o uso do computador no processo de ensino e … · educação faz parte de um processo natural do...
TRANSCRIPT
O USO DO COMPUTADOR NO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM EM BIOLOGIA
Rosinei Fátima Montegutti1
Carlos Eduardo Bittencourt Stange2
RESUMO: O objetivo principal deste estudo consiste em desenvolver uma reflexão sobre o uso das ferramentas computacionais como recurso didático no processo de ensino e aprendizagem em Biologia, Educação Básica, Ensino Médio. Para tanto encaminhamos esta pesquisa para o desenvolvimento do tema “O Uso do Computador no Processo de Ensino e Aprendizagem em Biologia” na 1ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Dom Carlos de Palmas – Paraná, por meio de metodologias voltadas a aprendizagem significativa e pelo uso de ferramentas computacionais como recurso facilitador da compreensão de temas abstratos e de difícil entendimento devido à dificuldade encontrada pelos alunos em assimilar mecanismos bioquímicos ocorridos no interior das células. O estudo visa também demonstrar os possíveis avanços que estes recursos metodológicos proporcionam a educação em termos de estratégias facilitadoras na busca da construção do conhecimento. Ao longo da trajetória percorrida para a conclusão deste trabalho, dois aspectos ficaram evidenciados: a importância do estudo da informática na educação e os objetivos educacionais que propõem alternativas de aprendizagem, em acordo com tantas descobertas já realizadas pela ciência e a necessidade de estabelecer utilidade destas descobertas na vida dos educandos, seja na sua vida cotidiana, seja na sua formação frente ao exigente mercado de trabalho. Este estudo apresentou resultados positivos identificados pelo professor e realçados durante a proposta, despertando nos alunos maior interesse na aprendizagem sendo considerada estratégia válida a favor da educação.
Palavras-chave: Aprendizagem Significativa; Ferramentas Computacionais; Ensino de Biologia.
1 2
ABSTRACT: The main objective of this study consists of developing a reflection on the use of the computational tools as didactic resource in the education process and learning in Biology, Basic Education, Average Education. For in such a way we direct this research for the development of the subject “the Use of the Computer in the Process of Education and Learning in Biology” in 1ª series of Average education of the State College Dom Carlos de Palmas - Paraná, by means of methodologies come back the significant learning and for the use of computational tools as facilitador resource of the understanding of abstract subjects and difficult agreement due to difficulty found for the pupils in assimilating mechanisms biochemists occurred in the interior of the cells. The study it also aims at to demonstrate the possible advances that these methodological resources provide the education in terms of facilitadoras strategies in the search of the construction of the knowledge. Throughout the trajectory covered for the conclusion of this work, two aspects had been evidenced: the importance of the study of computer science in the educational education and objectives that consider learning alternatives, in agreement with as many discoveries already carried through by science and the necessity to establish utility of these discoveries in the life of the educandos, either in its daily life, either in its formation front to the demanding market of work. This study it presented resulted positive identified for the professor and enhanced during the proposal, awakening in the pupils biggest interest in the learning being considered valid strategy in favor of the education.
Word-key: Significant learning; Computational tools; Education of Biology.
INTRODUÇÃO
Uma verdadeira revolução está sacudindo o processo de ensino e de
aprendizagem e, a Biologia não é exceção. Trata-se do uso cada vez maior de
ferramentas computacionais nas pesquisas sobre os seres vivos. Segundo Kenski
(2004), a utilização das novas tecnologias, como o computador, pode auxiliar na
aprendizagem.
Na atualidade, as tecnologias precisam ser vistas como geradoras de oportunidades para alcançar essa sabedoria, não pelo simples uso da máquina, mas pelas várias oportunidades de comunicação e interação entre professores e alunos – todos exercendo papéis ativos e colaborativos na atividade didática (KENSKI, 2004, p. 66).
A observação sobre o andamento das políticas educacionais vigentes em
nosso país, aponta para o fato de que o uso de ferramentas computacionais na
educação faz parte de um processo natural do avanço da ciência, não tendo mais
sentido a discussão sobre usar ou não usar estas ferramentas nas escolas, uma vez
que esta tecnologia se faz presente, direta ou indiretamente, no cotidiano das
pessoas e é instrumento quase que obrigatório nas atividades diárias nos vários
setores da sociedade.
Nos últimos anos, especialmente no estado do Paraná, observa-se que as
escolas foram instrumentalizadas com laboratórios de informática no intuito de
possibilitar uma interação entre as disciplinas que fazem parte da base curricular e os
ambientes tecnológicos, representados pelo computador. Na proposta de intervenção
na escola, ao trabalhar os conteúdos de respiração celular, utilizamos as ferramentas
computacionais, proporcionando novas formas de compreensão e apropriação do
conhecimento científico, reelaborando o tema respiração celular a partir da análise do
tema em livros didáticos adotados em aulas de biologia em nosso município, de
atividades pautadas no cotidiano do aluno fazendo uso desta ferramenta como
mecanismo facilitador da construção do conhecimento.
DESENVOLVIMENTO
A Biologia é uma ciência imprescindível em nossos dias e seu estudo vem
ganhando proporção cada vez maior frente às alterações climáticas, a preservação
da saúde em contrapartida ao surgimento de doenças, a necessidade de controle e
cura das mesmas, bem como, por ela estar vinculada a uma gama de
especializações e profissões. Dada a esta magnitude, verificamos que muitos
softwares vêm sendo utilizados dentro da Biologia. Programas de computador hoje,
se fazem necessários nesta ciência em todos os seus ramos, desempenhando as
mais diversas funções, quer seja para armazenar os dados do seqüenciamento
genético ou para simular relações em ecossistemas complexos, também para criar
um modelo gráfico de uma enzima ou ainda para analisar os componentes físicos das
ondas sonoras do canto de uma ave, por exemplo.
Uma questão que é frequente nos meios educacionais, refere-se à resistência
de muitos professores a propostas de inovação educacional, especialmente quando
estas se referem à inclusão das tecnologias computacionais na sala de aula.
Castanho (2000, p. 20), explica que inovação é uma palavra que sobressai na
literatura educacional, aparecendo atrelada à perspectiva de soluções para o
“marasmo” dos sistemas de ensino. Inovação não significa descoberta nem invenção,
mas ação para alterar as coisas pela introdução de algo novo e pode se dar a partir
de três dimensões: (a) pela investigação; (b) por meio de solução de problemas; (c)
com base na interação social, sendo a primeira o caminho mais adequado. No
entanto, podemos questionar: estão os professores preparados e dispostos a refletir
sua prática pedagógica?
Para Japiassu (1983, p. 35):
Os docentes resistem à inovação porque são submetidos a um processo de formação baseado no chamado conhecimento educacional científico, o qual se ancora na pesquisa positivista e é responsável por generalizações que interessam a planejadores de currículos e supervisores, o que acaba por desarticular tentativas de criação pedagógica.
Entende-se desta forma que, presos a esta racionalidade científica os
educadores encontram mais dificuldades para adotarem o computador como
ferramenta pedagógica na sua prática de sala de aula.
Em Fisiologia Celular, o computador pode tornar-se um instrumento facilitador
da aprendizagem à medida que podemos fazer uso de softwares que simulem
reações bioquímicas e fisiológicas de forma que diminua a abstração inerente deste
tipo de conteúdo. Também pode colaborar para que o educando tenha acesso a
outras fontes de pesquisas realizadas por outras instituições de ensino, promovendo
o estímulo a pesquisa e o conduzindo a “mundos” anteriormente não visitados, como
por exemplo, o trajeto do oxigênio em determinados órgãos ou organismos,
realizados por simulações computacionais.
Marques (2003, p. 123) afirma que:
A chamada “sociedade da informação”, na qual se articulam diferentes linguagens, passou a demandar outra educação. A escola da contemporaneidade está inserida em uma cultura ambivalente, que também se faz presente na sala de aula, inseparável de seus principais autores, alunos e professores, e dos objetos culturais exigidos pelas práticas educativas.
Para Marques o professor, tem hoje, na sua sala de aula, novas possibilidades
de como participar das “comunidades virtuais” e difundir para um vasto público tudo o
que julgar interessante num processo comunitário e recíproco, de negociação de
significados e de reconhecimentos mútuos de indivíduos e grupos. Considera que é
imprescindível insistir no alargamento dos horizontes das salas de aula, integrando
mídias eletrônicas às tecnologias do ler e escrever, tendo em vista que essas mídias
não ameaçam apenas a nos invadir, mas a nos dominar, caso não tenhamos uma
relação crítica com elas.
Nesta perspectiva, entende-se que deva surgir o ”novo professor”, um
educador socialmente qualificado, capaz de fazer uma leitura mais ampla do mundo
atual e que saiba conduzir seus alunos à pesquisa e a construção do conhecimento
valendo-se de outros recursos, como exemplo o computador, a fim de arquitetar
novas mentalidades onde situações atuais precisam de idéias atuais, criativas e
inovadoras e entendam o conjunto do saber humano de forma integrada e sistêmica.
Sendo assim, este é visto como um recurso que permite enriquecer a própria
aprendizagem. Em apoio a esta afirmação e considerando que a aprendizagem só
acontece a partir do envolvimento ativo do aluno, TRIVELATO, J., ET AL. (2006, p.
4) afirma em suas orientações que, “A proposição de questões desafiadoras, de
problemas ou de atividades que fazem sentido para o universo do aluno pode
promover uma interação entre o estudante e o objeto de conhecimento, de forma que
alcance uma aprendizagem significativa”.
Com as experiências de alguns anos de magistério podemos identificar e
destacar algumas dificuldades apresentadas pelos alunos, especialmente na 1ª série
do Ensino Médio, como a de compreensão dos conceitos em fisiologia celular, devido
à falta de capacidade de abstração que envolve o conteúdo, a dificuldade de
interpretação e relação dos conceitos bioquímicos em diferentes situações do
cotidiano, a falta de compreensão significativa resultando em memorização superficial
e momentânea dos conceitos por se dar de forma fragmentada e destituída de
significados. Entendemos que estas situações contribuem para a defasagem na
aprendizagem em Biologia.
A aprendizagem se concretiza no momento em que o aluno atribui significados
aos conteúdos científicos escolares que são apresentados em sala de aula no
transcorrer do processo educacional. Conforme Moreira (1999, apud DIRETRIZES
CURRICULARES DE CIÊNCIAS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DO PARANÁ,
2008, p. 26):
A aprendizagem significativa envolve aquisição/construção de significados
num processo analógico ao que defende Vygotsky sobre o processo de
internalização dos conteúdos científicos escolar e assume um significado cognitivo,
enquanto estrutura do conhecimento, possuidora de instrumentos e signos.
Instrumento é algo, como a linguagem, que pode ser usado para dar significados às
coisas; signo é algo que representa (significa) uma idéia.
Portanto, ao desenvolver o tema “O Uso do Computador no Ensino e
Aprendizagem em Biologia” buscando a partir do uso desta ferramenta colaborativa
auxiliar na aprendizagem tornando ela mais significativa, partimos dos conhecimentos
prévios dos alunos para dar embasamento para a construção de conhecimentos
significativos.
Para a implementação da intervenção dentro do projeto, convidamos para
participar a 1ª Série “A” com 35 alunos, do período matutinho do Colégio Estadual
Dom Carlos – Ensino Fundamental, Médio e Normal, da cidade de Palmas – Paraná.
A implementação do projeto aconteceu no período de fevereiro a julho do ano de
2009, sendo que as aplicações das atividades aconteceram de abril a julho. Essas
foram realizadas no horário normal de aula da turma ou em contra-turno conforme
necessidade e agendamento prévio com os alunos.
Para que o projeto fosse colocado em prática, foi apresentado um plano de
intervenção à direção e equipe pedagógica da escola sendo que este teve parecer
favorável ao desenvolvimento.
As atividades desenvolvidas no Colégio Dom Carlos, estão descritas a seguir:
• Abordagem teórica e leitura de textos atuais e históricos no coletivo da sala de
aula;
• Aplicação de um questionário servindo de pré-teste e pós-teste para que os
alunos relatem sua opinião sobre como eles vêem as aulas de biologia na
atualidade e o que eles esperam de melhora na prática pedagógica dos
professores e no seu aprendizado, diante da evolução computacional;
• Elaboração de um livreto: “História de Vida”, para que a partir da síntese da
história de vida de cada aluno participante do projeto, buscar relacionar fatos do
cotidiano com a ciência Biologia e mais especificamente com o tema Respiração
Celular;
• Retorno a atividade “História de Vida” para que cada aluno reelabore a mesma,
agora fazendo explicações dos fatos biológicos com termos apropriados ao
conhecimento do momento e acrescentando figuras, esquemas, desenhos, mapas
ou outros, paralelamente ao tempo em que a professora retoma o conteúdo de
forma dinâmica e contextualizada demonstrando que o conhecimento biológico
não se dissocia dos sociais, políticos, econômicos e culturais.
• Estudo teórico, crítico e comparativo do texto base em Respiração Celular,
analisando o texto científico, tabelas, gráficos, imagens e funções dos
componentes químicos, fisiologia dos mesmos, etc., em fontes diversas incluindo
páginas da Web e o material didático produzido pelo professor PDE.
As atividades propostas no desenvolvimento do projeto aconteceram da
seguinte forma:
Num primeiro momento, foi realizado um debate inicial com a turma convidada
a participar do projeto com a finalidade de conhecer e analisar seus conceitos prévios
e curiosidades sobre o Uso do Computador no Ensino e Aprendizagem em Biologia
mobilizando-os para a construção do conhecimento. Como visto nas Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná para o Ensino de Biologia (SEED, 2008, p. 35):
É importante conhecer a diversidade sócio-cultural e as idéias primeiras dos alunos, reconhecendo que esses elementos podem, quando não trabalhados, constituir-se em obstáculos à aprendizagem dos conceitos científicos. Como recurso para diagnosticar as idéias primeiras dos alunos, é recomendável favorecer o debate em sala de aula, pois ele oportuniza análise e contribui para a formação de um sujeito investigativo, interessado, que busca conhecer e compreender a realidade.
Num segundo momento, foi aplicado um questionário com três perguntas
abertas para os alunos participantes do projeto de intervenção. A atividade
apresentou-se da seguinte forma:
Referente à primeira questão: “Como você percebe as aulas de Biologia?
Ajudam a sua vida”? Os alunos responderam que sim. Argumentaram que as aulas
de Biologia permitem o conhecimento amplo e detalhado dos organismos vivos e do
meio ambiente do qual fazemos parte. A compreensão e questionamentos sobre
diversos assuntos relacionados à vida, doenças, alimentos, transgenia, entre outros.
A segunda questão, perguntava “se o aluno pudesse usar o computador nas aulas de
Biologia, se ele acreditava que isso poderia ajudar a compreender melhor modelos
como os da célula e de outras estruturas microscópicas”? Neste caso foi unânime a
resposta sim. Alguns argumentos dizem respeito sobre o fato de estarmos vivendo na
era tecnológica onde quase tudo o que pensamos encontra fontes de informação e
respostas no computador, considerando que o uso do mesmo nas aulas de Biologia
facilitaria o aprendizado sobre esta ciência, facilitando a visualização daquilo que os
livros didáticos apresentam deficiência tornando as aulas mais atrativas e
proveitosas.
Uma das leituras possíveis que pode fazer com esses relatos refere-se ao
formato das aulas tradicionais, baseadas em quadro-negro, giz e exposição teórica
apenas, em salas de aula tradicionais com metodologias arcaicas e que não
despertam interesse ou motivação no educando. E se a rotina é um dos fatores que
promovem o desinteresse do aluno pelo conhecimento, as tecnologias
computacionais demonstraram ser ao longo deste projeto uma ferramenta que
surgem como um caminho para a motivação e para a reversão desse quadro
considerando que permite uma diversidade de formas de trabalhar um mesmo
assunto.
Sobre a terceira questão que pergunta: “Se você tivesse oportunidade de
trabalhar com computadores, você acredita que aprenderia melhor”? Mais uma vez a
resposta foi única, sim. Segundo a opinião dos alunos, o computador é uma vasta
fonte de informações que são coletadas no mundo todo em diferentes momentos e
situações, tornando possível desta forma, estabelecer comparações entre as diversas
culturas e conhecimentos favorecendo a possibilidade de se estabelecer parâmetros
culturais e científicos. Também ressaltam que com o uso das tecnologias
computacionais nas aulas de Biologia, estas se tornariam mais atrativas criando um
ambiente favorável na busca da construção do conhecimento.
Com base nas respostas dos alunos, podemos ressaltar que as ferramentas
computacionais apresentam-se como uma nova perspectiva para o ensino
aprendizagem em Biologia. Os alunos demonstram perceber que os diversos modos
de utilização do computador permitem a diversificação de estratégias no ensino e que
pelo uso das ferramentas computacionais os educandos têm uma maior variedade de
formas de aprender mais e melhor.
A terceira atividade proposta foi que todos os alunos, individualmente,
refletissem sobre sua vida a partir do seu nascimento, conversassem com seus
familiares, parentes e amigos sobre possíveis fatos que tenham acontecido em suas
vidas até a presente idade e a partir disso, elaborassem um pequeno texto contando
suas histórias de vida dando ênfase para fatos marcantes ocorridos ao longo desta
trajetória. Os textos foram elaborados com bastante naturalidade motivados pelo
diálogo aberto em sala de aula, ficou combinado que os textos seriam lidos somente
pela professora preservando a intimidade daqueles que assim o desejavam, no
entanto, quando perguntados sobre se gostariam de compartilhar com a turma fatos
das suas existências, um número expressivo de alunos tomou a iniciativa de partilhar
suas experiências com os colegas criando um clima de amizade e descontração em
sala de aula. Na semana seguinte, a professora com permissão de um dos autores
de uma das histórias, leu a mesma novamente para a turma e de forma dialógica,
procurou juntamente com todos os presentes na sala de aula, demonstrar de que
forma a Biologia se faz presente em nossa vida. Nesta perspectiva, os textos foram
devolvidos a cada aluno/autor da sua história de vida com a sugestão de que partindo
daquilo que já havia sido escrito, em uma semana, as histórias fossem novamente
apresentadas à professora e a turma participante do projeto de forma expositiva e
visual. Para tanto, foi sugerido que os alunos, a partir das reflexões e informações da
sala de aula e de possível pesquisa bibliográfica ou a páginas da Web que pudessem
ser necessárias, reescrevessem suas histórias de vida, de forma contextualizada e se
possível fazendo uso de imagens para ilustrar melhor suas histórias e favorecer a
compreensão daqueles que viessem a ter contato com as mesmas. A tarefa foi
realizada com êxito e apresentada a comunidade escolar por meio de exposição em
murais da escola.
Na sequência das ações de implementação, os alunos foram convidados a
virem até a escola em contra-turno, para juntamente com a professora realizarmos
um estudo dos livros didáticos utilizados nas aulas de Biologia no município de
Palmas – Paraná, especialmente no Colégio Dom Carlos, sobre como os textos são
apresentados, se são de fácil compreensão ou não, se fazem uso de imagens de
maneira que favoreça a compreensão dos conteúdos, analisando especialmente o
tema Respiração Celular, se apresentam os meios que favorecem a compreensão
dos alunos em sala de aula ou se não se constituem um material satisfatório diante
das expectativas dos alunos. A partir da análise deste material, foi possível
estabelecer comparações dos textos apresentados, das tabelas, figuras e demais
recursos constatados nos livros analisados levando os alunos a refletirem sobre a
importância destes recursos a favor da aprendizagem.
Na continuidade da aplicação do projeto de implementação, os alunos
participantes do mesmo, utilizaram os conhecimentos obtidos até este momento do
desenvolvimento deste trabalho sobre o Uso do Computador no Processo de Ensino
e Aprendizagem em Biologia para explorando o tema Respiração Celular realizarem
em grupo, montagens em PowerPoint suas conclusões sobre este assunto. Desta
atividade realizada em conjunto com a professora, resultou também um modelo
didático e simplificado de texto e ilustração para se explicar respiração celular.
Além da melhora no desempenho dos alunos, também registramos por meio
desta proposta, uma maior motivação e demonstração de interesse pelas atividades
diferenciadas, participação mais ativa, maior concentração no desenvolvimento das
atividades, uma satisfatória interação do aluno com a escola, com os colegas e com o
conteúdo estudado, tornando a aprendizagem mais significativa e eficiente,
convertendo o espaço da sala de aula em um ambiente agradável e de
comprometimento, favorecendo a troca de experiências e a busca de resultados, e
principalmente a adaptação com facilidade às renovações tecnológicas.
Com isso, pudemos reavaliar o papel do educador e do educando diante da
inserção de tecnologias computacionais na escola, no processo de ensino e
aprendizagem em Biologia, reforçando-se a necessidade de ampliar o acesso a
informações, ao uso de imagens, tabelas, gráficos, softwares informativos, a
elaboração de outros softwares que possam ser construídos pelos próprios alunos,
bem como, a análise dos conhecimentos já elaborados ou a elaboração de outros
recursos pedagógicos, contribuindo na construção de uma escola inovadora, voltada
para a realidade, promovendo autonomia no ensino e propiciando ao educando
eficiência na construção de um conhecimento significativo.
Como nos diz Almeida (apud MORAES, 2000, p. 22):
O aluno deixa de ser um sujeito passivo, um depositário de conhecimento para ser o autor e condutor do processo de aprendizagem que muitas vezes é compartilhada com professores e colegas em uma estrutura cooperacional. “Já o professor necessita ter uma nova postura que venha a admitir o conhecimento como um processo de natureza interdisciplinar” que pressupõe flexibilidade, plasticidade, interatividade, adaptação, cooperação, parcerias e apoio mútuo”.
CONCLUSÃO
No início do trabalho os alunos foram avaliados por meio da observação
realizada pela professora, pelo diálogo em sala de aula, pelo questionário dirigido
para averiguar o conhecimento já adquirido em situações diversas do processo de
desenvolvimento dos alunos. Pela observação constatou-se que os alunos
diariamente estão em contato com diversas ferramentas da informática e que
esperam que a escola não fique de fora deste contexto. Pelo questionário percebeu-
se que as maiorias dos alunos entrevistados consideram as aulas de Biologia de
suma importância para melhor compreensão da sua vida e dos fenômenos biológicos
que acontecem a sua volta. Demonstram claramente que gostariam que as
ferramentas computacionais fossem utilizadas em aulas de Biologia, por acreditarem
que estas funcionam como um recurso didático que facilita a simulação e a
visualização de mecanismos complexos como, por exemplo, a fisiologia da célula. Os
alunos demonstraram muito interesse pelas aulas no laboratório de informática da
escola quando utilizados com vistas à melhoria do processo de ensino e
aprendizagem em Biologia pedindo à professora que se repetissem nestes moldes
muitas vezes. Pode-se comprovar por meio da observação durante o desenvolver
das atividades que os alunos em geral, preferem trabalhos mais dinâmicos a
atividades mais tradicionais. Sobre a atividade que propôs a elaboração de um livreto
contando suas histórias de vida, os alunos demonstraram que estão dispostos a
serem desafiados a pensarem e repensarem sobre sua vida e sobre a relação desta
com as diversas ciências, especialmente a Biologia. Demonstraram a partir desta
atividade, ter compreendido melhor a importância do estudo da Biologia no que se
refere a sua vida e a relação desta com os fatores sociais, políticos e culturais.
Sentiram-se estimulados a desenvolverem sua criatividade a favor da construção do
conhecimento, sugerindo a partir do embasamento teórico obtido por meio do estudo
realizado pela análise de textos nos livros didáticos de Biologia, utilizado no Colégio
Estadual Dom Carlos e no município de Palmas, orientados pela professora, uma
“nova” maneira, didática e simplificada de estudar respiração celular. Essa nova
postura dos alunos na apreensão dos conceitos mostra a importância do fato de que
compete ao professor e ao aluno explorarem ao máximo todos os recursos que as
tecnologias computacionais têm a nos oferecer, de forma a colaborar de maneira
significativa na construção do conhecimento. Destaca-se ainda que o aluno é antes
de tudo, o fim, para quem se aplica o desenvolvimento das práticas educativas afim
de levá-lo a construir seu conhecimento pela sua interação com o ambiente de
aprendizado. Neste sentido, ampliam-se os desafios dos educadores, onde o papel
do professor constitui-se fundamental na promoção de condições favoráveis para a
construção do conhecimento pelo aluno.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Maria Elizabete de. Pro
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: Informação e documentação - Resumo – Apresentação. Rio de janeiro, 2003.
MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa Crítica. Porto Alegre: Brasil, 2000. Disponível em: < http://www.if.ufrgs.br/~moreira/apsigcritport.pdf > Acesso em 20/10/2008.
REVISTA INFO: Informática e Formação de Professores. Ministério da Educação. Brasília, Seed, 2000.
SEED. Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino Fundamental. Curitiba, (versão eletrônica) 2008.46p. Disponível em: <http://www8.pr.gov.br/portals/portal/institucional/def/pdf/curriculo_basico_escola_pub_pr.pdf>. Acesso em: 09-10-2008.
TRIVELLATO, J., TRIVELLATO, S., MOTOKANE, M., LISBOA, J. F., KANTOR, C. Ciências, Natureza & Cotidiano. Manual do Professor. Coleção Natureza & Cotidiano. São Paulo: FTD, 2006, p. 4.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Periódicos e artigos de periódicos. Curitiba: Editora da UFPR, 2000.
VALENTE J. A. e ALMEIDA, F. J. “Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão do professor”. Florianópolis. Revista Brasileira de Informática na Educação-RBIE, Edição nº 1, 1997.