oab 1 fase - aula de direito civil vestcon

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Direito Civil Aula 1 Estrutura do CC : Composto por 2 partes: Parte Geral – regras gerais que se aplicam ao direito como um todo. Divide-se em 3 livros : 1) Pessoas 2 – pólo ativo e pólo passivo – 1 a 2 questões na prova (art. 1º a 78) 2) Bens – objeto da vontade em conflito 3) Fatos jurídicos 1 – acontecimento relevante para o estudo do direito (art. 104 a 184). Esta é a primeira parte que é preciso estudar para a OAB. 3 questões. Parte Especial – Divide-se em 5 livros : 1) Obrigações – Divide-se em 4 partes : Teoria geral das obrigações 3 – cai bastante na OAB (art. 233 a 420). 2 questões. Teoria geral dos contratos Contratos em espécie Responsabilidade Civil – 1 ou 2 questões 2) Empresa – ramo autônomo introduzido no CC 3) Coisas 4) Família – professora acha que vai cair alguma coisa – 1 a 2 questões

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este é meu caderno de direito civil, mas não está completo pq tivemos poucas aulas.

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Page 1: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Direito Civil

Aula 1

Estrutura do CC:

Composto por 2 partes:

Parte Geral – regras gerais que se aplicam ao direito como um todo. Divide-se em

3 livros:

1) Pessoas 2 – pólo ativo e pólo passivo – 1 a 2 questões na prova (art. 1º a

78)

2) Bens – objeto da vontade em conflito

3) Fatos jurídicos 1 – acontecimento relevante para o estudo do direito (art.

104 a 184). Esta é a primeira parte que é preciso estudar para a OAB. 3

questões.

Parte Especial – Divide-se em 5 livros:

1) Obrigações – Divide-se em 4 partes:

Teoria geral das obrigações 3 – cai bastante na OAB (art. 233 a

420). 2 questões.

Teoria geral dos contratos

Contratos em espécie

Responsabilidade Civil – 1 ou 2 questões

2) Empresa – ramo autônomo introduzido no CC

3) Coisas

4) Família – professora acha que vai cair alguma coisa – 1 a 2 questões

5) Sucessões – 1 questão

PESSOAS

Pessoas Jurídicas

Pessoas Naturais

O núcleo comum entre as duas pessoas é:

Page 2: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

1) Personalidade jurídica (entender como “individualidade”) – quem não

tem personalidade não pode figurar em um dos dois pólos da relação.

Para a pessoa física, surge com o nascimento com vida.

Para a pessoa jurídica, não existe personalidade por conta da sociedade que está

atuando na vida concreta sem registro, e, como não foi regularmente constituída,

todos os sócios respondem com seus patrimônios. Quando a pessoa jurídica é

registrada na Junta comercial ocorre o “nascimento com vida”. Cada sócio, a

partir daí, consegue um escudo de proteção e quem responde pelas obrigações é

o patrimônio da pessoa jurídica. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA PESSOA

JURÍDICA. A pessoa jur. de direito público ganha vida no ordenamento jurídico

por meio da lei. A lei também retira. A PJ, quando registrada na junta, nasce como

se tivesse 18 anos – ou seja, adquire tudo ao mesmo tempo – personalidade,

capacidade de direito e capacidade de exercício.

2) Capacidade jurídica:

Capacidade de direitos

Capacidade de exercício do direito Incapacidade

3) Direitos da personalidade/Dano moral (indenização pelo uso da

imagem, do nome etc.)- Direitos da personalidade são extrapatrimoniais

(possui uma proteção mais efetiva que os meros direitos patrimoniais) e

podem ser titularizados pelas pessoas físicas (Art. 11 a 21) e pessoas

jurídicas (art. 52).

Personalidade e capacidade são institutos que se relacionam e são

interdependentes. O primeiro é condição do segundo, mas não o inverso. Pode

haver ente com personalidade mas que não possui capacidade. Capacidade é

dada aos entes reconhecidamente individualizados.

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil . – Conceitua

personalidade e capacidade. Isto porque só é capaz quem antes é pessoa!

O BB na barriga é chamado de pessoa pelo direito? Não. Mas é um ser humano.

Ele ainda não é um ente individualizado porque seu corpo depende da mãe.

Page 3: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

QUESTÃO: Nascer é ser retirado do ventre materno? Verdadeiro! Mas pode ser

que nasça morto. Uma coisa é nascer, outra coisa é nascer com vida. Para ser

reconhecido como ente com personalidade é preciso nascer e respirar (com

vida).

A partir daí o ordenamento reconhece personalidade e a capacidade de direitos.

A capacidade de exercício vem aos pouco, no decorrer da vida! Por isso, não

confundir:

Capacidade de direitos

Capacidade de exercício do direito – a criança só não tem o exercício de

seus direitos, mas possui capacidade de direitos! Ele deve ser

representado ou assistido por alguém para exercer os direitos.

Existem países que reconhecem a personalidade desde a concepção.

Alguns países só reconhecem a personalidade após 24 h.

No Brasil, quando a criança nasce já possui personalidade e isso não

depende do registro. Esse registro é declaratório ou constitutivo da

personalidade? É declaratório. O registro da pessoa jurídica é constitutivo.

O nascituro (aquele que está na barriga da mãe, ou seja, aquele que está

por nascer e já foi concebido) não tem personalidade! Isso não quer dizer que ele

não tenha proteção (há crime de aborto, por exemplo). A lei põe a salvo desde a

concepção os direitos do nascituro. Ele não tem expectativa de direito! Tem

direito efetivamente, mas a eficácia fica suspensa aguardando o nascimento com

vida.

Posso fazer doação em benefício do nascituro! Não é pra mãe dele e sim

pra ele – seria uma promessa de doação, porque não estaria no nome dele (é

apenas uma vinculação de palavra). Art. 542

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante

legal.

O concepturo seria aquele que ainda não foi concebido. O concepturo é

protegido em relação à sucessão testamentária quando previsto no testamento

da herança.

Page 4: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

QUESTÃO: o concepturo está protegido na nossa legislação do mesmo modo que

o nascituro? Não. Mas ele é protegido no nosso ordenamento de alguma forma?

Art. 1798. Essa criança não será herdeira se for introduzida no ventre materno

após a morte do pai sem qualquer autorização. É possível o concepturo ser

protegido pelo testamento da herança – ele será herdeiro mesmo não tendo sido

concebido na data da morte. O nascituro não depende de previsão testamentária

para a sua proteção. No testamento, não posso indicar o filho de alguém que

ainda não existe (art. 1799, I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas

indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;)

Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no

momento da abertura da sucessão.

Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:

I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que

vivas estas ao abrir-se a sucessão;

II – as pessoas jurídicas;

III – as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a

forma de fundação.

Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão

confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.

§ 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo

filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas

indicadas no art. 1.775.

.§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado,

regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que

couber..

§ 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com

os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.

§ 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão (conta a partir da

morte do autor da herança), não for concebido o herdeiro esperado, os bens

Page 5: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros

legítimos.

Se eu morrer sem deixar testamento posso passar pra pessoa jurídica? Só

se houver testamento. Sem testamento são só herdeiros vivos ou já concebidos.

QUESTÃO: Os incapazes tem capacidade? Sim! Só não possuem capacidade de

exercício, que é restringível pela lei. Toda pessoa tem capacidade de direitos.

Uma criança de 5 anos pode ter um apartamento. A quem cabe a obrigação de

pagar o IPTU? Ao proprietário! Ele tem a capacidade para ter o direito mas não

para o exercício do dever.

Os pais representam os filhos até os 16 e depois dos 16 assistem o

menor.

Quando a criança fica órfã, o juiz deve nomear um tutor (prioridade do

tutor testamentário) e, se não tiver, tutor legítimo, e, se não tiver, tutor dativo

(terceiro designado pelo juiz). O tutor representa ou assiste, dependendo da

idade do tutelado.

Se a pessoa tem 18 anos, o juiz designa um curador (INTERDIÇÃO). O

curador ou representa ou assiste, a depender do grau da interdição! Se é

absolutamente incapaz – representa. Relativamente incapaz – assiste.

Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a

lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

O natimorto é registrado – não pelo seu nascimento, mas pela sua morte.

Exemplo.: um pai morre e tem dois filhos vivos e um nascituro. Este

nascituro possui 1/3 que fica assegurado. Se ele nasce com vida e morre depois,

ele chega a ser proprietário da parte dele – deve fazer o inventário depois

(registro de nascimento e de morte). Nesse caso, quem se beneficia é a mãe. Se

ele já nasce morto, quem se beneficia são os irmãos porque é como se ele não

tivesse nascido! Fica 2/3 para cada um.

Direito de pedir alimentos (gravídicos) é extrapatrimonial – pode ser

pago por dinheiro ou por outro meio! Por meio de um imóvel, por exemplo.

Page 6: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Assim, é possível exercer este direito antes do nascimento pelo fato de ser

extrapatrimonial e baseado no princípio da dignidade humana.

Alimentos gravídicos - “Os alimentos de que trata esta Lei

compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do

período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto,

inclusive as referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica,

exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições

preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que

o juiz considere pertinentes.”

Direitos da personalidade – foram criados visando preservar o

princípio da dignidade humana.

Todos estes direitos tem algo em comum – são extrapatrimoniais. Estes

direitos “não tem preço” – nome, saúde, integridade física, imagem, órgãos etc.

São extrapatrimoniais, irrenunciáveis, inalienáveis, indisponíveis,

impenhoráveis e imprescritíveis (Não tem prazo para entrar com Ação para

proteção do meu direito da personalidade ! Pode ser a qualquer momento).

Obs.: A ação de indenização por dano moral valora o acontecimento e, por

isso, tem prazo! Prescrição de 3 anos!

Quando se fala em dano material é preciso de prova documental (nota

do hospital, nota da oficina do meu carro) e não suposição – dano emergente

(seria o que a pessoa gastou) e lucros cessantes (é o que se deixa de ganhar

devidamente documento). Os danos materiais em determinados casos são

difíceis de prova, mas eles devem ser correspondente ao dano e déficit

quantificado do prejuízo financeiro (desfalque patrimonial).

A indenização paga pelo dano moral leva a vítima para o estado anterior,

ou seja, como se não tivesse acontecido.

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos

devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que

razoavelmente deixou de lucrar.

Page 7: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

A indenização por dano moral se vincula à prova de violação de direito

da personalidade. O pedido de dano moral se fundamenta por si só a violação do

direito da personalidade. Não se vincula à abalo psicológico, dor, sofrimento,

constrangimento, vergonha etc! Isso só interfere na quantificação do dano moral

e não na qualificação! Este dano só foi escrito no CC de 2002 (Art. 186).

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente

moral, comete ato ilícito.

Esta é uma verba compensatória e não indenizatória. Seria um dinheiro

para distrair a cabeça (haha). O problema é definitivo, não há como voltar para o

estado anterior.

Obs.: Ou seja, não existe apenas uma tutela repressiva, mas também

uma tutela preventiva. A pessoa pode visualizar que vai sofrer um dano moral e

assim pode, por exemplo, como o Roberto Carlos, pedir para tirar o livro de

mercado. Se a informação for divulgado, o direito da personalidade será atingido.

Art. 12 e 20, caput.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça (mecanismo preventivo), ou

a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de

outras sanções previstas em lei (posso cumular o mecanismo repressivo e o

preventivo).

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça

ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da

palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa

poderão ser proibidas (mecanismo repressivo ou preventivo), a seu

requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a

honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

O dano estético é diferente dos dois anteriores. Se tive dano estético,

necessariamente tive dano moral! Mas a presença de dano moral não vincula o

dano estético. O dano estético surge quando houver uma cicatriz definitiva, uma

amputação ou a perda de um sentido. Na prova tem que cair entendimento

Page 8: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

jurisprudencial porque não há artigo. Eu posso ser indenizado por dano moral E

dano estético. Não é a mesma coisa!

O art. 52 estende à Pessoa Jurídica os direitos da personalidade no que

couber.

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da

personalidade.

Incapacidade – É uma restrição para capacidade de exercício. A incapacidade

pode variar no grau. É uma situação que tende a não durar, ou seja, é transitória,

sendo que a regra é a capacidade.

Incapacidade - Proteção Judicial

Absoluta – Representação: acontece uma substituição – quem exerce o ato em

nome dele é o representante. Todos os atos no interesse dele devem ser

praticados pelo representante. Se faltar representação, o negócio será nulo (tem

que anular). Não há prazo.

Relativa – Assistência: possui capacidade de exercício, mas não pode praticar o

ato sozinho. Seria uma companhia. Se faltar assistência, o ato será anulável

(pode ser anulado ou deve-se sanar o vício). Se não agir dentro do prazo, o vício

torna-se sanado. Existe algum ato que ele pode praticar sozinho? Sim, mas

precisa de autorização legal:

Votar

Viajar

Vincular em uma relação de emprego

Testemunha (art. 228 – maiores de 16 anos. Art. 228. Não podem ser

admitidos como testemunhas: I – os menores de dezesseis anos)

Mandatário (mandato é um contrato que outorga poderes para que

alguém pratique um ato em meu nome. Tem que ser maior de 16. Art.

666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode

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ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de

conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas

por menores.)

Testamento (maior de 16 anos) -

O discernimento, assim como a pouca idade, são critérios para verificação

de capacidade.

Quando diz que a pessoa não tem discernimento para a prática dos atos

da vida civil – Relativamente incapaz.

Discernimento reduzido – existe, mas é menor. Relativamente incapaz.

Não possui desenvolvimento mental completo – Absolutamente incapaz

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida

civil:

I – os menores de dezesseis anos;

II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário

discernimento para a prática desses atos;

III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental,

tenham o discernimento reduzido;

III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV – os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Emancipação – mecanismo de cessação da incapacidade, mas ele continua

menor! Ela abrevia a capacidade plena, mas não confere maior idade a ninguém

(por isso não pode tirar carteira de habilitação, já que é necessário ter

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maioridade - 18 anos). A partir dos 16 anos é possível a emancipação. No

entanto, pode-se ser emancipado antes disso.

Emancipação é ato irrevogável. Não pode estar subordinado à condição (a pessoa

emancipada pode praticar todos os atos).

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica

habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante

instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por

sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; -

Este é caso de emancipação administrativo porque não precisa ir na justiça

(que seria emancipação judiciária). O tutor não pode emancipar porque

não possui poder familiar. Só haverá emancipação judicial no caso de

tutela.

II – pelo casamento – não falou uma idade. A parte do CC que trata de Direito

de família fala que é a partir dos 16 anos (art. 1517). Se for menor de 16 e

não tiver idade núbil (art. 1520), pode casar em caso de gravidez ou para

evitar imposição ou cumprimento de pena criminal (casos no CP em que a

violência é presumida (presunção absoluta – não permite prova em

contrário! Casos de estupro ou atentado violento ao pudor). Até 2007 o art.

107 do CP tinha uma previsão que dizia que se alguém ou o autor se casasse

com a vítima, extinguia-se a punibilidade (foi revogado). Assim, esta parte

do 1520 está revogada também.

III – pelo exercício de emprego público efetivo – só dava certo se a maioridade

fosse de 21 anos. Esse artigo é sem noção, não faz sentido. Mas se colocar na

prova, deve-se colocar verdadeiro.

IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;

V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de

emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos

tenha economia própria. – o emprego privado só emanciparia se fosse

possível tirar desta atividade o sustento.

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Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se

autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não

atingida a maioridade civil.

Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no

parágrafo único do art. 1.631.

Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não

alcançou a idade núbil (art. 1.517) (16 anos), para evitar imposição ou

cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I – das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da

celebração do casamento;

II – da pessoa maior de sessenta anos;

III – de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Aula 2

Morte – Extinção de Personalidade

A lei dos transplantes trata do momento da morte como a parada dos

encéfalos (Morte encefálica e não a morte cerebral - ainda há atividade cerebral)

– antecipação da morte para possibilitar o transplante de órgão. Atualmente a lei

foi alterada e não diz que todas as pessoas são doadoras de órgãos. A pessoa tem

que autorizar a doação, mas o mais importante é a autorização da família.

A certidão de óbito tem que ser rápida para fazer o sepultamento. O

médico atesta o óbito e o cartório expede a certidão de óbito com base neste

documento. Seria o caso de morte real.

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A certidão de óbito tira todos os direitos da pessoa que morreu, pois

acaba sua personalidade. Assim, não há prazo definido, porque a pessoa perderá

toda sua propriedade! A qualquer momento o procedimento pode ser iniciado.

Quem pede início é necessariamente a família? Não necessariamente. Pode ser

qualquer interessado, até mesmo o credor do falecido!

1. Morte real (art. 6º, 1º parte)

2. Morte presumida – é uma morte em que se provoca o judiciário, pois o

médico não pode atestar nada sem o corpo. Não é ausência porque eu sei

o que fez ela desaparecer (um incêndio, uma avalanche etc.). Não é

possível afirmar a morte, mas pode-se constatar a grande probabilidade.

Os magistrados, neste caso, mediante justificação de óbito decretarão a

morte presumida de alguém que desapareceu (art. 7º) – Não há prazo

para a família entrar com a Justificação de óbito. No caso do prisioneiro de

guerra (inciso II) há prazo – dois anos após o termino da guerra. Quando

esta protocola o pedido de justificação de óbito, a família já recebe do

INSS a pensão por morte.

Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for

encontrado até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente

poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo

a sentença fixar a data provável do falecimento.

3. Morte presumida com decretação de ausência - A ausência seria o

exemplo do cara que sai pra comprar cigarro e não volta. Depois de um

tempo pode-se declarar a morte presumida.

Obs.: Quanto menor o grau de certeza, mais burocrático e demorado será o

procedimento.

Ausência (art. 22 a 39) - Fases do mesmo procedimento de ausência. Cada uma

das fases é encerrada por meio de uma sentença. Quanto tempo é preciso esperar

Page 13: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

para passar de uma fase pra outra? Nesse momento, é preciso entender apenas

que não é automático, ou seja, há prazo. Quanto tempo depois da morte de

alguém o procedimento pode ser iniciado? Não há prazo! Qualquer interessado

pode pedir o início do procedimento, até mesmo o credor.

I) Curatela dos bens – [1 ano, podendo ser aumentado para 3 anos – se

a pessoa que desapareceu deixou mandatário, o prazo aumenta para 3

anos porque é mais provável que não tenha morrido, Art. 26.

“Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele

deixou representante ou procurador, em se passando três anos,

poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra

provisoriamente a sucessão.”] aqui a curatela não é do ausente! Só

precisa de curador quem é maior de 18 anos ou quem não tenha total

discernimento. Quem precisa de curatela é o patrimônio do ausente!

Não posso trazer os herdeiros para receberem o patrimônio de quem

não foi declarado morto ainda.

II) Sucessão provisória [10 anos, que se inicia com a sentença da

arrecadação dos bens do ausente]

III) Sucessão definitiva – [10 anos] declaração da morte e o patrimônio

partilhado provisoriamente vai ser partilhado definitivamente.

Pré-requisitos para o procedimento continuar: [1] primeiramente o juiz deve

decretar a ausência! [2] O segundo elemento seria providenciar um rol de

bens (arrecadação dos bens do ausente), porque a intenção é proteger o

patrimônio de forma integral (o juiz pode até mesmo praticar atos de

diligência para que a arrecadação fique completa). [3] Depois ele nomeia o

curador (alguém da família do ausente, para quem os poderes serão

outorgados – art. 25 – ordem de preferência está estabelecida na lei). [4]

Outorga poderes ao curador no período da administração que deve durar o

período de 1 ano (Exceção: 3 anos no caso de mandatário). Nesse período o

juiz convoca periódicos para que o ausente apareça e se manifeste. Quanto

mais rápido ele volta, melhor é o direito dele? Aos poucos ele vai perdendo

alguma coisa. Corre o risco dele voltar e a perda patrimonial se tornar

definitiva. Se ele volta dentro deste primeiro um ano ele recebe tudo! Se a

Page 14: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

pessoa que administrou o fez de forma ruim, o ausente pode buscar uma

indenização do curador. Se o patrimônio aumentou, gerando frutos e

rendimentos, tudo volta para o ausente.

Dica: para beneficiar, a lei geralmente chama o mais novo. Se é pra

responsabilizar, a lei chama o mais velho.

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente,

ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu

legítimo curador.

§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais

ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de

exercer o cargo.

§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.

§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

[5] Passa-se para a sucessão provisória. O juiz divide o patrimônio do

mesmo modo como se houvesse verdadeiramente a morte. No entanto, eles

não recebem verdadeiramente o patrimônio, mas sim a posse. Nessa hora,

abre-se o testamento. Chamam-se os herdeiros legítimos e também os

testamentários. Eles podem exercer esta posse pelo período de 10 anos

contados a partir da sentença. Na verdade, eles vão estar administrando bens

alheios assim como o curador. Importante: Os herdeiros devem dar garantia

real no valor do quinhão que vão administrar sob pena de ser excluído (não

seria sair da sucessão, mas sim participar do final, adiando o exercício do

direito). Garantia real (penhor, hipoteca e anticrese) é diferente de garantia

pessoal/fidejussória (fiança e aval). A lei só aceita penhor (bem móvel) e

hipoteca (bem imóvel) como garantia real deste caso! O quinhão de quem foi

excluído será administrado por outro herdeiro ou irá para um curador dativo

que também deverá dar garantia. Exceção: art. 30, §2º - Os ascendentes, os

Page 15: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

descendentes e o cônjuge não deverão prestar qualquer garantia! Estes são

chamados de herdeiros necessários e gozam de ampla proteção da lei.

Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão

garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes

aos quinhões respectivos.

§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a

garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe

deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro

designado pelo juiz, e que preste essa garantia.

§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua

qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na

posse dos bens do ausente.

Art. 1.475. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel

hipotecado. – a pessoa pode vender o apartamento hipotecado? Pode, mas

eu continuo devedora e o credor pode (tendo direito oponível a qualquer

um) hipotecar o imóvel vendido a outrem. Executa a dívida contra quem

vendeu e pede a hipoteca do imóvel da pessoa que comprou. Este artigo é

novo na estrutura deste código.

Parágrafo único. Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o

imóvel for alienado.

Sempre que se administra bem alheio, é preciso prestar contas

anualmente em formato contábil para o juiz (podendo aprová-las ou não). A

medida que eu causo prejuízo e ele é visualizado na prestação de contas, perde-

se a posse dos bens e o juiz converte a posse em benefício de outro herdeiro ou

curador. Isso ocorre até completar os 10 anos da fase (que se inicia com a

sentença da arrecadação dos bens do ausente). A lei faz uma proposta para o

herdeiro administrar bem o patrimônio do ausente: caso ele volte, poderá ficar

com 50% dos frutos e rendimentos a cada prestação de contas. Assim, quem

trabalha bem aproveita este bom trabalho a todos? Sim, porque na sucessão

definitiva a outra metade será partilhada entre todos os herdeiros.

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Sucessão definitiva – levantam-se as garantias e chamam-se os herdeiros

excluídos. O ausente continua protegido por mais 10 anos. Cada herdeiro recebe

agora a propriedade de seu quinhão, mas a propriedade ainda corre o risco de se

desfazer se o ausente retornar (propriedade resolúvel – “resolver” significa

extinguir). Se ele volta no período de 10 anos, desconstitui o certidão de óbito

com efeitos patrimoniais. Se volta após os 10 anos, desconstitui a certidão de

óbito sem qualquer efeito patrimonial. Se o ausente voltar e a pessoa ainda tiver

dinheiro decorrente do patrimônio do ausente, deve devolver. Depois de 10 anos

a propriedade perde o risco, ou seja, deixa de ser resolúvel.

A lei dá ao ausente três direitos nesta ultima fase:

Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão

definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes [1]

haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, [2] os sub-rogados

em seu lugar, [3] ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem

recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.

Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não

regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens

arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se

localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União,

quando situados em território federal.

Abreviação do prazo da sucessão provisória e antecipação da abertura da

sucessão definitiva. Isso só faz diminuir o prazo na segunda fase (sucessão

provisória). Dois requisitos:

1) se vivo, tem mais de 80 anos.

2) Mais de 5 anos sem notícia do ausente (conta-se a partir das últimas

notícias e não do início do procedimento! Logo, vai mais rápido ainda,

conta-se desde o início da primeira fase, na verdade – abrevia o prazo!

Esta segunda fase pode ter 1 ano, por exemplo. No entanto, ainda terá

a proteção de 10 anos da terceira fase).

Page 17: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o

ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias

dele.

Comoriência é uma presunção de que as pessoas morreram juntas, já que não é

possível provar que morreram em momentos diferentes. É uma presunção

relativa, ou seja, pode-se fazer prova em sentido contrário. Mesmo efeito da

premoriência (exemplo: filho morre antes do pai) efeito de não receber a

herança.

Ex.: A e B são marido e mulher e não tem descendentes e nem ascendentes. Cada

um tem um irmão. Os dois morreram juntos. O que acontece com o patrimônio de

A? Vai para o irmão. E o irmão de B recebe a parte de B. Mas o advogado do

irmão de B pode querer provar que B morreu depois de A e aí ganharia a parte

de A.

Negócios Jurídicos

Elementos Essenciais/Substanciais/Estruturais (não podem faltar sob pena

de um efeito jurídico drástico). Estes três planos são como escadas – não se pode

pular degrau! Então, antes de tudo, o ato deve existir no plano jurídico!

- de existência Inexistência – Seria saber se o ato existe ou não (o que

aconteceu é relevante para o direito? Repercute efeitos jurídicos?). Não

existe, não significa que não aconteceu! Significa apenas que não existe

para o mundo jurídico. Ex.: decurso do tempo gera efeitos jurídicos.

- de validade Invalidade– Só é analisada a validade de atos que existem. O

plano da validade é um plano de conformação do ato que você está

praticando com o ordenamento jurídico. Nesse plano, o legislador diz o

que quer que você faça. Assim, o ato pode existir, mas ser inválido. Seria

como ganhar um selo de qualidade do legislador! A validade sempre tem

que ser 100% - todas as exigências devem ser respeitadas. O negócio pode

ser inválido, mas, mesmo assim, gerar efeitos!

Elementos Acidentais

Page 18: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

- de eficácia Ineficaz – o ato pode existir, ter validade e não gerar efeitos. O

ato pode existir, ser inválido e gerar efeitos. Ex.: pacto antenupcial feito

exatamente do jeito que o legislador quer, mas não casaram! Não tem

eficácia nesse caso.

Exemplos.: Inexistente, ineficaz, nulo ou anulável?

Terreno no Céu – Negócio Jurídico nulo

Venda de computador por menor de 16 anos – Negócio Jurídico nulo

Venda de computador por menino de 17 anos – Negócio Jurídico anulável

Apartamento vendido por instrumento particular (deveria ser por escritura

pública) – Negócio Jurídico nulo

Casamento necessariamente gera efeito patrimonial (é sociedade) – Não querem

o regime de comunhão parcial de bens. Para mudar o regime é necessário fazer

acordo antenupcial, que deve ser feito por escritura pública. Fazem por

instrumento particular - Negócio jurídico nulo

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz; (Arts. 3o, 4o, 166, I, e 171, I, deste Código).

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; (Art. 166, II e III, deste

Código.)

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

O legislador não analisou o plano da existência de forma expressa, mas

isso não quer dizer que é dispensável. O código analisa o plano da validade de

forma extensa.

Pacto de corvina ocorre quando, por exemplo, a pessoa cede o direito de

sua parte da herança antes do autor da herança morrer (vende a herança): “Art.

426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.”

Desfazimento é o mesmo que anulação, revogação, rescisão, resolução, resilição. Anulação decorre da possibilidade do desfazimento do negócio jurídico inválido (ou nulos ou anuláveis).

Page 19: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Plano da Existência Plano da Validade (art. 104)- este rol não é exaustivo! A parte especial pode acrescentar outros elementos de validade!

Invalidade (pode gerar o desfazimento ou anulação do ato) é gênero de duas espécies:

Nulidade absoluta (nulo) – tem que desfazer o negócio jurídico.

Nulidade relativa (anulável) – pode desfazer ou não o NJ.

Vontade objetiva/negocial (mas não é uma vontade subjetiva que ninguém sabe) - tem que ser livre, espontânea e ponderada.

Agente capaz Se ele for absolutamente incapaz. Absolutamente interditado. Art. 166, I

Se ele é relativamente incapaz. Relativamente interditado.

Objeto Objeto lícito, possível, determinado, determinável (venda de “um”carro e não “o”carro)

Objeto é nulidade absoluta em todas as hipóteses. Art. 166, II e III

Forma Forma prescrita em lei ou não defesa em lei (regra geral, porque a forma determinada depende do legislador)

A forma só é essencial quando o legislador define em lei, o não atendimento será nulidade absoluta (art. 166) A regra geral é que a forma seja livre. Art. 166, IV e V

Art. 171 – DEFEITOS

(Decorar este artigo)

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz;II– for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV – não revestir a forma prescrita em lei;V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa (que dá uma ordem);VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I – por incapacidade relativa do agente;II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores (art. 138 até art. 165 – são espécies do gênero: defeitos do negócio jurídico)Obs.: Logo, as causas de nulidade relativa (anulável) é a incapacidade do agente e a presença de um dos defeitos do NJ.

Prazos Prazo indefinido Qualquer destes casos o

Page 20: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

prazo é de 4 anos. Para outros casos, a lei determina outro prazo.

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:I – no caso de coação, do dia em que ela cessar;II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III – no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à

validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,

modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a

trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Questão: Toda a alienação imobiliária depende de escritura pública? Não! Tem

que ver o valor do imóvel! Pois menos que 30X o valor que o salário mínimo

posso vende-lo por instrumento particular.

A validade é analisada somente quando se originou. Lei nova não pode invalidar

negocio jurídico valido na época da sua formação. Não pode se tornar invalido

depois. Uma doação não pode ser anulada, somente revogada, por exemplo por

ingratidão do donatário (Art. 557).

Anular e revogar não são a mesma coisa, mas as duas pedem para desfazer o ato

ou o negócio jurídico. Eu peço para anular ou revogar por razões diferentes, mas

as duas desfazem o ato. Tenho que decorar quando devo anular ou quando devo

revogar...

Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por

inexecução do encargo.

Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:

I – se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de

Page 21: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

homicídio doloso contra ele;

II – se cometeu contra ele ofensa física;

III – se o injuriou gravemente ou o caluniou;

IV – se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este

necessitava.

Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do

artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou

irmão do doador.

Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro

de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a

autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.

Nos casos de impedimento de casamento, os sujeitos podem estar convivendo

juntos como união estável? Não, podem viver juntos, mas não terão os mesmos

efeitos civis (é o chamado comcubinato).

Parentesco:

Parentesco pode acontecer por consangüinidade (Parentesco Natural);

Parentesco por adoção civil , mesmo de pessoa com 18 anos(Parentesco Civil);

Parentesco por afinidade (na linha reta [ascendência descendência] ou na linha

colateral [existência de um ancestral comum que os ligam; não existe primeiro

grau por que sempre haverá um intermediário ou elo ancestral comum.

Colaterais de segundo grau são irmãos; de terceiro grau são tios e sobrinhos; de

quarto grau são primos e ACABOU!])

Parentes por afinidade com pacote completo (art. 1591 ao 1595, CC) - quando se

casam ou entram em união estável (isso é novo). O parentesco por afinidade só

acontece entre o outro cônjuge e a família e não entre os dois cônjuges (que são

sócios)! Lembrar que os cônjuges são um só, logo, a mulher do marido tem o

mesmo grau de parentesco que ele com relação aos parentes, só que em

afinidade. (art. 1595, §2º) O parentesco por afinidade na linha reta não se

extingue com o fim do casamento. Por isso, não posso casar com o sogro porque

ele continua sendo seu parente.

Page 22: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo

vínculo da afinidade.

§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e

aos irmãos do cônjuge ou companheiro.

§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou

da união estável.

Os filhos de pais que se casam sem qualquer vinculo, não se tornam

parentes. Não são irmãos. Podem se casar!

Art. 1.521. Não podem casar: nulidade absoluta

I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II – os afins em linha reta;

III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do

adotante;

IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau

inclusive;

V – o adotado com o filho do adotante.

VI – as pessoas casadas;

VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de

homicídio contra o seu consorte

Aula 3

Nulidade absoluta é como se dissesse subir pra cima. Quando o legislador quer

falar nulidade absoluta diz nulo ou nulidade. Se for nulidade relativa, será

anulável ou anulabilidade.

Nulidade Absoluta (art. 166 a 170) Nulidade Relativa (art. 172 a 184)Nulo - nulidade Anulável - anulabilidadeNorma de ordem pública Interesse das partesOponibilidade “erga omnes” Oponibilidade “inter partes”Pode ser reconhecida ex officio pelo juiz ou argüida pelo MP

Nem o juiz pode conhecer de ofício e nem o MP pode argüir. A não ser que o MP seja parte.

Não se subordina nem à prescrição nem à decadência.

Se subordina a prazo decadencial

Page 23: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

A sentença é meramente declaratória. A sentença é de natureza desconstitutiva

O vício contido nele não admite convalidação (nem em razão do decurso do tempo)

O vício contido nele admite convalidação/confirmação/ratificação

Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-loArt. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.

Direito Processual Civil:

Sentença de natureza declaratório – juiz não cria nada novo. Simplesmente

reconhece uma situação e declara a existência dela. Sentença de declaração de

paternidade, por exemplo. Não se subordina à prescrição nem à decadência

Sentença constitutiva positiva – faz surgir um vinculo jurídico que não

existia antes.

Sentença constitutiva negativa - esta sentença desfaz o vínculo que

existia. Sentença que decreta o divórcio instaura efetivamente situação

jurídica nova.

Nestas duas sentenças constitutivas o juiz inova na ordem jurídica.

Sentença condenatória – Prestação de das, fazer ou não fazer. Se submete à

prescrição

Sentença Declaratória Prescrição e Decadência

Sentença Constitutiva positiva e

negativa

Decadência

Sentença Condenatória Prescrição

Obs e Exemplos.:

Se submete à decadência

Page 24: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

“Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro,

importa adiantamento do que lhes cabe por herança.”– antecipação da legítima

- Toda doação que um pai faz para um filho ou um cônjuge para outro é

antecipação da legítima. Nesse caso, há obrigação de colacionar na hora da

sucessão.

Pode-se doar sem a obrigação de se colacionar na hora da sucessão

dizendo no instrumento de doação que está saindo da parte disponível e

não da legítima. Assim, os filhos que recebem esta doação não perdem nada

de sua herança legítima.

“Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não

perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a

gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo

imposto”. – doação remuneratória não pode ser confundida com

remuneração de serviços. Nessa também não há obrigação de colacionar,

ou seja, sai da parte disponível sem que se precise dizer isso!

Para que o ascendente venda para o descendente, é imprescindível a

autorização dos outros descendentes, porque para ser antecipação da

legitima tem que ser doação!

“Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros

descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido

Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se

o regime de bens for o da separação obrigatória” – A filha que não autorizou

tem um prazo decadencial para pedir a nulidade relativa desta venda! No

entanto, não fala o prazo! Assim, deve-se sempre seguir nestes casos a

regra do art. 179 :

“Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem

estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a

contar da data da conclusão do ato.”

“Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo

outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de

dissolvida a sociedade conjugal.” – Esta doação é anulável, ou seja, pode ser

Page 25: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

anulada. O prazo decadencial é de até dois anos depois de dissolvida a

sociedade conjugal. Nem a parte disponível pode ser doada à concubina.

“Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda

suficiente para a subsistência do doador.” – nulidade absoluta (prazo

indefinido).

“Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o

doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.” – nulidade

absoluta (não possui prazo) - 50% é disponível, poderia se doado, e da

parte legítima deveria ter dado só 25%.

Uma pessoa não pode se relacionar com duas ao mesmo tempo, ou

seja, não é possível ter dois casamentos ou duas UE ou um casamento e uma

união estável. O outro vai ser concubinato, que é apenas uma sociedade de

fato. Exceção: No entanto, se comprovado que as mulheres não sabem da

existência uma da outra, é possível reconhecer um côo casamento e o outro

como UE, ou duas UEs.

“Art. 1.521. Não podem casar […]: VI – as pessoas casadas;”

“Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o

homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura

(não significa estar durando a muito tempo, mas sim que tem a perspectiva de

durar) e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.

1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se

achar separada de fato (inovação deste código) ou judicialmente.

§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união

estável.”

“Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher,

impedidos de casar, constituem concubinato.”

DEFEITOS – Vícios da vontade: essa vontade não foi livre, espontânea e ponderada. Se referem à nulidade

relativa e o prazo decadencial é de 4 anos.

Page 26: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Erro – faz um negócio jurídico achando que sabe o que está fazendo. O Erro acontece de forma espontânea!

Posso errar sozinho! Não precisa de colaboração de um terceiro de má-fé. Não é qualquer erro que se submete

à anulação. O Art. 139 possui um rol taxativo - erro substancial/principal – que se refere à natureza, ao

objeto/à característica do objeto, à pessoa, ao direito (desconhecimento da lei):

Art. 139. O erro é substancial quando:

I – interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a

ele essenciais;

II – concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de

vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;

III – sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do

negócio jurídico.

O erro que não é principal é acidental. Nesse caso não é possível pedir a anulação do negócio jurídico. Aqui é

possível pedir uma indenização por perdas e danos. Exemplo.: Erro de cálculo no valor de um terreno.

“Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.”

Erro principal – Nulidade relativa

Erro Acidental – perdas e danos

Dolo – Seria um erro induzido pela mentira (dolo ativo/positivo/comissivo/de Ação) ou omissão (dolo

negativo/de reticências) da outra parte. Não precisa ter a intenção de prejudicar a pessoa. O dolo aqui tem

um sentido bem amplo (bem diferente do direito penal, que o conceito é restrito), ou seja, é igual má-fé.

Dolo recíproco/bilateral/simultâneo – os dois agentes agem com dolo e, por isso, esta situação se torna

irrelevante para o direito. Nesse caso não é possível pedir indenização nem compensação de prejuízo (mesmo

se um saiu com mais prejuízo do que o outro). Além disso, cabe ressaltar que o negócio jurídico é válido.

Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o

negócio seria realizado, embora por outro modo.

Dolo Principal – Nulidade Relativa

Page 27: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Dolo Acidental - Indenização por Perdas e Danos

Coação – Erro provocado por meio de ameaça.

A coação seria a ameaça injusta e pode ser indenizável (danos morais, materiais).

“Vis absoluta”: coação física – NEGÓCIO JURÍDICO INEXISTENTE. Não é defeito do ato jurídico! Não atinge o

ato no plano da validade, mas sim no plano da existência. Assim, ele nem chega a entrar no mundo jurídico! No

entanto existe a obrigação de pagamento de indenização no plano jurídico.

“Vis compulsiva”: coação moral.

Aplica-se o art. 146 da mesma forma.

Coação Principal – Nulidade relativa

Coação Acidental – Indenização por Perdas e Danos

[...] Continuação [...] DEFEITOS – Vícios da vontade: essa vontade não foi livre, espontânea e

ponderada. Se referem à nulidade relativa e o prazo decadencial é de 4 anos.

Estado de Perigo Lesão

O negócio jurídico é desproporcional

Caso de salvar a própria vida ou a vida de

alguém da família (família aqui é

interpretada em sentido amplo, ou

seja, se baseia na afetividade. Pode ser

O negócio jurídico é desproporcional

Premente necessidade OU inexperiência

Estes DOIS requisitos devem estar presentes,

sendo que este segundo pode ser alternado!

Prazo: O prazo é contado a partir da data que a

coação cessa.

Nos outros casos ( dolo e erro) , o prazo de 4 anos é

contado a partir da celebração do ato.

Page 28: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

um amigo etc.)

Conhecimento da situação - A pessoa que

negociou com você sabia do seu estado de

perigo.

Estes TRÊS requisitos devem estar

presentes efetivamente

Aqui há uma emergência específica!

Não há conhecimento do agente que lesa da

necessidade.

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando

alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou

a pessoa de sua família, de grave dano conhecido

pela outra parte, assume obrigação

excessivamente onerosa.

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não

pertencente à família do declarante, o juiz

decidirá segundo as circunstâncias.

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob

premente necessidade, ou por inexperiência, se

obriga a prestação manifestamente

desproporcional ao valor da prestação oposta.

§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações

segundo os valores vigentes ao tempo em que foi

celebrado o negócio jurídico.

§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se

for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte

favorecida concordar com a redução do proveito.

Fraude contra credores

Art. 591, CPC. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os

seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Art. 391, CC. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

Penhora-se tudo, exceto o mínimo essencial.

Em regra, não é possível perseguir patrimônio pretérito. No entanto, existem duas situações de

exceção – Mecanismos de perseguição de patrimônio pretérito:

Fraude contra credores e Fraude a execução – Na primeira situação não há processo e na segunda já

Page 29: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

há processo (há a citação). A fraude a execução é mais grave que a primeira porque é esta + alguma

coisa (frustra-se o trabalho do judiciário, ou seja, o devedor está agindo contra todo o trabalho do

judiciário).

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor

já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos

credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.

§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.

Aula 4

Fraude contra credores

É defeito, mas não é vício de vontade, é um vício social (pois quem irá requerer a

anulação [credor] não participou do negócio jurídico).

Alienação de patrimônio de forma fraudulenta para não pagar credores – pôr

seus bens em nome de terceiro.

O crédito pré-existente, o credor pré-existente deve provar a má-fé do devedor

em alienar um bem para o credor conseguir perseguir o bem alienado

fraudulentamente, terá que provar:

- o “eventus damni” (prova da insolvência) e

- o “concilium fraudis” (prova da má-fé e o concílio para a fraude)

Prazo de 4 anos decadencial a partir de quando se realizou o negócio jurídico

(art. 178, CC)

O nome desta Ação pode ser “Ação Pauliana” (quem tem legitimidade é o credor

quirografário e não o credor que tem garantia real ou pessoal/fidejussória)

Credor quirografário é o último na lista de credores (concurso de credores), pois

não tem nenhuma garantia.

Garantias:

Page 30: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

a) Reais: hipoteca, penhor e anticrese (não é quirografário)

b) Pessoais/fidejussórias: fiança e aval

O credor quirografário pode entrar com ação paulina para anular o

negócio, mas o patrimônio do devedor volta ao monte e será usado para pagar os

credores preferenciais da ordem no concurso de credores.

Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá

em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.

Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos

preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará

somente na anulação da preferência ajustada.

Simulação

Simulação não é defeito (art. 138 e 165), mas é considerado um vício social (está

no art. 167). Simular seria fingir. Seria praticar qualquer ato que tenha

divergência com a realidade.

Exemplos que mais caem.:

1) O sujeito compra um apartamento por 200 mil e coloca na escritura pública o

valor de 100 mil. Na verdade acontecem dois negócios jurídicos: um é verdadeiro

[negócio jurídico dissimulado], mas não é materializado na compra e venda

definitiva no cartório, e o outro é o falso [negócio jurídico simulado]. Não pode

fazer esta transferência nem em vida, nem em morte! É proibido por lei!

2) O cara que é casado pela comunhão parcial de bens e quer doar um

apartamento que é dele mesmo (tem desde antes do casamento) para a amante.

Precisa da autorização da esposa, mesmo por este regime de bens. No regime de

separação absoluta de bens (art. 1.647) não é necessária autorização do cônjuge!

A administração dos bens é de interesse de cada um! Só é preciso de autorização

no caso de doação! O marido vem com um contrato de venda (negócio

dissimulado), mas na verdade é uma doação (negócio simulado).

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem

Page 31: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III – prestar fiança ou aval;

IV – fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam

integrar futura meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem

ou estabelecerem economia separada.

Simulação Absoluta - A simulação nem sempre é usada para esconder outro

negócio verdadeiro. As vezes a simulação é apenas para esconder uma vantagem

ou privilégio . Essa simulação é classificada como simulação absoluta.

Simulação Relativa - Na simulação relativa devem existir necessariamente dois

negócios jurídicos. É chamada também de dissimulação.

Simulação absoluta – nulidade absoluta – neste caso, desfaz o negócio! Não há

prazo para pedir a anulação!

Simulação relativa – nulidade absoluta – neste caso, (assinar nota promissória

falsa para tentar vantagens, confissão de dívida que não existe etc.), o juiz a

qualquer momento pode reconhecer a nulidade. O negócio simulado é nulo

porque não condiz com a realidade. Assim, aparece o negócio verdadeiro. O

negocio simulado poderá ser anulado prazo de 2 anos a contar da separação

da sociedade conjugal (pode ser a morte, pode ser a dissolução da sociedade

conjugal etc.).

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art.

1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a

anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.

Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento

público, ou particular, autenticado.

Nem todo negócio dissimulado é inválido! Se a divergência é só o valor do bem

indicado no contrato, ele continua válido.

Page 32: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

- O negócio simulado é sempre nulo!

- O negócio dissimulado pode ser, dependendo do negócio e do que diz o

CC: válido (negócio válido na substância e forma), nulo absolutamente

(nulo – herança de pessoa viva) ou nulo relativamente (anulável).

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado (não interessa se a simulação é

absoluta ou relativa), mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na

substância e na forma.

§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às

quais realmente se conferem, ou transmitem;

II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;

III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do

negócio jurídico simulado.

Prescrição e Decadência

Prescrição (arts. 189 – 206) Decadência Legal (arts. 207 – 211)

Decadência Convencional

Extinção Extinção da Pretensão (exigibilidade)

Perde-se o próprio Direito Potestativo

Perde-se o próprio Direito Potestativo

Direito Direito subjetivo patrimonial (seria o Crédito) – é um direito mais fraquinho, já que o juiz me ajuda a conseguir o crédito coercitivamente.

Direito Potestativo - é um direito mais forte, pois o outro não precisa colaborar para a satisfação do direito.

Direito Potestativo

Localização Arts. 205 (regra geral – prazo de 10 anos) e 206.

Espalhados no CC

Obs.: Logo, se houver

Contrato

Obs.: Contrato e

Page 33: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

um prazo diferente de 1 a 5 anos, deverá ser decadência.

prescrição são duas palavras que não combinam! O contrato não pode criar ou aumentar ou diminuir prazo de prescrição previsto em lei.

Ex officio – o juiz pode declarar de ofício a prescrição.

Ex officio O juiz não pode conhecer de ofício

Admite-se a renúncia da prescrição Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

Admite-se renúncia.

Não corre contra todos (Maior proteção no CC).

Pode haver uma causa de:

Impedimento – não deixa o prazo começar e, por isso, tem que acontecer antes do prazo. Se for verificada durante o decurso do prazo, será causa de suspensão do curso do prazo.

Obs1.: Neste caso, o prazo não recomeça! O prazo começará do zero porque nunca começou.

Obs2.: Prescrição não corre entre cônjuges e por isso, o casamento é uma causa de impedimento (casamento antes do vencimento do prazo) ou de suspensão casamento depois do vencimento).

ou

Suspensão - após o início do prazo.

Obs.: A suspensão congela o prazo. Assim, o prazo recomeça do lugar de onde parou.

Interrupção – Ela zera o prazo e recomeça do zero.

Corre contra todos, salvo para os incapazes do art. 3º (absolutamente incapazes), CC/2002.

Regra para diferenciar:

Impedimento e Suspensão (art.

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197) – São extrajudiciais

Interrupção (art. 202) – São Judiciais

Se prescreveu, é possível provocar o judiciário? Sim, é possível exercer direito de

ação. Se houve prescrição, o juiz decide a questão com julgamento de mérito.

A prescrição não retira o direito de Ação, mas sim a pretensão!

Após o vencimento de uma relação de débito e crédito, deve-se exercer a

pretensão (exigibilidade de forma coercitiva) dentro de um prazo de prescrição.

Jurisdição – o Estado exerce alguns poderes em beneficio da sociedade e assim

eles são divididos para exerce determinada função (Judiciário – exerce jurisdição

[diz o direito] de forma monopolística [exceção: arbitragem] e inerte [não se

movimenta a não ser que seja provocada]; Legislativo, Executivo). No entanto,

eles adentram as funções um dos outros.

Art. 189. Violado o direito (direito subjetivo patrimonial), nasce para o titular

a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts.

205 e 206.

Obs.: Regra geral

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Obs Importante!!!.: No art. 206, cada §§ corresponde ao prazo de prescrição! Existem 5 §§, logo, os prazos prescricionais vão de 1 a 5 anos! Se aparecer um prazo fora desses, com certeza será decadência!

Art. 206. Prescreve:

§ 1o Em um ano:

I – a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

II – a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:

a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é

Page 35: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segura- dor;

b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;

III – a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;

IV – a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;

V – a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.

§ 3o Em três anos:

I – a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

II – a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;

III – a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;

IV – a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

V – a pretensão de reparação civil;

VI – a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII – a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:

a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;

b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;

c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;

VIII – a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX – a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

§ 5o Em cinco anos:

I – a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;

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II – a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;

III – a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

Obs.: Exemplos que caem muito:

1) Um acidente que aconteceu em 1990 – Prazo de 20 anos para ação de busca de indenização na vigência do CC de 16

1990 ______________________Jan/2003(entrada do CC novo)___2010

2) Um acidente em 2000

2000_______________________________________________________2020

3) Acidente em 2005 – Prazo de 3 anos na vigência do CC novo (Janeiro de 2003 porque O CC tem vacatio legis de 1 ano)

2005__________2008

obs.: Sempre que reduzir, vai reduzir contando o prazo novo do inicio da vigência do CC novo.

No segundo exemplo, vai prescrever em 2006.

2003 + 3 anos do CC novo = 2006

Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este

Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da

metade do tempo estabelecido na lei revogada.

Das Causas que imPeDem ou susPenDem a PresCrição

Art. 197. Não corre a prescrição: ENTRE

I – entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II – entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III – entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição: CONTRA

I – contra os incapazes de que trata o art. 3o;

II – contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;

III – contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I – pendendo condição suspensiva;

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II – não estando vencido o prazo;

III – pendendo ação de evicção.

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.

O prazo de prescrição corre contra o credor e não contra o devedor, pois é

ele que vai se prejudicar com a prescrição.

Se o devedor morre e ele tem um filho de 5 anos e o prazo já está

correndo, o melhor é que o prazo corra rápido e continue para que ele não pague

a dívida prescrita! (Isso acontece para resguardar o absolutamente incapaz, para

que o prazo não corra CONTRA e sim a favor dele!)

Se o credor morre e ele tem um herdeiro de 5 anos e o prazo já começou,

o melhor é que o prazo pare. Assim, há a suspensão.

Das Causas que interromPem a PresCrição

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: (Obs.: A lei restringiu porque a pretensão poderia se tornar imprescritível porque não havia limitação a quantidade de causas interruptivas)

I – por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual

II – por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III – por protesto cambial;

IV – pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;

V – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.

Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Aula 5

Teoria geral das Obrigações (arts. 233 a 420)

Transmissão Adimplemento Inadimplemento

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- Seria a transmissão de crédito de um credor primitivo para um novo. - Pode acontecer também com o devedor (sai o devedor primitivo e entra um novo).

É pagamento Descumprimento:- sem culpa : gera extinção da obrigação e não é inadimplemento- com culpa : agora está caracterizado o inadimplemento – impõe ao inadimplente os ônus do inadimplemento: perdas e danos, etc.

A transmissão não gera extinção da dívida.

Gera extinção da dívida.

1) Cessão de crédito2) Assunção de dívida

1) Adimplemento Direto –Seria cumprir a obrigação da forma que foi convencionada. 2) Adimplemento Indireto – É um caminho diferente do AD que se percorre para alcançar o mesmo resultado (a extinção da dívida) – Consignação em pagamento, dação, confusão, sub-rogação, compensação, novação etc.

Classificação:

Credor – Fato Jurídico – devedor

Prestação de dar, fazer ou não fazer

1) Quanto à prestação: olha-se para o vínculo entre credor e devedor. Seria dar,

fazer ou não fazer.

Dar – (Res periti domino – se a coisa perecer, perece para o dono!) entrega de

objeto. Desmembramento (podem ser chamadas de):

Obrigações de entrega (o dono do objeto é o devedor):

- Perda total ou apenas perda no CC:

sem culpa – obrigação se resolve, se extingue. Nesse caso,

o devedor deve devolver o pagamento para que as partes

voltem ao estado anterior. O prejuízo é do devedor!

Page 39: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

com culpa – houve inadimplemento e o inadimplente

responde com perdas e danos.

- Perda parcial ou deteriorização (no CC):

sem culpa – [1] o credor não é obrigado a receber o carro

e pode buscar a resolução da obrigação (o devedor deve

proceder à devolução do pagamento). [2] O credor aceita a

coisa, mas pede um abatimento no valor do objeto.

com culpa – É o mesmo efeito jurídico do sem culpa, mas

acrescenta perdas e danos. O prejuízo é do devedor.

O devedor em mora será responsabilizado por perdas e danos mesmo que não

tenha culpa na perda total ou parcial do objeto.

Existe algum mecanismo que geraria responsabilidade pro devedor que não é

mais dono do objeto e não para o adquirente do objeto? – Sim, o vício

redibitório (os prazos são curtos para reclamar para que haja segurança jurídica

– bem móvel, 30 dias; bem imóvel, 1 ano)

Obrigações de restituição (o objeto já é do credor e o devedor tem que

devolver. Ex.: comodato; locação; depósito): Res perit domino – o prejuízo

é do credor!

- Perda total:

sem culpa: O devedor não pode exigir nada! Há a resolução da dívida.

Ex.: empréstimo do carro por 10 dias. O devedor tem o carro furtado. Não

há responsabilização do devedor se não houver contrato de comodato

(Comandante e comodatário)

com culpa: Indeniza perdas e danos.

- Perda parcial:

sem culpa: obrigação se resolve, se extingue.

com culpa: Perdas e Danos

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do

Page 40: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

caso.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor , responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

Art. 235. Deteriorada (perda parcial) a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.

Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.

Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa , e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.

Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.

Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.

Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.

Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Obrigações de Fazer:

a) Sem culpa – A obrigação se resolve. Ex.: a banda que eu contratei não

vem porque o aeroporto está interditado.

b) Com culpa – Indenização por perdas e danos.

Obrigações de Não fazer:

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a) Sem culpa – A obrigação se resolve.

b) Com culpa – Indenização por perdas e danos.

2) Quanto ao objeto da prestação: Pluralidade de partes.

a) divisível– se o objeto for divisível.

Credor: d1, d2 e d3 (dívida de R$ 9000,00 e de R$ 3000,00 para cada um)

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

b) indivisível– se o objeto for indivisível.

Credor: d1, d2 e d3 (dívida de um cavalo. O credor pode pedir um cavalo inteiro

para cada um dos três devedores. São coobrigados ao pagamento da dívida, mas

não são solidários. Tem que entregar o cavalo inteiro por conta de uma

característica do objeto!! Não confundir solidariedade com indivisibilidade)

Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.

Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.

4) Quanto à responsabilidade: olha-se para os sujeitos da relação jurídica.

Responsabilidade dos credores:

Dívida pura e simples – não há solidariedade dos devedores – cada um

responde pela sua quota. Olha-se o objeto.

Solidariedade – Olha-se para os sujeitos e não para o objeto!

Solidariedade não se presume! Só pode existir por lei ou por pacto expresso!

[“Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das

Page 42: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

partes”] Marido e mulher são devedores solidários, por exemplo. A solidariedade

do pólo passivo serve como um mecanismo de garantia para o credor. O credor

pode cobrar o tanto que quiser de cada um, podendo cobrar tudo de apenas um.

Exceção: beneficio de ordem. Caso de fiança em beneficio do fiador.

O perdão da dívida é diferente do perdão da solidariedade. O credor pode

perdoar um ou outro. Se perdoa a dívida, continua a existir a solidariedade com

os outros devedores.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.

Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.

Morrendo o devedor solidário, passa a dívida e não a solidariedade. A

indivisibilidade é uma característica do objeto que continua o mesmo com o

falecimento do devedor (os herdeiros deverão o cavalo inteiro). Se a dívida for

divisível cada herdeiro responderá até a quota que corresponde ao seu quinhão

hereditário.

Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

Se a obrigação for indivisível e um dos devedores entregou cavalo. A obrigação se

extingue em relação a todos. Se um único devedor deve um cavalo (objeto

indivisível) para mais de um credor tem que tomar cuidado, porque quem paga

mal, paga duas vezes. Para pagar bem, deve seguir a regra do art. 260.

Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:

I – a todos conjuntamente;

II – a um, dando este caução de ratificação dos outros credores .

Posso cumular indivisibilidade com solidariedade. Neste caso, a solidariedade

funciona como um caução de ratificação. O devedor pode pagar a dívida apenas

para um.

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Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Art. 899 do CC/1916.

Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.

Locador e Inquilino. O locador exige dois fiadores para concretizar o contrato de

locação. A dívida é de 12 x 1000,00.

O Inquilino é o devedor. Os fiadores não devem nada, porque é garantidor e não

co-devedor! Ele assume o risco de pagar uma dívida que não é dele. Existe o

benefício de ordem para o fiador. Se o fiador renunciar a este beneficio, dá uma

garantia ainda maior! O locador pode cobrar direto do fiador. A obrigação de

pagar IPTU, condomínio, taxa de luz, água etc. é do proprietário! Isso deve estar

expresso no contrato!

O locador cobra primeiro do inquilino. Se tiver apenas um imóvel, é protegido

por ser bem de família. Existe os bens absolutamente impenhoráveis e

relativamente impenhoráveis. O fiador também alega bem de família. No entanto,

o fiador em contrato de locação não tem proteção de bem de família!

Devedores que não podem alegar bem de família legal:

a) fiador em contrato de locação

b) dividas trabalhistas dos empregados domésticos do imóvel referido

(tiram o apartamento para o pagamento da dívida)

c) dívidas de tributos do imóvel

d) pensão alimentícia

e) devedor do imóvel hipotecado perante o credor da hipoteca (houve o

oferecimento voluntário do imóvel como garantia)

Existe o bem de família legal (lei. 8009/90)e o bem de família convencional (art.

1711 do CC)

Transmissão

Cessão de Crédito (Arts. 286 a 298) Assunção de dívida (Arts. 299 a 303)

Page 44: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

É uma alteração subjetiva ativa.

Alteração do credor originário.

Não existe co-responsabilidade (só no endosso).

É um contrato feito entre o credor primitivo (cedente) e o credor novo (cessionário).

O devedor (cedido) não precisa ser consultado previamente.

No entanto, o devedor tem que ser notificado depois sobre a alteração.

Devedor não notificado que paga para o credor primitivo, paga bem!

Se esse contrato gera efeitos para algumas pessoas e não para outras – ineficácia relativa ao devedor não notificado. Assim, não é nem nula nem anulável, é ineficaz relativamente.

O Cedente e o Cessionário podem notificar o devedor.

O credor primitivo pode transferir para quem quiser e quando quiser.

Não é alteração do objeto!

A Cessão de crédito pode ser gratuita ou onerosa.

Cessão de crédito não gera co-responsabilidade pelo pagamento.

É uma alteração subjetiva passiva.

Alteração do devedor originário.

É preciso autorização expressa do credor (cedido) – chamada de Assunção Liberatória.

O silencia do credor é interpretado como recusa.

A Assunção de divida sem autorização é ineficaz relativamente em relação ao Credor.

Assuntor é o que assume a dívida no lugar do devedor primitivo (Cedente).

Assunção de dívida não extingue a dívida do devedor originário (caso fiquei provado que o assuntor era insolvente e a ignorância do credor na época)! Ele fica apenas liberado!

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.

Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Art. 300. Salvo assentimento (consentimento) expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. (Por exemplo, a fiança se desfaz).

Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este (devedor) conhecia o vício que inquinava a obrigação.

Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.

Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.

O endosso gera um efeito parecido, mas transfere o crédito, a propriedade do título e gera um efeito distinto da co-responsabilidade (o co-edossante se torna co-responsável solidário pelo pagamento da dívida sem benefício de ordem).

Aula 6

Adimplemento

Direto – é o pagamento da forma que foi pactuado. Arts. 304, 308, 313, CC.

Indiretos:

1) Consignação: (não há acordo – o devedor quer pagar!) depósito

judicial em beneficio do credor. Qualquer outro tipo de pagamento,

Page 45: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

podendo não ser dinheiro. É uma acao de consignação em pagamento

prevista no CPC.

Consignação em Depósito extrajudicial feito diretamente em uma instituição

oficial (Banco) – é uma conta remunerada. O Banco que faz a notificação ao

credor e, por isso que tem identificar e dizer o endereço. Notificação ao

credor via AR (aviso de recebimento). Este depósito extrajudicial só admite

dinheiro. Art. 335, CC.

Art. 335. A consignação tem lugar:

I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou

dar quitação na devida forma;

II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição

devidos;

III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou

residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do

pagamento;

V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

2) Sub-rogação: “trocar”. O fiador (terceiro), se pagar, sub-roga-se nos

direitos do credor – A sub-rogação estrutura a ação de regresso contra o

verdadeiro devedor e contra o outro fiador que este tiver. Os fiadores

rateiam o prejuízo, ou seja, eles são solidários (cada um torna-se credor

do devedor daquilo que pagou). Os fiadores podem ficar trocando de

lugar sem parar se o devedor não pagar.

É ADIMPLEMENTO porque termina com a dívida (mas surge uma

obrigação nova).

3º interessados: pessoa que se prejudicaria se não houvesse o pagamento. Ex.:

fiador; dono do imóvel hipotecado. A sub-rogação só se aplica ao 3º

interessado. SUB-ROGAÇÃO LEGAL

3º não interessados: se não há prejuízo. O 3º não interessado se meteu onde

não corria o risco de ser chamado – seria como se fosse uma doação (este

Page 46: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

não se sub-roga nos direito do credor). Ex.: pai, irmãos etc. Exceção: pode

ocorrer sub-rogação do 3º não interessado se houver acordo. SUB-

ROGAÇÃO CONVENCIONAL

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,

privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor

principal e os fiadores.

3) Imputação: “atribuir”ou “indicação” Quando se deve mais de uma

dívida diferente em função do mesmo credor. Estas dividas devem estar

todas vencidas. Ex.: entregas de produtos diferentes a uma mesmo

restaurante. O devedor vai se valer da imputação para escolher, quando

pagar apenas uma parte da divida, qual parte da divida pretende quitar

(com certeza, deve pagar a mais onerosa – com maior multa etc.). O

devedor escolhe e impõe a sua vontade.

Se o devedor paga e não faz a imputação, o credor que escolhe (emitindo um

recibo – Termo de quitação).

Se nenhum dos dois imputa, a lei toma uma decisão em nome deles: IMPUTAÇÃO

LEGAL art. 354 e 355 [1) Se todas as dividas tiverem data de vencimento

diferentes, o pagamento se refere a que venceu antes; 2) se todas vencem na

mesma data, será paga a mais onerosa sob o angulo de visão do devedor; 3) se

houver capital e juros (são dividas diferentes, o juros é dívida acessória que

decorre da inadimplência), imputa-se aos juros]

Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros

vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor

passar a quitação por conta do capital.

Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa

quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro

lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a

imputação far-se-á na mais onerosa.

4) Dação: (precisa de acordo)

Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é

Page 47: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

devida, ainda que mais valiosa.

Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é

devida. (pode trocar a prestação de dar pela de fazer, por exemplo. Pode

mudar o objeto)

Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as

partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.

Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência

importará em cessão (adimplemento direto).

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-

se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os

direitos de terceiros. Evicção é a perda da propriedade que se adquiriu.

5) Novação: “nova obrigação” pactuada pelas partes. A novação exige acordo

(animus novandi – ânimo de novar)

Art. 360. Dá-se a novação:

I – quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e

substituir a anterior; Novação objetiva (muda o objeto) – não confundir com

dação em pagamento! Nesta última não surge nova obrigação.

II – quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite (extinção) com o

credor; Novação subjetiva passiva (mantém o mesmo credor e a mesma

obrigação, mudando o devedor) não confundir com por Assunção de divida

(que não extingue)

a) Novação subjetiva passiva por delegação – É trazida pelo devedor

antigo, sendo que o credor negocia com este novo devedor.

b) Novação subjetiva passiva por expromissão – é a expulsão do devedor

primitivo da relação jurídica.

III – quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,

ficando o devedor quite com este. Novação subjetiva ativa não confundir com

Cessão de crédito (que não extingue)

Page 48: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

6) Confusão: Ocorre quando a pessoa é credor e devedor da mesma dívida

(ocupa os dois pólos da relação jurídica). Isso ocorre quando há

empréstimo de pai para filho único e o pai falece.

7) Remissão: (precisa de acordo) é perdão de dívida. Para haver o perdão

com o efeito da extinção tem que haver a aceitação do devedor. Perdão

não é unilateral, é bilateral. Remição com “Ç”seria resgate de título de

crédito pelo devedor ao pagar a dívida.

8) Compensação: (não precisa de acordo) Dívidas diferentes, liquidas,

vencidas e de mesma natureza. Ocorre quando as partes são credor e

devedor simultaneamente de dividas diferentes. Pode haver compensação

total ou parcial.

Inadimplemento

Tem que haver culpa para ocorrer o inadimplemento. Se não houver culpa,

extingue a obrigação.

Pode-se cobrar:

a) obrigação principal;

b) perdas e danos: Lucros Cessantes e Danos emergentes - Pode-se

estipular uma cláusula penal no contrato que estabeleça uma multa no

caso de inadimplemento – esta cláusula substitui as perdas e danos!

Obs.: Quando se cria a multa, há uma pré-fixação do valor e isso pode

não ser equiparado ao valor do dano ou ao valor da multa. O pedido da

multa torna desnecessária a prova de perdas e danos. Assim, mesmo

que se prove que o prejuízo é maior, o sujeito deve se conformar com a

multa fixada na cláusula (não terá indenização suplementar). Art. 416.

Segunda parte do Parágrafo único: Pode haver cláusula de indenização

suplementar no contrato, mas o credor tem que provar o prejuízo!

Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue

prejuízo.

Page 49: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não

pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se

o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor

provar o prejuízo excedente.

No entanto, se o valor da multa for muito maior que o prejuízo, o juiz

deve diminuí-la. Art. 413.

Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a

obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da

penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a

finalidade do negócio.

c) Juros: Juros moratórios (não confundir com juros compensatório ou

remuneratório – que decorrem do empréstimo e não do

inadimplemento);

d) atualização monetária;

e) Honorários de advogado.

Responsabilidade Civil (Art. 186 a 188/ 927) AQUILIANA (não há

vinculo nenhum entre as partes)

A responsabilidade civil anteriormente estudada é contratual -

inadimplemento

Responsabilidade Civil Subjetiva (culpa – falta de cuidado)

Ato ilícito – praticando em contrariedade à ordem jurídica. Do ato ilícito no

cível só interessa o DANO! O direito civil se preocupa com o resultado da

conduta!

Ato ilícito:

Conduta ativa ou passiva

Dano: material, moral ou material e moral

Nexo de causalidade

Page 50: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Culpa (inobservância do dever geral de cuidado . É a culpa lato sensu)

≠ do dolo do direito penal.

O valor da indenização é calculado pelo dano que é causado e não pela culpa ou

dolo do ofensor.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e

o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência (faltou imperícia), violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de

culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente

desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os

direitos de outrem.

Nas hipóteses de presunção legal de culpa, haverá responsabilidade objetiva?

FALSO!!!!! A culpa é desnecessária e não presumida.

Existem hipóteses de presunção de culpa para proteção da vítima. Mesmo assim

é preciso que haja a culpa para a indenização (só não precisa provar a culpa

porque é presumida!) e a responsabilidade é objetiva! Culpa presumida não

existe mais no código!!!!! Todas as hipóteses viraram responsabilidade

objetiva!

Responsabilidade Civil Objetiva – independe de culpa e é a lei que diz se é

objetiva. Há a dispensabilidade da caracterização de culpa.

Essa responsabilidade é prevista em lei. Mas hoje existe também a possibilidade

da Teoria do Risco.

Page 51: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se

não provar culpa da vítima (se provar que foi culpa da vítima, não há nexo de

causalidade) ou força maior – responsabilidade objetiva

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem

de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse

manifesta.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano

proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Regra geral: Responsabilidade Subjetiva!

Regra geral: Responsabilidade direta (quem causou o dano, responde pelo

prejuízo que causou)

Exceção: Responsabilidade indireta: pode cobrar a indenização de outras

pessoas (art. 932, CC)

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: a lei não exclui quem

causou o prejuízo diretamente!

I – os pais, pelos filhos menores (os pais respondem mesmo se o menor for

emancipado) que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; - ESSE

INCISO ESTÁ ERRADO! OS PAIS RESPONDEM INDEPENDENTEMENTE DE

ONDE ESTIVEREM (Poder Familiar [responsabilidade] existe independente

de separação, divorcio etc.).

II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas

condições;

Nestes dois incisos, deve-se colocar no pólo passivo o ofensor e os

responsáveis juntos (litisconsórcio – responsabilidade civil dos incapazes

[art. 928]) ou apenas os responsáveis!!

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as

pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação (quando a

obrigação for do colégio, que teria o dever de cuidado, por

exemplo)de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. – o

Page 52: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

incapaz responde com seu patrimônio apenas se o curador

ou tutor não puder. Regra geral, respondem os

responsáveis.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá

ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz

ou as pessoas que dele dependem (mitigação)

III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no

exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue

por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e

educandos;

V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a

concorrente quantia.

Sempre nos casos de responsabilidade indireta haverá solidariedade

(responsável e ofensor) e, quem responde indiretamente, responde

objetivamente (independente de culpa).

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que

não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali

referidos.

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem

ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor,

todos responderão solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e

as pessoas designadas no art. 932.

Page 53: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Teoria do Risco

Há risco na conduta.No entanto, esta conduta não esta regulamentada como

responsabilidade objetiva.

Na teoria do risco, a responsabilidade é subjetiva, mas a vitima não consegue

provar a culpa. Nesse caso, o juiz pode verificar que há habitualidade na conduta

(impõe à sociedade um risco maior que o normal). Além disso, deve lucrar com

esta habitualidade. E, assim, o juiz converte a responsabilidade subjetiva em

objetiva.

O risco que o código adotou é o RISCO PROVEITO.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo. [Responsabilidade subjetiva]

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de

culpa, nos casos especificados em lei [Responsabilidade objetiva], ou quando a

atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua

natureza, risco para os direitos de outrem [Teoria do Risco Risco-proveito].

Excludentes de ilicitude no Direito penal são também no direito civil: art. 188

legitima defesa

estado de necessidade

exercício regular de um direito reconhecido

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito

reconhecido; II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a

pessoa, a fim de remover perigo iminente. Arts. 929 e 930 deste Código.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as

circunstâncias o tornarem absolu- tamente necessário, não excedendo os

limites do indispensável para a remoção do perigo.

Page 54: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Excludentes de Nexo de causalidade/de responsabilidade civil:

culpa exclusiva de terceiro

culpa exclusiva da própria vitima

caso fortuito ou força maior

Aula 7

Livro de direito das Coisas

- DA POSSE

- DOS DIREITOS REAIS – art. 1225 – relaciona os direitos reais:

Art. 1.225. São direitos reais:

I – a propriedade;

II – a superfície;

III – as servidões;

IV – o usufruto;

V – o uso;

VI – a habitação;

VII – o direito do promitente comprador do imóvel;

VIII – o penhor;

IX – a hipoteca;

X – a anticrese.

XI – a concessão de uso especial para fins de moradia; XII – a concessão de direito

real de uso.

POSSE

Não é direito real porque está em outro título. É possível ter posse sem

propriedade.

São duas coisas distintas! Não há hierárquica entre os dois.

Possuem pontos de semelhança. É como se fosse união estável e casamento.

A proteção é a mesma pra ambos.

Propriedade - Poder de uso, fruição, disposição e o direito de reaver o bem de

alguém que injustamente esteja na posse ou detenção deste bem (art. 1228)

Page 55: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Características comuns com a posse – pode dispor da posse. Pode transferir

posse como propriedade (se o possuidor morre, pode transferir a posse para os

herdeiros).

Em determinados momentos o possuidor pode usufruir de seu direito de posse

da mesma forma que a propriedade!

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,

pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. – independente

de ser de boa-fé ou não, justa ou injusta.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o

direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou

detenha.

Classificação: cada classificação não vincula outra. Deve-se analisar cada uma.

Pode ser plena e injusta, etc.

1. Quanto aos poderes/faculdades que o possuidor pode exercer

- Plena: Exercício de todas as faculdades inerentes à propriedade.

Quando o possuidor desmembra voluntariamente sua posse plena , surgem dois

outros tipos de posse: Posse direta e Posse indireta. Não existe simultaneamente

posse plena, direta e indireta.

- Direta: decorre do contato direto com a coisa. Cai com o nome de “ corpus ”

ou posse imediata. Esta posse é do inquilino. Tem que haver um vinculo

jurídico entre o possuidor direito e indireto (contrato escrito ou oral

dependendo do caso).

Obs.: Se é um invasor, terá posse direta, porque não foi dada voluntariamente a

ele. A posse de quem invade é Posse Plena! Há a perda da posse plena pelo

possuidor originário pela posso violenta ou clandestina. Esta é uma posse plena

injusta.

- Indireta: chamada de posse mediata.

2. Quantos aos vícios objetivos

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

Page 56: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

Justa

Injusta: É o modo que foi adquirida!

- Violenta: é a forma como foi adquirida.

- Clandestina: é a forma como foi adquirida. Pode não ser mais

clandestina depois de um tempo (todo mundo o vê na casa

etc.).

- Precária: Se liga à expressão “inexistência de justo título”. Justo

título é situação de fato que legitima o exercício da sua posse

(não confundir com “DOCUMENTO”, pois pode ser que eu não

tenha ou tenha um documento, mas, nesse caso, ele não é

justo).

Ex.: alguém aluga meu imóvel para alguém sem ter procuração. Este que alugou

tem posse plena injusta, clandestina e de má-fé. Se a desmembra

voluntariamente, alugando, a posse se torna indireta. O locatário possui posse

direta, injusta, de boa-fé. A posse pode ser injusta e de boa-fé! Essas duas coisas

não se vinculam! A boa-fé é a falta de consciência do vício objetivo! Se eu quero

minha posse de novo, e reajo violentamente, a posse será plena, injusta

(violenta) e de boa-fé.

3. Quanto aos vícios subjetivos

Boa-fé ou má-fé (consciência do vício objetivo!)

4. Quanto ao prazo

o Nova (menos de um ano e um dia = menos de 1 ano + 1 dia)

– A ação de reintegração de posse vai por RITO ESPECIAL –

Liminar de desocupação.

o Velha (mais de um ano e um dia = mais de 1 ano + 1 dia)

Efeitos: não precisa ter todos os efeitos para se caracterizar a posse.

1) Frutos

2) Benfeitorias

3) A Usucapião:

Page 57: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

DICA: “nome grande, prazo grande. Quando diminui o nome, o prazo diminui!”

Prazos:

- 3 e 5 anos – bens móveis

- 5, 10 ou 15 anos – bens imóveis.

BENS IMÓVES

Usucapião extraordinária – a lei pede pouco requisitos porque tenho

um prazo longo. 15 anos, como regra, mas pode cair pra 10 anos (= a

ordinária), se atendida a função social da posse. Se atender ainda mais a

função social, torna-se a usucapião especial (+ um requisito).

Usucapião Especial – 5 anos – a lei torna mais rigorosos os

requisitos.

Usucapião Ordinária – 10 anos – a lei pede mais requisitos.

Extraordinária (Art. 1238)

Especial (Arts. 1239 e 1240) Ordinária

Requisitos

Art. 1238, caput- 15 anos - ininterruptos- sem oposição

- 5 anos- ininterrupto- sem oposição - Não pode ser proprietário de imóvel urbano ou rural - Rural – área máx. 50 hectares – Moradia E obras e serviços - tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família. (Art. 1239)- Urbana – área máx. 250 m2 - só moradia (Art. 1240)

Art. 1242, caput- 10 anos- ininterrupto- sem oposição- justo título - boa-fé

Não faz diferença se tenho outros imóveis. Não faz diferença se o imóvel é grande (não pode ser público, porque não é usucapível) Não precisa morar. Pode exercer apenas a posse indireta. Independe de Boa-fé

Independe de boa-fé Não pode ser pessoa jurídica, porque precisa ser usada pra moradia. direito apenas 1 vez na vida (§2º, art. 1240)

Mesmos requisitos+ outros

=Redutor

Art. 1238, p.u.s- 10 anos- ininterruptos - sem oposição- moradia habitual OU

Art. 1242, p.u.- 5 anos- ininterrupto- sem oposição- justo título

Page 58: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

obras e serviços de caráter produtivoObs.: pessoa jurídica pode usucapir! Ex.: o Carrefour constrói um supermercado em uma área não utilizada e gera vários empregos

- boa-fé+

- forma onerosa- registro- registro cancelado posteriormente em razão de algum problema- estabelecimento de moradia OU realizado investimentos de interesse social ou econômico.Evicção: é a perda da posse ou da propriedade em razão de sentença judicial. Entrega a propriedade ou posse para o verdadeiro possuidor ou proprietário em razão da sentença! Evicto é o enganado, o que comprou.Este terá o direito de pleitear uma indenização contra quem vendeu (quem o enganou).Este proprietário tem que entrar com ação de reintegração de posse.

Obs.: Não é necessário entrar com AÇÃO para que haja a USUCAPIÃO.

Esta ação é uma formalidade, pois, preenchido todos os requisitos, a

pessoa adquire a propriedade

Modos de aquisição de propriedade imobiliária

CC 16 CC 02

Sucessão Registro – presunção relativa de propriedade

Usucapião Usucapião

Acessão Acessão – construção e plantação (crescimento)

Transcrição Estas três (RUA) – “inter vivos”

Sucessão – “causa mortis” – é modo de aquisição

de propriedade. Não é preciso registrar.

Page 59: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

BENS MÓVEIS (Arts 1260 e 1261)

Não existe redutor, porque não exerce moradia!

Usucapião Extraordinária: (art. 1261) – independe de título judicial e boa-fé.

- 5 anos

- prazo ininterrupto

- sem oposição

Usucapião Ordinária: (art. 1260)

- 3 anos

- prazo ininterrupto

- sem oposição

- justo título

- boa-fé

4) Proteção possessória (Arts. 1210, CC e 920 e seguintes, CPC): está

disponível a qualquer possuidor independentemente da classificação da

posse (ou seja, mesmo que esteja de má-fé, tem proteção possessória).

Esta proteção será a mesma independente da classificação.

Essa proteção possessória pode ser feita de duas maneiras:

I) Auto-tutela: Auto-tutela não é um ATAQUE, é uma

RESISTÊNCIA/DEFESA! É uma legitima defesa por que a turbação ou o

esbulho está acontecendo. Se a invasão já aconteceu, deve-se ir na justiça

mediante Ação possessória. PRAZO: REAGIR LOGO/IMEDIATAMENTE!

- Turbação: DANO EFETIVO. Turbação atual. Ex.: rouba

galinha, o gado, a colheita, etc. Nesse caso, se está sendo

turbado, mas o proprietário não tem como resistir à turbação,

pode entrar com manutenção de posse.

- Esbulho: ato praticado pelo invasor que gera perda total ou

parcial.

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação

Page 60: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

(MANUTENÇÃO DE POSSE), restituído no de esbulho (REINTEGRAÇÃO), e

segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado

(INTERDITO PROIBITÓRIO).

§1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua

própria força, contanto que o faça logo ; os atos de defesa, ou de desforço, não

podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse (Poderá

praticar ato ilícito se ultrapassar os limites para a defesa de seu direito –

art. 187, CC).

§2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de

propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

II) Ação Possessória: a agressão não é atual, mas é iminente. Art. 920 e

seguintes do CPC.

- Interdito proibitório – AMEAÇA. Medo de sofrer turbação.

Ex.: a situação de fato causa temor e caracteriza ameaça (Ex.:

Sem terras). É um mecanismo preventivo! Sob pena de

“Astreints” (multa diária que serve de “incentivo” para o réu

cumprir a decisão). O juiz pode, de oficio ou a pedido das partes,

aumentar o valor ou diminuir.

- Manutenção de posse: Fundamento da causa de pedir:

turbação.

- Ação de reintegração de posse: fundamento da causa de

pedir: não é mais turbação, é esbulho:

a) Rito Especial – Posse nova ( - de 1 ano e 1 dia) – pode

pedir uma liminar de desocupação. Deve provar:

- a posse, ou seja, que é possuidor. Como que se prova isso?

- o esbulho praticado pelo réu;

- a data que o esbulho foi praticado (para fazer o cálculo da

posse nova). Se for um tempo de posse maior (posse

velha), não poderá pedir a liminar no rito especial!

Page 61: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

O réu não é citado para CONTESTAR, mas sim para DESOCUPAR

(Oficial de justiça).

depois disso, a Ação vai para o rito ordinário para se julgar a ação

de reintegração de posse.

b) Rito Ordinário

É citado para CONTESTAR, neste caso. O réu fica na posse durante

o julgamento da Ação (que dura muito tempo).

Ex.: O proprietário tem ação de despejo contra o locatário - contrato de 12

meses, sem pagar por 3 (mas se não há citação, não pode haver a Ação). No

entanto, tomou a posse do imóvel injustamente (o locatário não estava lá há

vários meses, incomunicável). O locatário tem direito à ação de reintegração de

posse + perdas e danos – que decorre de um ato ilícito – art. 187, CC

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente

moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,

excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,

pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo .

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de

culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente

desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os

direitos de outrem.

DIREITO DE FAMÍLIA

Parentesco:

a) natureza:

- natural – vinculo de consangüinidade

Page 62: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

- civil – processo de adoção judicial

- por afinidade – pelo casamento – me torno parente dos parentes do marido/mulher, não

do cônjuge. Obs.: União estável passou a gerar parentesco igual o casamento.

Obs.: Parente de 1º grau da sogra (por afinidade, linha reta e 1º) e de 2º do irmão (por afinidade,

colateral, 2º grau). Parentesco por afinidade em linha reta não acaba (Tem sogro e sogra, mas

não cunhado!).

b) linha:

Linha reta – ascendência e descendência. O parentesco não é limitado (ad

infinitum)

Linha colateral – não há vinculo direto. O vinculo passa por alguém. É a identificação

de um ancestral comum . Não existe parentesco colateral de 1º grau.

Obs.: Parentesco na linha colateral Só vai até o 4º grau (natural ou civil)! Será até o

2º se for parentesco por afinidade!

c) grau de parentesco:

Numero de elos (gerações) que unem as pessoas.

Aula 8

Casamento- a pessoa com menos de 16 anos não pode contrair casamento! A

idade mínima para casar é 16. A não ser em caso de gravidez, que poderá casar

independente da idade.

A mulher casada pode registrar a criança no nome do marido sozinha –

presunção de paternidade.

Impedimentos – quando houver impedimento, o casamento é nulo.

- Propriamente ditos – não pode – casamento nulo

Art. 1.521. Não podem casar:

I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II – os afins em linha reta;

III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do

Page 63: oab 1 fase - aula de Direito Civil Vestcon

adotante; - porque existe afinidade por linha reta

IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau

inclusive;

V – o adotado com o filho do adotante; - irmãos

VI – as pessoas casadas;

VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de

homicídio contra o seu consorte.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração

do casamento, por qualquer pessoa capaz.

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da

existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

- Causas suspensivas – não deve – aqui há a possibilidade de

casamento, pois não existe proibição. O casamento não é nulo nem

anulável. É situação de casamento irregular, que é válido, mas

haverá sanção legal (imposição do regime de bens – separação

legal/necessária/obrigatória).

- A mulher tem 10 meses de causas suspensiva (art. 1523, II, CC)

-

Efeitos do parentesco:

Direito a alimentos – Pede para os ascendente, depois para os

descendentes e depois pros colaterais até o 2º grau (irmãos).

Parentesco por afinidade não gera direito a alimentos (não posso pedir

pros sogros).

Impedimento para casamento – na linha colateral o impedimento é até o

3º grau (tios), mas pode casar com os primos. Há impedimento em linha

reta em qualquer grau no parentesco civil, natural e por afinidade. Não

pode casar com parentes de 2º grau (irmãos) unilaterais [uterinos –

materno – ou germanos – paterno] ou bilaterais. Irmãos de pais diferentes

não tem vinculo nenhum (nem são irmãos)! Não há impedimento para

casamento entre eles.

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Tios e sobrinhos (3º grau) não podem se casar, em regra. Exceção: No

entanto, se fizerem exame de compatibilidade sanguínea e der positivo,

podem se casar.

Efeitos sucessórios /ordem de vocação hereditária – colateral até 4º grau

(meus sobrinhos podem ficar com meu patrimônio)

Tipos:

1) Nulo – art. 1548,CC – INCAPACIDADE – restrição de capacidade/falta

de discernimento

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

I – pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida

civil;

II – por infringência de impedimento.

2) Anulável – INCAPACIDADE – questão de idade (menos de 16 anos)

Art. 1.550. É anulável o casamento:

I – de quem não completou a idade mínima para casar;

II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante

legal; - maiores de 16 e menor de 18.

III – por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

IV – do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o

consentimento;

V – realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da

revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;.

VI – por incompetência da autoridade celebrante.

Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente

decretada.

3) Irregular – causas suspensivas.

4) Por procuração – art. 1542, CC – os dois podem estar representados

por mandatários. A procuração tem que ser feita por instrumento

público, constando de forma expressa poderes para casamento com

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pessoa específica. Prazo máximo: 90 dias (improrrogável) – tem que

ser feita outra procuração.

5) Nuncupativo - arts. 1542, §2º, 1539 (2 testemunhas), 1540 (6

testemunhas) e 1541.

6) Putativo – quando o casamento for nulo ou anulável, será putativo

em relação ao cônjuge que estava de boa-fé. O casamento será

anulado ou nulo, com efeitos putativos em decorrência da boa-fé do

cônjuge ou cônjuges. Com relação a filhos, os efeitos serão sempre

validos, mesmo que os dois cônjuges estivessem de má-fé. Art. 1561,

CC

Regime de bens – a lei não diz o que se comunica, só o que não se comunica. O

pacto antenupcial pode ser feito da maneira que os nubentes quiserem (art.

1639, caput) – regime de bens HÍBRIDO. Não tem nome.

Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.

1. Comunhão Universal – comunica tudo, até herança ou

doação recebida. Documento – pacto antenupcial, feito

por escritura pública pelos dois.

2. Comunhão Parcial – não se comunicam os bens

anteriores, nem o que foi adquiro a titulo gratuito

(doação e sucessão). Tudo que foi adquirido onerosamente

durante o casamento se divide meio a meio.

Arts. 1658 e 1659, CC. Casou e não escolheu regime a lei supre a

vontade dos cônjuges (regime de comunhão parcial).

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na

constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu

lugar;

II – os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos

cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;

III – as obrigações anteriores ao casamento;

MEAÇÃO(50% E 50%)

Presunção de colaboração (não precisa ser financeira).Presunção absoluta – não admite prova em contrário

MEAÇÃO(50% E 50%)

Presunção de colaboração (não precisa ser financeira).Presunção absoluta – não admite prova em contrário

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IV – as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do

casal;

V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

3. Separação:

a) Separação convencional: Pacto antenupcial, feito por escritura

pública pelos dois.

Podem ter bens em comuns/adquirir bens em comum? Sim. Podem

reservar partes do imóvel em percentual de colaboração (Ex.: 40% e 60%,

50% e 50%)

b) Separação lega/obrigatória (art. 1641):

a) causas suspensivas

b) mais de 60 anos – podem estar em união estável! Regime

parcial!

c) autorização judicial

4. Participação final nos aquestos – É o conjunto de bens e direitos

adquiridos onerosamente durante o convívio do casal. Necessário o

Pacto antenupcial.

“durante o casamento é como se fosse separação de bens” – essa

separação tem que acontecer em vida. O que ganhou mais (evolui mais o

patrimônio durante o casamento) indeniza o outro a diferença do excesso.

Cada cônjuge tem direito à metade dos bens adquiridos pelo casal à época

da dissolução da sociedade conjugal.

Questão CESPE: existe mais de um regime de bens de participação dos

aquestos? SIM! Na comunhão parcial os aquestos são partilhados durante o

casamento.

Arts. 1639, 1653 CC.

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular,

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quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.

§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do

casamento.

§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização

judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência

das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. – participação

obrigatória do MP!

No CC de 16 era impossível a mutabilidade do regime de bens. No CC de 1002 se

tronou uma imutabilidade relativa, porque admite algumas exceções previstas no §

acima!

Se a causa suspensiva desaparece (casamento irregular – anulável – separação

legal obrigatória) há a possibilidade de mudança de regime

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e

ineficaz se não lhe seguir o casamento.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros,

desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no

da separação obrigatória. – nesse caso, em casamentos antes de 77, poderia

preservar a sociedade e o casamento, mudando o regime de bens.

Obs.: a administração dos bens é livre em qualquer regime de bens! O que

não é livre é a alienação ou pra ser fiador (precisa de autorização). Outorga

Conjugal (uxória – pedida pelo marido; marital – que a mulher pede)

A necessidade da outorga conjugal não decorre do fato de o bem fazer parte

do acervo comum do casal! A outorga conjugal só não é necessária no

regime de separação de bens (convencionado ou legal).

Os atos que precisam da vênia conjugal estão relacionados no art. 1647, CC.

União Estável, antes chamado de concubinato puro (1988). Existia o

concubinato impuro, que hoje é chamado apenas de concubinato.

Requisitos positivos da União estável (todos tem que estar presentes ao

mesmo tempo):

1. relacionamento público/notório

2. homem e mulher

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3. interesse em constituir família – querer ficar junto, colocar como

dependente do plano de saúde etc.

4. Contínua/estável/durabilidade (não tem limite de tempo)

Requisito negativo - não pode haver entre eles os impedimentos para o

casamento.

Sucessão

A sucessão testamentária é a regra geral.

A sucessão legitima só acontece quando não há testamento.

CÓDIGO CIVIL:

Livro V- DOS DIREITOS DAS SUCESSÕES

TÍTULO I – DA SUCESSÃO EM GERAL:

Disposições gerais – estas normas aplicam-se aos dois tipos de sucessão.

Sucessão legítima

Sucessão Testamentária

Até 77 o regime era comunhão universal (CC 16) e a mulher já ficava protegida

de alguma maneira (é dona da metade de tudo – meação). A metade do falecido

vai:

a) primeiro para os descendentes

b) ascendentes

c) cônjuge

d) colaterais (até o 6º grau no regime anterior)

Desde 77 o regime é de comunhão parcial. Meu marido só tem bens que adquiriu

antes do casamento. O cônjuge ficaria sem nada (não tem direito a meação)

segundo as regras anteriores, porque estaria em 3º lugar na ordem de sucessão.

Agora a regra é assim:

Meeiro – herdeiro

Meeiro – herdeiro

Cônjuge dentro da sucessão 1) separação convencional 2) participação final no aquestos (a meação não foi

resguardada porque não se separaram)3) Comunhão parcial:

- quando só existem bens exclusivos e particulares

- Bens comuns e particulares

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Pode ser meeiro e herdeiro não do mesmo bem

a) descendentes + cônjuge

Cônjuge de fora da sucessão (art. 1829, caput, parte final) :

- Comunhão universal

- Comunhão parcial com bens comuns

- Separação legal: Quando o casamento é no regime de separação legal

quando o cônjuge tem 60 anos – só poderá ser herdeiro se houver

testamento

Cônjuge será recebido como herdeiro se não for meeiro, com quota igual a

cada um dos filhos).

Em alguns casos vem só os filhos à sucessão (QUANDO O CONJUGE JÁ É

MEEIRO – A herança fica só para os descendentes).