o vazio em meu ser

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O Vazio em meu Ser Nem toda água deste mar poderia me dessedentar. Nada poderia me saciar. Nem todo o ar deste mundo poderia me preencher, nada pode se fazer quando se tem o vazio no ser, Já não suporto mais o peso do Vazio em meu viver, a dor da saudade já faz parte do meu ser, A dor de ter alguém e algo que nos falta, Não há no mundo outra dor que se compara. E a cada lugar que o peito lusitano me faz viajar, deixo pedaços de mim pela brisa do ar, E a cada laço que deixo apartado O meu coração se torna mais apertado. Oh meu Deus! Que tolo eu era ao deixar o porto Lusitano, a ver a minha mãe me perder no oceano, pensava que iria a lembrança paterna honrar, e sonhava em um herói me tornar. Viajei pelas terras do berço de Apolo, e muito morei no africano solo. Vivi na terra dos imbondeiros, Oh meu Deus! Que heroísmo há em pôr gente em cativeiro? E a cada lugar que passo, sinto perder partes do meu ser... É uma tormenta interior impossível de exprimir. O Português não me deu apenas a palavra Saudade para escrever, mas me entregou o mundo para o sentir. Ó Português! Ó maldito Português! Esta Saudade me tem tirado a lucidez! Dê-me então uma nova palavra para preencher Este vazio que há em meu ser. - Luiz Braga

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Page 1: O Vazio em Meu Ser

O Vazio em meu Ser Nem toda água deste mar poderia me dessedentar. Nada poderia me saciar. Nem todo o ar deste mundo poderia me preencher, nada pode se fazer quando se tem o vazio no ser, Já não suporto mais o peso do Vazio em meu viver, a dor da saudade já faz parte do meu ser, A dor de ter alguém e algo que nos falta, Não há no mundo outra dor que se compara. E a cada lugar que o peito lusitano me faz viajar, deixo pedaços de mim pela brisa do ar, E a cada laço que deixo apartado O meu coração se torna mais apertado. Oh meu Deus! Que tolo eu era ao deixar o porto Lusitano, a ver a minha mãe me perder no oceano, pensava que iria a lembrança paterna honrar, e sonhava em um herói me tornar. Viajei pelas terras do berço de Apolo, e muito morei no africano solo. Vivi na terra dos imbondeiros, Oh meu Deus! Que heroísmo há em pôr gente em cativeiro? E a cada lugar que passo, sinto perder partes do meu ser... É uma tormenta interior impossível de exprimir. O Português não me deu apenas a palavra Saudade para escrever, mas me entregou o mundo para o sentir. Ó Português! Ó maldito Português! Esta Saudade me tem tirado a lucidez! Dê-me então uma nova palavra para preencher Este vazio que há em meu ser. - Luiz Braga