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O trabalho e a vida por um fio

Cristiane Sabadin Tomasi

 

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  03/02/2016 às 04:30 - Atualizado em 03/02/2016 às 04:30

Guilherme Bittar

 

A rotina de maior parte dos trabalhadores é amesma todos os dias. Acordar, tomar café,encarar o trânsito e bater o ponto noemprego. A correria é tanta que ninguém tiraum minuto de seu expediente para pensarque poderia ser diferente.

 

De repente, num daqueles dias normais, o

dedo escapou de ser preso na máquina decostura, ou o andaime não cedeu, evitando

um acidente grave ou mesmo fatal. E a vida segue.

Valéria Prochmann, por exemplo, trabalhava no treinamento de uma empresa de energia elétrica.E não imaginava que num dia de jogo do Brasil, na Copa do Mundo de 1998, sofreria um acidente.Para festejar a data, a empresa estava dispensando todos às 14h. “Por isso, na hora do almoço,serviram um lanche com cachorro-quente e sucos. Quando fui me servir, escorreguei no chão, queestava molhado por causa da chuva e sem sinalização”.

A funcionária bateu a lateral esquerda inferior do rosto e desmaiou. Ao voltar à consciência,estava cercada de colegas a socorrendo. A queda lhe rendeu um rosto inchado, com muitas dores,e até hoje, um calo ósseo no queixo. Além disso, Valéria precisou ficar afastada do trabalho 12

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Guilherme Bittar

dias, durante o tratamento.

Crescimento

Histórias como a da Valéria se repetem diariamente. Foi uma distração, fatalidade, ou faltasinalização? Nessa hora não adianta encontrar culpados, mas sim a solução para evitar que oambiente de trabalho se transforme em risco para empregados e patrões.

Informações do Ministério do Trabalho em Curitiba apontam registros de acidentes em grandeescala. De acordo com o auditor fiscal do trabalho Elias Martins, chefe da seção de inspeção doTrabalho/Seint/SRTE/PR, com a evolução e o trabalho de prevenção que se tem feito, em númerosabsolutos, houve aumento dos acidentes no Paraná. Um paradoxo, de certa forma. No entanto,em termos percentuais, com o acréscimo de empregos nos últimos anos, percebe-se umaredução.

No Paraná, o cenário é semelhante ao nacional. As áreas que lideram as ocorrências de acidente

de trabalho são: indústria extrativa, transporte e armazenagem, agropecuária, produtosalimentícios e bebidas, alojamento e alimentação, comércio e reparação de veículos automotores,fabricação de produtos minerais não metálicos, serviços em geral e construção civil.

Além de estar entre as primeiras colocadas neste ranking negativo, o setor da construção civil estáem primeiro lugar na gravidade. Segundo Elias, há muitos acidentes fatais ou que deixam osfuncionários incapacitados ao trabalho. O operário fica suscetível a grandes quedas, por isso, achance de ficar incapacitado permanentemente nesse setor é seis vezes maior do que o conjuntode trabalhadores das demais atividades, conforme a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais).

  vanços

Na opinião do auditor, o avanço na prevenção, em muitos casos, decorre de circunstâncias

da redução do número de acidentes típicos.“Aumentaram a quantidade de doençasocupacionais em face das atividadesrepetitivas, da inadequação ergonômica, queocasionam sérias lesões por LER e DORT.”

 

Outro fator é a fiscalização. Conforme Elias,no último ano as ações fiscais foramintensificadas, com foco na investigação deacidentes. O pente fino abrangeu os maisvariados ramos de atividades, de empresas desde 12 empregados até mais de 3.500. “Muitasdelas com o mais alto conceito no estado e até no Brasil, entretanto, com alto índice de mutiladose mortes.”

Segundo o auditor, em 2014, cerca de 250 empresas tiveram embargos ou interdições e, em 2015,somente no primeiro semestre já foi alcançado o mesmo quantitativo, somente no Paraná. “Osembargos são aplicados em regra nas obras de construção civil, já as interdições aplicam-se em

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face de máquinas e equipamentos, nos dois casos, em face de riscos grave e iminente deacidentes contra trabalhadores”, enfatiza.

Vidas interrompidas

Conforme informações da assessoria de imprensa do INSS-PR, em 2015 foram concedidos 289benefícios envolvendo acidentes de trabalhos em Pato Branco. Deste total, 276 foram destinados

ao auxílio doença, 10 para auxílio acidente e três aposentadorias por invalidez.

Na lista das partes do corpo mais atingidas seguem: cabeça, dedos, tronco, pescoço, quadris, pése pernas.

E a conta é alta. Somente em 2013, o INSS pagou R$ 367 milhões em benefícios por acidentes detrabalho. No Paraná, foram registradas 363 mortes em acidentes de trabalho em 2014. A metadedas ocorrências foi por acidentes de trânsito (185), seguida de choque (24) e impacto de objetos(21).

Infelizmente, Pato Branco não está fora das estatísticas. Um caso que chocou os pato-branquenses aconteceu na tarde de quarta-feira, do dia 18 de fevereiro de 2015. Dois jovensmorreram de forma trágica, enrolados pelos cabos de aço de um elevador de cargas. Ambostrabalhavam na manutenção da parte hidráulica de um supermercado.

O que se sabe então, e é consenso entre especialistas procurados pelo Diário do Sudoeste, é quemuito se evoluiu apesar das notícias com mortes causarem comoção e muitas interrogações. Afiscalização do Ministério do Trabalho, diante da segurança nas empresas tem realmente dadoresultado positivo.

Prevenção vale muito

Segundo Priscila Schvarcz, procuradora do Ministério do Trabalho em Pato Branco, o cenário idealé que as empresas invistam em prevenção. Ações rápidas e, na maioria das vezes baratas, podemevitar gastos enormes com pagamento de indenizações. É o melhor custo-benefício. Funcionárioque trabalha com saúde e segurança rende mais.

E alertou que apesar de haver fiscalização, não se pode estar em todos os lugares, todo tempo.

Sendo assim, é obrigação das empresas cumprirem as regras e cobrarem de seus empregados oscuidados necessários, que incluem desde o uso de equipamentos, descanso na jornada detrabalho e exercícios laborais. Vale citar que as firmas têm de oferecer os equipamentos desegurança e fiscalizar o uso.

Seguindo essa linha, grande parte das empresas constituiu as Cipas (Comissão Interna dePrevenção de Acidentes) e tem levado a sério. Formada por empregados, a comissão trabalhapara reduzir os problemas de saúde e garantir um ambiente seguro.

O empresário Eloy Luiz Scheuer, diretor de marketing da Marel, diz que para evitar acidentesdesde o chão de fábrica até a recepção, a empresa realiza muitos treinamentos. “Temosprofissionais de Segurança do Trabalho que passam o dia orientando, visualizando todos oslocais. Além disso, anualmente temos capacitações realizados pela Cipa, que é muito atuante poraqui.”

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