor tamanho pequeno (pintar para representar o núcleo); gel para cabelo

(citoplasma) e para as organelas utilizar materiais variados, como: macarrão

parafuso colorido, feijão preto, milho, massa de modelar, botões pequenos, pedaços

de lã, clipes pequeno colorido, etc.

Discussões e Registros:

1. Principais partes das células.

2. Parte da célula que contém as estruturas de manutenção.

3. Parte da célula responsável pela genética do indivíduo.

4. Organela que produz a energia da célula.

5. Relacionar as funções das organelas.

Neste passo, os alunos reaprenderam questões importantes de manutenção

do organismo, obtenção de energia, crescimento, reprodução, garantindo dessa

maneira sua existência na Terra de maneira saudável.

Aproveitou-se a ocasião e foi adicionado que cada grupo de células se difere

em forma, tamanho e função, esses grupos formam os diferentes tecidos de nosso

corpo, como por exemplo, o tecido adiposo, que em ano anterior ao se trabalhar com

o conteúdo Corpo Humano, não houve abrangência de características importantes

das funções principais pautadas na obesidade.

Aprenderam entre outras colocações que existem dois tipos de tecido

adiposo, sendo que os adipócitos brancos produzem moléculas como a leptina, uma

proteína importante nos processos metabólicos e fisiológicos que regulam o

tamanho da massa adiposa.

Em seguida, houve relato que a reunião de tecidos forma o conjunto de

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órgãos, destacando o Sistema Digestório dentre os quais se processa a digestão e

compreende o tubo digestório e glândulas anexas. Compreenderam que, para haver

a digestão, é necessário um trabalho conjunto de órgãos, onde o estômago além de

atuar no processo químico da digestão de proteínas e no intestino delgado ocorrer à

digestão final do alimento e sua absorção no sangue, estes órgãos liberam uma

multiplicidade de moléculas com ações sobre o Sistema Nervoso central que

ajustam a ingestão alimentar entre a fome e a saciedade. Foi usado para esta

exposição em sala de aula dois Banner, contendo elementos do Sistema Digestório

e do Sistema Nervoso. O que se tornou bastante proveitosa à aula, foi o manuseio

pelos alunos do Boneco didático, que contém os órgãos internos do Sistema

Digestório, onde puderam fazer a separação destes e compreender melhor suas

localizações e igualmente proveitosa à realização da atividade descrita a seguir:

O professor utilizando-se de banner e boneco didático apresentou a

anatomia e fisiologia do sistema digestivo e nervoso. Deu ênfase aos hormônios do

trato gastrointestinal (TGI) como reguladores da ingestão alimentar e balanço

energético, e sua ligação com o sistema nervoso.

Após a exposição teórica da aula em primeiro momento dividiu a sala em

cinco equipes e distribuiu papéis sulfite.

O 1º grupo representou figuras dos órgãos do sistema digestório.

O 2 º grupo simulou figuras das partes do sistema nervoso central

O 3º grupo relacionou as funções dos órgãos digestório.

O 4º grupo pautou as funções das partes que compõem o sistema nervoso central a

incluir o tálamo e hipotálamo.

O 5º grupo relacionou as funções das glândulas anexas e representou as figuras.

Cada grupo exibiu sua parte do trabalho para trocar informações.

Em segundo momento houve reunião dos grupos novamente e cada grupo

elaborou duas perguntas para serem feitas aos outros grupos, com mediação do

professor direcionando as discussões para a importância dos órgãos que contribuem

para a homeostase corporal.

Com relação ao metabolismo da digestão ficou entendido através de

pesquisas e atividades realizadas que o alimento ingerido contém muitas

substâncias úteis ao organismo que fornecem energia e calorias as células, como

carboidratos, proteínas, gorduras, água e sais minerais, e que a vitalidade de cada

elemento, pela ausência ou excesso, prejudicará a saúde. Em consequência, teve

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formação por sorteio de três grupos por turma, para maior exploração da nutrição

humana, incluindo os macro e micro nutrientes. Os grupos foram instruídos a

produzirem seus trabalhos com recursos da internet, utilização de Pen Drive para

uso em sala da TV multimídia. Alguns grupos apresentaram dificuldades na

conversão do vídeo para uso na TV e foram intercedidos pelo professor para

utilizarem o programa Atube Cacher e converter o vídeo na extensão AVI,

consistindo que alguns alunos dominavam bem os recursos e fizeram seu vídeo

ainda através do programa Movie Maker. Após as apresentações ficou clara a

interiorização do aprendizado, pois cada grupo interagiu com os outros através de

perguntas e discussões espontâneas e de interesse por todos das equipes.

3.3 Registro Alimentar.

Ficou estabelecido nesta atividade o preenchimento de um diário alimentar,

sendo entregue impresso em papel sulfite a composição do registro. Estas

anotações foram efetuadas em três dias alternados da semana, preferencialmente

pelos alunos, a terça-feira, quinta-feira e sábado, contidos os respectivos horários

das principais refeições. Foi explicada para os alunos a forma de registro, colocação

apenas de ano/série e turma com ausência de nomes, serem corretos no

preenchimento, se não realizaram algumas das refeições principais foi pedido para

deixarem em branco e se substituiu por outro alimento, especificar o que comeu no

lugar, sem esquecerem-se das refeições excedentes nos intervalos das principais

como: salgadinhos, chocolates, sobremesas, refrigerantes, frutas, iogurtes, entre

outros.

Dos 83 alunos avaliados, setenta entregaram o diário alimentar preenchidos

corretamente, o que corresponde a 84% aproximadamente, sendo possível fazer

análise dos fatos registrados e recolhidos:

Café da manhã: 25 alunos disseram não costumar tomar o desjejum, o que

equivale dizer que quase 36% não tem o hábito de tomar o café da manhã e

aproximadamente 3% substituiu por refrigerante e bolacha. Onze alunos

apresentaram preferência por achocolatados e bolachas na maioria dos dias,

constituindo aproximadamente 18% e os 43% restantes consomem café com leite,

pão com margarina ou ainda café com leite e bolacha em todos os dias registrados.

Em relação aos horários das refeições no meio da semana ocorreu entre 5h50min e

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6h50min, e nos sábados por não precisarem ir à escola, houve variações.

Almoço: Foi praticamente unânime nesta refeição, 94%, a presença de

arroz, feijão, saladas, e carnes (bife, carne de porco ou de frango) e macarronada

principalmente no sábado, junto com arroz e feijão. Também na metade desses

casos existiu consumo de refrigerante com a comida e os horários de alimentação

alteraram entre 12h07min e 13h35min. O restante alegou não ter almoçado.

Café da tarde: Diferentemente do café da manhã, não há um padrão seguido

de alimentação e nem de mesmos horários, que começam às 14h30min e vão até

17h00min. Verifica-se que essa alimentação é mais reforçada que a da manhã, uma

vez que a maioria narra ingerir alimentos mais calóricos, como tortas doces e

salgadas, bolos, refrigerantes, bolachas recheadas ou não, pães reforçados com

doce de leite ou outros tipos de doces e com frios, mais achocolatados do que o

desjejum da manhã.

Jantar: Paralelo às refeições do almoço, a maior parte dos diários indicam

que os alimentos básicos das refeições dos alunos são arroz e feijão,

acompanhados por saladas e frituras. A macarronada apareceu entre as comidas,

mas inversamente em quantidades e acompanhamento. Os refrigerantes

apareceram em menor proporção e ocasionalmente os sucos. Vinte e três

estudantes pronunciaram não ter realizado esta refeição, sendo que o registro de

horários de 33 alunos foram acima de 20h30min chegando até 22h00min, os

diversos 37 alunos fazem suas refeições entre 18h30min a 20h00min.

Refeições excedentes: Observou-se que 86% dos alunos não possuem uma

rotina correta de alimentação e ingerem muitos alimentos industrializados e

altamente calóricos, sendo estes constituídos por bolachas, sorvetes, salgados e

salgadinhos, balas, pirulitos, chicletes, bombons e outros tipos de chocolates,

refrigerantes, pizzas, pães, e uns até citaram novamente a macarronada como fora

do horário, predominando estas refeições extras entre o almoço e jantar. A

porcentagem restante, 14%, dividiu-se entre não terem feito refeições excedentes e

consumido frutas e iogurtes.

3.4 Pirâmide Alimentar: Dieta Saudável.

Para a realização desta atividade contamos com a colaboração de uma

nutricionista e também professora da rede estadual Juliana Ferreira. No dia 29 de

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17

setembro, as 7h00min iniciamos a organização em uma das salas da escola, com

antecedência programamos os alimentos e os materiais a serem usados.

Elaboramos uma mesa nutricional apresentando uma variedade de alimentos, para

que os alunos pudessem visualizar e diferenciar os tipos de nutrientes contidos em

cada alimento: pão, bolacha, macarrão, leite, frutas, verduras, legumes,

achocolatado, feijão e arroz.

Junto à mesa foi colocado também uma pirâmide alimentar, confeccionada

em acrílico, com imagens internas das divisões dos grupos alimentares, para haver

maior entendimento dos conceitos a serem comunicados, assim como aprender

sobre a necessidade de ingerir variedade de alimentos por grupos e porções

recomendadas identificadas pelo tamanho dos grupos, e também moderação.

O horário de realização da palestra foi alternado para as três turmas e

realizou-se das 7h30m as 10h00min. Iniciada a conversação, houve apresentação

da Pirâmide Alimentar, mencionou-se o seu histórico e em sequência a importância

da alimentação ter uma variedade de nutrientes por grupos e quantidades de

porções recomendadas. Teve acréscimo das funções desempenhadas pelos

nutrientes em nosso organismo, como os macros nutrientes que exercem cargos de

alimentos energéticos (carboidratos), construtores (proteínas), e os energéticos

extras (lipídios) que constituem reservas de energia e preenchimento dos espaços

em nosso organismo e igualmente o valor dos micros nutrientes (vitaminas e

minerais). Articulados com essas apreciações alegou-se a precisão de evitar

alimentos muito calóricos em demasia, porque se não equilibrado com quantidade

correta de atividades físicas, causa a obesidade, que nas meninas ocorre acúmulo

na maioria das vezes nos quadris, e nos meninos na barriga (visceral) que é a mais

perigosa no prenúncio de doenças cardiovasculares, e a responsável pelo diabetes

em crianças e adolescentes obesos.

Na oportunidade, foi comentada também a importância da água para limpar

o organismo e retirar as suas impurezas.

As exposições foram pautadas de maneira a se refletir sobre a realidade, ou

seja, através da sua contraposição, para ao somar das opiniões, o aprendizado

tenha significados subjetivos de relevância sobre o objeto de estudo.

Este pensamento surge a partir de uma reflexão sobre a atividade realizada,

em que os alunos interagiram com as perguntas da nutricionista, merecendo

destaque o 9º ano B que sempre foram mais comunicativos.

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18

Uma das perguntas improvisadas, entre outras, e que merece consideração

neste artigo foi a seguinte: O gordinho não é considerado saudável?

Ficou resumido que, a obesidade é considerada uma epidemia e influi no

conforto das pessoas e na saúde pública, embora uma pessoa obesa possa se

sentir bem e saudável, mas em algum momento da vida, as consequências

inevitavelmente vão aparecer.

Conforme sucedia a palestra, e a nutricionista fazia algumas perguntas,

como por exemplo, quando estava falando sobre os minerais, ferro e cálcio, os

alunos prosseguiam respondendo, apresentando algumas dúvidas e ao mesmo

tempo contextualizando com conteúdos apreendidos em anos anteriores quando

estudaram o corpo humano, lembrando que o ferro liga-se a hemoglobina para

transportar oxigênio e o cálcio é responsável pelo fortalecimento dos ossos.

No final da palestra foi entregue um achocolatado para cada aluno, como

exemplo dele conter os principais nutrientes necessários a uma alimentação

saudável e equilibrada, mas lembrando-lhes sempre da moderação para qualquer

tipo de alimento.

3.5 Coleta de Parâmetros Biométricos.

Com a colaboração do professor de Educação Física Marcelo Ramos,

atuante na mesma escola de aplicação do projeto, foi coletado o peso (Kg), altura

(m) de todos os alunos, utilizou para essa atividade, estadiômetro (instrumento para

medir altura) e balança digital, disponibilizada pelo estado para todas as escolas da

rede estadual de ensino no ano de 2009.

Os dados coletados foram colocados em fichas individuais enumeradas,

contendo o diferencial de sala da turma, gênero e idade. Posteriormente, entregue

às fichas a professora de Ciências, aplicadora do projeto, iniciou em sala de aula,

por turma, um trabalho de verificação do Índice de Massa Corpórea (IMC). A tutora

apresentou, no quadro, o cálculo do IMC: Peso (Kg) /altura (m2), o qual consiste em

dividir o valor da massa em quilogramas pelo produto da altura, ou seja, altura x

altura, produziu exemplos de cálculos auxiliares e em seguida entregou as fichas

com as informações para que os estudantes efetuassem as resoluções. Alguns

apresentaram dúvidas ao desenvolver as estimativas que, prontamente, foram

ajudados pelos colegas que apresentaram menor dificuldade, também foram

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19

auxiliados pela professora.

Na próxima aula, foi exposta em TV multimídia, a tabela com referência para

classificação de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes (OMS 2007),

elaborada pela Força Tarefa Internacional para Obesidade, assessoria da

Organização mundial de Saúde.

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

Idad

e (

an

os)

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

1.75

2.00

*

Alt

ura

(m

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

*

Peso

(K

g)

Meninos Meninas

1A 1B 1C

Figura 6 – Parâmetros Gerais dos Estudantes dos 9º anos. Os dados representam a média ± erro padrão da média (epm) dos 80 alunos avaliados. O símbolo sobre as barras indicam diferenças estatísticas de p (<0,05) no teste T de Student’s. Fonte: a autora, 2012

A média de idade entre meninos e meninas não diferiu entre os grupos,

conforme demonstra a figura 1A. As meninas apresentaram menor estatura 1,60 ±

0,01 (m) versus 1,69 ± 0,01 (m) nos meninos (figura 1B). Além disso, o peso corporal

das meninas foi 53,61 ± 1,82 versus 60,12 ± 1,91 nos meninos (figura 1C)

Adicionalmente, separado esses índices por gênero e idade, as informações

encontradas no IMC foram comparadas com a classificação de sobrepeso e

obesidade em crianças e adolescentes (OMS 2007), compondo construção de novos

gráficos.

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20

Figura 8: Classificação de sobrepeso por gênero- OMS (2007). Fonte: a autora – Excel 2010

Figura 9: Classificação de obesidade por gênero- OMS (2007). Fonte: a autora- Excel 2010

Sob esta perspectiva, percebem-se nas figuras 8 e 9 que os meninos

apresentam maior índice de obesidade e as meninas de sobrepeso, ambos na idade

de 14 anos. Estudantes com faixa etária de 13 anos diferenciou-se a disposição de

acordo com o sexo, estabelecendo sobrepeso em meninas e obesidade em

meninos. O inverso sobreveio para alunos com idade de 15 anos, meninas

apresentando maior taxa de obesidade e meninos sobrepeso. Observa-se também

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que, em relação ao crescimento físico cronológico dos meninos, há uma inclinação

de sobrepeso e aumento da obesidade, inversamente proporcional à disposição

cronológica das meninas. Esses dados sugerem que os meninos possuem maior

propensão de obesidade com o passar do tempo, com relação aos números das

meninas, entendendo não ser via de regra esses elementos para todos os grupos

sociais, étnicos e culturais.

3.6 Jornal da Saúde

No dia 02 de dezembro de 2011 foi entregue para a comunidade do Colégio

Estadual Professor Milton Benner - EFM o Jornal da Saúde, representando um dos

resultados do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná, área de

Ciências, em que a professora encontra-se inserida, com o projeto de Título:

Obesidade X Qualidade de Vida: a escola como promotora de saúde.

Esta etapa, somada as outras apresentadas aos alunos dos 9ºs anos do

período matutino, participantes do projeto, no 2º semestre de 2011, já apresentava

características de sucesso para sua realização. Desde o início da implementação os

alunos começaram a idealizar o jornal, para conseguir sua concretização realizaram

pesquisas, leituras, interpretações em livros, revistas, sites educativos da internet e

produções escritas, que ao final do processo apresentaram em sua edição artigos

sobre obesidade, tipos de obesidade, entrevista sobre cirurgia bariátrica, estatísticas

da obesidade no Brasil, bullying praticado contra pessoas obesas, educação

alimentar e doenças associadas a estilos de vida não saudáveis. Houve

apresentação no Jornal de outras atividades atingidas durante a prática do projeto,

como a colaboração do professor de Educação Física, na coleta de dados

biométricos, e também apresentação de narrativa da palestra proferida pela

nutricionista, sobre as vantagens de utilização da pirâmide alimentar para se manter

uma dieta apropriada para a saúde. Também foi exibido no jornal, através de fotos, a

construção de gráficos de colunas, em material E.V.A, do IMC das turmas, onde

anteriormente havia sido exposto no mural da escola para conhecimento da

comunidade escolar. Constituíram 80 alunos avaliados no total, ocorrendo falta de 3

alunos no dia da coleta, e 16 deles independente do sexo apresentaram sobrepeso,

o que representa 20% do integral de alunos, incidindo 7 alunos que apresentaram

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obesidade, representando 8,8% do total.

Durante a estruturação, os alunos utilizaram programas da internet para

digitação dos textos e criatividade para a elaboração da capa e logotipo do jornal,

contaram com o apoio dos professores da área de Língua portuguesa para as

correções necessárias e orientação da professora de Ciências, o mérito da

efetivação do jornal deveu-se a organização dos participantes.

Foram vários encontros desempenhados para que o objetivo do jornal fosse

cumprido, qual seja divulgar os dados obtidos da avaliação de sobrepeso e

obesidade entre os jovens em idade escolar e ressaltar a importância da

participação coletiva e da propagação do conhecimento além da escola para a

melhoria da qualidade de vida.

Para a aluna J. L. R., 9° ano A, indagada sobre a produção do jornal,

respondeu:

Achei interessante, pois retrata sobre um assunto vivido por uma parte dos estudantes de Wenceslau Braz. Eu ajudei nesse projeto e vi a falta de conhecimento sobre o assunto de grande parte dos alunos, mas com o jornal e as atividades desenvolvidas em sala de aula ajudaram a ter ideia de como é importante e sério falar sobre a obesidade.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as escolas que contribuem para

a promoção da saúde são aquelas que asseguram algumas condições, entre elas:

reconhecem que os conteúdos de saúde devem ser necessariamente incluídos nas

diferentes áreas curriculares, valorizam a promoção da saúde na escola para todos

os que nela estudam e trabalham, reforçam o desenvolvimento de estilos de vida

saudáveis e oferecem opções viáveis e atraentes para a prática de ações que

promovam a saúde.

3.7 Grupo de Trabalho em Rede: GTR

O objetivo geral de destacar a importância de prevenção à saúde do

adolescente através de intervenções educativas foi apresentado durante as

temáticas pelo meio da disponibilização do Projeto de intervenção Pedagógica na

Escola, da Produção Didático-Pedagogica e Ações da Implementação que

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23

possibilitaram a interação entre os participantes do curso, no ambiente “e-escola”,

disponível no portal dia a dia educação do estado do Paraná.

Percebeu-se nas discussões a necessidade da escola, espaço de

socialização, informar e orientar os educandos quanto a atitudes de alimentação

saudável e prática de atividades físicas, envolvendo a família nesse processo, uma

vez que ela constitui o alicerce principal.

Comentou-se por meio das diversas disciplinas, principalmente na área de

Ciências, Biologia e Educação Física, que se devem estimular estas práticas,

contemplando-as em seus planejamentos curriculares e projetos sociais

educacionais para proporcionar a construção do conhecimento, causarem uma

aprendizagem significativa e instrumentar a interpretação dos fatos para promover

melhora na qualidade de vida de toda comunidade local, que se sabe não acontecer

da noite para o dia.

Os professores cursistas acreditaram que a proposta promove o

entendimento para seu uso na educação e apresentaram novas ferramentas durante

as interações entre os módulos, com possibilidades definidas, contextualizadas e

participativas, e corroboraram esta empreitada que visa à saúde da coletividade

escolar e que podem auxiliar no processo ensino-aprendizagem dos alunos.

Revelaram que é um grande desafio provocar mudanças de comportamento

alimentar e, repensar práticas, traçar metas que contribuam ao encontro de estilos

de vida favoráveis a saúde, evitando assim a obesidade e doenças anexas entre os

escolares, talvez seja o início de um trabalho com vistas a ocorrer mudanças

culturais significativas entre os grupos.

Enfim, todas as trocas de opiniões e conhecimentos tiveram o seu valor e

demonstraram de maneira dialógica e reflexiva que as inquietações dos profissionais

da educação são, em sua maioria, comuns a todos.

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4 DISCUSSÕES

A alimentação e a obesidade caminham juntas, fato estabelecido desde os

primórdios da humanidade, período que o acesso aos alimentos era menor e a

estocagem era necessária para tempos de carência (VARELLA E JARDIM, 2009). A

população brasileira apresentou nos últimos anos alterações no estilo de vida, com

mudanças de hábitos alimentares e sedentarismo. Houve uma redução de alimentos

básicos em suas dietas e paralelamente aumento de produtos industrializados ricos

em carboidratos e gorduras. Adicionalmente, houve redução do nível de atividade

física. Em conjunto, estes elementos foram os principais responsáveis pelo

sobrepeso e obesidade em todas as faixas etárias (FISBERG, 2005). Entrevista

concretizada pela PeNSE ( Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), uma parceria

do IBGE com o Ministério da Saúde, com alunos dos 9ºs anos do Ensino

Fundamental II, em 1453 escolas públicas e privadas, nas 27 capitais Brasileiras,

através do uso de questionário autoaplicável em palmtop, apresentou em relação a

consumo de alimentos em cinco dias ou mais na semana: 62,9% comem feijão ,

apenas 31,5% consomem frutas, 58,3% comem guloseimas e 37% tomam

refrigerantes. Em afinidade ao nível de atividade física 43,1% dos alunos são ativos

fisicamente e 79,5% gastam mais de duas horas diárias em frente a televisão.

As mais recentes pesquisas de base populacional comprovam que a

população brasileira diminuiu o consumo de feijão e arroz e consequentemente

houve um aumento de 400% no consumo de refrigerantes, salgadinhos, bolachas,

chocolates, etc.. Estes maus hábitos alimentares foram mais acentuados nos grupos

jovens, corroborando com os achados em estudantes do 9º ano do ensino

fundamental do Colégio Estadual Professor Milton Benner. Em entrevista a revista

Veja (2010) a nutricionista Priscila Maximino, destaca que há reduzido consumo na

dieta das crianças brasileiras, em porcentagens decrescentes de consumo, Fibras,

Vitamina D, Cálcio, Vitamina E, encontrados em um cardápio variado de alimentos

saudáveis, como cenoura, goiaba, ovos, atum, leite integral, iogurte, couve, peixes,

grãos integrais, e está sobrando Sódio, presente em produtos que apresentam

gorduras trans, como é o caso dos alimentos preferidos dos jovens ( bolachas,

salgadinhos e outros produtos). Segundo VARELLA E JARDIM, 2009 o consumo

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destes produtos de baixo valor nutricional deve ocorrer apena esporadicamente e

em baixas quantidades, para não provocar problemas à saúde. De acordo com os

mesmos autores: “a obesidade na infância causa hipertensão arterial, aumento de

colesterol e triglicérides e tendência a inflamações crônicas, além de facilitar a

formação de coágulos, alterar a parede interna das artérias e elevar a produção de

insulina”, esse conjunto de fatores de risco é conhecido como síndrome metabólica,

um quadro que predispõe ao surgimento de doenças cardiovasculares e o diabetes

tipo 2, cada vez mais diagnosticado na infância.

Os métodos de avaliação para consumo alimentar de crianças e

adolescentes são o mesmo utilizado para adultos, compondo o Registro de

Alimentos, largamente utilizados na avaliação dietética (apud Caroba e Silva, 2005).

Estudos científicos indicam que a dieta equilibrada na alimentação infantil

desenvolve a inteligência. Pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra,

publicaram um estudo que relaciona os hábitos alimentares com a inteligência.

Estudando 4 mil crianças de 8 anos, estes autores demonstraram que crianças que

consumiam em excesso açúcar e gordura tinham 2 pontos a menos no QI

(Quociente de Inteligência). Evidencia, portanto, que um padrão alimentar correto

ajuda no desempenho escolar.

Em relação aos fatores externos que influenciam no aumento da massa

adiposa, verifica-se o uso da TV em maior escala, do computador e vídeo games

nos horários destinados as refeições, um comportamento que interfere com a

qualidade e a quantidade de alimentos a serem ingeridas (SENE E OLIVEIRA,

2009). Conforme expõe HELLER, 2004, “normalmente ao comer vendo televisão

come-se mais, opta-se pelas guloseimas e abre-se a porta para a obesidade”.

O acesso às tecnologias em horários desmedidos, também cooperam com o

sedentarismo dos adolescentes, além de ficarem vulneráveis a propagandas de

alimentos ricos em gorduras e açucares e de baixo valor nutricional (BORBA, 2006).

Corroborando com estas informações estudo realizado por OLIVEIRA, et al, 2003,

verificou que a obesidade infantil está inversamente relacionada com a prática de

atividade física, o uso de TV, videogames e computador nas residências, além do

consumo baixo de verduras, reforçando o impacto dos hábitos alimentares e nível de

atividade física para a obesidade infantil.

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26

Destaca-se a importância da atividade física ser iniciada desde cedo na vida

dos jovens, de forma lúdica e prazerosa quando criança, aumentando o grau de

conhecimento e prática física com o aumento da idade, de forma a desenvolver a

permanência desse aprendizado na vida adulta (HELLER, 2004). Neste sentido,

pesquisa sobre aspectos nutricionais e físicos realizados com alunos do Ensino

Fundamental I em escola do estado de Santa Catarina, através das aulas de

Educação Física, para prevenção da obesidade, confirma a importância de se

adquirir hábitos saudáveis e níveis de atividades físicas desde a infância. O projeto

foi executado através de atividades desenvolvidas em seis etapas, nas quais foram

abordados temas sobre a Pirâmide Alimentar, tipos de nutrientes presentes nos

alimentos, doenças provenientes da obesidade e em conjunto exercícios físicos

propostos pelo professor de Educação Física (SENE E OLIVEIRA, 2009). Os

resultados deste estudo evidenciaram os maus hábitos alimentares praticados pelos

estudantes e nível alto da prática de atividade física, sendo este último não

suficiente em relação ao consumo e gasto energético, pois os alunos avaliados

apresentaram porcentuais altos de obesidade, igualados aos dados do IBGE (2000),

onde indica que 15% das crianças do ensino Fundamental apresentam obesidade,

autenticando a investigação realizada com alguns alunos da Educação Básica em

estudo que apresentaram taxas substanciais de sobrepeso e obesidade. A

Organização mundial de Saúde (OMS) coloca que “uma criança obesa em idade

escolar tem 30% de chance de se tornar uma adulto obeso e o risco aumenta em

50% se ela entrar na adolescência com esta mesma composição corporal”.

A atividade física escolar iniciada desde a infância contribui para a aderência

desse hábito, e no ensino fundamental desenvolve ações mais responsáveis,

contribui para a frequência as aulas, entre outras vantagens. Os professores da

disciplina de Educação Física contribuem para tornar o acesso à escola mais

prazeroso e da mesma forma precisam desenvolver o prazer na realização das

atividades de maneira que estas reflitam positivamente nos alunos pelo resto da

vida.

Constata-se a importância da Família, Escolas e Professores estarem

cuidadosos e participativos neste processo de informação, na qual o adolescente

seja capaz de construir o conhecimento de estilos de vida saudáveis, para evitar

agregações futuras de doenças e baixa autoestima, que influenciará assim em seus

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estudos e na má qualidade de vida. Reforçando a importância de identificarmos

estas alterações no peso corporal precocemente, um estudo da análise da

espessura interna das artérias que levam sangue do coração ao cérebro em 70

crianças com mais de 6 anos, em Missouri-Kansas, causou inquietação, pois se

divulgou a descoberta que o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos tinham

0,45 de milímetro, espessura compatível com a de adultos de 40 anos (RIBAS E

SILVA, 2009).

Vários métodos já foram empregados para avaliação de sobrepeso e

obesidade, mas um dos parâmetros indiretos mais confiáveis por apresentar

relações com patologias é o Índice de Massa Corpórea (IMC), parâmetro utilizado

por vários países (VARELLA E JARDIM, 2009). No Brasil, estima-se que 15% das

crianças e 20% dos adolescentes sejam obesos, de acordo com a utilização do

cálculo do IMC e comparação da tabela de referência da OMS-2007 (HELLER,

2004), e com a mesma utilização desse parâmetro e tabela chegou-se nos

resultados das prevalências encontradas nos jovens em estudo. Neste sentido,

estudos epidemiológicos locais realizados com crianças e adolescentes, compõem

instrumentos importantes para analisar a proporção deste crescimento, nestas faixas

etárias. Outro método útil para avaliar clinicamente a quantidade de adiposidade

corporal é a medida das pregas subcutâneas em locais pré-determinados do corpo,

incluindo o tronco e as extremidades, porém esta técnica deve utilizar equações

distintas para cada faixa etária, raça e sexo tornando-se um método complicado e

passível de falhas (HELLER, 2004).

Inquérito para averiguar a prevalência de dislipidemia em crianças e

adolescentes da rede particular de ensino da cidade de Belém, afirma a importância

de se diagnosticar o perfil lipídico desse grupo, principalmente se este já apresenta

associação com outro fator de risco, como a obesidade. De 126 escolares

analisados (28,8%) apresentaram excesso de peso e 158 (36,2%) índice de

adiposidade elevada. As faixas etárias de 10 a 15 anos foram os grupos que

apresentaram maiores taxas de dislipidemia (RIBAS E SILVA, 2009). Estudo

antropométrico realizado com 109 alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental,

com idade entre 10 e 14 anos, do município de Maringá-PR, cuja analise estatística

foi através da utilização do programa Microsoft Office Excel 2003, e Prism 4.0,

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apresentaram prevalência de 43,2% de alunos com sobrepeso e/ou obesos, a

separar por gênero, 45,1% das meninas e 41,4% dos meninos (MORAES E

OLIVEIRA, 2007).

A prevalência de sobrepeso e obesidade em escolas públicas e particulares

da cidade de Santos, SP, também foi avaliada. Crianças na faixa etária de 7 a 10

anos de idade totalizando 10822 foram analisadas. A prevalência de sobrepeso nas

escolas públicas foi de 13,7% para meninos e 14,8% para meninas. Nas particulares

foi de 17,7% para meninos e 22,2% para meninas. Em relação à obesidade, nas

escolas públicas, houve prevalência em 16,9% meninos e 14,3% meninas. Nas

particulares, 29,8% meninos e 20,3% meninas foram diagnosticados como obesos.

De acordo com os autores escolas privadas apresentam maior prevalência de

obesidade e sobrepeso entre os educandos e também maior porcentagem do que

apresentadas em outros estudos nacionais e latino- americanos (COSTA, CINTRA &

FISBERG, 2006). A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), 2008-2009, acrescenta

que o excesso de peso e a obesidade relacionam-se também com a faixa de renda

familiar, instituindo relações diretamente proporcionais, quanto maior a renda maior o

acesso aos alimentos.

No município de Araguaína, estado do Tocantins foi avaliado 951 crianças,

de 7 a 10 anos da rede pública municipal, deste total, 500 meninos e 451 meninas.

O estado nutricional foi registrado segundo o critério de Warterlow (1976- 1977)

empregado como padrão de referência o NCHS (National Center for Health

Statistics) e utilização do programa de avaliação do estado nutricional em pediatria

(PED2000). Esses achados indicaram à prevalência de desnutrição (36,9%), em

contraposição a prevalência de excesso de peso (10,4%), que foi praticamente três

vezes menor. Em relação à diferença de sexo, constatou-se máxima predominância

nos meninos de sobrepeso e nas meninas maior proporção de desnutrição. Os

índices sobressaíram em 52,8% para eutrofismo e 36,9% para riscos nutricionais.

Outro estudo de abordagem qualitativa em uma escola da rede municipal de

Olinda, para indagar ações que pretendem favorecer a promoção de hábitos

alimentares saudáveis nas escolas, constatou que apesar de haver preocupação por

parte dos professores e escola contemplar programas e projetos sobre Educação

Alimentar e esta poder contribuir para a prevenção de várias doenças, as mudanças

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nos hábitos alimentares dos alunos são discretas ( ALBUQUERQUE E MENEZES,

2010).

Trabalho realizado por Cunha, 2006, expõe a viabilidade de se aplicar nas

escolas Jornais Escolares como recurso pedagógico para visar várias ações que

permitam aos escolares além do letramento, a sua formação como indivíduo crítico,

participativo e cidadão conhecedor-agente de direitos e deveres, dentro e fora da

escola, e com esse objetivo, a metodologia aplicada para construção do Jornal da

Saúde, também contribuiu para difundir informações importantes para a qualidade

de vida da comunidade escolar e familiares.

No Brasil, em 2009, foram realizadas avaliações nutricionais de estudantes,

marcando índice de obesidade de 4,95%, menor que a média paranaense que

apresentou um índice de 7,9%, indicando também que 25% dos alunos estão acima

do peso no Brasil e no Paraná. Para a avaliação nutricional dos escolares do

Paraná, houve utilização da tabela de distribuição por idade e sexo da OMS

organizado em escores estatísticos (escore z), e os dados coletados em escores

foram convertidos por software da OMS, o Anthroplus (NOSSA ESCOLA, 2011).

Quatrocentas escolas estaduais e municipais, em 96 cidades dos 32 núcleos

regionais de educação do Paraná, a partir de Março de 2012, poderão contar com

um aliado no combate à obesidade, através do projeto de Prevenção e controle da

Obesidade Infanto-Juvenil, da Secretaria de Estado do Esporte envolvendo também

as Secretarias de Educação, Ciência, Tecnologia e Saúde, por meio do Programa

Paraná saudável, destinado para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos

Paranaenses, ocorrendo ampliação dessas ações em 2014 para atingir estimativas

de 2,1 milhões de alunos, como forma de minimizar os impactos dos fatores

associados a esses problemas (JORNAL MEIO AMBIENTE, 2012).

A carta de Ottawa estabelece vários pré-requisitos para a conquista da

saúde, esse documento define Promoção da Saúde como o processo de

capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e

saúde, agindo com maior controle nesse processo. Várias estratégias têm sido

utilizadas, em nível mundial, para se implantar políticas de promoção da saúde e a

Escola Promotora de Saúde é uma delas, sendo que esta considera o ser humano

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em uma visão holística, principalmente as crianças e os adolescentes, dentro de seu

ambiente familiar, comunitário e social. Ela promove a autonomia, a criatividade e a

participação dos alunos, bem como de toda comunidade escolar (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE PEDIATRIA).

5 CONCLUSÃO

Os Parâmetros Biométricos achados confirmaram a preocupação global no

estabelecimento do sobrepeso e obesidade entre os escolares, propondo-se novas

intervenções, nas diversas ciências e espaços, para acompanhar e formar a saúde

dos jovens, desde a infância, uma vez que, em vários estudos antropométricos

realizados no Brasil e no Paraná, esses dados encontram-se associados a maus

hábitos alimentares e sedentarismo. Inseridos neste contexto, o trabalho local

concretizado, identifica-se com as taxas porcentuais integrais encontradas,

estabelecendo diferencial entre meninos e meninas.

As atividades desenvolvidas no conjunto educacional, na área de ciências,

originadas através do diálogo, pautadas no direito a construção da autonomia,

questionamentos, reflexões, construção e reconstrução do saber, permitiram o

agregar de conhecimentos aos adolescentes para promoção da saúde e qualidade

de vida.

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