oab exame 2013.2- correção e comentarios

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A questão 32 da prova amarela traz uma questão muito controversa que é a natureza jurídica da retrocessão em casos de tredestinação ilícita. A Banca considerou correta a assertiva C que dispõe ser possível a anulação do ato de desapropriação, com o retorno do bem ao ex-proprietário, o que significa que a banca considera a retrocessão como direito real. Ocorre que essa é somente uma das posições admitidas, uma vez que a doutrina e a jurisprudência divergem e parte considerável entende se tratar de direito pessoal, somente sendo possível o requerimento de indenização em perdas e danos. Desta forma, a assertiva D também está correta. Nesse sentido, o STJ se posicionou recentemente considerando a tredestinação ilícita como passível somente de indenização, não sendo possível a anulação do ato. Essa decisão que está transcrita abaixo demonstra que o STJ considera verdadeira a assertiva D, considerada incorreta pela banca. Ressalte-se ainda que esse entendimento te base no art. 519 do Código Civil, que insere a retrocessão no capítulo dos direitos pessoais. No mesmo sentido, o art. 35 do DL 3365/41 dispõe que "Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos". Desta forma, por serem admitidas como corretas as assertivas C e D, a questão deve ser anulada. Segue o julgado do STJ que torna verdadeira a assertiva D. REsp 853713 / SP RECURSO ESPECIAL 2006/0134083-0 Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 06/08/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 27/04/2011 Ementa

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Page 1: OAB EXAME 2013.2- Correção e Comentarios

A questão 32 da prova amarela traz uma questão muito controversa que é a natureza jurídica da retrocessão em casos de tredestinação ilícita. A Banca considerou correta a assertiva C que dispõe ser possível a anulação do ato de desapropriação, com o retorno do bem ao ex-proprietário, o que significa que a banca considera a retrocessão como direito real. Ocorre que essa é somente uma das posições admitidas, uma vez que a doutrina e a jurisprudência divergem e parte considerável entende se tratar de direito pessoal, somente sendo possível o requerimento de indenização em perdas e danos. Desta forma, a assertiva D também está correta.Nesse sentido, o STJ se posicionou recentemente considerando a tredestinação ilícita como passível somente de indenização, não sendo possível a anulação do ato. Essa decisão que está transcrita abaixo demonstra que o STJ considera verdadeira a assertiva D, considerada incorreta pela banca. Ressalte-se ainda que esse entendimento te base no art. 519 do Código Civil, que insere a retrocessão no capítulo dos direitos pessoais.No mesmo sentido, o art. 35 do DL 3365/41 dispõe que "Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos".Desta forma, por serem admitidas como corretas as assertivas C e D, a questão deve ser anulada. Segue o julgado do STJ que torna verdadeira a assertiva D.

 

REsp 853713 / SPRECURSO ESPECIAL2006/0134083-0Relator(a)Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)Órgão JulgadorT2 - SEGUNDA TURMAData do Julgamento06/08/2009Data da Publicação/FonteDJe 27/04/2011EmentaPROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RETROCESSÃO. CUBATÃO-SP.

DESAPROPRIAÇÃO PARA RETIRADA DE FAMÍLIAS DE ÁREA DE ALTÍSSIMA

POLUIÇÃO AMBIENTAL E RISCO COMPROVADO À SAÚDE. PARQUE ECOLÓGICO

(UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MUNICIPAL) NÃO IMPLEMENTADO. TREDESTINAÇÃO

ILÍCITA. NÃO-OCORRÊNCIA. REEXAME. SÚMULA 7/STJ. POSSIBILIDADE, EM

TESE, DE AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA OU AÇÃO POPULAR PARA

FAZER VALER A EXATA DESTINAÇÃO ORIGINAL DO IMÓVEL.

1. Hipótese em que o Município de Cubatão desapropriou imóvel localizado em área

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imprópria para habitação, por conta do elevado índice de emissão de poluentes na região, que traziam graves implicações à saúde da população, incluindo nascimento de crianças portadoras de má-formação e alterações genéticas.

2. O ato expropriatório previa a criação de "Parque Ecológico", mas o Município, apesar de manter o domínio do imóvel, cedeu seu uso

para implantação de centro de pesquisas, parque industrial e terminal de cargas.

3. A retrocessão (pretendida pelos recorrentes) é o direito de o particular exigir a devolução de seu imóvel expropriado. Essa pretensão somente é válida em caso de tredestinação ilícita, quando o expropriante deixa de dar ao bem destinação que atenda, genericamente, ao interesse público.

4. O fato de atribuir ao imóvel finalidade não prevista no momento da desapropriação não configura, necessariamente, tredestinação ilícita.

5. Caso a área seja destinada a outro fim que atenda ao interesse público, ocorre simples tredestinação lícita, não surgindo o direito à retrocessão. Precedentes do STJ.

6. O Tribunal de origem, soberano na análise do substrato fático, reconheceu que o destino dado à área atendeu, ainda que indiretamente, ao objetivo essencial da desapropriação: a retirada das famílias da área de risco.

7. Rever o pressuposto do desvio de finalidade exigiria, na presente demanda, reexame fático-probatório, vedado nos termos da Súmula 7/STJ.

8. Ainda que houvesse tredestinação ilícita (não verificada no caso em análise), seria inviável a retrocessão, por conta da incorporação do imóvel ao patrimônio público, resolvendo-se tudo em perdas e danos (desde que comprovados), nos termos do art. 35 do DL 3.365/1941.

9. Não obstante se negue aos recorrentes o direito de reaver o bem ou receber perdas e danos (litígio em que se enfrentam a municipalidade e particulares,  ex-proprietários do imóvel), cabe consignar que, em outro plano (Administração municipal versus coletividade), a suposta implantação de novas atividades poluidoras na área expropriada configura, em tese, inaceitável incentivo municipal à degradação ambiental, precisamente o fato que deu ensejo à desapropriação. Conseqüentemente, nada impede que qualquer legitimado possa ingressar com Ação Civil Pública ou Ação Popular para obrigar a Administração a dar à área a exata destinação ambiental que, originariamente, justificou sua incorporação ao patrimônio público.

10. Considerando-se as péssimas condições ambientais da região, afetada por intenso e desordenado processo industrial por mais de meio século, caracteriza, novamente em tese, grave violação da boa-fé objetiva e da moralidade administrativa deixar de implantar Unidade de Conservação, que serviria não só para salvaguardar os moradores-vítimas da zona contaminada, como também as gerações futuras, as quais, espera-se, não sejam submetidas ao sofrimento coletivo imposto aos seus antepassados.

11. Assim, o reconhecimento da impossibilidade de retrocessão não afasta o dever de

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o Município dar ao imóvel público destinação ambientalmente sustentável.

12. Recurso Especial não provido

OAB 1ª Fase 2013.2 – Direito Empresarial [Gabarito Extraoficial e comentários]

Prezados amigos, Projetos de caveira do Brasil inteiro, Segue abaixo as nossas considerações, comentários e gabaritos acerca das questões de Direito Empresarial do XI Exame, ocorrido na tarde deste dia 18/08/2013. Apesar de todos os temas terem sido abordados nos preparatórios que fizemos e nos aulões de revisão, particularmente, entendo que a FGV mandou mal…

Artigos, Atualidades do Direito, Sem categoria 1947

Prezados amigos,

Projetos de caveira do Brasil inteiro,

Segue abaixo as nossas considerações, comentários e gabaritos acerca das questões de Direito Empresarial do XI Exame, ocorrido na tarde deste dia 18/08/2013. Apesar de todos os temas terem sido abordados nos preparatórios que fizemos e nos aulões de revisão, particularmente, entendo que a FGV mandou mal nas questões de Direito Empresarial, tendo perguntado, em essência, temas que poder ser considerados temas em segundo plano – não foram os temas mais importantes – ou a exceção, da exceção – entendo que em provas de 1ª Fase, as questões deveriam ter uma abordagem mais genérica.

Os comentários foram feitos em cima da prova verde.

48. Vanderlei de Assis pretende iniciar uma atividade empresarial na cidade de Novo Repartimento. Consulta um advogado para receber os esclarecimentos sobre o registro de empresário e os efeitos dele decorrentes, informando que a receita bruta anual prevista para a futura atividade será inferior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). As informações prestadas abaixo estão corretas, à exceção de uma. Assinale-a.

Gabarito: Opção B. (Em razão de sua receita bruta anual prevista, Vanderlei poderá

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solicitar seu enquadramento como microempreendedor individual – MEI, devendo indicar no requerimento a firma individual com a assinatura autografa).

Fundamento: Nos termos do que demonstram, os §§ 3º e 4º, do art. 968, do Código Civil, procedimento de registro do MEI deve ter trâmite especial e simplificado, podendo ser dispensado o uso da firma com a respectiva assinatura autógrafa.

 

49. Uma sociedade empresária atuante no mercado imobiliário, com sede e principal estabelecimento na cidade de Pedro Afonso, obteve a concessão de sua recuperação judicial. Diante da necessidade de alienação de bens do ativo permanente, não relacionados previamente no plano de recuperação, foi convocada assembleia geral de credores. A proposta de alienação foi aprovada em razão do voto decisivo da credora Tuntum Imperatriz Representações Ltda., cujo sócio majoritário tem participação de 25% no capital da sociedade recuperanda.

Com base nas disposições da Lei nº 11.101/05, assinale a afirmativa correta.

Gabarito: Opção C. (O voto de Tuntum Imperatriz Representações Ltda. não poderia ter sido considerado para fins de verificação do quorum de instalação e de deliberação da assembleia geral).

Fundamento: Em vista de que a Tuntum Imperatriz Representações Ltda. é sócia da sociedade recuperanda, participando em 25% do capital social da mesma, ou seja, mais de 10% do capital social, o art. 43, da Lei 11.101/05 determina que poderá participar da da assembleia de credores, sem ter direito de voto e não serão considerados para fins do quorum de instalação e deliberação.

 

50. Um cheque no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) foi sacado em 15 de agosto de 2012, na praça de Santana, Estado do Amapá, para pagamento no mesmo local de emissão. Dez dias após o saque, o beneficiário endossou o título para Ferreira Gomes. Este, no mesmo dia, apresentou o cheque ao sacado para pagamento, mas houve devolução ao apresentante por insuficiência de fundos, mediante declaração do sacado no verso do cheque.

Com base nas informações contidas no enunciado nas disposições da Lei nº 7357/85, assinale a alternativa incorreta.

Gabarito: Opção A. (O apresentante, diante da devolução do cheque, deverá levar o título a protesto por falta de pagamento, requisito essencial à propositura da ação executiva em face do endossante).

Fundamento: No direito cambiário existe o entendimento pelo qual “o protesto é cambialmente necessário para a cobrança do obrigado secundário”. Porém, no âmbito do cheque, a Lei nº 7357/85, no art. 47, §1º, dispensa o protesto, caso haja declaração do sacado escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou,

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ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.

 

51. A respeito do capital autorizado, assinale a afirmativa correta.

Gabarito: Opção A. (O estatuto pode prever os casos ou as condições em que os acionistas não terão direito de preferência para subscrição).

Fundamento: Dentre vários assuntos a que cabe a cláusula do capital autorizado determinar no estatuto da sociedade anônima, está a questão relativa ao exercício do direito de preferência ou a inexistência deste direito, nos termos do art. 168, §1º, d, da Lei nº 6404/76.

 

52. Cinco pessoas naturais residentes no município X decidiram constituir uma sociedade cooperativa e procuraram uma advogada para a elaboração do estatuto social. Com base nas disposições para esta espécie societária previstas no Código Civil, é correto afirmar que

Gabarito: Opção D. (Se a cooperativa possuir capital social, as quotas serão intransferíveis a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por direito hereditário).

Fundamento: O Código Civil, no art. 1094, apresenta as características que a sociedade cooperativa deve atender. O capital social, caso exista, será variável, sendo aplicável subsidiariamente à cooperativa as normas da sociedade simples, podendo os cooperados responderem de maneira limitada ou ilimitada. A intransferibilidade das quotas, ainda que por herança, está consagrada no art. 1094, IV.

OAB 1ª Fase 2013.2 – Direito Processual Penal [Gabarito Preliminar e comentários]

Questão 65 – Em um processo em eu se apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Criminal de Arrozinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da América, a fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento…

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Atualidades do Direito, Direito Processual Penal 349

Questão 65 – Em um processo em eu se apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Criminal de Arrozinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da América, a fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal americano realiza o interrogatório do réu e devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O advogado de defesa de Mário, ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as garantias processuais brasileiras para o réu.Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está correta?a) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do território nacional.b) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas em qualquer território.c) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras pode ser aplicadas em qualquer território.d) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do território nacional.

Gabarito Oficial: B

Discussão: Apesar das divergências sobre o tema o enunciado da questão pede que se considere apenas a aplicação da norma processual no espaço. Assim, vigora o princípio da territorialidade não podendo a lei processual brasileira ser aplicada fora do território nacional.

Questão 66 – De acordo com a doutrina, recurso é todo meio voluntário de impugnação apto a propiciar ao recorrente resultado mais vantajoso. Em alguns casos, fenômenos processuais impedem o caminho natural de um recurso. Quando a parte se manifesta, esclarecendo que não deseja recorrer, estamos diante do fenômeno processual conhecido comoa) Preclusãob) Desistênciac) Deserçãod) Renúncia

Gabarito Oficial: D

Comentários: No momento que o recurso ainda não foi interposto a hipótese é de renúncia ao direito de recorrer.

Questão 67 – A lei n. 9.99/95 modificou a espécie de ação penal para os crimes de lesão corporal leve e culposa. De acordo com o art. 88 da referida Lei, tais delitos passaram a ser de ação pública condicionada à representação. Tratando-se de questão relativa à Lei Processual Penal no Tempo, assinale a alternativa que corretamente expõe a regra a ser aplicada para processos em curso que não haviam transitado em julgado quando da alteração legislativa.

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a) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ser norma mais benignab) Aplica-se a regra a Direito Processual de imediatidade, em que a lei é aplicada no momento em que entra em vigor, sem que se questione se mais gravosa ou nãio.c) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade da lei, por ser norma mais gravosa.d) Aplica-se a regra do Direito Processo de imediatidade, em que a lei é aplicada no momento em que entra em vigor, devendo-se questionar se a novatio legis é mais gravosa ou não.

Gabarito Oficial: A

Comentários: Natureza da ação penal é norma com conteúdo de direito material penal na qual vigora o princípio da anterioridade, não retroagindo, salvo em benefício do réu, que foi o que ocorreu no caso do artigo 88 da Lei 9.099/95.

Questão 68 – Frida foi condenado pela prática de determinado crime. Como nenhuma das partes interpôs recurso da sentença condenatória, tal decisão transitou em julgado, definitivamente, dentro de pouco tempo. Pablo, esposo de Frida, sempre soube da inocência de sua consorte, mas somente após a condenação definitiva é que conseguiu reunir as provas necessárias para inocentá-la. Ocorre que Frida não deseja vivenciar novamente a angústia de estar perante o Judiciário, preferindo encarar sua condenação injusta como um meio de tornar-se uma pessoa melhor.Nesse sentido, tomando-se por base o caso apresentado e a medida cabível à espécie, assinale a afirmativa correta.a) Pablo pode ingressar com revisão criminal em favor de Frida, ainda que sem a concordância desta.b) Caso Frida tivesse sido absolvida com base em falta de provas, seria possível ingressar com revisão criminal para pedir a mudança do fundamento da absolvição.c) Da decisão que julga a revisão criminal são cabíveis, por exemplo, embargos de declaração, mas não cabe apelação.d) Caso a sentença tivesse condenado mas, ao mesmo tempo, reconhecido a prescrição da pretensão executória, seria incabível revisão criminal.

Gabarito Oficial: C

Comentários: Existe divergência quanto à possibilidade de se buscar através de uma revisão criminal a mudança no fundamento da absolvição, contudo, indiscutível a letra C no momento em que a revisão criminal é processo da competência originária dos tribunais não sendo cabível apelação, cabendo entretanto embargos declaratórios.A letra A está errada porque Pablo não tem legitimidade (vide art. 623 CPP).A letra D também está errada, uma vez que a revisão criminal será possível ainda que extinta a pretensão executória (art. 622 CPP).

Questão 69 – Quanto ao julgamento pelo Tribunal do Júri, assinale a afirmativa incorreta.a) As partes não poderão fazer referência, em plenário, à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado.b) Durante o julgamento, não será permitida a leitura de documento ou a exibição de

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objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de três dias uteis, dando-se ciência à outra parte.c) Durante os debates em Plenário, os jurados poderão solicitar ao orador, por intermédio do juiz-presidente do Tribunal do Júri, que esclareça algum fato por ele alegado em sua tese.d) Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz-presidente determinada que o Conselho de Sentença se recolha à sala secreta, ordenando a realização das diligencias entendidas necessárias.

Gabarito Oficial: D

Comentários: A letra D é a errada, uma vez que de acordo com o artigo 481 do Código de Processo Penal o juiz deverá dissolver o conselho de sentença na hipótese apresentada.

 

Divulgado por Profa. Ana Cristina (Portal Exame da Ordem)

CORREÇÃO DAS QUESTÕES DE DIREITO CIVIL e DIREITO DO CONSUMIDOR - XI EXAME DA OAB-FGV

21/08/2013

PROVA 1 – BRANCA

DIREITO CIVIL

Questão 37

Visando ampliar sua linha de comércio, Mac Geral & Companhia adquiriu de AC Industrial S.A. mil unidades do equipamento destinado à fabricação de churros. Dentre as cláusulas contratuais firmadas pelas partes, fez-se inserir a obrigação de

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Mac Geral & Companhia realizar o transporte dos equipamentos, exclusivamente e ao preço de R$100,00 por equipamento, por meio de Rota Transportes Ltda., pessoa estranha ao instrumento contratual assinado. Com relação aos contratos civis, assinale a afirmativa incorreta.

A) AC Industrial S.A. poderá exigir de Mac Geral & Companhia o cumprimento da obrigação firmada em favor de Rota Transportes Ltda.

Correta. No entanto, não se trata em si de uma obrigação pactuada em favor da Rota, já que também tem uma contraprestação. Assertiva imprecisa, portanto pode dar margem a recurso por misturar estipulação em favor de terceiro e promessa por fato de terceiro.

B) Ao exigir o cumprimento da obrigação, Rota Transportes Ltda. deverá efetuar o transporte ao preço previamente ajustado pelas partes contratantes.

Correta, sob pena de desfazimento do pacto.

C) Somente Rota Transportes Ltda. poderá exigir o cumprimento da obrigação.

Errada. 

D) AC Industrial S/A poderá reservar-se o direito de substituir Rota Transportes Ltda., independentemente de sua anuência ou de Mac Geral & Companhia.

Questão 38

Diante de chuva forte e inesperada, Márcio constatou a inundação parcial da residência de sua vizinha Bianca, fato este que o levou a contratar serviços de chaveiro, bombeamento d’água e vigilância, de modo a evitar maiores prejuízos materiais até a chegada de Bianca. Utilizando-se do quadro fático fornecido pelo enunciado, assinale a afirmativa correta.

A) A falta de autorização expressa de Bianca a Márcio para a prática dos atos de preservação dos bens autoriza aquela a exigir reparação civil deste.

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B) Bianca não estará obrigada a adimplir os serviços contratados por Márcio, cabendo a este a quitação dos contratados.

C) Se Márcio se fizer substituir por terceiro até a chegada de Bianca, promoverá a cessação de sua responsabilidade transferindo-a ao terceiro substituto.

D) Os atos de solidariedade e espontaneidade de Márcio na proteção dos bens de Bianca são capazes de gerar a responsabilidade desta em reembolsar as despesas necessárias efetivadas, acrescidas de juros legais.

O princípio constitucional da solidariedade aplica-se também nas relações civis entre particulares. Dessa forma, não há o dever de Márcio reparar Bianca, mas sim dela o reembolsar pelas despesas que foram necessárias para evitar um mal maior. O problema da assertiva, que pode dar margem a uma anulação, é a previsão, ao final, de "acrescidas de juros legais". Isso porque não há que se falar em remuneração de capital por juros legais.

Questão 39

A Lanchonete Mirim celebrou contrato de fornecimento de bebidas com a Distribuidora Céu Azul, ficando ajustada a entrega mensal de 200 latas de refrigerante, com pagamento em 30 dias após a entrega. Para tanto, Luciana, mãe de uma das sócias da lanchonete, sem o conhecimento das sócias da sociedade e de seu marido, celebrou contrato de fiança, por prazo indeterminado, com a distribuidora, a fim de garantir o cumprimento das obrigações assumidas pela lanchonete. Diante desse quadro, assinale a afirmativa correta.

A) Luciana não carece da autorização do cônjuge para celebrar o contrato de fiança com a sociedade Céu Azul, qualquer que seja o regime de bens.

B) Pode-se estipular a fiança, ainda que sem o consentimento do devedor ou mesmo contra a sua vontade, sendo sempre por escrito e não se admitindo interpretação extensiva.

Arts. 819 e 820, ambos do CC.

C) Em caso de dação em pagamento, se a distribuidora vier a perder, por evicção, o bem dado pela lanchonete para pagar o débito, remanesce a obrigação do fiador.

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D) Luciana não poderá se exonerar, quando lhe convier,da fiança que tiver assinado, ficando obrigada por todos os efeitos da fiança até a extinção do contrato de fornecimento de bebidas.

Questão 40

A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, notadamente no que tange ao fato de o ato de declaração ter sido praticado na presença do tabelião e ter sido feita sua regular anotação em assentos próprios, o que não importa na veracidade quanto ao conteúdo declarado. A respeito desse tema, assinale a afirmativa correta.

A)   Aos cônjuges ou à entidade familiar é vedado destinar parte do seu patrimônio para instituir bem de família por escritura pública, cuja forma legal exige testamento.

Errada. Pode ser por escritura.

B) A escritura pública é essencial para a validade do pacto antenupcial, devendo ser declarado nulo se não atender à forma exigida por lei.

Art. 1.653, CC. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.

C) A partilha amigável entre herdeiros capazes será feita por termo nos autos do inventário ou por escritura pública, não se admitindo escrito particular, ainda que homologado pelo Juiz.

Errada. Art. 2.015, CC. Nesse caso, poderia ser feita também por instrumento particular.

D) A doação será realizada por meio de escritura pública ou instrumento particular, não tendo validade a doação verbal, tendo em vista ser expressamente vedada pela norma.

Errada, conforme art. 541, parágrafo único, CC.

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Questão 41

O legislador estabeleceu que, salvo se o negócio jurídico impuser forma especial, o fato jurídico poderá ser provado por meio de testemunhas, perícia, confissão, documento e presunção. Partindo do tema meios de provas, e tendo o Código Civil como aporte, assinale a afirmativa correta.

A) Na escritura pública admite-se que, caso o comparecente não saiba escrever, outra pessoa capaz e a seu rogo poderá assiná-la.

Art. 215, § 2º, CC. 

B) A confissão é revogável mesmo que não decorra de coação e é anulável se resultante de erro de fato.

Errada. Art. 214, CC. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação.

C) A prova exclusivamente testemunhal é admitida, sem exceção, qualquer que seja o valor do negócio jurídico.

Errada. Art. 227, CC. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados.

D) A confissão é pessoal e, portanto, não se admite seja feita por um representante, ainda que respeitados os limites em que este possa vincular o representado.

Errada. A confissão pode ser feita por um representante, porém somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado, conforme art. 213, parágrafo único, CC.

Questão 42

Fernanda, mãe da menor Joana, celebrou um acordo napresença do Juiz de Direito para que Arnaldo, pai de Joana, pague, mensalmente, 20% (vinte por cento) de 01 (um) salário mínimo a título de alimentos para a menor. O Juiz homologou por sentença tal acordo, apesar de a necessidade de Joana ser maior do que a verba fixada, pois não existiam condições materiais para a majoração da pensão em face das possibilidades do devedor. Após um mês, Fernanda tomou conhecimento que Arnaldo trocou seu emprego por outro com salário maior e

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procurou seu advogado para saber da possibilidade de rever o valor dos alimentos fixados em sentença transitada em julgado. Analisando o caso concreto, assinale a afirmativa correta.

A) Não é possível rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo já foi decidido em sentença com trânsito em julgado formal.

B) Não é possível rever o valor dos alimentos fixados, pois o mesmo é fruto de acordo celebrado entre as partes ehomologado por juiz de direito.

C) É possível rever o valor dos alimentos, pois no caso concreto houve mudança do binômio “necessidade x possibilidade”.

Os pressupostos para configuração do dever alimentar são: (i) vínculo de parentesco, casamento, união estável, inclusive homoafetiva; (ii) necessidade do alimentando e; (iii) possibilidade do alimentado. Assim, se houver mudança no binômio necessidade x possibilidade, haverá a possibilidade de rever o valor dos alimentos, nos termos do art. 1.694, parágrafo 1º, c/c art. 1.699, ambos do CC.

D) É possível rever o valor dos alimentos, pois o acordo celebrado entre as partes e homologado pelo juiz de direito está abaixo do limite mínimo de 30% (trinta por cento) de 01 (um) salário mínimo, fixado em lei, como mínimo indispensável que uma pessoa deve receber de alimentos.

DIREITO DO CONSUMIDOR

Questão 43

Pedro, engenheiro elétrico, mora na cidade do Rio de Janeiro e trabalha na Concessionária Iluminação S.A.. Ele é viúvo e pai de Bruno, de sete anos de idade, que estuda no colégio particular Amarelinho. Há três meses, Pedro celebrou contrato de financiamento para aquisição de um veículo importado, o que comprometeu bastante seu orçamento e, a partir de então, deixou de arcar com o pagamento das mensalidades escolares de Bruno. Por razões de trabalho, Pedro será transferido para uma cidade serrana, no interior do Estado e solicitou ao estabelecimento de ensino o histórico escolar de seu filho, a fim de transferi-lo para outra escola. Contudo, teve seu pedido negado pelo Colégio Amarelinho, sendo a

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negativa justificada pelo colégio como consequência da sua inadimplência com o pagamento das mensalidades escolares. Para surpresa de Pedro, na mesma semana da negativa, é informado pela diretora do Colégio Amarelinho que seu filho não mais participaria das atividades recreativas diuturnas do colégio, enquanto Pedro não quitar o débito das mensalidades vencidas e não pagas. Com base no caso narrado, assinale a afirmativa correta.

A) O Colégio Amarelinho atua no exercício regular do seu direito de cobrança e, portanto, não age com abuso de direito ao reter o histórico escolar de Bruno, haja vista a comprovada e imotivada inadimplência de Pedro.

B) As condutas adotadas pelo Colégio Amarelinho configuram abuso de direito, pois são eticamente reprováveis, mas não configuram atos ilícitos indenizáveis.

C) Tanto a retenção do histórico escolar de Bruno, quanto a  negativa de participação do aluno nas atividades recreativas do colégio, configuram atos ilícitos objetivos e abusivos, independente da necessidade de provar a intenção dolosa ou culposa na conduta adotada pela diretora do Colégio Amarelinho.

Diante da existência do débito, há o direito da escola cobrá-lo. No entanto, nos termos do art. 42, CDC, na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Portanto, a escola terá que reparar os danos. Além disso, encontra respaldo no art. 6º, Lei 9.870/99.

D) Para existir obrigação de indenizar do Colégio Amarelinho,  com fundamento no abuso de direito, é imprescindível a presença de dolo ou culpa, requisito necessário para caracterizar o comportamento abusivo e o ilícito indenizável.

Questão 46

O Mercado A comercializa o produto desinfetante W, fabricado por “W.Industrial”. O proprietário do Mercado B, que adquiriu tal produto para uso na higienização das partes comuns das suas instalaçãoes, verifica que o volume contido no frasco está em desacordo com as informações do rótulo do produto. Em razão disso, o Mercado B propõe ação judicial em face do Mercado A, invocando a Lei n. 8.078/90 (CDC), arguindo vícios decorrentes de tal disparidade. O Mercado A, em defesa, apontou que se tratava de responsabilidade do fabricante e requereu a extinção do processo. A respeito do caso sugerido, assinale a alternativa correta.

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A) O processo merece ser extinto por ilegitimidade passiva.

B) O caso versa sobre fato do produto, logo a responsabilidade do réu é subsidiária.

C) O processo deve ser extinto, pois o autor não se enquadra na condição de consumidor.

D) Trata-se de vício do produto, logo o réu e o fabricante são solidariamente responsáveis.

Aqui o primeiro ponto é você saber que pessoa jurídica pode ser consumidora, conforme vimos nas nossas aulas (essa PJ utilizaria o produto como destinatária final). É a teoria finalista mitigada adotada pelo STJ. Esse é o primeiro ponto. Assim, a disparidade entre as informações representa vício de quantidade do produto, nos termos do art. 19, CDC. Dessa forma, há solidariedade entre o réu e o fabricante.

Questão 47

Carla ajuizou ação de indenização por danos materiais, morais e estéticos em face do dentista Pedro, lastreada em prova pericial que constatou falha, durante um tratamento de canal, na prestação do serviço odontológico. O referido laudo comprovou a inadequação da terapia dentária adotada, o que resultou na necessidade de extração de três dentes da paciente, sendo que na execução da extração ocorreu fratura da mandíbula de Carla, o que gerou redução óssea e sequelas permanentes, que incluíram assimetria facial. Com base no caso concreto, à luz do Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.

A) O dentista Pedro responderá objetivamente pelos danos causados à paciente Carla, em razão do comprovado fato do serviço, no prazo prescricional de cinco anos.

B) Haverá responsabilidade de Pedro, independentemente de dolo ou culpa, diante da constatação do vício do serviço, no prazo decadencial de noventa dias.

C) A obrigação de indenizar por parte de Pedro é subjetiva e fica condicionada à comprovação de dolo ou culpa.

Trata-se de defeito na prestação de serviço. Portanto, o tem enquadra-se no art. 14, CDC, responsabilidade pelo fato do serviço. Em regra, a responsabilidade civil no CDC é objetiva, ou seja, independe da verificação da culpa para configuração do dever de indenizar. Ocorre que, no que tange aos profissionais liberais, a responsabilidade civil é subjetiva, de modo que há a necessidade da verificação da culpa ou do dolo para a imputação do dever de indenizar. Fundamento: art. 14,  par. 4, CDC.

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D) Inexiste relação de consumo no caso em questão, pois é uma relação privada, que encerra obrigação de meio pelo profissional liberal, aplicando-se o Código Civil.

Correção da Prova da OAB – XI Exame Unificado FGV – 1ª Fase

Prezados, como de costume estou disponibilizando a correção das questões de penal e processual penal, que foram cobradas na 1ª fase da prova da OAB, realizada no dia 18 de agosto de 2013. Aproveito para dar os parabéns à todos os colegas que já verificaram a aprovação nessa fase. Agora é manter o foco e…

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Prezados, como de costume estou disponibilizando a correção das questões de penal e processual penal, que foram cobradas na 1ª fase da prova da OAB, realizada no dia 18 de agosto de 2013.

Aproveito para dar os parabéns à todos os colegas que já verificaram a aprovação nessa fase. Agora é manter o foco e seguir com muita dedicação e concentração para a 2ª fase.

QUESTÃO 59

O Art. 33 da Lei n. 11.343/06 (Lei Antidrogas) diz: “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a

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consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.”

Analisando o dispositivo acima, pode-se perceber que nele não estão inseridas as espécies de drogas não autorizadas ou que se encontram em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Dessa forma, é correto afirmar que se trata de uma norma penal

A) em branco homogênea.

ALTERNATIVA INCORRETA – considera-se norma penal em branco homogênea, em sentido amplo ou homóloga, aquela cujo complemento é fornecido pela mesma espécie normativa, isto é, por uma lei.  No caso da lei 11.343/06, considerando que o sentido da expressão “drogas” não é fornecido por uma lei, mas tão somente por uma portaria da ANVISA, é incorreto dizer que o artigo 33 é uma norma penal em branco homogênea.

B) em branco heterogênea.

ALTERNATIVA CORRETA – aproveitando o que foi dito acima, considerando que o complemento normativo exigido no artigo 33 da lei 11.343/06, que se refere às substâncias que são consideradas “Drogas”, é fornecido por portaria expedida pela ANVISA, é correto dizer que o referido artigo é sim, uma norma penal em branco heterogênea, em sentido estrito ou heteróloga.

C) incompleta (ou secundariamente remetida).

ALTERNATIVA INCORRETA – essa espécie de norma penal em branco é tida como incompleta, pois em sua estrutura verifica-se haver a necessidade de um complemento para o preceito primário, e ainda, no preceito secundário, do mesmo modo que ocorre com a norma penal em branco inversa, possui um preceito secundário incompleto necessitando assim de um complemento de outra norma.

D) em branco inversa (ou ao avesso).

ALTERNATIVA INCORRETA – essa espécie de normal penal em branco é assim classificada por possuir um preceito primário completo, e um secundário incompleto. O que não é o caso do artigo 33 da lei 11.343/06.

 

QUESTÃO 60

Para aferição da inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, assinale a alternativa que indica o critério adotado pelo Código Penal vigente.

A) Biológico.

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ALTERNATIVA INCORRETA – O critério biológico não guarda relação com doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, mas tão somente com a idade do agente. Portanto, é fácil a conclusão que tal critério esta sim inserido no contexto da inimputabilidade, mas além dele há ainda outras questões não abrangidas por ele. Por isso a alternativa esta incorreta.

B) Psicológico.

ALTERNATIVA INCORRETA – o critério psicológico, embora abarque a parte da inimputabilidade penal vista como consequência da inteira incapacidade do agente de entender o caráter ilícito do fato e de se determinar conforme regramento estabelecido, não alcança por sua vez a inimputabilidade vista pelo critério biológico também presente no ordenamento vigente. Por isso a alternativa esta incorreta.

C) Psiquiátrico.

ALTERNATIVA INCORRETA -

D) Biopsicológico.

ALTERNATIVA CORRETA – Essa alternativa traz o critério verdadeiramente adotado pelo atual Código Penal, que é justamente o biopsicológico abarcando desse modo tanto o viés biológico como também o psicológico.

OBS – A questão apresenta-se como passível de recurso, haja vista que o problema pergunta de forma específica sobre qual o critério é utilizado para auferir a inimputabilidade decorrente de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Veja, o critério adotado pelo atual Código Penal foi o biopsicológico, mas se classifica desta forma justamente por ele comportar essas duas maneiras (biológico + psicológico), sendo que o biológico é empregado para se determinar a inimputabilidade dos menores de 18 anos, enquanto que psicológico se refere aos mentalmente enfermos.

Da forma com que se viu, perguntando especificamente sobre o critério empregado no caso de doença mental poderia indicar para a alternativa “B”, mesmo sendo sabido que o critério adotado de forma geral é o biopsicológico. 

QUESTÃO 61

Helena, condenada a pena privativa de liberdade, sofre, no curso da execução da referida pena, superveniência de doença mental. Nesse caso, o juiz da execução, verificando que a enfermidade mental tem caráter permanente, deverá:

A) aplicar o Art. 41, do CP, que assim dispõe, verbis: “ O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado.”

ALTERNATIVA INCORRETA – a questão pergunta qual deverá ser a conduta do juiz da execução frente a verificação da doença mental de Helena. O artigo 41 do CP

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estabelece tão somente a destinação do apenado, mas não diz especificamente como ele terá esse direito garantido.

B) aplicar o Art. 97, do CP, que assim dispõe, verbis: “ Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (Art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.”

ALTERNATIVA INCORRETA – o artigo 97 do CP, não será aplicado no caso, posto que ele refere-se ao momento em que o juiz determina o tratamento (medida de segurança) como forma de punição, e isso na própria sentença. Isto é, ao invés de condenar o agente a uma pena privativa de liberdade, diante da já comprovada inimputabilidade do artigo 26 do CP, ele já determina sua internação. No caso passado pelo problema, Helena já havia sido condenada e já se encontrava cumprindo sua pena privativa de liberdade, quando então fora acometida por doença mental permanente.

C) aplicar o Art. 183 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de Ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança.”

ALTERNATIVA CORRETA – respondendo exatamente ao que foi perguntado e atendendo ainda ao princípio da especificidade, o artigo 183 não deixa dúvida sobre a conduta que o juiz deverá tomar no caso posto, até porque considerando o quadro de saúde da personagem Helena, verifica-se que a doença mental suscitada no problema é irreversível/permanente, e de igual modo também deverá ser a medida de segurança.

D) aplicar o Art. 108 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim dispõe, verbis: “O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico”.

ALTERNATIVA INCORRETA – o problema deixou claro que a doença mental que acometeu a personagem Helena seria irreversível/permanente. Sendo assim, não se aplica o artigo 108 da LEP, visto que este deve ser invocado justamente quando a doença mental é passageira, assim como seus efeitos dentro da própria execução.

QUESTÃO 62

Débora estava em uma festa com seu namorado Eduardo e algumas amigas quando percebeu que Camila, colega de faculdade, insinuava-se para Eduardo. Cega de raiva, Débora esperou que Camila fosse ao banheiro e a seguiu. Chegando lá e percebendo que estavam sozinhas no recinto, Débora desferiu vários tapas no rosto de Camila, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Camila, por sua vez, atordoada com o acontecido, somente deu por si quando Débora já estava saindo do banheiro, vangloriando-se da surra dada.

Neste momento, com ódio de sua algoz, Camila levanta-se do chão, agarra Débora pelos cabelos e a golpeia com uma tesourinha de unha que carregava na bolsa, causando-lhe lesões de natureza grave.

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Com relação à conduta de Camila, assinale a afirmativa correta.

A) Agiu em legítima defesa.

ALTERNATIVA INCORRETA – no caso apresentado não se verificou o preenchimentos dos requisitos necessários para a configuração da legítima defesa, vistos no artigo 25 do Código Penal.

Legítima defesa

 Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

B) Agiu em legítima defesa, mas deverá responder pelo excesso doloso.

ALTERNATIVA INCORRETA – no caso, até por não se admitir a possibilidade de ser caso de legítima defesa, também não se deve falar no seu excesso.

C) Ficará isenta de pena por inexigibilidade de conduta diversa.

ALTERNATIVA INCORRETA – incorreta, posto que, era sim exigida da personagem conduta diversa daquela praticada.

D) Praticou crime de lesão corporal de natureza grave, mas poderá ter a pena diminuída.

ALTERNATIVA CORRETA – das alternativas apresentadas pelo problema esta é a que mais se aproxima dos fatos praticados, devendo então a personagem Camila, responder pelo crime de lesão corporal de natureza grave, na forma prevista no artigo 129, § 1º, inciso II do CP, com a possibilidade de ter reduzida sua pena e face de todo o ocorrido (art. 66 do CP).

QUESTÃO 63

No ano de 2005, Pierre, jovem francês residente na Bulgária, atentou contra a vida do então presidente do Brasil que, na ocasião, visitava o referido país. Devidamente processado, segundo as leis locais, Pierre foi absolvido.

Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta.

A) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro, não ficou satisfeita uma das exigências previstas à hipótese de extraterritorialidade condicionada.

ALTERNATIVA INCORRETA – considerando que o crime praticado por Pierre foi contra o presidente do Brasil (artigo 7º, inciso I, “a”  do CP), aplica-se neste caso o § 1º – do artigo 7º do CP, que assim diz:

§ 1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

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B) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de extraterritorialidade incondicionada, exigindo-se, apenas, que o fato não tenha sido alcançado por nenhuma causa extintiva de punibilidade no estrangeiro.

ALTERNATIVA INCORRETA – ainda que a lei estrangeira faça previsão de alguma causa extintiva de punibilidade, ainda assim ela não será considerada para fins de aplicação da lei penal brasileira, haja vista que esta considerará tão somente àquelas consagradas no artigo 107 do Código Penal brasileiro.

C) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente absolvido no estrangeiro.

ALTERNATIVA CORRETA – aproveitando o que fora dito na correção da alternativa “A”, aplicar-se-á no caso o § 1º – do artigo 7º do CP, que assim diz:

§ 1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

D) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como o agente é estrangeiro e a conduta foi praticada em território também estrangeiro, as exigências relativas à extraterritorialidade condicionada não foram satisfeitas.

ALTERNATIVA INCORRETA – a lei penal brasileira será aplicada no caso, independente de quem tenha praticado o crime, se nacional ou estrangeiro, e, independentemente de onde tenha se dado a ofensa contra o presidente.

QUESTÃO 64

Sofia decide matar sua mãe. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga de longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o crime, o melhor horário, local etc. Após longas discussões de como poderia executar seu intento da forma mais eficiente possível, a fim de não deixar nenhuma pista, Sofia pede emprestado a Lara um facão. A amiga prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que, se tudo correr conforme o planejado, executará o homicídio naquele mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo é descoberto pela polícia.

A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria, assinale a afirmativa correta.

A) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de o crime ter sido praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime e deve responder por homicídio, sem a presença da circunstância agravante.

ALTERNATIVA CORRETA – Sofia realmente deverá responder pelo crime de homicídio (artigo 121 do CP), agravado por ter sido praticado contra sua mãe conforme artigo 61, inciso II, “e” do CP. E na forma do artigo 29 do mesmo código, Lara deverá responder pelo crime de homicídio, na qualidade de partícipe.

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B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio, incidindo, para ambas, a circunstância agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.

ALTERNATIVA INCORRETA – De fato, ambas as personagens deverão responder pelo crime de homicídio, todavia, a autora do mesmo será tão somente a personagem Sofia, restando a Lara a imputação na modalidade partícipe. Outrossim, a incidência da agravante será apenas para a filha da vítima (Sofia), tendo e vista que trata-se de uma qualidade de caráter pessoal e incomunicável, conforme dispõe o artigo 30 do CP que assim dispõe:

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 – Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio. Todavia, a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente somente incide em relação à Sofia.

ALTERNATIVA INCORRETA – Repetindo o que se viu acima, a personagem Lara não é autora do crime, mas tão somente partícipe.

D) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime, mas a agravante também lhe será aplicada.

ALTERNATIVA INCORRETA – por se tratar de uma agravante pessoal e incomunicável, ela não alcançará a personagem Lara, conforme dispõe o artigo 30 do CP.

QUESTÃO 65

Quanto ao julgamento pelo Tribunal do Júri, assinale a afirmativa INCORRETA.

A) As partes não poderão fazer referência, em plenário, à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado.

ALTERNATIVA CORRETA – a alternativa repete texto de lei:

Art. 478.  Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências:

I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado;

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B) Durante o julgamento, não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência à outra parte.

ALTERNATIVA CORRETA – a alternativa repete texto de lei:

Art. 479.  Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.

C) Durante os debates em Plenário, os jurados poderão solicitar ao orador, por intermédio do juiz-presidente do Tribunal do Júri, que esclareça algum fato por ele alegado em sua tese.

ALTERNATIVA CORRETA – a alternativa repete texto de lei:

Art. 480.  A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado.

D) Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz-presidente determinará que o Conselho de Sentença se recolha à sala secreta, ordenando a realização das diligências entendidas necessárias.

ALTERNATIVA INCORRETA – a alternativa contraria diretamente a redação do Art. 481 do Código de Processo Penal que assim diz:

Art. 481.  Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, ordenando a realização das diligências entendidas necessárias.

O conselho deverá ser dissolvido, e não recolhido na sala secreta.

 

QUESTÃO 66

Frida foi condenada pela prática de determinado crime. Como nenhuma das partes interpôs recurso da sentença condenatória, tal decisão transitou em julgado, definitivamente, dentro de pouco tempo. Pablo, esposo de Frida, sempre soube da inocência de sua consorte, mas somente após a condenação definitiva é que conseguiu reunir as provas necessárias para inocentá-la. Ocorre que Frida não deseja vivenciar novamente a angústia de estar perante o Judiciário, preferindo encarar sua condenação injusta como um meio de tornar-se uma pessoa melhor. Nesse sentido, tomando-se por base o caso apresentado e a medida cabível à espécie, assinale a afirmativa correta.

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A) Pablo pode ingressar com revisão criminal em favor de Frida, ainda que sem a concordância desta.

ALTERNATIVA INCORRETA – A possibilidade de Pablo ingressar com o pedido revisional em favor de Frida, fica condicionado às hipóteses do artigo 623 do Código de Processo Penal, que assim dispõe:

Art. 623.  A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Como não há a ocorrência de nenhuma dessas causas ele não poderá fazer.

B) Caso Frida tivesse sido absolvida com base em falta de provas, seria possível ingressar com revisão criminal para pedir a mudança do fundamento da absolvição.

ALTERNATIVA INCORRETA – para se mudar a fundamentação de uma sentença absolutória, o recurso cabível seria a apelação e na forma do artigo 593, inciso I do Código de Processo Penal.

C) Da decisão que julga a revisão criminal são cabíveis, por exemplo, embargos de declaração, mas não cabe apelação.

ALTERNATIVA CORRETA – considerando que a revisão criminal é ação autônoma julgada originalmente nos tribunais, de igual modo fica condicionada a aplicação dos recursos ali existentes, como por exemplo, os embargos de declaração. A apelação realmente não é possível, tendo em vista que tal recurso é específico para desafiar sentença e não acórdão, conforme situações balizadas no artigo 593 do CPP.

D) Caso a sentença dada à Frida, no caso concreto, a tivesse condenado mas, ao mesmo tempo, reconhecido a prescrição da pretensão executória, seria incabível revisão criminal.

ALTERNATIVA INCORRETA – a revisão criminal pode ser requerida mesmo após a ocorrência de causa extintiva de punibilidade, conforme artigo 622 do CPP, que assim dispõe:

Art. 622.  A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.

QUESTÃO 67

De acordo com a doutrina, recurso é todo meio voluntário de impugnação apto a propiciar ao recorrente resultado mais vantajoso. Em alguns casos, fenômenos processuais impedem o caminho natural de um recurso. Quando a parte se manifesta, esclarecendo que não deseja recorrer, estamos diante do fenômeno processual conhecido como

A) preclusão.

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ALTERNATIVA INCORRETA – O fenômeno da preclusão relaciona-se com o pressuposto recursal objetivo da tempestividade, isto é, com o respeito que se deve ter para com os prazos previstos para cada tipo de recurso, não guardando de outro modo, relação direta com a vontade de uma parte processual recorrer de terminada decisão, mas sim com a perda de um prazo. A parte pode até ter desejo de recorrer, mas por conta de ter perdido o prazo, não poderá recorrer.

B) desistência.

ALTERNATIVA INCORRETA – para se desistir de determinada coisa é preciso que primeiro se detenha algo, é preciso ter algo para só então desistir. No caso do recurso, só poderá haver desistência do mesmo, caso ele já tenha sido interposto, ou seja, só se poderá desistir se o mesmo já estiver tramitando.

Até por isso que a desistência se apresenta como sendo uma das causas anormais de extinção dos recursos, haja vista que o normal é que sejam eles julgados.

No caso, se a parte não manifesta interesse em recorrer, essa falta de interesse impede inclusive a própria interposição do recurso, não se tratando, portanto, de caso de desistência, mas sim de renúncia há um direito.

C) deserção.

ALTERNATIVA INCORRETA – a deserção assim como a desistência, também é vista como uma causa anormal de extinção dos recursos. A deserção por sua vez, ocorre de duas maneiras: pela falta de preparo, isto é, pela falta de pagamento das custas recursais; e ainda, pela fuga daquele que seria o recorrente.

No caso visto no problema, a deserção também não guarda relação com a falta de vontade de recorrer.

D) renúncia.

ALTERNATIVA CORRETA – a renúncia é sim a causa que melhor explica a falta de vontade da parte em recorrer. Note, a parte pode ter o direito de recorrer, pode até ter preenchidos todos os requisitos para a interposição e mesmo assim lhe faltar vontade, desejo. Veja, o que há na verdade é a renúncia de um direito.

QUESTÃO 68

A Lei n. 9.099/95 modificou a espécie de ação penal para os crimes de lesão corporal leve e culposa. De acordo com o Art. 88 da referida lei, tais delitos passaram a ser de ação penal pública condicionada à representação. Tratando-se de questão relativa à Lei Processual Penal no Tempo, assinale a alternativa que corretamente expõe a regra a ser aplicada para processos em curso que não haviam transitado em julgado quando da alteração legislativa.

A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ser norma mais benigna.

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ALTERNATIVA CORRETA – a questão resolve-se com aplicação da regra da lei mais favorável. Inclusive conforme se viu solidificada na Constituição Federal, no seu artigo 5º, inciso XL, que assim diz:

XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

No mesmo sentido, também esta a Lei Penal que assim dispõe:

Lei penal no tempo

Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

B) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei é aplicada no momento em que entra em vigor, sem que se questione se mais gravosa ou não.

ALTERNATIVA INCORRETA – o questionamento de ser uma lei penal, seja ela material ou processual, mais benéfica, é algo que deve sempre ser feito.

Muito embora o CPP determine no seu artigo 2º que a lei processual penal seja imediatamente aplicada, isso só ocorrerá caso essa nova lei não venha prejudicar a situação do acusado.

C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade da lei, por ser norma mais gravosa.

ALTERNATIVA INCORRETA – o fato de se passar uma infração penal de incondicionada para condicionada a representação é sim medida que muito beneficia o acusado, vez que coloca uma barreira no direito de punir do Estado, isto é, aquilo que antes era feito quase que automaticamente agora não pode mais ser feito. Por isso, não há como negar que trata-se de um benefício, e justamente por isso é que deverá retroagir.

D) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei é aplicada no momento em que entra em vigor, devendo-se questionar se a novatio legis é mais gravosa ou não.

ALTERNATIVA INCORRETA – aplica-se a regra do direito penal, conforme se falou acima.

QUESTÃO 69

Em um processo em que se apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Criminal de Arroizinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da América, a fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal

Page 27: OAB EXAME 2013.2- Correção e Comentarios

americano realiza o interrogatório do réu e devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O advogado de defesa de Mário, ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as garantias processuais brasileiras para o réu.  Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no

Espaço, a alegação do advogado está correta?

A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do território nacional.

ALTERNATIVA INCORRETA – o princípio invocado da extraterritorialidade é aplicado tão somente ao direito penal e não ao direito processual penal. Este que por sua vez possui aplicação limitada, não podendo ultrapassar as dimensões do Estado brasileiro. É isso inclusive que determina o artigo 1º do Código de Processo Penal:

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:

B) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras só se aplicam no território nacional.

ALTERNATIVA CORRETA – vide correção acima.

C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas em qualquer território.

ALTERNATIVA INCORRETA – vide correção da alternativa “A”.

D) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras podem ser aplicas fora no território nacional.

ALTERNATIVA INCORRETA – vide correção da alternativa “A”.

Bons Estudos!

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2013 Comentários às Questões de Direito Empresarial do XI Exame da OAB

agosto 19, 2013 OAB No comments

Page 28: OAB EXAME 2013.2- Correção e Comentarios

Como é de costume, logo após a realização da prova da OAB, sempre comento as questões relacionadas com Direito Empresarial, tomando como parâmetro o caderno de prova 1. Neste as questões de empresarial são as de número 48 a 52, que passo a analisar:

 Questão 48 do XI Exame da OAB

A respeito do capital autorizado , assinale a afirmativa correta.

A) O estatuto pode prever os casos ou as condições em que os acionistas não terão direito de preferência para subscrição.

B) A autorização para aumento do capital social pode ser conferida à diretoria da companhia, que pode ser competente para deliberar sobre as emissões.

C) O estatuto pode prever a emissão de partes beneficiárias ou bônus de subscrição, dentro do limite do capital autorizado.

D) Somente os estatutos de companhias fechadas podem conter autorização para aumento de capital social, independentemente de reforma estatutária.

Resposta da Questão 48 do XI Exame da OAB: A

Comentário à Questão 48 do XI Exame da OAB: Da leitura inicial do enunciado da questão, poderia gerar no aluno uma certa dúvida sobre qual a sociedade especificamente que é abordada na questão, mas isso é dirimido com a leitura das alternativas, que nos induz a refletir sobre a Sociedade Anônima, regulada pela lei n. 6.404/76 e suas posteriores alterações.

Dentro da sistemática das Sociedades Anônimas, o capital autorizado é o limite previsto no estatuto para alteração do capital social sem a necessidade de convocação de assembléia geral e alteração do estatuto, regulados na supra citadas lei no artigo 168.

Esse aumento de capital que é tratado pelo capital autorizado não é o decorrente de variação natural das ações, mas sim os provocados por emissão de bônus de subscrição, de certificados de ações, debêntures.

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Analisando as opções apresentadas, a resposta correta é a assertiva A, conforme disposto no artigo 168, § 1º, d, da Lei das S.A.

Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária.

§ 1º A autorização deverá especificar:

[...]

d) os casos ou as condições em que os acionistas terão direito de preferência para subscrição, ou de inexistência desse direito (artigo 172).

A assertiva B está errada pois é competência da Assembleia e do Conselho de Administração deliberar sobre a matéria, conforme artigo 168, § 1º, b, da Lei mencionada.

A assertiva C está errada também, pois como salientado somente pode através de bônus de subscrição, certificados de ações e debêntures, nunca por partes beneficiárias.

E a assertiva D está incorreta pois a possibilidade de capital autorizado pode ocorrer tanto nas companhias abertas quanto nas fechadas, não havendo essa restrição.

Questão 49 do XI Exame da OAB

Cinco pessoas naturais residentes no município X decidiram constituir uma sociedade cooperativa e procuraram uma advogada para a elaboração do estatuto social. Com base nas disposições para esta espécie societária previstas no Código Civil, é correto afirmar que

A) o estatuto deverá conter cláusula indicativa do valor do capital social, que será fixo durante toda a existência da sociedade.

B) aplicam-se às cooperativas as disposições do Código Civil referentes às sociedades anônimas, na omissão da legislação especial.

C) os sócios responderão sempre de forma solidária, ilimitada e subsidiária pelas obrigações sociais, por ser a cooperativa uma sociedade de pessoas.

D) se a cooperativa possuir capital social, as quotas serão intransferíveis a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por direito hereditário.

Resposta da Questão 49 do XI Exame da OAB: D

Comentários à Questão 49 do XI Exame da OAB: Primeiramente, quando se está tratando de cooperativas tem-se que ter em mente que, por determinação do artigo 982, parágrafo único, do Código Civil pátrio, estas são sempre simples. Elas tem regulamentação específica nos artigos 1.093 a 1.096, usando subsidiariamente as regras das sociedades simples, artigos 997 a 1.038, CC/2002,.

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Assim sendo, a assertiva B está de logo errada, pois é incompatível a aplicação das regras da sociedade simples com as regras da sociedade anônima, por uma questão estrutural.

Quanto a assertiva A, também está errada, pois não existe no ordenamento brasileiro sociedade que seja imutável em qualquer que seja o aspecto, sempre há a possibilidade de alteração contratual.

Em relação a assertiva C, está incorreta, pois segundo o disposto no artigo 1.023, CC/2002, Art. 1.023. “Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária”. Ou seja, a responsabilidade dos sócios para com dívidas contraídas pela sociedade é subsidiária e limitada, sendo a solidariedade uma exceção à regra.

Desta forma, a resposta correta é a assertiva D, pois segue a determinação do artigo 1.094, CC/2002: “Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: [...] IV – intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança.”

Questão 50 do XI Exame da OAB

Vanderlei de Assis pretende iniciar uma atividade empresarial na cidade de Novo Repartimento. Consulta um advogado para receber esclarecimentos sobre o registro de empresário e os efeitos dele decorrentes, informando que a receita bruta anual prevista para a futura atividade será inferior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). As informações prestadas abaixo estão corretas, à exceção de uma. Assinale-a.

A) Se no curso da atividade empresarial Vanderlei de Assis vier a admitir algum sócio, poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária.

B) Em razão de sua receita bruta anual prevista, Vanderlei poderá solicitar seu enquadramento como microempreendedor individual – MEI, devendo indicar no requerimento a firma individual com a assinatura autógrafa.

C) A inscrição de empresário no Registro Público de Empresas Mercantis, embora obrigatória, não é constitutiva para fins de sua caracterização, mas permite usufruir das prerrogativas legais concedidas aos empresários regulares.

D) A inscrição do empresário obedecerá ao número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos e quaisquer modificações nela ocorrentes serão averbadas à margem, com as mesmas formalidades.

Resposta da Questão 50 do XI Exame da OAB: B

Comentários à Questão 50 do XI Exame da OAB: No presente caso está claro que se trata de Microempreendedor Individual – MEI, regulamentado pela Lei Complementar n. 123/2006. Apesar do enquadramento ser para fins principalmente tributários, tem

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repercussão no direito empresarial, principalmente, na escrituração do empresário e na forma de registro.

Para entender melhor pode ser MEI qualquer empresário individual, que tenha até um funcionário, e que fature bruto anualmente até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), nos termo do quanto disposto no artigo 18-A da Lei supramencionada.

Outra coisa a ser observada nesta questão é que o enunciado pede a assertiva falsa, que é a assertiva B, isso porque, conforme disposto no artigo 14, § 1º, I, da Lei das ME e EPPs, é dispensado a apresentação de documentação do MEI a fim de simplificar a formalização de registro e estimular a regularização desses.

No tocante a assertiva A está correta, pois a qualquer tempo o Empresário Individual pode requerer a transformação tanto para Sociedade Empresarial quanto para EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, desde que preencha os requisitos para tanto.

A assertiva C também está certa, pois no conceito de empresário, previsto no artigo 966 do Código Civil pátrio, não há previsão de registro para a sua caracterização, colocando o empresário sem registro na condição de irregular, sem poder usufruir dos benefícios decorrente da regularidade.

Por fim, a assertiva D está certa, pois a inscrição de qualquer empresário é efetuada na Junta Comercial estadual e o empresário recebe um número, o NIRE, e toda alteração deve ser informada e registrada à margem deste registro.

Questão 51 do XI Exame da OAB

Uma sociedade empresária atuante no mercado imobiliário, com sede e principal estabelecimento na cidade de Pedro Afonso, obteve concessão de sua recuperação judicial. Diante da necessidade de alienação de bens do ativo permanente, não relacionados previamente no plano de recuperação, foi convocada assembleia geral de credores. A proposta de alienação foi aprovada em razão do voto decisivo da credora Tuntum Imperatriz Representações Ltda., cujo sócio majoritário tem participação de 25% no capital da sociedade recuperanda.

Com base nas disposições da Lei n. 11.101/2005 (Lei de Falências e Recuperação Judicial de Empresas), assinale a afirmativa correta.

A) A decisão é nula de pleno direito, pois a pretensão de alienação de bens do ativo permanente, não relacionados no plano, enseja a convolação da recuperação judicial em falência.

B) A autorização para a alienação de bens do ativo permanente, não relacionados no plano de recuperação judicial, é uma prerrogativa exclusiva do administrador judicial.

C) O voto de Tuntum Imperatriz Representações Ltda. não poderia ter sido considerado para fins de verificação do quorum de instalação e de deliberação da assembleia geral.

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D) A decisão assemblear é anulável, pois a sociedade Tuntum Imperatriz Representações Ltda. como credora, não poderia ter participado da assembleia geral.

Resposta da Questão 51 do XI Exame da OAB : C

Comentários à Questão 51 do XI Exame da OAB: A falência e recuperação de empresas é regulada pela Lei n. 11.101/2005, e a assembleia geral de credores, mais especificamente nos artigos 35 a 46, ainda nas disposições comuns a falência e a recuperação.

No presente caso, a questão é de saber se a Tuntum Imperatriz Representações Ltda. por ter sócio em comum com a sociedade devedor, na posição de credora, poderia votar na deliberação sobre a alienação de bens da recuperanda.

Neste ponto o artigo 43 da supracitada lei é categórico em afirmar que: “Art. 43. Os sócios do devedor, bem como as sociedades coligadas, controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou acionista com participação superior a 10% (dez por cento) do capital social do devedor ou em que o devedor ou algum de seus sócios detenham participação superior a 10% (dez por cento) do capital social, poderão participar da assembléia-geral de credores, sem ter direito a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum de instalação e de deliberação.”

Desta forma, a Tuntum Imperatriz Representações Ltda. pode participar da assembleia, mas não tem direito a voto, sendo a decisão nula de pleno direito, e sequer o seu crédito poderia ter sido computado para fins de aferição de quorum. Desta forma, a assertiva correta é a C.

A assertiva A está errada, pois o motivo que torna a decisão nula não é a matéria deliberada, mas sim a presença de um credor votando, quando este não tem tal legitimidade.

A assertiva B está errada em virtude de ser sim competência da assembleia deliberar sobre a alienação de ativos.

E, por fim, a assertiva D está incorreta porque a decisão é nula e não anulável.

Questão 52 do XI Exame da OAB

Um cheque no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) foi sacado em 15 de agosto de 2012, na praça de Santana, Estado do Amapá, para pagamento no mesmo local de emissão. Dez dias após o saque, o beneficiário endossou o título para Ferreira Gomes. Este, no mesmo dia, apresentou o cheque ao sacado para pagamento, mas houve devolução ao apresentante por insuficiência de fundos, mediante declaração do sacado no verso do cheque.

Com base nas informações contidas no enunciado e nas disposições da Lei n. 7.357/85 (Lei do Cheque), assinale a afirmativa incorreta.

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A) O apresentante, diante da devolução do cheque, deverá levar o título a protesto por falta de pagamento, requisito essencial à propositura da ação executiva em face do endossante.

B) O emitente do cheque, durante ou após o prazo de apresentação, poderá fazer sustar seu pagamento mediante aviso escrito dirigido ao sacado, fundado em relevante razão de direito.

C) O prazo de apresentação do cheque ao sacado para pagamento é de 30 (trinta) dias, contados da data de emissão, quando o lugar de emissão for o mesmo do de pagamento.

D) O portador, apresentado o cheque e não realizado seu pagamento, deverá promover a ação executiva em face do emitente em até 6 (seis) meses após a expiração do prazo de apresentação.

Resposta da Questão 52 do XI Exame da OAB : A

Comentários à Questão 52 do XI Exame da OAB: Mais uma vez a presente avaliação pediu que seja analisada a assertiva incorreta. É muito importante está atento.

Em relação a cheque, regulamentado pela Lei n. 7.357/85, apesar de ser o título de crédito que se popularizou pelo uso, ele é uma exceção a várias das regras de Direito Cambiário. Entre elas o endosso, que pode ser feito após o vencimento sem modificação da sua natureza e a dispensa de protesto caso o mesmo seja sem fundo.

No presente caso, a assertiva errada é a letra A, pois o sacado tem fé pública e a informação de que não há fundos para o pagamento do título supre o protesto, nos termos do artigo 47, § 4º da Lei supracitada.

Assim, a assertiva B está certa, pois a sustação pode ser feita a qualquer tempo, antes da apresentação, desde que por documento escrito e relevante razão de direito – artigo 36, caput da Lei dos Cheques.

A assertiva C também está certa, a apresentação do cheque deverá ocorrer em 30 dias, se na mesma praça, ou 60 dias, se em praças diferentes – artigo 33. No presente caso, sendo na mesma cidade, ou seja, mesma praça, o prazo é de 30 dias.

Por fim, a assertiva D também está correta, pois a ação executiva deve ser promovida dentro do prazo de prescrição que é de 6 meses após o término do prazo de apresentação – artigo 59.

Nas próximas semanas comentarei as questões de Direito do Consumidor e de Direito Civil. Aproveitem para estudar e não deixe de ler o artigo sobre os temas mais cobrados na prova da OAB

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2013: Comentários às Questões de Direito do Consumidor do XI Exame da OAB

agosto 25, 2013 OAB No comments

Essa semana faço comentários às questões relacionadas com o Direito do Consumidor do XI Exame da OAB 2013, questões 46 e 47, lembrando que, o estudo das questões das provas anteriores é importante por duas óticas:

1) pela ótica do autoconhecimento – ajuda o aluno a relembrar os assuntos e a testar os conhecimentos;

2) pela ótica do avaliador – ajuda a entender quais os principais temas que mais caem e como eles são cobrados. Todas as provas estão disponíveis no site da FGV.

Questão 46 do XI Exame da OAB

O Mercado A comercializa o produto desinfetante W, fabricado por “W.Industrial”. O proprietário do Mercado B, que adquiriu tal produto para uso na higienização das partes comuns das suas instalações, verifica que o volume contido no frasco está em desacordo com as informações do rótulo do produto. Em razão disso, o Mercado B propõe ação judicial em face do Mercado A, invocando a Lei n. 8.078/90 (CDC), arguindo vícios decorrentes de tal disparidade. O Mercado A, em defesa, apontou que se tratava de responsabilidade do fabricante e requereu a extinção do processo.

A respeito do caso sugerido, assinale a alternativa correta.

A) O processo merece ser extinto por ilegitimidade passiva. B) O caso versa sobre fato do produto, logo a responsabilidade do réu é subsidiária. C) O processo deve ser extinto, pois o autor não se enquadra na condição de

consumidor. D) Trata-se de vício do produto, logo o réu e o fabricante são solidariamente

responsáveis.

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Resposta da Questão 46 do XI Exame da OAB: D

Comentário da Questão 46 do XI Exame da OAB: Esse é um caso clássico de responsabilidade solidária de todos os que compõe a cadeia produtiva. Para melhor entender, primeiramente, é necessário verificar quem é considerado fornecedor nos termos do Código de Defesa do Consumidor.

Nos termos do artigo 3º do CDC é fornecedor toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Sendo assim todos que fazem parte da relação de consumo, de forma direta ou indireta responde perante o fornecedor, sendo que o artigo 12, do mesmo diploma, determina de forma mais específica:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Desta forma, a resposta correta é a letra D, que determina a responsabilidade solidária do Mercado A e da W.Industrial.

Questão 47 do XI Exame da OAB

Carla ajuizou ação de indenização por danos materiais, morais e estéticos em face do dentista Pedro, lastreada em prova pericial que constatou falha, durante um tratamento de canal, na prestação do serviço odontológico. O referido laudo comprovou a inadequação da terapia dentária adotada, o que resultou na necessidade de extração de três dentes da paciente, sendo que na execução da extração ocorreu fratura da mandíbula de Carla, o que gerou redução óssea e sequelas permanentes, que incluíram assimetria facial.

Com base no caso concreto, à luz do Código de Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.

A) O dentista Pedro responderá objetivamente pelos danos causados à paciente Carla, em razão do comprovado fato do serviço, no prazo prescricional de cinco anos.

B) Haverá responsabilidade de Pedro, independentemente de dolo ou culpa, diante da constatação do vício do serviço, no prazo decadencial de noventa dias.

C) A obrigação de indenizar por parte de Pedro é subjetiva e fica condicionada à comprovação de dolo ou culpa.

D) Inexiste relação de consumo no caso em questão, pois é uma relação privada, que encerra obrigação de meio pelo profissional liberal, aplicando-se o Código Civil.

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Resposta da Questão 47 do XI Exame da OAB: C

Comentários à Questão 47 do XI Exame da OAB: Ainda tratando sobre o tema da responsabilidade do fornecedor, temos que observar que a presente questão trata de uma exceção à regra geral abordada na questão anterior.

O dentista é fornecedor, disso não há nenhuma dúvida, pois é prestador de serviço, e segundo a regra geral do artigo 14, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Entretanto, o § 4º, do mesmo artigo determina:

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

Assim, a responsabilidade do dentista Pedro depende da comprovação de que este agiu com dolo ou culpa, ou seja, é subjetiva, estando correta a assertiva C.

A assertiva A está errada, pois a responsabilidade é subjetiva, e não objetiva .

A assertiva B está errada, pois o fato narrado não se trata de vício, mas sim fato do serviço e a indenização deve ser requerida no prazo prescricional de cinco anos (artigo 27, CDC).

A assertiva D também incorreta, porque existe sim relação de consumo. O dentista ou qualquer outro profissional liberal é fornecedor nos termos do artigo 3º do CDC.

O blog Revista Direito tem mais comentários sobre a prova OAB. Leia “Comentários do XI Exame da Ordem 2013“

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