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O Turismo como factor estratégico de Defesa Nacional Trabalho de Investigação Individual Vasco Novais Branco Auditor do Curso de Defesa Nacional 2005/2006 Instituto de Defesa Nacional Lisboa, 18 de Agosto de 2006 Índice Introdução…………………………………………………………..………4 Os primórdios do Turismo em Portugal………….………………………6 Relevância estratégica do Turismo…………………………………….10 O Turismo como factor de desenvolvimento......................................13 O Turismo Religioso…………..………………………………..………..19 O Turismo do Desporto………………………………………………….21

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Page 1: O Turismo como factor estratégico de Defesa …de alguns dos nossos reis da 4ª dinastia faziam movimentar algumas hospedarias, normalmente em Lisboa e arredores. No final do século

O Turismo como factor estratégico de Defesa Nacional

Trabalho de Investigação Individual

Vasco Novais Branco

Auditor do Curso de Defesa Nacional 2005/2006

Instituto de Defesa NacionalLisboa, 18 de Agosto de 2006

Índice

Introdução…………………………………………………………..………4Os primórdios do Turismo em Portugal………….………………………6Relevância estratégica do Turismo…………………………………….10O Turismo como factor de desenvolvimento......................................13O Turismo Religioso…………..………………………………..………..19O Turismo do Desporto………………………………………………….21

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Golfe…….………………………………………………………….21Desportos Náuticos……………………………………………....23Futebol………….………………………………………………….25Outros eventos Desportivos…….…….…………......................26

Turismo Residencial….……………………….…..…………………..…28Turismo de Saúde….....………………………………………..………..29Turismo da 3ª Idade….……….……………………………………..…..31Turismo Cultural……..……………………………….…………………..34O Turismo do Futuro…………………………………………………..…35O Caso de Vilamoura………...……………………………………........38Conclusão………………………………………………………………....44Epílogo…………………….…..………………………………………..…46Bibliografia………………………………………………………………...47Anexos…………………………….…………………………………….…48

“Turismo são todas as actividades que as pessoas realizam durante as suas viagens

e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior

a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”

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(OMT - Organização Mundial de Turismo)

Introdução

Pretende-se com o presente trabalho desenvolver a tese cada vez mais candente

de que o turismo é um forte aliado do desenvolvimento económico e social das

economias mundiais. Paralelamente, a sua importância no contexto sectorial

nacional e a sua dimensão, tornar-se-ão um forte dispositivo de Defesa Nacional

no sentido macroeconómico, uma vez que outros países, outras paragens, farão

tudo o que estiver ao seu alcance para criarem os meios que nos desviem turistas

que normalmente seriam nossos “clientes”. É aqui, neste ponto importantíssimo,

que temos todos que estar alerta, criando condições para um turismo de qualidade,

que contribua para o equilíbrio das nossas contas públicas e que nos torne

definitivamente um destino turístico privilegiado, pelo menos na Europa.

Tentarei pois demonstrar que o conceito de Defesa Nacional não tem

necessariamente que estar associado com a defesa militar. Com efeito a tendência

para ligar esse conceito somente às forças armadas, é extremamente redutora no

sentido em que toda a actividade económica, social, política e até religiosa, que se

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veja ameaçada pela concorrência estrangeira são factores a serem encarados num

contexto mais amplo de Defesa Nacional.

A evolução do nível de vida das populações e a possibilidade de concretização das

suas necessidades básicas faz com que surja inevitavelmente o desejo de viajar, de

conhecer novos mundos, de contactar com outros povos, ou civilizações. É nesta

valência do contacto entre civilizações, que devemos estar atentos, não cedendo à

tentação de focalizar a nossa experiência e tradição de bem receber, numa vertente

economicista, esquecendo outros factores relevantes nos tempos que correm e que

se prendem com o ambiente, qualidade e desenvolvimento económico sustentado.

Com efeito, a realidade económica principalmente do mundo desenvolvido, faz

com que o turismo se prefigure como um dos sectores de maior dimensão na

economia mundial e com os mais elevados índices de crescimento em termos

de valor acrescentado e criação de postos de trabalho. Este crescimento só será

comparável ao das indústrias de telecomunicações e de tecnologias de informação,

o chamado “e-business”.

No que respeita à Segurança, é fundamental debruçarmo-nos sobre os riscos que

um país, enquadrado no perímetro do Acordo de Schengen, enfrenta com a entrada

de turistas, eventualmente com intenções de destabilização da sociedade; referimo-

nos a eventuais atentados terroristas, à sua preparação ou ao refúgio de elementos

pertencentes a grupos ou organizações filiadas no terrorismo internacional. É

realmente um problema de segurança nacional, directamente proporcional ao

aumento de entradas de turistas e para o qual as autoridades terão que ter a maior

das atenções.

Na estrutura global deste trabalho e em complemento será analisado um “case

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study” ao qual o autor esteve ligado por laços profissionais: Vilamoura (Lusotur).

Não nos move a produção duma tese com contornos de difícil entendimento

e só perceptíveis por “experts” na matéria. Pretendemos sim, desenvolver um

tema absolutamente actual, que nos toca a todos e que cada vez mais faz parte

do nosso quotidiano e da nossa qualidade de vida. O turismo é um elemento

chave na sociedade e na economia de Portugal, sendo determinante para o seu

desenvolvimento, mobilizando o apoio de diversas actividades e a acção coordenada

dos sectores público e privado. O empenhamento e reconhecimento de todos no seu

posicionamento estratégico são obviamente, um factor de Defesa Nacional.

Os primórdios do Turismo em Portugal

Já durante o século XVIII há notícia dum certo turismo politico-cultural a ser

praticado em Portugal. Lord Byron, que se hospedava no ainda hoje existente

Hotel Lawrence’s em Sintra, é disso um exemplo. O clima, as belezas naturais e as

gentes, eram fontes atractivas para alguma burguesia endinheirada da Europa. O

acompanhamento da corte, nomeadamente da “entourage” das princesas noivas

de alguns dos nossos reis da 4ª dinastia faziam movimentar algumas hospedarias,

normalmente em Lisboa e arredores.

No final do século XIX, o comboio permite viajar em Portugal.

Num país que não chega a ter uma rede de estradas dignas desse nome, o viajar

por prazer é uma novidade, antes reservada aos arredores de Lisboa. Aparecem

investimentos hoteleiros significativos em cidades e termas, menos nas praias. Aí

reina o arrendamento de casas e de quartos e as casas construídas pelos “new

comers”. Na Granja e na Figueira, no Monte Estoril, em S. João do Estoril e em mais

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sítios aparecem urbanizações turísticas. A da estância do Estoril é a primeira a ser

concebida de raiz e com uma ambição cosmopolita, isto já no século XX.

Em Fátima há a aparição da Virgem em 1917. O país está coberto por uma rede

de santuários regionais e locais, para onde regularmente se movem milhares de

peregrinos. No fundo os primeiros turistas. Os transportes e algum investimento em

estradas, explicam estas deslocações em boa parte.

Os miseráveis palheiros dos pescadores do litoral já foram transformados em casas

de veraneio e habitação permanente. É este conjunto de actividades que, a partir de

1911 vai ser objecto da atenção do Estado. Cedo se estabelece a estrutura do que

ainda é hoje o conjunto de instituições públicas do Turismo.

Há o embrião do crédito hoteleiro e de benefícios fiscais ao financiamento da

oferta turística. Iniciam-se algumas campanhas de marketing no estrangeiro,

principalmente em Espanha e Reino Unido. A regulação do jogo e a aplicação das

receitas fiscais no investimento turístico ajudarão a consolidar as estâncias do

Estoril, Figueira da Foz, Espinho e Póvoa de Varzim. Uma ausência: o Estado não

se ocupa da tão desejada formação de profissionais para a hotelaria. Salazar cria o

secretariado de Propaganda Nacional em 1933 e em 1940, aí integra a Repartição

do Turismo.

Tudo isto se reduzia a dimensões pacatas. Menos de 40.000 visitantes estrangeiros,

mais a procura interna e os trânsitos marítimos. No que respeita a estes últimos,

estávamos longe dos actuais 270 paquetes que aportam a Alcântara anualmente

e que transformam Lisboa num dos “Port of Call” mais importantes da Europa,

somente com Barcelona a fazer-lhe concorrência.

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Paradoxalmente, desenvolve-se o urbanismo turístico. Duarte Pacheco manda

elaborar o Plano de Urbanização da Costa do Sol, e dinamiza todo o processo de

planos de urbanização para, entre outros, praias e termas de Portugal.

Em 1950, Portugal tinha um turismo arcaico e sem visão, mas dispunha de

instrumentos de urbanismo turístico como ainda não voltou a ter.

O crescimento do turismo português, a partir da segunda metade do século XX

tem a ver com a procura interna, rapidamente alargada a Espanha, e a que chega

da Europa do Norte, com destaque para o Reino Unido. Portugueses e espanhóis

utilizam o automóvel. O avião charter de médio curso trará os europeus do Norte,

para a então criada Bacia Turística Alargada do Mediterrâneo — algo que vai dos

mares Negro e Vermelho ao Algarve e se estende à Madeira e Canárias. Sem a

abertura dos aeroportos internacionais de Faro (1965) e Funchal (1964) o turismo

nacional não seria o que é hoje. Os visitantes intercontinentais eram em número

limitado e o trânsito marítimo já era significativo no Funchal e em Lisboa.

As termas, por falta de investimento na sua manutenção, quase desaparecem do

mercado turístico. O turismo urbano alarga-se a todo o país, mas consolida-se nas

grandes áreas urbanas de Lisboa e Porto.

A criação da “Utilidade Turística” (1954) e do Fundo de Turismo (1956) são

determinantes para assegurar o desenvolvimento da oferta. Em 1961 está

consolidado o novo discurso político sobre turismo: valoriza a economia e uma nova

dimensão da propaganda nacional. É o “visitem-nos para ver como é mentira o que

se diz de nós”.

Foi entretanto um erro de visão estratégica não se ter desenvolvido nessa altura, um

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Plano de Urbanização específico para toda a costa a sul de Lisboa, desde a Trafaria

até Setúbal.

Há que ter presente que Lisboa é a única capital europeia com praias excepcionais

a 20 minutos e a duas horas do centro da Europa. A existência dum Plano sério

que tornasse aquela zona de praias, atraente em termos hoteleiros, arquitectónicos

e de bom gosto, evitariam as horríveis construções junto às falésias e os crimes

ambientais nessa zona praticados, podendo ter ajudado a fazer de Portugal a

Califórnia da Europa.

As preocupações de politica interna e os gastos orçamentais com as guerras

coloniais, desviaram as atenções, anulando esta tão importante oportunidade para a

economia nacional.

A partir do princípio dos anos 70 no Algarve, aparecem operações de imobiliária

turística e golfe em dimensão, quantidade e cosmopolitismo novos.

O ministro Arantes de Oliveira contrata em boa hora, um urbanista italiano para

elaborar um Plano Urbanístico do Algarve. O turismo começa a expandir-se, mas a

sua concentração mantém-se no Algarve, Lisboa, Linha do Estoril e Madeira.

O Algarve desenvolve-se em termos de construção, principalmente a seguir ao 25

de Abril, forçando as autoridades a legislarem no sentido de precaverem algumas

situações altamente prejudiciais em termos ambientais, paisagísticos e de falta de

qualidade.

O turismo torna-se uma das actividades estratégicas para o desenvolvimento

económico e social do País. Esta actividade económica tem de se posicionar

perante a Cultura, o Ambiente e Ordenamento do Território. Os turistas precisam

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de segurança, serviços de saúde, transportes, limpeza. O turismo já não é a

propaganda, com a ditadura e a miséria escamoteadas e sublimadas. A promoção

do turismo integra-se com a imagem de Portugal, que passa a fazer parte dos

destinos turísticos de eleição.

Apesar da revolução de Abril de 74 e da invasão das unidades hoteleiras pelos

chamados retornados das ex-colónias que, ao ocuparem durante anos alguns dos

melhores hotéis do país, os destruíram, fazendo com que a sua recuperação fosse

demorada e vultuosa, foi possível mesmo assim, a partir do final dos anos 80, com

uma politica correcta de financiamento ao turismo e com a recuperação económica

resultante dos fundos provenientes da entrada de Portugal na então CEE, atingir

níveis bastante razoáveis de qualidade no turismo em Portugal

O Galo de Barcelos e o “Avril au Portugal” deixam de ser os símbolos do turismo

português.

A qualificação dos actores que constroem o turismo é a prioridade em contra ciclo

aos anos, em que a formação era inexistente ou de baixa qualidade.

Relevância estratégica do Turismo

Turismo não é imobiliário e/ou construção, nem sequer é, predominantemente,

hotelaria. É um conjunto de serviços concebidos em função da dupla pressão, por

um lado de uma procura crescentemente exigente e, por outro, de uma agudização

ao nível global, da concorrência entre múltiplas ofertas também importantes para o

sector. Requer para além da capacidade financeira, capacidade organizacional para

a projecção selectiva de imagem atractiva nos mercados; exige a concretização de

infra-estruturas físicas com adequado padrão de qualidade e segurança; impõe a

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exploração racional e sistemática de produtos, atracções, ambientes, actividades

que, no quadro competitivo, efectivamente global, das economias actuais, possam

ser vendidos com lucro, a consumidores detentores de rendimentos e, sobretudo,

confrontados com a necessidade sociológica de animação dos seus tempos livres

crescentes. Pressupõe uma rede flexível, segura e eficiente de viagens, onde o

elemento físico do transporte e o quadro formal da sua regulamentação constituem,

hoje o principal factor de travão ao desenvolvimento de alguns destinos que se

traduz nas boas acessibilidades. É por este conjunto de razões, que o sector do

turismo constituí, sobretudo e em primeira linha, uma rede de serviços, com um

potencial de geração de valor acrescentado e de emprego, mas com exigência duma

enorme capacidade de gestão.

Não podemos correr o risco de fornecer apenas o local e os serviços de baixo valor

e outros se apropriem das mais valias contidas na actividade turística no território

nacional.

A OMT, como organização intergovernamental na qual se apoiam os esforços

nacionais de promoção e de desenvolvimento do turismo, tem a perspectiva do que

poderá ser o turismo internacional da Europa nas próximas décadas.

Sendo uma das principais indústrias, em termos de crescimento, na Europa e no

mundo em geral, tem vindo a dar um importante contributo para o crescimento

do sector dos serviços, o qual, na União Europeia, tem uma contribuição dupla

da agricultura e da indústria transformadora no seu conjunto, no que respeita ao

emprego (65%) e ao PIB (50%).

O turismo, na sua definição mais restrita, contribui directamente para 5,5% do PIB,

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para 6% do emprego total e para mais de 30 % do comércio externo de serviços na

União.

Os fluxos turísticos internacionais estão a crescer mais rapidamente do que o

turismo interno e prevê-se que as chegadas internacionais à Europa cresçam 57%,

passando de 335 milhões para 527 milhões entre 1995 e 2010. Entre Janeiro e Abril

do corrente ano foram registados, segundo a OMT, cerca de 236 milhões de turistas

no mundo. Os primeiros meses de 2006 foram marcados pelo restabelecimento dos

destinos atingidos pelo Tsunami.

A introdução do euro e o processo de alargamento da União a países candidatos

da Europa Central, Oriental e Chipre criarão novas oportunidades de expandir o

mercado turístico na Europa.

O turismo movimenta mais de US$ 3,5 triliões, (três triliões e meio de dólares)

anualmente, além de ser considerado por vários órgãos de pesquisa como um dos

ramos de actividade comercial que mais cresce no mundo. Calcula-se que mais de

180 milhões de pessoas vivam directa ou indirectamente desta actividade (OMT

2001).

No final da próxima década, haverá oportunidades de criar entre 2,2 e 3,3 milhões

de novos empregos em actividades do turismo na União Europeia.

Será gerado mais emprego em resultado do impacto do turismo noutras actividades

económicas. O potencial de crescimento do turismo europeu só poderá ser

plenamente explorado se forem proporcionadas pelas entidades públicas condições

adequadas a todos os níveis. Além disso, é essencial que as empresas e os

decisores políticos conjuguem esforços para eliminar barreiras estruturais ao

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crescimento. O turismo é um complexo de serviços e produtos fornecidos para

satisfazer a procura dos consumidores, das empresas e do sector público, no

que respeita a viagens dentro e fora do país. Está amplamente descentralizado e

interligado com a economia devido à mobilidade e à variedade das necessidades

dos turistas e devido ao facto de os produtos e serviços relacionados com o turismo

serem comprados antes, durante e até após a viagem. O nosso crescimento

económico tem necessariamente de se aproximar dos níveis europeus e nisso o

turismo é um factor muito importante nessa estratégia de crescimento. (anexo I)

O Turismo como factor de desenvolvimento

O exemplo mais mediático de eventos importantes realizados em Portugal foi a

EXPO'98, que decorreu em Lisboa de 22 de Maio a 30 de Setembro de 1998, que se

enquadrou no regime jurídico das exposições internacionais e que teve como tema

especifico “ os Oceanos.”

Durante os 132 dias que durou, a Exposição acolheu cerca de 11 milhões de

visitantes.

A realização da Exposição foi em si mesma da maior importância para Portugal

e funcionou também como um motor de reabilitação urbanística e ambiental da

zona oriental de Lisboa. O seu efeito na ocupação hoteleira, aluguer de imóveis e

restauração foi único.

Pela primeira vez na história, uma exposição internacional foi mediatizada através

de uma televisão, uma estação de rádio, um jornal diário e uma agência de notícias

próprios. Um total de 6.312 jornalistas estrangeiros, de 88 países, pediu acreditação

para cobrir a EXPO’98, ao serviço de 2.392 órgãos de comunicação social aos quais

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se juntaram 5.204 portugueses, ao serviço de 917 órgãos de comunicação social.

As televisões estrangeiras fizeram 403 transmissões a partir do centro de

comunicação social da Expo, tendo sido emitidas 1.304 horas de rádio para Portugal

e 1.015 para o resto do mundo e tendo sido produzidas 4.105 notícias.

Foi realmente o evento com o efeito mais mediático na difusão da marca Portugal,

alguma vez realizado no nosso País.

Em 2000, Portugal acolheu cerca de 12 milhões de turistas. Nos dez anos

anteriores, tinham crescido a um ritmo de 4.1% em acumulado anual. A estratégia de

desenvolvimento do país fez que estas visitas, no ano de 2000, se traduzissem num

contributo para a Balança de Pagamentos superior a cinco mil milhões de dólares.

Pela sua quota de mercado, superior a 3% do mercado regional, estava na lista dos

dez primeiros destinos turísticos da Europa.

A situação entretanto alterou-se substancialmente e Portugal está a perder quota de

mercado cada dia que passa. Países concorrentes estão a crescer a taxas nunca

vistas e a deixar Portugal para trás nesta corrida aos melhores destinos turísticos.

Entre 1999 e 2003 a taxa de crescimento de Portugal foi negativa (-1,2%) com os

turistas estrangeiros a descer de 11,63 milhões para 11,49 milhões, ao mesmo

tempo que a Croácia, Turquia, Grécia subiam respectivamente 94%, 82%, 14%, e

até a Espanha 13%.

Portugal chegou a finais de 2004 com crescimento zero face aos 5 anos anteriores,

enquanto Espanha conseguiu atrair mais 6,8 milhões de turistas e a Turquia mais

9,9 milhões.

Em 2005 a entrada de turistas melhorou um pouco, cresceu 3,7% atingindo 12,046

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milhões de turistas. A fasquia dos 12 milhões de turistas só tinha sido ultrapassada

em 2000 e 2001. (anexo II)

Sem duvida que alguma coisa de muito sério terá que ser feito no sentido de dar a

volta ao nosso produto turístico, não podendo nós continuarmos anestesiados com

os efeitos da Expo 98 e do Euro 2004.

Os nossos mais directos concorrentes, Espanha, Grécia ou Tunísia tiveram

crescimentos médios anuais entre 1990 e 2004, superiores a 3,5%, tendo a Turquia

tido uma taxa de crescimento médio anual de 19,5%.

Realmente Portugal tem estado parado e os outros países estão a crescer, apesar

das receitas nos hotéis do Algarve terem registado uma subida de 5% nos primeiros

4 meses deste ano, num total de 3 milhões de estadas no período em análise.

Os ingleses foram os líderes dessa ocupação com 36,5% do total, seguidos dos

portugueses com 20,8% do total. É um pequeno sinal de melhoria.

A volta terá que ser dada, começando por atribuir prioridade absoluta a um mais

profundo conhecimento dos mercados emissores, à realização de campanhas de

promoção menos genéricas, mais especializadas e capazes de atingir com precisão

os alvos e segmentos específicos.

Da leitura dos jornais e revistas estrangeiros, é muito raro aparecerem referências

a Portugal. Com efeito, só na altura dos grandes eventos como foi a Expo 98, o

Europeu de Futebol de 2004, o Open de Ténis do Estoril ou a World Cup de Golfe

no Algarve, que foi visto por mais de 250 milhões de pessoas, ou numa linha

mais comedida os festivais de Rock, se lê nos grandes órgãos de informação

estrangeiros, notícias que motivem os potenciais turistas a visitarem-nos.

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Há que ser arrojado em campanhas de publicidade e marketing contínuas. Há que

promover e apoiar todo o tipo de eventos relevantes que possam por si só trazer

mais turistas e provocar o falar de Portugal e da Marca Portugal. Um exemplo

fundamental, mas absolutamente casuístico é a nossa presença brilhante no recente

Mundial de Futebol realizado na Alemanha. Durante um mês falou-se em todo o

mundo de Portugal.

É também fundamental apoiar e incrementar o turismo interno. É nesse sentido

que o ITP (Instituto de Turismo de Portugal) está a promover uma campanha de

promoção, com um investimento na ordem dos 2 milhões de euros e que visa

estimular os portugueses a passarem férias, ou mini férias em Portugal.

De notar que ao promover as férias internas está a evitar a saída de turistas

portugueses para o estrangeiro, eventualmente para mercados concorrentes.

Nesta campanha foram convidadas a dar a cara, figuras públicas conhecidas

internacionalmente (Marisa, Mourinho, Tiago Monteiro). Estes filmes promovem

vilas e cidades românticas de Portugal, parques temáticas, museus e palácios e

paralelamente actividades ao ar livre, desportivas e património cultural.

É um exemplo a realçar do marketing que é necessário cultivar e manter, de modo a

não sermos ultrapassados pelos nossos concorrentes mais directos - os Espanhóis.

Mais uma vez a Defesa Nacional.

É fundamental termos conhecimento de quem é o nosso turista e o que ele pretende

de nós, de modo a que possamos agir e converter a viagem turística em algo mais

do que um mero conjunto de serviços bem prestados. Os turistas exigem mais ao

turismo, querem viver experiências. Nas próximas duas décadas, a tendência dos

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turistas é para fazerem várias férias repartidas ao longo do ano e viajarem para

latitudes cada vez mais distantes.

É importante proporcionar às administrações do turismo o estímulo necessário para

favorecer o desenvolvimento de produtos capazes de absorver a procura “city short

breaks”, (permanências de curta duração, 2/3 dias, principalmente em Lisboa) com

um elevado nível de investimento.

Também neste nicho de mercado não podemos descansar. Apesar de estranho, os

concorrentes de Lisboa em city breaks, são além de outros destinos mais próximos,

Pequim, Dubai ou Miami. Com efeito, as tarifas de “low cost”, fazem com que

seja tão fácil e barato aos nacionais, irem ao Brasil em troca do Algarve, mas não

nos podemos esquecer que também os Ingleses passam a poder ir às Maldivas,

Indonésia ou ao Dubai a preços que já não são proibitivos. Deixarão a pouco e

pouco de vir para o Algarve. Mas mais grave, é que as próprias agências de viagem

se estão a transformar em verdadeiras broakers imobiliárias, pois estão a converter

os seus escritórios em agências de “Real Estate”, onde além da venda da passagem

aérea e marcação de estadia, também oferecem a possibilidade de venda duma

segunda habitação nalgum paraíso exótico. É realmente um problema de interesse e

de Defesa Nacional.

Segundo as estimativas da OMT, a região europeia registará 717 milhões de turistas

em 2020. Este número mais que duplica os 338 milhões de turistas de 1995. No

referido período a procura crescerá em 3%, inferior à média mundial de 4,1%.

Em 1995, a quota de mercado da Europa era de 60%, no ano 2020 será de 46%.

Aplicado sobre o total mundial esperado, uns 1600 milhões de turistas continuarão a

preferi-la como destino regional, seguida à distância, pela Ásia Oriental, pelo Pacifico

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e as Américas.

O Sul da Europa está marcado pela bacia mediterrânica. É, desde há muito tempo,

o destino mais importante do mundo, um de cada três turistas visita alguns dos seus

destinos.

Em 2020 espera-se que seja visitado por 346 milhões de turistas. O futuro desta

bacia será marcado e estimulado por elementos tais como a integração, as

expectativas de crescimento do rendimento, a facilidade para efectuar deslocações

na zona, a existência de uma moeda comum e os equipamentos e infra-estruturas

de que se vai dotar. Cada país terá de contar com uma oferta diferenciada e com

uma estratégia própria na qual as fronteiras terão cada vez menos significado,

embora se mantenham, por segmentos e países, diversas necessidades e atitudes

a respeito da maneira de praticar turismo. Nessa estratégia contará, cada vez mais,

a qualidade dos serviços devido à vontade de captar segmentos de procura

mais sofisticada e rentável para os destinos e, também, ao facto de que os preços

estarão sujeitos a processos de convergência que deixarão menores margens de

actuação no mercado. Nesse contexto, calcula-se que Portugal, em 2020, receba

entre 17 a 20 milhões de turistas. A sua procura dependerá dos mercados emissores

tradicionais.

Temos realmente que estar preparados para concorrermos pela diferença; pela

qualidade. O nível de serviço na hotelaria e restauração terá que melhorar

substancialmente. Com efeito as diferentes escolas de hotelaria, estão agora a

começar a dar os seus frutos, mas não podemos descansar. É no atendimento,

na apresentação, na disponibilidade e boa vontade, na educação e eficiência, que

temos que ser diferentes dos nossos concorrentes. O investimento na educação,

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também se estende ao turismo. Neste particular e no que respeita à cultura,

podemos ganhar alguns pontos aos nossos vizinhos espanhóis, que em matéria de

línguas estrangeiras têm grande dificuldade e pouca formação.

O Turismo religioso

Como atrás já foi referido, o país está coberto por uma rede de santuários regionais

e locais.

Evidentemente que Fátima é de longe o mais importante não só sob o ponto de vista

de atracção de turistas, como de factor fundamental de desenvolvimento de toda a

região envolvente.

Anualmente mais de 5 milhões de visitantes, de todos os países ali se deslocam. As

maiores peregrinações ocorrem anualmente nos dias 12 e 13, de Maio a Outubro.

Pelo mundo inteiro foi difundido o Culto a Nossa Senhora de Fátima, graças às

viagens das Virgens Peregrinas (imagens de N.ª S.ª que percorrem vários países) e

aos emigrantes Portugueses. Assim é possível encontrar várias igrejas, paróquias,

dioceses, escolas, hospitais, monumentos etc. dedicados a Nossa Senhora de

Fátima.

As visitas papais, nomeadamente a mais recente efectuada pelo papa João Paulo

II teve um efeito mediático inultrapassável, não só pelo que representou para os

milhões de católicos de todo o mundo, (agradecimento á Virgem), mas também para

a retenção na memória do nome Portugal.

O turismo da fé tem-se revelado um segmento abençoado e em crescimento

contínuo, beneficia de grande estabilidade, mas exige cuidados especiais na sua

manutenção. Baseia-se muito na confiança com os membros da Igreja. Não nos

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podemos esquecer que os bens culturais de carácter religioso constituem o sector

mais extenso do universo patrimonial português, correspondente a cerca de 70% de

todo o património em Portugal.

Existe pois, à sombra da Igreja, um vastíssimo espólio que cobre praticamente todo

o território nacional, o qual contem grande parte da nossa identidade cultural.

Tendo sempre em mente que os turistas religiosos são em boa medida, os herdeiros

das peregrinações medievais, é inegável que existe hoje um interesse crescente

pela dimensão e realidade religiosa, traduzindo-se num aumento em flecha do

numero de visitantes que procuram os monumentos religiosos e que se interessam

por apreender neles, a sua realidade histórica e a sua dimensão espiritual.

Sem dúvida que Portugal tem um papel importante a desempenhar neste tipo de

turismo. Não nos podemos, no entanto esquecer da concorrência que o mercado

espanhol nos faz neste nicho de mercado. Santiago de Compostela é disso um

exemplo, mas a quantidade de Santuários em Espanha, para não falar de Lourdes

em França, obriga-nos a ter muita atenção de modo a não escamotear esta

realidade, se queremos salvaguardar o interesse nacional. É aqui que reside um

dos factores importantes de Defesa Nacional, fidelizar, na verdadeira acessão da

palavra, os nossos turistas / peregrinos.

Há que incrementar e dar qualidade às condições de acolhimento dos peregrinos,

melhorar e ter em atenção os locais por onde esses peregrinos circulam e

se acolhem. Até neste tipo de turismo temos que ter um valor de excelência,

precisamente porque os locais de concorrência são muitos e não estão longe do

nosso País.

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Evidentemente que não entramos em linha de conta com o turismo religioso em

Itália, cujo mediatismo e História, é impossível de ser beliscado.

O Turismo do Desporto

Constitui, vector estratégico da afirmação e promoção do nosso país a realização em

Portugal de grandes eventos desportivos de dimensão mundial.

Golfe

O Golfe em Portugal com os seus 75 campos, fez movimentar durante o ano de

2005 cerca de 1,8 mil milhões de euros, o que representa 1,2 % do PIB português.

Este movimento deve-se essencialmente a golfistas estrangeiros, já que os 15.000

praticantes nacionais continuam, ainda a ser muito poucos para os campos

existentes.

As condições climatéricas e o nível de qualidade dos campos existentes fazem

com que o Algarve já seja considerado um dos melhores destinos mundiais de

Golfe.(anexo III)

Mas, entre nós nem só o Algarve é considerado um destino de golfe. A zona

metropolitana de Lisboa, com os seus campos desde Tróia, Aroeira, Estoril, Sintra,

Oeiras, Belas e em Lisboa, começa também a ser um forte concorrente do Algarve o

que em termos de estratégia nacional é um factor altamente positivo.

A proximidade do aeroporto à cidade é fundamental. O mercado dos city breaks

e turismo de negócios aliados à prática do golfe vive muito dessa realidade.

Esperemos que a construção do novo aeroporto da Ota1, com o aumento da

1 Com o encerramento da Portela, a capital arrisca-se a perder 15% de turistas, o que poderá ser um sério golpe nas receitas turísticas. Esta quebra terá efeitos precisamente nos city breaks e no turismo de negócios.

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distância ao centro da cidade, não faça matar esta “galinha” à nascença.

Além destas duas importantes zonas privilegiadas de Golfe, estão a nascer, outras

também com grande potencial de crescimento futuro, nos Açores e na Madeira.

Nos campos portugueses foram feitas em 2005 cerca de 1milhão e 100 voltas, pelos

250.000 jogadores que a pretexto deste desporto ficam entre 5 a 7 dias no nosso

país. O efeito multiplicador dos gastos deste tipo de turistas é enorme, beneficiando

imenso a indústria hoteleira e de restauração e preenchendo uma época que em

termos de Sol e Praia é considerada temporada baixa, uma vez que as épocas

de golfe vão de Outubro a Maio, com uma pequena diminuição nos meses de

Dezembro e nos primeiros dias de Janeiro.

Para efeitos comparativos, em Espanha o número de campos existente é de 250

para um número de jogadores espanhóis de 250.000. Nos Estados Unidos onde o

Golfe é desde há muitos anos (60) um desporto de massas, existem 16.000 campos

para 26.500.000 de jogadores.

Não é construindo no entanto mais campos que se atraem mais jogadores, mas

é apostando na qualidade dos mesmos, na sua manutenção e no nível do serviço

prestado. Em suma, é mais uma vez na qualidade da oferta e nas campanhas de

promoção e marketing no estrangeiro, nomeadamente na nossa presença constante

em feiras da especialidade, que nos poderemos bater com a nossa concorrência

directa que é a Espanha.

Desportos náuticos

A aposta no turismo náutico tem sido também apoiada pelos últimos governos. E

com razão. Com efeito, os ventos do Atlântico são na opinião dos especialistas muito

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melhores que os do Mediterrâneo para velejar e o clima é muito mais agradável, tanto

no Verão como no Inverno.

Nos últimos anos foram feitos avultados investimentos na construção e recuperação

de algumas marinas, Cascais, Lagos, Albufeira, Vilamoura, colocando Portugal na

rota das maiores regatas a nível mundial.

Como exemplo mais recente a doca de Alcântara acolheu em Julho mais de 100

veleiros participantes na Tall Ships Race 2006, importante regata que assinala os

cinquenta anos da primeira Tall Ships, que ligou Torbay (Inglaterra) a Lisboa. Portugal

fez-se representar na prova, com os veleiros Sagres, Creoula e Vera Cruz. Estiveram

representados 20 países e mais de 2500 tripulantes.

A circunstância de não termos ganho a organização da 32ª edição da América’s Cup

e termos perdido essa possibilidade para a cidade de Valência em Espanha, foi uma

perca enorme nas reais expectativas que o sector de turismo punha naquele evento.

O nosso país dispunha de excelentes condições para o efeito, não só porque o

campo de regatas de Cascais é considerado um dos melhores da Europa, mas

também porque o porto de Lisboa e as marinas e portos de recreio a utilizar oferecem

boas soluções para a instalação das bases de treino e competição dos concorrentes.

A experiência verificada nas duas últimas edições da prova, realizadas na Nova

Zelândia, demonstrou, de forma inequívoca, a sua grande projecção mediática

internacional, bem como os seus impactes económicos, financeiros e sociais muito

elevados.

Por esse motivo, a disputa pela realização de tão importante prova foi feita ao nível

de países possuidores de grandes vantagens competitivas, tais como Espanha, Itália

e França, o que, muito realisticamente, perfez um quadro de acrescida dificuldade

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para a candidatura nacional.

Todavia, a eventual concretização desta iniciativa no nosso país configurar-se-ia

como um projecto de âmbito nacional e constituiria uma manifesta oportunidade de

reforço da imagem de Portugal, de promoção da sua diversificada oferta turística, de

estímulo à sua procura como destino turístico de qualidade e um forte contributo para

a dinamização da actividade desportiva no domínio da náutica.

Com efeito após longas negociações com os “Sponsors” máximos desta importante

regata e depois de terem sido ultrapassados todos os obstáculos existentes em que

se prefiguravam na fase final quatro e posteriormente duas candidaturas com iguais

possibilidades de vitoria, foi decidido entre Lisboa e Valência, atribuir in extremis a

organização a Valência.

É de realçar o esforço enorme de parceria, que foi desenvolvido entre os privados e o

sector público, na Comissão Organizadora da Candidatura.

Nessa comissão, faziam parte alem dos particulares interessados directamente na

regata, representantes do primeiro-ministro e de dezoito entidades públicas, todos

sintonizados na tentativa de furar os enormes “lobbies” que sempre se formam para

se conseguir a organização deste tipo de eventos. E compreende-se; os montantes

envolvidos e a certeza do desenvolvimento urbanístico de qualidade em toda a zona

ocidental da cidade, junto ás docas, á semelhança do que foi feito na zona oriental

com a Expo 98, era realmente duma oportunidade única.

Não se conseguiu. Resta a experiência duma candidatura a um dos principais

eventos, senão o maior, a nível mundial. Ficamos com a certeza do respeito e da

credibilidade que a nossa candidatura mereceu a nível internacional. A Defesa

Nacional também se solidifica a partir das experiências negativas.

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Futebol

O futebol é indiscutivelmente um dos eventos que maior projecção mediática produz a

nível mundial. Em Portugal o fenómeno é duma importância extrema.

Nos últimos anos o Campeonato Europeu de Futebol de 2004 foi um evento de

reconhecido interesse nacional, permitindo uma projecção internacional de Portugal

jamais alcançada por nenhum outro acontecimento desportivo realizado no nosso

país.

A prova correu sem grandes incidentes, num clima de euforia total, sendo

considerado pela UEFA como o melhor e mais bem organizado Europeu de Futebol

de sempre.

Para organizar o terceiro maior evento desportivo do Mundo, foram construídos e

renovados dez estádios. Cerca de um milhão de turistas visitaram Portugal neste

período, aos quais se juntaram mais de 2.000 voluntários e 10.000 jornalistas de todo

o mundo.

O facto deste evento ter corrido da melhor maneira, com uma organização exemplar,

fez com que durante um mês o nome de Portugal estivesse constantemente nos

ouvidos de milhões de pessoas.

É evidente que carece de demonstração, se os montantes investidos nos dez

estádios e em toda a organização do evento terão um retorno positivo. Foi uma

decisão política e essa curiosidade nunca será satisfeita.

Outros Eventos Desportivos

São também duma importância muito grande o Open de Ténis do Estoril que atrai

sempre grandes nomes do circuito de ténis ATP e é um dos raros eventos do ténis

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mundial que congrega no mesmo espaço e ao mesmo tempo torneios pontuáveis

nas classificações oficiais do ATP e do WTA Tour. A junção de duas provas num

único acontecimento misto no Jamor verifica-se desde 1998 e coloca o torneio luso

num patamar restrito do qual fazem também parte apenas mais 13 eventos: os

quatro torneios do Grand Slam (Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e

Open dos Estados Unidos), Indian Wells, Miami, Sydney, Memphis, Acapulco,

S'Hertogenbosch, Sopot, Tóquio e Moscovo.

Este evento faz também, em termos mediáticos, centrar as atenções mundiais

durante duas semanas em Portugal.

No que diz respeito a um evento extraordinariamente mediático e que durante anos,

foi amplamente divulgado, deixou de se realizar em 1996. Refiro-me à Formula1

que se disputou no autódromo do Estoril, hoje em dia denominado de Autódromo

Fernanda Pires da Silva.

Com efeito, este evento que mantinha milhões de pessoas ligadas à televisão durou

desde 1984 a 1996. Foi palco de espectáculos inolvidáveis, em que os actores, entre

outros foram Alain Prost, Ayrton Senna da Silva e o estreante Michael Shumacker.

A candidatura á organização dum circuito de Formula 1 é um evento que carece

de fortes investimentos em publicidade e de oferta de condições interessantes

em matéria fiscal e outras, á empresa detentora da organização do campeonato,

dificilmente compatíveis em termos de concorrência, com o que oferecem outros

circuitos noutros países com tradições deste tipo de provas.

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Mantêm-se no entanto provas de Formula1 Clássicos, cuja aceitação é enorme

em termos internacionais e provas de motociclismo, com alguma repercussão no

estrangeiro e que fazem deslocar-se a Portugal alguns milhares de turistas, fãs

deste tipo de desporto.

A organização do Rally Lisboa Dakar que desde o ano passado, tem a partida em

Lisboa, é um evento também duma importância estratégica enorme. O número de

concorrentes, as equipas que os acompanham e o número de jornalistas presentes

em Portugal, faz com que este evento seja também das mais importantes iniciativas

em que a parceria estado e particulares dá os melhores resultados em termos de

visualização do nosso país em termos internacionais.

Um evento que também é bastante mediático, em termos de televisão e jornais da

especialidade é o hipismo. Além das equipas ligadas com os cavalos, cavaleiros e

patrocinadores, os concursos internacionais têm um “glamour” bastante atractivo e

ligado com o turismo de qualidade e de nível social elevado.

Independentemente dos concursos internacionais de Lisboa, Vimeiro e Cascais,

Vilamoura tem mantido nos últimos anos a organização dum importante evento

denominado como Semana Equestre Internacional de Vilamoura “Grande

Prémio Algarve”, prova pontuável para o campeonato do mundo e dotada de um

elevado “prize-money”, factor fundamental para atrair cavaleiros de nomeada

internacional e paralelamente cadeias de televisão.

Neste desporto em particular muito há a fazer para mantermos alguma competição

internacional e interesse por parte dos grandes patrocinadores. Comparativamente

com Espanha a diferença é enorme, principalmente no que respeita ao valor dos

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prémios praticados.

Turismo Residencial

O golfe estimula e muito, o chamado turismo residencial. Com efeito, o potencial do

turismo português como mercado de 2ª residência, tem vindo a ser explorado com

vista a que o país possa ser destino privilegiado para muitos europeus, sobretudo os

nórdicos que procuram passar a sua reforma em países com mais sol.

O clima é uma vantagem competitiva do país e as companhias de aviação mais

vocacionadas para o low-cost têm dado uma grande ajuda ao incremento das

viagens para Portugal.

Os Irlandeses são o grande fenómeno actual enquanto compradores de residências

turísticas, um pouco por todo o mundo, mas muito em Portugal. A legislação fiscal

Irlandesa permite-lhes descontar nos impostos, os juros com os Investimentos

realizados no estrangeiro.

Tendo como forma de comparação a nossa vizinha Espanha o número de

proprietários estrangeiros são 24 vezes superior a Portugal. De acordo com estudos

efectuados, existe ainda espaço e mercado internacional para venda de 300 mil

novas casas e de se poder facturar 45 mil milhões de euros em vendas.

Atente-se no que este volume de receitas representa para a economia nacional.

De notar que o investidor estrangeiro neste tipo de propriedades, fica

completamente “agarrado” ao local e passa a ser um investidor permanente. Os

serviços domésticos, são contratados no local, a manutenção do imóvel, serviços

de jardinagem, manutenção de piscinas etc., são também contratados localmente.

O efeito multiplicador deste tipo de serviços representa ao fim do ano, centenas de

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milhares de euros e a criação e manutenção de milhares de postos de trabalho.

A acrescer a todo esse tipo de gastos, há que não esquecer todo um conjunto de

impostos (IMT, IMI, Imposto de selo, etc.) que a fazenda publica arrecada.

A industria do golfe está assim, natural e completamente interligada com o segmento

do turismo residencial, não só para se rentabilizar – somente três campos não têm

um empreendimento imobiliário associado - mas também como forma de aumentar

a sua visibilidade, em termos de marketing e de mercado.

Turismo de Saúde

Este tipo de turismo associado às águas termais, muito em voga nos anos 40 / 50 na

Europa em geral e em Portugal em particular, tem o seu maior sucesso entre outras,

com as termas de Vimeiro, Monte Real, Monfortinho, Luso e Cúria, Vidago e Pedras

Salgadas. Todas elas com propriedades medicinais e de tratamento diferentes.

Doenças de pele, de rins, de estômago, de ossos etc., tinham aqui o seu tratamento

especial e doentes/turistas fidelizados.

Mesmo que não sofressem de alguma dessas maleitas, todos os anos faziam o

seu período de repouso, num dos variados hotéis ou residenciais que esses locais

punham à disposição do turismo, principalmente durante os meses de Verão.

Nos anos 90 iniciou-se a reconversão de grande parte dessas instalações hoteleiras,

adaptando-as aos tempos modernos, efectuando avultados investimentos em

maquinarias e aparelhos modernos, não só de tratamento de águas, como também

em saunas, banhos turcos (hammas) e outros, conferindo – lhes um conforto,

requinte e um nível de ambiente diverso mas sempre dentro do espírito inicial de

Tratamento de Saúde. A existência de programas de emagrecimento, tratamento

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de pele e massagens é altamente atractivo para uma camada mais jovem, mas com

elevado poder de compra.

Em termos de marketing e promoção, adaptou-se o estrangeirismo e passaram

a chamar-lhe SPAs, designação essa proveniente da importante cidade termal

belga de Spa. Tem grande importância este tipo de turismo, pois normalmente é

praticado por pessoas pertencentes a classes de rendimentos médio alto e alto.

Paralelamente promove a ocupação das unidades hoteleiras durante praticamente

todo o ano, compensando muitas vezes a estação baixa de Sol e Praia. É um

produto sucedâneo do Golfe.

A acrescer aos investimentos efectuados nas termas de Monchique, existem já

no Algarve, diversas unidades hoteleiras (Stª Eulália e Vila Lara) reconvertidas ou

construídas de raiz para suprirem uma falta que se começava a fazer sentir e que

era urgente resolver, criando uma nova valência turística, hoje em dia tão procurada

internacionalmente. “Nascem” assim, junto ao mar centros de talassoterapia que

aproveitam as propriedades da água do mar e das algas marinhas que oferecem

tratamentos de excelência.

Também aqui se mantém a preocupação com a defesa nacional. Com efeito, a

enorme concorrência que nos é movida por Espanha, França, Marrocos, é enorme.

Em Espanha, foram reconvertidos hotéis de grande nomeada, adaptando-os a este

tipo de turismo. Bem perto de nós, na Galiza, La Toja é disso um exemplo, mas na

costa mediterrânica os exemplos abundam.

Turismo da 3ª Idade

A decisão de investimento no sector de turismo ou alternativamente noutra

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actividade das chamadas tecnologias de ponta, é hoje em dia uma questão que

se coloca aos decisores e ou detentores de capital. E quando se questiona se é

essencial para Portugal aumentar a produtividade através do Investimento no sector

de altas tecnologias (higt-tech) e aumentar a sua quota de mercado através da

exportação dessa mesma tecnologia a resposta é, na opinião de Olivier Blanchard,

não. Primeiro, Portugal não tem uma evidente vantagem comparativa em high tech,

o nível de educação e de R§D é baixo em relação a outros países europeus. A

legislação laboral prevê uma grande protecção aos trabalhadores e favorece uma

baixa mobilidade dos mesmos, o que implica uma baixa convergência de recursos

de investimento neste sector. A maior e mais indicada vantagem e a que terá um

impacto a mais longo prazo é, sem dúvida o Turismo.

Mantém-se ainda a ideia de que Portugal poderia ser a Florida para os reformados,

ou mesmo, em termos de clima e condições naturais, a Califórnia da Europa.

A experiência do Sul de Espanha é paradigmática no que se refere às transferências

de fundos dos países de origem desses reformados. Existem para cima de 180.000

estrangeiros com idades superiores a 65 anos em Espanha.

Sabe-se que a maior parte deles são reformados.

Se Portugal atraísse o mesmo número de reformados e se as suas pensões fossem

iguais em média, ao rendimento médio per capita português, isso representaria perto

de 2% do PIB em transferências privadas.

Francesco Giavazzi sugeriu chamar-se “Modelo da Toscânia” onde os reformados

de altos rendimentos fazem com que as transferências sejam contínuas e de

elevados montantes.

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De notar que toda a região da Toscânia, com as cidades de Siena, Florença e a

costa marítima ocidental de Itália, de Portofino até Nápoles e Capri, são um paraíso

para os ricos reformados italianos, franceses, suíços e alemães.

Evidentemente que associado a este tipo de Turismo o chamado “Florida

Model” vem todo um conjunto de infra estruturas ligadas com os cuidados de

saúde: clínicas, spas, e principalmente hospitais com diversas especialidades,

nomeadamente cardiologia, angiologia, ortopedia e duma maneira geral todas as

valências relacionadas com a gerontologia.

O sul de Espanha e toda a costa mediterrânica, desde Sevilha, Málaga, Valência

e evidentemente Barcelona, está perfeitamente servido de hospitais de primeira

linha, o que oferece aos turistas duma certa idade, um grande conforto em termos de

segurança física. Em Portugal, por exemplo no Algarve, o único hospital de primeira

linha, é o de Faro e mesmo assim para situações mais complicadas, os doentes têm

que vir para Lisboa. Evidentemente que há que investir na saúde.

Sou um pouco relutante em incluir nesta rubrica de turismo da 3ª idade, as viagens

de cruzeiro, no sentido em que Lisboa se transformou nos últimos anos num

porto de passagem da maior parte dos Cruzeiros que atravessam o Atlântico e

Mediterrâneo, possibilitando o início e a finalização duma viagem em Alcântara. É o

chamado “Port of Call”.

Esta relutância, prende-se com a circunstância de que cada vez mais turistas jovens

e de meia-idade que não se incluem pois, na chamada 3ª idade, são adeptos deste

género de Turismo. O facto de em média nos últimos anos terem feito aqui escala

230 paquetes, transforma Lisboa num dos Portos europeus de maior importância

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estratégica para este tipo de turismo, ultrapassando em grande número, portos como

Dover, Copenhaga, Southampton, Estocolmo ou Cádis. Em 2004 escalaram Lisboa

270 paquetes com 241.557 passageiros. Durante o primeiro semestre deste ano

(2006) escalaram 121 paquetes. Considerando que normalmente o 2º semestre é

melhor que o primeiro, prevê-se um aumento na ordem dos 10% em relação a 2005.

A concorrência dos portos espanhóis é muito forte, sendo liderada por Barcelona,

mas na Península Ibérica, Lisboa surge na segunda posição, tal como entre os 89

portos atlânticos da Europa. (anexo IV)

Neste sentido, o Porto de Lisboa orçamentou os seus investimentos em obras de

ampliação das docas, de forma a poderem atracar num futuro próximo 6 navios

ao mesmo tempo, aumentando evidentemente a capacidade de recebimento de

mais paquetes. Este tipo de turismo é importantíssimo para a economia da área

metropolitana de Lisboa, dadas as inúmeras excursões que as companhias e

os “tour operators” prevêem nos seus programas. De notar que estes turistas em

geral são de elevado poder de compra fazendo importantes gastos diários durante a

sua estadia. Em função da posição geográfica de Lisboa e se exceptuarmos como já

referido Barcelona, estamos em particular vantagem em relação à concorrência.

Turismo Cultural

Os locais de interesse histórico/cultural são cada vez mais canalizadores de turistas.

Têm elevado nível educacional, visitam museus, frequentam hotéis e restaurantes

de boa qualidade, possuindo um nível de vida acima da média.

Cerca de 10% do turismo mundial tem como base motivações culturais e tem forte

tendência de crescimento.

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Porto, Guimarães e Braga no norte, Coimbra, Batalha, Óbidos, Alcobaça e Santarém

no centro, Lisboa, Sintra e Évora constituem entre outros locais, uma riqueza

patrimonial de inegável valor histórico atraindo um turismo de qualidade.

No que respeita a Évora, património mundial declarado pela Unesco, existe um

planeamento de forte projecção cultural, envolvendo também a gastronomia,

rotas de vinhos e as aldeias históricas em redor da cidade. Durante 2005 foram

asseguradas cerca de 350.000 dormidas na região, o que a torna uma das mais

importantes zonas de turismo do país.

Outras aldeias e lugares históricos estão a ser fortemente promovidos pelas regiões

de turismo respectivas, atraindo cada vez mais interesse por parte dos operadores

turísticos.

A manutenção de todo este património histórico, catedrais, igrejas, castelos e outros

monumentos, está a cargo do Ippar, que apesar das suas carências orçamentais,

vai conseguindo, em conjunto com o governo, promover este tipo de turismo com

alguma eficácia.

As Pousadas têm também sido fundamentais na recuperação e manutenção

deste património cultural. O requinte, o conforto e a qualidade de serviço, que as

Pousadas Históricas oferecem é de realçar, podendo perfeitamente concorrer com

os Paradores espanhóis.

O Turismo do Futuro

O Turismo é o terceiro sector de actividade que mais contribui para as receitas

nacionais, representando 10% do total da economia nacional.

É neste sentido que existe uma prioridade a nível governamental e perfeitamente

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enquadrada e acordada com os agentes privados, de modo a desenvolver

estratégias de interesse para o país em produtos considerados aqueles que podem

marcar a diferença com os nossos mais directos concorrentes, captando para

Portugal, a realização de grandes eventos internacionais.

O exemplo mais actual dessa estratégia foi a candidatura da capital portuguesa

à realização da cimeira do World Travel & Tourism Council que terá lugar em

Maio de 2007 e que contará com a presença de cerca de 500 agentes turísticos

e mais de cem jornalistas. De notar que esta será a 4ª cimeira a ser realizada em

Portugal, o que denota o elevado interesse, por parte dos órgãos directivos daquela

Organização, no nosso país.

Dentro da filosofia de dinamização do Turismo, foi recentemente aprovado pelo

governo o chamado (PENT) Plano Estratégico Nacional para o Turismo, com vista à

criação duma oferta forte, de qualidade, estruturada e sustentada. Este plano define

cinco zonas (Alqueva, Douro, Litoral Alentejano, Oeste, Serra da Estrela), com pólos

de atracção turística a desenvolver até 2015, prevendo-se executar em 4 anos,

investimentos na ordem dos 5,7 mil milhões de Euros e a criação de cerca de14.000

postos de trabalho.

Começa realmente a tomar corpo uma estratégia de Defesa Nacional em que são

chamados todos os “players” a tomar parte nas decisões a nível do sector.

Os produtos em que o Estado e os privados irão apostar, são os tradicionais, sol e

mar, golfe, city short breaks, museus, igrejas, congressos e eventos, gastronomia e

vinho, náutico, saúde e bem-estar e natureza. Evidentemente que o turismo religioso

não poderá ser descurado.

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Para que essa estratégia de Defesa Nacional tenha êxito, não se pode esquecer as

queixas dos promotores em relação à enorme burocracia na aprovação de projectos

em que alguns deles demoram 5 e 6 anos a serem licenciados, os chamados “custos

de contexto”. Não há investimento que suporte esta variável. Também neste ponto

particular, os nossos vizinhos espanhóis aligeiraram os transmites burocráticos,

aprovando projectos de reconhecido interesse público em cerca de 1 ano.

Paralelamente e no que respeita às diferentes matérias fiscais, nas quais se inclui

o IVA, praticam-se no nosso país 3 taxas de IVA: 5% para o alojamento, 12 % para

a restauração e 21% para outros serviços, nos quais se incluem o aluguer de salas

para congressos e eventos. Normalmente a média dessas três taxas atinge os

13%. A Espanha nossa mais directa concorrente tem apenas uma taxa de 7%. Há

serviços que são mais caros que Espanha cerca de 25% o que torna a concorrência

muito difícil.

O cenário ideal seria a existência de uma só taxa, ao mesmo nível das nossas

concorrentes mais directas (Espanha e França). O sector ficaria mais competitivo,

conquistando mais turistas, criando mais emprego e atraindo mais dinheiro para

investimento.

No que respeita ao Imobiliário turístico, que é a maior fonte de investimento

estrangeiro em Portugal e como atrás já foi referido, o proprietário duma habitação

transforma-se num turista permanente e que paga impostos. Seria também

francamente atractivo ao investimento estrangeiro a redução de alguns impostos ou

em alternativa a concessão de alguns estímulos em sede de IMT ou de IMI, para

propriedades que fossem detidas pelo mesmo proprietário, p.e. por um mínimo de 5

anos.

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Também neste sector o nosso mais directo concorrente, a Espanha, tem um

conjunto de incentivos fiscais, que faz com que se transaccionem anualmente, cerca

de 50.000 propriedades a que corresponderá um valor aproximado de 2 biliões de

euros.

Evidentemente que não poderão ser só os incentivos fiscais ou a “Marca Portugal”

a fazer os investidores canalizarem as suas poupanças e ou investimentos para o

nosso país, mas terá que ser todo um conjunto de atractivos que os façam tomar a

decisão. A imprensa e as empresas de relações públicas especializadas, têm que

ter um papel activo e esse papel terá que ser liderado pelas entidades oficiais, em

parceria com os particulares.

Apesar de, sem dúvida, Espanha ser o nosso maior concorrente e nesse sentido,

há que estar preparado para enfrentar essa concorrência através da qualidade dos

serviços prestados, teremos, por estranho que pareça, de estar aliados na promoção

conjunta dos nossos países, em mercados que pela sua dimensão e distância

careçam duma atenção muito especial e investimentos em marketing e promoção de

grande monta. Refiro-me a mercados como o Chinês, a Índia, os Estados Unidos,

Canadá e a América do Sul. Estes mercados terão que ser o alvo duma estratégia

conjunta duma promoção turística concertada entre os governos de Lisboa e Madrid

através do lançamento de acções que passem essencialmente pelo estabelecimento

de pacotes hoteleiros conjuntos e pelo aumento da capacidade de transporte aéreo,

ou através de voos regulares, ou na sua impossibilidade através de voos charters.

A combinação dos dois destinos em termos de economias de escala é vantajosa

para ambos. Tanto Portugal como Espanha não conseguem ter notoriedade

suficiente, dada a grande indefinição, principalmente dos americanos, acerca da

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geografia europeia.

Paralelamente há que ter em atenção que o mercado espanhol é prioritário para

Portugal em termos turísticos. Os espanhóis são o grupo de turistas que mais

entradas por ano representam para o nosso país (5,7 milhões em 2004), mas atrás

dos ingleses e dos alemães em número de dormidas e de receitas do sector (871

milhões de euros). Neste sentido há que não descansar e promover contínuas

campanhas de promoção e publicidade.

O Caso de Vilamoura

Em 1995 foi adquirida ao Banco Português do Atlântico, pelo grupo Planfipsa,

a empresa Lusotur,SA proprietária do empreendimento turístico residencial

denominado Vilamoura, localizado no concelho de Loulé no Algarve, local

privilegiado e com um clima excepcional.

Este empreendimento com uma área de cerca de1800 hects de terreno e com 3 kms

de zona costeira, tinha como características básicas 10.000 fogos construídos, uma

Marina para 1.000 embarcações, 3 campos de golfe, 300 negócios a operarem na

sua envolvente, entre lojas, restaurantes, bares, hotéis, casino, 6.000 residentes

permanentes, 5.000 empregos no empreendimento, mais de 350.000 visitantes ano,

40.000 camas disponíveis entre hotéis, apartamentos e vilas.

Para desenvolvimento habitacional em termos individuais e colectivos, tinha cerca de

900.000 metros2. (anexo V)

A situação das suas infra estruturas, nomeadamente os arruamentos, estação

de tratamento de esgotos de águas pluviais e urbanas, manutenção dos edifícios

próprios e dum modo geral o estado de degradação a que tinham chegado grande

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parte das casas dos proprietários, faziam com que a valorização de mercado,

atingisse valores francamente baixos.

Vilamoura tinha durante os últimos anos da década de oitenta e os primeiros da

década de 90, perdido todo um conjunto de vantagens competitivas, principalmente

com o florescimento em termos de imagem de qualidade dos empreendimentos

concorrentes mais próximos, Quinta do Lago e Vale do Lobo.

Era pois objectivo da nova gestão da empresa, conseguir recuperar física,

económica e financeiramente o empreendimento.

Os 9 anos de gestão em que o autor esteve ligado a este grupo de empresas,

marcaram realmente essa recuperação, nomeadamente a aprovação do Plano

de Urbanização com o estabelecimento dum protocolo em que se reconhecia

o interesse publico do empreendimento e o estabelecimento dum programa de

revitalização urbana, com a criação duma imagem a nível nacional e internacional de

grande qualidade. A recuperação física dos 3 campos de golfe e construção de mais

2 de grande prestígio, bem como a manutenção e conservação de infra-estruturas

e serviços básicos de apoio ao empreendimento, faziam parte daquele protocolo de

acordo.

Foi intensificado o ritmo de desenvolvimento da renovação e melhoria da rede

viária, nas vertentes da sinalização e iluminação pública, construção de rotundas

e tratamento de espaços verdes, bem como especial atenção com a limpeza dos

espaços públicos.

A segurança interna foi também uma das preocupações, investindo-se bastante

na contratação de pessoal e equipamento especializado, com vista a desmotivar

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qualquer veleidade de acontecimentos de cariz criminoso. A parceria de segurança

pública, pela GNR nas áreas públicas de Vilamoura e privada nas áreas afectas aos

empreendimentos turísticos, eliminou na prática, a ocorrência de criminalidade

No que respeita à qualidade ambiental, foi dada prioridade absoluta. Com efeito, a

gestão ambiental teve como preocupação base, a preservação do meio ambiente

com a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental e de Qualidade que

obtiveram as certificações de acordo com as normas ISO 14001 e ISO 9001, tendo

dado origem ao reconhecimento e atribuição de vários prémios internacionais.

Paralelamente procedeu-se à arborização e arrelvamento de novas áreas do

empreendimento, reforçando a imagem de qualidade e do embelezamento

paisagístico que se pretendia atingir.

Investiu-se bastante em campanhas de divulgação do empreendimento como

destino turístico impar na Europa, de sol e praia, golfe, náutica de recreio e

congressos e ainda da disponibilidade de produto imobiliário turístico para

comercialização.

A manutenção e actualização permanente do website não foram descuradas,

possibilitando uma forma mais rápida, simplificada e atractiva de acesso a toda

a informação disponível sobre as actividades, eventos e áreas de negócio das

empresas do Grupo.

Fomentou-se o apoio a um programa de “Qualidade de Vilamoura” que incluía um

conjunto de iniciativas e acções de formação e sensibilização dos empresários,

quadros e funcionários das empresas instaladas em Vilamoura e na região,

com o objectivo de fomentar um atendimento de Qualidade e um serviço de

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Excelência, capazes de contribuir para a promoção de um Turismo de qualidade,

correspondendo ás expectativas dos clientes do empreendimento.

O programa de eventos de animação foram objecto de forte divulgação, tanto a

nível nacional como internacional, tendo sempre uma relevante cobertura mediática

na imprensa escrita, na televisão e na rádio, contribuindo significativamente,

para a consolidação da imagem de Vilamoura e posicionando o empreendimento

como destino único e de qualidade, equipado com excepcionais infra-estruturas e

reconhecido junto dos públicos alvo e de determinante importância estratégica para

o desenvolvimento turístico futuro do Algarve.

Todo este trabalho de marketing, valorizou grandemente o empreendimento com a

consequente valorização do grupo.

O objectivo primordial em termos economicistas, deste tipo de “resorts” é

essencialmente a venda de terrenos. Nesta conformidade, sendo a sua área

limitada, quando se vender o último metro quadrado de terreno, em tese, termina a

comercialização do empreendimento na vertente imobiliária.

A alternativa que se deparava aos detentores da gestão do grupo seria a de

continuar a investir e esperar 15 anos para obter a recompensa dos investimentos

efectuados, ou conseguir um parceiro que por si só e injectando vultuosos capitais,

continuasse a obra desenvolvida nos últimos 10 anos.

Foi decidido optar por esta última hipótese.

Após vários meses de negociações com três empresas, duas de capital nacional

e uma de capital espanhol, foi em Janeiro de 2005 a Lusotur vendida à Prasa,

empresa imobiliária e de construção espanhola.

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A razão básica da apresentação desta experiência, cuja gestão esteve em parte

virada para a captação de investimento estrangeiro, prende-se essencialmente com

o fio condutor deste trabalho – Defesa Nacional.

Poderá haver a tentação de se pensar que o facto da empresa ter sido vendida

a estrangeiros, não houve por parte da Administração do empreendimento, a

preocupação nacionalista. Não é verdade.

Com efeito o esforço imprimido ao longo dos 9 quase 10 anos da equipa de gestão,

foi no sentido de se criar valor, recuperando um empreendimento dum estado de

degradação avançado e colocando-o em termos de qualidade ao nível dos “resorts”

mais conhecidos internacionalmente. Somente após se terem esgotado todas

as hipóteses de negociação com empresas nacionais do sector, foi a mesma

colocada no mercado internacional. O seu enquadramento de qualidade e o nível

das expectativas futuras em matéria de resultados, tornaram-na atractiva para

investidores estrangeiros, cuja estratégia de expansão para Portugal, passava pela

aquisição duma empresa com as características da Lusotur.

O Investimento Estrangeiro é fundamental para o equilíbrio da nossa Balança de

Pagamentos. No turismo o seu efeito multiplicador ainda tem mais relevo.

Com efeito, sendo em termos práticos, de todo impossível defenderem-se as

empresas portuguesas de eventuais “OPAs”, ou de “sedução” de aquisição, por

parte de empresas estrangeiras, terão que em alternativa, deter uma gestão de

excelência e estar preparadas para serem transaccionadas por valores que o

mercado sancione e que premeie a gestão da qualidade, obrigando não só à entrada

de vultuosos capitais, mas também que a estratégia a ser seguida por esses novos

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investidores, seja a negociada com as autoridades nacionais e prevista nos seus

Planos Directores.

Foi o caso de Vilamoura.

Conclusões

O conceito básico de “soft power” é a capacidade de atrair e influenciar os outros

para fazerem o que nós queremos, utilizando meios inteligentes e subtis, que não

estejam forçosamente ligados com o uso da força. É pois neste sentido, que através

do estabelecimento de estruturas de Turismo de qualidade, aliadas a uma boa

orquestração de campanhas de promoção e marketing, que conseguiremos atrair

para o nosso país um tipo de turistas de nível sócio económico e cultural elevado,

que normalmente rumariam para outras paragens. Concomitantemente há que ter

presente os seguintes factores dinamizadores do Turismo:

• O desenvolvimento de uma maior convergência e, tanto quanto possível, a

harmonização dos sistemas fiscais e a redução dos encargos sobre a mão-

de-obra, no sentido da aplicação de taxas que suportem a expansão da

actividade turística e o crescimento do emprego;

• A promoção de empresas turísticas em redes já existentes apoiadas pela

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Comunidade Europeia;

• A promoção de “Centros de Consultoria Turística” e de instrumentos de base

voltados para as empresas, de forma a fornecer-lhes informação actualizada

sobre aspectos da regulamentação e sobre o financiamento ao Turismo;

• O lançamento de uma iniciativa comunitária que promova o desenvolvimento

de empresas turísticas inovadoras por jovens empresários, nomeadamente

para a promoção de novas atracções turísticas;

• O desenvolvimento de uma cooperação mais eficaz entre os representantes

da indústria turística, incluindo os parceiros sociais, e os principais decisores,

em relação a medidas susceptíveis de afectar o desenvolvimento turístico;

• A preparação e divulgação de um relatório sobre a estrutura, o desempenho

e a competitividade do turismo europeu, relatório a ser regularmente

actualizado e que servirá como base para uma análise anual, pelo Conselho

de Ministros, das iniciativas necessárias a nível da Comunidade e dos

Estados-membros;

• Limitar os impostos e taxas aplicáveis aos serviços turísticos e, onde tal for

aplicável, a utilizar as receitas conexas de forma transparente para melhorar o

investimento no Turismo

• No que respeita à taxa de IVA dever-se-á tender para a existência duma taxa

única, no mesmo nível dos nossos concorrentes directos (Espanha e França)

• Promover mais eventos de nível internacional em que a marca Portugal seja

mediatizada com a realização de campanhas de promoção menos genéricas,

mais especializadas e capazes de atingir com precisão os segmentos

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específicos.

• Atribuir prioridade absoluta a um maior conhecimento dos mercados

emissores.

• Manter junto dos países tradicionais “exportadores” de turistas para Portugal,

i.e. Reino Unido, Holanda, Alemanha, Espanha, Irlanda, agências de

comunicação e de relações públicas que permanentemente promovam algum

tema e ou assunto relacionado com Portugal.

• Especial atenção para a segurança interna de pessoas e bens

• Ter sempre presente a Qualidade. É cada vez mais um factor de escolha

por parte dos agentes de turismo e essa escolha é obviamente um factor de

interesse e de Defesa Nacional

Epílogo

Não quero terminar este trabalho sem fazer uma referência a um problema actual,

que poderá destruir toda uma politica de anos, e deixar a nossa economia numa

situação algo penosa. Refiro-me ao Tratado de Schengen. Com efeito, este Acordo

assinado em 14 de Junho de 1985, prevê que todas as pessoas que entrem

legalmente por uma fronteira exterior de um dos países contratantes terá direito, em

princípio, a circular livremente pelo território de todos eles, durante um período de

três meses por semestre.

São 23 os países da U.E. (excepção para a Irlanda e Reino Unido), acrescidos da

Islândia, Noruega e Suiça que aplicam actualmente o Convénio Schengen.

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Como é fácil imaginar, haverá com certeza vantagens culturais, comerciais e

turísticas enormes, mas é um facto que esta liberdade de circulação potencia

grandemente a possibilidade de ataques terroristas, ou a sua preparação num

destes países. Evidentemente que as autoridades estão preparadas e têm os

meios para combater este enorme problema, através da troca permanente e

actualização de dados entre os seus membros, mas a realidade é que qualquer

atentado terrorista e ou a existência de “máfias” mais ou menos organizadas, que se

dediquem à concretização de acções criminosas, pode deitar por terra anos e anos

de trabalho na construção duma valência tão importante, mas tão sensível como é o

Turismo. (anexo VI)

O Turista tradicional quer viajar em paz para sítios calmos e seguros; é essa a

grande arma que Portugal tem. É a sua reconhecida Segurança que distingue o

nosso País dos mais directos concorrentes.

Bibliografia

• Reflexões sobre o Turismo em Portugal – Conselho Sectorial do Turismo Prof. Hernâni Lopes / Dr. Sérgio Palma BritoEdição 2002

• Turismo Europeu – Novas Parecerias para o Emprego - Comissão

Europeia – Direcção Geral XXIII(Outubro 1998)

• “The Economic Future of Europe” NBER Working Paper 10310

Olivier Blanchard (February 2004)

• Integrate Quality management for Tourism DestinationsGo,F e Govers,R (2000)

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• O Impacto do Euro na Economia PortuguesaMinistério das Finanças – 1998

• Investir Excelência em Portugal

API - Agência Portuguesa para o InvestimentoPorto – Junho 2003

• Internet:

www.parquedasnacoes.pt/pt/expo98/

Anexos

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