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1 O Tratamento Contábil dos Ativos Contingentes sob a Ótica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) FILIPE CARNEIRO SOUSA Universidade Federal Fluminense RODRIGO ARAUJO ALVES Fundação Getúlio Vargas ODILANEI MORAIS DOS SANTOS Universidade Federal do Rio de Janeiro Resumo O tema ativo contingente é de grande importância para a área contábil. Todavia, a principal norma que trata do assunto, o CPC 25/IAS 37, traz poucas informações acerca dessa contingência, focando principalmente nos conceitos atrelados às contingências passivas. Assim como esta norma, a literatura acadêmica prioriza o tratamento dos passivos contingentes e provisões e, quando o assunto ativo contingente é tratado, o grau de profundidade não costuma ultrapassar os aspectos já abordados nas normas. A literatura evidencia que tema é controverso, pois há divergências de opiniões entre entre preparadores das demonstrações contábeis e auditores independentes e entre os próprios preparadores e os próprios auditores. Sendo assim, este estudo objetivou capturar a percepção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o tema, por meio da análise de seus processos administrativos sancionadores, identificando o tratamento contábil sob a ótica deste órgão regulador. Para tanto, apresentou-se casos reais e públicos de registros contábeis indevidos de ativos contingentes no balanço patrimonial de empresas que ensejaram na superavaliação de seus ativos em mais de R$ 8 bilhões. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que a CVM concluiu que os registros de ativos estavam incorretos por se tratar de ativos contingentes, impactando significativamente as demonstrações contábeis dos casos analisados. Dentre as penalidades aplicadas pela CVM, constatou-se (a) republicações das demonstrações contábeis e (b) responsabilização dos administradores, dos membros do conselho de administração e do conselho fiscal. Verificou-se ainda que, em 100% dos casos analisados, os auditores independentes não seguiram as orientações da CVM de se incluir ressalva nos relatórios de auditoria, quando houver registros de contingências ativas. Palavras chave: ativo contingente, contingência ativa, CPC 25/IAS 37.

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Page 1: O Tratamento Contábil dos Ativos Contingentes sob a Ótica ... · 4 Em 2005, o CFC emitiu a norma brasileira de contabilidade técnica (NBC-T) n° 11.15/05 – Contingências (Conselho

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O Tratamento Contábil dos Ativos Contingentes sob a Ótica da Comissão de

Valores Mobiliários (CVM)

FILIPE CARNEIRO SOUSA

Universidade Federal Fluminense

RODRIGO ARAUJO ALVES

Fundação Getúlio Vargas

ODILANEI MORAIS DOS SANTOS

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

O tema ativo contingente é de grande importância para a área contábil. Todavia, a principal

norma que trata do assunto, o CPC 25/IAS 37, traz poucas informações acerca dessa

contingência, focando principalmente nos conceitos atrelados às contingências passivas.

Assim como esta norma, a literatura acadêmica prioriza o tratamento dos passivos

contingentes e provisões e, quando o assunto ativo contingente é tratado, o grau de

profundidade não costuma ultrapassar os aspectos já abordados nas normas. A literatura

evidencia que tema é controverso, pois há divergências de opiniões entre entre preparadores

das demonstrações contábeis e auditores independentes e entre os próprios preparadores e os

próprios auditores. Sendo assim, este estudo objetivou capturar a percepção da Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) sobre o tema, por meio da análise de seus processos

administrativos sancionadores, identificando o tratamento contábil sob a ótica deste órgão

regulador. Para tanto, apresentou-se casos reais e públicos de registros contábeis indevidos de

ativos contingentes no balanço patrimonial de empresas que ensejaram na superavaliação de

seus ativos em mais de R$ 8 bilhões. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que a

CVM concluiu que os registros de ativos estavam incorretos por se tratar de ativos

contingentes, impactando significativamente as demonstrações contábeis dos casos

analisados. Dentre as penalidades aplicadas pela CVM, constatou-se (a) republicações das

demonstrações contábeis e (b) responsabilização dos administradores, dos membros do

conselho de administração e do conselho fiscal. Verificou-se ainda que, em 100% dos casos

analisados, os auditores independentes não seguiram as orientações da CVM de se incluir

ressalva nos relatórios de auditoria, quando houver registros de contingências ativas.

Palavras chave: ativo contingente, contingência ativa, CPC 25/IAS 37.

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1. Introdução

De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1), as demonstrações contábeis

(DC) são elaboradas para usuários externos em geral com a finalidade de atender às

necessidades comuns da maioria deles (Comitê de Pronunciamentos Contábeis [CPC], 2011).

Diferentes tipos de recursos econômicos afetam a avaliação dos usuários das DC sob as

perspectivas da empresa em gerar fluxos de caixa futuros.

Dentre as possibilidades de entradas de caixa para a empresa, estão os ativos

contingentes. Todavia, conforme destacado por Marion e Reis (2013), as contingências ativas

não são identificadas facilmente. Schiff, Schiff e Rozen (2012) destacam que as empresas não

costumam evidenciar possíveis ganhos oriundos de ativos contingentes, diferentemente do

que fazem com relação às possíveis perdas de natureza contenciosa, sendo que no segundo

caso, pode se observar um nível maior de divulgação, principalmente no que diz respeito a

possíveis perdas na esfera judicial, que são comumente incluídas em notas explicativas

Na opinião de Souza (2012), o surgimento de ativos contingentes ocorre principalmente

por meio de (i) disputas judicias com terceiros e (ii) recuperação de tributos recolhidos

indevidamente. Para Monteiro (2016), muitas empresas têm direito a recuperar tributos

recolhidos indevidamente e, diante da crise fiscal enfrentada pelos Estados brasileiros,

vislumbra-se grande dificuldade na recuperação destes valores.

De um modo geral, assim como o CPC 25 (2009), observou-se que a literatura

acadêmica dá mais ênfase ao tratamento dos passivos contingentes e provisões e não costuma

aprofundar o estudo sobre os ativos contingentes. Como exemplos de trabalhos que

priorizaram os aspectos contábeis das contingências ativas, pode-se citar os estudos dos

autores: Albuquerque e Faria (n.d.); Castro, Vieira e Pinheiro (2015); Viviani e Fernandes

(2014); Gangemi, Pereira, Marion e Slavov (2017); e Jesus e Souza (2015).

Os ativos contingentes ganham importância diante do cenário de crise econômica que o

Brasil enfrenta desde 2014. Para ilustrar esse cenário, segundo Bocchini (2017), os pedidos de

recuperação judicial bateram recorde em 2016, sendo o pior resultado apresentado pelo Serasa

Experian desde 2005. Apesar dos indícios de melhora da economia no Brasil, os pedidos de

falências ainda apresentaram um aumento acumulado de 2,9% em 2017, de acordo com

Coraccini (2018). Com base nesses dados, é possível inferir que várias dessas empresas não

honram suas dívidas e que muitos de seus credores tiveram que recorrer à justiça para tentar

recuperar seus créditos.

Para ilustrar alguns casos de registros indevidos de ativos contingentes que afetaram de

forma significativas as demonstrações contábeis das empresas: segundo a CVM (2012), a

empresa Minerva S.A. reconheceu uma contingência ativa no valor de R$ 28 milhões, que

estava sendo discutido com o fisco, superavaliando o patrimônio líquido desta empresa em

4,38%. Outro exemplo, foi o reconhecimento indevido de uma contingência ativa que estava

sendo discutido na justiça no valor de R$ 8 bilhões, de acordo com a CVM (2016a)

De acordo com Sousa e Coelho (2017), o tema é controverso. O estudo elaborado pelos

autores analisou as opiniões de contadores preparadores de DC e as opiniões de auditores

independentes, evidenciando a divergência entre os próprios contadores, entre os próprios

auditores independentes, além das divergências entre estes dois grupos. Ainda segundo o

estudo dos autores, os contadores e auditores externos julgaram ser necessário o

aprimoramento da norma contábil (Pronunciamento Técnico CPC 25) e a implementação de

mais exemplos práticos para auxiliar a aplicação da norma, principalmente, considerando que

uma divergência de opinião entre preparadores de DC e seus auditores independentes pode

ensejar uma ressalva no relatório de auditoria (Sousa, 2017).

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem como objetivo fiscalizar, normatizar,

disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. Compete a este órgão,

dentre outras coisas, expedir normas sobre demonstrações contábeis, padrões de contabilidade

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e relatórios de auditoria independente. Uma das atribuições legais da CVM é examinar os

registros contábeis das companhias abertas, bem como os trabalhos dos auditores.

O objetivo do trabalho consiste em capturar a percepção da CVM sobre o tema ativo

contingente. Por isso, tem-se o seguinte problema de pesquisa: sob a ótica da CVM, qual o

correto tratamento contábil para as contingências ativas que: (a) não são itens monetários

(exemplo: investimentos societários); (b) estão em disputas judiciais; (c) estão em disputas

administrativas com o fisco; (d) exista uma ação direto de inconstitucionalidade (ADIN)

favorável à empresa; e (e) estão suportadas por garantias.

Para atender ao objetivo proposto, procedeu-se a análise documental de processos

administrativo-sancionadores (PAS) referentes a casos em que a CVM deliberou sobre ativos

contingentes, em um total de cinco PAS alinhados ao problema de pesquisa.

2. Referencial Teórico

2.1 Contextualização

Em 2005, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução CFC nº

1.055/2005, criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, iniciando, formalmente, o

processo de convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. Outra

importante medida adotada para o alinhamento da contabilidade brasileira aos padrões

internacionais foi a promulgação da Lei nº 11.638/2007, que introduziu alterações

substanciais na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações - Lei das S.A.).

Atualmente, o Pronunciamento Técnico CPC 25 (CPC, 2009a) é a principal norma

contábil que trata de ativos contingentes no Brasil, que é correlata à norma internacional IAS

37 (Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets).

2.2 Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25 (CPC, 2009a), ativo contingente é

um ativo possível, resultante de eventos passados e que depende de eventos futuros incertos

para se concretizar, além de não estar sob total controle da entidade. Os ativos contingentes

não são reconhecidos na Contabilidade e o único exemplo citado nesta norma é sobre uma

reivindicação judicial cujo desfecho é incerto. Adicionalmente, o CPC 25 (2009a) não faz

qualquer menção sobre a possibilidade de um ativo contingente advir de um item não

monetário (por exemplo: terreno ou máquinas) (CPC, 2009a).

Segundo Iudícibus, Martins, Gelbecke e Santos (2013), a palavra “contingente” é

empregada para ativos e passivos que não são registrados na Contabilidade, pois dependem de

um ou mais eventos futuros incertos que não estejam totalmente sob o controle da empresa.

De acordo com o CPC 25 (2009a), uma empresa controla os benefícios econômicos de um

ativo, quando não depender de qualquer ação ou omissão de terceiros e, neste momento, o

ganho é considerado praticamente certo, devendo ser reconhecido na Contabilidade.

Os ativos contingentes que são classificados como provável devem ser divulgados em

notas explicativas, contendo breve descrição de suas naturezas e, quando praticável, deve-se

estimar com razoável segurança os seus efeitos financeiros. As empresas devem evitar

divulgar informações indevidas sobre as probabilidades dos ganhos contingentes. Para os

casos em que a divulgação possa trazer prejuízos à empresa, deve-se divulgar a natureza geral

da disputa, bem como os fatos que justificaram essa excepcionalidade (CPC, 2009a).

Segundo Suave, Codesso, Pinto, Vicente e Lunkes (2013), é importante disponibilizar

aos usuários externos informações mais claras sobre as contingências ativas, permitindo-os

avaliarem os riscos relacionados a tais contingências. A empresa deverá avaliar,

periodicamente, os ativos contingentes para garantir que as alterações sejam devidamente

refletidas nas DC.

2.3. Conselho Federal de Contabilidade (CFC)

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Em 2005, o CFC emitiu a norma brasileira de contabilidade técnica (NBC-T) n°

11.15/05 – Contingências (Conselho Federal de Contabilidade [CFC], 2005) que, apesar de

estar revogada, é relevante no contexto deste estudo, por apresentar os significados das

probabilidades de ganho e perda em processos judiciais, que corresponde ao modelo de carta

de circularização de advogados, que permanece válida e sendo utilizada pelos auditores

independentes no processo de circularização.

Probabilidade de ganho “provável”: indica que há maior probabilidade de o fato ocorrer.

Geralmente, há evidências disponíveis que permitem tal classificação: jurisprudência dos

tribunais ou teses já apreciadas em tribunais superiores para questões que envolvam matéria

de direito, e a produção ou a facilidade de se dispor de provas (documental, testemunhal -

principalmente em questões trabalhistas - ou periciais) para questões que envolvam matéria de

fato.

Probabilidade de ganho “possível”: indica que o ganho poderá ocorrer, todavia, essa

classificação não foi, necessariamente, fundamentada em elementos ou dados que suportasse

uma classificação como “provável”; ou quando as informações disponíveis não fornecem

subsídios necessários à conclusão da empresa sobre a tendência de seu ganho no processo

judicial ou administrativo. As decisões judiciais favoráveis de primeiro ou segundo grau

podem não ser tão importantes quando há julgamento final desfavoráveis em tribunal superior

ou de última instância.

Probabilidade de ganho “remoto”: indica que, remotamente, a empresa ganhará, ou seja:

são insignificantes as chances de êxito.

O critério para classificação da probabilidade não deve considerar eventuais

circunstancias que os processos estão sujeitos (exemplo: eventuais perdas de prazos).

Todavia, existindo um problema do ponto de vista processual que possa acarretar em um

determinado desfecho, esta informação deverá ser considerada para a classificação da

probabilidade de perda ou ganho.

Ademais, o critério para classificação da probabilidade de ganhou ou perda deve ser

baseado em evidências disponíveis à data do balanço. Ou seja, a existência de uma

jurisprudência desfavorável à empresa, dificilmente, permitiria classificar um ganho como

provável, pois a evidência disponível demonstra, justamente, o contrário.

2.4. Literaturas das maiores empresas de auditoria independente

2.4.1. KPMG

A KPMG (2014) abordou um exemplo sobre ativo contingente apresentado a seguir.

Este exemplo é de grande valia, pois, além de ser difícil encontrar casos hipotéticos de

contingência ativa, ela não se refere a litígios judiciais.

EXEMPLO 2A - Ativo Contingente - Antes da data de reporte (data base)

A Companhia L aluga um imóvel à Companhia B, mediante arrendamento

operacional. O contrato é de 10 anos e só pode ser cancelado com o pagamento de

uma penalidade. Em 30 de novembro de 2014, antes do término do contrato, a

Companhia B se retira do contrato e é obrigada a pagar uma penalidade de

cancelamento de 450. Em nossa opinião, a Companhia L reconheceria geralmente

um recebimento de 450 e rendimentos correspondentes uma vez que a Companhia B

cancele o contrato. No entanto, a Companhia L não deve reconhecer o ativo até que

o contrato seja cancelado (KPMG, 2014, p. 694, tradução livre).

Na assinatura do contrato, nasce um ativo contingente (há uma possibilidade de a

Companhia L receber os US$ 450, se, e somente se, a Companhia B cancelar o contrato).

Portanto, aplicando o conceito de ativo contingente no exemplo da KPMG: (i) ativo possível

seria o pagamento da penalidade US$ 450; (ii) o evento passado seria a assinatura do contrato

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(momento em que as partes concordam que o cancelamento do contrato ensejará uma

penalidade); e (iii) o evento futuro incerto seria o cancelamento do contrato (fato gerador).

Fechando o raciocínio do exemplo anterior, a KPMG (2014) complementa com mais

um caso ilustrativo. EXEMPLO 2B - Ativo Contingente – Após a data de reporte (data base)

Modificando o Exemplo 2A apresentado, a Companhia B cancela o contrato em 28

de fevereiro de 2015. Nesse caso, a Companhia L não reconheceria um recebível

pela penalidade de cancelamento em 31 de dezembro de 2014. O evento que dá

origem ao ativo é o cancelamento do contrato. Portanto, se o cancelamento ocorrer

somente após a data de reporte, o ativo não é reconhecido na data de reporte

(KPMG, 2014, p. 694, tradução livre).

Neste exemplo, para publicação do Balanço Patrimonial de 31 de dezembro de 2014, a

Companhia L não reconhecerá um “Contas a Receber”, pois o fato gerador do recebível US$

450 (cancelamento do contrato) só ocorreu após a data base do Balanço Patrimonial (data de

reporte).

2.4.2. Ernest & Young (EY)

A Ernest & Young [EY] (2015) cita que a norma não define o termo “praticamente

certo” (virtual certainty), o que dificulta a aplicação prática da distinção entre contingência e

ativo de fato. Para a EY (2015), é razoável interpretar que o termo “praticamente certo” está

muito próximo a 100% de chance de a empresa obter o ganho, de modo a tornar insignificante

qualquer incerteza restante.

2.4.3. PricewaterhouseCoopers (PwC)

Para a PricewaterhouseCoopers [PwC] (2014), inicialmente, uma empresa pode ter uma

baixa expectativa de ganhar a disputa judicial e que, por isso, a norma não requer nenhum

registro contábil e nem divulgação desta contingência ativa. Durante as fases do processo

litigioso, poderá haver alteração na expectativa de ganho. Segundo a PwC (2014), quando há

uma decisão e/ou acordo judicial, deve-se avaliar se a empresa possui o controle do ganho. Se

a decisão favorável à empresa for definitiva, não cabendo mais recursos, o ganho será

considerado como praticamente certo e deverá ser registrado na Contabilidade. Caso

contrário, o ativo contingente continuará existindo.

2.4.4. Deloitte

Para fins de contingência ativa, a Deloitte (2015) traz um exemplo de penalidades por

atraso na entrega de produtos: há um contrato assinado com o fornecedor que prevê a

aplicação de multas em caso de atraso. Segundo a Deloitte (2015), enquanto não houver o

atraso na entrega do produto (que seria o fato gerador para aplicação da multa), nenhuma

provisão deveria ser reconhecida pelo fornecedor.

Numa analogia com a contingência ativa: se não há registro de provisão pelo

fornecedor, também não haveria, no momento da assinatura do contrato, o reconhecimento do

ativo (recebível em virtude de aplicação de multa) por parte do contratante, tendo em vista a

não ocorrência do fato gerador da multa (atraso na entrega do produto pelo fornecedor).

Sendo assim, no momento da assinatura do contrato que contenha cláusulas de penalidades,

surge uma possibilidade de um ganho fluir a favor da empresa contratante (um ativo possível)

se o seu fornecedor não entregar os produtos dentro do prazo estipulado (evento futuro e

incerto no momento da assinatura do contrato, que não está sob total controle do contratante).

2.5. Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON)

Apesar de estar revogada, a Interpretação Técnica (IT) Ibracon n°. 03/2002 (Instituto

dos Auditores Independentes do Brasil [IBRACON], 2002) é de grande valia para este estudo

e os conceitos que foram trazidos para este estudo permanecem válidos e são corroborados ao

longo deste trabalho através dos demais documentos analisados.

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De acordo com o IBRACON (2002), o ganho contingente é caracterizado por condições

ou situações de solução indefinidas até a data base das DC, dependendo de eventos futuros

que podem ou não ocorrer. Percebe-se que o conceito trazido por esta IT está em consonância

com o Pronunciamento Técnico CPC 25. Segundo o IT Ibracon n°. 03/2002, não havendo

possibilidades de recursos da parte contrária, o risco da não realização do ganho contingente é

considerado “remoto” e, por isso, o referido ganho deve ser registrado. Conforme o

IBRACON (2002), o registro contábil do ganho deverá ocorrer quando a decisão judicial final

favorável à empresa produzir seus efeitos e isso, normalmente, ocorre após a publicação no

Diário Oficial.

Segundo a IT Ibracon n°. 03/2002, antes do registro contábil do ganho e periodicamente

após o seu reconhecimento contábil, a empresa deve avaliar a capacidade financeira da parte

contrária (devedor) de honrar a dívida. Nas avaliações posteriores ao reconhecimento do

ganho, deve-se avaliar, segundo esta IT do Ibracon, a necessidade de efetuar uma PCLD.

Para o IBRACON (2002), a existência de jurisprudência não é argumento válido para

fins de registro do ganho, uma vez que não assegura decisão final favorável à companhia, pois

outras variáveis podem influenciar a decisão do juiz, por exemplo, o ramo de atividade e a

formalização do processo. Caso a companhia tenha obtido liminar da justiça, autorizando-a

compensar os tributos, ela deverá divulgar isso em nota explicativa, bem como evidenciar os

ativos considerados prováveis.

Outro importante documento sobre ativo contingente emitido pelo Ibracon foi o

Comunicado Técnico (CT) Ibracon n°. 02/2006 (IBRACON, 2006). Em 2005, o STF julgou

como inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS em quatro

recursos individuais e, posteriormente, outros recursos tiveram o mesmo desfecho. Todavia,

ressaltou o IBRACON (2006), que as referidas decisões do STF não foram proferidas em ação

direta de inconstitucionalidade (ADIN) e, por isso, beneficiaram somente as partes envolvidas

nos recursos mencionados. O objetivo da ADIN é retirar do ordenamento jurídico brasileiro a

lei e/ou ato normativo que seja avaliado como afronte à constituição pelo STF.

O IBRACON (2006), através do Comunicado Técnico Ibracon n°. 02/2006, alertou que

a Lei n° 9.718/98 deveria ser obedecida pelas empresas em geral até que ela fosse retirada do

ordenamento jurídico. A discussão neste CT foi se outras empresas que não fizeram parte dos

recursos julgados pelo STF de forma definitiva, transitado em julgado, poderiam reverter à

obrigação legal do alargamento da base de cálculo dos tributos ou se poderiam reconhecer um

ativo. Discutiu-se também se as empresas que não ingressaram com recursos poderiam

reconhecer um ativo referente a valores até então recolhidos. Na ocasião, o IBRACON (2006)

abordou as formas de extinção de obrigações legais, notadamente, as tributárias, conforme

texto transcrito a seguir.

Tratando-se de obrigações legais, notadamente aquelas de natureza tributária que

derivam de uma lei regularmente posta no ordenamento jurídico, existem outras

formas para sua extinção. Conforme art. 156 do Código Tributário Nacional,

extinguem o crédito tributário: (i) o pagamento; (ii) a compensação; (iii) a transação

e a remissão; (iv) a prescrição e a decadência; (v) a conversão de depósito em renda;

(vi) o pagamento antecipado e a homologação; (vii) a consignação em pagamento;

(viii) a decisão administrativa irreformável; (ix) a decisão judicial sobre a qual não

caiba mais recurso; ou (x) a dação em pagamento em bens imóveis (IBRACON,

2006, grifou-se).

No sistema jurídico brasileiro, a extinção da obrigação tributária citada no item (ix) se

restringe às partes do processo. No caso de julgamento definitivo da ADIN, seus efeitos são

estendidos aos demais contribuintes. Sendo assim, o IBRACON (2006) reforçou que a

empresa deveria continuar reconhecendo a obrigação tributária, enquanto não ocorresse uma

das situações que caracterizaria a extinção da mesma.

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Da mesma forma, uma empresa, que no passado recolheu o PIS e a COFINS e

ingressou ou venha ingressar com ação judicial para reaver o valor pago ou, ainda,

compensar tais pagamentos com outros tributos, não deverá registrar o ativo até que

seu recurso seja julgado favoravelmente, de forma definitiva (IBRACON, 2006,

grifo meu).

A Tabela 1 apresenta alguns cenários hipotéticos sobre a definição da alteração de um

ganho contingente para ativo.

Tabela 1

Identificação do momento do transito em julgado da decisão judicial

Data base do balanço social de 31/12/2005 e divulgação das DC em 30/01/2006

Cenário

Data da

Decisão

Data da Publicação da

Decisão

Data do Transitado

em Julgado

Deve ser revertida a

obrigação em 2005?

1 10/11/2005 30/11/2005 10/12/2005 Sim

2 10/12/2005 19/12/2005 10/02/2006 Não

3 15/12/2005 01/02/2006 11/02/2006 Não

4 01/02/2006 10/02/2006 20/02/2006 Não

Supondo que a divulgação das DF fosse após a data de trânsito em julgado, a empresa deveria reverter a

obrigação em 2005 (as DF seriam ajustadas) e, então, as conclusões dos cenários 2 e 3 seriam “Sim”.

Fonte: CT Ibracon n° 02/2006 (adaptado).

Ao mencionar a data da divulgação das DC (30/01/2006), é possível que o Ibracon

estivesse se referindo ao período de eventos subsequentes. Considerando Pronunciamento

Técnico CPC 24 (CPC, 2009b), que é a norma atual que trata do assunto, o período de eventos

subsequentes está compreendido entre a data base das DC e a data na qual é autorizada a

emissão dessas demonstrações.

2.6. Documentos emitidos pela CVM sobre ativos contingentes

A seguir, são apresentados os documentos emitidos pela CVM que tratam do tema ativo

contingente e que foram objeto de análise deste estudo.

2.6.1. Parecer de Orientação (PO) CVM nº 15/87 (CVM, 1987)

Apesar de ter sido emitido em 1987, verificou-se que a CVM reafirmou o entendimento

expresso neste parecer em documentos posteriores (como será abordado mais a frente). Este

parecer também foi citado como fundamentação em processos administrativos sancionadores

(PAS) CVM. De acordo com o Parecer de Orientação CVM nº 15/87:

6. ATIVO CONTINGENTE

(...) Assim, um possível ganho em ações administrativas ou judiciais, somente deve

ser reconhecido quando, percorridas todas as instâncias necessárias, a empresa

obtiver decisão favorável. Caso a companhia já tenha reconhecido receita

envolvendo ativo em litígio (duplicatas a receber, por exemplo), deve então

constituir provisão para perdas na proporção do valor contingente.

No caso de fornecimento de bens ou serviços que esteja sendo contestado pelo

adquirente também há a necessidade do não reconhecimento da receita ou do

provisionamento do valor em litígio.

Se houver qualquer forma de contestação por parte do devedor, e a companhia

considerar que possui condições objetivas de evidenciar o seu direito, não restando

nenhuma dúvida por parte dela quanto ao seu direito e à chance do recebimento,

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poderá não efetuar o provisionamento desde que evidencie, em nota explicativa às

demonstrações financeiras, a existência da contestação (...) (CVM, 1987, grifou-se).

Segundo a CVM (1987), um ativo reconhecido na Contabilidade se tornar uma

contingência (duplicatas a receber registrado e que, posteriormente, passou a ser discutido

com o devedor). Quando há contestação do devedor, o parecer da CVM facultou à empresa (i)

não reconhecer a receita e nem o respectivo ativo; ou (ii) reconhecê-los, desde que se

constituísse um estimativa de perdas para créditos de liquidação duvidosa no montante do

valor em discussão. Todavia, o parecer não é claro quanto à forma de contestação (se é na

esfera judicial ou apenas uma comunicação entre as partes sem que haja processo legal).

Adicionalmente, a CVM (1987) autorizou a empresa não reconhecer uma estimativa de

perda (ou seja, não considerar o ganho como contingente), caso ela tenha condições objetivas

de evidenciar seu direito. Todavia, o parecer não é claro quanto às condições objetivas e não

fornece exemplos práticos, o que facilitaria o entendimento acerca do correto tratamento

contábil.

2.6.2. Ofícios Circulares emitidos pela área técnica da CVM

Estes documentos visam dar conhecimento dos principais problemas e considerações na

aplicação das normas contábeis às companhias abertas.

• Ofício­Circular/CVM/SNC nº 02/96 e nº 001/00

A CVM informou que o registro um ativo contingente deveria ensejar uma ressalva nos

pareceres de auditoria e não um parágrafo de ênfase, como estava sendo praticado.

• Ofício­Circular/CVM/SNC/SEP nº 01/2005, nº 01/2006 e nº 01/2007

A CVM reafirmou seu entendimento sobre ativo contingente expresso no Parecer de

Orientação CVM nº 15/87. Estes documentos fazem menção ao IT Ibracon nº 03/02.

• Ofício-Cirular CVM/SNC/SEP nº 001/2011 e nº 002/2011

A CVM informa que o conceito de ativo está vinculado à capacidade de controlar os

benefícios econômicos provenientes daquele bem ou direito e, por isso, as contingências

ativas não são reconhecidas, tendo em vista que sua realização independe do controle da

empresa. O ganho é praticamente certo, quando independe da ação ou omissão de terceiros.

Adicionalmente, a CVM reafirmou seu entendimento sobre ganhos que estejam sendo

discutidos em ações judiciais: mesmo que haja uma tendência de êxito, enquanto houver

possibilidade de recurso da outra parte, a probabilidade de êxito não será praticamente certa.

2.7. Estudos sobre contingências pesquisadas

Como informado anteriormente, a literatura acadêmica no geral não tratam com

profundida as contingências ativas, focando mais nos passivos contingentes e nas provisões.

Foram analisados os seguintes trabalhos acadêmicos que tratavam de contingências em geral:

O Reconhecimento da Contingência nas Demonstrações Contábeis: Provisão x

Reserva, dos autores Albuquerque e Faria (n.d.);

Comparação do disclosure de contingências ativas e passivas nas empresas

brasileiras com ações negociadas na BM&FBovespa e na NYSE, dos autores

Castro, Vieira e Pinheiro (2015);

Qualidade da Evidenciação de Passivos Contingentes Relacionados ao Risco

Legal: um estudo em empresas petrolíferas brasileiras, estadunidenses e

britânicas, dos autores Viviani e Fernandes (2014);

Nível de aderência das práticas contábeis dos passivos contingentes ao CPC 25:

um estudo das empresas sucroalcooleiras do estado de São Paulo, dos autores

Jesus e Souza (2015);

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Ativo Contingente: a percepção dos contadores e auditores externos, de Sousa e

Coelho (2017).

Dentre os trabalhos analisados, verificou-se que apenas o estudo de Sousa e Coelho

(2017) aprofundaram no tema ativo contingente, evidenciando que o assunto é controverso.

Este trabalho evidencia um ponto muito importante sobre a necessidade de melhora da norma

e literatura contábil acerca das contingências ativas, tendo em vista as divergências de

opiniões entre os contadores preparadores de demonstrações contábeis e os auditores

independentes. Essa necessidade de melhoria foi sinalizada pelos participantes da pesquisa

dos autores.

3. Metodologia

Vergara (2009) propõe dois critérios básicos de tipo de pesquisa: quanto aos fins e

quanto aos meios. A autora ressalta ainda que os tipos de pesquisas não são mutuamente

excludentes. Quantos aos fins, este estudo apresenta uma pesquisa descritiva, explicativa e

aplicada. Quantos aos meios, é uma pesquisa documental e bibliográfica.

Foram selecionados processos administrativo-sancionadores (PAS) da CVM para serem

analisados, objetivando identificar os casos em que a CVM concluiu que houve registros de

ativos contingentes e quais as argumentações apresentadas. O PAS é um processo

administrativo de caráter investigatório conduzido pelas áreas técnicas da CVM.

Os PAS foram selecionados, aleatoriamente, no site da CVM

(http://www.cvm.gov.br/buscas/buscaAvancada.html) por meio de uma amostra não

probabilística estratificada e por tipicidade, utilizando os seguintes critérios: no campo “busca

avançada”, foi inserido a palavra “ativo contingente”, selecionando as opções “expressão

exata” e “Decisões do Colegiado”. A pesquisa resultou em 22 documentos encontrados, cujas

decisões deste Colegiado ocorreram no período compreendido entre fevereiro de 2003 a junho

de 2017. Foram analisados todos os documentos e selecionados cinco PAS CVM que estavam

alinhados ao problema de pesquisa deste trabalho.

Foi feito uma análise de conteúdo dos documentos selecionados para que se pudesse

responder ao problema de pesquisa deste estudo. Para isso, buscou-se uma abordagem

qualitativa a fim de identificar a percepção da CVM sobre o tema ativo contingente.

A análise correspondeu a identificação do caso, o entendimento da empresa envolvida,

os valores envolvidos, a opinião da CVM, a decisão do órgão regulador e os reflexos no

relatório do auditor independente.

4. Resultados

A seguir, são apresentados os cinco processos administrativo-sancionadores da amostra

e as respectivas análises destes documentos.

a) Ativo contingente que foi registrado como Investimento Societário no ativo

PAS CVM nº RJ 2015/13364 (datado de 23 de agosto de 2016): empresa América

Latina Logística S.A. (ALL). Em 2011, a ALL divulgou ao mercado a celebração de contrato

com as empresas TPI S.A. e Vetorial Participações S.A., referente a constituição da Vetria

Mineração S.A. (Vetria). Em 2012, a ALL informou que a sua participação acionária na

Vetria seria de 50,38% e que a efetivação dessa associação estava condicionada a

autorizações governamentais.

Apesar desta condicionante, em 2012, a empresa ALL registrou sua participação

(50,38%) na conta de “Investimentos” no valor de R$ 1.997.183 mil e reconheceu igual valor

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no grupo do Passivo Não Circulante. Em 2014, as três empresas divulgaram o encerramento

do contrato de associação, referente à constituição da Vetria, porque determinadas condições

não haviam sido atendidas no prazo estipulado.

Os registros contábeis efetuados pelo ALL se referiam a um ativo contingente, pois a

efetivação da nova empresa dependia de outros fatores que representavam eventos futuros

incertos e que não se encontravam totalmente sob o controle dos participantes do projeto.

b) Ativo contingente referente a ganho em disputa judicial

PAS CVM nº RJ 2009/4053 (datado de 27 de setembro de 2016): empresa Mendes

Júnior Engenharia S.A. (Mendes Júnior). Em 1988, a Mendes Júnior recorreu à justiça contra

a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), alegando que a CHESF não teria

efetuado o pagamento referente à construção da hidrelétrica de Itaparica. Em 1990, a ação

judicial foi julgada procedente pela justiça e a Mendes Junior passou a reconhecer este crédito

como ativo em seu balanço patrimonial. Em 1993, a Mendes Júnior propôs ação para ser

indenizada pela CHESF com base em “juros de mercado”. Em 1996, a CHESF foi condenada

em primeira instância e recorreu. Em 2010, a justiça deu provimento à apelação da CHESF.

Em 2014, a Mendes Junior obteve decisão desfavorável do Superior Tribunal de Justiça

(STJ).

Mesmo não havendo uma decisão favorável e definitiva, a empresa Mendes Junior

mantinha o ganho em seus registros contábeis. O valor destes ativos contingentes era

relevante (R$ 8 bilhões), representando aproximadamente 250% do patrimônio líquido da

empresa no 3º ITR de 2014 (R$ 3 bilhões).

Desde 1991 a empresa reconheceu, indevidamente, o ativo contingente, informando

que, apesar de não existir à época o CPC 25 (CPC, 2009a), outras normas já regulavam o

tratamento contábil dado à contingência ativa.

c) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa

PAS CVM nº RJ 2011/14167 (datado de 13 de junho de 2012): empresa Minerva S.A.

Este PAS teve origem no processo CVM nº RJ2010/11514. A empresa informou em sua nota

explicativa que contabilizou a atualização monetária referente a taxa SELIC sobre os créditos

de PIS e COFINS constantes na nota explicativa 8, com base em decisões favoráveis ao

contribuinte em tribunais federais, no valor de R$ 2.736 no exercício de 2009 e R$ 28.196 em

2008. Como o processo de reconhecimento encontra-se na esfera administrativa, e pelo fato

de a Companhia não possuir o ganho de causa transitado e julgado, a administração optou

pelo estorno do reconhecimento dessa contingência ativa em obediência à Deliberação CVM

n.º 489/05 revogada pela Deliberação CVM n.º 594/09.

Em virtude deste registro, os auditores externos incluíram um parágrafo de ênfase no

relatório de auditoria, pois as demonstrações da época estavam sendo ajustadas para fins de

comparação devido ao estorno da atualização dos créditos de PIS e COFINS. A CVM

solicitou esclarecimentos sobre a operação contábil do estorno da atualização dos créditos de

PIS e COFINS e a empresa informou na ocasião da elaboração das demonstrações financeiras,

a revisão da jurisprudência relativa ao Questionamento, feita com o apoio dos assessores

jurídicos externos da Companhia, apontou diversos precedentes favoráveis já transitados em

julgado sobre os quais não cabiam mais recursos, reforçando, ainda que foi constatado que

concorrentes da Companhia em situação similar também consideraram tal direito

praticamente certo e o registraram em seu ativo.

A CVM concluiu que o registro contábil foi indevido, pois se tratava de um ativo

contingente. A análise da área técnica indicou que o defendente fundamentou a decisão da

administração da Companhia em processos similares de terceiros, não levando em

consideração o trânsito em julgado dos processos relativos à própria Minerva e que, dessa

forma, não se sustentavam os argumentos apresentados pelo proponente, uma vez que não

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estavam presentes as condições para o reconhecimento do ativo nas demonstrações

financeiras do exercício findo em 31.12.08, sendo o ativo contingente do mesmo passível

apenas de divulgação em nota explicativa e não de contabilização. Alegou ainda que a

diferença entre o saldo original (R$ 314.050 mil) e o saldo após o primeiro ajuste (R$ 300.302

mil) repercutiu em um Patrimônio Líquido, em 31.12.08, superavaliado em 4,38%, valor que

não pode ser considerado irrelevante.

d) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa com

argumentação de existência de ADIN

Processos CVM RJ nº 2002/05581, 05582 e 06862 (datado de 11 de fevereiro de 2003):

empresa Varig S.A. (recorrente). A CVM informou que a Varig S.A. incorreu em desvio ao

registrar um ativo contingente. Conforme consta no PAS, a companhia reconheceu ativo

contingente, no montante de R$ 817.075 mil, decorrente de recolhimento indevido do ICMS

sobre o transporte aéreo, declarado inconstitucional pelo STF, mas que se encontrava em fase

de negociações com o fisco estadual quanto à sua compensação, inobservando, dessa forma, o

Parecer de Orientação CVM nº 15/87, em que a companhia deveria baixar o ativo e evidenciá-

lo em nota explicativa, deduzido do montante da contingência passiva resultante da eventual

obrigação de repasse aos seus clientes.

A Varig S.A. argumentou que o referido ganho não era contingente, pois havia uma

decisão do STF em ADIN que declarou inconstitucional a incidência de ICMS sobre os

serviços de transporte aéreo com efeito ‘erga omnes’, não cabendo qualquer tipo de recurso.

Sendo assim, a empresa considerou que a ADIN lhe dava o direito de ressarcimento do

imposto recolhido indevidamente e, por isso, reconheceu o ganho como ativo, informando que

ação de repetição de indébito junto às fazendas estaduais (fisco) é o rito ordinário para

recuperação do indébito.

A CVM considerou o ganho como ativo contingente, argumentando que a Varig S.A.

deixou de considerar o grau de dúvida que cercava tais valores, pois a empresa estava em

negociação com o fisco para compensar o referido tributo recolhido e, por isso, dependia da

aprovação de um terceiro (o fisco).

e) Ativos contingentes suportados por garantias

PAS CVM n° RJ2013/6224 (datado de 13 de maio de 2016): empresa Mundial S/A. A

Mundial S.A. registrou ativos contingentes em suas DC de 2009, 2010 e 2011, referentes a

créditos tributários. A Mundial S.A. argumentou que estes créditos tributários foram

adquiridos de terceiros e efetivamente pagos. Quando a empresa tentou utilizá-los, os créditos

foram contestados pela Receita Federal do Brasil (RFB) e, por isso, a Mundial S.A. recorreu à

justiça.

Apesar do litígio judicial, os advogados da empresa entendiam que o êxito era provável

e, por isso, a empresa poderia vir a utilizar o crédito (saldo contábil de R$ 11,2 milhões em

2009; R$ 5,6 milhões em 2010; e baixa integral nas DC de 31/06/2011). A Mundial S.A.

informou que o cessionário dos créditos havia concedido uma garantia real que superava o

saldo dos créditos tributários. Adicionalmente, a empresa considerava a realização do ganho

como praticamente certo pelo fato de os créditos serem contra a Fazenda Pública.

Em 2010, foi constituído uma PCLD de 50% do valor dos créditos tributários, mantendo

o restante em virtude de garantia real. Em 2011, a empresa complementou a PCLD para

100%. Sobre a constituição da PCLD até a sua baixa integral (em 2011), a Mundial S/A

informou ter feito uma análise mais ampla quanto ao prazo de realização dos créditos

tributários, tendo em vista o longo período em que o assunto se encontrava pendente e as

dificuldades que passou a encontrar na execução da garantia. Segundo a empresa, tal mudança

não deveria ser interpretada como uma admissão de um erro contábil e sim uma mudança na

estimativa da probabilidade de ganho.

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A CVM concluiu que os referidos créditos eram ativos contingentes e que não

deveriam ter sido reconhecidos e que, ao admitir que a garantia não suportava a manutenção

do ganho como ativo, a empresa teria reconhecido que a contabilização dependia da decisão

de terceiros. O registro do ativo contingente ensejou de um parágrafo de ênfase no parecer de

auditoria externa.

A Tabela 2 sumariza o resumo das análises efetuadas; os valores registrados

indevidamente pelas empresas como ativo, enquanto a CVM entendeu se tratar de

contingências ativas; e as penalidades aplicadas pelo referido órgão.

Tabela 2

Resumo das análises dos PAS CVM

Análise dos PAS CVM

Valores

envolvidos

Registro feito pela

empresa Penalidades aplicadas pela CVM

a) Ativo contingente que foi registrado como Investimento

Societário no ativo PAS (CVM nº RJ 2015/13364) R$ 2 bilhoes

Investimento societário

(item não monetário)

Responsabilização dos

administradores, dos membros do

conselho de administração e do

conselho fiscal (a)

b) Ativo contingente referente a ganho em disputa judicial (PAS

CVM nº RJ 2009/4053) R$ 8 bilhões

Créditos a receber contra

cliente

Republicação das DC; avaliar a

eventuais responsabilidades dos

auditores independentes

c) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa

(PAS CVM nº RJ 2011/14167)

R$ 3 milhões

(2009) e R$ 28

milhões (2008) PIS e COFINS

Responsabilização do diretor

financeiro e de relações com

investidores (a)

d) Ativo contingente referente a ganho em disputa administrativa

com argumentação de existência de ADIN (Processos CVM RJ

nº 2002/05581, 05582 e 06862) R$ 817 milhões

Indébito Fiscal (créito

ICMS) Republicação das DC

e) Ativos contingentes suportados por garantias (PAS CVM n°

RJ2013/6224)

R$ 11,2 milhões

(2009) e R$ 5,6

milhões (2010) Créditos tributários

Republicação das DC e

responsabilização dos

administradores

Nota (a): não foi identificado no documento PAS CVM nº RJ 2015/13364 a decisão da CVM obrigando a republicação das DC empresa.

RESUMO DAS ANÁLISES DOS PAS CVM

Fonte: dados da pesquisa.

De acordo com os Ofício­Circular/CVM/SNC nº 02/96 e nº 001/00, já abordados neste

trabalho, verificou-se a orientação dada aos auditores independentes com relação a inclusão

de ressalva no relatório de audirtoria, quando a empresa auditada registrar um ativo

contingente em suas demonstrações contábeis. Na Tabela 3, pode-se o tratamento dado pela

auditoria em seus relatórios.

Tabela 3

Análise dos relatórios de auditoria independente

Análise dos PAS CVM Relatório de Auditoria Independente

De acordo com a

orientação CVM?

a) PAS CVM nº RJ 2015/13364 Sem ressalvas / parágrafo de ênfase Não

b) PAS CVM nº RJ 2009/4053 Sem ressalvas / parágrafo de ênfase Não

c) PAS CVM nº RJ 2011/14167 Incluiu parágrafo de ênfase Não

d) Processos CVM RJ nº

2002/05581, 05582 e 06862 Incluiu parágrafo de ênfase Não

e) PAS CVM n° RJ2013/6224 Incluiu parágrafo de ênfase Não

ANÁLISE DOS RELATÓRIOS DE AUDITORIA INDEPENDENTE

Fonte: dados da pesquisa.

Verificou-se que em 100% dos casos os auditores independentes descumpriram a orientação

da CVM, pois em nenhum deles foi detectado a ressalva no relatório de auditoria. Houve

casos, que não ensejou nem mesmo a inclusão do parágrafo de ênfase.

5. Considerações Finais

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Por meio da análise dos PAS CVM foi possível responder a questão proposta no âmbito

do problema de pesquisa deste estudo: qual o correto tratamento contábil para as

contingências ativas, sob a ótica da CVM?.

Por meio do PAS CVM nº RJ 2015/13364, constatou-se que as contingências ativas não

se restringem a itens monetários (exemplo: contas a receber). A CVM concluiu que houve um

registro indevido do ativo como investimento societário, tendo em vista que a efetivação da

criação da sociedade objeto de parceria entre as empresas dependia de autorizações

governamentais e que não estavam sob total controle dessas empresas. Portanto, para a CVM,

tratava-se de um ativo contingente e, ao invés de ser reconhecido na Contabilidade, a empresa

deveria ter divulgado em notas explicativas. O balanço patrimonial estava superavaliado em

R$ 2 bilhões, o que induziu os usuários das demonstrações contábeis ao erro.

Por meio do PAS CVM nº RJ 2009/4053, verificou-se que a CVM reafirmou seu

posicionamento de que os ganhos objetos de litígios judiciais são considerados como ativos

contingentes e, por isso, não devem ser registrados até que haja uma decisão judicial

favorável transitada em julgado. Cabe ressaltar que os registros contábeis incorretos

cometidos pela empresa ocorreram antes da emissão do Pronunciamento Técnico CPC 25.

Todavia, a CVM argumentou que o tratamento contábil de ativos contingentes já estava

regulado em outros documentos e normas contábeis. Para a CVM, o ativo contingente

registrado foi de R$ 8 bilhões e o tratamento contábil correto seria a sua divulgação em notas

explicativas.

Por meio do PAS CVM nº RJ 2011/14167, constatou-se que a CVM considerou como

ativo contingente os créditos tributários adquiridos pela empresa de terceiros e que constava

em processo administrativo junto ao fisco. A empresa argumentou que havia precedentes

favoráveis já transitados em julgado e que suas concorrentes de mercado em situação similar

também consideravam o ganho como praticamente certo e o registrava em suas

Contabilidades. Todavia, para a CVM, a empresa não levou em consideração o trânsito

julgado dos seus próprios processos (uma vez que ela reconhecera o ativo antes da decisão do

fisco) e que os créditos tributários era ativos contingentes passíveis de divulgação em notas

explicativas. O registro indevido ensejou em um aumento de 4,39% do patrimônio líquido da

empresa, sendo considerado relevante pela CVM.

De acordo com o Processos CVM RJ nº 2002/05581, 05582 e 06862, a empresa

reconheceu como ativo um ganho que era objeto de processo administrativo junto ao fisco,

argumentando que havia uma decisão do STF em ADIN e que, por isso, ela teria o direito ao

ressarcimento do imposto recolhido indevidamente. A empresa também informou que a

processo administrativo junto ao fisco era necessário para fins de recuperação de indébitos

fiscais junto a fazendas estaduais (fisco). Para a CVM, o registro foi incorreto, pois a empresa

estava em negociação com o fisco, portanto, dependia da aprovação do mesmo, ou seja: o

ganho não estava sob total controle da empresa.

Por meio do PAS CVM n° RJ2013/6224, constatou-se que a empresa havia registrado

em sua Contabilidade créditos tributários adquiridos de terceiros, cujos créditos estavam

sendo discutidos na justiça em virtude da contestação feita pela RFB. O cedente dos créditos

havia fornecido garantias reais que ultrapassavam o saldo dos referidos créditos tributários.

Todavia, a empresa adquirente não conseguiu executar as garantias e a partir daí constituiu

PCLD até efetuar a baixa efetiva do ativo. A CVM concluiu que se tratavam de ativos

contingentes, pois estavam em litígios judiciais e administrativos, mencionando a empresa

não conseguiu executar as garantias que foram concedidas pelo devedor.

Cabe destacar que a CVM não se posicionou, desfavoravelmente, sobre considerar o

ganho discutido na justiça e que tenha garantias concedidas pelo devedor como ativo de fato

(probabilidade de ganho praticamente certa). Com base neste documento, é possível inferir

que uma empresa possa registrar como ativo um ganho objeto de litígio judicial e que tenha

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garantias reais / fidejussórias, desde que tais garantias atendam ao seu propósito jurídico (dar

segurança ao credor). Para isso, deve-se observar o valor da garantia ultrapassa o ganho que

estão sendo discutido na justiça ou com o fisco. Se o valor da garantia for menor, concluísse

que a parcela do ganho que ultrapassar o valor da garantia será considerada como ativo

contingente.

Os resultados apresentados neste estudo contribuem, efetivamente, para redução da

assimetria de opiniões entre os contabilistas preparadores de demonstrações contábeis e os

auditores independentes e, consequentemente, auxiliam estes usuários quanto ao correto

tratamento contábil de ativos contingente. Como sugestão de pesquisas futuras, recomendasse

verificar a importância do tema para o mercado, tendo em vista que este estudo capturou a

percepção da CVM, enquanto que o estudo de Sousa e Coelho (2017) abordou a percepção de

contadores e auditores.

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