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Revista de Políticas Públicas ISSN: 0104-8740 [email protected] Universidade Federal do Maranhão Brasil Vaz dos Santos Ribeiro, Carla O TRABALHO DO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR: análise do cotidiano e implicações na saúde Revista de Políticas Públicas, octubre, 2012, pp. 423-431 Universidade Federal do Maranhão São Luís, Maranhão, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321131651046 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Revista de Políticas Públicas

ISSN: 0104-8740

[email protected]

Universidade Federal do Maranhão

Brasil

Vaz dos Santos Ribeiro, Carla

O TRABALHO DO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

SUPERIOR: análise do cotidiano e implicações na saúde

Revista de Políticas Públicas, octubre, 2012, pp. 423-431

Universidade Federal do Maranhão

São Luís, Maranhão, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321131651046

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o TRABALHO DO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM INSTITUiÇÕES FEDERAIS DE ENSINOSUPERIOR: análise do cotidiano e implicações na saúde

Carla Vaz dos Santos RibeiroUniversidade Federal do Maranhão (UFMA)

o TRABALHO DO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM INSTITUiÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR:análise do cotidiano e implicações na saúdeResumo: Esta comunicação propõe-se a analisar o cotidiano do técnico-administrativo ocupante do cargo deassistente em administração em uma instituição federal de ensino superior e as implicações na saúde dessetrabalhador. Para o alcance dos objetivos, além de revisão de literatura sobre a temática, foram aplicados 50questionários e realizadas 21 entrevistas. Frente a organizações do trabalho tão distintas, constata que otrabalho dos assistentes contribui tanto para a saúde quanto para o adoecimento. Concluiu que o diferencialestá no modo de estruturação do trabalho e na possibilidade dos setores atenderem aos anseios dos servidoresno exercício da sua atividade laboral.Palavras-chave: Trabalho técnico-administrativo, saúde, instituição federal de ensino superior.

THE ADMINISTRATIVE WORKER'S JOB lN HIGHER EDUCATIONAL INSTITUTIONS: an analysis of thedaily routine and its implications to heallh.Abstract: The present work discusses the daily routine of the administration staft of a Federal University inBrazil from the perspective of overall heallh qualily. The research relies on Iiterature review and field datacollected from a survey with 21 interviews and application of 50 questionnaires. The resulls show that in such adiverse work environment, the employee's daily routine could be a source of either good or bad heallh. Weconclude that work place layout is a key factor on fulfilling the employee's expectation about their daily routine.Key words: Work, heallh, technician-administrative, Federal Universily in Brazil.

Recebido em: 03.10.2010. Aprovado em: 16.06.2011.

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Carfa Vaz dos Santos Ribeiro

1 INTRODUÇÃO

Este estudo tem por temática central otrabalho dos técnicos-administrativos emeducação, ocupantes do cargo de assistente emadministração na Universidade Federal doMaranhão (UFMA). A proposta de investigar arealidade dessa categoria visa analisar os modosde organização do trabalho deste grupo, o seucotidiano na instituição, as suas expectativas efrustrações e as repercussões desse contextosobre sua saúde'.

O referencial teórico-metodológico para odesenvolvimento dessa pesquisa fundamenta-senos princípios do materialismo histórico-dialético,compreendendo o sujeito como ser social ehistórico, produto e produtor do contexto no qualestá inserido. Definiu-se como categoriasprincipais para o estudo: trabalho técnico­administrativo, saúde e instituições federais deensino superior (I FES).

Para o alcance do objetivo traçado utilizou-sedois instrumentos: questionário para olevantamento das condições socioeconômicas eculturais aplicados em uma amostra de 50assistentes em administração e entrevistasemidirigida, visando uma

análise mais aprofundada da temática realizadacom 21 sujeitos, sendo (que) 17 assistentes, 3gestores e 1 representante da FASUBRA.

Partindo da concepção marxiana de trabalho,compreende-se a atividade laboral como umacategoria central na estruturação ontológica do sersocial, pois o homem quando trabalha, não apenastransforma materialmente a sociedade, mastambém modifica a si próprio. Nesse processo detransformação recíproca, o trabalho converte-seem um dos principais elementos para odesenvolvimento da sociabilidade humana. Otrabalho pode ser fonte de humanização eintegração social, como também de degradação,alienação e estranhamento - jogara favor da saúdeou empurrar o sujeito para a descompensação edesestabilização.

A saúde é entendida nesse estudo a partir deCanguilhem (1995), enquanto possibilidade deenfrentar e superar as infidelidades e asagressões do meio. Também são importantes ascontribuições de Dejours (1986) ao pensar saúdevinculada à existência de esperança, de metas,desejos e objetivos a serem alcançados,traduzidos numa luta nunca definitivamenteganha. Portanto, compreende-se que a saúdeno trabalho está diretamente vinculada aomovimento e enfrentamento das infidelidades domeio, não significando simplesmente ausência

de sofrimento e angústia. Cabe lembrar que osprocessos de trabalho vivenciados pelostrabalhadores no interior das organizações estãoarticulados e imbricados com o entorno dessasorganizações, com a conjuntura sociopolítica queas envolve. Dessa forma, torna-se necessárioconsiderar saúde como um processo histórico­social e entender o ser humano, não de formaisolada, mas em interação com o mundo materialque o cerca.

Acredita-se que a presente investigaçãoforneça subsídios para contribuir para a análise,o debate e a busca de alternativas para a melhoriada ação desses trabalhadores, da sua saúde, darelação docente/técnico-administrativo e, quiçá,da própria universidade.

2 A UFMA: recortes da expansão

Hoje, com mais de quatro décadas de exis­tência, a UFMA mantém: 632 cursos de gradua­ção distribuídos em oito diferentes campi com ototal de 17.489 alunos regulares. O movimentode expansão na instituição que já vinha toman­do corpo desde 2004 se intensificou com a ade­são ao Programa de Apoio a Planos deReestruturação e Expansão das UniversidadesFederais (REUNI), em 30 de novembro de 2007.Nessa ocasião, a UFMA, assumiu um compro­misso junto ao MEC, traçando um complexo pla­nejamento para o período compreendido entre2008 e 2012. Uma das principais metas defini­das pelo programa foi a oferta de 1580 novasvagas ao longo desses cinco anos, nas diver­sas modalidades. Em 2011, ainda faltando umano para o término do prazo estabelecido, aUFMA atingiu o quantitativo de 1.921 novas va­gas, superando assim a meta prevista da aber­tura de 1.580 novas vagas até 2012.

Configura-se, desse modo, uma situaçãocomplexa - o aumento de vagas em um primeironível de análise é sem dúvida, fonte decomemoração, mas diante de obstáculosenfrentados, pode comparecer também comofonte de preocupação. Identificou-se na análisedas entrevistas certo grau de apreensão de algunsservidores ao emitirem opinião sobre o processode expansão na UFMA, como exemplifica a falaabaixo:

A minha perspectiva em relação aocrescimento da universidade é que nogoverno da nova presidente possacontinuar expandido, mas de uma formaalicerçada, de uma forma estruturada,porque não adianta abrir campus e nãoter recursos humanos e não ter estrutura

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devida, não adianta, o ensino vai ter amesma qualidade que já era ou pior.(Informação verbal)'.Eu vejo que ela está avançando emtermos físicos, eu já vi esse avanço nadécada de 80 e depois na década de90, reformas e ampliações sempre teve,mas academicamente está estacionada.A universidade não precisa só demudanças na estrutura física, elaprecisa de mudanças na estruturaacadêmica e na estrutura administrativa.(Informação verbal)'.

Vale ressaltar que não se discorda danecessidade urgente de criação de condiçõespara a ampliação de acesso e permanência nasIFES, principalmente, em um estado como oMaranhão, considerado como um dos maispobres do pais.

Todavia, cabe analisar as condições em queessas novas vagas serão ofertadas. O aumentodo número de alunos deve estar diretamenteassociado à ampliação de investimentos. Éindispensável à disponibilidade de infraestruturaadequada e a contratação de servidores emnúmero suficiente para atender as demandascriadas. Entretanto, sabe-se que o repasse derecursos para a expansão das IFES está atreladoàs incertezas da execução orçamentária dogoverno. O próprio Decreto n°. 6.096, de 24 deabril de 2007, de criação do REUNI, nos seusartigos 3° e 7° deixa claro que

[...] o atendimento dos planos écondicionado á capacidade orçamentáriae operacional do MEC [...]. [E que] asdespesas decorrentes deste decretocorrerão á conta das dotaçõesorçamentárias anualmente consignadasao MEC. (BRASIL, 2007).

É evidente os riscos a que estão expostasas IFES, diante de uma reestruturação calcadaem uma lógica produtivista importada do setorprivado. É a expansão com precarização,visando prioritariamente aumentar o número devagas ofertadas. Elevam-se, assim, osindicadores de produtividade do ensino superiorpúblico, favorecendo os indices estalisticos dogoverno, sem resolver a contento os problemasjá existentes, tais como: inadequação deinfraestrutura, insuficiência no quadro dedocentes e técnico-administrativos.

Na UFMAjá é possivel visualizar alguns sinaisdecorrentes do descompasso entre o planoidealizado e o plano até então concretizado.

Convive-se em um grande "canteiro de obras",entre reformas e construções, na sua maioria,com prazo de entrega expirado. Cenário esteconfigurado por atitudes de paciência eresignação, mas também por atitudes depaciência e resignação, mas também poratitudes de enfrentamento e reivindicação frenteàs dificuldades vivenciadas.

No inicio do primeiro semestre de 2011, turmasde alguns cursos dos centros de CiênciasHumanas (CCH), Ciências Sociais (CCSO) eCiências Exatas e Tecnológicas (CCET), emfunção da expansão da graduação e da pós­graduação, precisaram ser remanejadas para oCentro Pedagógico Paulo Freire. O referidoprédio,construido com recursos oriundos doREUNI, ainda em fase de acabamento,inicialmente abriu para funcionamento somenteas 33 salas de aula da asa norte. O espaço fisicoda asa sul, com as 27 salas restantes, foi isoladoaté a entrega final de todas as instalações,queteve o prazo de conclusão adiado de março paraagosto de 2011'-

A falta de estrutura adequada do prédio frenteao atraso das obras, somada ao processo defragmentação dos cursos que tiveram suasturmas divididas entre o "Paulo Freire" e o centrode origem, levaram os alunos do CCH àorganização de um movimento de resistênciaque culminou na decisão de retorno ao antigoprédio. Foi acordado que a transferência para onovo prédio ocorreria somente após a conclusãodas obras e da elaboração de um planejamentodetalhado de como esse espaço será utilizadopelos cursos do Centro"'

Com uma perspectiva de reivindicação, emmarço de 2011, técnicos-administrativos lotadosno Centro de Ciências Humanas enviaram umacarta aberta à comunidade acadêmica dainstituição pleiteando melhores condições detrabalho. No conteúdo do manifesto há umtrecho especificamente relacionado aosproblemas decorrentes da expansão que expõe:

[...] como a bomba do REUNI estourouem nossas mãos: a demanda do tra­balho cresceu absurdamente, a quali­dade de serviços oferecida pelas IFESficou prejudicada, posto que as univer­sidades foram expandidas, mas quasenada é investido pelo Ministério do Pla­nejamento em contratação de técnicose docentes, prédios são erguidos semprevisão de concursos para suprir essacarência; colegas nossos trabalham emcoordenadorias que administram dois

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cursos [...]estagiários são cobradoscomo se fosse, efetivos recebendo um"auxílio. da Reitoria de R$ 200,00 [...].

É necessário pontuar que na exposição dosreflexos da expansão na UFMA foi feito umrecorte do cotidiano do CCH, o que não significaque outros espaços da instituição não estejamsubmetidos a problemas semelhantes,principalmente, osrecém-criados campido interior,como os de São Bernardo, Bacabal e Grajaú comaulas iniciadas no segundo semestre de 2010.

Em 15 de junho de 2011, os servidores técnico­administrativos da UFMA entraram em greve,aderindo, assim, a um movimento nacional, quesegundo informativos do site da FASUBRA contacom a adesão de 47 universidades. A adesão dostécnicos da instituição é parcial, algunsdepartamentos e coordenações estão sob oscuidados somente dos chefes e coordenadores,a biblioteca suspendeu o atendimento, contudo,nas pré-reitorias, o funcionamento das atividadespouco foi alterado. Dentre uma extensa pauta dereivindicações 70 movimento aponta para umacrescente demanda -que tende a se agravar emtempos de REUNI e de desvalorização dosegmento técnico-administrativo -a necessidadeimediata de abertura de concursos públicos parasubstituição da mão de obra terceirizada eprecarizada em todos os níveis da carreira.

Frente a esse contexto, identifica-se, portanto,na instituição,um quadro complexo, delineado poruma expansão expressiva do número de vagassem a imprescindível nomeação de servidoresem número suficiente para suprir o aumento dademanda de serviços. Dados extraídos domaterial de campanha do Professor NatalinoSalgado" para a reeleição ao cargo de reitorapontam para o crescimento desproporcional donúmero de matrículas na graduação em relaçãoao de contratação de servidores técnico­administrativos. As informações sinalizam que noperíodo de 2007 a 2011, o número de alunoscresceu 56,6%, enquanto o de técnicos, somente2,1%. As consequências desse descompassotornam-se evidentes na fala de uma entrevistada:

Hoje a universidade tem deficiência de RH.Têm coordenações e departamentos queestão vazias e não tem ninguêm vivem namão de só estagiários que não têm vínculocom a instituição, mas assumem granderesponsabilidade, despacham processos,assinam correspondência, assinam coisasque não sabem da relevância que adocumentação tem, algo que eles nãopoderiam assinar. (Informação verbaW

A comunidade acadêmica está imersa em umconturbado cenário, atravessado por dificuldadesque impõem à UFMA um grande desafio: mantera posição de reconhecimento no ensino superiordo estado conquistada ao longo dos seus 45 anosde existência,diante de condições tão promissoras(no que é apregoado), quanto adversas.

3 O TRABALHO DO TÉCNICO­ADMINISTRATIVO EM EDUCAÇÃOOCUPANTE DE CARGO DE ASSISTENTEEM ADMINISTRAÇÃO

Pensar em uma instituição de ensino, nosremete de imediato a professores e alunos,muitas vezes acreditamos que este núcleo sebasta, esquecemos ou ficamos no mínimoindiferentes a toda a constituição de organizaçõestão complexas, como são as organizações deensino. Para que as atividades finalisticas de todae qualquer IFES venham a ser executadas acontento pelos docentes, haverá que existir outroconjunto potencializador, formado pelasatividades meio, as quais são realizadasprincipalmente por técnico-administrativos.

Portanto, para o atendimento das atividadesfim - ensino, pesquisa e extensão -, toda equalquer instituição de ensino superior, além doseu quadro de docentes, precisa de umcompetente e estruturado corpo técnico­administrativo para o alcance, a contento, dasatividades-meio.

A categoria dos servidores técnico­administrativos é constituída por mais de trêscentenas de cargos, separados em cinco níveisde classificações distintas. O agrupamento pornível de classificação segue o critério de graude qualificação escolar. Por exemplo, para oingresso nos cargos de classe "A" é exigidosomente o ensino fundamental incompleto,enquanto para os cargos da classe "E" exige­se diploma de nível superior.

Segundo informações extraídas do SistemaIntegrado de Gestão de Planejamento eRecursos Humanos (SIGPRH), em março de2011, a UFMA conta com 1523 servidorestécnico-administrativos em educação, sendoque 196 servidores desse grupo são assistentesem administração; nesse montante, 100 são dosexo feminino e 96 do sexo masculino. A maioria,51,5 %, ingressou na instituição até a décadade 80; um pequeno grupo de 10,2% assistentesfoi admitido na década de 90 e 38,3% foramnomeados nos anos 2000. No que se refere àfaixa etária, a distribuição dos ocupantes desse

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cargo é a seguinte: 25,5% (20 a 30 anos); 10,7% (31 a 40 anos); 11,8% (41 a 50 anos) e 52 %(acima de 50 anos). Quanto ao grau dequalificação: 58,2% possuem somente o ensinomédio e 41 ,8% têm pelo menos graduação. Emrelação à lotação: 43,5% dos assistentes atuamnos órgãos acadêmicos, enquanto 56,5%exercem suas atividades nos núcleosoperacionais, órgãos centrais e órgãosauxiliares.

O cargo de assistente em administração, focode análise dessa pesquisa, localiza-se no nivelde classificação "O". Para sua ocupação érequerida a aprovação em concurso público,além da apresentação de diploma de conclusãode ensino médio.

As principais atribuições designadas aos seusocupantes são: dar suporte administrativo etécnico nas áreas de recursos humanos,administração, finanças, patrimõnio, materiais elogistica; atender usuários, fornecendo erecebendo informações; acompanhar processosadministrativos; tratar de documentos variados,cumprindo todo o procedimento necessárioreferente aos mesmos; preparar relatórios,formulários, planilhas; executar serviços dasáreas de escritório; participar da elaboração deprojetos referentes à melhoria dos serviços dainstituição e prestar assessoramento nasatividades de ensino, pesquisa e extensão.

Um assistente em administração, comoqualquer outro servidor do quadro de efetivos deuma instituição público-estatal, é impedido demudar de cargo, exceto se obtiver aprovação emum novo concurso público. Não pode, porexemplo, transitar de um cargo de assistente paraum de administrador ou de contador. Ou seja,independente do seu investimento, ele sempreserá um assistente em administração restrito aoexercicio de funções rotineiras com baixo ounenhum poder de decisão, correspondentes aosocupantes de cargo de nivel médio.

Um gestor destaca essa limitação ao afirmarque:

[o plano de carreira] não prevê que otécnico de nível médio ascendaautomaticamente ao nível superior, entãorealmente isso deixa o técnico de nívelmédio numa classe inferior [...] para mima única falha está ai [...] é um fatordesmotivador [...] se fosse possível vocêentrar numa instituição mesmo quetivesse entrado num nível inferior, mas sefosse galgando, galgando e pudesseterminar lá em cima seria realmente muitomais animador. (Informação verbal)".

É importante ressaltar que esses obstáculospara a ascensão na carreira atingem nas IFES,sobretudo, os técnicos de nível médio. Ostécnicos de nível superior, representantes do nívelde classificação "E" e principalmente os docentesrealizam funções mais valorizadas do ponto devista financeiro e institucional.

Dados extraídos do SIGPRH, em abril de 2011,confirmam o tumover elevado dos integrantesdessa categoria. Do total de 101 assistentes emadministração, nomeados nos últimos sete anosUan.l2004 a dez.l2010), 26 (25,7%) pediramexoneração ao longo desse período, sendo quemais da metade saiu da instituição antes mesmode completar dois anos de casa.

Supõe-se que a curta permanência de partedesses servidores na UFMA seja fruto: daincompatibilidade do perfil dos assistentesaprovados nos últimos concursos com ademanda organizacional, como também dasremunerações pouco atrativas das IFES. Valelembrar, que os órgãos do poder executivo, noqual se encontra a instituição pesquisada, sãoos que possuem salários mais baixos secomparados a órgãos públicos federais dojudiciário e do legislativo.

[...] o poder executivo como um todo nãovaloriza o seu servidor, tanto que o graude rotatividade aqui é muito alto.(Informação verbal)".[...] a universidade paga mal, aí vãoaparecendo outros concursos. Todos elespagam o triplo, o dobro do que se ganhaaqui. Dos que passaram no concurso daminha época, tem pouca gente aqui, temgente que vai passando e vai fazendooutro. [...] Aqui na universidade é comose fosse, não sei explicar isso, é só umapassagem até passar em outro concursoe galgar condições maiores em outrolugar. Eu pelo menos eu não vejo assimninguém que entra aqui pensar: ah voutrabalhar na universidade até ficarvelhinho. (Informação verbal)".[...] apesar de nosso plano de carreira,nós ainda contin uamos sendo osprimos mais pobres do serviçopúblico federal, essa é a resposta.Então, as pessoas ainda estão vendo sóo bolso, muitos trabalhadores entram, opiso é tanto, a maioria dos novos,principalmente, se tem aoportunidade depegar um serviço melhor e um saláriomaior, vão para o jurídico, para olegislativo, nós do executivo somos osprimos mais pobres. (Informação verbal,grifo nosso)13.

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Os salários menores do executivo confirmam­se na comparação de dois editais de concursospublicados em 2011. O Edital PRH - 02/2011da UFMA abriu vaga para assistente emadministração com requisito de ensino médio esalário de R$1.821,00. Já o Edital 01/2011 doTribunal Regional do Trabalho da 14a Regiãoabriu vaga para técnico judiciário comequivalente exigência de escolaridade, masremuneração inicial de R$ 4.052,00 reais.Identifica-se, portanto, uma diferença deremuneração de 123% do poder judiciário emrelação ao executivo.

Perante remunerações não competitivas erestrições de crescimento na carreira, éfrequente o descompasso entre interessespessoais e as condições oferecidas pelaorganização. Não raramente, o servidor se vê,sem perspectivas de desenvolvimentoprofissional, exposto à subutilização de seupotencial e ao exercicio de tarefas rotineiras.Situação propicia para vivências de frustraçãoe sofrimento que pode ter implicações nosmodos de ser e na saúde dessa categoria.

4 A SAÚDE DO ASSISTENTE EMADMINISTRAÇÃO ENTRE AS VIVÊNCIASDE PRAZER E SOFRIMENTO NOTRABALHO

Para uma melhor compreensão dos laçosentre a saúde e o trabalho dos assistentes emadministração, levanta-se nesse subitem,reflexões sobre as prováveis fontes de sofrimentoe prazer no cotidiano desses servidores.

Um aspecto de grande relevância na análisedos fatores geradores de sofrimento na categoriados assistentes em administração relaciona-seà discriminação experimentada pelos assistentesem administração nos seus espaços de trabalho.Esses servidores, além de fazerem parte dogrupo dos técnico-administrativos, consideradosna cultura dessa instituição como "categoria demenor valor", ainda são técnicos de nivel médioem uma instituição que tem como objetivoprincipal formar pessoas no nivel superior. Nessecenário, os assistentes em administraçãovivenciam um sentimento de invisibilidade edesprestigio, gerado nos contatos com os demaisservidores da universidade. Esse "não lugar" nainstituição comparece na fala de um gestorsensivel ao problema de desvalorização dacategoria:

Ele [o assistente em administração] nãoé um trabalhador, ele é um anônimo que

faz umas coisas aqui [...] Eles têm atendência de irem para o anonimato [...]Porque eles sabem que ninguém estádando visibilidade para eles. (Informaçãoverbal)".

A posição de mero apêndice na estruturaorganizacional ocupada por alguns sujeitosdesta pesquisa gera desconforto quandopercebem que são tratados como se fossempropriedade, objetos no ambiente laboral:

Eu tive uma chefe que gostava de falar,"minha secretária., me incomodava, maseu nunca tive coragem de dizer que meincomodava, eu não sabia como dizersem ser indelicada, eu jamais quero serindelicada com alguém.[...] Ela falavamuitas vezes e eu não gostava não, masnão dizia nada, ficava na minha, deixavaela pensar que eu era secretária dela(risos). (Informação verbal)15.[...] o que eu tenho visto, é o funcionárioser tratado como se fosse uma mesa dasala, o objeto. É a tua administrativa, é oteu administrativo, então ás vezes ochefemuda de lugar e leva o administrativocomo se fosse uma propriedade para ooutro setor. Então, tem muito disso,quando eu cheguei, achei estranho. Atuamenina, tu vais ficar com ela? [Falam]como se fosse um livro [...]. (Informaçãoverbal)".

Outra fonte de sofrimento identificada estárelacionada às situações de desprazer vivenciadaspelos sujeitos desse estudo, diante do tratamentoinjusto e desigual recebidos no ambiente detrabalho. As queixas relacionadas ao clientelismoe protecionismo são frequentes. As possibilidadesdos assistentes em administração - muitos comcompetência suficiente - ocuparem funçõesgerenciais comissionadas, também são raras,sobretudo, quando se trata de posições de maiorpoder decisório e remuneração; estas quasesempre são ocupadas por docentes ou até porpessoas de fora da instituição, independente daadequação de perfil profissional.

Eu acho que isso não vai mudar nunca,na verdade aqui na universidade é umaminiatura do que é o Maranhão. [...] E oMaranhão é uma miniatura do que é oBrasil.[...] eu vejo na maioria das vezes odespreparo do chefe que às vezes não énem da universidade que cai aqui deparaqueda e há um certo cinismo comoeles tratam isso. Ora, afastam fulano [...].

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A angústia aparece, então, como ummotor, uma força que impulsiona áação. A angústia contribui assim paraa formulação dos objetivos, das metas,que uma vez atingidos atenuam a an­gústia, mas não a impede de ressurgirem seguida. (DEJOURS; DESSORS;DESRIAUX, 1993, p. 101).Eu já trabalhei aqui sem computador, semuma máquina de xérox, sem oacompanhamento da minha ferramentade trabalho, mas nada disso meatrapalhava, eu levava para o meucomputador em casa, [...] a xérox, eu iana vizinhança, então eu não trabalho muitocom esse desprazer. Ah, está me dandovontade de eu largar isso, eu não trabalhoassim. [...] Essas dificuldades me animampara buscar, para solicitar mais, parareiterar mais, uma forma até de reiteraralgum pedido [...] Essas dificuldades, eudigo sempre que elas me trazemesperanças maiores de eu ter aquilo maispra frente. (Informação verbal)".[Quando] a gente trabalha e vê resuttado,é muito satisfatório. A gente passa o diana universidade, quando chega ao finaldo dia, você vê que seu dia foi produtivo,que você conseguiu resolver algo. [...] Eurealmente me sinto muito bem e muitosatisfeita na UFMA, Trabalhamos comdificuldades, sim, mas quem não trabalhacom dificuldades? Se não tivessedificuldades, como seria? As dificuldadessão para a gente resolver. (Informaçãoverbal)".

Na UFMA, não diferentemente de outrosórgãos públicos, há o predominio de um modeloburocrático. Mas, existem também espaços quecomportam uma estrutura mais aberta e f1exivel.Supôe-se que os setores constituidos por umaorganização do trabalho com gestôesefetivamente participativas, ofereçam aotrabalhador maiores oportunidades deinvestimento na defasagem entre a tarefaimposta e a atividade real, aumentando, assim,a possibilidade de vivências prazerosas.

[...] quando é coisa fácil até se consegue,quando é mais complicada, não é só aquestão do funcionário não querer. Àsvezes, são as dificuldades [...] o pessoalnão entende como funciona a instituiçãopública. A empresa particular funcionade uma maneira e a pública não é comoa gente quer, chega logo e tem queresolver. (Informação verbal)'8[...] o que parece para as pessoas é quenós não fazemos nossa função, nossotrabalho da maneira correta e eu tentoexplicar e toda vez é uma ladainha: ah,por que isso vai para onde? [...] Até queeu explique, é difícil quantas vezes euouvi reclamações e queixas e coisasabsurdas que a gente tenta se defendere não consegue. Eu entendo porque eume coloco na pele daquelas pessoas, émuito difícil [...]. (Informação verbal)19.

Eu já tive momentos de ser afastada dolocal por ter mais conhecimento do queaquele chefe que chegou. (Informaçãoverbal)"-

o TRABALHO DO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR:análise do cotidiano e implicações na saúde

tornam-se necessários e indispensáveis para ofuncionamento eficaz do seu setor, contribuindosignificativamente com os resultados do seugrupo de trabalho.

Alguns assistentes em administração sentem­se desafiados frente às adversidades, e na buscade alternativas criativas para a solução dosproblemas encontram forças para seguir emfrente.

Cabe destacar que as vivências de sofrimentoe prazer no espaço laboral não são experiênciasantagônicas e excludentes, elas podem coexistir.O assistente em administração experimenta,assim, "a dor e a delicia" de ser um técnicoadministrativo em uma IFES. O dia a dia dessesservidores, apesar dos dissabores, é tambémpermeado por situaçôes gratificantes e pelaconquista de algum sentido no exercicio do seulabor.

É possivel identificar, servidores queconseguem transgredir o trabalho prescrito,fazendo uso da inteligência prática e criativa, nãose deixando enquadrar no simples exercicio detarefas predeterminadas. Nessa perspectiva,

Outro fator gerador de sofrimento relevante é omodelo de organização burocrático a que estásubmetido o assistente em administração.Constatou-se que este selVidor realiza um trabalhorotineiro, restrito ao cumprimento de tarefasprescritas, atrelado a rigidas normas, que quasesempre o impedem de lançar mão de alternativascriadoras e inovadoras. Frequentemente, preencheparte importante do seu tempo de trabalho nareprodução de despachos formais em processosadministrativos, no arquivamento de documentose na alimentação mecânica de sistemas deinformaçâo. O corriqueiro sentimento de impotênciae frustração diante da burocracia fica visivel na falade alguns entrevistados:

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Carfa Vaz dos Santos Ribeiro

NOTAS

3 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 15.

5 Em setembro de 2011, mês de conclusão destapesquisa, ainda não havia previsão de entrega daasa sul do Paulo Freire.

Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 9.

No início do segundo semestre de 2011, as partesenvolvidas chegaram a um acordo, que algunscursos do Centro de Ciências Humanas seriamtransferidos para o Paulo Freire. Alunos eprofessores tomaram essa decisão, mesmocientes da existência de certos problemas, taiscomo: falta de espaços disponíveis para instalaçãode xérox e lanchonetes e atraso na a construçãode rampas de acesso para portadores denecessidades especiais.

7 A pauta nacional do movimento grevista reivindica,além da abertura imediata de concursos para o qua­dro: piso de três salários mínimos, reajuste salarial,racionalização de cargos, reposicionamento de apo­sentados, isonomia salarial e de benefícios, reposi-

Este texto apresenta recortes da minha tese dedoutorado "Trabalho técnico-administrativo em umainstituição federal de ensino superior: análise dotrabalho e das condições de saúde", defendida emoutubro deste ano sob a orientação da Prof' Dr"Deise Mancebo no Programa de Psicologia Socialna Universidade do Estado Rio de Janeiro.

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2 O quantitativo de cursos de graduaçãoapresentado tomou como base o fato do cursopossuir um código específico de registro junto aoMEC. Por exemplo, a UFMA tem dois cursos deCiências Biológicas que funcionam de formaindependente, um em São Luís registrado no MECcom o código 311426 e outro no município deChapadinha com o código 103303.

MENDES, A.M; MORRONE, C. F. Vivências de prazer,sofrimento e saúde psíquica no trabalho: trajetóriaconceituai e empírica. ln: MENDES, A. M.; BORGES,L. O. ; FERREIRA, M.C. (Orgs) Trabalho emtransição, saúde em risco. Brasília: EditoraUniversidade de Brasília, 2002. p. 25-42.

4

DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde.Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, SãoPaulo, v. 14, n. 54, p. 7-11, abr./maio/jun. 1986.

-:--cc-; DESSORS, D.; DESRIAUX, F. Por umtrabalho, fator de equilíbrio. Revista deAdministração de Empresas, São Paulo, n. 33, p.98-104, maio/jun. 1993.

BRASIL. Decreto na 6.096, de 24 de abril de 2007.Institui o Programa de Apoio a Planos deReestruturação e Expansão das UniversidadesFederais - REUNI. Diário Oficial da União. Brasília,24 abro 2007. Disponível em:<htlp:llwww.planalto.gov.br Icc iv il_031_ at02 00 7-2 O1012 O07 Id ec retold6096.htm>. Acesso em: 12 jul. 2008.

Todavia, vale lembrar que as condições dadaspor cada setor dessa instituição são importantes,mas não decisivas no que diz respeito àsvivências de prazer e sofrimento, uma vez queos modelos de organização do trabalho

Conclui-se, portanto, que o trabalho doassistente em administração atua tanto comofonte de prazer, como de sofrimento. Nessaperspectiva, a atividade laboral pode jogar a favorda saúde e realização, mas também contribuirpara o processo de alienação e adoecimento.Entende-se que o diferencial está nos modos deorganização e estruturação do trabalho,especialmente, na oportunidade dada ao servidorpara atender aos seus anseios e interesses noexercicio do seu trabalho.

Constata-se a importância da criação deespaços de participação, intervenção enegociação nos ambientes de trabalho,viabilizando, então, uma oportunidade para aatividade laboral ser um fim em si mesma,constituindo-se em algo significativo para osujeito.

O assistente em administração precisaimprimir a sua marca no próprio trabalho, assimcomo "a mão do oleiro imprime sua marca naargila do vaso" (BENJAMIN, 1985, p. 205),encontrando, a si próprio, na sua atividadelaboral. O trabalho, assim considerado, podeassumir significados de crescimento, utilidade,valorização, coerência e realização, favorecendoassim a saúde do trabalhador.

São interpretados pelos trabalhadores apartir da inter-relação entre suasubjetividade e a realidade concreta dotrabalho. (MENDES; MORRONE, 2002,p.30).

5 CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

BENJAMIN, W. Obras escolhidas. São Paulo:Brasilense, 1985. v. 1.

CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio deJaneiro: Forense Universitária, 1995. 293 p.

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o TRABALHO DO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR:análise do cotidiano e implicações na saúde

10 Entrevista concedida pelo Gestor 1.

13 Entrevista concedida pelo Presidente daFASUBRA.

12 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 12.

ção de vencimento básico complementar e exten­são das ações jurídicas transitadas e julgadas.

O Professor. Natalino Salgado foi reeleito em maiode 2011 para mais um mandato de quatro anos.

Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 15.

21 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 8.

14 Entrevista concedida pelo Gestor 1.

15 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 3.

16 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 2.

17 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 9.

18 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 16.

19 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 14.

20 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 1.

11 Entrevista concedida pelo Assistente emAdministração 14.

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Uníversídade Federal do Maranhão - UFMACidade Universitária, Av. dos portugueses, 1966,BacangaCEP: 65085-580

Carla Vaz dos Santos RíbeíroPsicólogaDoutora em Psicologia Social pela Universidade doEstado do Rio de Janeiro (UERJ)Professor do Departamento de Psicologia daUniversidade Federal do Maranhão (UFMA)E-mail: [email protected]

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