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O O B B E E S S I I D D A A D D E E Por: Carla Daltro Médica endocrinologista do Programa de Prevenção de Obesidade - PLANSERV, mestre e doutora em Medicina e Saúde pela UFBA. Professora do Programa de Pós- graduação em Medicina e Saúde da UFBA A obesidade é uma patologia crônica, já conhecida há muito tempo. Foram encontradas evidências dessa enfermidade em pinturas e estátuas de pedra com mais de 20 mil anos, em múmias egípcias, pinturas e porcelanas chinesas, vasos dos maias, astecas e incas, dentre outros. Ultimamente, sua frequência vem aumentando tanto, que está rapidamente se tornando um problema de saúde pública e já podemos falar em uma epidemia de obesidade. Embora o tecido adiposo (gorduroso) seja muito importante como fonte de energia, quando em excesso, pode trazer uma série de complicações e mesmo, colocar em perigo a vida do indivíduo. Indivíduos obesos apresentam maior risco de desenvolver uma série de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença cardiovascular e mesmo alguns tipos de câncer, quando comparados a indivíduos de peso normal, principalmente se a gordura estiver concentrada no

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OOBBEESSIIDDAADDEE

Por: Carla Daltro Médica endocrinologista do Programa de Prevenção de

Obesidade - PLANSERV, mestre e doutora em Medicina e

Saúde pela UFBA. Professora do Programa de Pós-

graduação em Medicina e Saúde da UFBA

A obesidade é uma patologia crônica, já

conhecida há muito tempo. Foram encontradas

evidências dessa enfermidade em pinturas e

estátuas de pedra com mais de 20 mil anos, em

múmias egípcias, pinturas e porcelanas chinesas,

vasos dos maias, astecas e incas, dentre outros.

Ultimamente, sua frequência vem aumentando

tanto, que está rapidamente se tornando um

problema de saúde pública e já podemos falar em

uma epidemia de obesidade.

Embora o tecido adiposo (gorduroso) seja

muito importante como fonte de energia, quando

em excesso, pode trazer uma série de complicações

e mesmo, colocar em perigo a vida do indivíduo.

Indivíduos obesos apresentam maior risco de

desenvolver uma série de doenças crônicas, como

hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença

cardiovascular e mesmo alguns tipos de câncer,

quando comparados a indivíduos de peso normal,

principalmente se a gordura estiver concentrada no

abdômen, no meio das vísceras, a chamada gordura

visceral.

No momento, utilizamos o índice de massa

corpórea (IMC) como determinante do grau de

obesidade de um indivíduo adulto. Este é calculado

dividindo-se o peso, em quilos, pela altura em

metros ao quadrado. De acordo com a Organização

Mundial de Saúde (OMS), se o valor encontrado

chegar até 24,9 kg/m2, o indivíduo é considerado

como tendo um peso normal; de 25 a 29,9 é

considerado como sobrepeso e maior ou igual a 30 é

chamado de obeso. No entanto, se o resultado do

IMC for abaixo de 18,5 kg/m2 esse indivíduo será

avaliado como muito magro.

Até pouco tempo atrás acreditávamos que o

obeso era o indivíduo que comia muito e gastava

poucas calorias. É claro que o indivíduo engorda se

come mais calorias do que gasta, mas, nos dias

atuais, a obesidade é encarada como uma doença

multifatorial, onde aspectos hereditários,

metabólicos, ambientais, comportamentais e

psicológicos interagem de um modo ainda não

totalmente compreendido, levando o indivíduo a um

ganho de peso excessivo.

Inúmeros pesquisadores nacionais e

internacionais se dedicam ao estudo e

aprofundamento do tema, que é de crucial

importância principalmente no momento em que,

no planeta, o número de pessoas acima do peso já

tende a ser maior que o número de pessoas

desnutridas.

Qualquer tratamento para obesidade deve

incluir uma dieta balanceada e um programa de

exercício físico personalizado. Algumas medicações

A obesidade é uma doença

crônica e deve ser tratada como

tal

podem também ser utilizadas, mas vale ressaltar

que não são isentas de efeitos colaterais e devem

ser prescritas por um profissional competente, não

tomada por conta própria ou por indicação de

amigos. Como são várias as causas de obesidade,

os remédios são específicos para cada etiologia. A

psicoterapia também tem se mostrado uma grande

auxiliar no tratamento desta condição e deve ser

incluída no plano terapêutico sempre que possível.

Em casos muito graves e com intratabilidade clínica

comprovada a cirurgia bariátrica pode ser uma

opção terapêutica.

Para finalizar, fica a mensagem que obesidade

é uma doença crônica e que a mudança no

estilo de vida é fundamental para o

controle desse problema.

Referências:

Márcio Mancini, Bruno Geloneze, João Eduardo N.

Salles, Josivan Gomes de Lima e Mário K. Carra.

Tratado de Obesidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: GEN-

Grupo Editorial Nacional/AC Farmacêutica LTDA,

760 p, 2010.

Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009 -2010 -

ABESO, Disponível em

<http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileira

s_obesidade_2009_2010_1.pdf>.