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O Tratamento Contábil dos Ativos Contingentes sob a Ótica da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM)
FILIPE CARNEIRO SOUSA
Universidade Federal Fluminense
RODRIGO ARAUJO ALVES
Fundação Getúlio Vargas
ODILANEI MORAIS DOS SANTOS
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Resumo
O tema ativo contingente é de grande importância para a área contábil. Todavia, a principal
norma que trata do assunto, o CPC 25/IAS 37, traz poucas informações acerca dessa
contingência, focando principalmente nos conceitos atrelados às contingências passivas.
Assim como esta norma, a literatura acadêmica prioriza o tratamento dos passivos
contingentes e provisões e, quando o assunto ativo contingente é tratado, o grau de
profundidade não costuma ultrapassar os aspectos já abordados nas normas. A literatura
evidencia que tema é controverso, pois há divergências de opiniões entre entre preparadores
das demonstrações contábeis e auditores independentes e entre os próprios preparadores e os
próprios auditores. Sendo assim, este estudo objetivou capturar a percepção da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) sobre o tema, por meio da análise de seus processos
administrativos sancionadores, identificando o tratamento contábil sob a ótica deste órgão
regulador. Para tanto, apresentou-se casos reais e públicos de registros contábeis indevidos de
ativos contingentes no balanço patrimonial de empresas que ensejaram na superavaliação de
seus ativos em mais de R$ 8 bilhões. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que a
CVM concluiu que os registros de ativos estavam incorretos por se tratar de ativos
contingentes, impactando significativamente as demonstrações contábeis dos casos
analisados. Dentre as penalidades aplicadas pela CVM, constatou-se (a) republicações das
demonstrações contábeis e (b) responsabilização dos administradores, dos membros do
conselho de administração e do conselho fiscal. Verificou-se ainda que, em 100% dos casos
analisados, os auditores independentes não seguiram as orientações da CVM de se incluir
ressalva nos relatórios de auditoria, quando houver registros de contingências ativas.
Palavras chave: ativo contingente, contingência ativa, CPC 25/IAS 37.
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1. Introdução
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1), as demonstrações contábeis
(DC) são elaboradas para usuários externos em geral com a finalidade de atender às
necessidades comuns da maioria deles (Comitê de Pronunciamentos Contábeis [CPC], 2011).
Diferentes tipos de recursos econômicos afetam a avaliação dos usuários das DC sob as
perspectivas da empresa em gerar fluxos de caixa futuros.
Dentre as possibilidades de entradas de caixa para a empresa, estão os ativos
contingentes. Todavia, conforme destacado por Marion e Reis (2013), as contingências ativas
não são identificadas facilmente. Schiff, Schiff e Rozen (2012) destacam que as empresas não
costumam evidenciar possíveis ganhos oriundos de ativos contingentes, diferentemente do
que fazem com relação às possíveis perdas de natureza contenciosa, sendo que no segundo
caso, pode se observar um nível maior de divulgação, principalmente no que diz respeito a
possíveis perdas na esfera judicial, que são comumente incluídas em notas explicativas
Na opinião de Souza (2012), o surgimento de ativos contingentes ocorre principalmente
por meio de (i) disputas judicias com terceiros e (ii) recuperação de tributos recolhidos
indevidamente. Para Monteiro (2016), muitas empresas têm direito a recuperar tributos
recolhidos indevidamente e, diante da crise fiscal enfrentada pelos Estados brasileiros,
vislumbra-se grande dificuldade na recuperação destes valores.
De um modo geral, assim como o CPC 25 (2009), observou-se que a literatura
acadêmica dá mais ênfase ao tratamento dos passivos contingentes e provisões e não costuma
aprofundar o estudo sobre os ativos contingentes. Como exemplos de trabalhos que
priorizaram os aspectos contábeis das contingências ativas, pode-se citar os estudos dos
autores: Albuquerque e Faria (n.d.); Castro, Vieira e Pinheiro (2015); Viviani e Fernandes
(2014); Gangemi, Pereira, Marion e Slavov (2017); e Jesus e Souza (2015).
Os ativos contingentes ganham importância diante do cenário de crise econômica que o
Brasil enfrenta desde 2014. Para ilustrar esse cenário, segundo Bocchini (2017), os pedidos de
recuperação judicial bateram recorde em 2016, sendo o pior resultado apresentado pelo Serasa
Experian desde 2005. Apesar dos indícios de melhora da economia no Brasil, os pedidos de
falências ainda apresentaram um aumento acumulado de 2,9% em 2017, de acordo com
Coraccini (2018). Com base nesses dados, é possível inferir que várias dessas empresas não
honram suas dívidas e que muitos de seus credores tiveram que recorrer à justiça para tentar
recuperar seus créditos.
Para ilustrar alguns casos de registros indevidos de ativos contingentes que afetaram de
forma significativas as demonstrações contábeis das empresas: segundo a CVM (2012), a
empresa Minerva S.A. reconheceu uma contingência ativa no valor de R$ 28 milhões, que
estava sendo discutido com o fisco, superavaliando o patrimônio líquido desta empresa em
4,38%. Outro exemplo, foi o reconhecimento indevido de uma contingência ativa que estava
sendo discutido na justiça no valor de R$ 8 bilhões, de acordo com a CVM (2016a)
De acordo com Sousa e Coelho (2017), o tema é controverso. O estudo elaborado pelos
autores analisou as opiniões de contadores preparadores de DC e as opiniões de auditores
independentes, evidenciando a divergência entre os próprios contadores, entre os próprios
auditores independentes, além das divergências entre estes dois grupos. Ainda segundo o
estudo dos autores, os contadores e auditores externos julgaram ser necessário o
aprimoramento da norma contábil (Pronunciamento Técnico CPC 25) e a implementação de
mais exemplos práticos para auxiliar a aplicação da norma, principalmente, considerando que
uma divergência de opinião entre preparadores de DC e seus auditores independentes pode
ensejar uma ressalva no relatório de auditoria (Sousa, 2017).
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem como objetivo fiscalizar, normatizar,
disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. Compete a este órgão,
dentre outras coisas, expedir normas sobre demonstrações contábeis, padrões de contabilidade
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e relatórios de auditoria independente. Uma das atribuições legais da CVM é examinar os
registros contábeis das companhias abertas, bem como os trabalhos dos auditores.
O objetivo do trabalho consiste em capturar a percepção da CVM sobre o tema ativo
contingente. Por isso, tem-se o seguinte problema de pesquisa: sob a ótica da CVM, qual o
correto tratamento contábil para as contingências ativas que: (a) não são itens monetários
(exemplo: investimentos societários); (b) estão em disputas judiciais; (c) estão em disputas
administrativas com o fisco; (d) exista uma ação direto de inconstitucionalidade (ADIN)
favorável à empresa; e (e) estão suportadas por garantias.
Para atender ao objetivo proposto, procedeu-se a análise documental de processos
administrativo-sancionadores (PAS) referentes a casos em que a CVM deliberou sobre ativos
contingentes, em um total de cinco PAS alinhados ao problema de pesquisa.
2. Referencial Teórico
2.1 Contextualização
Em 2005, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução CFC nº
1.055/2005, criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, iniciando, formalmente, o
processo de convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. Outra
importante medida adotada para o alinhamento da contabilidade brasileira aos padrões
internacionais foi a promulgação da Lei nº 11.638/2007, que introduziu alterações
substanciais na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações - Lei das S.A.).
Atualmente, o Pronunciamento Técnico CPC 25 (CPC, 2009a) é a principal norma
contábil que trata de ativos contingentes no Brasil, que é correlata à norma internacional IAS
37 (Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets).
2.2 Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25 (CPC, 2009a), ativo contingente é
um ativo possível, resultante de eventos passados e que depende de eventos futuros incertos
para se concretizar, além de não estar sob total controle da entidade. Os ativos contingentes
não são reconhecidos na Contabilidade e o único exemplo citado nesta norma é sobre uma
reivindicação judicial cujo desfecho é incerto. Adicionalmente, o CPC 25 (2009a) não faz
qualquer menção sobre a possibilidade de um ativo contingente advir de um item não
monetário (por exemplo: terreno ou máquinas) (CPC, 2009a).
Segundo Iudícibus, Martins, Gelbecke e Santos (2013), a palavra “contingente” é
empregada para ativos e passivos que não são registrados na Contabilidade, pois dependem de
um ou mais eventos futuros incertos que não estejam totalmente sob o controle da empresa.
De acordo com o CPC 25 (2009a), uma empresa controla os benefícios econômicos de um
ativo, quando não depender de qualquer ação ou omissão de terceiros e, neste momento, o
ganho é considerado praticamente certo, devendo ser reconhecido na Contabilidade.
Os ativos contingentes que são classificados como provável devem ser divulgados em
notas explicativas, contendo breve descrição de suas naturezas e, quando praticável, deve-se
estimar com razoável segurança os seus efeitos financeiros. As empresas devem evitar
divulgar informações indevidas sobre as probabilidades dos ganhos contingentes. Para os
casos em que a divulgação possa trazer prejuízos à empresa, deve-se divulgar a natureza geral
da disputa, bem como os fatos que justificaram essa excepcionalidade (CPC, 2009a).
Segundo Suave, Codesso, Pinto, Vicente e Lunkes (2013), é importante disponibilizar
aos usuários externos informações mais claras sobre as contingências ativas, permitindo-os
avaliarem os riscos relacionados a tais contingências. A empresa deverá avaliar,
periodicamente, os ativos contingentes para garantir que as alterações sejam devidamente
refletidas nas DC.
2.3. Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
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Em 2005, o CFC emitiu a norma brasileira de contabilidade técnica (NBC-T) n°
11.15/05 – Contingências (Conselho Federal de Contabilidade [CFC], 2005) que, apesar de
estar revogada, é relevante no contexto deste estudo, por apresentar os significados das
probabilidades de ganho e perda em processos judiciais, que corresponde ao modelo de carta
de circularização de advogados, que permanece válida e sendo utilizada pelos auditores
independentes no processo de circularização.
Probabilidade de ganho “provável”: indica que há maior probabilidade de o fato ocorrer.
Geralmente, há evidências disponíveis que permitem tal classificação: jurisprudência dos
tribunais ou teses já apreciadas em tribunais superiores para questões que envolvam matéria
de direito, e a produção ou a facilidade de se dispor de provas (documental, testemunhal -
principalmente em questões trabalhistas - ou periciais) para questões que envolvam matéria de
fato.
Probabilidade de ganho “possível”: indica que o ganho poderá ocorrer, todavia, essa
classificação não foi, necessariamente, fundamentada em elementos ou dados que suportasse
uma classificação como “provável”; ou quando as informações disponíveis não fornecem
subsídios necessários à conclusão da empresa sobre a tendência de seu ganho no processo
judicial ou administrativo. As decisões judiciais favoráveis de primeiro ou segundo grau
podem não ser tão importantes quando há julgamento final desfavoráveis em tribunal superior
ou de última instância.
Probabilidade de ganho “remoto”: indica que, remotamente, a empresa ganhará, ou seja:
são insignificantes as chances de êxito.
O critério para classificação da probabilidade não deve considerar eventuais
circunstancias que os processos estão sujeitos (exemplo: eventuais perdas de prazos).
Todavia, existindo um problema do ponto de vista processual que possa acarretar em um
determinado desfecho, esta informação deverá ser considerada para a classificação da
probabilidade de perda ou ganho.
Ademais, o critério para classificação da probabilidade de ganhou ou perda deve ser
baseado em evidências disponíveis à data do balanço. Ou seja, a existência de uma
jurisprudência desfavorável à empresa, dificilmente, permitiria classificar um ganho como
provável, pois a evidência disponível demonstra, justamente, o contrário.
2.4. Literaturas das maiores empresas de auditoria independente
2.4.1. KPMG
A KPMG (2014) abordou um exemplo sobre ativo contingente apresentado a seguir.
Este exemplo é de grande valia, pois, além de ser difícil encontrar casos hipotéticos de
contingência ativa, ela não se refere a litígios judiciais.
EXEMPLO 2A - Ativo Contingente - Antes da data de reporte (data base)
A Companhia L aluga um imóvel à Companhia B, mediante arrendamento
operacional. O contrato é de 10 anos e só pode ser cancelado com o pagamento de
uma penalidade. Em 30 de novembro de 2014, antes do término do contrato, a
Companhia B se retira do contrato e é obrigada a pagar uma penalidade de
cancelamento de 450. Em nossa opinião, a Companhia L reconheceria geralmente
um recebimento de 450 e rendimentos correspondentes uma vez que a Companhia B
cancele o contrato. No entanto, a Companhia L não deve reconhecer o ativo até que
o contrato seja cancelado (KPMG, 2014, p. 694, tradução livre).
Na assinatura do contrato, nasce um ativo contingente (há uma possibilidade de a
Companhia L receber os US$ 450, se, e somente se, a Companhia B cancelar o contrato).
Portanto, aplicando o conceito de ativo contingente no exemplo da KPMG: (i) ativo possível
seria o pagamento da penalidade US$ 450; (ii) o evento passado seria a assinatura do contrato
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(momento em que as partes concordam que o cancelamento do contrato ensejará uma
penalidade); e (iii) o evento futuro incerto seria o cancelamento do contrato (fato gerador).
Fechando o raciocínio do exemplo anterior, a KPMG (2014) complementa com mais
um caso ilustrativo. EXEMPLO 2B - Ativo Contingente – Após a data de reporte (data base)
Modificando o Exemplo 2A apresentado, a Companhia B cancela o contrato em 28
de fevereiro de 2015. Nesse caso, a Companhia L não reconheceria um recebível
pela penalidade de cancelamento em 31 de dezembro de 2014. O evento que dá
origem ao ativo é o cancelamento do contrato. Portanto, se o cancelamento ocorrer
somente após a data de reporte, o ativo não é reconhecido na data de reporte
(KPMG, 2014, p. 694, tradução livre).
Neste exemplo, para publicação do Balanço Patrimonial de 31 de dezembro de 2014, a
Companhia L não reconhecerá um “Contas a Receber”, pois o fato gerador do recebível US$
450 (cancelamento do contrato) só ocorreu após a data base do Balanço Patrimonial (data de
reporte).
2.4.2. Ernest & Young (EY)
A Ernest & Young [EY] (2015) cita que a norma não define o termo “praticamente
certo” (virtual certainty), o que dificulta a aplicação prática da distinção entre contingência e
ativo de fato. Para a EY (2015), é razoável interpretar que o termo “praticamente certo” está
muito próximo a 100% de chance de a empresa obter o ganho, de modo a tornar insignificante
qualquer incerteza restante.
2.4.3. PricewaterhouseCoopers (PwC)
Para a PricewaterhouseCoopers [PwC] (2014), inicialmente, uma empresa pode ter uma
baixa expectativa de ganhar a disputa judicial e que, por isso, a norma não requer nenhum
registro contábil e nem divulgação desta contingência ativa. Durante as fases do processo
litigioso, poderá haver alteração na expectativa de ganho. Segundo a PwC (2014), quando há
uma decisão e/ou acordo judicial, deve-se avaliar se a empresa possui o controle do ganho. Se
a decisão favorável à empresa for definitiva, não cabendo mais recursos, o ganho será
considerado como praticamente certo e deverá ser registrado na Contabilidade. Caso
contrário, o ativo contingente continuará existindo.
2.4.4. Deloitte
Para fins de contingência ativa, a Deloitte (2015) traz um exemplo de penalidades por
atraso na entrega de produtos: há um contrato assinado com o fornecedor que prevê a
aplicação de multas em caso de atraso. Segundo a Deloitte (2015), enquanto não houver o
atraso na entrega do produto (que seria o fato gerador para aplicação da multa), nenhuma
provisão deveria ser reconhecida pelo fornecedor.
Numa analogia com a contingência ativa: se não há registro de provisão pelo
fornecedor, também não haveria, no momento da assinatura do contrato, o reconhecimento do
ativo (recebível em virtude de aplicação de multa) por parte do contratante, tendo em vista a
não ocorrência do fato gerador da multa (atraso na entrega do produto pelo fornecedor).
Sendo assim, no momento da assinatura do contrato que contenha cláusulas de penalidades,
surge uma possibilidade de um ganho fluir a favor da empresa contratante (um ativo possível)
se o seu fornecedor não entregar os produtos dentro do prazo estipulado (evento futuro e
incerto no momento da assinatura do contrato, que não está sob total controle do contratante).
2.5. Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON)
Apesar de estar revogada, a Interpretação Técnica (IT) Ibracon n°. 03/2002 (Instituto
dos Auditores Independentes do Brasil [IBRACON], 2002) é de grande valia para este estudo
e os conceitos que foram trazidos para este estudo permanecem válidos e são corroborados ao
longo deste trabalho através dos demais documentos analisados.
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De acordo com o IBRACON (2002), o ganho contingente é caracterizado por condições
ou situações de solução indefinidas até a data base das DC, dependendo de eventos futuros
que podem ou não ocorrer. Percebe-se que o conceito trazido por esta IT está em consonância
com o Pronunciamento Técnico CPC 25. Segundo o IT Ibracon n°. 03/2002, não havendo
possibilidades de recursos da parte contrária, o risco da não realização do ganho contingente é
considerado “remoto” e, por isso, o referido ganho deve ser registrado. Conforme o
IBRACON (2002), o registro contábil do ganho deverá ocorrer quando a decisão judicial final
favorável à empresa produzir seus efeitos e isso, normalmente, ocorre após a publicação no
Diário Oficial.
Segundo a IT Ibracon n°. 03/2002, antes do registro contábil do ganho e periodicamente
após o seu reconhecimento contábil, a empresa deve avaliar a capacidade financeira da parte
contrária (devedor) de honrar a dívida. Nas avaliações posteriores ao reconhecimento do
ganho, deve-se avaliar, segundo esta IT do Ibracon, a necessidade de efetuar uma PCLD.
Para o IBRACON (2002), a existência de jurisprudência não é argumento válido para
fins de registro do ganho, uma vez que não assegura decisão final favorável à companhia, pois
outras variáveis podem influenciar a decisão do juiz, por exemplo, o ramo de atividade e a
formalização do processo. Caso a companhia tenha obtido liminar da justiça, autorizando-a
compensar os tributos, ela deverá divulgar isso em nota explicativa, bem como evidenciar os
ativos considerados prováveis.
Outro importante documento sobre ativo contingente emitido pelo Ibracon foi o
Comunicado Técnico (CT) Ibracon n°. 02/2006 (IBRACON, 2006). Em 2005, o STF julgou
como inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS em quatro
recursos individuais e, posteriormente, outros recursos tiveram o mesmo desfecho. Todavia,
ressaltou o IBRACON (2006), que as referidas decisões do STF não foram proferidas em ação
direta de inconstitucionalidade (ADIN) e, por isso, beneficiaram somente as partes envolvidas
nos recursos mencionados. O objetivo da ADIN é retirar do ordenamento jurídico brasileiro a
lei e/ou ato normativo que seja avaliado como afronte à constituição pelo STF.
O IBRACON (2006), através do Comunicado Técnico Ibracon n°. 02/2006, alertou que
a Lei n° 9.718/98 deveria ser obedecida pelas empresas em geral até que ela fosse retirada do
ordenamento jurídico. A discussão neste CT foi se outras empresas que não fizeram parte dos
recursos julgados pelo STF de forma definitiva, transitado em julgado, poderiam reverter à
obrigação legal do alargamento da base de cálculo dos tributos ou se poderiam reconhecer um
ativo. Discutiu-se também se as empresas que não ingressaram com recursos poderiam
reconhecer um ativo referente a valores até então recolhidos. Na ocasião, o IBRACON (2006)
abordou as formas de extinção de obrigações legais, notadamente, as tributárias, conforme
texto transcrito a seguir.
Tratando-se de obrigações legais, notadamente aquelas de natureza tributária que
derivam de uma lei regularmente posta no ordenamento jurídico, existem outras
formas para sua extinção. Conforme art. 156 do Código Tributário Nacional,
extinguem o crédito tributário: (i) o pagamento; (ii) a compensação; (iii) a transação
e a remissão; (iv) a prescrição e a decadência; (v) a conversão de depósito em renda;
(vi) o pagamento antecipado e a homologação; (vii) a consignação em pagamento;
(viii) a decisão administrativa irreformável; (ix) a decisão judicial sobre a qual não
caiba mais recurso; ou (x) a dação em pagamento em bens imóveis (IBRACON,
2006, grifou-se).
No sistema jurídico brasileiro, a extinção da obrigação tributária citada no item (ix) se
restringe às partes do processo. No caso de julgamento definitivo da ADIN, seus efeitos são
estendidos aos demais contribuintes. Sendo assim, o IBRACON (2006) reforçou que a
empresa deveria continuar reconhecendo a obrigação tributária, enquanto não ocorresse uma
das situações que caracterizaria a extinção da mesma.
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Da mesma forma, uma empresa, que no passado recolheu o PIS e a COFINS e
ingressou ou venha ingressar com ação judicial para reaver o valor pago ou, ainda,
compensar tais pagamentos com outros tributos, não deverá registrar o ativo até que
seu recurso seja julgado favoravelmente, de forma definitiva (IBRACON, 2006,
grifo meu).
A Tabela 1 apresenta alguns cenários hipotéticos sobre a definição da alteração de um
ganho contingente para ativo.
Tabela 1
Identificação do momento do transito em julgado da decisão judicial
Data base do balanço social de 31/12/2005 e divulgação das DC em 30/01/2006
Cenário
Data da
Decisão
Data da Publicação da
Decisão
Data do Transitado
em Julgado
Deve ser revertida a
obrigação em 2005?
1 10/11/2005 30/11/2005 10/12/2005 Sim
2 10/12/2005 19/12/2005 10/02/2006 Não
3 15/12/2005 01/02/2006 11/02/2006 Não
4 01/02/2006 10/02/2006 20/02/2006 Não
Supondo que a divulgação das DF fosse após a data de trânsito em julgado, a empresa deveria reverter a
obrigação em 2005 (as DF seriam ajustadas) e, então, as conclusões dos cenários 2 e 3 seriam “Sim”.
Fonte: CT Ibracon n° 02/2006 (adaptado).
Ao mencionar a data da divulgação das DC (30/01/2006), é possível que o Ibracon
estivesse se referindo ao período de eventos subsequentes. Considerando Pronunciamento
Técnico CPC 24 (CPC, 2009b), que é a norma atual que trata do assunto, o período de eventos
subsequentes está compreendido entre a data base das DC e a data na qual é autorizada a
emissão dessas demonstrações.
2.6. Documentos emitidos pela CVM sobre ativos contingentes
A seguir, são apresentados os documentos emitidos pela CVM que tratam do tema ativo
contingente e que foram objeto de análise deste estudo.
2.6.1. Parecer de Orientação (PO) CVM nº 15/87 (CVM, 1987)
Apesar de ter sido emitido em 1987, verificou-se que a CVM reafirmou o entendimento
expresso neste parecer em documentos posteriores (como será abordado mais a frente). Este
parecer também foi citado como fundamentação em processos administrativos sancionadores
(PAS) CVM. De acordo com o Parecer de Orientação CVM nº 15/87:
6. ATIVO CONTINGENTE
(...) Assim, um possível ganho em ações administrativas ou judiciais, somente deve
ser reconhecido quando, percorridas todas as instâncias necessárias, a empresa
obtiver decisão favorável. Caso a companhia já tenha reconhecido receita
envolvendo ativo em litígio (duplicatas a receber, por exemplo), deve então
constituir provisão para perdas na proporção do valor contingente.
No caso de fornecimento de bens ou serviços que esteja sendo contestado pelo
adquirente também há a necessidade do não reconhecimento da receita ou do
provisionamento do valor em litígio.
Se houver qualquer forma de contestação por parte do devedor, e a companhia
considerar que possui condições objetivas de evidenciar o seu direito, não restando
nenhuma dúvida por parte dela quanto ao seu direito e à chance do recebimento,
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poderá não efetuar o provisionamento desde que evidencie, em nota explicativa às
demonstrações financeiras, a existência da contestação (...) (CVM, 1987, grifou-se).
Segundo a CVM (1987), um ativo reconhecido na Contabilidade se tornar uma
contingência (duplicatas a receber registrado e que, posteriormente, passou a ser discutido
com o devedor). Quando há contestação do devedor, o parecer da CVM facultou à empresa (i)
não reconhecer a receita e nem o respectivo ativo; ou (ii) reconhecê-los, desde que se
constituísse um estimativa de perdas para créditos de liquidação duvidosa no montante do
valor em discussão. Todavia, o parecer não é claro quanto à forma de contestação (se é na
esfera judicial ou apenas uma comunicação entre as partes sem que haja processo legal).
Adicionalmente, a CVM (1987) autorizou a empresa não reconhecer uma estimativa de
perda (ou seja, não considerar o ganho como contingente), caso ela tenha condições objetivas
de evidenciar seu direito. Todavia, o parecer não é claro quanto às condições objetivas e não
fornece exemplos práticos, o que facilitaria o entendimento acerca do correto tratamento
contábil.
2.6.2. Ofícios Circulares emitidos pela área técnica da CVM
Estes documentos visam dar conhecimento dos principais problemas e considerações na
aplicação das normas contábeis às companhias abertas.
• OfícioCircular/CVM/SNC nº 02/96 e nº 001/00
A CVM informou que o registro um ativo contingente deveria ensejar uma ressalva nos
pareceres de auditoria e não um parágrafo de ênfase, como estava sendo praticado.
• OfícioCircular/CVM/SNC/SEP nº 01/2005, nº 01/2006 e nº 01/2007
A CVM reafirmou seu entendimento sobre ativo contingente expresso no Parecer de
Orientação CVM nº 15/87. Estes documentos fazem menção ao IT Ibracon nº 03/02.
• Ofício-Cirular CVM/SNC/SEP nº 001/2011 e nº 002/2011
A CVM informa que o conceito de ativo está vinculado à capacidade de controlar os
benefícios econômicos provenientes daquele bem ou direito e, por isso, as contingências
ativas não são reconhecidas, tendo em vista que sua realização independe do controle da
empresa. O ganho é praticamente certo, quando independe da ação ou omissão de terceiros.
Adicionalmente, a CVM reafirmou seu entendimento sobre ganhos que estejam sendo
discutidos em ações judiciais: mesmo que haja uma tendência de êxito, enquanto houver
possibilidade de recurso da outra parte, a probabilidade de êxito não será praticamente certa.
2.7. Estudos sobre contingências pesquisadas
Como informado anteriormente, a literatura acadêmica no geral não tratam com
profundida as contingências ativas, focando mais nos passivos contingentes e nas provisões.
Foram analisados os seguintes trabalhos acadêmicos que tratavam de contingências em geral:
O Reconhecimento da Contingência nas Demonstrações Contábeis: Provisão x
Reserva, dos autores Albuquerque e Faria (n.d.);
Comparação do disclosure de contingências ativas e passivas nas empresas
brasileiras com ações negociadas na BM&FBovespa e na NYSE, dos autores
Castro, Vieira e Pinheiro (2015);
Qualidade da Evidenciação de Passivos Contingentes Relacionados ao Risco
Legal: um estudo em empresas petrolíferas brasileiras, estadunidenses e
britânicas, dos autores Viviani e Fernandes (2014);
Nível de aderência das práticas contábeis dos passivos contingentes ao CPC 25:
um estudo das empresas sucroalcooleiras do estado de São Paulo, dos autores
Jesus e Souza (2015);
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Ativo Contingente: a percepção dos contadores e auditores externos, de Sousa e
Coelho (2017).
Dentre os trabalhos analisados, verificou-se que apenas o estudo de Sousa e Coelho
(2017) aprofundaram no tema ativo contingente, evidenciando que o assunto é controverso.
Este trabalho evidencia um ponto muito importante sobre a necessidade de melhora da norma
e literatura contábil acerca das contingências ativas, tendo em vista as divergências de
opiniões entre os contadores preparadores de demonstrações contábeis e os auditores
independentes. Essa necessidade de melhoria foi sinalizada pelos participantes da pesquisa
dos autores.
3. Metodologia
Vergara (2009) propõe dois critérios básicos de tipo de pesquisa: quanto aos fins e
quanto aos meios. A autora ressalta ainda que os tipos de pesquisas não são mutuamente
excludentes. Quantos aos fins, este estudo apresenta uma pesquisa descritiva, explicativa e
aplicada. Quantos aos meios, é uma pesquisa documental e bibliográfica.
Foram selecionados processos administrativo-sancionadores (PAS) da CVM para serem
analisados, objetivando identificar os casos em que a CVM concluiu que houve registros de
ativos contingentes e quais as argumentações apresentadas. O PAS é um processo
administrativo de caráter investigatório conduzido pelas áreas técnicas da CVM.
Os PAS foram selecionados, aleatoriamente, no site da CVM
(http://www.cvm.gov.br/buscas/buscaAvancada.html) por meio de uma amostra não
probabilística estratificada e por tipicidade, utilizando os seguintes critérios: no campo “busca
avançada”, foi inserido a palavra “ativo contingente”, selecionando as opções “expressão
exata” e “Decisões do Colegiado”. A pesquisa resultou em 22 documentos encontrados, cujas
decisões deste Colegiado ocorreram no período compreendido entre fevereiro de 2003 a junho
de 2017. Foram analisados todos os documentos e selecionados cinco PAS CVM que estavam
alinhados ao problema de pesquisa deste trabalho.
Foi feito uma análise de conteúdo dos documentos selecionados para que se pudesse
responder ao problema de pesquisa deste estudo. Para isso, buscou-se uma abordagem
qualitativa a fim de identificar a percepção da CVM sobre o tema ativo contingente.
A análise correspondeu a identificação do caso, o entendimento da empresa envolvida,
os valores envolvidos, a opinião da CVM, a decisão do órgão regulador e os reflexos no
relatório do auditor independente.
4. Resultados
A seguir, são apresentados os cinco processos administrativo-sancionadores da amostra
e as respectivas análises destes documentos.
a) Ativo contingente que foi registrado como Investimento Societário no ativo
PAS CVM nº RJ 2015/13364 (datado de 23 de agosto de 2016): empresa América
Latina Logística S.A. (ALL). Em 2011, a ALL divulgou ao mercado a celebração de contrato
com as empresas TPI S.A. e Vetorial Participações S.A., referente a constituição da Vetria
Mineração S.A. (Vetria). Em 2012, a ALL informou que a sua participação acionária na
Vetria seria de 50,38% e que a efetivação dessa associação estava condicionada a
autorizações governamentais.
Apesar desta condicionante, em 2012, a empresa ALL registrou sua participação
(50,38%) na conta de “Investimentos” no valor de R$ 1.997.183 mil e reconheceu igual valor
10
no grupo do Passivo Não Circulante. Em 2014, as três empresas divulgaram o encerramento
do contrato de associação, referente à constituição da Vetria, porque determinadas condições
não haviam sido atendidas no prazo estipulado.
Os registros contábeis efetuados pelo ALL se referiam a um ativo contingente, pois a
efetivação da nova empresa dependia de outros fatores que representavam eventos futuros
incertos e que não se encontravam totalmente sob o controle dos participantes do projeto.
b) Ativo contingente referente a ganho em disputa judicial
PAS CVM nº RJ 2009/4053 (datado de 27 de setembro de 2016): empresa Mendes
Júnior Engenharia S.A. (Mendes Júnior). Em 1988, a Mendes Júnior recorreu à justiça contra
a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), alegando que a CHESF não teria
efetuado o pagamento referente à construção da hidrelétrica de Itaparica. Em 1990, a ação
judicial foi julgada procedente pela justiça e a Mendes Junior passou a reconhecer este crédito
como ativo em seu balanço patrimonial. Em 1993, a Mendes Júnior propôs ação para ser
indenizada pela CHESF com base em “juros de mercado”. Em 1996, a CHESF foi condenada
em primeira instância e recorreu. Em 2010, a justiça deu provimento à apelação da CHESF.
Em 2014, a Mendes Junior obteve decisão desfavorável do Superior Tribunal de Justiça
(STJ).
Mesmo não havendo uma decisão favorável e definitiva, a empresa Mendes Junior
mantinha o ganho em seus registros contábeis. O valor destes ativos contingentes era
relevante (R$ 8 bilhões), representando aproximadamente 250% do patrimônio líquido da
empresa no 3º ITR de 2014 (R$ 3 bilhões).
Desde 1991 a empresa reconheceu, indevidamente, o ativo contingente, informando
que, apesar de não existir à época o CPC 25 (CPC, 2009a), outras normas já regulavam o
tratamento contábil dado à contingência ativa.
c) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa
PAS CVM nº RJ 2011/14167 (datado de 13 de junho de 2012): empresa Minerva S.A.
Este PAS teve origem no processo CVM nº RJ2010/11514. A empresa informou em sua nota
explicativa que contabilizou a atualização monetária referente a taxa SELIC sobre os créditos
de PIS e COFINS constantes na nota explicativa 8, com base em decisões favoráveis ao
contribuinte em tribunais federais, no valor de R$ 2.736 no exercício de 2009 e R$ 28.196 em
2008. Como o processo de reconhecimento encontra-se na esfera administrativa, e pelo fato
de a Companhia não possuir o ganho de causa transitado e julgado, a administração optou
pelo estorno do reconhecimento dessa contingência ativa em obediência à Deliberação CVM
n.º 489/05 revogada pela Deliberação CVM n.º 594/09.
Em virtude deste registro, os auditores externos incluíram um parágrafo de ênfase no
relatório de auditoria, pois as demonstrações da época estavam sendo ajustadas para fins de
comparação devido ao estorno da atualização dos créditos de PIS e COFINS. A CVM
solicitou esclarecimentos sobre a operação contábil do estorno da atualização dos créditos de
PIS e COFINS e a empresa informou na ocasião da elaboração das demonstrações financeiras,
a revisão da jurisprudência relativa ao Questionamento, feita com o apoio dos assessores
jurídicos externos da Companhia, apontou diversos precedentes favoráveis já transitados em
julgado sobre os quais não cabiam mais recursos, reforçando, ainda que foi constatado que
concorrentes da Companhia em situação similar também consideraram tal direito
praticamente certo e o registraram em seu ativo.
A CVM concluiu que o registro contábil foi indevido, pois se tratava de um ativo
contingente. A análise da área técnica indicou que o defendente fundamentou a decisão da
administração da Companhia em processos similares de terceiros, não levando em
consideração o trânsito em julgado dos processos relativos à própria Minerva e que, dessa
forma, não se sustentavam os argumentos apresentados pelo proponente, uma vez que não
11
estavam presentes as condições para o reconhecimento do ativo nas demonstrações
financeiras do exercício findo em 31.12.08, sendo o ativo contingente do mesmo passível
apenas de divulgação em nota explicativa e não de contabilização. Alegou ainda que a
diferença entre o saldo original (R$ 314.050 mil) e o saldo após o primeiro ajuste (R$ 300.302
mil) repercutiu em um Patrimônio Líquido, em 31.12.08, superavaliado em 4,38%, valor que
não pode ser considerado irrelevante.
d) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa com
argumentação de existência de ADIN
Processos CVM RJ nº 2002/05581, 05582 e 06862 (datado de 11 de fevereiro de 2003):
empresa Varig S.A. (recorrente). A CVM informou que a Varig S.A. incorreu em desvio ao
registrar um ativo contingente. Conforme consta no PAS, a companhia reconheceu ativo
contingente, no montante de R$ 817.075 mil, decorrente de recolhimento indevido do ICMS
sobre o transporte aéreo, declarado inconstitucional pelo STF, mas que se encontrava em fase
de negociações com o fisco estadual quanto à sua compensação, inobservando, dessa forma, o
Parecer de Orientação CVM nº 15/87, em que a companhia deveria baixar o ativo e evidenciá-
lo em nota explicativa, deduzido do montante da contingência passiva resultante da eventual
obrigação de repasse aos seus clientes.
A Varig S.A. argumentou que o referido ganho não era contingente, pois havia uma
decisão do STF em ADIN que declarou inconstitucional a incidência de ICMS sobre os
serviços de transporte aéreo com efeito ‘erga omnes’, não cabendo qualquer tipo de recurso.
Sendo assim, a empresa considerou que a ADIN lhe dava o direito de ressarcimento do
imposto recolhido indevidamente e, por isso, reconheceu o ganho como ativo, informando que
ação de repetição de indébito junto às fazendas estaduais (fisco) é o rito ordinário para
recuperação do indébito.
A CVM considerou o ganho como ativo contingente, argumentando que a Varig S.A.
deixou de considerar o grau de dúvida que cercava tais valores, pois a empresa estava em
negociação com o fisco para compensar o referido tributo recolhido e, por isso, dependia da
aprovação de um terceiro (o fisco).
e) Ativos contingentes suportados por garantias
PAS CVM n° RJ2013/6224 (datado de 13 de maio de 2016): empresa Mundial S/A. A
Mundial S.A. registrou ativos contingentes em suas DC de 2009, 2010 e 2011, referentes a
créditos tributários. A Mundial S.A. argumentou que estes créditos tributários foram
adquiridos de terceiros e efetivamente pagos. Quando a empresa tentou utilizá-los, os créditos
foram contestados pela Receita Federal do Brasil (RFB) e, por isso, a Mundial S.A. recorreu à
justiça.
Apesar do litígio judicial, os advogados da empresa entendiam que o êxito era provável
e, por isso, a empresa poderia vir a utilizar o crédito (saldo contábil de R$ 11,2 milhões em
2009; R$ 5,6 milhões em 2010; e baixa integral nas DC de 31/06/2011). A Mundial S.A.
informou que o cessionário dos créditos havia concedido uma garantia real que superava o
saldo dos créditos tributários. Adicionalmente, a empresa considerava a realização do ganho
como praticamente certo pelo fato de os créditos serem contra a Fazenda Pública.
Em 2010, foi constituído uma PCLD de 50% do valor dos créditos tributários, mantendo
o restante em virtude de garantia real. Em 2011, a empresa complementou a PCLD para
100%. Sobre a constituição da PCLD até a sua baixa integral (em 2011), a Mundial S/A
informou ter feito uma análise mais ampla quanto ao prazo de realização dos créditos
tributários, tendo em vista o longo período em que o assunto se encontrava pendente e as
dificuldades que passou a encontrar na execução da garantia. Segundo a empresa, tal mudança
não deveria ser interpretada como uma admissão de um erro contábil e sim uma mudança na
estimativa da probabilidade de ganho.
12
A CVM concluiu que os referidos créditos eram ativos contingentes e que não
deveriam ter sido reconhecidos e que, ao admitir que a garantia não suportava a manutenção
do ganho como ativo, a empresa teria reconhecido que a contabilização dependia da decisão
de terceiros. O registro do ativo contingente ensejou de um parágrafo de ênfase no parecer de
auditoria externa.
A Tabela 2 sumariza o resumo das análises efetuadas; os valores registrados
indevidamente pelas empresas como ativo, enquanto a CVM entendeu se tratar de
contingências ativas; e as penalidades aplicadas pelo referido órgão.
Tabela 2
Resumo das análises dos PAS CVM
Análise dos PAS CVM
Valores
envolvidos
Registro feito pela
empresa Penalidades aplicadas pela CVM
a) Ativo contingente que foi registrado como Investimento
Societário no ativo PAS (CVM nº RJ 2015/13364) R$ 2 bilhoes
Investimento societário
(item não monetário)
Responsabilização dos
administradores, dos membros do
conselho de administração e do
conselho fiscal (a)
b) Ativo contingente referente a ganho em disputa judicial (PAS
CVM nº RJ 2009/4053) R$ 8 bilhões
Créditos a receber contra
cliente
Republicação das DC; avaliar a
eventuais responsabilidades dos
auditores independentes
c) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa
(PAS CVM nº RJ 2011/14167)
R$ 3 milhões
(2009) e R$ 28
milhões (2008) PIS e COFINS
Responsabilização do diretor
financeiro e de relações com
investidores (a)
d) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa
com argumentação de existência de ADIN (Processos CVM RJ
nº 2002/05581, 05582 e 06862) R$ 817 milhões
Indébito Fiscal (créito
ICMS) Republicação das DC
e) Ativos contingentes suportados por garantias (PAS CVM n°
RJ2013/6224)
R$ 11,2 milhões
(2009) e R$ 5,6
milhões (2010) Créditos tributários
Republicação das DC e
responsabilização dos
administradores
Nota (a): não foi identificado no documento PAS CVM nº RJ 2015/13364 a decisão da CVM obrigando a republicação das DC empresa.
RESUMO DAS ANÁLISES DOS PAS CVM
Fonte: dados da pesquisa.
De acordo com os OfícioCircular/CVM/SNC nº 02/96 e nº 001/00, já abordados neste
trabalho, verificou-se a orientação dada aos auditores independentes com relação a inclusão
de ressalva no relatório de audirtoria, quando a empresa auditada registrar um ativo
contingente em suas demonstrações contábeis. Na Tabela 3, pode-se o tratamento dado pela
auditoria em seus relatórios.
Tabela 3
Análise dos relatórios de auditoria independente
Análise dos PAS CVM Relatório de Auditoria Independente
De acordo com a
orientação CVM?
a) PAS CVM nº RJ 2015/13364 Sem ressalvas / parágrafo de ênfase Não
b) PAS CVM nº RJ 2009/4053 Sem ressalvas / parágrafo de ênfase Não
c) PAS CVM nº RJ 2011/14167 Incluiu parágrafo de ênfase Não
d) Processos CVM RJ nº
2002/05581, 05582 e 06862 Incluiu parágrafo de ênfase Não
e) PAS CVM n° RJ2013/6224 Incluiu parágrafo de ênfase Não
ANÁLISE DOS RELATÓRIOS DE AUDITORIA INDEPENDENTE
Fonte: dados da pesquisa.
Verificou-se que em 100% dos casos os auditores independentes descumpriram a orientação
da CVM, pois em nenhum deles foi detectado a ressalva no relatório de auditoria. Houve
casos, que não ensejou nem mesmo a inclusão do parágrafo de ênfase.
5. Considerações Finais
13
Por meio da análise dos PAS CVM foi possível responder a questão proposta no âmbito
do problema de pesquisa deste estudo: qual o correto tratamento contábil para as
contingências ativas, sob a ótica da CVM?.
Por meio do PAS CVM nº RJ 2015/13364, constatou-se que as contingências ativas não
se restringem a itens monetários (exemplo: contas a receber). A CVM concluiu que houve um
registro indevido do ativo como investimento societário, tendo em vista que a efetivação da
criação da sociedade objeto de parceria entre as empresas dependia de autorizações
governamentais e que não estavam sob total controle dessas empresas. Portanto, para a CVM,
tratava-se de um ativo contingente e, ao invés de ser reconhecido na Contabilidade, a empresa
deveria ter divulgado em notas explicativas. O balanço patrimonial estava superavaliado em
R$ 2 bilhões, o que induziu os usuários das demonstrações contábeis ao erro.
Por meio do PAS CVM nº RJ 2009/4053, verificou-se que a CVM reafirmou seu
posicionamento de que os ganhos objetos de litígios judiciais são considerados como ativos
contingentes e, por isso, não devem ser registrados até que haja uma decisão judicial
favorável transitada em julgado. Cabe ressaltar que os registros contábeis incorretos
cometidos pela empresa ocorreram antes da emissão do Pronunciamento Técnico CPC 25.
Todavia, a CVM argumentou que o tratamento contábil de ativos contingentes já estava
regulado em outros documentos e normas contábeis. Para a CVM, o ativo contingente
registrado foi de R$ 8 bilhões e o tratamento contábil correto seria a sua divulgação em notas
explicativas.
Por meio do PAS CVM nº RJ 2011/14167, constatou-se que a CVM considerou como
ativo contingente os créditos tributários adquiridos pela empresa de terceiros e que constava
em processo administrativo junto ao fisco. A empresa argumentou que havia precedentes
favoráveis já transitados em julgado e que suas concorrentes de mercado em situação similar
também consideravam o ganho como praticamente certo e o registrava em suas
Contabilidades. Todavia, para a CVM, a empresa não levou em consideração o trânsito
julgado dos seus próprios processos (uma vez que ela reconhecera o ativo antes da decisão do
fisco) e que os créditos tributários era ativos contingentes passíveis de divulgação em notas
explicativas. O registro indevido ensejou em um aumento de 4,39% do patrimônio líquido da
empresa, sendo considerado relevante pela CVM.
De acordo com o Processos CVM RJ nº 2002/05581, 05582 e 06862, a empresa
reconheceu como ativo um ganho que era objeto de processo administrativo junto ao fisco,
argumentando que havia uma decisão do STF em ADIN e que, por isso, ela teria o direito ao
ressarcimento do imposto recolhido indevidamente. A empresa também informou que a
processo administrativo junto ao fisco era necessário para fins de recuperação de indébitos
fiscais junto a fazendas estaduais (fisco). Para a CVM, o registro foi incorreto, pois a empresa
estava em negociação com o fisco, portanto, dependia da aprovação do mesmo, ou seja: o
ganho não estava sob total controle da empresa.
Por meio do PAS CVM n° RJ2013/6224, constatou-se que a empresa havia registrado
em sua Contabilidade créditos tributários adquiridos de terceiros, cujos créditos estavam
sendo discutidos na justiça em virtude da contestação feita pela RFB. O cedente dos créditos
havia fornecido garantias reais que ultrapassavam o saldo dos referidos créditos tributários.
Todavia, a empresa adquirente não conseguiu executar as garantias e a partir daí constituiu
PCLD até efetuar a baixa efetiva do ativo. A CVM concluiu que se tratavam de ativos
contingentes, pois estavam em litígios judiciais e administrativos, mencionando a empresa
não conseguiu executar as garantias que foram concedidas pelo devedor.
Cabe destacar que a CVM não se posicionou, desfavoravelmente, sobre considerar o
ganho discutido na justiça e que tenha garantias concedidas pelo devedor como ativo de fato
(probabilidade de ganho praticamente certa). Com base neste documento, é possível inferir
que uma empresa possa registrar como ativo um ganho objeto de litígio judicial e que tenha
14
garantias reais / fidejussórias, desde que tais garantias atendam ao seu propósito jurídico (dar
segurança ao credor). Para isso, deve-se observar o valor da garantia ultrapassa o ganho que
estão sendo discutido na justiça ou com o fisco. Se o valor da garantia for menor, concluísse
que a parcela do ganho que ultrapassar o valor da garantia será considerada como ativo
contingente.
Os resultados apresentados neste estudo contribuem, efetivamente, para redução da
assimetria de opiniões entre os contabilistas preparadores de demonstrações contábeis e os
auditores independentes e, consequentemente, auxiliam estes usuários quanto ao correto
tratamento contábil de ativos contingente. Como sugestão de pesquisas futuras, recomendasse
verificar a importância do tema para o mercado, tendo em vista que este estudo capturou a
percepção da CVM, enquanto que o estudo de Sousa e Coelho (2017) abordou a percepção de
contadores e auditores.
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