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O USO DE MULTIMÍDIAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA1
Iria Somariva2
RESUMO
O uso da televisão, computador e internet já não é mais novidade à sala de aula. Novas
mídias surgem a todo o momento e elas têm contribuído para o ensino-aprendizagem
das disciplinas como um todo. O presente projeto tem por finalidade explorar a melhor
forma de utilização destas multimídias no ensino de geografia, contemplando o
conteúdo de cartografia. Este trabalho visa auxiliar os alunos a entenderem os conceitos
básicos da cartografia e, assim, buscarem uma forma dinâmica de se fazer uma leitura
cartográfica. Esta leitura poderá ser feita em forma de viagem pelos mapas analógicos
ou virtuais, proporcionando uma maneira clara e precisa de interpretar as informações
contidas nos mapas. Para isso foram utilizados o laboratório de informática e a TV
pendrive como práticas concretas, que auxiliam e estimulam o aluno a compreender a
cartografia usando novas metodologias de trabalho. O estudo do conteúdo tem como
meta ampliar o conhecimento geográfico por parte dos alunos, mediante o uso da
informática identificando os elementos da cartografia que estão ligados a situações
cotidianas na vida do aluno. Foi feito um diagnóstico com os alunos, fazendo
questionamentos sobre os conceitos cartográficos. A análise feita pelos alunos foi
através de atividades avaliativas tais como: leituras, vídeos, discussões em grupos,
utilizando-se também de outras ferramentas tecnológicas. Isto fez com que eles
interagissem positivamente às múltiplas formas de analisar a cartografia e sua
diversidade. A atividade proposta para melhor compreensão do conteúdo foi a
webquest, que se desenvolveu num primeiro momento individualmente, depois em
grupo. Com a conclusão dos trabalhos houve momento para a avaliação do projeto,
gerando expectativa nos alunos. Estes se sentiram atraídos e curiosos na busca do
conhecimento, fazendo associações da teoria com a prática, ocorrendo assim, um saldo
positivo que correspondeu às expectativas, cumprindo-se os objetivos da proposta
inicial do trabalho.
Palavras chave: multimídia, cartografia, webquest.
1. INTRODUÇÃO
A cartografia utiliza-se da linguagem de cores e símbolos, sendo assim
necessária a percepção e observação para interpretar seus dados. Para Fonseca (2011,
1 Artigo entregue ao Núcleo Regional de Cascavel como etapa do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, orientado pela profª Ms. Leila Limberger. 2 Professor PDE turma 2010, Geografia, Colégio Estadual José Ângelo Baggio Orso,
p.62) “a linguagem não existe sozinha”, isto é, a informação geográfica usa além da
teoria, os símbolos gráficos que vão muito além do conhecimento teórico. Ela está
inserida de acordo com os elementos da vida social e dos conhecimentos do espaço
buscando relacionar a geografia com suas linguagens cartográficas.
Além disso, os recursos audiovisuais: “filmes, programas de reportagens e
imagens em geral (fotografias, slides, charges) podem ser utilizadas para a
problematização dos conteúdos da Geografia, desde que seja explorada à luz de seus
fundamentos teórico-conceituais” (Diretrizes Curriculares do Paraná, 2008, p.81). Estes
são instrumentos que podem ser usados para visualizar uma figura ou cena específica,
analisando e aprofundando os conteúdos ministrados e apontando a problemática, com o
objetivo de discutir preconceitos, ideologias, espaço geográfico, paisagem, desenvolver
conceitos de região, território, lugar e fazer pesquisas que levantem os aspectos
históricos, econômicos, sociais, culturais, naturais da paisagem geográfica fazendo com
que o educando adote o papel de questionador perante a vida. No entanto, nas Diretrizes
Curriculares do Paraná, Vasconcelos (2008, p.82) afirma que o professor “[...] precisa
levar o aluno a duvidar das verdades anunciadas e das paisagens exibidas. Essa suspeita
instigará a busca de outras fontes de pesquisa para investigação das raízes da
configuração socioespacial exibida, necessária para uma análise crítica”.
O projeto foi desenvolvido no Colégio José Ângelo Baggio Orso e faz parte do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pela Secretaria de
Estado da Educação do Paraná. No projeto de intervenção pedagógica foi enfocada a
cartografia e as tecnologias no conteúdo de geografia, com objetivo de verificar as
dificuldades dos alunos em relação à leitura e interpretação de mapas.
Foram trabalhados conteúdos de cartografia utilizando-se de ferramentas
tecnológicas, como a TV Pendrive, o computador e a internet onde os alunos
desenvolveram na webquest, uma atividade de pesquisa. Foi usado o laboratório de
informática para apropriação de conceitos cartográficos, como forma de estímulo e
aprendizagem. Identificaram informações sobre os países, cidades, relevo, clima,
paisagem e elementos da cartografia que estão ligados a situações cotidianas na vida do
aluno tais como: orientação espacial, localização, ocupação, leitura de mapas entre
outros.
O ensino de cartografia através do uso da tecnologia tem entre suas propostas
tornar o aprendizado mais atrativo e dinâmico, fundamentado na perspectiva de inserir o
educando no universo tecnológico que contemple a sua realidade.
A Intervenção Pedagógica, em si não esgota as discussões do uso das
tecnologias no ensino-aprendizagem, isto é, abre-se para novas possibilidades de
práticas pedagógicas no ensino de geografia como instrumento de apoio. A tecnologia
faz-se presente no dia-a-dia dos cidadãos modernos, em seu cotidiano, no lazer, na
escola entre outros. A informatização deve ser colocada a favor da educação como mais
uma instrumentalização nas aulas de geografia.
A cartografia faz parte da dimensão política do espaço geográfico, sendo que
seus conteúdos devem ser especializados e tratados em diferentes escalas geográficas
com uso da linguagem cartográfica específica – signo escala e orientação. Desde o
início de sua história, os seres humanos criam mecanismos de orientação no espaço
geográfico para se deslocarem de um lugar para outro: utilizou-se do movimento do Sol
e da Lua, até ser inventada, pelos chineses, a bússola que revolucionou a partir daí as
navegações, culminando nos dias atuais com o GPS (Global Positioning System –
Sistema de Posicionamento Global).
2. A IMPÔRTANCIA DAS TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA
SOCIEDADE
Milhões de informações circulam hoje, com enorme rapidez por meio de cabos
de fibra ótica, interligando computadores do mundo inteiro.
É possível perceber que as informações são rápidas e transformam opiniões,
provocam alterações de comportamentos, modificam as relações e transformam a
história.
As técnicas formam, hoje, um conjunto de máquinas que são incorporadas e
proporcionam ao homem desenvolver seu trabalho na sua especificidade. Expor a
prática dos conhecimentos e técnicas fez o homem enriquecer e diversificar sua
produção e habilidades ao longo dos séculos. As técnicas interferem nas relações entre
os países e oferecem respostas à evolução do homem através do tempo e espaço.
Segundo Milton Santos (2005, p.63):
[...] a produção das técnicas, das máquinas, que revalorizam o trabalho e o
capital, requalificam os territórios, permitem a conquista de novos espaços e
abrem horizontes para a humanidade. Esse século marca o reforço do
capitalismo e também a entrada em cena do homem como um valor a ser
considerado. O nascimento da técnica das máquinas, o reforço da condição
técnica na vida social e individual e as novas concepções sobre o homem se
corporificam com as ideias filosóficas que se iriam tornar forças da política.
As técnicas estão em toda parte: na produção, na política, na circulação e na
cultura. São os emaranhados das técnicas modernas que são facilmente reproduzidas,
utilizadas e reinventadas; o homem interage fazendo a ligação do pensamento com
efetivação das técnicas. Como Milton Santos (2005, p.25) afirma, em nossa época, o
que é representativo do sistema de técnicas contemporâneas é a chegada da técnica da
informação, por meio da cibernética, da informática e eletrônica. E faz referência a que
Kant afirmou: “que a história é um progresso sem fim; acrescentemos que é também um
progresso sem fim das técnicas”. (SANTOS, 2005, p.24).
A tecnologia descreve o processo da ciência prática. Neste momento da história
da humanidade o computador é a maior expressão tecnológica do atual estado da
ciência. Segundo Milton Santos (2005, p. 34), o computador “é o instrumento de
medida e ao mesmo tempo o controlador do uso do tempo.” É recurso utilizado para o
processamento de informações, mundializando o saber fazer, o modificar, o transformar
e o agir.
Ao longo da História, o mundo das técnicas, sofreu mudanças nas mais variadas
áreas do conhecimento humano. As técnicas foram sendo aperfeiçoadas e novas
diretrizes foram surgindo e modificando o comportamento da sociedade.
Para entender melhor a evolução das técnicas é necessário observar que houve
vários períodos históricos, sendo que alguns estudiosos têm em comum suas
observações quanto a essa divisão. Milton Santos (2006) cita vários autores que
estudam a evolução das técnicas. Segundo ele, J.Rose, Ortega y Gasset, C. Mitchan, L.
Munford, Ronald Anderton, H.Arendt são unânimes em afirmar que a divisão do tempo
histórico ocorreu em três períodos distintos, ou seja, a primeira revolução foi a neolítica
ou artesanato, esse estágio é o mais primitivo, e conhecido há milhares de anos. Nesse
período da técnica do acaso, intuitiva, o homem conforme sua necessidade inventou
suas primeiras ferramentas simples, e que eram movidas pela força física humana.
Na segunda revolução de manufatura, a máquina é controlada pelo homem, mas
exige uma energia não humana. Nessa fase, já havia divisão de trabalho, mas a
produção ainda dependia do trabalho manual embora empregassem algumas máquinas
simples.
A terceira revolução do autômato ou cibernética está vinculada ao conhecimento
científico, produção quase totalmente realizada por robôs, trabalho realizado pelo
controle de sistemas computadorizados.
Essa divisão descrita acima seria resumida em: a ferramenta, a máquina, o
autômato. Primeiro, portanto, temos o momento de elaboração das ferramentas que o
homem utilizou através da força animal e do próprio homem. Neste momento as
técnicas não avançavam por áreas muito grandes, ficando mais restritas aos locais em
que iam se desenvolvendo. Em um segundo momento houve a necessidade de ampliar
suas produções, e com o advento da utilização do carvão como fonte de energia, iniciou-
se o período da maquinização. É na Revolução Industrial, final no século XIX e início
do século XX, que se intensifica o desenvolvimento das máquinas, por exemplo, tem-se
as indústrias têxteis, as indústrias automobilísticas, as siderúrgicas, a metalúrgica e
outras, que têm grande importância neste momento. No entanto, o avanço tecnológico
desse período fez com que a habilidade humana tornasse um complemento da máquina
apenas para fazê-la funcionar. Com a Revolução Industrial começou, então, a
automação, o terceiro período das técnicas, com o uso dos minerais ferríferos e iniciou-
se a produção em massa.
Milton Santos (2006) também menciona Mandel, que faz referências a quatro
sistemas distintos de organização das máquinas quanto ao uso da tecnologia.
[...] um sistema de máquinas a vapor, de fabricação e funcionamento
artesanal, de um sistema de máquinas a vapor de fabricação industrial,
antes de considerar o sistema de linhas de montagem, reunindo
máquinas equipadas com motores elétricos e, finalmente, os fluxos
contínuos com máquinas semiautomáticas dependentes da eletrônica
[...] (MANDEL, apud SANTOS, 2006, p.173).
No entanto, na visão de Mandel ocorreram revoluções tecnológicas que são: o
primeiro momento corresponde ao século XVIII que é o sistema de máquinas a vapor,
ou seja, o período artesanal. No final do século XIX seria o segundo momento da
divisão dos sistemas, correspondendo ao sistema de máquinas a vapor de fabricação
industrial. No século XX onde foram desenvolvidos o terceiro e quarto sistemas, ou
seja, com a evolução das máquinas com motores elétricos e as máquinas
semiautomáticas que são dependentes da eletrônica.
Esse pensamento de divisão histórica das técnicas evolui para outros estudos
com novas divisões na formação das tecnologias atuais. Fu-chen Lo, citado por Milton
Santos (2006), analisou a existência de cinco períodos históricos, mas deixa claro e
aberto que podem ocorrer outros novos períodos na evolução das técnicas.
O primeiro período, de 1770-1840, o período da mecanização incipiente, das
máquinas nas indústrias têxteis, e da fundição. A inovação tecnológica desse momento
inicial foi a máquina a vapor, que revolucionou o período de 1830-1890, que seria, para
Fu-che Lo, o segundo período da evolução das técnicas, com a evolução dos meios de
transportes, encurtando distâncias entre os povos e aumentando a rapidez nas entregas
comerciais. Surgiram novos equipamentos necessários à manutenção e melhoria do
sistema. O advento da energia elétrica e da engenharia pesada ocorreu de 1880 -1940.
Foi o terceiro período proposto por Fu-chen Lo, onde as inovações são maiores, porque
usamos suas invenções até hoje, como: os carros, aviões, rádio, plásticos, petróleo e
outros, culminando com a produção fordista em massa (1930-1990), que marca o quarto
período para Fu-chen Lo. Neste momento as inovações são muito maiores do que no
período anterior, porque surgiu o computador, radar, TV, celulares, tendo sequência o
quinto período, da informação e comunicação (1990 -?) onde foi (está sendo)
desenvolvida a robótica, a biotecnologia, cibernética, tecnologia de ponta, multimídia. E
essa revolução continua em expansão com muitas técnicas e informações novas a cada
minuto.
No século XIX, as indústrias continuaram crescendo, novas técnicas foram
criadas, novos modelos de produção contribuíram para o desenvolvimento da Segunda
Revolução Industrial. A grande importância desse período foi a transformação do ferro
em aço e novos inventos, como: “o dínamo, o gerador elétrico, do motor de combustão,
o telefone” e outros que revolucionaram a época. Nesse período a industrialização deu
um salto com o advento das fontes de energia, tais como: “o petróleo e a eletricidade”
(ALMEIDA, 2008, p.359).
É na segunda metade do século XX que se inicia a Terceira Revolução
Industrial. Almeida (2008, p.359), afirma que “a invenção do computador (1946)”
impulsionou o “desenvolvimento da industrialização e da informatização”. Após esse
período surgem outras inovações tecnológicas: o computador pessoal, novas alternativas
de fontes de energia (solar, eólica, de biomassa, etc.), colaborando para uma nova
reorganização do espaço industrial. No entanto, os avanços tecnológicos, a partir desse
período deram origem às áreas “nobres”, por exemplo, “o Vale do Silício (Silicon
Valley), na Califórnia, EUA, é um grande complexo de indústrias de alta tecnologia, um
tecnopolo.” (MOREIRA, 2008, p.295). Nos tecnopolos a mão-de-obra é altamente
qualificada e são produzidos bens extremamente sofisticados. Os tipos de indústrias
estabelecidas nesse local são as de tecnologia de ponta, a informática, a eletrônica, as de
telecomunicações e aeroespacial, etc.
Segundo Anderson (1986), citado por Milton Santos (2006), previu-se a quarta
revolução industrial. Essa seria marcada pelos sistemas de multiuso de informações nas
casas equipadas com aparelhos de controle digital, nos escritórios, nas fontes de energia
sendo a mais citada a fusão nuclear. A biotecnologia é usada nos mais variados
diagnósticos de doenças, pois novos produtos são manipulados em laboratórios,
clonados e outros. Não é possível sabermos como será o futuro em termos de
tecnologias. Os avanços são grandes, as incógnitas são muitas, porque não se pensou
nas diretrizes de administração dos sistemas dentro das legislações vigentes na atual
sociedade.
Hoje estamos convivendo com uma nova revolução de produção do meio
geográfico e do espaço global decorrentes dos novos progressos. Esses espaços são o
meio-técnico-científico-informacional citado por Milton Santos (2006). Diante desse
progresso, cada sociedade usa a tecnologia a seu tempo e modo conforme suas
necessidades. Segundo Milton Santos (2005. p.34), “essa multiplicação do tempo é, na
verdade, potencial, porque, de fato, cada ator – pessoa, empresa, instituição, lugar –
utiliza diferentemente tais possibilidades e realiza diferentemente a velocidade do
mundo”.
Diante das perspectivas criaram-se os tecnopolos onde se concentram as
indústrias com as mais avançadas tecnologias. Os tecnólogos são os especialistas os
quais estão criando novas tecnologias e colocando-as no mercado. Atualmente além das
máquinas ultramodernas, também surgiram novos vocábulos inseridos nos idiomas
oficiais, por exemplo, net, software, internet, web, pendrive, play etc.
As tecnologias estão inseridas na sociedade, porém existe a preocupação de
como essa tecnologia irá torná-la ainda mais eficiente. “Qual seria a recompensa?”
Alguns líderes e pensadores empresariais questionam que o padrão de vida, por
exemplo, do americano não mudou com o uso da tecnologia. E perguntam: “se fomos
tão capazes, por que não somos mais ricos?” São questionamentos feitos também por
Paul Krugman (1999, p.111), referindo-se ao deslumbramento da tecnologia.
Atualmente vivemos em infovias, estamos sempre conectados e essa mutação
tecnológica atinge a todos os que tenham acesso aos centros comerciais, bolsas de
valores, empresas e indústrias.
As tecnologias influenciaram o comportamento humano, interferindo nos hábitos
diários como a individualização dos processos de comunicação, usando pequenos
aparelhos como iPods, smartphfone, celulares, notebook, tablets, netbook encurtando e
aumentando a rapidez na troca de informações. Podemos dizer que a tecnologia é uma
prática inevitável, faz parte da história da sociedade, e sua produção faz parte da
organização espacial, tornando-se produtora da história.
A questão é que a globalização oferece a ideia de que, a sociedade global está
conectada e trabalhando com as máquinas modernas. Fato que não acontece, pois em
muitos lugares do globo, seus habitantes nem sabem o que é uma TV ou telefone.
“Percebe-se que nas últimas décadas foi feito estudos sobre o impacto das tecnologias
na vida das pessoas, que revelou que não houve conquistas inesperadas, mas de
constante desapontamento” (Krugman, 1999, p.112).
É questionável o aumento da produtividade porque quando equipam os
funcionários de escritório com computadores, incorporam enormes custos ocultos. E o
mesmo ocorre nas escolas com a instalação dos laboratórios e TVs pendrive, tem os
custos dos consertos, reparação de peças, a manutenção do espaço físico e o seguro, os
quais são dados que a globalização da informação não calcula, apenas relata, através de
publicidade, os avanços conquistados pelo uso das tecnologias. Segundo Paul Krugman
(1999, p.114) “[...] a ideia de que estamos vivendo numa era de vertiginoso progresso
tecnológico é produto, sobretudo, do sensacionalismo publicitário. Na realidade,
vivemos numa época em que os aspectos fundamentais não estão mudando com tanta
rapidez”.
O próprio autor afirma que não há culpados, mas há necessidade de conviver
com as invasões até que apareça um novo modelo. Também questiona o desperdício de
dinheiro, indução dos políticos recorrendo à alta tecnologia (dar laptops às crianças), ao
invés de ir ao essencial que é alfabetização delas, não valorizando assim as tecnologias
em primeiro lugar, e sim dando ênfase ao ser e não ao ter.
Portanto, a tecnologia não é nova, pois sempre esteve presente na vida do
homem, ela auxiliou a expansão de novos espaços, também alterou a relação comercial
e de poder. Como cita Milton Santos (2006) a rapidez com que se difundem
geograficamente as tecnologias é muito maior quando comparadas com outros
momentos que o mundo conheceu em fase anterior. Enquanto que as inovações eram
graduais hoje são rápidas envolvendo muito mais pessoas e se alastrando por diversos
lugares.
As tecnologias são ferramentas disponíveis para instrumentalizar os professores
e alunos. Dentre as várias tecnologias possíveis de serem utilizadas em sala de aula está
a internet. Os autores Nascimento & Carvalho (2004, p.156), afirmam que: “a internet
traz informações prontas”. É excelente para pesquisa, mas também traz problemas:
A Internet é uma atividade que auxilia o aprendiz a adquirir informações,
mas não a compreender ou construir conhecimentos com a informação
obtida. Torna-se necessária a intervenção do “agente de aprendizagem” para
que o conhecimento seja construído ( NASCIMENTO & CARVALHO,
2004, p.156).
Portanto, os professores devem ser mediadores para utilizarem essas ferramentas
tecnológicas que estão disponíveis nas escolas. Sampaio (2000, p.25) afirma que a
escola deve preparar os alunos para “dominar, utilizar e criticar as modernas
tecnologias”. Entretanto os recursos audiovisuais são citados nas Diretrizes Curriculares
do Paraná (2008, p.81): onde se afirma que “filmes, programas de reportagens e
imagens em geral (fotografias, slides, charges) podem ser utilizadas para a
problematização dos conteúdos da Geografia, desde que seja explorada à luz de seus
fundamentos teórico-conceituais”.
A geografia pode instrumentalizar o aluno, auxiliando-o no exercício de sua
cidadania. Daí a necessidade de compreender e reconstruir as linguagens-imagens
especificamente os mapas para a compreensão das geograficidades.
3. CARTOGRAFIA NO CONTEXTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA
O homem queria voar, descobrir o que existia além do que os seus olhos
poderiam ver. E com essa reflexão procurava respostas através da interpretação dos
fenômenos conforme o seu entendimento.
Dessa forma, os homens das primeiras civilizações rabiscavam representações
gráficas como: registro dos caminhos explorados, os novos lugares, as caçadas, a
organização espacial e social em que viviam.
Como não conheciam a escrita fizeram suas anotações de forma rudimentar e
com as técnicas disponíveis da época. Fizeram através dos símbolos, desenhos e
pinturas nas cavernas, e em pedras, papiros, metais, peles, varas de bambu, madeiras,
tecidos de algodão ou cânhamo, fibras de palmeiras e conchas, conforme a civilização
os conhecimentos transformaram-se em comunicações através dos materiais utilizados.
(CORRÊA, 2009, p.7).
Desde os primórdios da história humana, os mais diversos povos em diferentes
lugares escreviam suas informações conforme a necessidade da cultura vigente na
intenção de se localizar, refazer o percurso e buscar alimentos, por exemplo: as figuras
rupestres nas cavernas que representam as caças.
Na história da Cartografia encontramos muitos registros de mapas elaborados
por povos antigos, “como os Sumérios representando em uma pedra argilosa a região
mesopotâmica de Ga-sur (TAMDJIAN, 2005, p.251)”. Como estes, há outros registros
que poderão ser encontrados na Itália, norte da África, e China contendo as mais
variadas informações e modelos. Houve muitos estudos ao longo dos séculos, mas
coube aos gregos a maior contribuição aos conceitos da Geografia e Cartografia, a qual
foi permeada pela mitologia que influencia as produções e definições cartográficas que
utilizamos até hoje.
A evolução da Cartografia encontrou muitos entraves ao longo dos séculos
sendo influenciada pelos poderes político e eclesiástico que ditavam as regras para a
elaboração dos mapas. No entanto o período mais crítico para a Geografia e Cartografia
foi na Idade Média, onde alguns estudiosos temiam a Inquisição e por isso não
divulgavam seus ensaios. Nesta mesma época os árabes tiveram grande progresso e
contribuição para a Cartografia, e como eram estimulados pelo comércio foram além do
Mediterrâneo contribuindo desta forma na divulgação dos seus conhecimentos
cartográficos (TAMDJIAN, 2005, p.253).
Ler um mapa então, não é apenas localizar rios e montanhas, cidades e estradas,
áreas desmatadas e agropecuárias, é também interpretar os fenômenos apresentados
através dos signos visualizados na legenda e localizados no mapa. O mapa é uma
representação codificada de um determinado espaço real. Podemos até chamá-lo de um
modelo de comunicação que se vale de um sistema semiótico complexo. A informação é
transmitida por meio de uma linguagem cartográfica que se utiliza de três elementos
básicos: sistema de signos, redução e projeção (ALMEIDA, 1989, p.15).
Para fazermos uma boa leitura de um mapa há necessidade de olharmos para
algumas informações básicas, que são: o título, a escala, a legenda, a orientação e a
fonte de pesquisa.
Iniciar a leitura pelo título para saber qual o espaço representado, limites e
informações contidas no mapa. O título que nos diz qual é o tema tratado naquele mapa
específico.
Deve-se também observar a escala indicada no mapa para posteriormente utilizá-
la no cálculo de distâncias ou das dimensões do fenômeno representado, a fim de
estabelecer comparação ou interpretação.
A escala nos dá o tamanho das informações contidas no mapa, podendo ser
pequenas, médias ou grandes. A escala pode ser cartográfica quando mostra a dimensão
entre o tamanho do lugar real e o mesmo espaço no mapa. A escala de análise é
utilizada para agrupamentos de informações, como o mapa demográfico. E a escala do
fenômeno serve para analisar a magnitude da sua ocorrência em um determinado lugar.
Exemplo: “Os manguezais estão localizados nos litorais, porém especificamente na
zona tropical” (QUEIROZ, 2007, p.82). A escala é importante, pois possibilita calcular
as distâncias entre os lugares e conferir as informações obtidas verificando o espaço
real.
É preciso interpretar a legenda, relacionar símbolos e seus significados no mapa
e refletir sobre a distribuição e organização do espaço geográfico.
Para ler um mapa é imprescindível a legenda que proporcionará a decodificação
das informações. Os signos dos mapas, através dessa atenta leitura, fazem reflexões dos
dados observados e desenvolve o raciocínio lógico-espacial. Como afirma
Castrogiovanni (2003, p.34), “ler mapas significa decodificar e, portanto, representar
mentalmente sua mensagem”.
As representações cartográficas obedecem a padrões pré-estabelecidos de
variáveis visuais que são observadas nas legendas, as quais são definidas pelo tamanho,
intensidade (valor), granulação, cor, orientação e forma. Essas variáveis são mutáveis, e
se o trabalho cartográfico for colorido daí temos o matiz, brilho e saturação.
A visualização cartográfica é um termo novo que surgiu com o advento da
informática, o que é chamada de cartografia digital. Nesse processo é possível visualizar
o que ainda não era percebido antes. Porque a informação digital é um estímulo para o
aluno como um instrumento adicional à aprendizagem. “A visualização científica é uma
forma de comunicação que constitui importante ferramenta para exploração,
compreensão e comunicação de informações, assim como para o ensino” (RAMOS,
2005, p.35).
. Atualmente são utilizadas fotos áreas e de satélites para a elaboração das cartas,
e é possível fazer os mapas interativos aplicando recursos disponíveis na internet e
computador.
Os autores Queiroz e Rodrigues (2007) utilizam-se da metáfora de “voar” como
eixo explicativo para navegar pela Cartografia através do computador usando as
ferramentas da internet.
Voar pode significar a busca de dimensões inexploradas, mas também
simboliza a liberdade de deslocamento. No que se refere ao voo virtual, essa
facilidade de movimentação é indissociável da capacidade de orientação e
de localização, sob pena de não se aproveitarem as potencialidades desse
recurso visual (2007, p.70).
A metáfora voar desperta a curiosidade em querer saber o que isso significa. A
liberdade de interagir relacionada aos conhecimentos pré-adquiridos, com novas
descobertas, despertará no aluno a curiosidade de como fazer um percurso virtual em
tempo real assimilando os novos conceitos. O computador, através da internet aproxima
as distâncias alarga a noção de tempo e modifica o comportamento humano no
relacionamento entre si. Este momento histórico de pós-modernidade está marcado
pelas mudanças tecnológicas, e o professor não pode ignorar que os meios de
comunicação mudaram. Para Libâneo (apud GEOGRAFIA, 2011, p.46), “há muito
tempo o professor e o livro didático deixaram de serem as únicas fontes de
conhecimento”. Foram desenvolvidas várias metodologias de trabalho docente que
envolve o uso de ferramentas tecnológicas. Dentre elas está a webquest.
4. WEBQUEST (WQ)
A webquest é uma metodologia de pesquisa orientada na internet, desenvolvida
em 1995, em San Diego State University (Universidade de San Diego), por Bernie
Dodge e Tom March, a qual pretende dinamizar experiências de aprendizagem que
estimulem a pesquisa e o pensamento crítico.
A palavra webquest, em sua etimologia, surge de dois vocábulos, web (rede de
hiperligações) e quest (questionamento busca ou pesquisa). O principal objetivo da
webquest é incentivar a aprendizagem cooperativa e a criatividade dos alunos.
A webquest é uma metodologia de pesquisa na internet, estimulado a pesquisa e
construído o conhecimento. A webquest contribui para o engajamento do aluno e
professor no uso do laboratório de informática e a internet instigando os alunos a
curiosidade sobre o tema trabalhado.
No Brasil, um dos grandes pesquisadores do assunto é o Dr. Jarbas Novelino
Barato, que é colaborador e atua no projeto de webquest da Escola do Futuro da USP
(www.webquest.futuro.usp.br). Segundo ele “é uma modernização na forma de educar,
pois o conceito fornece orientações concretas para tornar o uso da internet possível e
efetivo, ou seja, uma maneira de praticar uma educação sintonizada com nosso tempo”.
A webquest é uma atividade onde o professor apresenta o tema e o aluno
desenvolverá a pesquisa, pode ser curta ou longa, são várias etapas onde cada uma é
independente da outra. Para Archela e Archela (2011), “a introdução é o “palco” de
informações de fundo da webquest, tarefa motivadora interessante”. Na introdução terá
o problema motivador para ser resolvido no decorrer da atividade. Conta-se uma
história para despertar a curiosidade dos alunos em buscar através da pesquisa as
respostas.
Concluindo: a webquest se realizou em cinco momentos: as tarefas, o processo,
fonte de informação, avaliação e conclusão.
Sem esses passos não é possível trabalhar com este instrumento metodológico,
uma vez que as tecnologias tornaram-se indispensáveis em nossos dias.
Podemos dizer que mesmo com dificuldade o trabalho teve um resultado
extremamente positivo. Mesmo sendo um processo muito novo ele divide-se em
atividades claras e especificas, nas quais, as primeiras a serem realizadas foram as
tarefas desafiadoras e executáveis. O processo é o “como o aluno deve fazer”, ou seja,
os passos que o aluno deve seguir para realizar as atividades. Precisa buscar conteúdos
através de fontes de informações bibliográficas e outros materiais de que tratam a
webquest. É, portanto, a orientação para a pesquisa que vai contribuir para a produção
do conhecimento.
Na sequência, aplicou-se uma avaliação na qual foram analisados os níveis de
desempenho e autoavaliação dos alunos. Em cada nível da avaliação foram registrados
os pontos positivos e negativos das atividades desenvolvidas na webquest.
Concluiu-se a partir deste trabalho que os objetivos propostos foram atingidos de
maneira satisfatória, uma vez que, os alunos conseguiram desenvolver com sucesso
todas as tarefas.
Seabra, coordenador do projeto Webquest da Escola do Futuro da USP afirma
que “acaba o sistema do copiar e colar” porque as informações são orientadas e pré-
definidas pelo professor.
5. METODOLOGIA
Com essa proposta de trabalho pretende-se que o educando veja a cartografia com
um novo olhar. O trabalho foi desenvolvido junto aos estudantes da primeira série do
ensino médio, com aplicação de metodologias diferenciadas em sala de aula, destacando
as técnicas pedagógicas, utilizando diversos recursos tecnológicos como a tv pendrive, o
laboratório de informática, a internet, Google Earth etc.
Em um primeiro momento foi desenvolvida a interpretação de imagens
visualizadas na TV pendrive, através do vídeo a tecnologia e o mundo moderno
(SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, 2011) para desenvolver no aluno o senso crítico
através da observação, a percepção das influências das imagens aliadas ao conteúdo de
cartografia. Na sequência foi apresentado o vídeo a história da cartografia
(SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, 2011), no qual o aluno pode observar a evolução
dos equipamentos utilizados na construção dos mapas ao longo dos séculos e compara-
los com os instrumentos da atualidade.
Após a primeira fase dos questionamentos sobre os vídeos apresentados foram
feitas atividades práticas individuais. O primeiro exercício tem como objetivo
recapitular conteúdo trabalhado sobre a localização e orientação na sala de aula, fazendo
uma simulação de uma “viagem” em material fornecido para os alunos, para reforçar os
pontos cardeais (figura 1).
Figura 1: Jogo dos pontos cardeais.
Fonte: Carraro, 1998.
Entregou-se a cada aluno a figura 1 e o grão de amendoim, a partir daí o professor
desenvolveu a atividade na sala de aula, onde cada aluno navegou na figura conforme o
roteiro estipulado pelo professor que segue abaixo.
O amendoim fez o papel de um avião e os alunos o papel do piloto que
movimentava seu avião, o amendoim será colocado sobre o número 13 como ponto de
partida (só pode avançar apenas uma casa cada vez) seguindo o comando da torre que
será a professora. Exemplos:
a – Seguir para o norte;
b – Seguir para o leste;
c – Seguir para o nordeste;
d – Seguir para oeste;
e – Seguir para sudoeste.
Criaram outras situações ou comandos conforme sugestões dos próprios alunos
trabalhando outros pontos de orientações estimulando a participação na aula. Nessa
mesma atividade pode-se fazer a pintura da rosa-dos-ventos com cores diferentes para
os pontos cardeais e colaterais.
O professor observou o progresso dos alunos durante a interpretação das
informações fornecidas na simulação do plano de voo, onde os alunos elaboram um
relatório de conclusão da atividade com suas opiniões.
Em um segundo momento foram desenvolvidas atividades pedagógicas em
equipes onde os alunos manusearam atlas, diferentes tipos de mapas e escalas, para
seguirem roteiros definidos pela professora. Foram distribuídos roteiros de viagem para
as equipes que, através das observações traçadas no roteiro, tiveram facilidade de
percorrer os caminhos chegando ao destino sugerido no percurso dos roteiros. Essa
atividade foi realizada em equipes na sala de aula. Segue abaixo os roteiros propostos
nesta atividade:
ROTEIRO 1: Saíam do sul do Brasil e sigam em direção ao norte até chegar à
Chapada dos Veadeiros onde está localizada a capital do país. Visitem o Palácio do
Planalto e Alvorada, o Congresso e o Museu JK. Após isso, desloquem-se em direção
ao extremo norte do país para conhecer uma ilha e suas atrações naturais, econômicas e
culturais, como a criação de gado bubalino, a cerâmica marajoara. A viagem segue pela
Guarujá
Terminal de
ônibus
Igreja São
Cristovão
Pq. Munc. José Danilo
Galafassi
aeroporto
BR-153 margeando o rio Tocantins com pernoite na cidade de Palmas, seguindo a
viagem em direção ao norte, conheçam algumas cidades pelo caminho como
Tocantinópolis (TO), Paragominas (PA), e Belém capital de qual estado? Como
chegaram à ilha de destino? Qual é o nome dessa ilha? Cite alguns aspectos econômicos
da ilha. Faça um breve relatório da viagem relatando os fatos que julgarem mais
interessantes.
ROTEIRO 2: Estamos no Jardim Guarujá, ao sul de Cascavel. De ônibus
seguiremos rumo ao norte e chegaremos ao terminal de ônibus. Após fazer o transbordo,
iremos ao sentido leste, observando o movimento no centro da cidade, a Praça Wilson
Jofre, colégio Auxiliadora a Catedral, seguindo para o terminal leste, aonde chegaremos
à igreja São Cristóvão, esse ponto do passeio será feito a pé apreciando a paisagem,
assim, vamos chegar a um Parque. Qual é o nome desse Parque? Onde está localizado?
Você saberia dizer qual rio cascavelense passa pelo lago? Em forma de desenho crie o
seu percurso desse passeio.
Figura 2: Mapa de Cascavel
Fonte: Prefeitura Municipal de Cascavel – SEPLAN
QuebecColégio
Orso
Jardim GuarujáN
Núcleo de
Produção
BR277
Foz do
Iguaçu
Legenda
indústria
cemitério
igreja
Escala: 1/6.375
Figura 3: Bairro Jardim Guarujá
Fonte: Prefeitura Municipal de Cascavel – SEPLAN
Nessa atividade foi utilizado o mapa do município de Cascavel e Brasil em sala
de aula. Os alunos pesquisaram nos mapas e seguiram as pistas do roteiro, logo após,
produziram relatório do percurso da viagem.
Na sequência foi desenvolvida atividade de leitura do texto: A invasão do GPS
(PINCIGHER & DITOLVO, 2011), para conhecimento dos avanços da tecnologia e
suas diversas utilizações na sociedade atual. Ao final da atividade, os alunos
responderam a um questionário sobre o texto.
Dando sequência, em equipe, no laboratório de informática, os alunos
desenvolveram a webquest, onde fizeram pesquisa orientada na internet com auxílio
dos colegas e da professora. Segue as primeiras páginas da webquest:
A webquest foi desenvolvida com atividades onde os alunos “passaram” por diversas
culturas, paisagens, culinária, lugares históricos, estilos de escritas, aprenderam a localização,
orientação, escalas, distâncias, fusos horários, modernos instrumentos de orientação,
coordenadas geográficas, paralelos e meridianos, relevo, clima, economia dos países visitados
online, signos utilizados na cartografia e textos abordando o uso da tecnologia.
As equipes fizeram os trabalhos solicitados da webquest de pesquisa na internet,
fazendo as devidas anotações, construíram os mapas dos lugares “visitados” durante a viagem
virtual sugerida na webquest. Como atividade final foi solicitada aos alunos apresentarem suas
produções. Segue os mapa-múndi e Egito feitos pelos alunos no final da atividade.
Figura 4: Mapa mundo editado pelos alunos.
Figura 5: Mapa do Egito editado pelos.
Algumas equipes optaram por usar a TV pendrive para apresentação e outras
equipes fizeram a impressão dos mapas e montaram painéis e apresentaram na sala de
aula. Depois foi feita a exposição dos trabalhos feitos pelos alunos no laboratório de
informática sendo que os mesmos foram observados pelos alunos e professores do
colégio.
Após essa fase do trabalho foram feitas as avaliações do projeto pelos os alunos
que apresentaram seus pontos positivos, negativos e sugestões para futuras aulas.
6. ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades despertaram a curiosidade dos alunos e o interesse pela Geografia.
Segundo os alunos, eles aprenderam brincando, de uma forma mais lúdica e
interessante, mas alguns ainda encontraram dificuldades na elaboração das atividades
referente à orientação e localização no mapa.
Alguns alunos afirmaram também que eles ainda preferem “aulas tradicionais ou
normais” e não veem, por exemplo, vídeos como complemento de conteúdo.
Nas atividades desenvolvidas com vídeos os alunos apresentaram dificuldades
em como observar imagens em movimento e extrair a informação da mesma. A
princípio não gostaram porque era preciso concentração, observação, ou seja, ouvir,
ver, analisar, pensar para responder aos questionamentos solicitados.
Na avaliação da atividade com texto os alunos apresentaram dificuldades na
interpretação citando-a como ponto negativo, segundo suas palavras não gostam de ler
textos.
Nas atividades roteiros de viagem os alunos pesquisaram nos mapas, atlas,
globo, os alunos interagiram e gostaram avaliando-a como “gostosa” de fazer, pois ficou
a vontade na sala de aula com os mapas estendidos no chão desenvolvendo a atividade.
Os alunos avaliaram as atividades desenvolvidas como excelente recurso para a
aprendizagem, expressando o desejo de que sejam utilizados pelos demais professores
da escola e até ser divulgado para outras escolas, porque é uma nova metodologia de
aprendizagem.
Foi gratificante, houve interesse, comprometimento, cooperativismo nas
atividades desenvolvidas pelos alunos. Suas opiniões na avaliação final foram muito
interessantes, em relação às práticas metodológicas utilizadas. Segundo um aluno do 1º
ano D, deveria ter “mais trabalhos para que os alunos possam interagir tornando-se
unidos”. (SIC)
Os alunos demonstraram dificuldades nas realizações de pesquisas, leituras dos
textos pesquisados e na forma de extraírem as informações necessárias, mas esta
dinâmica promoveu a ampliação do conhecimento geográfico dos alunos por meio do
uso da informática. Os mesmos refletiram sobre a prática pedagógica nas aulas de
geografia, o que as tornou mais atraentes e estimulantes aos estudantes, levando-os a
pesquisarem, analisarem e discutirem temas relacionados ao uso da cartografia.
Apesar das dificuldades apresentadas pelos alunos, os mesmos demonstraram
satisfação em desenvolver as atividades de equipe realizadas em sala de aula tendo, a
partir de então, um olhar diferente para o estudo com mapas. Navegando nos mapas
perceberam informações diversas pelo roteiro proposto pela professora, descobrindo
cidades, mostrando-se empolgados, interessados pelas novas informações, tais como:
costumes, alimentação, pontos turísticos e outras curiosidades.
Foram considerados no desenvolvimento do processo teórico-metodológico da
webquest: a curiosidade do aluno, esforço em pesquisar e participar nas atividades.
O trabalho apresentou um resultado positivo, sendo que cada atividade fez parte
da sequência de outras tarefas, valendo todo o esforço e empenho, mesmo quando teve
que retornar às atividades para relembrar o conteúdo anterior. Todas as atividades
desenvolvidas com os alunos foram importantes porque resgataram o conhecimento de
conteúdo já visto, para dar continuidade na atividade seguinte e auxiliar na webquest.
Os alunos demonstraram dificuldade na leitura e interpretação de mapas.
Foi possível verificar no uso da internet a procura de resposta pronta. É uma
prática bastante popular entre os alunos, mas a webquest não permitiu essa prática, pois
o aluno teve que pesquisar e responder as atividades propostas. A partir daí foi possível
verificar a contribuição da tarefa para a aprendizagem do aluno.
A webquest foi uma metodologia abrangente e diferenciada que oportunizou aos
alunos uma nova forma de ensino-aprendizagem, possibilitando uma maior integração
entre os alunos.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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