o uso da abobada na construcao pombalina

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O uso da abóbada na construção pombalina nas áreas limítrofes da Baixa de Lisboa José Pedro Jesus Gouveia Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura Orientador: Professor Doutor João Vieira Caldas Júri Presidente: Professora Doutora Ana Cristina dos Santos Tostões Orientador: Professor Doutor João Vieira Caldas Vogal: Professor Doutor José Maria da Cunha Rego Lobo de Carvalho Dezembro 2014

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"O uso da abobada na construcao pombalina nas áreas limítrofes da Baixa de Lisboa" Author: José Gouveia Supervisor: João Vieira Caldas Keywords: Lisbon, Pombaline Downtown, Building System, Vaults, Arches

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Page 1: O uso da abobada na construcao pombalina

O uso da abóbada na construção pombalina

nas áreas limítrofes da Baixa de Lisboa

José Pedro Jesus Gouveia

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Arquitectura

Orientador: Professor Doutor João Vieira Caldas

Júri

Presidente: Professora Doutora Ana Cristina dos Santos Tostões

Orientador: Professor Doutor João Vieira Caldas

Vogal: Professor Doutor José Maria da Cunha Rego Lobo de Carvalho

Dezembro 2014

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Page 3: O uso da abobada na construcao pombalina

Para o meu sobrinho Bernardo,

porque a vida é feita de novas etapas e, as nossas, estão a começar agora.

Page 4: O uso da abobada na construcao pombalina
Page 5: O uso da abobada na construcao pombalina

iii

Agradecimentos

Durante o meu curso e desenvolvimento deste trabalho, contei com o apoio

de pessoas sem as quais a tarefa ter-se-ia tornado difícil ou mesmo impossível.

Ao Instituto Superior Técnico e à Universidade de Lisboa, pelo brio na nossa

relação e pela oportunidade de ser parte integrante da sua identidade.

Ao professor João Vieira Caldas, pela disponibilidade e acompanhamento

incomparáveis e pela chance ao ter-me apresentado este trabalho a ser

desenvolvido, o qual abracei incondicionalmente.

À arquivista do Arquivo Municipal de Lisboa, Paula Borges, pela ajuda e

paciência ímpares, nesta que foi uma verdadeira aventura em parte do espólio

camarário da capital do país.

De uma forma geral, a todos os proprietários e gerentes dos espaços

visitados, pela compreensão da actividade científica e, por isso mesmo, terem

autorizado o registo gráfico e fotográfico imprescindíveis à realização deste trabalho.

À Ângela e Luís, pelo acolhimento caloroso em Lisboa.

À minha mana, Sofia, pela postura sempre alegre, pelas gargalhadas e

raspanetes na hora certa. Ao meu cunhado, Fábio, pelo companheirismo e amizade.

Ao meu pai, Eleutério, pela partilha do amor à profissão e pelo exemplo de

mestria, competência e seriedade (serena) no meu percurso.

À minha mãe, Natália, pelo ânimo e impulso em cada conversa sobre o tema

mas, mais do que isso, em cada fase da vida.

À minha namorada, Catarina, tudo.

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Page 7: O uso da abobada na construcao pombalina

v

Resumo

Devido ao terramoto de 1755, que destruiu parte significativa do centro

histórico da cidade de Lisboa, foi necessário proceder à rápida reconstrução e

revitalização urbana desta área. Tendo como principais intervenientes Manuel da

Maia, Eugénio dos Santos e Carlos Mardel, a nova forma de encarar o planeamento

da cidade demonstrou-se inovadora não só pelas tipologias construtivas adoptadas,

assentes nos princípios iluministas, como pelas soluções de índole estrutural

preconizadas de forma a garantir um novo termo de segurança para a edificação da

cidade de Lisboa. Dado o carácter inovador da componente estrutural dos

quarteirões deste plano, a construção Pombalina tem sido alvo de profundos estudos

quanto às soluções utilizadas para a estabilidade dos edifícios a nível das suas

fundações e pisos elevados (Gaiola Pombalina) e quanto à sua reacção anti-sísmica.

Enquadrada na temática da história da construção, a presente dissertação

pretende aprofundar os sistemas construtivos utilizados no piso térreo das

construções de três áreas limítrofes da Baixa Pombalina – a zona do Cais do Sodré,

a Rua Garrett no Chiado e as praças do Rossio e da Figueira – tendo como principal

foco de interesse a percepção do “peso” e significado do recurso à abóbada como

elemento estrutural do 1º piso das edificações.

Confrontando vários tipos de levantamento, essencialmente de campo,

pretende-se analisar a utilização da construção abobadada nas três zonas em estudo,

com base em parâmetros como: processos construtivos utilizados, data de

construção, tipologia arquitectónica e localização geográfica dentro do plano geral

de reconstrução.

Palavras Chave:

Lisboa | Baixa Pombalina | Sistema Construtivo | Abóbadas | Arcos

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Page 9: O uso da abobada na construcao pombalina

vii

Abstract

Due to the 1755 earthquake, which destroyed a significant part of the historic

center of Lisbon, it was necessary to proceed with a fast reconstruction and urban

revitalization of this area. With the main actors Manuel da Maia, Eugenio dos Santos

and Carlos Mardel, the new way of looking at the city planning was demonstrated not

only by the innovative constructive typologies adopted, based on Enlightenment

principles, as by the envisaged structural solutions to ensure a new security level for

the buildings in Lisbon. Given the innovative structural component of the blocks this

plan, the pombaline construction has been the subject of thorough studies regarding

the solutions used for the stability of buildings in terms of their foundations and

upper floors – Pombaline Cage (“Gaiola Pombalina”) and their anti-seismic reaction.

As part of the construction history, this thesis aims to deepen the constructive

systems used on the ground floor of the buildings in three borderline areas of Baixa

– Cais do Sodré, Chiado and Rossio and Figueira squares – with the main focus in

the perception of the "weight" and the meaning of the use of vaults as structural

elements on the 1st floor of these buildings.

Comparing different types of research, essentially field work, it is intended to

analyze the use of vaulted construction in these three areas, based on parameters

such as: construction processes, date of construction, architectural typology and

geographical location within the overall reconstruction plan.

Keywords:

Lisbon | Pombaline Downtown | Building System | Vaults | Arches

 

 

Page 10: O uso da abobada na construcao pombalina

viii

Índice

Agradecimentos .................................................................................................. iii 

Resumo ............................................................................................................... v 

Abstract ............................................................................................................. vii 

Índice ............................................................................................................... viii 

Índice de Imagens ................................................................................................ x 

Índice de Gráficos ............................................................................................. xiv 

01 Introdução ....................................................................................................... 1 

1.1 Objectivos da investigação .................................................................................... 1 

1.2 Objecto de estudo ................................................................................................. 2 

1.3 Metodologia de trabalho ........................................................................................ 2 

1.4 Estrutura da dissertação ......................................................................................... 3 

1.5 Estado da Arte ....................................................................................................... 4 

02 Enquadramento Geral ...................................................................................... 9 

2.1 Lisboa até ao séc. XVIII .......................................................................................... 9 

2.1.1 Dinâmicas económicas, políticas e sociais .................................................................... 9 

2.1.2 Registos sísmicos na cidade de Lisboa ....................................................................... 15 

2.2 O Terramoto ........................................................................................................ 17 

2.2.1 As suas consequências ............................................................................................... 18 

2.2.2 A reacção do comando ............................................................................................... 20 

2.3 A reconstrução como resposta ao terramoto ......................................................... 22 

2.3.1 Dissertação de Manuel da Maia ................................................................................... 23 

2.3.2 Principais intervenientes ............................................................................................. 28 

2.4 Produção dos planos ........................................................................................... 28 

2.4.1 Os estudos prévios ..................................................................................................... 28 

2.4.2 O plano (de/para) execução ........................................................................................ 31 

03 O Plano em Prática ........................................................................................ 35 

3.1 A sua unidade tipo-morfológica ........................................................................... 35 

3.1.1 O conceito .................................................................................................................. 35 

3.1.2 Estandardização e Pré-fabricação ................................................................................ 35 

3.1.3 Relação exterior-interior .............................................................................................. 36 

3.1.4 A “gaiola” pombalina – Realidade anti-sísmica ........................................................... 36 

3.2 A sua materialização ao longo do tempo .............................................................. 41 

Page 11: O uso da abobada na construcao pombalina

ix

04 Casos de Estudo ........................................................................................... 45 

4.1 Métodos, critérios e limitações ............................................................................ 46 

4.2 Cais do Sodré ...................................................................................................... 56 

4.2.1 Processos de Arquivo ................................................................................................. 58 

4.2.2 Levantamento de Campo............................................................................................. 58 

4.2.3 Distribuição dos Sistemas Construtivos ...................................................................... 59 

4.3 Chiado ................................................................................................................. 60 

4.3.1 Processos de Arquivo ................................................................................................. 62 

4.3.2 Levantamento de Campo............................................................................................. 62 

4.3.3 Distribuição dos Sistemas Construtivos ...................................................................... 63 

4.4 Rossio e Praça da Figueira ................................................................................... 64 

4.4.1 Processos de Arquivo ................................................................................................. 66 

4.4.2 Levantamento de Campo............................................................................................. 66 

4.4.3 Distribuição dos Sistemas Construtivos ...................................................................... 67 

4.4.4 Cruzamento dos Sistemas Construtivos com a Décima da Cidade ............................... 69 

05 Conclusões .................................................................................................. 71 

06 Desenvolvimentos Futuros ............................................................................ 75 

07 Bibliografia ................................................................................................... 77 

08 Anexos ......................................................................................................... 79 

8.1 Cais do Sodré ...................................................................................................... 80 

8.1.1 Arquivo Municipal de Lisboa ....................................................................................... 83 

8.1.2 Levantamento de Campo............................................................................................. 84 

8.2 Chiado ................................................................................................................. 94 

8.2.1 Arquivo Municipal de Lisboa ....................................................................................... 97 

8.2.2 Levantamento de Campo............................................................................................. 98 

8.3 Rossio e Praça da Figueira ................................................................................. 108 

8.3.1 Arquivo Municipal de Lisboa ..................................................................................... 111 

8.3.2 Levantamento de Campo........................................................................................... 168 

8.4 Vários ................................................................................................................ 179 

 

Page 12: O uso da abobada na construcao pombalina

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Índice de Imagens

Imagem 1 - Lisboa Pombalina e o Iluminismo de José Augusto França ............................. 4 fonte: http://www.livraria-varadero.com/ctemasli.htm

Imagem 2 - A reconstrução de Lisboa e a arquitectura pombalina de José Augusto França 4 fonte: http://montalvoeascinciasdonossotempo.blogspot.pt/2013/01/a-reconstrucao-de-lisboa-e-arquitectura.html

Imagem 3 - Além da Baixa: indícios de planeamento urbano na Lisboa setecentista de Walter Rossa ............................................................................................................................... 5 fonte: http://www.livrarialeitura.pt/livro/alem-da-baixa-walter-rossa/

Imagem 4 - A Baixa Pombalina, passado e futuro de Maria Helena Ribeiro dos Santos ...... 5 fonte: http://virtualbss.com/book/?p=5169

Imagem 5 - Sistemas de Construção V - O Edifício de Rendimento da Baixa Pombalina de Jorge Mascarenhas .......................................................................................................... 5 fonte: http://www.fnac.pt/Sistemas-de-Construcao-V-MASCARENHAS-JORGE/a178934

Imagem 6 - Catalogo da Exposição Lisboa 1758, o Plano da Baixa hoje ............................ 6 fonte: http://www.fnac.pt/Lisboa-1758-O-Plano-da-Baixa-Hoje-Catalogo-da-Exposicao-Varios/a119913

Imagem 7 - Revista Monumentos 21 ................................................................................ 7 fonte: http://repositorio.ul.pt/handle/10451/1985

Imagem 8 - Olissipo - Lisboa durante a ocupação romana ................................................ 9 fonte: http:// lisboa-cidade.com/lx/index99pt.asp?pa=ptihist.htm

Imagem 9 - Situação aproximada do Esteiro do Tejo ......................................................... 9 fonte: http:// biclaranja.blogs.sapo.pt/497178.html

Imagem 10 - As muralhas da cidade de Lisboa - "cerca moura" e "cerca fernandina” ...... 11 fonte: http:// issuu.com/camara_municipal_lisboa/docs/revista_rossio

Imagem 11 - A cidade dos descobrimentos .................................................................... 12 fonte: http:// issuu.com/camara_municipal_lisboa/docs/hist__ria_de_lisboa-_tempos_fortes

Imagem 12 - Desembarque de D. Filipe II de Portugal no Terreiro do Paço ..................... 13 fonte: http:// canthecanlisboa.com/wp-content/uploads/2012/12/MC.GRA_.1404.jpg

Imagem 13 - Vista sobre o Terreiro do Paço, cerca de 1662 ........................................... 13 fonte: http:// torredahistoriaiberica.blogspot.pt/2010/05/d-joao-v-rei-de-portugal-1689-1750.html

Imagem 14 - Aqueduto das Águas Livres ........................................................................ 14 fonte: http:// issuu.com/camara_municipal_lisboa/docs/hist__ria_de_lisboa-_tempos_fortes

Imagem 15 - A cidade de Lisboa antes do Terramoto de 1755 ........................................ 15 fonte: http:// marialynce.wordpress.com/2008/11/01/o-terramoto/

Imagem 16 - Terramoto de Lisboa (1755) ...................................................................... 17 fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=276383

Imagem 17 - A cidade de Lisboa durante o terramoto de 1755 ....................................... 17 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 001

Imagem 18 - Zonas atingidas pelo terramoto e incêndio ................................................. 18 fonte: (FRANÇA, 1988, p. 63)

Imagem 19 - Ruínas da Patriarcal ................................................................................... 19 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Gravura/Paginas/Colec%C3%A7cao-de-algumas-Ruinas.aspx

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Imagem 20 - Ruínas da Ópera ......................................................................................... 19 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Gravura/Paginas/Colec%C3%A7cao-de-algumas-Ruinas.aspx

Imagem 21 - Ruínas Igreja S. Nicolau ............................................................................. 19 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Gravura/Paginas/Colec%C3%A7cao-de-algumas-Ruinas.aspx

Imagem 22 - Ruínas da Sé (Basílica de Santa Maria)Imagem 23 - Gravura britânica de 1756 ...................................................................................................................................... 19 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Gravura/Paginas/Colec%C3%A7cao-de-algumas-Ruinas.aspx

Imagem 23 - Gravura britânica de 1756 .......................................................................... 20 fonte: http://briefeankonrad.tripod.com/Lebenssinn/index.blog?entry_id=1584482

Imagem 24 - Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) .......................... 21 fonte: http://scalaregia.blogspot.pt/2011/06/inter-alia.html

Imagem 25 - Engenheiro Manuel da Maia ....................................................................... 23 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 088

Imagem 26 - Engenheiro Eugénio dos Santos ................................................................. 27 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 106

Imagem 27 - Tenente-Coronel Carlos Mardel .................................................................. 27 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 107

Imagem 28 - Desenho para fachada tipo presente no anexo da terceira parte da dissertação de Manuel da Maia ......................................................................................................... 27 fonte: http://home.fa.utl.pt/~jaguiar/MIARQ/WRossaAula4%20MIARQ.pdf

Imagem 29 – Planta nº1; P. Gualter da Fonseca e F. Pinheiro da Cunha .......................... 28 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Desenho/Paginas/Planta-1.aspx

Imagem 30 -Planta nº2; Elias Sebastião Poppe e José D. Poppe ..................................... 28 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Desenho/Paginas/Planta-2.aspx

Imagem 31 - Planta nº 3; Eugénio dos Santos e António C. Andreas ................................ 29 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Desenho/Paginas/Planta-3.aspx

Imagem 32 - Planta nº4; Gualter da Fonseca ................................................................... 29 fonte: http://www.museudacidade.pt/Coleccoes/Desenho/Paginas/Projecto-4.aspx

Imagem 33 - Esquiço da Planta nº5, Eugénio dos Santos ................................................ 30 fonte: http://home.fa.utl.pt/~jaguiar/MIARQ/WRossaAula4%20MIARQ.pdf

Imagem 34 - Planta nº6, Elias Sebastião Poppe .............................................................. 30 fonte: http://home.fa.utl.pt/~jaguiar/MIARQ/WRossaAula4%20MIARQ.pdf

Imagem 35 - Planta para a reedificação da Baixa Pombalina ............................................ 32 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 095

Imagem 36 - Gravura da Baixa Pombalina reedificada, vista sobre a Praça do Comércio .. 32 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 120

Imagem 37 - Prospecto de fachadas das ruas principais, autoria de Eugénio dos Santos . 33 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 143

Imagem 38 – Prospecto de fachadas para a Rua Nova do Carmo, autoria de Eugénio dos Santos ............................................................................................................................ 33 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 140

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Imagem 39 - Corte transversal de um quarteirão, exemplificando o sistema de rede de esgotos .......................................................................................................................... 34 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 150

Imagem 40 - Corte em perspectiva de um edifício pombalino, apresentando a sua organização e características interiores ........................................................................... 37 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 57)

Imagem 41 - Axonometria de pormenor do sistema de Gaiola Pombalina ........................ 39 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 84)

Imagem 42 - Estrutura de cobertura do piso térreo em abóbada de aresta ....................... 40 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 58)

Imagem 43 - Estrutura de cobertura do piso térreo em arcos e vigas de madeira ............. 40 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 58)

Imagem 44 - Estrutura de cobertura do piso térreo em vigamento de madeira ................. 40 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 58)

Imagem 45 – Abóbada com arco toral no perímetro da fachada ...................................... 40 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 80)

Imagem 46 - Sistema de arcos apenas paralelos à fachada ............................................. 40 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 82)

Imagem 47 - Pavimento do 1ºandar sobre abóbada ........................................................ 40 fonte: (MASCARENHAS, 2009, p. 82)

Imagem 48 - Incêndio nos antigos Armazéns do Chiado (1988) ..................................... 42 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 382

Imagem 49 – Planta de intervenção do Arquitecto Siza Vieira com apontamento do metro de Lisboa ............................................................................................................................ 42 fonte: Catálogo da Exposição Lisboa 1758 - O Plano da Baixa Hoje, imagem nº 387

Imagem 50 - Proposta de requalificação urbana da Rua da Vitória, Arquitecto João Pedro Falcão de Campos.......................................................................................................... 44 fonte: http://falcaodecampos.pt/index.php?/equipamento/percurso-assistido-ao-castelo/

Imagem 51 - Rua da Vitória requalificada; à esquerda: vista sobre os Armazéns do Chiado; à direita: vista para a encosta do castelo ............................................................................ 44 fonte: http://www.cm-lisboa.pt/noticias/detalhe/article/acessibilidade-ao-castelo-distinguida-internacionalmente

Imagem 52 - Chiado, bloco C, vista do Largo do Chiado ................................................. 50 fonte: Arquivo próprio

Imagem 53 - Chiado, bloco C, vista da Rua Garrett ......................................................... 50 fonte: Arquivo próprio

Imagem 54 - Abóbada de aresta no prédio com o número de obra 39728 ....................... 54 fonte: Arquivo próprio

Imagem 55 - Abóbada de berço no prédio com o número de obra 27319 ....................... 55 fonte: Arquivo próprio

Imagem 56 - Carta Temática de Análise dos Sistemas .................................................... 68 fonte: (LISBOA, 2011, p. 189)

Imagem 57 - Inventário do Património Arquitectónico: conjunto urbano Baixa Pombalina – datação da reconstrução (1762-1834) ............................................................................ 69 fonte: (REIS, et al., 2004)

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Page 16: O uso da abobada na construcao pombalina

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Índice de Gráficos

Graf. 1 - Ocorrências de sismos, em território português, até à catástrofe de 1755 .......... 15 fonte: Informação de Jorge Mascarenhas – Sistemas de Construção V, 2009; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 2 - Ocorrências de sismos, em território português, após a catástrofe de 1755 ....... 15 fonte: Informação de Jorge Mascarenhas – Sistemas de Construção V, 2009; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 3 - Cronologia dos sismos históricos em Portugal .................................................. 16 fonte: Informação de http://expresso.sapo.pt/sismos-historicos-em-portugal=f553574; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 4 - Ortofotomapa com indicação das zonas em estudo; 1:15000 ............................ 45 fonte: https://maps.google.com. Editado por autor

Graf. 5 - Nomeação gráfica do conjunto de edifícios por blocos; 1:6000 - Cais do Sodré, Chiado e praças do Rossio e da Figueira ........................................................................ 47 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop; Disponível nos anexos 3, 33 e 58

Graf. 6 - À esquerda: identificação do bloco com um único número de obra, 1:2500; à direita: fotografia da fachada para o Rossio em que se nota a presença de pilastras, paredes corta-fogo e diferentes cores/texturas ...................................................................................... 48 fonte: Autoria e arquivo próprios; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 7 - Tabela exemplo de levantamento de fachadas para o Chiado, bloco C ............... 50 fonte: Autor; Disponível no anexo 42

Graf. 8 - Ortofotomapa da zona do Cais do Sodré com indicação dos limites da área em estudo; 1:4000 ............................................................................................................... 56 fonte: https://maps.google.com; Editado por autor; Disponível no anexo 1

Graf. 9 - Nºs de obra mapeados, correspondentes aos processos da CML; 1:2000 .......... 56 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop; Disponível no anexo 4

Graf. 10 - Registo gráfico do levantamento de fachadas no Cais do Sodré; 1:2000 .......... 57 fonte: Informação base disponível nos anexos pares de 8 a 28; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 11 - Planta base para o Cais do Sodré, resultante da análise do território; 1:2000 ... 57 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 12 - Distribuição gráfica, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de arquivo; 1:2000 ...................................................................... 58 fonte: Informação base pesquisada no Arquivo Municipal de Lisboa; Tabela de fontes disponível no anexo 6; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 13 - Distribuição gráfica, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de campo; 1:2000 ...................................................................... 58 fonte: Informação base disponível nos anexos impares de 7 a 27; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 14 - Distribuição gráfica final, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados; 1:2000 .................................................................................................... 59 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 15 - Distribuição, percentual, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados ................................................................................................................. 59 fonte: Informação base disponível no anexo 199; Autor; Realizado com suporte Photoshop

Page 17: O uso da abobada na construcao pombalina

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Graf. 16 - Ortofotomapa da zona do Chiado com indicação dos limites da área em estudo; 1:4000 ........................................................................................................................... 60 fonte: https://maps.google.com. Editado por autor. Disponível no anexo 31

Graf. 17 - Nºs de obra mapeados, correspondentes aos processos da CML; 1:2000 ........ 60 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop; Disponível no anexo 34

Graf. 18 - Registo gráfico do levantamento de fachadas no Chiado; 1:2000 ..................... 61 fonte: Informação base disponível nos anexos pares de 38 a 54; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 19 - Planta base para o Chiado, resultante da análise do território; 1:2000 .............. 61 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 20 - Distribuição gráfica, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de arquivo; 1:2000 ............................................................................................ 62 fonte: Informação base pesquisada no Arquivo Municipal de Lisboa; Tabela de fontes disponível no anexo 36; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 21 - Distribuição gráfica, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de campo; 1:2000 ............................................................................................. 62 fonte: Informação base disponível nos anexos impares de 37 a 53; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 22 - Distribuição gráfica final, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados; 1:2000 ..................................................................................................... 63 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 23 - Distribuição, percentual, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados .................................................................................................................. 63 fonte: Informação base disponível no anexo 199; Autor; Realizado com suporte Photoshop

Graf. 24 - Ortofotomapa da zona do Rossio com indicação dos limites da área em estudo; 1:4000 ........................................................................................................................... 64 fonte: https://maps.google.com; Editado por autor; Disponível no anexo 56

Graf. 25 - Nºs de obra mapeados, correspondentes aos processos da CML; 1:5000 ........ 64 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop; Disponível no anexo 59

Graf. 26 - Registo gráfico do levantamento de fachadas nas praças do Rossio e da Figueira; 1:2500 ........................................................................................................................... 65 fonte: Informação base disponível nos anexos impares de 163 a 191; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 27 - Planta base para as praças do Rossio e da Figueira, resultante da análise do território; 1:2500 ............................................................................................................ 65 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 28 - Distribuição gráfica, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de arquivo; 1:2500 ................................................... 66 fonte: Informação base pesquisada no Arquivo Municipal de Lisboa; Tabela de fontes disponível no anexo 61; Disponíveis nos anexos de 62 a 161; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 29 - Distribuição gráfica, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de campo; 1:2500 ................................................... 66 fonte: Informação base disponível nos anexos pares de 162 a 190; Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Page 18: O uso da abobada na construcao pombalina

xvi

Graf. 30 - Distribuição gráfica final, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados; 1:2500 ................................................................................. 67 fonte: Autor; Realizado com suporte AutoCAD e Photoshop

Graf. 31 - Distribuição, percentual, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados .............................................................................................. 67 fonte: Informação base disponível no anexo 199; Autor; Realizado com suporte Photoshop

Graf. 32 - Distribuição, nas praças do Rossio e da Figueira, por datação da reconstrução, do número de propriedades edificadas, agrupadas por sistema construtivo .......................... 70 fonte: Informação base disponível no anexo 193; Autor; Realizado com suporte Photoshop

Graf. 33 - Distribuição, nas praças do Rossio e da Figueira, por ritmos construtivos, do número de propriedades edificadas, agrupadas por sistema construtivo .......................... 70 fonte: Informação base disponível no anexo 194; Autor; Realizado com suporte Photoshop

Page 19: O uso da abobada na construcao pombalina

xvii

 

Page 20: O uso da abobada na construcao pombalina

 

Page 21: O uso da abobada na construcao pombalina

1

01 Introdução

1.1 Objectivos da investigação

Na reconstrução da Baixa Pombalina, os aspectos construtivos adquirem

uma importância significativa. Contudo, não existe nenhum tipo de documento ou

legislação que se refira especificamente a estes parâmetros, tanto no que respeita

aos materiais utilizados, à forma como se utilizaram ou até mesmo à própria

uniformização e pré-fabricação aplicadas. Efectivamente, estes aspectos podem ser

observados fisicamente, mas não foram verdadeiramente regulados em documentos

da época, nem no plano de reedificação da cidade de 1758.

Apesar disso, os sistemas construtivos utilizados nos pisos elevados,

respeitantes à conhecida gaiola pombalina, têm sido bastante referidos em várias

publicações, sendo, pelo contrário, menos estudado o embasamento destes

edifícios. Considerando as edificações limítrofes da Baixa Pombalina construídas

após o terramoto de 1755, o objectivo central desta dissertação prende-se,

justamente, com o estudo da estrutura dos pisos térreos, mais concretamente com

o desenvolvimento do conhecimento sobre a construção abobadada.

Para isso, torna-se necessário seleccionar, como caso de estudo, um

combinado de edificações que apresente informação significativa que contribua para

o enquadramento desta linha de investigação. Com o intuito de verificar qual a

expressão e dimensão do uso da abóbada na construção pombalina, a presente

dissertação tem como principal objectivo o cruzamento de parâmetros tais como: a

tipologia de abóbadas, a sua distribuição no conjunto edificado em estudo, a sua

relação com as funções dos espaços e a datação da sua construção. Confrontando

e estabelecendo um paralelismo entre este tipo de informações, procura-se entender

o significado do emprego da abóbada, no contexto geral da utilização dos materiais

e processos construtivos, na reconstrução da Baixa Pombalina lisboeta.

Ainda no âmbito desta investigação, como objectivo último, pretende-se não

só chegar a atingir a compreensão adequada do caso de estudo, como também

fomentar o debate que se gera em torno da interpretação, conservação, reabilitação

e restauro, no panorama de possíveis intervenções no objecto de análise.

Page 22: O uso da abobada na construcao pombalina

2

1.2 Objecto de estudo

Sendo a baixa de Lisboa um território vasto com um número de construções

considerável, torna-se necessária a pesquisa e conhecimento do todo através das

partes. Já tendo sido desenvolvida a dissertação O Sistema Construtivo do Piso

Térreo dos Prédios de Rendimento Pombalinos, por Ana Rita Lisboa Duarte (2011),

sobre as ruas centrais da Baixa – Sapateiros, Augusta e Correeiros – com

preocupações idênticas ao presente trabalho, foram aqui abordados os edifícios de

rendimento nas áreas limítrofes da construção pombalina, de modo a obter um leque

de respostas que possam ser o mais contrastantes possível.

Analisando então estes limites, ao contrário da pesquisa de Rita Lisboa que

se focou em ruas específicas, no âmbito desta dissertação foram escolhidas três

áreas, compostas por conjuntos edificados com propriedades distintas quanto à

ocupação e adaptação ao tipo de território, reflectindo-se, justamente, essas

diferentes apropriações nos seus traçados: as praças do Rossio e da Figueira,

correspondentes a uma porção plana de território e com quarteirões regulares e bem

definidos, o Cais do Sodré, com quarteirões irregulares mas ainda assim bem

definidos, já constituindo algum ajuste do plano de 1758 a pré-existências e, por

fim, o Chiado, com quarteirões irregulares e complexos, correspondente a uma zona

declivosa da malha da Baixa e reflectindo a adaptação do plano à cidade existente.

1.3 Metodologia de trabalho

Para que a investigação corresponda aos objectivos definidos, o presente

trabalho deverá ser estruturado em duas partes fundamentais. Numa primeira fase

apresenta-se o objecto de estudo, de forma a contribuir para a sua interpretação no

panorama da reconstrução urbana e arquitectónica da Baixa lisboeta após o

terramoto de 1755. Salienta-se a importância desta reconstrução para o

desenvolvimento do planeamento urbano da cidade bem como para os inovadores

aspectos estruturais e comportamentais do conjunto edificado.

Numa segunda fase, deverá apresentar-se uma análise detalhada ao conjunto

dos casos de estudo mais significativos ou sobre os quais seja possível reunir mais

informação. Para tal, recorre-se ao levantamento de informação por diferentes vias:

levantamento de campo (a partir de visitas ao local) devidamente documentado por

recurso ao registo gráfico e fotográfico; levantamento de material técnico

Page 23: O uso da abobada na construcao pombalina

3

proveniente de arquivos camarários ou de outras fontes possíveis, que possam

também apresentar os diferentes projectos de alteração já preconizados; e

interpretação de estudos semelhantes que possam já ter sido desenvolvidos para

outras áreas do centro histórico da cidade.

Confrontando as várias fontes documentais obtidas e investigando um

número significativo de abóbadas, espera-se conseguir encontrar padrões, formular

hipóteses e tirar conclusões respeitantes ao uso deste sistema construtivo na

edificação Pombalina.

1.4 Estrutura da dissertação

A presente dissertação está dividida em quatro partes essenciais:

Enquadramento Geral, O Plano em Prática, Casos de Estudo e Conclusões e

Desenvolvimentos Futuros.

No capítulo 02 – Enquadramento Geral – está patente uma contextualização

histórica do fenómeno motor da reestruturação da baixa de Lisboa, explicando-se,

desde as primeiras populações que deixaram cunhos na cidade até ao terramoto de

1755, os principais acontecimentos que marcaram e definiram Lisboa como capital

do território português. São ainda aprofundados as reacções e os planos elaborados

para a Lisboa como resposta à catástrofe natural.

No capítulo 03 – O Plano em Prática – aproximando o foco, em termos

urbanísticos e construtivos, ao tema em análise, são transmitidos os parâmetros

geradores da zona edificada que hoje conhecemos como Baixa Pombalina. Ainda

neste capítulo, como forma de remate, junta-se uma breve descrição da cidade pós-

terramoto ao longo do tempo da sua evolução adaptativa.

No capítulo 04 – Casos de Estudo – são apresentadas as pesquisas, análises

e ilações resultantes do trabalho prático inerente a esta dissertação. Numa secção

inicial, de forma a condensar e simplificar a informação, são explicados, em

pormenor, os métodos, critérios e limitações seguidos no tratamento dos diferentes

conjuntos em análise. Posteriormente, são expostos e analisados os dados

recolhidos, próprios de cada caso de estudo, e descritos os saberes alcançados.

Nos capítulos 05 e 06 – Conclusões e Desenvolvimentos Futuros – ficam

registadas as novas informações que o trabalho transmite, as suas implicações e o

Page 24: O uso da abobada na construcao pombalina

4

seu contributo para o entendimento e conhecimento da Baixa Pombalina. Em modo

de continuidade científica, são também apresentados aspectos em que o trabalho

poderá ser complementado, de forma a enriquecer e solidificar o seu conteúdo, e

pistas que outros desenvolvimentos e estudos poderão utilizar como base de

trabalho.

1.5 Estado da Arte

A baixa pombalina é, sem dúvida, um dos melhores exemplos de urbanismo

e arquitectura na história de Portugal e a própria imagem de Lisboa fica, em parte,

associada, a este projecto de reedificação. A forma de encarar o plano de

reconstrução total da cidade, possível por via da sorte de Lisboa em 1755, revelou-

se inovadora, não só a nível do planeamento urbano, como também a nível das

soluções construtivas adoptadas nas edificações. Por isso mesmo, é natural

compreender o interesse que se atribui à reconstrução desta área da cidade,

existindo uma vasta linha de investigação que discute o património urbanístico e

arquitectónico da Baixa Pombalina. A abrangência deste plano requer um olhar

atento e preciso sobre as várias escalas de informação, daí existirem diversos

autores com linhas de pesquisa diferenciadas que, englobando questões desde a

escala da dimensão urbana, até aos pormenores construtivos, complementam o

conhecimento global que se possui sobre o tema. No que respeita aos aspectos

construtivos que, no fundo, são os que mais interessam para a presente dissertação,

foram tratados de forma diferente por diversos autores.

Salienta-se a investigação que José Augusto França iniciou em 1962, com o

desenvolvimento da sua tese de doutoramento em história e posterior publicação do

livro “Lisboa Pombalina e o Iluminismo” em 1966. A investigação que França

apresenta tem um foco generalista, na medida em que nos transmite uma visão

global sobre a história urbana da Baixa. São abordados temas diversos como as

dinâmicas sociais, urbanas e arquitectónicas da cidade antes do terramoto; os

impactos da catástrofe; os parâmetros e a legislação aplicados à reconstrução de

Lisboa; e tópicos mais específicos como os princípios arquitectónicos do estilo

pombalino e as soluções construtivas. Neste último ponto, que está mais ligado à

temática desta dissertação, é importante especificar que José Augusto França é

pioneiro a chamar a atenção, de uma forma organizada e sistemática, para os

aspectos construtivos inerentes à reedificação da Baixa, como a estandardização e

Imagem 1 - Lisboa Pombalina e oIluminismo de José Augusto França

Imagem 2 - A reconstrução deLisboa e a arquitectura pombalinade José Augusto França

Page 25: O uso da abobada na construcao pombalina

5

normalização na construção e a aplicação do inovador sistema estrutural de

segurança anti-sísmica, conhecido como a “gaiola pombalina”. Apesar desta

referência constituir um importante enquadramento teórico, os parâmetros

construtivos são apresentados de uma forma global, não avançando especificações

sobre a estrutura dos pisos térreos. Do mesmo autor, e com a mesma lógica de

enquadramento, destaca-se o livro “A reconstrução de Lisboa e a arquitectura

pombalina” publicado em 1977 que revê, sinteticamente, as noções que tinham

sido apresentadas no livro referido anteriormente.

Pode também ser evidenciado o trabalho de Walter Rossa, nomeadamente

no desenvolvimento da sua dissertação de mestrado em história de arte (1991) pela

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e

consequente publicação do livro “Além da Baixa: indícios de planeamento urbano

na Lisboa setecentista” em 1998. Apesar de avançar no campo de conhecimento

que envolve as questões urbanísticas, na abordagem à experiência, aos métodos e

à consciência urbana conduzidos no plano da Baixa em paralelo com o estudo de

outras zonas da cidade, planeadas pelos mesmos autores através da Casa do Risco

das Obras Públicas, não são os problemas construtivos que lhe interessam e,

portanto, não são aprofundados na sua linha de investigação. A autora Maria Helena

Ribeiro dos Santos publica, em 2005, o livro “A Baixa Pombalina, passado e futuro”

e, mais uma vez, é abordado o tema dos processos técnicos e construtivos de um

modo genérico, passando pela descrição da “gaiola pombalina”, a definição das

fachadas, o sistema de fundações, mas nunca pela estrutura dos pisos térreos.

No que toca aos princípios e sistemas construtivos implementados nas

edificações pombalinas, Jorge Mascarenhas desenvolveu, no ano de 1996, a sua

tese de doutoramento enquadrada nesta temática. Estes conhecimentos construtivos

seriam publicados no livro “Sistemas de Construção V – o Edifício de Rendimento

da Baixa Pombalina” em 2004. Embora dê mais enfoque ao sistema da “gaiola

pombalina”, Jorge Mascarenhas faz uma breve abordagem à estrutura dos pisos

térreos, sendo o primeiro a expressar claramente a possibilidade de existirem três

tipos de composição construtiva nestes pisos. Assim, sobre os pilares ou as paredes

resistentes em pedra, o autor indica que podem existir abóbadas de aresta, arcos

em pedra com vigamento em madeira ou simplesmente vigas em madeira. Contudo,

a distribuição geográfica dos três processos construtivos presentes nos pisos

térreos e a cronologia da sua utilização não nos é apresentada, surgindo apenas a

Imagem 3 - Além da Baixa: indícios de planeamento urbano na Lisboa setecentista de Walter Rossa

Imagem 4 - A Baixa Pombalina, passado e futuro de Maria Helena Ribeiro dos Santos

Imagem 5 - Sistemas deConstrução V - O Edifício deRendimento da Baixa Pombalina deJorge Mascarenhas

Page 26: O uso da abobada na construcao pombalina

6

ideia que a utilização de abóbadas seria mais expressiva nas ruas secundárias em

espaços associados a armazéns ou estábulos.

Refere-se também a tese de mestrado em Recuperação e Conservação do

Património Construído de Joana Rosa Graça da Mota Fernandes Alegria – A

arquitectura Pombalina na Rua da Madalena – de Julho de 2008. De forma a efectuar

uma contextualização global da construção da Baixa, a autora refere, tal como já

tinha sido clarificado por Jorge Mascarenhas, a existência de estruturas abobadadas

em tijolo e/ou arcos em cantaria como sistemas de cobertura dos pisos térreos não

anotando a distribuição destes processos na Rua da Madalena, registando apenas a

utilização de abóbadas no bloco edificado que corresponde ao seu objecto em

estudo (lote nº110 a 118 da rua em questão). A existência desta dissertação justifica

o facto de não se ter seleccionado esta área como caso de estudo.

Igualmente em 2008, para assinalar os 250 anos sobre o plano de

reedificação da Baixa de Lisboa (1758), foi realizada uma exposição dinamizada pela

Câmara Municipal de Lisboa, que tinha como intuito principal proporcionar o debate

sobre a valorização da reabilitação desta zona da cidade. Desta exposição: Lisboa

1758, o Plano da Baixa hoje, resulta a publicação de um livro, que reúne um

conjunto de textos de vários autores sobre a Baixa Pombalina, como por exemplo:

Walter Rossa, Ana Tostões e Manuel Salgado. Todavia, esta publicação não avança

mais conhecimento sobre a temática especifica dos sistemas construtivos.

É certo que a construção pombalina tem sido alvo de profundos estudos

quanto às soluções construtivas utilizadas, todavia, como se verifica, existe uma

lacuna quanto à percepção dos processos realmente implementados no piso térreo,

quanto à sua natureza, datação e propósito. É necessário perceber qual a distribuição

de cada sistema no contexto da Baixa Pombalina e entender se correspondem a

períodos de construção diferenciados, uma vez que o tempo previsto para a

conclusão da reedificação da cidade foi, em grande medida, alargado. Dentro deste

tema, começam a surgir algumas linhas de investigação específicas, podendo

referenciar-se a dissertação de mestrado em arquitectura O sistema construtivo do

piso térreo dos prédios de rendimento pombalinos, desenvolvida em 2011, no IST,

por Ana Rita Lisboa Duarte. Nesta tese foram analisadas as ruas Augusta, dos

Sapateiros e dos Correeiros. Menciona-se ainda o artigo desenvolvido pela mesma

autora e pelo seu orientador, o professor João Vieira Caldas – The Use os Vaults in

Imagem 6 - Catalogo da ExposiçãoLisboa 1758, o Plano da Baixa hoje

Page 27: O uso da abobada na construcao pombalina

7

the Reconstruction of Pombaline DownTown Lisbon, de 2012, como

desenvolvimento desta linha de investigação.

Para além destes, existe um número da revista Monumentos – o 21 de 2004

– dedicado à Baixa que traz importantes artigos que a analisam sob das mais

diversas perspectivas. Mesmo que alguns autores avancem novos conhecimentos,

a revista é, no fundo, um ponto de situação no entendimento da Baixa de Lisboa até

essa data. Portanto, ela própria é um estado da arte.

Tendo em conta estas referências, a presente dissertação pretende contribuir

para o aprofundamento do tema, seleccionando-se três áreas limítrofes para

interpretação – as praças do Rossio e da Figueira, a zona do Cais do Sodré, e a Rua

Garrett no Chiado.

   

Imagem 7 - Revista Monumentos 21

Page 28: O uso da abobada na construcao pombalina

8

 

Page 29: O uso da abobada na construcao pombalina

9

Imagem 9 - Situação aproximada do Esteiro do Tejo

02 Enquadramento Geral

2.1 Lisboa até ao séc. XVIII

Privilegiadamente posicionada em termos geográficos, a cidade de Lisboa

estava naturalmente destinada não só a oferecer condições propícias para a fixação

das suas primeiras ocupações, como também a desempenhar um papel relevante

no panorama da área mediterrânea. Em primeiro lugar, aponta-se para a forte relação

que a cidade nutre com o rio Tejo e para a sua localização no ponto de conexão entre

o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, transmitindo-lhe uma excelente condição

de porto mercantil para o estabelecimento de trocas comerciais. Para além de

constituir uma óptima via de comunicação, o elemento natural água era ainda

favorável para a definição de um conjunto de terrenos aráveis contíguos à zona

ribeirinha e para evidenciar a qualidade da linha de paisagem. Não menos

importante, a área oferecia uma baía de águas calmas, fruto de um esteiro natural

que permitia uma zona abrigada, protegida do estuário do Tejo (MASCARENHAS,

2009). A topografia também se revelou uma característica decisiva para a

determinação dos primeiros povos, na medida em que o território da cidade se

apresentava recortado por vales e encostas junto ao rio, garantindo um ponto

estratégico defensivo na zona mais alta da colina virada para o esteiro. É justamente

na área deste esteiro que, mais tarde, seria edificada a baixa pombalina, sobre um

terreno pouco consolidado, significativamente susceptível a acções sísmicas, tal

como se verificou com o terramoto de 1755.

Espontaneamente, durante os primeiros momentos da evolução de Lisboa, a

expansão e desenvolvimento da cidade materializaram-se ao longo da margem do

rio, procurando que o espaço urbano fosse capaz de articular uma configuração

morfológica acidentada – apta a assegurar uma defesa eficaz – e uma aproximação

vital ao recurso natural “água”. Assim, Lisboa foi crescendo em dois planos – a urbe

portuária ribeirinha e a cidade da colina – com carácter de anfiteatro sobre o rio.

2.1.1 Dinâmicas económicas, políticas e sociais

Por influência das excelentes características físicas e geográficas da cidade

de Lisboa, o seu território foi sendo progressivamente ocupado por diversas

populações que foram definindo dinâmicas económicas, políticas e sociais

Imagem 8 - Olissipo - Lisboa durante a ocupação romana

Page 30: O uso da abobada na construcao pombalina

10

diferenciadas. O momento da história urbana da cidade em que se pode identificar

a primeira ocupação histórica corresponde à fixação das populações Fenícias, que

se estabeleceram em Lisboa (“Allis Ubo”- Baía Calma, tal como a designavam) por

razões económicas, associadas à importância das trocas comerciais existentes na

área do mar Mediterrâneo (MASCARENHAS, 2009). Foi durante a ocupação romana,

fixada na colina orientada para o esteiro, que a cidade alcançou um progresso

cultural e económico significativo, integrada no conhecido sistema de romanização

(Gabinete de Estudos Olissiponenses, 2008). Consagrada com o nome de Olissipo,

a cidade romana ficou mais desenvolvida a nível da fisionomia urbana e da sua rede

viária, permitindo um melhor contacto com os restantes territórios romanos, dentro

de um itinerário imperial. Com a queda do império romano, Lisboa sofreu inúmeras

invasões por parte de povos bárbaros, correspondendo este momento a um período

de grande violência. Como consequência deste fenómeno, refere-se não só o

decréscimo expressivo da população, como também a ruptura na expansão e

desenvolvimento urbano da cidade.

Apenas através da ocupação muçulmana (714-1147) é que a cidade

conseguiu voltar a ganhar alguma estabilidade para crescer em termos

populacionais. Foi possível proceder a uma reorganização da cidade configurada,

nos seus limites, pela “cerca moura” que protegia defensivamente a população. O

ano de 1147 torna-se um marco especialmente importante para Lisboa, na medida

em que esta é conquistada por D. Afonso Henriques e integrada no Reino de

Portucale – iniciando-se assim a ocupação cristã da cidade (MASCARENHAS,

2009). Com a fixação da população dentro dos limites da “cerca velha” é possível

delimitar-se um tecido urbano bem definido. Lisboa adquire uma nova revitalização,

tanto a nível nacional, como internacional, com a fixação da corte de D. Afonso III

na cidade e consequente identificação como capital do Reino durante o século XIII.

Estas circunstâncias foram acompanhadas, como é natural, por um grande

crescimento populacional e urbano.

Este forte incremento da população obrigou a uma expansão da área urbana,

de tal modo que, entre 1373 e 1375, o rei D. Fernando manda edificar uma nova

muralha – “cerca fernandina” – para garantir maior estabilidade da povoação

aquando das guerras com o reino de Castela (Gabinete de Estudos Olissiponenses,

2008). Chegando então ao final do período medieval, a grande expansão do tecido

Page 31: O uso da abobada na construcao pombalina

11

urbano, que constitui uma estrutura morfológica do tipo orgânico, justifica e delimita

a existência de novos limites.

Outro momento importante que marcou a evolução urbana da cidade está

relacionado com o período dos descobrimentos portugueses. A riqueza conquistada

ao longo do vasto império ultramarino facilitou, em grande medida, o

desenvolvimento da cidade (Gabinete de Estudos Olissiponenses, 2008), numa

altura em que não existiam muitos problemas relacionados com a defesa militar.

Centrando principal atenção na expansão portuguesa “além-mar” e nas trocas

comerciais, um dos principais objectivos passava por transformar a cidade num

lugar monumental, símbolo do poder económico característico daquele que seria

um importante porto de mercadorias para o resto da Europa.

É neste contexto que se reúnem um conjunto de circunstâncias que

influenciaram positivamente a cidade. Em primeiro lugar, destaca-se a decisão da

corte de D. Manuel I em estabelecer residência no centro da cidade, junto ao rio,

onde decorriam os principais acontecimentos políticos e económicos. Deixando a

área mais alta da colina, onde se situava primariamente o castelo, foi necessário

proceder a uma modernização da frente ribeirinha, dotando-a de novas instituições

e serviços públicos, como são exemplos a Casa da Índia e a Alfândega

(MASCARENHAS, 2009). Para esta nova organização urbana da cidade,

concentrando vários níveis de poder junto à margem do rio, foi necessário

conquistar mais território, construindo-se uma série de novos aterros sobre o

Imagem 10 - As muralhas da cidade de Lisboa - "cerca moura" e "cerca fernandina”

Page 32: O uso da abobada na construcao pombalina

12

recurso natural. Durante este período áureo, fruto das riquezas adquiridas durante os

descobrimentos, são ainda edificadas construções monumentais que, embora

tenham sido implantadas fora do núcleo da cidade, reflectem a conjuntura positiva

em que se vivia. São exemplos disso o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém

e o Convento da Madre de Deus.

Surgem novas zonas de organização na cidade, completamente inovadoras

no que toca ao pensamento e desenho urbano. Fora das muralhas anteriormente

definidas, a poente da cidade já edificada, nascem novas urbanizações que

obedecem a tecidos ordenados, de base racional e apoiadas em normas

urbanísticas. O Bairro Alto corresponde, no século XVI, a uma nova consciência de

pensar a cidade, intrinsecamente ligada às ideologias renascentistas. Lisboa entra

assim numa nova era – a era moderna.

No final do século XVI (1578), o país sofre um período de crise institucional

com a morte do rei D. Sebastião (1554-1578), durante a batalha de Alcácer Quibir,

colocando em causa a própria evolução da cidade de Lisboa (MASCARENHAS,

2009). Com a perda do monarca, segue-se a ocupação do território português sob

domínio do poder filipino. Durante este período foi dada especial atenção aos

problemas da cidade relativos a infra-estruturas e no estabelecimento de alguns

regulamentos e normas urbanísticas, actualizando algumas das estruturas urbanas

existentes. Foi dada uma nova monumentalidade a Lisboa, através de edificado, com

Imagem 11 - A cidade dos descobrimentos

Page 33: O uso da abobada na construcao pombalina

13

a construção de edifícios como a Igreja de São Vicente de Fora e o Torreão do Paço

Real do arquitecto Filippo Terzi (1520-1597).

O período complicado, sentido pelo país durante a presença espanhola,

promoveu significativamente o processo de restauração da independência, que foi

reconquistada a 1 de Dezembro de 1640. Novamente confirmada a soberania da

nação, pela aclamação do rei D. João IV (1604-1656), foi possível verificar uma

melhoria nas conjunturas económica, política e financeira da cidade e, por

consequência “a monarquia cedo procurou intervir no urbanismo de Lisboa”

(ROSSA, 2008, p. 41). Entrando no período Barroco e gozando de uma situação

mais favorável, as principais ideias que se teciam em relação à evolução urbana

prendiam-se com a necessidade de repensar e transformar a cidade como uma

macro estrutura, melhorada igualmente a nível estético, de forma a conjugar novas

construções de utilidade e qualidade pública – sistema de esgotos, limpeza,

facilidade de comunicação, circulação e transportes.

Imagem 12 - Desembarque de D. Filipe II de Portugal no Terreiro do Paço

Imagem 13 - Vista sobre o Terreiro do Paço, cerca de 1662

Page 34: O uso da abobada na construcao pombalina

14

Embora inicialmente não se possam identificar grandes obras de carácter

monumental e o desenvolvimento tenha sido amplamente sentido a nível da criação

de corpo legislativo sobre a organização da cidade, o momento de maior esplendor

construtivo é encontrado no reinado de D. João V (1689-1750), no início do séc.

XVIII. Graças ao dinheiro proveniente da exploração mineira no Brasil, foi possível

edificar um conjunto de novas construções imponentes (MASCARENHAS, 2009),

como é o caso do Convento de Mafra que representou uma escola importante, não

só de arquitectura como de engenharia e urbanismo.

Foram repensados os sistemas de comunicação e abertas novas vias, sendo

que a principal constituía a conexão entre o Terreiro do Paço e Belém, projectada

por Carlos Mardel (1696-1763), que unificava a frente ribeirinha e a série de

edifícios estabelecidos, ao longo do tempo, nessa linha.

Ainda dentro daquele que foi o procedimento de equacionar os problemas

arquitectónicos e urbanísticos, a obra que se pode destacar com maior relevância

para o funcionamento da cidade é a edificação do Aqueduto das Águas Livres.

Promovendo e solucionando o abastecimento de água potável, esta construção

representou um importante marco para a salubridade da população e para a infra-

estruturação do tecido urbano a ocidente (ROSSA, 2008).

A cidade de Lisboa chegou ao início do século XVIII apresentando uma

estrutura relativamente inerte às transformações. À excepção do Bairro Alto, a urbe

transparecia uma imagem orgânica de génese medieval, constituída por uma rede

que conjugava um edificado heterogéneo e irregular com ruas estreitas e

emaranhadas.

Imagem 14 - Aqueduto das Águas Livres

Page 35: O uso da abobada na construcao pombalina

15

2.1.2 Registos sísmicos na cidade de Lisboa

A ocorrência de sismos em Lisboa não se pode resumir apenas ao terramoto

de 1755, uma vez que o território português se localiza numa área susceptível a

actividades tectónicas. Efectivamente podem ser enumerados vários terramotos que

ocorreram na cidade, existindo registos que remontam às ocupações romanas

(MASCARENHAS, 2009).

Embora o terramoto de 1755 não tenha sido, de todo, uma novidade e,

mesmo sabendo que existiram catástrofes identicamente devastadoras para a

cidade 1 , este merece ser ponto de análise e interpretação se tivermos em

consideração a inovação das respostas. Pela primeira vez é implementado um

sistema de reconstrução com tal grau de organização e estruturação (ROSSA, 2008).

Este fenómeno pode ter sido influenciado pelo facto de, neste período, o

                                                            1 Tome-se como exemplo o sismo ocorrido a 26 de Janeiro de 1531 que assumiu especial violência. Para identificação de outros sismos históricos que ocorreram em Portugal, deve-se analisar os gráficos apresentados.

Imagem 15 - A cidade de Lisboa antes do Terramoto de 1755

Graf. 1 - Ocorrências de sismos, em território português, até à catástrofe de 1755

Graf. 2 - Ocorrências de sismos, em território português, após a catástrofe de 1755

Page 36: O uso da abobada na construcao pombalina

16

conhecimento científico estar mais desenvolvido, levando a uma primeira

consciencialização sobre as razões naturais inerentes a este tipo de catástrofes.

Colocando de parte as doutrinas religiosas, “este Terramoto marca o

nascimento da sismologia moderna e do conceito de risco” (ROSSA, 2008, p. 39).

Considerando então que a probabilidade de ocorrência de terramotos é

bastante elevada em território português, a interpretação e análise da datação das

principais actividades sísmicas torna-se significativamente relevante, não só para

definir a periodicidade deste tipo de fenómenos naturais, como também para

estruturar medidas de segurança, contra os riscos de eventuais catástrofes, a nível

das políticas urbanísticas e arquitectónicas da cidade. No campo da periodicidade

dos terramotos e tendo em conta a observação dos gráficos apresentados é notória

a presença de inúmeros sismos, com a particularidade de se distribuírem, no espaço

temporal, em picos de maior frequência.

 

Graf. 3 - Cronologia dos sismos históricos em Portugal

Page 37: O uso da abobada na construcao pombalina

17

2.2 O Terramoto

A cidade de Lisboa, que tinha crescido ao longo de seis séculos, foi

violentamente atingida por um terramoto durante a manhã do dia 1 de Novembro de

1755 – Dia de Todos os Santos. Embora tendo noção que este tipo de catástrofe

natural não constituía uma novidade, dado o historial de actividade sísmica em

Portugal, o terramoto de 1755 pode ser retratado como um dos cenários mais

violentos na vida da cidade. O nível de destruição foi de tal forma elevado que “a

cidade que se vangloriara de ser a mais rica do Ocidente era agora como um deserto

da Arábia” (FRANÇA, 1988, p. 59).

O primeiro tremor de terra sentido, definido por abalos na direcção norte-sul,

surgiu por voltas das nove horas e quarenta minutos, tendo sido acompanhado por

ruídos que provinham do subsolo. Apesar deste primeiro momento ter tido uma

duração de apenas cerca de 90 segundos, seguiram-se um segundo e terceiro

abalos violentos (separados por um intervalo temporal de um minuto), que duraram

dois minutos e meio e três minutos, respectivamente (MASCARENHAS, 2009).

Considerando que o sismo atingiu o grau 9 na escala de Richter, podemos imaginar

a dimensão dos danos que provocou nas construções da cidade. Todavia, o nível de

destruição não foi só consequência do terramoto. Aquando se faziam sentir os

abalos, a margem do rio Tejo recuou, conformando posteriormente um tsunami que

alagou tanto o Terreiro do Paço, como toda a frente ribeirinha, arrastando pessoas e

destruindo as embarcações que aí se encontravam. Para além disso, o processo de

queda das edificações originou focos de fogo que se alastraram dando origem a um

incêndio que “completou a obra do terramoto” (FRANÇA, 1988, p. 62) consumindo

o núcleo da cidade durante cerca de cinco dias.

Imagem 16 - Terramoto de Lisboa (1755)

Imagem 17 - A cidade de Lisboa durante o terramoto de 1755

Page 38: O uso da abobada na construcao pombalina

18

O ambiente que se vivia na cidade de Lisboa tornou-se rapidamente

assustador entre a confusão da população em pânico, a queda de escombros e a

atmosfera asfixiante de gases e pó provenientes das fendas abertas ao longo das

ruas (MASCARENHAS, 2009). A dimensão do fenómeno e a proporção da destruição

impressionaram o mundo, estimulando a criação de especulações a nível científico

e filosófico. Também a literatura e as artes foram alimentadas pelo desastre,

surgindo várias reflexões e gravuras de autores estrangeiros que pretendiam

transmitir o que tinha ocorrido na cidade de Lisboa (FRANÇA, 1988).

2.2.1 As suas consequências

Tal como tinha sido referido, tanto a acção sísmica, como a do incêndio,

tiveram repercussões negativas para a cidade, levando à destruição de parte

significativa do tecido urbano existente. Efectivamente, uma das principais

consequências fez-se sentir a nível da estrutura construída, uma vez que as zonas

mais atingidas pelo terramoto correspondem precisamente a bairros que possuíam

grande densidade habitacional. A zona devastada pelo incêndio coincide

sensivelmente com a área central afectada pelo terramoto, embora se tenha

estendido a faixas da cidade que não tinham sido tão destruídos pela actividade

Imagem 18 - Zonas atingidas pelo terramoto e incêndio

Page 39: O uso da abobada na construcao pombalina

19

sísmica, localizados na extensão oriental do Bairro Alto e na encosta ocidental da

colina do Castelo. Perante este cenário de destruição, também acentuado pela falta

de regularidade das construções medievais pré-existentes, as perdas materiais

revelaram-se preocupantes. No que toca à habitação salienta-se o facto de apenas

três mil casas (das vinte mil existentes) terem ficado com as condições mínimas de

segurança e habitabilidade, após a actuação do incêndio (FRANÇA, 1988).

Somam-se igualmente inúmeros edifícios de carácter público e institucional

que não foram capazes de resistir aos efeitos simultâneos do terramoto e incêndio.

São exemplos disso, a destruição do Palácio Real, do Palácio da Inquisição, da

Ópera e da Patriarcal, a perda de um conjunto de edifícios ligados ao poder

económico da cidade como a Casa da Índia e a Alfândega e um conjunto de hospitais

e edifícios religiosos – igrejas e conventos – que foram reduzidos a ruínas. Estes

últimos edifícios públicos certificam a noção que a vulnerabilidade das construções,

durante um terramoto, aumenta quanto maior for a sua dimensão (FRANÇA, 1988).

Ainda considerando o campo das perdas materiais é importante entender que a

destruição de grande parte dos edifícios públicos e de um conjunto de palácios

implicou igualmente a perda dos seus valiosos conteúdos – pintura, mobiliário,

documentação histórica, entre outros valores.

Não menos importantes, e com igual impacto para o declínio da cidade,

foram as perdas humanas associadas a esta catástrofe. O número de vítimas, durante

o mês de Novembro de 1755, aproximou-se a dez mil habitantes. Contudo, o

decréscimo de residentes em Lisboa foi mais expressivo, tendo em conta que parte

da população sentiu necessidade de abandonar a cidade, movida pelo receio da

ocorrência de um novo cataclismo. O mesmo ocorreu com a família real, uma vez

que temia voltar a instalar a sua residência no centro da cidade. Assim, a imagem

de Lisboa tornou-se rapidamente irreconhecível e o acesso a certos lugares ficou

impossibilitado devido à queda das construções (MASCARENHAS, 2009).

Por todos estes aspectos pode afirmar-se que as consequências do

terramoto de 1755 tiveram um impacto negativo sobre o panorama social e

económico da cidade, principalmente se for considerado que os danos causados

nas principais infra-estruturas edificadas conduziram também ao enfraquecimento

dos sectores de produção, comercialização e abastecimento da população.

Imagem 19 - Ruínas da Patriarcal

Imagem 20 - Ruínas da Ópera

Imagem 21 - Ruínas Igreja S. Nicolau

Imagem 22 - Ruínas da Sé (Basílica de Santa Maria)

Page 40: O uso da abobada na construcao pombalina

20

2.2.2 A reacção do comando

Perante um estado completo de desordem era fundamental que existisse uma

resposta urgente, determinada e eficaz por parte das entidades de poder, o que não

seria tarefa fácil, imaginando o desespero e fuga tanto da população em geral, como

da família real e de alguma nobreza. Todavia, face a este ambiente trágico de

devastação, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra –

Sebastião José de Carvalho e Melo (1699 – 1782) – adquiriu uma relevância

significativa no processo de resolução da crise instalada e da reorganização da

cidade destruída. Aquele que viria a ser conhecido, mais tarde, como Marquês de

Pombal, procedeu, de facto, à tomada de providências de urgência através de uma

conduta pragmática. Apesar de existirem doutrinas religiosas que justificavam a

ocorrência da catástrofe como uma punição divina pelos pecados humanos, e

mesmo que tenham sido efectuados actos devotos para tranquilizar a alma dos

habitantes, Pombal acreditava que se deveria olhar para o problema de forma mais

prática. Por isso mesmo, o poder religioso deveria agir de forma a facilitar a tarefa

do estado e não de maneira a incutir mais pânico e desalento à população (FRANÇA,

1988). Assim, era fundamental enterrar os mortos e tomar especial atenção no

cuidado aos que tinham sobrevivido.

Para restituir a ordem na cidade foi imprescindível a aplicação de medidas

rigorosas. Em primeiro lugar, procurou-se atender às necessidades básicas dos

habitantes, procedendo à distribuição de produtos alimentares e à prestação de

cuidados de saúde. Para evitar a propagação de epidemias e para facilitar a

Imagem 23 - Gravura britânica de 1756

Page 41: O uso da abobada na construcao pombalina

21

deslocação dentro da cidade foram reunidos esforços de prisioneiros para

realizarem actividades de limpeza dos escombros.

No que toca à segurança e ao cumprimento das leis, também estes aspectos

ficaram assegurados, uma vez que foram solicitadas forças militares extraordinárias,

de forma a manter a ordem na cidade, e foi aplicada uma política de justiça rígida

que estabelecia a existência de julgamentos rápidos e o enforcamento de

desordeiros (FRANÇA, 1988). Apesar de ser uma tarefa complicada, procurou-se

controlar ao máximo a especulação de bens, numa tentativa de manter os preços

semelhantes àqueles que vigoravam antes do terramoto. Para além disso, e de forma

a restabelecer os equipamentos públicos, como é o caso da Alfândega, a todos os

produtos importados foi introduzida uma taxa de 4% que facilitou, posteriormente, a

obtenção de fundos para a reedificação da cidade (MASCARENHAS, 2009). Pombal

soube aproveitar a posição que assumiu e preocupou-se verdadeiramente com o

estado do país. Como complemento às actividades de limpeza e reorganização da

cidade de Lisboa, e para reconhecer o real estado da nação a nível demográfico e

físico, o ministro ordenou que se procedesse à elaboração de um questionário que

deveria ser preenchido por todas as paróquias (Memórias Paroquiais).

Efectivamente, Marquês de Pombal teve um papel relevante e decisivo na

resposta pós-catástrofe e foi muito para além das providências de circunstância que

foram apresentadas, abrindo uma linha de debate sobre o futuro desenvolvimento

urbanístico de Lisboa. No fundo “uma nova era ia (…) começar para o país” e “o

seu novo senhor mandava traçar os planos da nova cidade que seria sua capital”

(FRANÇA, 1988, p. 76).

Imagem 24 - Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal)

Page 42: O uso da abobada na construcao pombalina

22

2.3 A reconstrução como resposta ao terramoto

Desde cedo, Pombal preocupou-se com o destino da cidade, introduzindo

assim instrumentos políticos e legislativos precisos, mesmo antes de se saber ao

certo qual seria a estratégia de reedificação a implementar. Para o processo de

reconstrução contou-se igualmente com a influência de experiências que já tinham

sido conduzidas em cidades no estrangeiro que tinham sofrido com catástrofes de

escala semelhante (MONTEIRO, 2008).

Logo no final do mês de Novembro de 1755, o Marquês de Pombal ordenou

que fosse realizado um levantamento rigoroso e exaustivo de todos os edifícios,

praças e vias de comunicação existentes até ao dia do terramoto, de forma a

controlar problemas associados à redistribuição e disputa de propriedade durante o

processo de reconstrução. De forma a controlar não só a fuga da população, como

também a expansão descontrolada do tecido urbano, foi introduzida, através do

Decreto de 3 de Dezembro de 1755, a proibição de edificar novas construções fora

dos antigos limites da cidade. A 30 de Dezembro do mesmo ano, estendia-se esta

interdição a todas as novas edificações dentro da cidade, pelo menos enquanto o

processo de levantamento não estivesse concluído e não tivessem sido

apresentados os planos de reconstrução (FRANÇA, 1988). Atendendo a que poucas

habitações apresentavam condições de segurança e salubridade após o terramoto e

que, por consequência, grande percentagem da população tinha ficado desalojada,

era extremamente complicado decretar e impor estas regras. No entanto, as

estruturas governamentais e jurídicas demonstravam-se inflexíveis quanto a esta

situação, surgindo no dia 12 de Fevereiro de 1756 uma nova norma que determinava

a demolição de todas as construções ilegais – ou seja, as edificações que não

respeitavam o que tinha ficado estabelecido nos decretos anteriores (FRANÇA,

1988).

Outras intervenções foram dirigidas pelas entidades de poder,

nomeadamente no que toca à fiscalização do sector da construção e do

arrendamento das habitações, para combater a especulação de preços. É importante

então ter em conta que, de certa forma, a catástrofe que devastou a cidade por

completo, também se transformou num “(…) bom pretexto para antecipar uma

reforma legislativa que se adivinhava e que se reclamava (…) capaz de promover as

necessárias transformações na estrutura da propriedade imobiliária urbana (…)”

Page 43: O uso da abobada na construcao pombalina

23

(MONTEIRO, 2008, p. 83). Para além da tomada destas decisões políticas, iniciava-

se, em simultâneo, uma reflexão na Casa do Risco das Obras Públicas 2 –

começavam-se a desenhar propostas para o Plano de reedificação da cidade, tendo

Manuel da Maia (1677-1768) adquirido um papel importante na direcção destes

projectos.

2.3.1 Dissertação de Manuel da Maia

Pode dizer-se que grande parte do pensamento inicial desenvolvido sobre a

edificação da nova cidade de Lisboa deve-se ao engenheiro-mor do reino, Manuel

da Maia. Apesar da sua idade avançada (oitenta anos), redigiu um conjunto de

reflexões e alternativas urbanísticas relativas à reconstrução da cidade, numa

dissertação que revela o seu sentido prático e o facto de ser “(…) um profissional

consciencioso e atento à ciência do seu tempo” (FRANÇA, 1988, p. 78). Esta linha

de discussão, encomendada pelo ministro Sebastião José de Carvalho e Melo e

desenvolvida por Manuel da Maia, divide-se em três textos que serviram de

orientação para a reedificação da cidade. De seguida pretende-se expor os

pensamentos essenciais que foram transmitidos, pelo engenheiro, em cada parte da

sua dissertação.

Primeira parte da dissertação

Na primeira parte, apresentada a 4 de Dezembro de 1755, Manuel da Maia

descreve cinco alternativas de actuação para a reconstrução da cidade, evidenciando

os aspectos positivos e negativos de cada uma das hipóteses. A primeira solução

consistia em reconstruir a cidade, no mesmo local, seguindo os pressupostos

urbanísticos e arquitectónicos antigos, “(…) levantando os edifícios nas suas

antigas alturas, e as ruas nas suas mesmas larguras” (MAIA, 1988 a). Apesar do

engenheiro admitir vantagens neste modo de intervir – como a utilização dos

escombros como possíveis materiais de construção, a rapidez da obra e a facilidade

em redistribuir os bens pelos proprietários – rapidamente critica a implementação

desta opção pois, se tomada, revelaria não só falta de cuidado no aperfeiçoamento

e modernização de uma cidade que necessitava de ser inteiramente reconstruída,

como também falta de aprendizagem face às consequências da catástrofe. Tal como

                                                            2 Apesar da Casa do Risco das Obras Públicas ter desenvolvido outros projectos, ao longo do tempo, foi criada especificamente para o processo de reconstrução da cidade após o terramoto de 1755;

Imagem 25 - Engenheiro Manuel da Maia

Page 44: O uso da abobada na construcao pombalina

24

expõe Manuel da Maia no seu primeiro texto, tomar esta decisão suponha “q o

terramoto passado não he pronostico de outro” (MAIA, 1988 a) e que a população

teria esquecido completamente a vulnerabilidade do tecido urbano e das

construções precedentes.

Seguidamente, são propostas mais duas hipóteses, que se assemelham à

primeira pela manutenção do sistema arcaico da cidade, embora actualizando

alguns dos seus parâmetros. Assim, na segunda solução levantar-se-iam os

edifícios com a mesma altura, e no mesmo lugar, com a particularidade de se perder

parcialmente propriedade para garantir o alargamento das vias de comunicação mais

estreitas. A partir do principal ponto negativo da hipótese anterior – algumas

edificações continuariam a possuir alturas elevadas que poderiam ser prejudiciais

durante a ocorrência de terramotos ou incêndios – é criada uma terceira opção que

apenas acrescenta a limitação da altura das construções a três pisos

(MASCARENHAS, 2009).

Se os três modelos de intervenção anteriores tinham demonstrado um

pensamento mais contido, as duas últimas propostas apresentadas por Manuel da

Maia demonstram intenções mais radicais. Na quarta solução, o engenheiro sugere

a reconstrução integral da cidade central através de um plano completamente novo.

Para aplicar este quarto modo deveriam ser arrasados todos os bairros baixos, que

tinham sido destruídos durante o cataclismo, e elevar a nova cidade sobre os

escombros. Este último ponto teria uma importância significativa, uma vez que a

acomodação dos entulhos controlaria a “(…) aspereza das serventias da cid.e baixa

p.ª a alta (…) expelindo tambem as aguas com melhor êxito p.ª o mar, livrando Lix.ª

baixa das inundações q padece em occasioens de maré chea” (MAIA, 1988 a). Tal

como na terceira solução, Manuel da Maia tece comentários sobre a importância da

altura das edificações e, portanto, nesta opção indica que a altura das construções

não deveria ultrapassar a largura das ruas adjacentes, de forma a respeitar condições

de segurança. Mesmo que, através deste modo, fosse melhorada a condição urbana

da cidade, o engenheiro-mor aponta para a dificuldade do estado em redistribuir as

propriedades, existindo um “(…) grave pezo de dar a cada hum a justa satisfação

do q lhe pertencer” (MAIA, 1988 a).

Por último, o quinto modo corresponde à construção de uma cidade

completamente nova em Belém, deixando que o tempo se encarregasse de ditar a

Page 45: O uso da abobada na construcao pombalina

25

história da antiga cidade em ruínas. Maia, na sua dissertação, parece gostar

particularmente desta proposta, na medida em que existiria a oportunidade de se

edificar uma cidade planificada, sem constrangimentos, num lugar onde o solo

apresentaria um melhor comportamento face à ocorrência de um novo terramoto.

Apesar disso, Manuel da Maia não aponta para um caminho em concreto, preferindo

apenas levantar sugestões sobre o processo de reconstrução da cidade – sugestões

essas que, sendo bem fundamentadas com a apresentação de prós e contras,

demonstram a sua sensibilidade e coerência face ao tema. O teor das suas críticas

e preocupações não se restringe aos problemas urbanos e arquitectónicos, mas

também à dificuldade económica que se vivia e à eventual capacidade das entidades

do poder em realizar cada uma das propostas sugeridas.

Segunda parte da dissertação

Já no final da primeira parte, Manuel da Maia se tinha comprometido a

desenvolver um segundo texto com maior grau de pormenor. Após a aceitação da

sua dissertação por parte do rei e tendo noção que se considerava mais apropriada

a renovação da cidade sobre os escombros, na mesma área central (quarta opção),

Maia dá início ao desenvolvimento de mais um texto que seria apresentado a 16 de

Fevereiro de 1756. No que toca à estrutura desta segunda parte, esta acaba por

seguir a metodologia da anterior, na medida em que se voltam a apresentar algumas

alternativas, para que possam ser analisadas, distintamente, através das suas

vantagens e inconvenientes.

Mesmo partindo do pressuposto que se iria então reedificar a cidade,

conservando-a na área baixa, Manuel da Maia não entende que se queira fazê-lo de

forma a manter as vias de comunicação exactamente com a mesma forma arcaica e,

por isso mesmo, expõe três possibilidades de reconstrução, tendo em conta a

definição da estrutura viária. A primeira alternativa consistiria em renovar a cidade

através de um projecto totalmente novo que pudesse corresponder às condições de

segurança, sem constrangimentos, e que fosse demarcado por uma maior

regularidade. Todavia, pensando igualmente na conservação da imagem da cidade,

o engenheiro-mor sugere mais dois tipos de configuração. Assim, a segunda

possibilidade comportaria a conservação do traçado inicial das ruas principais,

como a Rua Nova dos Ferros, a Rua dos Ourives, a rua dos Escudr.os e Odreiros,

alargando as vias mais estreitas através da “(…) diminuição do valor da propriedade

Page 46: O uso da abobada na construcao pombalina

26

(…)” (MAIA, 1988 a). Numa terceira opção, acrescentar-se-ia ao segundo modo a

abertura de travessas e becos, para que todas as vias públicas apresentassem uma

dimensão adequada de segurança.

Apesar de apresentar estas duas últimas hipóteses, o autor adverte para os

seus pontos negativos. O eventual processo de ampliação das ligações mais

estreitas, travessas e becos, iria acarretar a perda de muitas habitações, não

excluindo que seria necessário rectificar alguns alinhamentos de edifícios nas

próprias vias principais. A partir destas reflexões, Maia deixa claro que o processo

de melhoramento da cidade através da implementação do segundo ou terceiro modo

apresentaria mais limitações que vantagens, dirigindo a sua preferência para a

reconstrução total da cidade (FRANÇA, 1988). É exactamente neste modelo de

intervenção que se focaliza, especificando tecnicamente o problema da expropriação

de propriedades. De uma forma geral, explicita que a redistribuição de rendimentos,

da malha antiga para a nova estrutura de cidade, deveria ser efectuada,

proporcionalmente, com base numa estimativa do património perdido por cada

proprietário. De maneira a harmonizar e equilibrar este processo, todo o proprietário

a quem fosse atribuído mais valor do que aquele que detinha antes da catástrofe,

deveria devolver o excedente, para que se pudesse satisfazer as necessidades de

outro credor a quem fosse conferido um valor menor do que aquele que possuía

(MASCARENHAS, 2009). Se, por outro lado, não fosse possível chegar a consenso

na atribuição de áreas a proprietários, deveria ser o rei a responsabilizar-se pela

construção nessas parcelas.

É importante referir ainda que, na segunda parte da sua dissertação, são

lançadas, pela primeira vez, reflexões sobre a linguagem arquitectónica a seguir na

projecção da nova cidade. Para Manuel da Maia era fundamental que se tivesse em

linha de conta a uniformidade das construções, preservando cada rua “(…) a

mesma simetria em portas e janellas e alturas (…)” (MAIA, 1988 b). Nomeia ainda

Eugénio dos Santos, arquitecto do Senado de Lisboa, como responsável por

desenhar os novos planos para a cidade com base nos princípios enunciados no seu

texto, ou seja, através de uma visão de conjunto (FRANÇA, 1988).

Page 47: O uso da abobada na construcao pombalina

27

Terceira parte da dissertação

O principal fundamento da última parte da dissertação de Manuel da Maia,

completada a 31 de Março de 1756, prende-se com a apresentação de desenhos

correspondentes a projectos de reconstrução da cidade. Assim, como complemento

à parte escrita são anexadas: seis plantas da cidade, representando igualmente seis

propostas distintas; três vertentes de fachadas e uma planta de pormenor de uma

ligação viária de 60 palmos de largura. Para a execução destes planos, Manuel da

Maia elegeu equipas de trabalho, formadas por engenheiros oficiais da academia

militar, que deveriam seguir as orientações expressas na sua dissertação. A cada

equipa foi fornecida uma planta da parte destruída da cidade e exigidas propostas

que representassem diferentes tipos de estratégias. No fundo, a produção dos

trabalhos não teve como base um concurso, mas sim a definição de várias

experiências sobre a baixa de Lisboa. Para além da eleição das equipas de trabalho,

Manuel da Maia expressa a necessidade de nomear colaboradores que tenham

especial papel na “(…) execução desta dificultosa obra da renovação de Lisboa

baixa, para a guiarem livre dos embaraços q se poderão encontrar, ou incluir entre

a correspondência do antigo com o moderno, (…)” (MAIA, 1988 c). Prontamente,

Maia apresenta os seus “braços direitos”, são eles: Eugénio dos Santos e o tenente-

coronel Carlos Mardel.

Imagem 26 - Engenheiro Eugénio dos Santos

Imagem 27 - Tenente-Coronel Carlos Mardel

Imagem 28 - Desenho para fachada tipo presente no anexo da terceira parte da dissertação de Manuelda Maia

Page 48: O uso da abobada na construcao pombalina

28

2.3.2 Principais intervenientes

Tal como tinha sido referido por Manuel da Maia, na terceira parte da sua

dissertação, só a partir “(…)das diversas configurações de um objecto, é que

melhor se (…)” poderia “(…)observar a sua propriedade(…)” (MAIA, 1988 c) e,

portanto, organizou três equipas de trabalho, dirigidas por engenheiros militares

distintos: Eugénio dos Santos, Elias Sebastião Poppe e Pedro Gualter da Fonseca.

A cada um destes três profissionais, deveria juntar-se outro elemento, de forma a

serem criados três tipos de estratégias. Desta forma, a primeira equipa seria

constituída por Pedro Gualter da Fonseca e o praticante da academia militar

Francisco Pinheiro da Cunha. Para acompanhar o capitão Elias Sebastião Poppe, e

consequentemente formar a segunda equipa, foi chamado o seu filho José

Domingos Poppe. Por último, o engenheiro Eugénio dos Santos formou a terceira

equipa acompanhado pelo seu ajudante António Carlos Andreas. Para além dos três

planos que resultaram da formação destas equipas, Manuel da Maia ordenou ainda

que fossem criados mais três planos exclusivos dos dirigentes de cada grupo

2.4 Produção dos planos

2.4.1 Os estudos prévios

Após terem sido estruturadas as três equipas de trabalho e de lhes ter sido

concedida uma carta topográfica da cidade antiga, datada de 1718, os planos

deviam ser desenvolvidos através de linhas orientadoras distintas, contudo Manuel

da Maia estabeleceu a imposição de ser mantida, na íntegra, a localização dos

Imagem 29 – Planta nº1; P. Gualter da Fonseca e F. Pinheiro da Cunha

Imagem 30 -Planta nº2; Elias Sebastião Poppe e José D. Poppe

Page 49: O uso da abobada na construcao pombalina

29

Templos e Capelas, nas três primeiras propostas. Recomendou igualmente a

definição de novas praças – como o Rossio e o Terreiro do Paço – de forma a garantir

a circulação de ar dentro da cidade (SANTOS, 2005).

Pretendendo fazer uma análise das principais estratégias tomadas em cada

plano apresentado, é importante salientar que, de uma forma geral, os projectos vão

evoluindo hierarquicamente, no que diz respeito ao nível de liberdade que

possuíram. Assim, o projecto da definição de uma nova cidade que teve de lidar

com mais restrições, ficou atribuído à primeira equipa de trabalho, correspondente

à parceria entre Gualter da Fonseca e Francisco Pinheiro da Cunha. Os planos a

desenvolver por este grupo de trabalho deveriam ter em conta o respeito pela

linguagem geral da cidade que tinha sido destruída, tentando conservar a sua

fisionomia urbana e procurando apenas apresentar melhorias a nível da correcção

das ruas com menor dimensão, ou a implementação de novas vias de comunicação

para substituir os becos. Com base nestas premissas, a primeira planta não fazia

mais “(…) do que impor uma disciplina ao labirinto pré-existente (…)” apresentado

“(…) as ruas rectilíneas em ângulos bem definidos, ainda que de abertura muito

variável” (FRANÇA, 1988, p. 97). Ao ser interpretada esta primeira planta, é

perceptível a importância que foi transmitida à manutenção do sistema anterior de

artérias principais, ou seja, à preservação não só da Rua Nova dos Ferros, como do

enfiamento definido pelas ruas do Ouro, dos Douradores e dos Escudeiros.

A equipa constituída pelo Capitão Elias Poppe e por José Domingos Poppe

tinha ficado responsável pela projecção de um plano em que não seria necessário

Imagem 31 - Planta nº 3; Eugénio dos Santos eAntónio C. Andreas

Imagem 32 - Planta nº4; Gualter da Fonseca

Page 50: O uso da abobada na construcao pombalina

30

melhorar as ruas estreitas, nem manter obrigatoriamente todas as ruas de maior

dimensão. Dessa forma, pode afirmar-se que usufruía de uma maior liberdade de

criação face ao primeiro grupo de trabalho. A segunda planta proposta preservava a

Rua Nova dos Ferros a partir da qual se desenvolveriam três novas vias de

comunicação no sentido da praça do Rossio.

À terceira equipa tinha sido conferida uma missão com grau de liberdade

ainda maior. Sobre o terreno onde estava implantada a cidade destruída, o

Engenheiro Eugénio dos Santos e respectivo ajudante António Carlos Andreas teriam

de projectar “(…) outra nova planta com toda a liberdade inteiramente, e sem

sogeição nem preceito algum (…)” (MAIA, 1988 c) a não ser a conservação dos

Templos, Capelas e Ermidas. De uma maneira geral, a terceira planta transmitia uma

nova monumentalidade ao Terreiro do Paço, a contar pela dimensão e simetria que

adquire. Em relação à estrutura da rede viária, é dada importância à ligação entre a

Praça do Rossio e o Terreiro do Paço, pela criação de artérias que interligam estes

espaços públicos.

Adicionalmente, e tal como já tinha sido referido, foram desenvolvidos mais

três planos por cada líder das equipas, com a particularidade de não ter sido exigida

a reposição das igrejas e capelas nos mesmos locais, para que este pressuposto de

actuação pudesse entrar “(…) na conta dos pensamentos ponderados” (MAIA,

1988 c). A quarta planta, da autoria de Pedro Gualter da Fonseca, foi projectada com

grande liberdade e, efectivamente, não foram preservados os edifícios de caracter

religioso, numa solução denotada pela ortogonalidade da estrutura viária. A malha

Imagem 34 - Planta nº6, Elias Sebastião Poppe Imagem 33 - Esquiço da Planta nº5, Eugénio dos Santos

Page 51: O uso da abobada na construcao pombalina

31

edificada, nesta estratégia, caracterizava-se por ficar estabelecida em quarteirões de

grande dimensão, graças ao número reduzido de vias existentes no sentido

nascente-poente em comparação com as ruas perpendiculares desenhadas na

direcção norte-sul. Para além disso, as duas praças principais – Terreiro do Paço e

Rossio – apresentavam-se com a mesma direcção e com praticamente as mesmas

dimensões.

Tal como tinha acontecido na planta nº 4, o plano de Elias Sebastião Poppe

(6ª planta) propõe a definição de um tecido urbano reticulado “(…) sem atender à

conservação dos sítios antigos (…)” (MAIA, 1988 c), dando importância, mais uma

vez, à interligação entre as duas praças com maior dimensão. Apesar de ter esta

semelhança com a planta de Gualter da Fonseca, o plano em causa apresenta-se

diferente relativamente à dimensão e forma dos quarteirões. Assim, a malha do sexto

plano é constituída por um maior número de blocos edificados, que apresentam,

simultaneamente, uma configuração praticamente quadrangular e um tamanho

reduzido. Acrescenta-se ainda o facto de este ser o único projecto em que o Terreiro

do Paço ficou delimitado por edifícios em toda a extensão do seu perímetro,

inclusivamente na margem adjacente ao Rio Tejo.

Entre as reflexões mais ousadas, sobre a reconstrução da Baixa, estava

incluída aquela que seria a hipótese eleita. Desenvolvida individualmente pelo

Engenheiro Eugénio dos Santos, a planta nº 5 “é simultaneamente a mais judiciosa

e inovadora” (SANTOS, 2005), uma estratégia demarcada pelo traçado geométrico

ortogonal.

2.4.2 O plano (de/para) execução

De todas as hipóteses, o esboço nº 5 foi o seleccionado como suporte para

o projecto de reedificação da zona central da cidade e, a sua aplicação compreendia

não só a introdução de noções urbanísticas completamente renovadas, bem como

“inovações em termos de funcionamento, salubridade e prevenção contra possíveis

calamidades (MASCARENHAS, 2009, p. 42).

De uma forma geral, o plano criado por Eugénio dos Santos caracterizava-se

por um traçado regular assente numa malha edificada reticular que ficava definida a

partir de uma clara hierarquização da rede viária. As vias de comunicação, por sua

vez, desenvolviam-se em função dos espaços públicos mas emblemáticos que

Page 52: O uso da abobada na construcao pombalina

32

tinham sido conservados na sua localização e hierarquia: a Praça do Comércio, de

configuração quadrangular em diálogo com o rio Tejo, co posteriormente como o

centro das grandes transformações políticas e económicas da cidade pombalina; a

Praça do Rossio, projectada no novo plano com cerca de metade da dimensão da

Praça do Comércio, que possuía um carácter mais social e comunitário (ROSSA,

2004). Embora tenha sido preservada a memória destes dois espaços, à “luz” da

nova proposta foram regularizados e alinhados, entre si, pela vertente poente. A

classificação hierárquica da estrutura viária é efectuada através da distinção entre

ruas e travessas, ganhando mais notoriedade as ruas que estabelecem ligação entre

as Praças do Comércio e Rossio, nomeadamente as ruas do Ouro e Augusta. A malha

Imagem 35 - Planta para a reedificação da Baixa Pombalina

Imagem 36 - Gravura da Baixa Pombalina reedificada, vista sobre a Praça do Comércio

Page 53: O uso da abobada na construcao pombalina

33

construída, enquadrada entre as duas praças, é formada por quarteirões que

assumem uma forma rectangular. Estes orientam o seu lado com maior dimensão

para as ruas principais e, portanto, a grande maioria dos quarteirões fica alinhada na

direcção norte-sul. Exceptua-se neste ponto a “inversão morfológica a sul (…) para

processar o acompanhamento da Rua Nova d’El Rey” (ROSSA, 2004, p. 62). Para

atribuir novas condições de salubridade, foram projectados logradouros na maioria

dos quarteirões, que contribuíam não só para a circulação de ar na massa edificada,

como também para o melhoramento de iluminação natural no interior das

construções, uma vez que a profundidade dos edifícios ficava mais reduzida.

Outro aspecto bastante relevante para a definição do plano de reconstrução,

prende-se com a uniformidade que deveria ser atribuída à linguagem arquitectónica

da cidade, algo que começara a ficar estabelecido logo a partir da segunda parte da

dissertação de Manuel da Maia. Para isso, foram projectados inúmeros alçados de

frentes de rua, que variam consoante a posição hierárquica de cada rua e que

contribuem para “(…) o controle total da volumetria e expressão arquitectónica dos

quarteirões que, de um ponto de vista urbanístico, se comportam como a unidade

arquitectónica de base, não o edifício sobre o lote” (ROSSA, 2004, p. 63). A

uniformidade é essencialmente transmitida pela repetição dos vãos, pelo

estabelecimento de número padrão de pisos e definição da altura máxima dos

edifícios, tendo como referência o estabelecimento da maior dimensão no Terreiro

do Paço. Estas projecções para fachadas são igualmente capazes de se adaptar aos

casos em que as ruas apresentam um declive acentuado, na medida em que o

módulo do alçado é repetido, com a mesma altura, em função da cota de soleira.

Imagem 37 - Prospecto de fachadas das ruas principais, autoria de Eugénio dos Santos

Imagem 38 – Prospecto de fachadas para a Rua Nova do Carmo, autoria de Eugénio dos Santos

Page 54: O uso da abobada na construcao pombalina

34

A edificação da nova cidade foi ainda orientada e influenciada por um

conjunto de regras urbanísticas inovadoras que visavam um aperfeiçoamento das

condições de higiene e salubridade dos espaços exteriores, bem como um

melhoramento do comportamento das estruturas construídas face a uma nova

catástrofe (ROSSA, 2004). Entre estas normas, podem-se salientar a imposição da

altura máxima das edificações com base na largura das ruas adjacentes, a inclusão

de passeios, a implementação de infra-estruturas técnicas, como é o caso das redes

de esgotos, e a introdução de um novo conceito construtivo em estrutura anti-

sísmica e guarda-fogo que será tratada, com maior pormenor, no capítulo seguinte.

Para além dos aspectos referidos e tal como já tinha sido observado, o plano

de Eugénio dos Santos apresentava-se ousado por não conservar, no mesmo local

os edifícios, de carácter religioso. Na nova planta, as Igrejas ganham assim uma

nova tipologia, uma vez que são enquadradas dentro dos próprios quarteirões,

dissimulando a sua volumetria numa estrutura urbana global.

   

Imagem 39 - Corte transversal de um quarteirão, exemplificando o sistema de rede de esgotos

Page 55: O uso da abobada na construcao pombalina

35

03 O Plano em Prática

3.1 A sua unidade tipo-morfológica

3.1.1 O conceito

A destruição provocada pelo sismo de 1755 exigia um plano pragmático que

fosse capaz de repor a habitabilidade na cidade de forma rápida e eficaz. Nesse

sentido, as directrizes primordiais do plano deveriam reflectir um grande

pensamento de economia, racionalidade e solidez, que visassem, acima de tudo, a

estabilidade e durabilidade das edificações. Estas premissas influenciaram, em

grande medida, a unidade tipo-morfológica do plano.

Entende-se então o facto de os edifícios não surgirem singularmente, mas

integrados numa unidade geral de base, existindo uma supremacia do quarteirão em

detrimento da propriedade individual. Sobrevalorizando-se a imagem urbana, os

diferentes edifícios construídos eram dissimulados dentro de uma fachada que se

apresentava “contínua e austera (…) sendo por vezes difícil dizer onde uma

propriedade começa ou acaba” (MASCARENHAS, 2009, p. 49). Não seriam

privilegiados os pormenores de embelezamento decorativo, mas sim uma ideia de

conjunto para o exterior, apresentando as fachadas um desenho rígido e depurado.

Neste panorama, as variações nas fachadas eram apenas fruto da hierarquização das

vias de comunicação e, por consequência, era nas ruas principais que se

projectavam as fachadas mais elaboradas.

3.1.2 Estandardização e Pré-fabricação

Com base nesta racionalização e uniformização da construção, onde as

diversas unidades edificadas “se juntavam umas às outras sem variação possível”

(FRANÇA, 1988, p. 162), foi igualmente possível estabelecer um padrão dos

elementos construtivos presentes na composição dos quarteirões que poderia ser

multiplicado ao longo de toda a malha urbana. Para aumentar ainda mais a economia

de mão-de-obra e recursos, estes sistemas eram produzidos em larga escala e

independentemente do bloco edificado onde seriam incluídos.

Aborda-se, neste ponto, mais um parâmetro inovador assente neste plano de

reedificação da cidade: a prefabricação das diferentes peças arquitectónicas que,

Page 56: O uso da abobada na construcao pombalina

36

invariáveis e multiplicáveis nas suas características fundamentais, apontam também

para a estandardização na construção. Deste modo, “as relações habituais entre o

artesão e a obra final encontravam-se anuladas: o operário começava a fabricar

abstractamente peças-tipo, longe dos locais em que outros operários as reuniriam”

(FRANÇA, 1988, p. 163).

3.1.3 Relação exterior-interior

Partindo do pressuposto, já enunciado, que as diversas parcelas edificadas

deveriam apresentar uma fachada única e coesa que fortalecesse o sentido de

conjunto, verifica-se que a composição arquitectónica das fachadas acaba por não

ser fruto da organização espacial interna. Ou seja, a imagem externa dos edifícios

não resulta de uma adaptabilidade exterior face ao espaço interno projectado em

cada edifício singular. Isto, se considerarmos que no plano de reedificação da

cidade ficaram realmente previstos os desenhos das diversas fachadas que

poderiam ser implementados em função da importância das vias, não se

apresentando modelos de estruturação espacial interna.

Pelo contrário, a projecção da espacialidade interior dos edifícios é que teve

de passar pelo exercício de se acomodar ao sistema de fachadas, a uma escala

urbana e, por isso mesmo, “a divisão interna das plantas varia de edifício para edifício

devido à dimensão e posição do edifício no quarteirão” (MASCARENHAS, 2009, p.

66).

Para complementar o facto de a disposição interior ter sido adaptada ao

desenho tipo das fachadas, soma-se ainda a constatação que a reedificação da

cidade foi um processo moroso, ao contrário daquilo que tinha sido previsto

inicialmente. Além disso, as estruturas de organização interna das construções da

Baixa Pombalina apresentavam várias alterações, resultantes também da actuação,

ao longo do tempo, dos vários proprietários.

3.1.4 A “gaiola” pombalina – Realidade anti-sísmica

O plano da Baixa Pombalina revelou-se realmente revolucionário pelo

tratamento uniformizado do quarteirão. Todavia, não apenas neste ponto reside a

inovação desta reconstrução da cidade, na medida em que representou, de igual

forma, “um verdadeiro contributo português para a evolução das técnicas de

Page 57: O uso da abobada na construcao pombalina

37

construção e engenharia anti-sísmica” (TOBRINER, 2004, p. 160). Se

considerarmos a antiga construção tradicional em alvenaria ordinária de pedra ou

tijolo, verificamos que consiste num sistema relativamente frágil no que

corresponde ao seu comportamento face à actividade sísmica. Após a ocorrência do

sismo de 1755 em Lisboa, era essencial considerar-se a definição de um sistema

construtivo menos vulnerável a este tipo de fenómenos naturais. Assim, encoberta

pelas paredes externas de alvenaria dos edifícios construídos durante o processo de

reedificação da Baixa, surge uma estrutura interna em madeira, conhecida por gaiola

Imagem 40 - Corte em perspectiva de um edifício pombalino, apresentando a sua organização ecaracterísticas interiores. (MASCARENHAS, 2009)

Page 58: O uso da abobada na construcao pombalina

38

pombalina, que permitiu a edificação, no interior, de paredes consideravelmente

mais ligeiras, interligadas e solidárias com os pavimentos e com as paredes

exteriores ganhando maior elasticidade em situação de terramoto.

Importa descrever sumariamente este método estrutural, utilizado nos pisos

elevados, assente numa estrutura rectilínea maleável composta por “uma matriz de

elementos verticais, os prumos, de elementos horizontais, os travessanhos, e de

elementos em diagonal que formam várias cruzes de Santo André, geometria essa

que deriva do conhecimento empírico que diz que é difícil deformar um triângulo”

(MASCARENHAS, 2009, p. 83). Para além de possuírem um papel fundamental para

o reforço do sistema da estrutura em gaiola, os elementos diagonais contribuem

para a absorção e dispersão das cargas laterais (TOBRINER, 2004). Esta estrutura

em madeira, que poderia empregar carvalho ou azinho, seria interligada a partir do

recurso a componentes quer de madeira, através da técnica de ligação macho-

fêmea, quer de ferro (FRANÇA, 1988). Ao contrário do que tinha ficado estabelecido

para as fachadas, não existe registo de instruções explícitas para a construção dos

interiores dos edifícios.

Ainda que este não seja um sistema construtivo completamente pensado de

raiz3, a sua relevância centra-se no seu aperfeiçoamento, na sua aplicação de modo

generalizado e sistemático a praticamente todos os edifícios da Baixa e o facto de

ter representado uma solução de grande renovação e inovação construtiva, capaz de

assegurar um melhor comportamento em caso de sismo, complementada sempre

com o tratamento regular e simétrico das construções que já foi referido

anteriormente.

Para além disso, a gaiola é, também, mais um modo de estandardização da

construção pombalina, isto porque “a estrutura em madeira (…) podia ser

prefabricada e montada como se de um esqueleto se tratasse, antes do enchimento

com alvenaria” (TOBRINER, 2004, p. 162).

Se, nos pisos superiores, foi empregue o sistema estrutural anti-sísmico –

“gaiola pombalina” – para a edificação do embasamento desta estrutura em madeira

(ou seja, dos pisos térreos) foram utilizadas outras soluções construtivas. Não só

                                                            3 Tal como Jorge Mascarenhas indica no seu livro Sistemas de Construção V – O Edifício de Rendimento da Baixa Pombalina de Lisboa, existiam já nos locais mais antigos da cidade algumas edificações que possuíam estruturas de gaiolas, embora executadas com menor grau de aperfeiçoamento e elaboração.

Page 59: O uso da abobada na construcao pombalina

39

nos sistemas estruturais os pisos térreos diferiram dos métodos utilizados nos pisos

elevados. Desde as primeiras considerações tecidas sobre o plano de reedificação

da cidade, mais concretamente aquelas que foram apresentadas a partir da segunda

dissertação de Manuel da Maia, já a nível programático se previam diferenças para

os pisos térreos. Complementando a habitação que se estabelecia superiormente,

estes pisos eram aproveitados, normalmente, para actividades de comércio.

Imagem 41 - Axonometria de pormenor do sistema de Gaiola Pombalina. (MASCARENHAS, 2009)

Page 60: O uso da abobada na construcao pombalina

40

A nível construtivo, são poucos os estudos que nos transmitem uma visão

aprofundada sobre os sistemas utilizados nestes pisos. Toma-se como referência o

autor Jorge Mascarenhas, como o primeiro a identificar claramente as três hipóteses

de construção implementadas. Segundo este, a estrutura dos espaços em análise

pode ser efectuada através de três tipos de composição construtiva, que acabam por

servir de suporte ao pavimento do primeiro andar: paredes resistentes e pilares

isolados interligados por abóbadas que podem descarregar em arcos; paredes

resistentes e pilares isolados interligados por arcos; vigamentos em madeira

assentes em paredes resistentes e pilares de pedra (MASCARENHAS, 2009).

Imagem 42 - Estrutura de cobertura do piso térreo em abóbada de aresta

Imagem 43 - Estrutura de cobertura do piso térreo em arcos e vigas de madeira

Imagem 44 - Estrutura de cobertura do piso térreo em vigamento de madeira

Imagem 45 – Abóbada com arco toral no perímetro da fachada

Imagem 46 - Sistema de arcos apenas paralelos à fachada

Imagem 47 - Pavimento do 1ºandar sobre abóbada

(MASCARENHAS, 2009)

 

Perspectivando a segunda hipótese enunciada – a construção do piso terreo

com base num sistema abobadado – não se conhece ao certo a sua distribuição

geográfica dentro do plano da baixa, contudo aponta-se para a sua maior existência

nas ruas secundárias, onde tinham ficado previstas funções associadas a armazens

ou estábulos (MASCARENHAS, 2009). As abóbadas, recorrendo à utilização de

tijolo, eram, de uma forma geral de aresta, existindo, ainda assim, abóbadas de

berço perfeito e abatido.

Page 61: O uso da abobada na construcao pombalina

41

3.2 A sua materialização ao longo do tempo

Por todas as características reflectidas no plano de 1758, que vão desde as

primeiras considerações de Manuel da Maia, na sua dissertação, até aos próprios

sistemas construtivos inerentes à reconstrução da malha edificada da zona central

da cidade, pode dizer-se que a Baixa Pombalina representa um dos principais

exemplos do urbanismo e arquitectura histórica em Portugal. A sua importância para

o desenvolvimento urbano da cidade de Lisboa contribuiu, inclusive, para a

classificação desta área como Imóvel de Interesse Público em 1978.

Por outro lado, a constante evolução da cidade e das necessidades

económicas, políticas e sociais, influenciaram rapidamente a tomada de certos

ajustes e alterações nas construções e, consequentemente, “(…) a Baixa foi forçada

a modernizar-se, (…)“ (SALGADO, 2008, p. 235) para que novas actividades

pudessem ser introduzidas na malha antiga, como são exemplos os bancos, novos

modelos de comércio, novos sistemas de transportes públicos, entre outros. Para

além destas estratégias, de centralizar as principais actividades urbanas,

económicas e financeiras na zona baixa da cidade, outras mutações foram

implementadas nos edifícios da Baixa Pombalina, de génese particular. Muitas obras

pontuais foram efectuadas ilegalmente, no interior das construções, assentes na

modificação da disposição organizacional dos espaços e na subversão dos sistemas

construtivos, espelhando, de uma forma geral, “(…) a ausência total de qualquer

conhecimento ou preocupação com a conservação das características da Baixa”

(SANTOS, 2005, p. 116).

Embora tenham sido implementadas estas alterações profundas, como, por

exemplo a reformulação e adaptação dos edifícios às novas necessidades da cidade,

a realidade é que a unidade tipo-morfológica dos quarteirões, como característica

fundamental do plano de 1758, foi perdurando ao longo do tempo. De tal forma que

esta estrutura urbana conseguiu preservar “(…) o seu papel polarizador na

organização da cidade, como centro político, administrativo, económico e financeiro

(…)” (SALGADO, 2008, p. 236) até cerca dos anos 60, altura em que se dá uma

descentralização dos principais serviços da cidade para fora dos limites da Baixa

Pombalina, contribuindo não apenas para a valorização de novos pólos urbanos mas

também, por consequência, para a decadência da zona histórica da cidade.

Page 62: O uso da abobada na construcao pombalina

42

Imagem 48 - Incêndio nos antigos Armazéns do Chiado (1988)

 

Imagem 49 – Planta de intervenção do Arquitecto Siza Vieira com apontamento do metro de Lisboa

Page 63: O uso da abobada na construcao pombalina

43

Inicia-se então um processo de declínio das edificações e dos espaços

públicos pombalinos, fortemente intensificado pelo abandono e progressiva

descaracterização das construções e pela supremacia do trânsito automóvel

(SALGADO, 2008).

Um dos grandes momentos em que teve de ser automaticamente

considerada a revitalização da malha urbana da Baixa Pombalina ocorreu em 1988,

com o incêndio que devastou alguns quarteirões na zona do Chiado (incluindo os

antigos Armazéns do Chiado), considerada já como uma área limítrofe ao próprio

plano da Baixa. A regeneração desta zona, conduzida pelo Arquitecto Álvaro Siza

Vieira, optou pela reestruturação dos quarteirões destruídos, seguindo um respeito

e salvaguarda da linguagem urbana inicialmente prevista, com a integração do

metropolitano, como transporte contemporâneo, na malha consolida da baixa de

Lisboa.

Se, numa primeira fase, a classificação da Baixa Pombalina, em 1978, como

Imóvel de Interesse Público foi um momento importante para a sua valorização

histórica, urbanística e arquitectónica, existe, ainda na actualidade, a noção de que

muito deve ser realizado para reverter o declínio que esta porção da cidade

enfrentou. Não obstante este facto, nas últimas décadas tem sido alimentado o

debate que se gera em torno da salvaguarda, reabilitação e preservação do

património em foco pela sua importância na definição da identidade de Lisboa. Por

isso, o interesse em repensar as dinâmicas deste espaço urbano intensifica-se,

concentrando o esforço das próprias estratégias da Câmara Municipal de Lisboa

para valorizar este território tão complexo e multifacetado.

Um dos exemplos de requalificação e revalorização das dinâmicas do espaço

público da baixa de Lisboa corresponde à recente intervenção na Rua da Vitória pelo

Arquitecto João Pedro Falcão de Campos. Não se pretendendo desenvolver a análise

deste projecto na presente dissertação, refere-se apenas que se trata de um gesto

subtil no território e que pretende interligar a Baixa ao Castelo de São Jorge através

de um percurso pedonal assistido. Seguindo o alinhamento entre a estação de

metro, desenhada por Siza Vieira na Baixa, e a própria extensão da Rua da Vitória,

utiliza-se o edifício de remate, a nascente, como elemento de transição de diferentes

cotas, garantido novas acessibilidades para o centro histórico da cidade e

salvaguardando o conjunto edificado.

Page 64: O uso da abobada na construcao pombalina

44

Imagem 50 - Proposta de requalificação urbana da Rua da Vitória, Arquitecto João Pedro Falcão de Campos

Imagem 51 - Rua da Vitória requalificada; à esquerda: vista sobre os Armazéns do Chiado; à direita: vista para a encosta do castelo

Algo que importa ainda salientar, nesta que é uma descrição sucinta da

evolução da Baixa ao longo do tempo, é que, seja nos processos de requalificação

urbana do centro histórico da cidade, seja na projecção da expansão urbana

territorial, o Plano de 1758 representa, ainda na actualidade, um excelente exemplo

a seguir, essencialmente porque “(…) contém (…) todos os ingredientes que (…)

são indispensáveis para fazer cidade: um programa político que exprime uma visão

de futuro da cidade, uma estratégia negocial para mobilizar actores e meios

financeiros, traçados do espaço público, regras de composição arquitectónica,

normas técnicas para a sua execução, critérios de gestão e uma sábia utilização do

tempo” (SALGADO, 2008, p. 234).

 

Page 65: O uso da abobada na construcao pombalina

45

04 Casos de Estudo

Como já referido anteriormente, toma-se como casos de estudo três áreas

distintas: a zona do Cais do Sodré, do Chiado e a das praças do Rossio e da Figueira.

Por se tratarem de zonas limítrofes do plano da Baixa Pombalina, representam

também áreas em que os dados obtidos podem contrastar mais com os estudos já

realizados, até à data, dentro desta temática – que se fixaram mais na parte central

e nas ruas principais do plano.

Graf. 4 - Ortofotomapa com indicação das zonas em estudo; 1:15000

Embora com uma matriz semelhante, são perceptíveis algumas diferenças

nos traçados destes três locais. Destas diferenças, importa lembrar que, do conjunto

em estudo, apenas o Chiado está implantado numa porção consideravelmente

declivosa da cidade de Lisboa, ao invés do Cais do Sodré e das praças do Rossio e

da Figueira que assentam numa zona plana do território. Esta característica

influenciou, em grande medida, a morfologia da malha edificada nos três casos de

estudo, nomeadamente no que diz respeito ao desenho e dimensionamento dos

quarteirões. Enquanto que no Cais do Sodré e nas praças do Rossio e da Figueira

consegue distinguir-se claramente o bloco ou conjunto de blocos que representam

a unidade do plano, no Chiado, por contrário, existe uma maior extensão do

agregado de edifícios paralelamente às ruas principais, situação semelhante ao que

acontece na Rua da Madalena, onde o quarteirão do lado poente ocupa o

Page 66: O uso da abobada na construcao pombalina

46

comprimento de quase toda a via de forma a controlar e evitar conflitos topo-

morfológicos do traçado viário.

Apesar das diferenças existentes em cada zona em estudo, intrinsecamente

ligadas à sua implantação territorial, o facto de constituírem locais diversificados

quanto à natureza construtiva das edificações enquadra-se na óptica dos objectivos

desta dissertação, uma vez que os objectos tornam-se apropriados para o estudo

aprofundado das realidades construídas nos pisos térreos da Baixa Pombalina.

4.1 Métodos, critérios e limitações

Antes mesmo de apresentar a investigação desenvolvida para cada local em

análise, e com o intuito de simplificar os processos de demonstração e leitura de

resultados, optei por iniciar este capítulo indicando todos os procedimentos que

foram efectuados, tanto na fase de levantamento de campo, como no tratamento e

processamento dos resultados, realçando os casos únicos e excepções e a

consciência das fragilidades e limitações que, naturalmente, o trabalho enfrentou.

Acima de tudo, procurei uma homogeneidade na abordagem metodológica aos três

casos de estudo e, por isso mesmo, torna-se pertinente a definição dos parâmetros

orientadores do tratamento da informação, que serão apresentados de seguida.

De uma forma geral, distingo quatro fases no processamento dos casos de

estudo. Num primeiro momento procedi ao levantamento, análise, interiorização e

questionamento da informação gráfica já disponível e tratada sobre a baixa

pombalina, constante quer em publicações quer em documentos obtidos através de

organismos oficiais (como a Câmara Municipal de Lisboa). Numa fase posterior,

tornaram-se essenciais a consulta e levantamento de dados existentes nos

processos camarários relativos às fracções dos locais em estudo, através do Arquivo

Municipal de Lisboa – AML. Para complementar a informação adquirida na fase

anterior, e de forma a colmatar alguma lacuna nos dados, recorri ao reconhecimento,

in loco, das três áreas, procurando identificar os sistemas construtivos existentes,

na actualidade, nos pisos térreos das construções em análise. Por fim, foi

imprescindível fazer o cruzamento dos vários níveis de informação e o seu

tratamento para fins de demonstração de resultados.

Como se pode observar a partir das seguintes imagens, de forma a

simplificar o tratamento de informação, sintetizei cada caso de estudo por blocos

Page 67: O uso da abobada na construcao pombalina

47

(conjunto de edifícios bem definidos). A nomeação atribuída a cada quarteirão não

é aleatória mas também não se prende a nenhum critério sequencial; trata-se de

uma organização praticamente espontânea, fruto da ordem do primeiro

reconhecimento dos objectos em estudo.

Graf. 5 - Nomeação gráfica do conjunto de edifícios por blocos; 1:6000 - Cais do Sodré, Chiado e praças do Rossio e da Figueira

Levantamento, análise, interiorização e questionamento de informação já

disponível e tratada:

Quando abordamos o período de construção da Baixa, verificamos que o

tempo previsto para a reedificação da área central da cidade estendeu-se em grande

medida, de tal forma que a reconstrução foi conduzida até ao séc. XIX. Nesse

sentido, alguns edifícios sofreram processos de adaptação ou foram até mesmo

substituídos. Certos parâmetros podem ter tido influência nas alterações aos

projectos das edificações, nomeadamente o período/data de construção. O facto de

o plano ter-se estendido ao longo de várias décadas, resultou igualmente na

mudança de construtores responsáveis. Para além disso, e considerando que estão

em causa edifícios de propriedade privada, a Baixa de Pombal sofreu, ao longo do

tempo, várias alterações que, por vezes, desvitalizaram as edificações não só a nível

da linguagem arquitectónica externa, mas também internamente, a partir da

modificação das disposições espaciais, dos sistemas construtivos e dos materiais

de acabamento. Por sua vez, essas mutações nem sempre foram registadas e/ou

informadas legalmente às entidades de administração pública, factor esse que

influenciou a ocultação de pistas para a presente dissertação.

Ainda numa fase primária de reconhecimento do território, deparei-me com

algumas incongruências respeitantes ao registo e divisão de propriedade na Baixa

Pombalina. Os dados existentes e disponibilizados pela CML relativos à subdivisão

dos quarteirões apontam para uma realidade distinta daquela que se pode constatar

no local. A organização dos edifícios, pelos serviços camarários de Lisboa

Page 68: O uso da abobada na construcao pombalina

48

(disponível em http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi), faz-se através da atribuição de um

número de obra a cada imóvel, ficando a este associados todos os processos que

lhe dizem respeito. O que verifiquei, por interpolação da informação oficial com as

visitas ao local, foi que um número de obra não corresponde, necessariamente, a

um único edifício, mas pode ter a si associado um conjunto de edifícios que, por

lógica, podem pertencer a um ou mais proprietários. Seguindo este raciocínio,

averiguei que alguns dos edifícios em estudo, nas três diferentes áreas, partilham

um único número de obra, o que dificultou a percepção real da divisão de

propriedades. Atendendo a que os edifícios em causa são anteriores a este sistema

de registo, o seu processo de selecção e atribuição de números de obra pode não

ter seguido a norma de divisão por unidade edificada singular, mas por outros

critérios que se desconhecem no âmbito desta pesquisa. Importa ainda acrescentar

que foram verificados todos os números de obra em análise, para apurar se

ocorreram uniões e/ou divisões de propriedade, concluindo que não existem

quaisquer anotações desta natureza.

Consolida-se então a ideia que se deve questionar a veracidade do número

de obra, facilitado pela Câmara Municipal de Lisboa, enquanto elemento

representativo dos limites das construções singulares existentes nas malhas em

estudo. Um exemplo desta situação é o bloco D das praças do Rossio e da Figueira

em que existe, claramente, mais que um edifício associado ao mesmo número de

obra – 14679. Levantaram-se as seguintes questões: Será que a distribuição destes

números de obra foi concretizada tendo em conta propriedades pertencentes à

mesma entidade? Quando estas propriedades estão adjacentes tomam o mesmo

número de obra?

Graf. 6 - À esquerda: identificação do bloco com um único número de obra, 1:2500; à direita: fotografia da fachada para o Rossio em que se nota a presença de pilastras, paredes corta-fogo e diferentes cores/texturas

Page 69: O uso da abobada na construcao pombalina

49

Numa tentativa de clarificar esta situação, senti necessidade de obter uma

planta base, uniforme para todo o tipo de levantamentos realizados, que respeitasse

todos os critérios e circunstâncias das realidades em estudo explicados

anteriormente. Para conseguir definir uma referência sólida, recorri a um exercício

de levantamento, in loco, de elementos que me pudessem ajudar a melhor definir

os limites das propriedades/edifícios. Nesse exercício foram contabilizados o

número de vãos (unidade relativa que foi usada como bitola para o posicionamento

das restantes variáveis) e algumas características indicadoras de descontinuidade

de propriedade como são exemplos: as paredes corta-fogo, as pilastras, a alteração

de cor/textura nas fachadas e a mudança do número de pisos e/ou cota das cérceas

dos edifícios. Este levantamento foi aplicado a cada bloco, subdividido por cada

frente de rua que possui. Exemplo: num determinado bloco Y existem duas frentes

de rua: Y1 - rua y1; Y2 - rua y2.

As contagens foram sempre realizadas no sentido esquerda-direita excepto

nos casos em que a frente do bloco edificado fosse demasiado longa e/ou se

estendesse para fora dos limites da área em estudo. Nesses casos específicos,

recorri ao sentido direita-esquerda, ficando devidamente identificado junto ao

código da frente de rua por um “*” (asterisco). O registo das variáveis de

descontinuidade (paredes corta-fogo, pilastras, mudança de cor/textura, número de

pisos e/ou alteração da cota da cércea) não explicita directamente a quantidade de

elementos de análise existentes em cada fachada, mas sim o seu posicionamento

relativo face aos vãos, que foram tomados como medida de referência. No caso

concreto da contagem do número de pisos, não importava apenas assinalar quando

se efectuam mudanças de cota, por isso, na tabela de registo, acoplou-se uma

informação adicional a este campo, em forma de parênteses, que indica o real

número de pisos perceptíveis. O apuramento dos vãos foi feito de modo simples: na

horizontal, em número inteiro positivo, expressando a quantidade efectiva de vãos

existentes numa determinada fachada (nos casos em que o número de vãos para

fora da área em estudo era grande ou impossível de contabilizar, deixei este campo

em aberto, não oferecendo qualquer desvantagem para as restantes variáveis

consideradas). Neste sistema é possível não só registar a quantidade de elementos

em foco como também distribuí-los adequadamente na fachada, possibilitando a

adequada disposição gráfica das variáveis numa planta do local.

Page 70: O uso da abobada na construcao pombalina

50

Exemplo:

Imagem 52 - Chiado, bloco C, vista do Largo do Chiado

Imagem 53 - Chiado, bloco C, vista da Rua Garrett

Bloco C - No (s) de Obra: 39728; 30147 Moradas: C1- Rua Serpa Pinto; C2- Rua Garrett; C3- Largo do Chiado; C4- Rua Nova da Trindade; C5-Travessa da Trindade Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

C1 12 0 0 - 6 - 6 12 12(4)

C2-C3 18 0 0 - 18 6 - 12 6(5+1) - 12(5)

*C4 12 0 0 - 12 12 12(4+1)

C5 15 0 0 - 15 12 - 3 12(3) - 3(5) Graf. 7 - Tabela exemplo de levantamento de fachadas para o Chiado, bloco C

Leituras:

Na Rua Serpa Pinto o bloco C tem um total de 12 vãos (-|-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-|-), 0 paredes corta-

fogo visíveis (-|-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-|-), pilastras no início “0” e mais duas em intervalos de 6 vãos,

sendo a última coincidente com o fim da fachada (-|*∏-∏-∏-∏-∏-∏*∏-∏-∏-∏-∏-∏*|-) e, finalmente, 12 vãos

com as mesmas cores/texturas e número de pisos (-|-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-∏-|-).

A segunda fachada é referenciada por dois códigos pois inclui duas frentes de rua: Garrett e Largo do Chiado.

A terceira fachada segue uma leitura idêntica às anteriores com o complemento de ser uma realidade com o sentido

inverso – direita-esquerda – por estar presente um “*” (asterisco) junto ao código de frente de rua.

Este levantamento reuniu as informações necessárias para elaborar um

desenho esquemático resultante da sobreposição de todas as variáveis levantadas

que pôde ser usado para restituir a realidade geométrica da divisão de

propriedades/edifícios dos locais em estudo.

Após a expressão gráfica dos dados recolhidos, que, na grande maioria dos

casos, coincidiu com os mapas já existentes, de forma a obter as plantas base para

o desenvolvimento do trabalho, foi apenas necessário comparar a informação

Page 71: O uso da abobada na construcao pombalina

51

adicional, que o levantamento por contagem possibilitou, com as plantas já

existentes sobre os mesmos locais4, sendo este o processo para validação e/ou

anulação das novas informações.

Findo este processo, reconheço que poderiam ter sido adicionados outros

factores, também informativos, sobre a possível divisão de propriedades, como é o

caso da contagem das portas de entrada de acesso aos pisos superiores. Na mesma

linha de pensamento seria até possível a realização de uma planta-base feita

integralmente a partir de processos empíricos no local, mas, admitindo um bom

grau de credibilidade das informações existentes, optei por um processo de

verificação e validação ao invés de uma completa negação dos dados recolhidos.

Ainda assim, os resultados do exercício foram produtivos e, no âmbito deste

trabalho, largamente suficientes para o entendimento e registo dos locais escolhidos

como estudo de caso.

Levantamento de arquivo:

Uma vez terminada a fase anterior, fica preparada a base para o registo das

informações dos tipos de sistemas construtivos nas zonas em análise. Na

perspectiva deste trabalho, optei por distinguir três famílias de sistemas

construtivos: em abóbada, em arco e outro. As duas primeiras famílias são

francamente sugestivas no que toca à sua natureza construtiva, enquanto que na

terceira estão englobados todos os restantes sistemas construtivos encontrados, ou

aqueles que, não estando visíveis, não se conseguiram verificar.

A consulta no Arquivo Municipal de Lisboa – AML – embora morosa, tornou-

se essencial. Neste local, a pesquisa, filtrada por número de obra, resumiu-se ao

encontrar provas ou pistas claras que evidenciassem a existência de algum sistema

construtivo em particular, normalmente sobre forma de elemento gráfico.

A procura traduziu-se, de maneira simples, em três formas:

Documentação do processo da obra disponível e que se reverteu em

dados úteis para a dissertação;

                                                            4 São exemplos as plantas disponíveis em http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi e os documentos recentes sobre a Décima da Cidade, de 2004, em Monumentos21

Page 72: O uso da abobada na construcao pombalina

52

Documentação do processo da obra disponível, mas que não resultou

em obtenção de dados pertinentes para a investigação;

Documentação do processo da obra não disponível, normalmente por

estar reservada pelos serviços centrais da Câmara Municipal de Lisboa,

não sendo possível prever a sua disponibilidade.

Por razões económicas, de entre os documentos seleccionados como

relevantes, apenas adquiri os relativos à zona das praças do Rossio e da Figueira,

que se apresentam no corpo de anexos (numerados de 62 a 161). Para salvaguardar

o método e a transparência das fontes utilizadas para cada uma das áreas em estudo,

criei uma tabela nos anexos, onde, de forma legível e organizada, está disponível

toda a documentação relevante e informativa sob a forma de referência – anexos 6,

36 e 61.

O reflexo desta pesquisa foi então registado sobre a planta-base, já antes

realizada, introduzindo um sombreamento verde nas áreas com sistema construtivo

em abóbada, sombreado vermelho nas áreas com sistema construtivo em arco e

sem sombreamento todos os restantes, como já foi explicado.

A extracção da informação arquivada poderia ter sido complementada com

outras pesquisas como, a título de exemplo, a Décima da Cidade, presente no

Arquivo Histórico do Tribunal de Contas. Mas, de uma forma geral, todos os dados

encontrados no Arquivo Municipal de Lisboa foram expressivos e de boa qualidade,

contribuindo para uma aproximação justa e fiável à realidade das construções em

estudo.

Levantamento de campo:

De características semelhantes à fase anterior, o levantamento de campo,

embora com uma durabilidade maior, foi também um processo simples. O objectivo

deste levantamento passa por reconhecer, in situ, os sistemas construtivos em foco.

Para isso foi necessário a deslocação aos locais em análise e registar, apenas, o

que pude constatar visualmente no lugar.

A folha de levantamento criada para este efeito teve duas versões, pois, após

o começo da investigação de campo com a sua versão 1 (Anexo 196 - Ficha tipo 1

para levantamento de campo), depressa concluí que se tornou num sistema de

Page 73: O uso da abobada na construcao pombalina

53

organização de informação muito complexo e até desnecessário, uma vez que

aplicava uma página por cada entrada de informação do levantamento. De maneira

a agilizar o processo, actualizei a folha de registo para a versão 2 (Anexo 197 - Ficha

tipo 2 para levantamento de campo) de forma cuidada sem perder nenhuma virtude

da primeira folha, evitando rupturas e descontinuidades no método empregue nesta

fase e não resultando em diferentes abordagens e leituras do material recolhido.

Comprovei ser um sistema mais compacto, flexível e móvel por poder condensar

mais informação numa quantidade consideravelmente reduzida de suportes.

Distingo então dois grupos de tipos de registo: um primeiro composto por

localização e tipo de sistema construtivo e um segundo por provas fotográficas e

desenhos “à mão levantada”. Os campos relacionados com a localização tratam de

identificar claramente a amostra, salientando o bloco e frente de rua

correspondentes e o número de porta como os dados mais importantes deste

conjunto. O segundo registo confirma, em forma de selecção, o sistema construtivo

identificado em cada entrada e o registo fotográfico consiste em recolher, sempre

que possível, duas imagens – da fachada e da entrada do espaço (fixas para todos

os lugares) – e duas imagens de pormenor que exemplifiquem e provem a

informação sobre o sistema construtivo encontrado. De forma a complementar o

registo e melhor transmitir o sistema construtivo relativamente ao espaço

correspondente, foram desenhados, de maneira informal, pequenos esboços que

transmitem a proporção, dimensão e posicionamento dos elementos construtivos

visíveis nos espaços visitados. Toda esta informação encontra-se, já tratada, nos

anexos.

A visita aos diferentes espaços do piso térreo dos edifícios em análise seguiu

a sequência estabelecida pela ordenação dos conjuntos em blocos, já explicada

anteriormente. Todos os espaços em que foi possível a entrada foram registados e

os casos em que não existem fotografias ou desenhos a acompanhar o registo

devem-se ao facto de não me ter sido dada autorização para o efeito.

A tradução dos dados recolhidos no campo seguiu o mesmo método que no

levantamento de arquivo: sobre a planta-base registou-se a verde os sistemas em

abóbada, a vermelho os sistemas em arco e sem cor os sistemas desconhecidos ou

de outra família.

Page 74: O uso da abobada na construcao pombalina

54

Este exercício de levantamento no local, sendo provavelmente o mais

trabalhoso, tornou-se vital para a percepção real de todos os imóveis abrangidos

pelo estudo, sendo uma fonte de informação primária sobre os estudos de caso.

Adianta acrescentar que, embora os resultados sejam suficientemente sólidos, seria

importante fazer um estudo aprofundado que não foi possível realizar, devido tanto

ao tipo como à abrangência desta dissertação, aos casos marcados como

desconhecidos por estarem encobertos ou tapados por materiais de acabamento

mais recentes. A prospecção e soma desta informação iria, com certeza, enriquecer

e consolidar ainda mais a pesquisa que este trabalho desbravou e, logicamente, as

conclusões que se podem tirar.

Cruzamento de informações e demonstração de resultados:

Nesta fase, após recolhida e trabalhada toda a informação de arquivo e de

campo, houve uma junção destas fontes com o intuito de complementaridade e

validação. Como é natural, nas duas fases de pesquisa principais – arquivo e campo

– sobraram alguns casos, por desconhecimento ou falta de informação, mas, no

geral, com o confronto dos dois levantamentos, estas situações ficaram reduzidas a

poucos casos em que não obtive informação em nenhum dos processos.

São notáveis os casos em que o levantamento de campo apurou sistema

construtivo em abóbada e o arquivo correspondente é inapropriado ou até mesmo

displicente na forma de registo destes elementos.

Imagem 54 - Abóbada de aresta no prédio com o número de obra 39728

Page 75: O uso da abobada na construcao pombalina

55

Nestes casos, admito o sistema abobadado por prova física.

A última situação possível acontece quando o levantamento de campo regista

um sistema em arcos e no de arquivo está patente em abóbada. Nesta situação

admito que o sistema abobadado tivesse sido o original, por ser mais complexo do

que o sistema em arco, ficando em aberto a hipótese de a construção ter sido

descaracterizada e desmontadas as abóbadas, restando apenas os arcos de suporte.

Imagem 55 - Abóbada de berço no prédio com o número de obra 27319

Mais uma vez, aponto que um levantamento de campo completo e profundo

seria o mais desejável mas, uma vez que muitos edifícios já sofreram alterações

radicais, arrasando todas as evidências da construção original, o cruzamento com

as informações arquivadas completa o espectro de informação de uma forma

ajustada e consistente.

Como excepção final, gostaria de referir a existência, na zona das praças do

Rossio e da Figueira, de edifícios onde estes sistemas construtivos não só são

utilizados no piso térreo como também no 2º piso. Os casos, presentes no quarteirão

a nordeste da praça do Rossio, estão identificados no capítulo de anexos da presente

dissertação sob a forma de sombreamento a cor vermelha e dizem respeito à

utilização de um sistema duplo de abóbadas – abóbadas no 1º e 2º pisos do edifício.

   

Page 76: O uso da abobada na construcao pombalina

56

4.2 Cais do Sodré

Graf. 8 - Ortofotomapa da zona do Cais do Sodré com indicação dos limites da área em estudo; 1:4000

O primeiro local em análise, Cais do Sodré, com uma área de cerca de

20.300m2 (dos quais 12.400m2 são de ocupação efectiva por edifícios), é limitado

a sul pelo conjunto da Praça Duque da Terceira e das avenidas 24 de Julho e Ribeira

das Naus, a norte pela Rua de São Paulo, a este pela Rua Bernardino Costa e a oeste

pela Travessa de São Paulo.

Graf. 9 - Nºs de obra mapeados, correspondentes aos processos da CML; 1:2000

 

Page 77: O uso da abobada na construcao pombalina

57

Graf. 10 - Registo gráfico do levantamento de fachadas no Cais do Sodré; 1:2000

Graf. 11 - Planta base para o Cais do Sodré, resultante da análise do território; 1:2000

 

Page 78: O uso da abobada na construcao pombalina

58

4.2.1 Processos de Arquivo

Graf. 12 - Distribuição gráfica, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de arquivo; 1:2000

4.2.2 Levantamento de Campo

Graf. 13 - Distribuição gráfica, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de campo; 1:2000

 

Page 79: O uso da abobada na construcao pombalina

59

Graf. 15 - Distribuição, percentual, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados

4.2.3 Distribuição dos Sistemas Construtivos

Graf. 14 - Distribuição gráfica final, no Cais do Sodré, dos tipos de sistemas construtivos considerados; 1:2000

A malha em observação, composta por onze quarteirões, embora já sofra

algumas adaptações – por se encontrar numa zona onde a construção pombalina se

adapta à morfologia do terreno e a pré-existências, como a Rua de São Paulo – é

ainda possível distinguir a definição dos conjuntos de edifícios.

Com o levantamento das fachadas, foram ponderados e identificados alguns

quarteirões como propriedades únicas e outro que, embora esteja registado com um

único número de obra, mereceu a correcta divisão pelos elementos em estudo.

Comparando o levantamentos de arquivo e de campo, apesar de em ambos

haver falta de informação, não existem conflitos quanto aos sistemas construtivos

utilizados, tornando as duas fontes perfeitamente complementares entre si.

Dando especial destaque ao Graf. 14 e fazendo uma pequena estatística dos

sistemas construtivos sobre a área ocupada, o estudo revela que o sistema

abobadado ocupa 42% (5150m2) e o sistema em arco 46% (5700m2) havendo um

desconhecimento de 12% (1550m2) do total de espaços em análise.

Na procura e identificação de um padrão de distribuição destes sistemas,

aponto apenas uma maior condensação do sistema em abóbada na zona oeste,

sendo esta a parte do território estudado mais distante do centro da baixa.

Page 80: O uso da abobada na construcao pombalina

60

4.3 Chiado

Graf. 16 - Ortofotomapa da zona do Chiado com indicação dos limites da área em estudo; 1:4000

O segundo local de levantamento, Chiado, com uma área de cerca de

18.500m2 (dos quais 10.400m2 são de ocupação efectiva por edifícios), é definido

pelos edifícios marginais ao eixo formado pela Rua Garrett e pelo Largo do Chiado.

Graf. 17 - Nºs de obra mapeados, correspondentes aos processos da CML; 1:2000

 

Page 81: O uso da abobada na construcao pombalina

61

Graf. 18 - Registo gráfico do levantamento de fachadas no Chiado; 1:2000

Graf. 19 - Planta base para o Chiado, resultante da análise do território; 1:2000

 

Page 82: O uso da abobada na construcao pombalina

62

4.3.1 Processos de Arquivo

Graf. 20 - Distribuição gráfica, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de arquivo; 1:2000

4.3.2 Levantamento de Campo

Graf. 21 - Distribuição gráfica, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de campo; 1:2000

 

Page 83: O uso da abobada na construcao pombalina

63

Graf. 23 - Distribuição, percentual, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados

4.3.3 Distribuição dos Sistemas Construtivos

Graf. 22 - Distribuição gráfica final, no Chiado, dos tipos de sistemas construtivos considerados; 1:2000

A malha em observação – do Chiado – exceptuando as fachadas que,

alinhadas, formam a Rua Garrett, corresponde a uma zona declivosa da cidade com

quarteirões irregulares e complexos, sendo difícil em muitos casos a sua percepção.

O exercício de levantamento das fachadas veio comprovar a informação já

adquirida, não oferecendo nenhuma informação nova e validando completamente o

registo base inicial da divisão de propriedades nesta zona.

Na comparação dos dois momentos de levantamento principais – arquivo e

campo – exceptuando apenas dois casos, com os números de obra 29728 e 27319,

em que as informações correspondentes são díspares (sofrendo a análise e

ponderação adequadas como explicado nos métodos, critérios e limitações da

presente dissertação), a sobreposição das duas fontes foi feita sem conflitos,

somando uma à outra informação relevante.

Apenas com um desconhecimento de 13% (1400m2) do total de área

construída em foco, os sistemas abobadados e em arco ocupam, respectivamente,

37% (3815m2) e 50% (5184m2).

Pelo facto de os sistemas construtivos em investigação terem, perante a

análise do Graf. 22, uma arrumação aleatória, não é possível distinguir claramente

um padrão na sua distribuição.

Page 84: O uso da abobada na construcao pombalina

64

4.4 Rossio e Praça da Figueira

Graf. 24 - Ortofotomapa da zona do Rossio com indicação dos limites da área em estudo; 1:4000

O último local em análise, formado pelas praças do Rossio e da Figueira,

com uma área de cerca de 49.800m2 (dos quais 15.000m2 são de ocupação

efectiva por edificado), corresponde aos prédios que envolvem as praças citas.

Graf. 25 - Nºs de obra mapeados, correspondentes aos processos da CML; 1:5000

Page 85: O uso da abobada na construcao pombalina

65

Graf. 26 - Registo gráfico do levantamento de fachadas nas praças do Rossio e da Figueira; 1:2500

Graf. 27 - Planta base para as praças do Rossio e da Figueira, resultante da análise do território; 1:2500

Page 86: O uso da abobada na construcao pombalina

66

4.4.1 Processos de Arquivo

Graf. 28 - Distribuição gráfica, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de arquivo; 1:2500

4.4.2 Levantamento de Campo

Graf. 29 - Distribuição gráfica, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados, em fase de campo; 1:2500

Page 87: O uso da abobada na construcao pombalina

67

Graf. 31 - Distribuição, percentual, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados

4.4.3 Distribuição dos Sistemas Construtivos

Graf. 30 - Distribuição gráfica final, nas praças do Rossio e da Figueira, dos tipos de sistemas construtivos considerados; 1:2500

As praças do Rossio e da Figueira, dos três casos de estudo, representam a

zona de mais fiel aplicação da unidade tipo-morfológica do plano de Pombal, sendo

os seus quarteirões regulares (tipicamente de forma rectangular) e bem definidos,

em conformidade com a malha edificada do centro da baixa.

O levantamento das fachadas veio comprovar a maior parte das informações

adquiridas, fora os números de obra 5940, 30178, 14515 e 14679, em que tive de

ajustar a divisão de propriedades, explicado nos métodos, critérios e limitações.

A complementaridade dos registos de levantamento de arquivo e campo não

ofereceu nenhum conflito, sendo harmónica a união das duas fontes de informação.

Nesta terceira zona em análise, fica registada uma ocupação de 40%

(6050m2) de sistema construtivo em abóbada, 46% (6850m2) em arco e 14%

(2100m2) são desconhecidos ou noutra técnica não contemplada pelo estudo.

Salvo os edifícios de cabeceira a sul das praças, em que haveria necessidade

de conhecer os prédios vizinhos (não incluídos nesta investigação), é possível

distinguir uma acumulação do tipo de sistema construtivo por cada quarteirão.

Page 88: O uso da abobada na construcao pombalina

68

Indo mais além dos casos anteriores, ainda comparando os resultados

obtidos neste terceiro caso de estudo com a carta final da distribuição dos sistemas

construtivos do trabalho de Rita Lisboa, é possível distinguir um encaixe perfeito

dos dois registos relativamente à faixa de edifícios em comum às duas investigações

– construções de cabeceira das praças do Rossio e da Figueira – exceptuando a

edificação no topo esquerdo, assinalada na Imagem 56 como “sem informação”,

em que a minha pesquisa apresentou sistema construtivo em Arco.

 

Imagem 56 - Carta Temática de Análise dos Sistemas; (LISBOA, 2011, p. 189)

Embora pudesse ter desenvolvido a minha investigação a partir do trabalho

de Rita Lisboa, achei benéfico, por ser uma informação já tratada, apenas utilizá-la

no final da minha dissertação para não correr o risco de condicionar os resultados.

Comprovo então ter sido uma postura acertada por ter coincidido nos resultados em

comum e até por lhe ter somado mais informação.

Page 89: O uso da abobada na construcao pombalina

69

4.4.4 Cruzamento dos Sistemas Construtivos com a Décima da Cidade

Sobre as praças do Rossio e da Figueira, é ainda possível complementar a

informação da investigação com a presente no trabalho A Décima da Cidade:

contributo para a datação do edificado da Baixa da autoria de Ana Rita Reis, Maria

José Simões e Susana Rodrigues, licenciadas em História da Arte. Este trabalho

resultou num “mapa cronológico” (REIS, et al., 2004, p. 58), que acaba por

identificar a data de construção dos edifícios da Baixa com margem de erro reduzida.

 

Imagem 57 - Inventário do Património Arquitectónico: conjunto urbano Baixa Pombalina – datação da reconstrução (1762-1834); (REIS, et al., 2004, p. 59)

A décima consistia “numa contribuição geral sobre as propriedades, prédios,

ofícios e ordenados, capitais emprestados e juros e lucros do comércio e indústria”

(REIS, et al., 2004, p. 58). O imposto anual, aplicado de 1762 a 1840, é então um

Page 90: O uso da abobada na construcao pombalina

70

importante e quase exclusivo instrumento de datação dos imóveis da Baixa. A sua

correspondência com a idade das edificações sustenta-se na premissa de que a um

edifício só é cobrada qualquer contribuição quando este “entra em funcionamento”,

ou seja, fica pronto a ser ocupado. Com base nesta informação, é exequível fazer

uma aproximação aos sistemas construtivos quanto à sua data de emprego.

Graf. 32 - Distribuição, nas praças do Rossio e da Figueira, por datação da reconstrução, do número de propriedades edificadas, agrupadas por sistema construtivo

Analisando o Graf. 32, e claro, considerando sempre o objectivo principal da

presente dissertação – o sistema construtivo dos pisos térreos dos edifícios na baixa

– são perceptíveis dois picos construtivos na área das praças do Rossio e da

Figueira. O que distingue esses momentos é exactamente o sistema construtivo

adoptado; se por um lado entre 1770 e 1779 o sistema mais presente é em arco,

entre 1790 e 1799 é em abóbada. Poderá este ser um indício de que, em dois

momentos distintos na edificação da baixa, se tenham alterado princípios

construtivos, com o passar dos anos, após o Terramoto de 1755? Se sim, a

investigação feita indica que a predominância do sistema abobadado sucede

temporalmente o momento em que o sistema em arco é mais dominante. .

Ainda na mesma linha de pensamento, é possível realizar uma comparação

idêntica mas desta vez com os “ritmos construtivos” identificados pelo trabalho A

Décima da Cidade – Graf. 33. Com resultados semelhantes, observando as épocas

de 1762 a 1777 e de 1778 a 1807, é simples identificar uma supremacia do sistema

construtivo em abóbada no segundo momento face ao primeiro, em que essa

superioridade numérica pertence ao sistema em arco. Portanto, como verificado, as

duas diferentes análises revelam uma uniformidade nas conclusões.

Graf. 33 - Distribuição, nas praças do Rossio e da Figueira, por ritmos construtivos, do número depropriedades edificadas, agrupadaspor sistema construtivo

Page 91: O uso da abobada na construcao pombalina

71

05 Conclusões

A Baixa Pombalina, ao longo dos anos, tem sido alvo de muitos estudos e

investigações, pela sua riqueza cultural e no caso em que me enquadro

especificamente, valor arquitectónico. Se, por um lado, o que se conhece e já se

descobriu sobre esta urbanização corresponde a um conjunto relativamente vasto

de sabedoria e, por outro, existe a consciência que ainda subsiste muito por

desbravar e descodificar, é possível imaginar a dimensão e expressão que este

objecto de análise – Baixa de Lisboa – toma na importância do reconhecimento do

nosso Património Construído.

Graf. 34 - Comparação percentual dos três casos de estudo quanto aos sistemas construtivos

Mediante os objectivos da presente dissertação, e fazendo uma comparação

síntese das três áreas em estudo – Cais do Sodré, Chiado e praças do Rossio e da

Figueira – embora existam pequenas variações, posso concluir que a presença dos

sistemas construtivos considerados – abobadado, em arco e outro – é, do ponto de

vista da sua presença, semelhante nas três zonas.

Observando que na análise não considerei o sistema de cobertura dos pisos

térreos em vigas de madeira, por ter encontrado um único caso no total de espaços

visitados, no grupo “sem informação / outro” restam exactamente os edifícios em

que não consegui apurar as suas realidades originais. Tendo uma presença média

de 13% no conjunto contruído estudado, este grupo representa um grau de

desconhecimento baixo, contribuindo para a boa fiabilidade das conclusões obtidas.

Ainda no conjunto investigado, fica, efectivamente, patente uma maior

presença do sistema em arco por oposição ao abobadado, que, no entanto, existe

globalmente em número inferior, numa relação média de 40% para 47%.

Page 92: O uso da abobada na construcao pombalina

72

Se, na área do Cais do Sodré, identifiquei uma maior concentração do

sistema em arco a nascente e, por oposição, do abobadado a poente – sentido de

afastamento em relação ao centro da Baixa – já na zona do Chiado não distingui

nenhum padrão na localização dos sistemas construtivos. Por fim, nas praças do

Rossio e da Figueira, reconheci uma aglomeração genérica da tipologia construtiva

por bloco de edifícios – quarteirão.

O único apontamento sobre a localização da construção abobadada transmite

que estas se encontrariam nas ruas transversais onde estariam as cocheiras e

cavalariças. Terá este princípio sido seguido como real linha orientadora para a

reedificação da Baixa?

Sabendo que a reconstrução de Lisboa se iniciou do eixo central – Rua

Augusta – para o exterior, será que a distribuição encontrada no Cais do Sodré indica

uma sucessão temporal dos princípios construtivos do edificado?

Uma vez que nas praças do Rossio e da Figueira não existe um padrão

evidente de distribuição urbanística dos sistemas construtivos, sendo também

perceptível que estes não estão distribuídos aleatoriamente, mas sim por quarteirão,

será que se pode concluir que os métodos construtivos nos pisos térreos estão

intrinsecamente relacionados com o grau de importância e categorização dos usos

presentes em cada conjunto construído?

Aproximando a atenção uma vez mais para a cronologia da matéria em

estudo, através da comparação dos resultados deste trabalho com os estudos sobre

a Décima da Cidade (no único local em que ambos os trabalhos são coincidentes:

praças do Rossio e da Figueira), da amostra investigada, existe a indicação de que

o sistema em abóbada foi utilizado em maior número num momento posterior a

outro em que o arco prevalecia. É interessante comparar este pensamento com as

conclusões de Rita Lisboa, na sua dissertação de mestrado em arquitectura O

sistema construtivo do piso térreo dos prédios de rendimento pombalinos onde, de

uma forma análoga, interpreta uma crescente utilização do sistema em arco face a

um momento inicial quando existia uma supremacia do sistema em vigas de

madeira. Assim sendo, a hipótese de existir uma evolução dos sistemas construtivos

é sustentada por ambos os trabalhos.

Page 93: O uso da abobada na construcao pombalina

73

Apesar de, no conjunto das duas dissertações – da minha e a de Rita Lisboa

– transparecer uma evolução construtiva (vigas de madeira → arcos → abóbadas),

será que estas variações não estarão relacionadas com as opções dos construtores

ou promotores das obras? É normal admitir que estes intervenientes não tenham

sido os mesmos devido à longa duração da reconstrução da Baixa.

Provavelmente, se for feito um trabalho idêntico sobre a gaiola pombalina,

também se encontrarão pequenas alterações e evoluções ao longo do tempo.

Será que as variantes construtivas identificadas são fruto da pressão incutida

para a rápida reconstrução da cidade? É possível que, numa fase inicial, quando

havia mais urgência na reconstrução, tenham optado por sistemas mais simples e

rápidos de execução? Podemos admitir que, numa fase de reconstrução mais

avançada, aqueles que não podiam ou não tinham possibilidade financeira para

construir a sua propriedade, a tenham vendido a capitalistas com a capacidade de

exigir construções melhores e mais coesas?

Além de tudo isto, as construções da Baixa de Lisboa têm sido sempre

tratadas como um conjunto composto por um piso térreo, com um sistema em

alvenaria e pela denominada gaiola pombalina. Mas apesar disso, existem alguns

casos com sistemas de abóbadas nos primeiros dois pisos do edifício. Ficará

também este facto justificado pelas hipóteses levantadas neste trabalho?

Resta-me perguntar: serão estas ilações verdade para todas as áreas

limítrofes da Baixa Pombalina?

No geral, a maior relevância das conclusões obtidas nesta dissertação, que

estão assentes na distribuição dos sistemas construtivos por área geográfica e na

sua datação, está relacionada não só com a interpretação e estudo dos principais

pressupostos do plano da Baixa para a estrutura dos pisos térreos dos edifícios nos

seus territórios limítrofes como por representar uma importante documentação para

possíveis intervenções futuras nestas áreas. Uma vez que, em muitos casos, o

sistema construtivo original já foi ocultado ou descaracterizado por novos métodos

de construção contemporâneos, através desta investigação poderão ser alargados

os conhecimentos de um objecto a intervir, quanto às suas opções de origem.

Page 94: O uso da abobada na construcao pombalina

74

 

Page 95: O uso da abobada na construcao pombalina

75

06 Desenvolvimentos Futuros

Tenho consciência que o meu trabalho, embora no seu universo tenha

respondido à maior parte dos objectivos iniciais, pode e deve ter continuidade

científica. Não só de forma a melhorar e consolidar a informação obtida mas também

a ir mais além, à descoberta de novos assuntos e até temáticas derivadas do ponto

a que esta investigação chegou.

Realmente, ao longo do trabalho, fui identificando certos aspectos em que a

presente investigação poderia ter sido ainda mais eficaz. Daqui em diante, seria até

interessante o desenvolvimento desta investigação na perspectiva de uma melhoria

na sua aproximação ao objecto de estudo, como uma inspecção profunda,

recorrendo a tecnologias auxiliares na detecção dos sistemas construtivos, ou até o

recurso à química no sentido de melhor datar os materiais utilizados nas

construções da Baixa. Estas e tantas outras melhorias pontuais no levantamento da

informação in situ, como referidas nos métodos, critérios e limitações, contribuirão,

com certeza, para uma maior e melhor solidez deste avanço científico que alcancei.

Deixo também aqui registado o interesse em desenvolver a abrangência da

Décima da Cidade em torno da área já informada pelo estudo, não só com o intuito

de uma comparação com os meus resultados obtidos nas zonas do Cais do Sodré e

Chiado, como também com o objectivo de alargar uma base informativa sobre a

baixa de Lisboa, a partir da qual muitas temáticas podem ser desenvolvidas.

Naturalmente, será de igual forma relevante complementar os estudos já

realizados – na presente dissertação e no trabalho de Ana Rita Lisboa Duarte –

investigando sobre a distribuição dos sistemas construtivos dos pisos térreos

noutras zonas da Baixa Pombalina.

É também muito importante a noção que a interdisciplinaridade é a chave

para um entendimento global, contínuo e eficaz de uma dada matéria. Nesse sentido,

apelo para que, não apenas a arquitectura, área em que estou envolvido, como

também todas as outras disciplinas, possam, de alguma forma, desenvolver

conhecimento, ou juntar frutos, a partir do desfecho deste trabalho.

What we know is a drop, what we don't know is an ocean.

Sir Isaac Newton

Page 96: O uso da abobada na construcao pombalina

76

 

Page 97: O uso da abobada na construcao pombalina

77

07 Bibliografia

ALEGRIA, J. R. G. M. F., 2008. A Arquitectura Pombalina na Rua da Madalena, Dissertação

de Mestrado em Recuperação e Conservação do Património Construído [policopiado],

Lisboa: Instituto Superior Técnico.

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Downtown Lisbon". Nuts & Bolts of Construction History. Culture, Technology and Society,

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FRANÇA, J. A., 1988. Lisboa Pombalina e o Iluminismo. 3º ed. Venda Nova: Bertrand Editora

(1º ed. em 1966).

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Available at: http://issuu.com/camara_municipal_lisboa/docs/hist__ria_de_lisboa-

_tempos_fortes

[Acedido em 7 Maio 2014].

LISBOA, A. R., 2011. O sistema construtivo do piso térreo dos prédios de rendimento

pombalinos, Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura [policopiado], Lisboa:

Instituto Superior Técnico.

MAIA, M., 1988. Primeira Parte da Dissertação. Lisboa Pombalina e o Iluminismo. Venda

Nova: Bertrand Editora.

MAIA, M., 1988. Segunda Parte da Dissertação. Lisboa Pombalina e o Iluminismo. Venda

Nova: Bertrand Editora.

MAIA, M., 1988. Terceira Parte da Dissertação. Lisboa Pombalina e o Iluminismo. Venda

Nova: Bertrand Editora.

MASCARENHAS, J., 2009. Sistemas de Construção V - O Edifício de Rendimento da Baixa

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municipais". Lisboa 1758, O Plano da Baixa Hoje. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, pp.

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MONTEIRO, C., 2008. "Escrever direito por linhas rectas". Lisboa 1758, O Plano da Baixa

Hoje. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, pp. 82-125.

REIS, A. R. ; RODRIGUES, S. ; SIMÕES, M. J. F., 2004. "A Décima da Cidade: contributo para

a datação do edificado da Baixa". Monumentos 21, pp. 58-65.

Page 98: O uso da abobada na construcao pombalina

78

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43.

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Municipal de Lisboa, pp. 24-81.

SALGADO, M., 2008. "Do Plano de Reconstrução de 1758 à Revitalização do Século XXI".

Lisboa 1758, O Plano da Baixa Hoje. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, pp. 232-247.

SANTOS, M. H. R., 2005. A Baixa Pombalina - Passado e Futuro. 2º ed. Lisboa: Livros

Horizonte (1º ed. em 2000).

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Baixa Hoje. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, pp. 126-165.

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TOBRINER, S., 2004. "A gaiola Pombalina - O sistema de construção anti-sísmico mais

avançado do século XVIII". Monumentos 21, pp. 160-167.

 

Page 99: O uso da abobada na construcao pombalina

79

08 Anexos

 

Page 100: O uso da abobada na construcao pombalina

80

8.1 Cais do Sodré

 

1 - Ortofotomapa com identificação da zona em estudo; 1:4000

 

2 - Informação urbana em http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi com identificação da zona em estudo; 1:2000

   

Page 101: O uso da abobada na construcao pombalina

81

 

3 - Divisão da área em estudo por blocos de edifícios; 1:2000

 

4 - Números de obra mapeados, correspondentes aos processos da Câmara Municipal de Lisboa; 1:2000

   

Page 102: O uso da abobada na construcao pombalina

82

Nº de Obra Morada (s)

46128

Travessa da Ribeira Nova, 1-13 Praça de São Paulo, 1-3 Rua da Ribeira Nova, 2-6 Praça de São Paulo, 4-7 Rua da Ribeira Nova, 8-14 Praça de São Paulo, 8-10 Rua da Ribeira Nova, 16-22 Praça de São Paulo, 11-15 Rua da Ribeira Nova, 30-32 Travessa de São Paulo, 2-14

1141 Rua Nova do Carvalho, 58-70 Travessa dos Remolares, 33-35

5993 Rua de São Paulo, 49-61 Travessa dos Remolares, 37-41

21439 Rua Nova do Carvalho, 72-78 Rua de São Paulo, 63-69 Praça de São Paulo, 16-22

34040 Rua dos Remolares, 28-38 Travessa dos Remolares, 17-25

8897 Rua Nova do Carvalho, 63-71 Travessa dos Remolares, 27-31A

2280 Rua Nova do Carvalho, 73-81 Travessa da Ribeira Nova, 28-36

13023 Rua dos Remolares, 40-48 Travessa da Ribeira Nova, 18-26

4164

Rua dos Remolares, 25-41 Travessa dos Remolares, 1-15 Avenida 24 de Julho, 2-2G Praça da Ribeira Nova, 2-16

8530 Rua de São Paulo, 23-35 Rua do Alecrim, 21-21A

35713 Rua de São Paulo, 37-47 Travessa dos Remolares, 46-52

29530 Rua Nova do Carvalho, 46-56 Travessa dos Remolares, 38-44

37610 Rua do Alecrim, 19-19ª Rua Nova do Carvalho, 26-44

11726 Rua de São Paulo, 21 Rua Nova do Carvalho, 24

8529 Rua Nova do Carvalho, 33-41 Rua do Alecrim, 9-17

Nº de Obra Morada (s)

4152 Rua Nova do Carvalho, 43-51

34702 Rua Nova do Carvalho, 53-61 Travessa dos Remolares, 30-36

3409 Rua dos Remolares, 20-26 Travessa dos Remolares, 20-28

15350 Rua dos Remolares, 12-18

5380 Rua dos Remolares, 2-10

4059 Praça do Duque da Terceira, 9-13 Rua do Alecrim, 1-7

10898 Rua Nova do Carvalho, 29

37302

Rua dos Remolares, 1-23 Travessa dos Remolares, 2-18 Avenida 24 de Julho, 1-1G Praça do Duque da Terceira, 1-8

6481 Rua de São Paulo, 1-19 Rua do Alecrim, 20-20G Rua Nova do Carvalho, 2-22

8522 Rua do Alecrim, 2-10 Praça do Duque da Terceira, 14-19

30589 Rua Bernardino Costa, 46-54

1698 Rua Bernardino Costa, 40-44

32406 Travessa do Corpo Santo, 17-21 Rua Bernardino Costa, 32-38

19473 Travessa do Corpo Santo, 23-27

33624 Rua Nova do Carvalho, 1-7 Travessa do Corpo Santo, 29-33

1356 Rua Nova do Carvalho, 9-15

197 Rua Nova do Carvalho, 17-25 Rua do Alecrim, 12-14

21378

Travessa do Corpo Santo, 1-15 Rua Bernardino Costa, 31-53 Praça do Duque da Terceira, 20-27 Cais do Sodré, 32-54

7304 Travessa do Corpo Santo, 2-18 Cais do Sodré, 16-30 Rua Bernardino Costa, 15-29

25707 Largo do Corpo Santo, 1-3 Cais do Sodré, 2-14

1279 Rua Bernardino Costa, 1-5 Largo do Corpo Santo, 4-9

1551 Rua Bernardino Costa, 7-13

5 - Números de Obra e frentes de rua correspondentes em http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi

 

Page 103: O uso da abobada na construcao pombalina

83

8.1.1 Arquivo Municipal de Lisboa

Nº de Obra [Volume | Processo | Ano | Folha (s)]

46128 1º | 10401 | 1931 | 4

1141 1º | 15078 | 1939 | 6 1º | 20902 | 1956 | 11

5993 2º | 36636 | 1919 | 15 2º | 42158 | 1966 | 4

21439 1º | 12274 | 1949 | 5; 6; 7; 9

34040 1º | 12376 | 1919 | 2

8897 1º | 25264 | 1947 | 3 1º | 8110 | 1962 | 3

2280 - RESERVADA

13023 - SEM Referencia

4164 1º | 18938 | 1919 | 4

8530 1º | 755/I | 1951 | 2 1º | 48588 | 1951 | 2 2º | 21622 | 1960 | 12

35713 2º | 12618 | 1953 | 15 2º | 49336 | 1967 | 5 2º | 50064 | 1968 | 3

29530 1º | 16602 | 1941 | 6 1º | 22438 | 1948 | 3 1º | 39688 | 1952 | 5

37610 1º | 23840 | 1953

11726 1º | 40216 | 1949 | 17; 18

8529 1º | 57988 | 1958 | 4

Nº de Obra [Volume | Processo | Ano | Folha (s)]

4152 1º | 27704 | 1959 | 11 1º | 8048 | 1973 | 4; 5

34702 1º | 18228 | 1963 | 4 1º | 29750 | 1968 | 13

3409 - Sem INFO

15350 1º | 40058 | 1957 | 3 1º | 2024 | 1971 | 6

5380 - SEM REFERENCIA

4059 2º | 5362 | 1943 | 5; 7

10898 - SEM INFO

37302

1º | 3983 | 1915 | 7 2º | 3370 | 1939 | 6 2º | 14446 | 1939 | 6 3º | 40614 | 1945 | 8; 11

6481 - SEM INFO

8522 1º | 40540 | 1959 | 9

30589 1º | 14807 | 1921 | 4 1º | 10034 | 1951 | 7; 8

1698 - SEM INFO

32406 - SEM INFO

19473 1º | 33292 | 1947 | 6; 7

33624 1º | 7129 | 1928 | 2

1356 1º | 24876 | 1944 | 9

197 1º | 10176 | 1919 | 4

21378 1º | 8 | 1914 | 5 1º | 4962 | 1914 | 9

7304 - SEM INFO

25707 2º | 2608 | 1991 | 9

1279 - SEM INFO

1551 - SEM INFO

6 - Listagem de folhas, no âmbito do presente trabalho, pertinentes do Arquivo Municipal de Lisboa, por número de obra

 

Page 104: O uso da abobada na construcao pombalina

84

8.1.2 Levantamento de Campo

Bloco A - No (s) de Obra: 46128 Moradas: A1- Travessa da Ribeira Nova; A2- Praça de São Paulo; A3- Travessa de São Paulo; A4- Rua da Ribeira Nova

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

A1 3 Abóbada

a1

A1 7 Abóbada

-

A2 1 Metálico

-

A4 32 Abóbada

a3

A4 16 Abóbada

a4

A4 14 Abóbada

-

A4 12 Abóbada

a5

A4 6-8 Abóbada

a6

A4 2-4 Abóbada

- - -

7 - Ficha de levantamento de campo do bloco A, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

A1 7 0 0 - 7 7 7(4+1)

A2 15 3 - 4 - 5 0 - 15 7 - 8 15(4+1)

A3 6 0 0 - 6 6 6(4+1)

A4 16 4 - 4 - 4 - 4 0 - 16 16 16(4+1) 8 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco A, no Cais do Sodré

Page 105: O uso da abobada na construcao pombalina

85

Bloco B - No (s) de Obra: 1141; 5993; 21439 Moradas: B1- Travessa dos Remolares; B2- Rua de São Paulo; B3- Praça de São Paulo; B4- Rua Nova do Carvalho

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

B1 41 Arco

a7

B3 17 Abóbada

a8

B3 21 Abóbada

a9

B4 72 Abóbada

- -

9 - Ficha de levantamento de campo do bloco B, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

B1 8 3 0 - 8 3 - 5 3(5+1) - 5(5)

B2 11 7 0 - 11 7 - 4 7(5) - 4(4+1)

B3 7 4 0 - 7 7 7(4+1)

B4 11 0 0 - 11 4 - 7 4(4+1) - 7(5+1) 10 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco B, no Cais do Sodré

Page 106: O uso da abobada na construcao pombalina

86

Bloco C - No (s) de Obra: 34040; 8897; 2280; 13023 Moradas: C1- Travessa dos Remolares; C2- Rua Nova do Carvalho; C3- Travessa da Ribeira Nova; C4- Rua dos Remolares

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

C2 69 Arco

- - a10

C2 81 Outro

- - -

C3 30 Outro

- - -

C4 36-28 Outro

- - -

11 - Ficha de levantamento de campo do bloco C, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

C1 8 4 0 - 4 - 4 4 - 4 4(4+1) - 4(5+1)

C2 10 0 0 - 5 - 5 5 - 5 5(5+1) - 5(5)

C3 10 5 0 - 10 5 - 5 5(5) - 5(4+1)

C4 11 5 0 - 11 5 - 6 11(4+1) 12 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco C, no Cais do Sodré

Page 107: O uso da abobada na construcao pombalina

87

Bloco D - No (s) de Obra: 4164 Moradas: D1- Travessa dos Remolares; D2- Rua dos Remolares; D3- Praça da Ribeira Nova; D4- Avenida 24 de Julho

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

D1 9 Outro

- - -

D2 25 Outro

- - -

D3 2-16 Outro - - - - -

D4 2-2G Outro - - - - - 13 - Ficha de levantamento de campo do bloco D, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

D1 8 6 0 - 8 8 8(4+1)

D2 9 5 0 - 9 9 9(4+1)

D3 8 3 0 - 8 8 8(4+1)

D4 9 3 0 - 9 9 9(4+1) 14 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco D, no Cais do Sodré

Page 108: O uso da abobada na construcao pombalina

88

Bloco E - No (s) de Obra: 8530; 35713; 29530; 37610 Moradas: E1- Rua de São Paulo; E2- Travessa dos Remolares; E3- Rua Nova do Carvalho; E4- Rua do Alecrim

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

E1 23 Abóbada

a11

E1 31 Arco

- -

E1 33 Arco

a12

E1 37 Outro - - - - -

E1 39-41 Abóbada

a13

E2 42 Outro - - - - -

E3 36 Outro - - - - -

E3 46-48 Arco

a14

E3 44 Abóbada

a15

E3 40 Abóbada

a16

E3 36 Abóbada

a17

E3 24 Abóbada -

a18

15 - Ficha de levantamento de campo do bloco E, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

E1 12 0 0 - 12 6 - 6 6(5+1) - 6(6)

E2 8 4 0 - 8 4 - 4 4(6) - 4(5+1)

E3 15 6 0 - 6 - 9 6 - 9 6(5+1) - 9(5+1)

E4 8 0 0 - 8 4 - 4 8(5+1) 16 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco E, no Cais do Sodré

Page 109: O uso da abobada na construcao pombalina

89

Bloco F - No (s) de Obra: 10898; 8529; 4152; 34702; 3409; 15350; 5380; 4059 Moradas: F1- Rua Nova do Carvalho; F2- Travessa dos Remolares; F3- Rua dos Remolares; F4- Praça do Duque da Terceira; F5- Rua do Alecrim

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

F1 49 Abóbada - - - - a21

F2 34 Abóbada

a22

F3 14 Arco

a23

F3 2 Arco - - - - a24

F4 9-13 Outro - - - - -

F5 1-17 Outro - - - - - 17 - Ficha de levantamento de campo do bloco F, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

F1 16 0 0 - 16 6 - 5 - 5 16(5+1)

F2 10 5 0 - 10 5 - 5 5(5+1) - 5(6)

F3-F4 18 4 - 4 - 5 0 - 13 - 5 4 - 4 - 5 - 5 4(6) - 4(5+1) - 5(4+1) -

5(4+1)

F5 8 4 0 - 8 4 - 4 4(4+1) - 4(5+1) 18 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco F, no Cais do Sodré

Bloco G - No (s) de Obra: 37302 Moradas: G1- Praça do Duque da Terceira; G2- Rua dos Remolares; G3- Travessa dos Remolares; G4- Avenida 24 de Julho

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

G1 8 Abóbada

b2

G1 6 Abóbada

- - b1

G2 17 Abóbada

- - -

19 - Ficha de levantamento de campo do bloco G, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

G1 8 4 0 - 8 8 8(4+1)

G2 12 4 - 4 0 - 12 12 12(4+1)

G3 9 0 0 - 9 9 9(4+1)

G4 11 2 - 5 0 - 11 11 11(4+1) 20 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco G, no Cais do Sodré

Page 110: O uso da abobada na construcao pombalina

90

Bloco H - No (s) de Obra: 6481 Moradas: H1- Rua Nova do Carvalho; H2- Rua de São Paulo; H3- Rua do Alecrim

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

- - - - - - - - 21 - Ficha de levantamento de campo do bloco H, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

H1 9 0 0 - 9 9 9(5)

H2 9 0 0 - 9 9 9(5)

H3 8 0 0 - 8 8 8(5) 22 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco H, no Cais do Sodré

Bloco I - No (s) de Obra: 8522; 30589; 1698; 32406; 19473; 33624; 1356; 197 Moradas: I1- Praça do Duque da Terceira; I2- Rua Bernardino Costa; I3- Travessa do Corpo Santo; I4- Rua Nova do Carvalho; I5- Rua do Alecrim

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

I1 14-19 Outro

- - - -

I2 52-54 Outro

- - - -

I2 46 Arco

- - a19

I2 42 Arco

- - a20

I3 17-33 Outro

- - - -

I4 1-25 Outro

- - - -

23 - Ficha de levantamento de campo do bloco I, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

I1-I2 18 6 - 5 - 3 0 - 6 - 12 6 - 5 - 3 - 4 18(4+1)

I3 9 0 0 - 3 - 6 3 - 3 - 3 3(4+1) - 3(6) - 3(4+1)

I4 14 8 0 - 8 - 6 4 - 4 - 6 4(4+1) - 4(5+1) - 6(5+1)

I5 8 4 0 - 8 4 - 4 4(5+1) - 4(4+1) 24 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco I, no Cais do Sodré

Page 111: O uso da abobada na construcao pombalina

91

Bloco J - No (s) de Obra: 21378 Moradas: J1- Cais do Sodré; J2- Travessa do Corpo Santo; J3- Rua Bernardino Costa; J4- Praça do Duque da Terceira

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

J1 40 Arco

b3

J2 1-15 Outro

- - - -

J3 38 Arco

(mesmo que em “J1”) (mesmo que em “J1”) -

J4 20-27 Outro

- - - -

25 - Ficha de levantamento de campo do bloco J, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

J1 18 3 - 5 0 - 3 - 6 - 3 12 12(4+1)

J2 8 5 0 - 8 8 8(4+1)

J3 12 4 - 2 - 3 0 - 12 12 12(4+1)

J4 8 4 0 - 8 8 8(4+1) 26 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco J, no Cais do Sodré

Bloco K - No (s) de Obra: 7304; 25707; 1279; 1551 Moradas: K1- Cais do Sodré; K2- Largo do Corpo Santo; K3- Rua Bernardino Costa; K4- Travessa do Corpo Santo

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

K1 16 Abóbada

b4

K1 2-12 Outro - - - - -

K2 5 Madeira

-

K3 1-29 Outro - - - - - 27 - Ficha de levantamento de campo do bloco K, no Cais do Sodré

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

K1 15 8 0 - 15 8 - 7 8(4) - 7(4+1)

K2 9 3 0 - 9 3 - 6 9(4+1)

K3 15 3 - 4 0 - 15 3 - 4 - 8 3(4+1) - 4(5) - 8(4)

K4 9 0 0 - 9 9 9(4) 28 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco K, no Cais do Sodré

Page 112: O uso da abobada na construcao pombalina

92

 

29 - “Ficha A” de desenhos à mão levantada

Page 113: O uso da abobada na construcao pombalina

93

 

30 - “Ficha B” de desenhos à mão levantada

 

Page 114: O uso da abobada na construcao pombalina

94

8.2 Chiado

 

31 - Ortofotomapa com identificação da zona em estudo; 1:4000

 

32 - Informação urbana disponível em http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi; 1:2000

   

Page 115: O uso da abobada na construcao pombalina

95

 

33 - Divisão da área em estudo por blocos de edifícios; 1:2500

 

34 - Números de obra mapeados, correspondentes aos processos da Câmara Municipal de Lisboa; 1:2500

 

Page 116: O uso da abobada na construcao pombalina

96

Nº de Obra Morada (s)

1153 Calçada do Sacramento, 2-12 Rua do Carmo, 1-7 Rua Garrett, 2-18

1888 Rua Garrett, 20-26 Calçada do Sacramento, 1-9

17345 Rua Garrett, 28-40

12448 Rua Garrett, 42-52

4911 Rua Garrett, 54-64

17351 Rua Garrett, 66-78

20630 Rua Garrett, 80-86

28996 Rua Serpa Pinto, 12-12B Rua Garrett, 88-98

39728 Rua Serpa Pinto, 19-19K Travessa da Trindade, 1-23 Rua Garrett, 100-122

30147 Largo do Chiado, 24-25 Rua Nova da Trindade, 2-2J Travessa da Trindade, 25-29

10354 Largo do Chiado, 16-23 Rua Nova da Trindade, 1-1D

Nº de Obra Morada (s)

28652 Largo do Chiado, 13-15

15919 Rua António Maria Cardoso, 41-53 Largo do Chiado, 9-12

3953 Rua Paiva de Andrada, 1-15B Largo do Chiado, 8

27319 Largo do Chiado, 4-7

11851 Largo do Chiado, 1-3 Rua Garrett, 83

41572 Rua Serpa Pinto, 17-17K Rua Garrett, 77

38766 Rua Anchieta, 17-25

171 Rua Anchieta, 27-29

170 Rua Garrett, 69-75 Rua Anchieta, 31

23942 Rua Garrett, 53-67

14305 Rua Garrett, 37-51 Rua Ivens, 66-76

39652 Rua Garrett, 25-35 Rua Ivens, 63-75

11045 Rua Garrett, 13-23

27727 Rua Garrett, 1-11 Rua Nova do Almada, 103-115

35 - Números de Obra e frentes de rua correspondentes; fonte: http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi

 

Page 117: O uso da abobada na construcao pombalina

97

8.2.1 Arquivo Municipal de Lisboa

Nº de Obra [Volume | Processo | Ano | Folha (s)]

1153 1º | 6424 | 1906 | 2

1888 - SEM INFO

17345 1º | 7247 | 1920 | 4 1º | 85 | 1928 | 2 2º | 35604 | 1946 | 8

12448 1º | 7392 | 1903 | 3 1º | 17762 | 1922 | 4 1º | 27310 | 1935 | 3

4911 1º | 6321 | 1928 | 2

17351 1º | 43294 | 1943 | 20; 22; 29

20630 1º | 2159 | 1932 | 5

28996 1º | 437 | 1921 | 4 1º | 223 | 1928 | 2

39728 1º | 5903 | 1914 | 2 1º | 49292 | 1938 | 3

30147 1º | 24797 | 1935 | 2

10354 1º | 1702 | 1934 | 3 2º | 4406 | 1957 | 5

Nº de Obra [Volume | Processo | Ano | Folha (s)]

28652 1º | 26138 | 1947 | 5; 6

15919 1º | 9205 | 1918 | 5

3953 1º | 7764 | 1930 | 2 1º | 1194 | 1941 | 2 1º | 39700 | 1942 | 20

27319 1º | 3583 | 1932 | 2 1º | 31408 | 1935 | 3

11851 - SEM INFO

41572 1º | 38 | 1883 | 2 1º | 24017 | 1929 | 2

38766 1º | 10177 | 1936 | 2

171 - SEM INFO

170 2º | 11968 | 1957 | 5; 6

23942 1º | 5072 | 1927 | 2 1º | 7988 | 1937 | 7

14305 2º | 3582 | 1948 | 8; 9

39652 - RESERVADA

11045 1º | 1977 | 1917 | 2 1º | 15669 | 1922 | 5

27727 1º | 2638 | 1905 | 2

36 - Listagem de folhas, no âmbito do presente trabalho, pertinentes do Arquivo Municipal de Lisboa, por número de obra

   

Page 118: O uso da abobada na construcao pombalina

98

8.2.2 Levantamento de Campo

Bloco A - No (s) de Obra: 1153 Moradas: A1- Rua do Carmo; A2- Rua Garrett; A3- Calçada do Sacramento

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

A1 9-11 Outro

- -

A1 1-7 Outro

- -

A2 14-18 Outro

- -

A3 8 Outro

- -

37 - Ficha de levantamento de campo do bloco A, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

A1 55 0 0 - 8 - 3 - 7 - (…) 11 - 7 - (…) 18(6) - (…)

A2 9 0 0 - 9 9 9(5)

*A3 … 0 0 - 6 - 5 - 5 - (…) 11 - 5 - (…) 6(4) - 5(5) - (…) 38 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco A, no Chiado

Page 119: O uso da abobada na construcao pombalina

99

Bloco B - No (s) de Obra: 1888; 17345; 12448; 4911; 17351; 20630; 28996 Moradas: B1- Calçada do Sacramento; B2- Rua Garrett; B3- Rua Serpa Pinto

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

B2 20-24 Outro

- -

B2 28-30 Abóbada

c7

B2 32-34 Abóbada

c8

B2 38 Arco

c9

B2 40 Outro

- -

B2 42 Outro

- -

B2 44 Arco

c10

B2 50-52 Outro

- - -

B2 54 Abóbada

c11

B2 66-68 Outro

- -

B2 70-72 Arco

- -

Page 120: O uso da abobada na construcao pombalina

100

B2 78 Arco

c12

B2 82 Arco

- - -

B2 88 Outro

- -

B2 90 Outro

- -

B2 94 Arco

c14

B2 98 Arco

c13

B3 12A Outro

- -

39 - Ficha de levantamento de campo do bloco B, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

B1 6 0 0 - 6 6 6(6)

B2 40 6 - 4 0 - 6 - 4 - 7 - 6 - 6 - 7 - 4 6 - 4 - 7 - 6 - 6 - 7 - 4 6(5+1) - 4(5+1) - 7(5+1)

- 6(5+1) - 6(5+1) - 7(5+1) - 4(5+1)

*B3 16 0 0 - 6 - 5 - 5 6 - 5 - 5 6(4+1) - 5(4+1) - 5(4+1) 40 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco B, no Chiado

Page 121: O uso da abobada na construcao pombalina

101

Bloco C - No (s) de Obra: 39728; 30147 Moradas: C1- Rua Serpa Pinto; C2- Rua Garrett; C3- Largo do Chiado; C4- Rua Nova da Trindade; C5-Travessa da Trindade

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

C2 100

- 102

Outro

- -

C2 104

- 106

Abóbada

c15

C2 110 Arco

c16

C2 112

- 118

Outro

-

C2 120

- 122

Outro

- -

C3 25 Outro

- -

41 - Ficha de levantamento de campo do bloco C, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

C1 12 0 0 - 6 - 6 12 12(4)

C2-C3 18 0 0 - 18 6 - 12 6(5+1) - 12(5)

*C4 12 0 0 - 12 12 12(4+1)

C5 15 0 0 - 15 12 - 3 12(3) - 3(5) 42 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco C, no Chiado

Page 122: O uso da abobada na construcao pombalina

102

Bloco D - No (s) de Obra: 10354 Moradas: D1- Rua Nova da Trindade; D2- Largo do Chiado

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

D1 1C Outro

- -

D1 1B Arco

c17

D2 20-23 Arco

c18

D2 16-17 Outro

- -

43 - Ficha de levantamento de campo do bloco D, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

D1 … 0 0 - 10 - (…) 10 - 3 - (…) 10(5+1) - 3(4) - (…)

D2 8 0 0 - 8 8 8(6+1) 44 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco D, no Chiado

Bloco E - No (s) de Obra: 28652; 15919 Moradas: E1- Largo do Chiado; E2- Rua António Maria Cardoso

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

E1 13-14 Arco

c1

E1 9 Outro

- - -

45 - Ficha de levantamento de campo do bloco E, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

E1 7 0 0 - 4 - 3 4 - 3 4(4+1) - 3(4+1)

*E2 7 0 0 - 7 7 7(4+1) 46 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco E, no Chiado

Page 123: O uso da abobada na construcao pombalina

103

Bloco F - No (s) de Obra: 3953 Moradas: F1- Largo do Chiado; F2- Rua Paiva de Andrada

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

F1 8 Outro

- - -

47 - Ficha de levantamento de campo do bloco F, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

F1 7 0 0 - 7 7 2(4) - 3(3) - 2(4)

*F2 9 0 0 - 9 9 9(4) 48 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco F, no Chiado

Bloco G - No (s) de Obra: 27319; 11851; 41571 Moradas: G1- Largo do Chiado; G2- Rua Garrett; G3- Rua Serpa Pinto

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

G1 6-7 Abóbada

c2

G1 4 Abóbada

- - -

G2 83 Outro

- -

G2 77 Outro

- -

G3 17A Outro

-

49 - Ficha de levantamento de campo do bloco G, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

G1 19 0 0 - 14 - 5 4 - 4 - 6 - 5 4(5+1) - 4(5) - 6(6) - (…)

G2 9 0 0 - 9 3 - 6 9(5+1)

*G3 19 0 0 - 10 - 5 - 4 10 - 5 - 4 10(5+1) - 5(5) - 4(4+1) 50 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco G, no Chiado

Page 124: O uso da abobada na construcao pombalina

104

Bloco H - No (s) de Obra: 38766; 171; 170; 23942; 14305 Moradas: H1- Rua Anchieta; H2- Rua Garrett; H3- Rua Ivens

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

H2 73 Abóbada

c3

H2 69 Abóbada

c4

H2 67 Outro

- -

H2 63 Outro

- - -

H2 53-59 Outro

- - -

H2 49-51 Outro

- -

H2 43-45 Outro

- -

H3 70 Arco

c5

51 - Ficha de levantamento de campo do bloco H, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

H1 … 0 0 - 4 - 5 - 5 - 2 - (…) 4 - 12 - (…) 4(5) - 12(4) - (…)

H2 20 0 0 - 8 - 12 8 - 8 - 4 8(5+1) - 8(5+1) - 4(5)

*H3 … 0 0 - 6 - 8 - 2 - (…) 6 - 8 - 2 - (…) 6(5+1) - 8(4+1) - 2(4+1)

- (…) 52 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco H, no Chiado

Page 125: O uso da abobada na construcao pombalina

105

Bloco I - No (s) de Obra: 39652; 11045; 27727 Moradas: I1- Rua Ivens; I2- Rua Garrett; I3- Rua Nova do Almada

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

I2 33 Outro

- -

I2 27 Outro

- -

I2 21-23 Arco

c6

I2 13-17 Outro

- -

I2 1-9 Outro

- -

53 - Ficha de levantamento de campo do bloco I, no Chiado

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

I1 21 0 0 - 7 - 7 - 7 7 - 7 - 7 7(5+1) - 7(4+1) - 7(4)

I2 18 0 0 - 6 - 6 - 6 6 - 6 - 6 6(5) - 6(5) - 6(5+1)

*I3 21 0 0 - 7 - 7 - 7 7 - 7 - 7 7(6) - 7(6) - 7(6) 54 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco I, no Chiado

   

Page 126: O uso da abobada na construcao pombalina

106

 

55 - “Ficha C” de desenhos à mão levantada

 

Page 127: O uso da abobada na construcao pombalina

107

 

Page 128: O uso da abobada na construcao pombalina

108

8.3 Rossio e Praça da Figueira

 

56 - Ortofotomapa com identificação da zona em estudo; 1:4000

 

57 - Informação urbana disponível em http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi; 1:2500

   

Page 129: O uso da abobada na construcao pombalina

109

 

58 - Divisão da área em estudo por blocos de edifícios; 1:2500

 

59 - Números de obra mapeados, correspondentes aos processos da Câmara Municipal de Lisboa; 1:2500

   

Page 130: O uso da abobada na construcao pombalina

110

Nº de Obra Morada (s)

11220 Praça Dom João da Câmara, 1-6 Rua Primeiro de Dezembro, 102-116 Praça D. Pedro IV, 62-68

5939 Praça D. Pedro IV, 54-61 Rua Primeiro de Dezembro, 84-100

11221 Praça D. Pedro IV, 51-53 Rua Primeiro de Dezembro, 78-82

20631 Praça D. Pedro IV, 45-50 Rua Primeiro de Dezembro, 66-76

1115 Praça D. Pedro IV, 42-44 Calçada do Carmo, 2-12 Rua Primeiro de Dezembro, 60-64

5942 Praça D. Pedro IV, 39-41 Calçada do Carmo, 1-5

1114 Calçada do Carmo, 7-11 Rua Primeiro de Dezembro, 52-58

18768 Rua Primeiro de Dezembro, 40-50 Praça D. Pedro IV, 34-38

6835 Rua Primeiro de Dezembro, 28-38 Praça D. Pedro IV, 27-33

5940 Praça D. Pedro IV, 21-26 Rua Primeiro de Dezembro, 16-26

4649 Rua Primeiro de Dezembro, 10-14 Praça D. Pedro IV, 18-20

20657 Praça D. Pedro IV, 15-17 Rua Primeiro de Dezembro, 2-8

14515

Praça D. Pedro IV, 90-95 Rua Dom Antão de Almada, 1-1D Rua do Amparo, 2-2C Praça D. Pedro IV, 84-89 Rua Dom Antão de Almada, 3-3D

30178 Praça D. Pedro IV, 78-83 Rua Dom Antão de Almada, 5-5D

12574 Praça D. Pedro IV, 69-77 Largo de São Domingos, 1-9 Rua Dom Antão de Almada, 7-7A

14679

Rua do Amparo, 1-1B Rua da Betesga, 2-2C Praça D. Pedro IV, 96-122 Praça da Figueira, 1-3C

3733 Travessa Nova de São Domingos, 1-15 Rua Dom Duarte, 1-1B Praça da Figueira, 8-8E

9326 Travessa Nova de São Domingos, 17-29 Praça da Figueira, 7-7D

Nº de Obra Morada (s)

33808 Travessa Nova de São Domingos, 31-45 Praça da Figueira, 6-6E

6794 Praça da Figueira, 5-5E Travessa Nova de São Domingos, 47-61

3331 Travessa Nova de São Domingos, 63-67 Praça da Figueira, 4-4B Rua Dom Antão de Almada, 2-2A

7271 Praça da Figueira, 9-9C Rua João das Regras, 5-5D

11616 Praça da Figueira, 10-10B

10016 Praça da Figueira, 11-11F

10228 Praça da Figueira, 12-12D

675 Rua dos Condes de Monsanto, 4-4D Praça da Figueira, 13-13A

30120 Rua dos Fanqueiros, 314-320 Rua dos Condes de Monsanto, 3-3C

24551 Rua dos Fanqueiros, 273-285 Praça da Figueira, 14-14B

22690 Rua dos Douradores, 214-230 Praça da Figueira, 15-15B

21749 Rua dos Douradores, 185-189 Praça da Figueira, 16-16B

10317 Rua da Prata, 282-288 Praça da Figueira, 17-17A

9619 Rua da Prata, 293-303 Rua dos Correeiros, 230-240 Praça da Figueira, 18-18C

26285 Rua dos Correeiros, 227-239 Rua da Betesga, 1-1B

9453 Rua Augusta, 284-286 Rua da Betesga, 3

4203 Rua Augusta, 285-295 Praça D. Pedro IV, 1-3

37783 Rua dos Sapateiros, 218-232 Praça D. Pedro IV, 4-6

13616 Rua dos Sapateiros, 225-231 Praça D. Pedro IV, 7-9

12441 Rua Áurea, 286-296 Praça D. Pedro IV, 10-12

5514 Rua Áurea, 285-295 Praça D. Pedro IV, 13-14 Rua do Carmo, 100-110

35 Rua Dom Duarte, 2-2C Rua João das Regras, 6-6B

60 - Números de Obra e frentes de rua correspondentes; fonte: http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi

Page 131: O uso da abobada na construcao pombalina

111

8.3.1 Arquivo Municipal de Lisboa

Nº de Obra [Volume | Processo | Ano | Folha (s)]

11220

1º | 165 | 1909 | 3 1º | 1160 | 1923 | 6 1º | 421 | 1926 | 2 1º | 29646 | 1942 | 19

5939 1º | 10857 | 1918 | 4 1º | 1583 | 1924 | 5

11221 1º | 2737 | 1910 | 2 1º | 5826 | 1915 | 5 1º | 4463 | 1921 | 2

20631

1º | 6100 | 1953 | 3 1º | 18590 | 1954 | 3 1º | 56674 | 1955 | 5; 6 1º | 39032 | 1957 | 6; 7 3º | 5854 | 1989 | 30; 31

1115 1º | 30894 | 1946 | 3

5942 1º | 29958 | 1944 | 8 1º | 22416 | 1953 | 6 1º | 6508 | 1955 | 5

1114 1º | 714 | 1926 | 2

18768

1º | 2351 | 1915 | 2; 3; 3ª 1º | 5727 | 1919 | 10; 11 1º | 1901 | 1933 | 22; 23; 25; 26 1º | 13256 | 1934 | 3

6835 1º | 659 | 1912 | 3 1º | 4358 | 1912 | 5; 6 1º | 3722 | 1915 | 4

5940 1º | 7760 | 1937 | 5 2º | 19640 | 1966 | 3; 4

4649 1º | 29826 | 1960 | 4 3º | 286 | 1988 | 7; 8; 10

20657 1º | 6880 | 1927 | 2 1º | 30714 | 1946 | 3; 4 2º | 3758 | 1947 | 5

14515

1º | 3883 | 1905 | 2 1º | 1963 | 1916 | 3 4º | 2602 | 1951 | 8 4º | 18016 | 1951 | 6 4º | 28474 | 1956 | 37 4º | 3092 | 1957 | 3; 23 7º | 3800 | 1999 | 10; 14

30178 1º | 891 | 1907 | 3 2º | 18936 | 1962 | 9; 10

12574

1º | 4374 | 1929 | 2 1º | 12574 | 1929 | 2 1º | 1176 | 1936 | 3 1º | 54636 | 1938 | 7 2º | 20656 | 1951 | 22 2º | 25624 | 1957 | 12

Nº de Obra [Volume | Processo | Ano | Folha (s)]

3733 1º | 4685 | 1919 | 4 1º | 11402 | 1946 | 13; 14 2º | 12664 | 1947 | 3

9326

1º | 11350 | 1944 | 4 2º | 3766 | 1992 | 102;179; 237; 238 3º | 1024 | 1998 | 19 3º | 1432 | 2001 | 9; 11

33808 1º | 46148 | 1949 | 4; 5

6794 2º | 53250 | 1949 | 2

3331 1º | 60 | 1947 | 3 1º | 7146 | 1960 | 12

7271 1º | 20082 | 1920 | 2 2º | 322 | 1957 | 6 3º | 77 | 1988 | 11; 12

11616 2º | 4594 | 1970 | 34

10016 1º | 10781 | 1920 | 2 1º | 4209 | 1936 | 3 1º | 10494 | 1947 | 5

10228 1º | 7709 | 1909 | 2 1º | 32316 | 1952 | 3; 4

675 1º | 891 | 1910 | 2 1º | 6599 | 1918 | 2 1º | 48386 | 1951 | 10

30120 1º | 3920 | 1994 | 27; 30; 31

24551 1º | 47768 | 1947 | 3 1º | 31424 | 1954 | 21

22690 1º | 670 | 1932 | 2 1º | 39306 | 1954 | 4 1º | 18892 | 1960 | 5; 7

21749

1º | 7707 | 1918 | 3 1º | 48414 | 1952 | 4 2º | 1662 | 1979 | 4 2º | 2482 | 1980 | 4

10317 1º | 40472 | 1967 | 18

9619 2º | 29332 | 1943 | 2 2º | 34008 | 1951 | 3 3º | 3682 | 1960 | 5

26285 1º | 88 | 1913 | 2 1º | 1732 | 1929 | 2

9453 1º | 30470 | 1943 | 7 2º | 19072 | 1960 | 3

4203 1º | 5904 | 1918 | 4 1º | 21451 | 1929 | 2

37783 1º | 39528 | 1943 | 7; 8 2º | 13804 | 1954 | 7

13616 1º | 2921 | 1910 | 2; 3

Page 132: O uso da abobada na construcao pombalina

112

3º | 2768 | 1977 | 8; 9

14679

1º | 760 | 1913 | 2 1º | 6158 | 1915 | 5 2º | 30622 | 1952 | 4; 5 2º | 18510 | 1953 | 3 3º | 30480 | 1963 | 5; 7 3º | 49894 | 1963 | 4; 6 3º | 37174 | 1964 | 5

12441 1º | 1746 | 1966 | 3

5514 1º | 1344 | 1913 | 2 1º | 7146 | 1934 | 2; 3

35 2º | 682OB | 1979 | 24 3º | 950OB | 1981 | 15

61 – Listagem de folhas, no âmbito do presente trabalho, pertinentes do Arquivo Municipal de Lisboa, por número de obra

Obra nº 11220

 

62 - Processo 165, 1909, folha 3; Largo D. João da Câmara, 1 a 6, Praça D Pedro IV, 60 a 68 e Rua 1 de Dezembro, 102 a 116

 

63 - Processo 1160, 1923, folha 6; Largo D. João da Câmara, 1 a 6, Praça D Pedro IV, 60 a 68 e Rua 1 de Dezembro, 102 a 116

Page 133: O uso da abobada na construcao pombalina

113

 

64 - Processo 421, 1926, folha 2; Largo D. João da Câmara, 1 a 6, Praça D Pedro IV, 60 a 68 e Rua 1 de Dezembro, 102 a 116

 

65 - Processo 29646, 1949, folha 19; Largo D. João da Câmara, 1 a 6, Praça D Pedro IV, 60 a 68 e Rua 1 de Dezembro, 102 a 116

Page 134: O uso da abobada na construcao pombalina

114

Obra nº 5939 

 

66 - Processo 10857, 1918, folha 4; Praça D Pedro IV, 54 a 61 e Rua Primeiro de Dezembro, 84 a 100

 

67 - Processo 1583, 1924, folha 5; Praça D Pedro IV, 54 a 61 e Rua Primeiro de Dezembro, 84 a 100

Page 135: O uso da abobada na construcao pombalina

115

Obra nº 11221 

 

68 - Processo 2737, 1910, folha 2; Praça D Pedro IV, 51 a 53 e Rua Primeiro de Dezembro, 78 a 82

 

69 - Processo 5826, 1915, folha 5; Praça D Pedro IV, 51 a 53 e Rua Primeiro de Dezembro, 78 a 82

 

70 - Processo 4463, 1921, folha 2; Praça D Pedro IV, 51 a 53 e Rua Primeiro de Dezembro, 78 a 82

Page 136: O uso da abobada na construcao pombalina

116

Obra nº 20631 

 

71 - Processo 6100, 1953, folha 3; Praça D Pedro IV, 45 a 50 e Rua Primeiro de Dezembro, 66 a 76

 

72 - Processo 56674, 1955, folha 5; Praça D Pedro IV, 45 a 50 e Rua Primeiro de Dezembro, 66 a 76

 

73 - Processo 20631, 1955, folha 6; Praça D Pedro IV, 45 a 50 e Rua Primeiro de Dezembro, 66 a 76

   

Page 137: O uso da abobada na construcao pombalina

117

Obra nº 1115 

 

74 - Processo 30894, 1946, folha 3; Calçada do Carmo, 2 a 12, Praça D Pedro IV, 42 a 44 e Rua Primeiro de Dezembro, 60 a 64

Page 138: O uso da abobada na construcao pombalina

118

Obra nº 5942 

 

75 - Processo 29958, 1944, folha 8; Calçada do Carmo, 1 a 5 e Praça D Pedro IV, 39 a 41

 

76 - Processo 22416, 1953, folha 6; Calçada do Carmo, 1 a 5 e Praça D Pedro IV, 39 a 41

Page 139: O uso da abobada na construcao pombalina

119

Obra nº 1114 

 

77 - Processo 714, 1926, folha 2; Calçada do Carmo, 7 a 11 e Rua Primeiro de Dezembro, 52 a 58

Page 140: O uso da abobada na construcao pombalina

120

Obra nº 18768 

 

78 - Processo 2351, 1915, folha 3A (parcial); Praça D Pedro IV, 34 a 38 e Rua Primeiro de Dezembro, 40 a 50

 

79 - Processo 5727, 1919, folha 10; Praça D Pedro IV, 34 a 38 e Rua Primeiro de Dezembro, 40 a 50

 

80 - Processo 5727, 1919, folha 11; Praça D Pedro IV, 34 a 38 e Rua Primeiro de Dezembro, 40 a 50

   

Page 141: O uso da abobada na construcao pombalina

121

 

 

81 - Processo 1901, 1933, folha 25; Praça D Pedro IV, 34 a 38 e Rua Primeiro de Dezembro, 40 a 50

Page 142: O uso da abobada na construcao pombalina

122

Obra nº 6835 

 

82 - Processo 659, 1912, folha 3; Praça D Pedro IV, 27 a 33 e Rua Primeiro de Dezembro, 28 a 38

 

83 - Processo 4358, 1912, folha 5; Praça D Pedro IV, 27 a 33 e Rua Primeiro de Dezembro, 28 a 38

 

84 - Processo 4358, 1912, folha 6; Praça D Pedro IV, 27 a 33 e Rua Primeiro de Dezembro, 28 a 38

Page 143: O uso da abobada na construcao pombalina

123

Obra nº 5940 

 

85 - Processo 19640, 1966, folha 3; Praça D Pedro IV, 21 a 26 e Rua Primeiro de Dezembro, 16 a 26

Page 144: O uso da abobada na construcao pombalina

124

Obra nº 4649 

 

86 - Processo 29826, 1960, folha 4; Praça D Pedro IV, 18 a 20 e Rua Primeiro de Dezembro, 10 a 14

 

87 - Processo 286, 1988, folha 7; Praça D Pedro IV, 18 a 20 e Rua Primeiro de Dezembro, 10 a 14

 

88 - Processo 286, 1988, folha 10; Praça D Pedro IV, 18 a 20 e Rua Primeiro de Dezembro, 10 a 14

Page 145: O uso da abobada na construcao pombalina

125

Obra nº 20657 

 

89 - Processo 30714, 1946, folha 3; Praça D Pedro IV, 15 a 17 e Rua Primeiro de Dezembro, 2 a 8

 

90 - Processo 30714, 1946, folha 4; Praça D Pedro IV, 15 a 17 e Rua Primeiro de Dezembro, 2 a 8

Page 146: O uso da abobada na construcao pombalina

126

Obra nº 14515 

 

91 - Processo 3883, 1905, folha 2; Rua Amparo, 2 a 2C, Praça D Pedro IV, 85 a 95 e Rua D. Antão de Almada, 1 a 3D

 

92 - Processo 1963, 1916, folha 3; Rua Amparo, 2 a 2C, Praça D Pedro IV, 85 a 95 e Rua D. Antão de Almada, 1 a 3D

 

93 - Processo 18016, 1951, folha 6; Rua Amparo, 2 a 2C, Praça D Pedro IV, 85 a 95 e Rua D. Antão de Almada, 1 a 3D

Page 147: O uso da abobada na construcao pombalina

127

 

 

94 - Processo 3092, 1957, folha 3; Rua Amparo, 2 a 2C, Praça D Pedro IV, 85 a 95 e Rua D. Antão de Almada, 1 a 3D

 

95 - Processo 3092, 1957, folha 23; Rua Amparo, 2 a 2C, Praça D Pedro IV, 85 a 95 e Rua D. Antão de Almada, 1 a 3D

Page 148: O uso da abobada na construcao pombalina

128

Obra nº 30178 

 

96 - Processo 891, 1907, folha 3; Praça D Pedro IV, 78 a 83 e Rua D. Antão de Almada, 5 a 5D

   

Page 149: O uso da abobada na construcao pombalina

129

 

 

97 - Processo 18936, 1962, folha 9; Praça D Pedro IV, 78 a 83 e Rua D. Antão de Almada, 5 a 5D

 

98 - Processo 18936, 1962, folha 10; Praça D Pedro IV, 78 a 83 e Rua D. Antão de Almada, 5 a 5D

Page 150: O uso da abobada na construcao pombalina

130

Obra nº 12574 

 

99 - Processo 4374, 1929, folha 2; Praça D Pedro IV, 69 a 77 e Rua D. Antão de Almada, 7 a 7ª e Largo S. Domingos, 1 a 9

 

100 - Processo 12574, 1929, folha 2; Praça D Pedro IV, 69 a 77 e Rua D. Antão de Almada, 7 a 7ª e Largo S. Domingos, 1 a 9

Page 151: O uso da abobada na construcao pombalina

131

 

 

101 - Processo 1176, 1936, folha 3; Praça D Pedro IV, 69 a 77 e Rua D. Antão de Almada, 7 a 7ª e Largo S. Domingos, 1 a 9

 

102 - Processo 54636, 1938, folha 7; Praça D Pedro IV, 69 a 77 e Rua D. Antão de Almada, 7 a 7ª e Largo S. Domingos, 1 a 9

   

Page 152: O uso da abobada na construcao pombalina

132

 

 

103 - Processo 20656, 1951, folha 22; Praça D Pedro IV, 69 a 77 e Rua D. Antão de Almada, 7 a 7ª e Largo S. Domingos, 1 a 9

 

104 - Processo 2768, 1977, folha 9; Praça D Pedro IV, 69 a 77 e Rua D. Antão de Almada, 7 a 7ª e Largo S. Domingos, 1 a 9

Page 153: O uso da abobada na construcao pombalina

133

Obra nº 14679 

 

105 - Processo 760, 1913, folha 2; Praça D Pedro IV, 114 a 122, Praça Figueira, 1 a 1M e Rua Betesga, 2 a 2C

 

106 - Processo 6158, 1915, folha 5; Praça D Pedro IV, 114 a 122, Praça Figueira, 1 a 1M e Rua Betesga, 2 a 2C

 

107 - Processo 30622, 1952, folha 4; Praça D Pedro IV, 114 a 122, Praça Figueira, 1 a 1M e Rua Betesga, 2 a 2C

Page 154: O uso da abobada na construcao pombalina

134

 

 

108 - Processo 30480, 1963, folha 5; Praça D Pedro IV, 114 a 122, Praça Figueira, 1 a 1M e Rua Betesga, 2 a 2C

 

109 - Processo 30480, 1963, folha 7; Praça D Pedro IV, 114 a 122, Praça Figueira, 1 a 1M e Rua Betesga, 2 a 2C

Page 155: O uso da abobada na construcao pombalina

135

Obra nº 3733 

 

110 - Processo 4685, 1919, folha 4; Praça Figueira, 8 a 8E, Travessa Nova de S. Domingos, 1 a 15 e Rua D. Duarte, 1 a 1B

 

111 - Processo 11402, 1942, folha 13; Praça Figueira, 8 a 8E, Travessa Nova de S. Domingos, 1 a 15 e Rua D. Duarte, 1 a 1B

   

Page 156: O uso da abobada na construcao pombalina

136

 

 

112 - Processo 11402, 1942, folha 14; Praça Figueira, 8 a 8E, Travessa Nova de S. Domingos, 1 a 15 e Rua D. Duarte, 1 a 1B

Page 157: O uso da abobada na construcao pombalina

137

Obra nº 9326 

 

113 - Processo 3766, 1992, folha 237; Praça Figueira, 7 a 7D e Travessa Nova de S. Domingos, 17 a 29

 

114 - Processo 3766, 1992, folha 238; Praça Figueira, 7 a 7D e Travessa Nova de S. Domingos, 17 a 29

   

Page 158: O uso da abobada na construcao pombalina

138

 

 

115 - Processo 1024, 1998, folha 19; Praça Figueira, 7 a 7D e Travessa Nova de S. Domingos, 17 a 29

 

116 - Processo 1432, 2001, folha 11; Praça Figueira, 7 a 7D e Travessa Nova de S. Domingos, 17 a 29

Page 159: O uso da abobada na construcao pombalina

139

Obra nº 33808 

 

117 - Processo 46148, 1949, folha 4; Praça Figueira, 6 a 6E e Travessa Nova de S. Domingos, 31 a 45

Page 160: O uso da abobada na construcao pombalina

140

Obra nº 6794 

 

118 - Processo 53250, 1949, folha 2; Praça Figueira, 5 a 5E e Travessa Nova de S. Domingos, 47 a 61

Page 161: O uso da abobada na construcao pombalina

141

Obra nº 3331 

 

119 - Processo 60, 1947, folha 3; Praça Figueira, 4 a 4B, Travessa Nova de S. Domingos, 63 a 67 e Rua D. Antão de Almada, 2 a 2A

 

120 - Processo 20796, 1960, folha 12; Praça Figueira, 4 a 4B, Travessa Nova de S. Domingos, 63 a 67 e Rua D. Antão de Almada, 2 a 2A

Page 162: O uso da abobada na construcao pombalina

142

Obra nº 7271 

 

121 - Processo 20082, 1920, folha 2; Praça Figueira, 9 a 9C e Rua João das Regras, 5 a 5D

 

122 - Processo 322, 1957, folha 6; Praça Figueira, 9 a 9C e Rua João das Regras, 5 a 5D

   

Page 163: O uso da abobada na construcao pombalina

143

 

 

123 - Processo 77, 1988, folha 11; Praça Figueira, 9 a 9C e Rua João das Regras, 5 a 5D

Page 164: O uso da abobada na construcao pombalina

144

Obra nº 11616 

 

124 - Processo 4594, 1970, folha 34; Praça Figueira, 10 a 10B

Page 165: O uso da abobada na construcao pombalina

145

Obra nº 10016 

 

125 - Processo 10781, 1920, folha 2; Praça Figueira, 11 a 11F

 

126 - Processo 4209, 1936, folha 3; Praça Figueira, 11 a 11F

Page 166: O uso da abobada na construcao pombalina

146

Obra nº 10228 

 

127 - Processo 7709, 1909, folha 2; Praça Figueira, 12 a 12D

 

128 - Processo 32316, 1952, folha 3; Praça Figueira, 12 a 12D

   

Page 167: O uso da abobada na construcao pombalina

147

 

 

129 - Processo 32316, 1952, folha 4; Praça Figueira, 12 a 12D

Page 168: O uso da abobada na construcao pombalina

148

Obra nº 675 

 

130 - Processo 891, 1910, folha 2; Praça Figueira, 13 a 13ª e Rua Condes de Monsanto, 4 a 4D

 

131 - Processo 6599, 1918, folha 2; Praça Figueira, 13 a 13ª e Rua Condes de Monsanto, 4 a 4D

Page 169: O uso da abobada na construcao pombalina

149

 

 

132 - Processo 48386, 1951, folha 10; Praça Figueira, 13 a 13ª e Rua Condes de Monsanto, 4 a 4D

Page 170: O uso da abobada na construcao pombalina

150

Obra nº 30120 

 

133 - Processo 3920, 1994, folha 27; Rua Condes de Monsanto, 3 a 3C e Rua Fanqueiros, 314 a 320

 

134 - Processo 3920, 1994, folha 30; Rua Condes de Monsanto, 3 a 3C e Rua Fanqueiros, 314 a 320

 

135 - Processo 3920, 1994, folha 31; Rua Condes de Monsanto, 3 a 3C e Rua Fanqueiros, 314 a 320

Page 171: O uso da abobada na construcao pombalina

151

Obra nº 24551 

 

136 - Processo 47768, 1947, folha 3; Rua Fanqueiros, 273 a 285 e Praça Figueira, 14 a 14B

 

137 - Processo 31424, 1954, folha 21; Rua Fanqueiros, 273 a 285 e Praça Figueira, 14 a 14B

Page 172: O uso da abobada na construcao pombalina

152

Obra nº 22690 

 

138 - Processo 18892, 1960, folha 5; Praça Figueira, 15 a 15B e Rua Douradores, 214 a 230

 

139 - Processo 18892, 1960, folha 7; Praça Figueira, 15 a 15B e Rua Douradores, 214 a 230

Page 173: O uso da abobada na construcao pombalina

153

Obra nº 21749 

 

140 - Processo 7707, 1918, folha 3; Rua Douradores, 185 a 189 e Praça Figueira, 6

 

141 - Processo 1662, 1979, folha 4; Rua Douradores, 185 a 189 e Praça Figueira, 6

Page 174: O uso da abobada na construcao pombalina

154

Obra nº 10317 

 

142 - Processo 40472, 1967, folha 18; Praça Figueira, 17 a 17A e Rua da Prata, 282 a 288

Page 175: O uso da abobada na construcao pombalina

155

Obra nº 9619 

 

143 - Processo 29332, 1943, folha 2; Rua da Prata, 293 a 303, Praça Figueira, 18 a 18C e Rua Correeiros, 230 a 240

 

144 - Processo 34008, 1951, folha 3; Rua da Prata, 293 a 303, Praça Figueira, 18 a 18C e Rua Correeiros, 230 a 240

Page 176: O uso da abobada na construcao pombalina

156

 

 

145 - Processo 3682, 1960, folha 5; Rua da Prata, 293 a 303, Praça Figueira, 18 a 18C e Rua Correeiros, 230 a 240

Page 177: O uso da abobada na construcao pombalina

157

Obra nº 26285 

 

146 - Processo 1732, 1929, folha 2; Rua Correeiros, 227 a 239 e Rua Betesga, 1 a 1B

Page 178: O uso da abobada na construcao pombalina

158

Obra nº 9453 

 

147 - Processo 30470, 1943, folha 7; Rua Betesga, 3 e Rua Augusta, 284 a 286

 

148 - Processo 19072, 1960, folha 3; Rua Betesga, 3 e Rua Augusta, 284 a 286

Page 179: O uso da abobada na construcao pombalina

159

Obra nº 4203 

 

149 - Processo 5904, 1918, folha 4; Rua Augusta, 285 a 295 e Praça D. Pedro IV, 1 a 3

   

Page 180: O uso da abobada na construcao pombalina

160

 

 

150 - Processo 21451, 1929, folha 2; Rua Augusta, 285 a 295 e Praça D. Pedro IV, 1 a 3

Page 181: O uso da abobada na construcao pombalina

161

Obra nº 37783 

 

151 - Processo 39528, 1943, folha 7; Praça D. Pedro IV, 4 a 6 e Rua Sapateiros, 218 a 232

   

Page 182: O uso da abobada na construcao pombalina

162

 

 

152 - Processo 39528, 1943, folha 8; Praça D. Pedro IV, 4 a 6 e Rua Sapateiros, 218 a 232

 

153 - Processo 13804, 1954, folha 7; Praça D. Pedro IV, 4 a 6 e Rua Sapateiros, 218 a 232

Page 183: O uso da abobada na construcao pombalina

163

Obra nº 13616 

 

154 - Processo 2921, 1910, folha 2; Rua Sapateiros, 225 a 231 e Praça D. Pedro IV, 7 a 9

 

155 - Processo 2921, 1910, folha3; Rua Sapateiros, 225 a 231 e Praça D. Pedro IV, 7 a 9

Page 184: O uso da abobada na construcao pombalina

164

Obra nº 12441 

 

156 - Processo 1746, 1966, folha 3; Praça D. Pedro IV, 10 a 12 e Rua Áurea, 286 a 296

Page 185: O uso da abobada na construcao pombalina

165

Obra nº 5514 

 

157 - Processo 1344, 1913, folha 2; Rua Áurea, 285 a 295, Praça D. Pedro IV, 13 a 14 e Rua do Carmo, 100 a 110

 

158 - Processo 7146, 1934, folha 2; Rua Áurea, 285 a 295, Praça D. Pedro IV, 13 a 14 e Rua do Carmo, 100 a 110

   

Page 186: O uso da abobada na construcao pombalina

166

 

 

159 - Processo 7146, 1934, folha 3; Rua Áurea, 285 a 295, Praça D. Pedro IV, 13 a 14 e Rua do Carmo, 100 a 110

Page 187: O uso da abobada na construcao pombalina

167

Obra nº 35 

 

160 - Processo 682, 1979, folha 24; Rua D. Duarte, 2 a 2C e Rua João das Regras, 6 a 6B

 

161 - Processo 950, 1981, folha 15; Rua D. Duarte, 2 a 2C e Rua João das Regras, 6 a 6B

   

Page 188: O uso da abobada na construcao pombalina

168

8.3.2 Levantamento de Campo

Bloco A - No (s) de Obra: 11220; 5939; 11221; 20631; 1115 Moradas: A1- Praça Dom João da Câmara; A2- Rua Primeiro de Dezembro; A3- Calçada do Carmo; A4- Praça D. Pedro IV

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

A1 4 Arco

- d1

A1 5 Outro

-

A2 94 Arco

- d2

A2 80 Outro

-

A2 60-64 Outro

- -

A3 2-4 Arco

-

A4 44 Outro

- -

A4 48 Arco

d3

162 - Ficha de levantamento de campo do bloco A, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

A1 6 0 0 - 3 - 6 6 6(4+1)

A2 29 0 0 - 29 4 - 4 - 9 - 3 - 6 - 3 20(4+1) - 6(5) - 3(4+1)

A3 6 0 0 - 3 - 6 6 6(4+1)

A4 27 12 - 12 0 - 3 - 6 - 9 - 6 - 3 3 - 6 - 3 - 8 - 4 - 3 3(4+1) - 6(5) - 3(4+1) - 8(?) - 7(4+1)

163 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco A, nas praças do Rossio e da Figueira

Page 189: O uso da abobada na construcao pombalina

169

Bloco B - No (s) de Obra: 5942; 1114; 18768; 6835; 5940; 4649; 20657 Moradas: B1- Calçada do Carmo; B2- Rua Primeiro de Dezembro; B3- Rua Primeiro de Dezembro; B4- Praça D. Pedro IV

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

B2 10-14 Abóbada

d4

B3 2-8 Abóbada

d5

B4 15-17 Madeira

-

-

B4 21 Abóbada

-

164 - Ficha de levantamento de campo do bloco B, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

B1 6 0 0 - 3 - 3 3 - 3 3(4+1) - 3(5+1)

B2 28 0 0 - 28 4 - 5 - 6 - 6 - 3 - 4 4(5+1) - 5(7) - 6(6) - 6(5+1) - 3(5) - 4(5)

B3 6 0 0 - 3 - 3 6 6(5)

B4 27 0 0 - 3 - 6 - 9 - 6 - 3 3 - 3 - 6 - 6 - 6 - 3 3(5) - 3(4+1) - 6(5+1) - 6(6) - 6(4+1) - 3(4+1)

165 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco B, nas praças do Rossio e da Figueira

Page 190: O uso da abobada na construcao pombalina

170

Bloco C - No (s) de Obra: 14515; 30178; 12574 Moradas: C1- Rua Dom Antão de Almada; C2- Largo de São Domingos; C3- Praça D. Pedro IV; C4- Rua do Amparo

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

C1 1A Abóbada

d7

C1 5-5D Abóbada

-

C2 5 Abóbada

- -

C3 71 Abóbada

d8

C3 74, 1ºC

Abóbada

-

C3 75 Abóbada

-

C3 76-77 Abóbada

-

C3 83, 1º Abóbada

-

C3 86 Abóbada

-

C3 91 Abóbada

d9

C3 93, 1ºD

Abóbada

-

-

Page 191: O uso da abobada na construcao pombalina

171

C4 2A Abóbada

d10

166 - Ficha de levantamento de campo do bloco C, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

C1 20 0 0 - 20 6 - 6 - 6 - 2 20(4+1)

C2 3+3+3 0 0 - 3 - 3 - 3 9 9(4+1)

C3 27 9 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 0 - 3 - 6 - 9 - 6 - 3 9 - 9 - 6 - 3 27(4+1)

C4 6 0 0 - 3 - 3 6 6(4+1) 167 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco C, nas praças do Rossio e da Figueira

Bloco D - No (s) de Obra: 14679 Moradas: D1- Praça da Figueira; D2- Rua do Amparo; D3- Praça D. Pedro IV; D4- Rua da Betesca

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

D1 1B Abóbada

d6

D3 105 Arco

- -

168 - Ficha de levantamento de campo do bloco D, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

D1 27 6 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 0 - 27 27 27(4+1)

D2 6 0 0 - 3 - 3 6 6(4+1)

D3 27 6 - 3 - 3 - 3 - 3 - 3 0 - 3 - 6 - 9 - 6 - 3 3 - 6 - 9 - 6 - 3 27(4+1)

D4 6 0 0 - 3 - 3 6 6(4+1) 169 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco D, nas praças do Rossio e da Figueira

Page 192: O uso da abobada na construcao pombalina

172

Bloco E - No (s) de Obra: 3733; 9326; 33808; 6794; 3331 Moradas: E1- Travessa Nova de São Domingos; E2- Rua Dom Antão de Almada; E3- Praça da Figueira; E4- Rua Dom Duarte

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

E2 4B Arco

- d11

E2 5A Abóbada

d12

E2 7A Arco

d13

E2 7 Arco

- -

E2 7B Arco

- -

E2 8 Arco

d14

E3 1A Arco

- -

E3 1B Arco

-

170 - Ficha de levantamento de campo do bloco E, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

E1 35 0 0 - 35 8 - 7 - 8 - 8 - 4 8(5+1) - 7(6) - 20(5+1)

E2 5 0 0 - 5 5 5(5+1)

E3 33 4 - 7 - 7 - 7 0 - 4 - 7 - 7 - 15 4 - 7 - 7 - 7 - 8 18(5+1) - 7(6) - 8(5+1)

E4 5 0 0 - 5 5 5(5+1) 171 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco E, nas praças do Rossio e da Figueira

Page 193: O uso da abobada na construcao pombalina

173

Bloco F - No (s) de Obra: 7271; 11616; 10016; 10228; 675 Moradas: F1- Rua João das Regras; F2- Praça da Figueira; F3- Rua dos Condes de Monsanto

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

F1 5A Abóbada

d16

F2 9A Abóbada

d17

F2 10 Outro

-

F2 10B Arco

d18

F2 11A Arco

d19

172 - Ficha de levantamento de campo do bloco F, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*F1 22 0 0 - 3 6 6(5+1)

F2 25 5 - 11 0 - 3 - 6 - 7 - 6 - 3 5 - 11 - 9 16(5+1) - 9(6)

F3 10 0 0 - 5 - 5 5 - 5 5(6) - 5(5+1) 173 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco F, nas praças do Rossio e da Figueira

Bloco G - No (s) de Obra: 30120 Moradas: G1- Rua dos Condes de Monsanto; G2- Rua dos Fanqueiros

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

G1 3 Outro

- -

174 - Ficha de levantamento de campo do bloco G, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*G1 9 4 0 - 9 4 - 5 9(4+1)

G2 26 0 0 - 17 - 4 - 5 4 - 4 - 6 - 3 - 4 - 5 4(4+1) - 4(6) - (…) 175 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco G, nas praças do Rossio e da Figueira

Page 194: O uso da abobada na construcao pombalina

174

Bloco H - No (s) de Obra: 24551; 22690 Moradas: H1- Rua dos Fanqueiros; H2- Praça da Figueira; H3- Rua dos Douradores

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

H2 14A Outro

- -

176 - Ficha de levantamento de campo do bloco H, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*H1 22 0 0 - 22 4 - 3 - 5 - 6 - 4 7(4+1) - 5(6) - (…)

H2 8 4 0 - 8 4 - 4 4(4+1) - 4(5)

H3 23 0 0 - 23 9 - 3 - 5 - 6 9(5) - (…) 177 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco H, nas praças do Rossio e da Figueira

Bloco I - No (s) de Obra: 21749; 10317 Moradas: I1- Rua dos Douradores; I2- Praça da Figueira; I3- Rua da Prata

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

I2 16 Outro

- -

178 - Ficha de levantamento de campo do bloco I, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*I1 24 0 0 - 24 6 - 7 - 6 - 5 6(6) - (…)

I2 8 4 0 - 4 - 4 8 4(6) - 4(6)

I3 24 4 - 4 0 - 24 4 - 4 - 4 - 5 - 7 8(6) - 4(5+1) - (…) 179 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco I, nas praças do Rossio e da Figueira

Bloco J - No (s) de Obra: 9619 Moradas: J1- Rua da Prata; J2- Praça da Figueira; J3- Rua dos Correeiros

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

J3 230 Abóbada

-

180 - Ficha de levantamento de campo do bloco J, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*J1 24 6 - 4 0 - 24 6 - 4 - 6 - 5 - 3 6(6) - 4(5) - (…)

J2 8 0 0 - 8 8 8(6)

J3 24 6 - 5 0 - 24 6 - 5 - 5 - 8 6(6) - 5(5+1) - (…) 181 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco J, nas praças do Rossio e da Figueira

Page 195: O uso da abobada na construcao pombalina

175

Bloco K- No (s) de Obra: 9619 Moradas: K1- Rua dos Correeiros; K2- Rua da Betesca; K3- Rua Augusta

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

K1 235 Arco

-

182 - Ficha de levantamento de campo do bloco K, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*K1 24 7 0 - 24 7 - 10 - 7 7(4+1) - 10(5+1) - 7(5+1)

K2 7 4 0 - 4 - 3 4 - 3 4(4+1) - 3(5)

K3 23 7 - 4 - 7 0 - 23 7 - 4 - 7 - 5 7(5) - 4(6) - 7(4+1) - (…) 183 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco K, nas praças do Rossio e da Figueira

Bloco L- No (s) de Obra: 4203; 37783 Moradas: L1- Rua Augusta; L2- Praça D. Pedro IV; L3- Rua dos Sapateiros

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

L3 220 Abóbada

d20

184 - Ficha de levantamento de campo do bloco L, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*L1 22 6 - 4 0 - 3 - 3 - 16 6 - 4 - 3 - 9 10(4+1) - (…)

L2 6 0 0 - 3 - 3 6 3(4+1) - 3(4+1)

L3 20 4 - 4 0 - 4 - 16 4 - 4 - 12 4(5) - 4(4+1) - (…) 185 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco L, nas praças do Rossio e da Figueira

Bloco M- No (s) de Obra: 13616; 12441 Moradas: M1- Rua dos Sapateiros; M2- Praça D. Pedro IV; M3- Rua Áurea

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

M2 10-12 Outro

- -

186 - Ficha de levantamento de campo do bloco M, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*M1 20 4 - 6 0 - 4 - 16 4 - 6 - 5 - 5 10(5+1) - (…)

M2 6 0 0 - 3 - 3 6 3(5+1) - 3(4+1)

M3 22 6 - 6 - 7 0 - 3 - 3 - 16 6 - 6 - 4 - 6 6(4+1) - (…) 187 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco M, nas praças do Rossio e da Figueira

Page 196: O uso da abobada na construcao pombalina

176

Bloco N- No (s) de Obra: 5514 Moradas: N1- Rua Áurea; N2- Praça D. Pedro IV; N3- Rua do Carmo

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

N2 14 Outro

- -

188 - Ficha de levantamento de campo do bloco N, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

*N1 22 6 - 4 - 3 - 5 0 - 3 - 19 6 - 4 - 3 - 5 - 4 6(5) - 7(5+1) - (…)

N2 2 0 0 - 2 2 2(5)

N3 22 0 0 - 6 - 7 - 5 - 4 6 - 7 - 5 - 4 6(5) - 7(5+1) - (…) 189 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco N, nas praças do Rossio e da Figueira

Bloco O- No (s) de Obra: 35 Moradas: O1- Rua Dom Duarte; O2- Rua João das Regras

Morada Porta Sistema Fachada Entrada 1 2 Desenho

O1 2 Arco

d15

190 - Ficha de levantamento de campo do bloco O, nas praças do Rossio e da Figueira

Morada Vãos Corta Fogo Pilastras Cores/Texturas Pisos

O1 6 0 0 - 6 6 6(5)

O2 22 0 0 - 7 - 15 7 - 15 22(5) 191 - Ficha de levantamento de fachadas do bloco O, nas praças do Rossio e da Figueira

 

Page 197: O uso da abobada na construcao pombalina

177

 

192 - “Ficha D” de desenhos à mão levantada

   

Page 198: O uso da abobada na construcao pombalina

178

Sistema Construtivo

1762 -

1769

1770 -

1779

1780 -

1789

1790 -

1799

1800 -

1809

1810 -

1819

1820 -

1834 ?

Por unidades construídas

Abóbada 5 6 0 12 1 0 0 0

Arco 5 7 0 9 1 0 1 2

Outro ou Desconhecido

1 2 0 4 0 0 0 0

Por percentagem (derivada da leitura por unidades construídas)

Abóbada 8,9% 10,7% 0,0% 21,4% 1,8% 0,0% 0,0% 0,0%

Arco 8,9% 12,5% 0,0% 16,1% 1,8% 0,0% 1,8% 3,6%

Outro ou Desconhecido

1,8% 3,6% 0,0% 7,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Por área

Abóbada 1417 1322 0 3136 191 0 0 0

Arco 1204 1769 0 2250 386 0 197 1046

Outro ou Desconhecido

276 454 0 1353 0 0 0 0

Por percentagem (derivada da leitura por área)

Abóbada 9,4% 8,8% 0,0% 20,9% 1,3% 0,0% 0,0% 0,0%

Arco 8,0% 11,8% 0,0% 15,0% 2,6% 0,0% 1,3% 7,0%

Outro ou Desconhecido 1,8% 3,0% 0,0% 9,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

193 - Tabela síntese comparativa entre os sistemas construtivos obtidos em campo, nas praças do Rossio e da Figueira, e as suas datas de reconstrução (obtidas no trabalho de Ana Reis, Maria Simões e Susana Rodrigues – A Décima da Cidade)

Sistema Construtivo

1762 -

1777

1778 -

1807

1808 -

1834 ?

Por unidades construídas

Abóbada 11 13 0 0

Arco 12 10 1 2

Outro ou Desconhecido

3 4 0 0

Por percentagem (derivada da leitura por unidades construídas)

Abóbada 19,6% 23,2% 0,0% 0,0%

Arco 21,4% 17,9% 1,8% 3,6%

Outro ou Desconhecido 5,4% 7,1% 0,0% 0,0%

194 - Tabela síntese comparativa entre os sistemas construtivos obtidos em campo, nas praças do Rossio e da Figueira, e o seu enquadramento nos ritmos construtivos (presentes no trabalho de Ana Reis, Maria Simões e Susana Rodrigues – A Décima da Cidade)

   

Page 199: O uso da abobada na construcao pombalina

179

8.4 Vários

 

195 - Ficha tipo para pedido de reprodução no Arquivo Municipal de Lisboa

 

 

196 - Ficha tipo 1 para levantamento de campo

Page 200: O uso da abobada na construcao pombalina

180

 

197 - Ficha tipo 2 para levantamento de campo

   

Page 201: O uso da abobada na construcao pombalina

181

 

198 - Ficha tipo para levantamento de fachadas

 

Page 202: O uso da abobada na construcao pombalina

182

Local Área Toral Abóbada % Arco % Outro %

Cais do Sodré 12400m2 5150m2 42 5700m2 46 1550m2 12

Chiado 10400m2 3815m2 37 5185m2 50 1400m2 13

Praças do Rossio e da

Figueira 15000m2 6050m2 40 6850m2 46 2100m2 14

199 - Tabela síntese das áreas afectas a cada tipo de sistema construtivo por cada zona em estudo