o tesouro escondido

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INTRODUÇÃO Ao longo de minha caminhada tenho observado o crescente número de fiéis católicos que buscam “verdades” em lugares onde ela não está. Também observo os inúmeros fiéis de outras religiões, que buscam a fé de forma equivocada. De nenhuma maneira tento aqui atacar ou refutar qualquer doutrina, na verdade esta pequena obra não trata-se de uma apologética, muito embora acabe por prestar este serviço, na medida em que mostra a realidade, acabamos por defende-la em nome da Igreja de Jesus Cristo. Todo ser humano criado por Deus, tende a buscá-lo cedo ou tarde, o que nos preocupa é onde e como. Sem uma direção correta podemos nos desviar em caminhos que podem nos levar a perdição ao invés de nos conduzir a salvação, é justamente nesta direção que vai o objetivo desta obra, orientar os crentes, em especial aos católicos a uma doutrina sadia e reta da vontade de Deus, e também mostrar um pouco de como Deus quis a salvação e de como Ele nos coloca à disposição esta salvação em Cristo Jesus. O catecismo da Igreja Católica em seu § 27 diz o seguinte: “O desejo de Deus esta inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.”(CIC-27) Criado por Deus e para Deus o homem vai sempre buscar naturalmente este Deus, por qualquer meio que conheça, os

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INTRODUÇÃO

Ao longo de minha caminhada tenho observado o crescente número de fiéis católicos que buscam “verdades” em lugares onde ela não está. Também observo os inúmeros fiéis de outras religiões, que buscam a fé de forma equivocada. De nenhuma maneira tento aqui atacar ou refutar qualquer doutrina, na verdade esta pequena obra não trata-se de uma apologética, muito embora acabe por prestar este serviço, na medida em que mostra a realidade, acabamos por defende-la em nome da Igreja de Jesus Cristo.

Todo ser humano criado por Deus, tende a buscá-lo cedo ou tarde, o que nos preocupa é onde e como. Sem uma direção correta podemos nos desviar em caminhos que podem nos levar a perdição ao invés de nos conduzir a salvação, é justamente nesta direção que vai o objetivo desta obra, orientar os crentes, em especial aos católicos a uma doutrina sadia e reta da vontade de Deus, e também mostrar um pouco de como Deus quis a salvação e de como Ele nos coloca à disposição esta salvação em Cristo Jesus.

O catecismo da Igreja Católica em seu § 27 diz o seguinte:

“O desejo de Deus esta inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.”(CIC-27)

Criado por Deus e para Deus o homem vai sempre buscar naturalmente este Deus, por qualquer meio que conheça, os índios brasileiro, por exemplo, vêem o poder de Deus, para eles Tupã, nas coisas que conhecem , na água, no sol, na lua, enfim na natureza, já os povos mais desenvolvidos que tiveram contato com outras culturas delas retiram a explicação para esta atração de Deus sobre os homem, de certo há muitos que professam a não existência de Deus, mas até mesmos estes tentam achar uma explicação para as manifestações de Deus na vida cotidiana e atribuem esta manifestação a uma força superior, o cosmos e até a extra terrestres, de certo modo em sua ignorância, mascaram a verdade, mas no fundo o que se vê nestes declarações é a nítida presença de Deus, seja com que título for.

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Fica para nós muito claro que Deus existe e nos quer junto dEle, isto é fato, no entanto, há muita confusão religiosa em nosso mundo, apesar de Deus ter imprimido um desejo de retorno ao criador em todo ser humano, este tem a liberdade de aceitar ou não este chamado, e como podemos perceber a nossa volta, muitos buscam Deus fora de Deus, e não podendo achá-lo negam sua existência. Nesta ambígua busca de Deus, o homem vem criando, ao longo dos séculos, desde sua origem, ritos para agradar a este Ser a qual o homem busca e que sabe, ser a origem de seu próprio ser.

Não é fácil para o homem conhecer a Deus por suas próprias forças, nesta busca, como em qualquer outra, facilmente podemos nos equivocar e enganamo-nos a nós e aqueles a qual guiamos, somos cegos guiando outros cegos. Por este motivo é que Deus se manifesta e se revela ao homem e o prepara para um momento, em que deverá corresponder a este chamado e assim fazer multiplicar esta verdade para que toda humanidade possa fazer parte desta vontade de Deus, que sejamos participantes de sua Natureza Divina por meio de Jesus Cristo em comunhão com o Espírito Santo.

Neste livro vamos falar do encontro com Deus e de seus desígnios e as verdades que Ele nos revelou e a continuação desta ação entre nós, e os meios pelo qual Deus se utiliza para fazer chegar até nós sua Salvação.

O VERDADEIRO TESOURO

“O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.”(Mt 13,44)“Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6,21)

O Concilio Vaticano II traz um documento inteiro voltado para Igreja, a Constituição Dogmática “Lumem Gentio” (Luz dos Povos) que enriquece ainda mais este tesouro que é a Igreja de Deus.

Muitos católicos estão sentados em cima deste baú contento o tesouro de que Jesus falou, sabem que estão sobre este tesouro, mas não abrem o baú,

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passam a vida toda na Igreja sem saber o que há dentro do baú, já outros, acham que este tesouro não é verdadeiro, assim buscam um baú repleto de bijuterias e acreditam que estão fazendo uso de um tesouro.

Vamos, a partir de agora, revelar este tesouro da qual Jesus tanto fala, pois aí, vendo o verdadeiro tesouro, devemos vender tudo, casa terras e todos os nossos bens para comprar este tesouro, pois que vale mais que todos os bens que podemos possuir. Este tesouro é o Reino de Deus, que se faz presente entre nós, através da Igreja, querida por Deus e realizada plenamente por Jesus Cristo, Nosso Senhor

A palavra Igreja “ekkläsia (deriva do termo em grego ek-kalein = “chamar fora”, significando convocação. O termo era usado frequentemente no Antigo Testamento grego para designar “Assembléia do Sinai”, onde Israel recebeu as tábuas da Lei e foi consagrado povo de Deus. Ao denominar-se Igreja, as primeiras comunidades cristãs se reconhecem como herdeiras desta assembléia, que passou a designar assembléia litúrgica e também a comunidade local ou toda comunidade universal dos crentes.

Deus criou o homem para si, o criou com um desejo de retornar ao Criador, foi implantado no seu coração um desejo intenso de encontrar-se com o Ele, mesmo sem saber, busca de diversas formas este Deus. Por sua parte, Deus, por amor, convoca sua criatura a reunir-se em comunhão com Ele.

Podemos concluir então, que esta “convocação” é Igreja.

Se há um só Deus e um só chamado podemos concluir, que há também uma só convocação (Igreja).

Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens, e se chama Igreja”(Clemente de Alexandria).

A Igreja, como meio de salvação, começa em Adão, pois o peso do pecado de Adão, fez afastar os homens de Deus e o pecado de Caim de dispersa-los pelo mundo. Por meio da Igreja, Deus realiza a convocação aos homens, para o congraçamento na fé, que tem como meta a reunificação do Reino de Deus, em Jesus Cristo, Nosso Senhor.

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Esta preparação inicia-se em Abraão, cabeça visível de uma Igreja ainda invisível aos olhos humanos, mas uma realidade no coração de Deus.

Pai de um grande povo, de uma grande nação, mas não uma nação qualquer, uma nação santa um povo eleito, que terá como regra não leis humanas, mas leis divinas. Na aliança do Sinai este povo torna-se sinal da “convocação” e neste caso Igreja (meio de Salvação) para todos os povos.

Na figura do templo de Jerusalém a Igreja, acontece como instituição visível, porem ainda em construção, podemos até dizer que trata-se de um protótipo da Igreja que se realizará plenamente em Jesus Cristo.

A plenitude dos tempos, ou seja, o congraçamento dos povos e a realização desta convocação, será realizada por Jesus Cristo, que em seu sangue firmará a “Nova e Eterna Aliança”, esta é, portanto a missão do Filho no Pai, através do Espírito Santo.

Esta missão inicia-se com a Boa Nova, misteriosamente Cristo associa a Igreja ao Reino de Deus, apresenta aos seus, esta novidade, que fora anunciada durante séculos pelos Profetas, mas que agora se realizará plenamente.

Jesus prepara o povo para acolher esta nova realidade, extraída dos costumes de Israel e no dia a dia deste povo, através de parábolas, anuncia-lhes a Igreja, antes invisível, que agora começa a tomar forma.

“Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino(Lc 12,32)

Ao tratar de rebanho seus discípulos, Jesus revela uma união em torno de um pastor e a si, denomina o “Bom Pastor”.

Formando uma nova família, os ensina um novo modo de viver, de agir e de orar, foi dotando este pequeno rebanho de uma estrutura, derivando então uma comunidade, um novo povo, uma “assembléia”, uma “Igreja”.

Na escolha dos doze, Jesus confirma a eleição do povo hebreu, assim como o povo eleito, os novos eleitos, se formam com as mesmas características, reafirmando o que já havia sido feito a tempos atrás. Daí, podemos concluir que a Igreja já existia no coração de Deus, mas que agora se realiza plenamente na pessoa de Jesus Cristo.

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Pela participação dos doze e demais discípulos, na missão e no poder de Jesus, podemos facilmente identificar a vontade de Deus que participemos de sua divindade através da comunhão com a Igreja, a partir destes atos, Jesus ilumina a sua Igreja.

Mas seria um pensamento muito pequeno achar que a Igreja nasceu da simples participação nos atos de Jesus, ou seja, simplesmente no poder de curar doentes e expulsar demônios, ainda que estes atos sejam extraordinários, mas vai muito além disto.

“Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.”(Jô 14,12)

A Igreja nasce verdadeiramente de atos mais profundos de Jesus, da qual, fogem nossa compreensão, inicia-se na Criação, passa pela Encarnação e se realiza plenamente na Paixão da Cruz.

Não podemos de forma alguma deixar de relacionar a Salvação com a Criação, pois ambas formam dois centros onde gira a nossa fé, como uma

elipse. Por Ele e para Ele tudo foi criado, e dEle nasce a Igreja.

“Da mesma forma que Eva, foi formada do lado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração transpassado de Cristo morto na Cruz” (Sto. Ambrósio)

Jesus em suas aparições, após sua ressurreição, determina que seus apóstolos ficassem em Jerusalém até que fossem revestidos do poder do alto, para muitas pessoas foi aí que se deu o nascimento da Igreja, mas podemos afirmar que este ato foi a condição necessária para que Ela pudesse lançar suas redes, foi neste momento que a Igreja que houvera sido desejada e preparada por Deus e construída e fundida em Jesus Cristo, se manifesta publicamente diante do mundo e inicia a ordem de Jesus de pregar o Evangelho a toda criatura.

Para esta missão foi enviado o Espírito Santo que dirige a Igreja e a enriquece com os dons hierárquicos e carismáticos. Ao formar o colégio dos doze, Jesus dota estes com o seu Espírito Santo e sendo Ele cabeça invisível, assim como Deus fez com Abraão, Moisés, Josué, Davi, Salomão, entre

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outros, delega a Pedro a missão de dirigir a Igreja sendo-lhe a cabeça visível.

“Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.”(Mt 16,17-19)

“Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.” (Jô 21,17)

“A Igreja avança em sua peregrinação através das perseguições do mundo e das consolações de Deus” (Stº Agostinho)

A Igreja não é uma instituição humana, mas uma instituição nascida do coração de Deus e por Ele governada. Assim como o mundo tem Deus como seu Governante e Providente, muito mais deverá ter a Igreja como canal desta Graça, Deus anima e a conduz, pois é para Ele uma filha, esposa de seu diletíssimo Filho, este é um mistério maravilhoso.

Deus não é um artífice que após a realização da obra, fica a contempla-la, mas participa de sua vida e de suas realizações, assim Cristo após constituir a Igreja a nutre e orienta, vive nela e por ela vivemos nEle.

“Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja porque somos membros de seu corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne (Gn 2,24). Este mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja.” (Ef 5,29-32)

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A figura da esposa pode nos dar uma idéia da relação de Jesus com a Igreja, pois Paulo a compara a relação de marido e mulher, cujos ambos tornam-se uma só carne e um só corpo, assim saída do lado de Jesus, a Igreja é como disse Adão: “carne da minha carne, ossos dos meus ossos”.

Podemos dizer então que somos Cristãos, não somente porque seguimos a Cristo, mas porque, pela Igreja, nos associamos a Ele para participar com Ele de sua Paixão, mas também de sua Glória Eterna.

Pelo Sacerdócio Régio de Jesus, somos nós também, chamados a ser Sacerdotes, Profetas e Reis, no entanto Deus não está situado em um lugar e nem num tempo determinado, a todo tempo, qualquer um que deseje associar-se ao Sacrifício Pascal de Jesus, na sua Eucaristia, será membro desta comunidade eclesial chamada Igreja.

Aqueles que respondem positivamente a esta “convocação” de Deus, passam a fazer parte de uma comunhão misteriosamente, porém real, entre o nosso corpo e o corpo de Cristo, posto que Ele revela uma experiência de intimidade profunda:

“Permanecei em mim como eu e vós... Eu sou a videira, vós sois os ramos” (Jô 15,4-5)

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”(Jô 6, 56)

Nesta misteriosa união entre nós e Jesus através de seu corpo que é a Igreja, a vida de Cristo emana através de nós mesmos nos Sacramentos, sinais da presença de Cristo Jesus, que de uma forma real, nos unem a Paixão de Cristo, revelando este mistério a todos os fiéis, que unidos em torno do altar formamos o corpo místico da qual Ele é a cabeça, e assim num só corpo e num só Espírito tornamo-nos também a esposa de Cristo.

É um tanto quanto difícil de compreender este mistério. Somente pela vivencia da fé e principalmente na vivencia do altar, é que conseguimos alcançar este entendimento. Cristo que é Sacerdote Eterno e Sacrifício no altar ao mesmo tempo, o “Cordeiro de Deus”.

Por ser um corpo, a Igreja não pode ser desmembrada, nem tampouco seus membros podem estar desligados do tronco, muito menos da cabeça. Neste sentido podemos afirmar com toda segurança que ela é Uma, Santa, Católica e Apostólica, não por

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seus méritos, mas por dom e graça de Jesus Cristo sua cabeça, que através do Espírito Santo dá a Igreja estes atributos.

Somente a fé pode reconhecer na Igreja estas propriedades de fonte divina.

“em razão da sua santidade, da sua unidade católica, da sua constância invicta, é ela mesma um grande e perpetuo motivo de credibilidade e uma prova irrefutável da sua missão divina” (DS3013- Concilio Vaticano I)

A Igreja é Una, porque deriva da analogia da unidade existente entre a Santíssima Trindade, que possuindo pessoas entre si é de fato um único Deus, assim a Igreja tendo muitos fiéis é uma única. Também sendo muitas as igrejas particulares presentes em todo mundo, estão em comunhão entre si como uma única Assembléia dos convocados.

Que estupendo mistério! Há um único pai do universo, um único logos do universo e também um único Espírito Santo, idêntico em

todo lugar, há também uma única virgem que se tornou mãe, e me agrada chama-la Igreja.”(S.Clemente de Alexandria)

A este maravilhoso clamor de um dos mais respeitados Padres da Igreja, bispo e patriarca de Alexandria, podemos unir nossa voz para ratificar que assim como o Espírito Santo, mesmo agindo em muitos lugares é um só também a Igreja atuante em muitos lugares é uma só, Santa, Católica e Apostólica.

Sendo corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, mesmo formada por pecadores é Santa, pois o corpo de Cristo é sagrado. Pela ação do Espírito Santo, Deus santifica a Igreja que também torna-se santificadora para os fiéis, como virgem é pura pois é Noiva do Cordeiro, que a santifica e a mantém pura até as bodas definitivas.

Misteriosamente Cristo mantém imaculada sua esposa, ainda que seus membros sejam em todo pecadores, mas não é a ação dos pecadores que santifica a Igreja, mas a ação de Deus, portanto não são os nossos méritos que determinarão o quanto a Igreja é santa, mas os méritos de Cristo.

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“Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.”(Mt 28, 19-20)

A Igreja é Católica porque cumpre o mandamento de Jesus, ir a todas as nações, ministrando os Sacramentos e ensinando-as a observar o Evangelho. Católica significa universal, a universalidade da Igreja está intimamente ligada a universalidade de Jesus, que derramou seu sangue por muitos, ou seja por todos os que aderirem a esta condição de Assembléia dos convocados, Igreja.

Uma figura que ilustra bem este fato é a Arca de Noé, que foi construída para a salvação do povo, e foi oferecida a todos, mas somente os que nela entraram foram poupados, os demais pereceram. Todos são chamados a Deus, pois Deus nos criou para Ele, mas há os que rejeitem esta salvação, muitos se recusam ao compartilhar do tesouro e muitos preferem passar fome ao lado do banquete, muitos pereceram por achar que são mais santos que a Igreja, ou simplesmente, como no caso da Arca, não acreditam na condenação.

Para que haja uma perfeita catolicidade (universalidade) na Igreja, é necessário que as Igrejas particulares estejam em uma comunhão extremamente forte entre si, esta unidade é que dá a Igreja a universalidade, pois como as raízes de uma árvore, a Igreja chega até os confins da Terra sem se desligar da “videira”, cujos ramos se estendem em direção ao céu.

Firmada sobe os apóstolos, a Igreja é Apostólica, assim sendo, ela não poderia romper este vinculo, pois se o fizesse deixaria de ser. Esta ligação perpétua, se dá pela sucessão Apostólica, onde pela imposição das mãos, os apóstolos repassaram ao sucessor seu múnus, ou seja o Espírito Santo, que habita na Igreja .

Já podemos perceber que se desenha uma missão que deverá durar até a volta de Jesus, e isto não podemos saber quando será, portanto devemos estar sempre alerta e fiéis a sua Igreja, sabemos das dificuldades, mas não podemos no deixar enganar por falsas promessas de prosperidade, curas miraculosas, ente outras, pois a porta é estreita e difícil de passar.

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A SUCESSÃO APOSTOLICA

Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.(Mt 1,2)

Na antiga aliança, Deus garantiu a sua fidelidade ao povo através de lideres cuja sucessão se dava por meio da consangüinidade, ou seja, era passada de pai para filho e isto era de um valor tal, que a garantia de que Jesus era realmente o messias está descrita no inicio do Evangelho por Mateus, que mesmo tendo Davi gerado Salomão no adultério, este pertence a sucessão real de Israel chegando até Jesus, esta é a sucessão dos antepassados segundo a carne, que garante uma linhagem real da casa de Davi.

Vejamos que mesmo tendo adulterado, Davi não perde sua condição de Rei, mais ainda, de sua sucessão sairia o Messias o Salvador anunciado pelos profetas, portanto podemos perceber uma importância fundamental para a unidade de um povo a sucessão familiar, pois todos são filhos de Abraão, pois Mateus cita Judá e seus irmãos, ou seja todas as tribos de Israel, Judá e as demais.

“Josué, filho de Nun, ficou cheio do Espírito de Sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto as suas mãos. Os israelitas obedeceram-lhe, assim como o Senhor tinha ordenado a Moisés.”(Dt 34,9)

A sucessão de liderança sempre se dá através da imposição das mãos, o que possui o Espírito de Deus pode repassá-lo a outro desta forma e somente assim, esta é uma norma claramente imposta na Sagrada Escritura. Além da imposição das mãos também é necessária a unção com óleo para a sagração dos reis e sacerdotes.

O que podemos então dizer da Igreja Católica Apostólica Romana?

Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: No dizer do povo, quem é o Filho do Homem? Responderam: Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque

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não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.”(Mt 16,13-19)

É o texto em negrito que nos chama a atenção, vejamos portanto, o significado das palavras de Jesus ao fazer tal declaração:

A Igreja, como já vimos anteriormente não trata-se de um templo, mas de uma “convocação”, de uma “assembléia”, portanto Jesus ao chamar Simão de Pedro o transforma numa pedra viva que fará parte deste novo conceito de Igreja. Poderia facilmente chamar todos os doze e dizer-lhes, mas foi Pedro que recebeu a missão de ser o alicerce desta Igreja.

“Para vós, portanto, que tendes crido, cabe a honra. Mas, para os incrédulos, a pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a

pedra angular, uma pedra de tropeço, uma pedra de escândalo”(IPe. 2,7)

Devemos portanto fazer uma distinção da pedra angular com a pedra a que Jesus se refere com relação a Pedro, pedra angular é uma tecnologia criada pelos romanos, para dar sustentabilidade aos arcos que eram construídos para aquedutos e outras construções, sobretudo para suportar um peso imenso, trata-se de uma pedra que forma o ângulo no centro do arco e que recebe sobre si todo peso impedindo o arco de desmoronar, a pedra angular portanto é a pedra mais importante de uma construção, está na parte superior e não na parte inferior.

“É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque ela estava bem construída.”(Lc 6,48).

Pedro, no entanto é a pedra de alicerce, pois Jesus diz que sobre esta pedra será edificada a

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Igreja, portanto a edificação só poderá ser feita em cima de um alicerce, ou seja, uma rocha (Kefas), fazendo assim com que Pedro tornar-se o alicerce da Igreja.

Tendo claras estas particularidades podemos afirmar sem nenhuma sombra de dúvidas, Pedro é aquele a quem Jesus funda sua Igreja, além disto não há o que duvidar da vontade de Jesus quando fala com clareza que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Para alguns a verdadeira Igreja de Jesus se perdeu e foi substituída por uma outra criada por Constantino o Imperador Romano por volta do século IV, mas se isto fosse verdade, como ficaria a promessa de Jesus, estaria Ele mentindo, deixaria as portas do inferno prevalecerem contra sua Igreja? Claro que não, Jesus não formaria uma Igreja para durar apenas 300 anos. Seria um absurdo pensar que após 300 anos de martírios e perseguições a Igreja sucumbiria, desapareceria. Jesus venceu a morte, padeceu, deu seu sangue em vão?

A corrupção dentro da Igreja a teria levado ao completo desaparecimento por mais de 1500 anos? Teriam os Padres da Igreja Primitiva como Agostinho de Hipoina, João Crisóstomo, Inácio de Antioquia e

Jerônimo (tradutor da Bíblia) deixado a Igreja sucumbir diante de Roma, após tantos martírios? Deus teria “dado um tempo” até o surgimento de uma nova mentalidade de igreja? Se assim fosse a Igreja teria acabado com a desobediência de Moisés, com a traição de Judas, as desistências de seus discípulos, com a negação de Pedro, com a incredulidade de Tomé, com a corrupção dos Corintos, dos Efésios e tantos outros que de certa forma foram infiéis a Jesus, mas a Igreja está além destas fraquezas humanas, Jesus não fundou uma Igreja achando quê seus membros seriam fieis, sabia todo tempo de sua incapacidade , mas confiou esta Igreja ao comando do Espírito Santo e a uma cabeça visível que é Pedro e declarou que as portas do inferno jamais prevaleceriam sobre ela, e isto é para sempre, até a sua volta, declara ainda:

Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.”(Jo.17,12). “ Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou

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convosco todos os dias, até o fim do mundo.” (Mt28,20)

Jesus deu a Pedro as chaves do céu e tudo que ele ligar na terra será ligado no céu e o que for desligado na terra será desligado no céu, Ele teria dado as chaves a um homem que sabendo morreria em breve, sem que houvesse uma sucessão? Claro que não, se Jesus entregou a Pedro as chaves e foi a ele e não aos doze, estabeleceu uma aliança com ele, uma espécie de ligação, que dá a Pedro a infalibilidade, isto é muito sério, Jesus transmite a Pedro sua própria autoridade, delega a ele e portanto a Igreja a sua autoridade suprema, e para sempre. Cristo é eterno e seu corpo incorruptível, assim, também a Igreja é eterna e incorruptível.

“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim.”(Jô 15,4)

Jesus ao fazer esta declaração determina que todos devem estar unidos a Ele, ou seja, ao seu corpo, a sua Igreja, pois sem esta união não

podemos dar frutos. A união entre Jesus e sua Igreja é para sempre e esta está presente nos Apóstolos e seus sucessores.

“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum.” (At 4,32)

A Igreja é um só corpo, um só coração e uma só alma, não há denominações ou Igrejas que fazem o que querem, segundo sua vontade ou segundo a vontade de seu líder, mas há uma só Igreja com o mesmo Espírito Santo e com os mesmos propósitos desde sua fundação até os dias de hoje, pois é assistida pelo Espírito Santos. Podemos dizer que há muitos ramos desta mesma Igreja espalhados pelo mundo, mas uma só é a Igreja de Deus, Santa, Una, Católica e Apostólica, cuja sede se encontra em Roma, império que teve que se dobrar ao Reinado de Cristo Jesus.

Esta Comunidade Eclesial, citada em Atos dos Apóstolos, subsiste até os dias de hoje na Igreja Católica, pois foi a ela que Jesus deu a “Chaves do Céu”, e constitui Pedro como líder e cabeça visível,

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para “apascentar as ovelhas” deste belíssimo e desejado rebanho de Deus, cujo próprio Cristo é o “Bom Pastor”.

Ao dar a liderança a Pedro, Jesus determina que um homem deveria ser responsável pela Igreja enquanto caminha neste mundo, até que Ele venha.

Pedro não era isento ou imune de pecado, nem tampouco os demais apóstolos, Paulo se queixava de um espinho na carne, todos os lideres das Igrejas foram homens pecadores como nós, mas tiveram a missão de conduzir a Igreja pelo mundo, não por seus méritos, mas pelos méritos de Jesus, méritos estes conquistados na cruz em sua paixão, assim mesmo sendo formada por pecadores a Igreja é Santa porque Santa é sua cabeça, Jesus e infalível, pois infalível é seu guia, o Espírito Santo.

“ Convém que destes homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do batismo de João até o dia em que do nosso meio foi arrebatado, um deles se torne conosco testemunha de sua Ressurreição.”(At 1,21-22)

A eleição de Matias denota, uma necessidade de substituição a membros ausentes, neste caso foi substituído Judas, o traidor, mas após a morte dos Apóstolos outros foram sendo incorporados ao apostolado e a Igreja de Cristo, sendo denominados mais tarde Bispos, e também foram criados cargos como diáconos e presbíteros, de acordo com a necessidade e a expansão da Igreja.

Seria um pensamento equivocado pretender achar que a Igreja só subsistiu até o século IV, como acham algumas doutrinas.

“Então os dois apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo. Quando Simão viu que se dava o Espírito Santo por meio da imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Dai-me também este poder, para que todo aquele a quem impuser as mãos receba o Espírito Santo.” (At 8,17-19)

“Ananias foi. Entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo.”(At 9,17)

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O Apóstolo Paulo foi o primeiro a receber a sucessão apostólica e o primeiro a se juntar como membro da Igreja na mais alta hierarquia. Na Igreja primitiva havia uma hierarquia instituída pelo próprio Jesus, quando seleciona doze apóstolos entre os seus inúmeros discípulos e sopra sobre eles os enviando a pregar o evangelho, daí podemos concluir que o poder de conduzir a Igreja foi entregue exclusivamente aos apóstolos, que passaram este poder a outros através da imposição das mãos.

Desta forma a Igreja se manteve sucessivamente presente através dos séculos pela transmissão deste poder até os dias de hoje.

Há contudo, uma tentativa de desclassificar a Igreja e seus sucessores, alegando ter sido a Igreja Católica fundada por Constantino no século IV. Se seguirmos este pensamento, logo chegaremos a seus autores, que trazem para si a verdadeira autenticidade da Igreja, daí fica a pergunta: De quem receberam o múnus santificador? Quem lhes impôs as mãos para transmitir-lhes o Espírito Santo?

Somente aos Bispos, sucessores dos apóstolos, foi dado o poder de transmitir o múnus santificador, ou seja, o poder de gerir a Igreja e de

apascentar as ovelhas, dada pelo próprio Cristo Ressuscitado, nenhum outro membro da Igreja, mesmo que tenha recebido parte deste poder, poderá repassa-lo a outros, os Presbíteros e Diáconos são ordenados pelos bispos para o trabalho pastoral e litúrgico, não podem ordenar outros presbíteros, somente o Bispo tem este poder, porque é sucessor direto dos Apóstolos.

Lutero era presbítero e por isto não poderia ordenar outros presbíteros, e também foi excluído da comunhão da Igreja, portanto desligado da Igreja “tudo que ligares na terra será ligado no céu e tudo que desligares na terra será desligado no céu” (Mt 16,19b).

A sucessão apostólica não depende da santidade do sucessor, mas a escolha é feita sob os mais rígidos critérios, no entanto muitas vezes o homem deixa de ouvir a voz de Deus e se entrega a sua própria decisão daí comete erros, muitos papas cometeram erros na sua vida de líderes da igreja, contudo nenhum ensinamento foi errado, nenhuma doutrina contém erro, porque em matéria de fé os representantes de Cristo não erram, não porque são perfeitos, mas porque é o Espírito Santo quem fala.

Os erros cometidos pelos representantes ocorreram sempre que estes quiseram falar por si

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mesmos, concorrendo em condenação própria e não condenação para a Igreja, porque sendo a Igreja um corpo que é formado de muitos membros, todo o corpo não pode ser penalizado pelas faltas de um, mas todo corpo sofre com o pecado de qualquer um.

O pecado de um, mesmo o mais alto líder não condena a Igreja toda, assim como o adultério de Davi não levou o povo a condenação, também como a desobediência de Saul não levou a Deus a virar-se contra o povo, nem mesmo quando todo o povo errou construindo um bezerro de ouro Deus não se voltou contra o povo e nem este deixou de ser o povo eleito.

Dizer que a Igreja Católica errou, quando assou a si os governos e Impérios é uma verdade, mas dizer que ela deixou de ser a Igreja de Cristo, isto é impossível, porque Cristo não mente e cumpre sua promessa: “eis que estarei convosco até o final dos tempos... as portas do inferno não prevalecerão contra ela”, estas palavras de Jesus demonstram que a Igreja e instituição perpétua e perfeita, segundo o Espírito.

“Quando vos levarem para vos entregar, não premediteis no que haveis de dizer, mas dizei o que vos for inspirado naquela hora;

porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo”(Mc 13,11)

Não são os pensamentos dos homens que guiam a Igreja, mas o Espírito Santo, portanto não pode errar que fala por meio do Espírito de Deus, disto temos muita clareza, porque acreditamos na Sagrada Escritura que nos atestam esta verdade e sabemos ser o Espírito Santo quem tem conduzido a Igreja por 20 séculos, se não fosse assim a Igreja já teria desaparecido, pois não há no mundo nenhum registro de uma instituição humana que tenha passado por tatos séculos de tribulação sem ser abalada. Ainda mais, hoje somos muito mais atacados do que nos primeiro séculos, pois naquele tempo o inimigo, agia de fora para dentro, hoje é de dentro da própria Igreja que surgem os maiores ataques e as maiores heresias. São os católicos que estão deixando-se levar por mentiras e abandonado a fé em busca de realizações pessoais, prosperidade e vantagens financeiras, amorosas, entre outras, viver a fé apostólica é um desafio desde o inicio da Igreja e continua sendo, agora com muito mais adversários.

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O PRIMADO DE PEDRO

“E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.”(Mt 16,18-19)

Com estas palavras Jesus declara que a Igreja foi fundada sobre os homens e para eles, está sob o comando de um homem, aquele que os apóstolos respeitavam e admiravam e que foi o primeiro dos Apóstolos. Assim Jesus estabelece sobre seu fiel apóstolo o encargo de guiar e conduzir a sua Igreja até a sua volta, dá a este homem o poder de ligar e desligar na terra e no céu, recebeu de Jesus as chaves do céu, está muito clara a missão de Pedro diante da Igreja de Jesus, e desde o inicio da Igreja Pedro toma a frente dos Apóstolos, foi Pedro quem deu a palavra final no primeiro concilio da Igreja narrado nos Atos do apóstolos:

“Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem. Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações. Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles. (At 15,7-11)

É sempre Pedro que toma a liderança em assuntos polêmicos e decide as questões, vejam que neste momento estavam presentes todos os Apóstolos, inclusive Paulo e Barnabé. Pedro e Paulo são considerados as colunas da Igreja, mas mesmo assim é Pedro quem tem a palavra final.

A Igreja tem seu fundamento em Pedro, disto não podemos duvidar, sob pena de estar duvidando da palavra de Jesus no Evangelho, mas porque

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Jesus constituiu Pedro como cabeça visível da Igreja?

A Igreja, como já vimos antes não surge em Pentecostes, como muitos acreditam, mas surgiu no coração de Deus, desde sempre, assim foi sendo prefigurada ao longo de toda a história da Salvação, a começar por Abraão, que deixou de ser Abrão, para ser Abraão, passou por Moisés, Josué, Saul, Davi, Salomão entre Juizes e Reis. Sempre houve na Igreja que a governasse e liderasse o povo em busca da salvação, posto que Deus não é um Deus de confusão e desordem.

A intenção de Deus ao constituir lideranças é justamente manter uma ordem, uma hierarquia de valores para que o povo possa ter uma referencia a seguir.

Imagine por exemplo, se no Brasil não houvesse um Presidente, um Congresso, um Senado, seriamos um pais sem leis e sem rumo, que definiria o valor do salário mínimo a ser pago, quem definiria os limites da lei, que executaria as leis.

Da mesma forma Deus usou Moisés como instrumento para educar e formar seu povo, sua Igreja, assim constitui lideranças para ser porta-voz de sua mensagem e organizar o povo, fazer cumprir sua leis e preceitos. Um povo sem líder é um povo

sem identidade, e uma Igreja sem Líder é uma igreja sem identidade. O líder maior da igreja é sua cabeça, Cristo, mas também se faz necessário uma cabeça visível, que faça cumprir os preceitos e leis de Deus e dos apóstolos, que ordena e orienta a comunidade dos fieis em direção a salvação.

Pedro é o capitão desta barca que navega rumo a Deus, rumo ao paraíso, mas que precisa ser conduzida com firmeza, caso contrário já teria se desviado do caminho a muito tempo, podemos reafirmar que se não fosse a condução de Pedro, hoje na pessoa de Bento XVI, não conseguiríamos chegar a onde chegou a Igreja de Cristo, pois que tendo como líder o Papa é assistida diretamente pelo Espírito Santo.

O Papa é um homem como qualquer outro, como O Presidente Lula, como o Presidente Obama, e como tantos outros lideres, é um chefe de Estado, mas não dirige apenas um território, mas uma nação cujo número alcança um quinto da população mundial, uma nação de diversas culturas, línguas e raças, mas unidas por um e mesmo ideal, o amor fraterno de Jesus Cristo, temos como nosso chefe supremo na terra, representando Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Papa, que significa Pai, não um Pai como Deus, mas um pai na fé, que vai adiante e

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recebe de Deus, por meio do Espírito Santo toda força e todo o poder para governar a Igreja de Jesus Cristo, até que Ele volte.

“Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. Assim, aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação. Em verdade, as autoridades inspiram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. Porque ela é instrumento de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, porque não é sem razão que leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que pratica o mal. Portanto, é necessário submeter-se, não somente por temor do castigo, mas também por dever de consciência.”(Rm 13,1-5)

Não devemos esquecer que não podemos nós mesmos nos auto intitularmos mestres e pastores para conduzir um rebanha, pois toda autoridade deve

vir do alto, um ato de autodenominação deste tipo só pode denotar uma ditadura, como fez, por exemplo, Fidel Castro em Cuba. A figura do Papa aparece na Igreja por eleição conduzida pela ação do Espírito Santo.

Vejo muitos “católicos”, coloco entre aspas por ter certas dúvidas quanto o verdadeiro comprometimento com a Igreja, mas que muitos destes, deixam a Igreja por não acatar as decisões do Papa, ou não quererem estar a seu comando, esquecendo-se de que “ o servo não é maior que o Mestre” Jesus veio para servir, e muitos querem ser servidos, querem que a religião seja conveniente aos seus desejos e anseios e não aceitam qualquer submissão aos mandamentos de Deus propostos pela Igreja. Ora se creio que a Igreja Católica foi fundada por Jesus, e devo crer pois a própria Bíblia relata isto, devo crer que esta mesma Igreja tem o poder de decidir sobre a minha vida com relação a Salvação. Acreditar naquilo que me convém não é fé, mas acomodação de interesses.

Devo entretanto de coração puro acreditar nas palavras de Jesus e seguir sem reservas e sem medo a Igreja de Jesus Cristo, mesmo que isto não seja de todo meu agrado. Muitas pessoas acostumadas ao jeito manso do Papa João Paulo II,

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tiveram dificuldades em aceitar o novo pontífice Bento XVI, isto é um erro, pois das muitas decisões da Igreja pelo Papa João Paulo II, foram aconselhadas pelo Cardeal Ratingzer, o atual Papa Bento XVI. Ademais devemos saber que toda autoridade é constituída por Deus, disse isto com muita clareza Jesus a Pilatos, Ele mesmo aceito o poder de Pilatos e foi à morte, porque não aceitar a autoridade do Papa, ou seja, do Bispo de Roma, ou seja, do Apóstolo Pedro.

"Para a maior e mais antiga a mais famosa Igreja, fundada pelos dois mais gloriosos Apóstolos, Pedro e Paulo." e depois "Os bem-aventurados Apóstolos portanto, fundando e instituindo a Igreja, entregaram a Lino o cargo de administrá-la como Bispo; a este sucedeu Anacleto; depois dele, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, Clemente recebeu o episcopado."

(S. Irineu de Lião - Contra as heresias - 1.III, 1,12; 2,1´2; 3.1´3; 4,1; P.G. 7, 844ss; S.C.34)

Santo Irineu de Lião viveu no máximo até o ano 142 d.C, portanto é da época da Patristica, os pais da Igreja, ou seja aqueles grandes homems, sucessores diretos dos apóstolos. Fica claro portanto, que o texto acima trata da sucessão episcopal de Roma, pois sabemos que Lino sucedeu a Pedro e Anacleto e Clemente foram bispos de Roma, também fica muito claro no texto que os Apóstolos entregaram a Igreja como um todo e não apenas a Igreja de Roma, mas esta com sede em Roma.

Não resta nenhuma dúvida quanto ao legado de Pedro, as Escrituras Sagrasdas dão conta deste ministério que foi entregue ao apóstolo, Jesus estabelece uma autoridade a Pedro que não estabelece a nenhum outro, “te dou as chaves do Céu”, esta declaração norteia a Igreja que sendo o fundamento vivo da fé tem como cabeça visivel e lider apostólico Pedro o principe dos apóstolos, que hoje se faz presente na pessoa de Bento XVI, o novo Pedro.

“Também os apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações a respeito da dignidade episcopal. Por tal motivo e como tivessem

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pleno conhecimento do porvir, estabeleceram os acima mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte deles, outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério.”(Clemente de Roma – Carta aos Corintios – XLIV- 1-2)

Clemente foi o terceiro Papa, na sucessão de Pedro, escreveu ao Corintios como líder da Igreja Universal, dando orientações diversas acerca daquela comunidade, hoje a coisa funcxiona de forma diferente, pois o Papa quanto exorta a Igreja o faz de modo Universal e não direcionado a uma comunidade, isto porque após todos estes anos as Igrejas particulares tem uma unidade muito mais firme que naquela época, mas isto não quer dizer que eram igrejas independentes como nos querem fazer crer algumas doutrinas, a igreja sempre foi Uma, Santa e Católica, desde sua fundação. A Igreja de Roma sempre foi uma Igreja particular e continua sendo, o Papa é bispo daquela Diocese, o bispo de Roma assume também o encargo de governar toda Igreja que se forma pelo conjunto de todas as Igrejas particulares. Difícil de entender?

Vou tentar explicar melhor, Jesus funda uma única Igreja sobre o Ministério de Pedro, como já vimos anteriormente, este juntamente com Paulo fundam a comunidade dos Romanos, ou seja a Igreja de Roma, e não assume o império romano como alguns lideres maliciosos incutem na mente de pessoas desinformadas. A Igreja de Roma é uma Igreja como Efesios, Corintios e tantas outras, o que ocorreu é que a Igreja Cristã, ou Igreja de Cristo, foi dividida, em termos administrativos, em três unidades de comando, chamadas patriarcados, Jerusalém, Constantinopla e Roma e que mais tarde foram unificadas tendo como Sé Apostólica Roma, isto porque lá foram enterrados os apóstolos Pedro e Paulo, assim a Igreja de Roma, como tradição apostólica, foi construída sobre as relíquias de Pedro, chefe da Igreja de Cristo. Assim a Igreja particular de Roma, surgida a partir da comunidade dos romanos, cujos fundadores foram Pedro e Paulo, e cujas relíquias se encontram nesta cidade da Itália, foi ali que naturalmente, foi constituída a sede da Igreja visível de Jesus Cristo, obedecendo seu mandado e a eleição de Pedro pelo próprio Cristo como pedra de sustentação da Igreja e líder dos apóstolos, alem disto somente a Pedro foi entregue as chaves dos Céus, e so tem este poder que o

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suceder na liderança da Igreja, pois este poder lhe foi concedido para justamente lidera e guiar a Igreja que Jesus lhe confiou, alem do Espírito Santo, que foi derramado sobre os apóstolos Jesus dá somente a Pedro o poder e autoridade para ligar ou desligar na terra e no Céu, a nenhum outro foi concedido este poder, também a Pedro foi concedido o poder de apascentar oi rebanho e confirmar na fé os irmãos, aos apóstolos todos foi dado o poder para anunciar o Evangelho, batizar, curar, operar milagres e expulsar demônios, mas somente a Pedro foi dado o poder para liderar este grupo que Jesus chamou “ minha Igreja”.

Os exegetas (os que estudam a Sagrada Escritura) modernos tem como certo que os Evangelhos sinópticos (Marcos,Lucas e Mateus) tiveram como base o Evangelho de Marcos, este foi discípulo de Pedro e escreveu segundo a pregação do apóstolo, daí podemos também concluir a liderança de Pedro diante dos demais e o respeito que estes dedicavam a Pedro.

Igreja Católica Apostólica Romana, para muitos ignorantes (no sentido de desconhecimento), o termo “Romana” denota uma condição de origem ou nacionalidade, para estes somos romanos, como os Cézares. Assim, muitos acusam o Papa de ser como

estes, buscar para si um culto de adoração como faziam, associam o Papa a um Imperador Romano. Não podemos culpara a grande maioria que tem pouca cultura e acabam por acreditar em qualquer coisa que lhe falam, mas há uns poucos que o fazem capciosamente para afetar a Igreja, no entanto quem conhece realmente o significado de “Romana” para Igreja sabe que este termo se associa a comunidade dos romanos, estabelecida na cidade de Roma, que na época era o centro do Império Romano, mas nem de longe os cristãos de Roma poderiam ser acusados de pertencer ao Império romano, mas sobretudo eram romanos por que viviam em Roma, assim a Igreja católica é Romana, não porque foi constituída para agradar ou servir ao Império romano, mas porque em Roma fica sua sede. Ademais seria uma ignorância muito maior achar que hoje o povo que vive em Roma tem a ver com o Império Romano de outrora.

Pedro na sua carta ao falar que se encontrava em Babilônia, sem dúvida falava de Roma, mas ainda o governo romano era ativo e oprimia a população, hoje em dia podemos chamar de babilônia aos Estados Unidos da América, que se formos usar o mesmo critério, de certo saberemos que este pais e berço do protestantismo pós

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luterano, portanto seriam eles todos membros desta nova babilônia.

A primazia de Pedro se dá pelas palavras de Jesus, narradas nos Evangelhos e que foi respeitada por todos os demais apóstolos, foi sempre Pedro quem deu a palavra final sobre muitos aspectos, inclusive acerca da circuncisão, diante de todos os demais apóstolos, inclusive Paulo, podemos destas narrativas da Sagrada Escritura tirar provas incontestáveis da primazia do apóstolo Pedro sobre os demais e também através dos primeiros Padres atestar que Roma era sede e governo da Igreja.

A COMUNHÃO DOS SANTOS

A Igreja de Jesus se estabelece em três dimensões distintas, mas intimamente unidas entre si, como a santíssima trindade as três dimensões da Igreja formam uma única Igreja e donde uma participa da outra em contínua troca de amor e solicitude.

A Igreja Peregrina, aquela que na terra passa seus dias a buscar os homens à conversão de coração. Visível a nosso olhos, forma-se a partir da conversão dos homens, é importante para a realização dos planos de Deus, pois sendo sinal de sua graça entre os homens, testemunha o amor e a fidelidade de Deus mesmo com os mais infiéis dos homens.

A Igreja que acolhe o pobre, o indigente, o drogado, o bêbado e as crianças, nos orfanatos asilos, casas de recuperação, é a instituição que se preocupa em dar ao faminto o alimento, agasalho, aconchego afago e muitas vezes somente o ouvido e o ombro amigo.

A Igreja que coloca a disposição de todos hospitais, escolas e faculdades, que luta pela

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preservação da vida, e se opõe contra o comunismo o nazismo e tantas outras formas de ditadura e ruptura com a liberdade do homem, enfrenta governos e poderes do mundo para preservar a família e a moral, assim caminha a Igreja neste mundo.

“No dia seguinte, Judas e seus companheiros foram tirar os corpos dos mortos, como era necessário, para depô-los na sepultura ao lado de seus pais. Ora, sob a túnica de cada um encontraram objetos consagrados aos ídolos de Jânia, proibidos aos judeus pela lei: todos, pois, reconheceram que fora esta a causa de sua morte. Bendisseram, pois, a mão do justo juiz, o Senhor, que faz aparecer as coisas ocultas, e puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à multidão, exortando-a a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir,

decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas.”(IIMb 12,39-46)

Muitos podem dizer que este livro é um apócrifo, portanto não inspirado, mas não podem negar que Judas Macabeu era um judeu piedoso e que cumpria as tradições e sem dúvida este trecho é um fato histórico e não teológico, portanto temos que aceitar como pratica religiosa a oração pelos mortos, praticada pelos judeus, portanto assumida por Jesus e pelos apóstolos.

A Igreja Padecente, é a que aguarda em estado de purificação a chegar definitivamente à morada eterna, quanto a esta requer-se uma atenção maior, pois para os que não compreendem o estado em que se encontra seus membros jamais poderá entender como esta dimensão age. Neste sentido vai muita confusão acerca da doutrina do purgatório, mal

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entendida até mesmo pelos católicos mais assíduos, também deveremos citar como um dos mais fortes motivos para a dissidência de Martinho Lutero, a doutrina das indulgências.

“Ao fazerdes as vossas comemorações, reuni-vos, lede as Sagradas Escrituras... tanto em vossas assembléias quanto nos cemitérios. O pão duro que o pão tiver purificado e que a invocação tiver santificado, oferecei-o orando pelos mortos”.

(Didaquè ou doutrina dos 12 Apóstolos):

“Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo.”(ICr 3, 14-15)

A Igreja Padecente é portanto aquela onde se encontram aqueles filhos da Igreja, que mesmo sendo perdoados de seus erros devem cumprir a pena para serem purificados de seus pecados passando pelo fogo, que não é o fogo do pecado mas o fogo que purifica, assim nos fala o Apostolo Paulo

A Igreja Triunfante é aquela que já cumpriu seu papel na terra e está já na gloria de Deus, aguardando a nossa chegada, os membros desta Igreja são os Santos e Mártires que mereceram com seu testemunho e sangue a morada eterna na presença do Cristo Ressuscitado. O Livro do Apocalipse de São João, nos revela esta dimensão muito presente em nossa vida de filhos de Deus.

“Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão, e bradavam em alta voz: A salvação é obra de nosso Deus, que está assentado no trono, e do Cordeiro. E todos os Anjos estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatro Animais; prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo: Amém, louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força ao nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém.”(Ap, 7, 9-12).

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Podemos já perceber que havendo um único Deus, em três pessoas há também uma única Igreja em três dimensões, agindo como membros de um único corpo cuja cabeça é Cristo Jesus. Assim podemos perceber que havendo um só Deus, um só Jesus e um só Espírito, há portanto uma só Igreja que entrelaçadas entre si agem em comunhão com Cristo cabeça, que é cabeça no céu, na terra e em qualquer lugar. Aqui gostaria de abrir um parêntese para explicar algo que considero importante para o entendimento destas dimensões eclesiais. A Igreja que considera-se padecente não encontra-se num local como muitos acham, mas o limbo ou purgatório, não é um local definido como o céu ou a terra, mas um estado pela qual os homens se encontram. Se não entendermos esta forma, nunca poderemos entender o que realmente é a Igreja de Cristo.

Nesta comunhão plena com Jesus Cristo Nosso Senhor, a Igreja vive plenamente a Comunhão dos Santos, pois há comunhão entre as três dimensões da Igreja como uma única força salvadora. Aqueles que são descritos no Apocalipse, são de fato os santos, que diante do cordeiro o adoram dia e noite assim como nós que dia e noite adoramos o cordeiro presente no altar. De lá não cessam de interceder por nós, assim como não

cessamos de interceder pelos que estão em estado de purificação.

Temos uma alma espiritual, portanto imortal, quando nos desligamos de nosso corpo material entramos em uma outra dimensão, chamada meta-física, ou seja alem do físico, um plano espiritual, em que não podemos perceber até que nos desligamos do plano físico, Jesus chama céu a este plano, ou Morada Eterna como Ele mesmo se referiu varias vezes, neste plano continuamos a viver, sem as necessidades do corpo mas ainda comportando algumas necessidades da alma. Quando vivemos com nosso corpo impregnamos nossa alma com desejos carnais e com a concupiscência e ao deixar este estado temos que nos livrar desta crosta de pecado. Para chegar a presença de Deus devemos estar purificados, já conseguimos isto através do batismo, mas após sermos batizados vamos nos contaminando a cada dia com mais e mais pecados, mesmo ao confessarmos, as conseqüências ainda permanecem, assim devemos, ao deixar esta vida passar por um banho de purificação.

Assim, como estamos inseridos em Deus por meio de Jesus Cristo, também aqueles que se foram também estão na mesma comunhão, pois a nossa comunhão com Deus não é pela carne, mas pela

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alma, que nos une a Deus por meio do Espírito Santo, assim podemos afirmar sem sombra de dúvidas que estamos em Deus por intermédio de Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo e assim rezamos.

Acreditamos nisto porque Jesus ao tomar nossa condição humana nos introduziu e nos fez participar da sua divindade unindo em si mesmo as naturezas divinas e humanas, assim o divino se tornou humano para fazer o humano participar do divino e uma vez introduzido em Deus, somos de uma vez para sempre participantes da Glória de Deus e herdeiros do seu Reino que para nós preparou, pois o Reino de Deus e o reinado de Jesus não são deste mundo e assim devemos esperar viver noutro local e em plena comunhão com todos os irmãos em Jesus nosso maior irmão.

“O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo.”(Jô 18,36)

“ Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na

casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou” (Jô 14, 1-4)

Há uma união e também uma comunicação entre os membros da Igreja, seja ela comunidade dos vivos ou dos mortos, pois a comunhão pressupõe uma comum união, se me uno em Espírito aos que já se foram, haverá uma comunicação de Espírito, não de mente, mas de alma, e a intercessão tão recomendada por Jesus e pelos Apóstolos se fará ainda mais eficaz, uma vez que os que se encontram na gloria estarão ainda mais próximo de Cristo, e não é só isto, mas também os que já alcançaram as graças de Deus podem muito mais gozar de sua benevolência, assim podemos confiar que aqueles que já intercediam pelo povo enquanto vivos, muito mais o farão na presença de Jesus, pelos seus próprios méritos.

Certa vez alguém me perguntou porque os católicos fazem tantas promessas aos santos, se eles nada podem fazer por nós? Respondi com outra

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pergunta: alguém paga por algum serviço que não foi prestado? Se as promessas são pagas é porque a graça foi conseguida, daí prova-se que há influencia dos santos nas graças solicitadas a Deus. Mas gostaria de falar um pouco sobre estas promessas, isto é piedade popular, não há nenhuma orientação ou documento da Igreja sobre esta prática, contudo a Igreja não a condena, posto que a fé que procede do coração com pureza de intenções deve ser antes de tudo respeitada, pois não sabemos com que meios ,Deus se utiliza destas praticas para alcançar o objetivo final de salvar o penitente piedoso.

MARIA A MÃE DE DEUS E DA IGREJA

Este é um tema muito delicado, não para os católicos que tem isto muito claro, mas para os não católicos, que tem uma aversão a Maria, não podemos afirmar qual a razão, aparentemente nenhuma.

Estamos falando da Igreja, e esta menina, que vivia uma vida de contemplação, segundo a mais rigorosa tradição judaica, Maria é a pessoa mais importante na história de nossa Salvação, claro guardando as devidas proporções, Jesus é o Salvador, mas podemos afirmar sem médio de errar que se não fosse por Maria a Salvação não nos teria chegado. Muitos afirmam que se Maria se recusasse a ser mãe de Deus, outra seria escolhida e portanto ela é uma mulher como qualquer outra, mas não é bem assim, os Evangelhos e a Tradição apostólica apontam outra realidade para a figura de Maria, não é uma escolhida, mas a escolhida.

“Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que

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significaria semelhante saudação.” (Lc. 1,28-29)

Qualquer homem que proferisse tal saudação com relação a um outro homem, poderia ser chamado de blasfemo, ou tolo, pois a nenhum homem se deve a saudação reservada a César o Imperador Romano, que significa Salve, uma saudação dada aos maiores do mundo, no entanto o que dizer de uma saudação destas a uma mulher? Que diria então a uma adolescente?

Podemos, com muita dificuldade, entender este fato, pois para nós e uma saudação comum, mas para um judeu, ou alguém que viveu na época de Maria, isto não se deve nem mesmo a esposa do imperador, quanto mais a uma jovem galiléia.

“Informa-te bem e verás que da Galiléia não saiu profeta.” (Jo. 7,52)

Nada de bom pode sair da Galiléia, afirmam, teria sido para qualquer pessoa daquela região, um afronto ao bom senso, saudar um jovem com este tipo de saudação.

Mas é um anjo que o faz, “Ave”(salve) “Cheia de Graça”, se saudar com um Ave, já teria sido algo de estupendo, imagine ainda, com este adjetivo tão forte. A graça é um dom de Deus e os judeus sabem bem disto, não há na história do povo de Israel quem tivesse sido agraciado por Deus além de alguns grandes homens, como Abraão, Moisés, Davi, etc, jamais se ouviu tal afirmação para uma mulher, nem mesmo Sara, ou Judite, ou Ester, nem tampouco Eva foi agraciada por Deus, mas somente Maria teve este privilégio, ser “Cheia de Graça”. Muitos tentam distorcer este fato alegando que o ajno apenas profetizou que ela seria agraciada, por ter em seu ventre o Filho de Deus, mas sabemos que um Anjo não é profeta e não fala daquilo que vai acontecer, mas de fatos concretos e presentes. Ao proferir esta saudação está afirmando que Maria é cheia de graça, portanto cheia de Deus.

Até mesmo Maria ficou chocada com tal saudação, porque se vinda de um mortal, acharia que este estivesse zombando dela ou louco, mas de um Anjo? O que se trata?

Devemos lembrar o que são os anjos:

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“Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles. Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes.”(Sl. 8,5-6)

Que somos nós, meros mortais diante dos anjos, são eles maiores que nós, então o que dizer de Gabriel? Que anjo é este? O que ele representa?

“O anjo respondeu-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova.” (Lc.1,19)

Deus que fala, Gabriel é o mais alto na hierarquia celeste, é aquele que está a serviço do Deus do Universo, é sua voz, o que anuncia e revela os planos de Deus. Na Sagrada Escritura, há diversos relatos de visitas de anjos aos homens, mas nenhuma delas com tanta importância como esta. Todas as aparições foram de forma subjetiva, o reconhecimento esta nas entrelinhas, mas Gabriel, vai direto ao ponto “Ave, cheia de Graça, o Senhor é contigo”, esta saudação revela muito mais que uma simples saudação, mas é o mais alto escalão na Hierarquia celeste, que vai até Maria e a saúda com

honras e glória de uma Rainha, está muito clara a posição desta serva de Deus, ela é a escolhida a agraciada, a Rainha do céu, pois será mãe do Rei do Universo.

Podemos perceber que, na hierarquia terrena, a mãe de um Rei ou Imperador é chamada Rainha, também a esposa tem este titulo, se Maria tivesse se casado com o Imperador, deveria ser chamada “Senhora”, entre os homens, pois pelo casamento conquistou o título de nobreza, assim aconteceu com a Princesa Diana, da Inglaterra, que recebeu o título de princesa após casar-se com o Príncipe daquele pais, todos conhecemos a história da plebéia que se tornou princesa. Maria porem é esposa do Espírito Santo e mãe de Jesus, o simples fato de ter sido escolhida para ser a mãe de Deus, pois Jesus é Deus, e esposa de Deus, pois o Espírito Santo é Deus, a eleva a condição de Rainha do Céu, pois como Jesus muitas vezes afirmou o Céu é um Reino, onde Ele mesmo é o Rei e sua mãe a Rainha.por este motivo o anjo, que sabe destas coisas a saúda como rainha, não rainha da terra, mas rainha do céu, pois a sua autoridade diante do anjo só é possível sendo ela rainha do mundo onde vivem os anjos, portanto o Céu, porque na terra os anjos são maiores que os reis e rainhas.

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“Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.

Todo ser humano tem um pai e uma mãe, isto é a natureza e a ciência chama isto de genética, deste pai e desta mãe o nove ser retira suas propriedades físicas e orgânicas, com Jesus o que aconteceu foi um poço diferente, pois seu Pai é o próprio Deus, que não possui forma humana, nem características humanas, portanto o Jesus homem herdou de Maria toda estrutura biológica, corpo, sangue, órgãos, etc., porem herdou de Deus toda estrutura espiritual, alma e divindade, desta junção temos um homem-Deus Jesus Cristo, filho de Maria, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, filho de Deus Pai e filho de Maria. A este evento podemos concluir que Maria é ao mesmo tempo esposa e mãe de Deus, pois o próprio Deus Pai a envolveu e a “fertilizou”. A “união hipostática”, do divino com humano em Jesus Cristo Nosso Senhor, aconteceu no ventre de Maria, sendo a união de Deus com

Maria, que gerou Jesus em seu ventre, portanto podemos afirmar que Maria é mãe de Deus.

Jesus foi gerado consubstancial ao Pai e não criado, insto significa dizer que ele já existia no momento da concepção, diferente de nós, que somos criados no momento da concepção, o verbo divino, o logos, mas este verbo era apenas verbo ate estar no ventre de Maria e receber dela todos os genes, DNA, etc., e assim o verbo se torna carne e habita entre nós.

É importante fazer aqui uma distinção da forma com que Jesus foi concebido, apesar de já existir, ser o verbo divino, Jesus era um Espírito, como Deus e o Espírito Santo, ao ser concebido, recebe uma forma humana, portanto sua natureza humana era criada naquele instante, pois possuía apenas a natureza divina, ao ser concebido assume também a natureza humana, que recebe através de Maria, que não se faça confusão, pois Maria não é uma mera barriga de aluguel como acreditam alguns, teve ela, uma importância fundamental na encarnação, pois o corpo de cristo que foi entregue por nós veio de Maria, o sangue que foi derramado na cruz, veio de Maria, portanto sem Maria não poderia haver Jesus, haveria apenas o logos, o verbo que não se faria carne e não habitaria entre nós. Muitos podem dizer

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que Deus poderia ter escolhido qualquer uma, poderia, mas escolheu Maria, assim como poderia ter escolhido outra forma de nos salvar, mas escolheu a morte de seu filho.

“Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.”(Lc.1,38)

O que podemos dizer a estas palavras, Maria tinha em torno de quinze ou dezesseis anos de idade e estava já prometida em casamento a José, e para um judeu a promessa de casamento jê um compromisso, portanto já estava casada, aparecer de barriga antes do casamento seria motivo de desonra, mesmo que fosse do noivo, pior ainda se fosse de outro. Como explicar que foi obra do Espírito Santo? Quem de nós cristãos acreditaríamos numa história destas? Muito menos acreditariam os daquela época. Maria teve a coragem de aceitar o desafio e confiar em Deus com sua própria vida, pois uma desonra destas implicaria em sua morte por apedrejamento em praça pública, fora a vergonha para seus pais e para seu futuro esposo, que seriam penalizado com o desprezo dos demais.

“ Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?(Lc. 1,41-43)

Isabel percebe a missão de Maria e sua importância no processo de salvação do mundo, João é batizado com o poder de Jesus ainda no ventre de Isabel, e glorifica a Deus e coloca Maria em seu devido lugar “bendita entre as mulheres”, não porque Maria é melhor, mas porque foi agraciada e está cheia de Deus. Deus não poderia conceber seu filho num ventre qualquer, nem mesmo numa mulher qualquer, pois o cordeiro imaculado deveria nascer de uma virgem e esta palavra tem um sentido muito maior do que o simples fato de não ter tido relações com ninguém, o termo virgem eleva-se ao patamar de imaculada, sem mancha, sem, pecado. Maria é preservada do pecado original para que possa receber em seu ventre puro aquele que é puro, ao ser concebido no ventre de Maria Jesus recebe os elementos físicos de Maria, mas também sua lama se une a dela num gesto de sublime amor, somente

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uma alma pura poderia suportar a pureza da alma de Jesus, qualquer outra não suportaria, assim como não suportaram seus discípulos na transfiguração.

Maria a mãe de Nosso Senhor, por excelência passa a receber o título de Nossa Senhora, a mãe de Deus. Por isto rezamos: “Ave Maria, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, pois bendito é o fruto do teu ventre, Jesus, Santa Maria mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte, Amem!”

Somos criticados por exaltar Maria além de Jesus, mas isto não é verdade, pois a Jesus toda honra e toda a glória, pelos séculos dos séculos amém, assim rezamos, na liturgia, e a Maria damos a honra devida e na exata medida de seu merecimento, pois ao honrar sua mãe Jesus com toda certeza será honrado. Se ao honrarmos seus mártires, Jesus é glorificado por seu testemunho, muito mais será glorificado quando honramos sua mãe.

“E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador. porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as

gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.(Lc. 1,46-55)

Maginificat, este é um dos mais belos cantos do novo testamento, que expressa aquilo que Jesus representa através de Maria, sua mãe, pois Jesus mesmo se auto denominou “servo” e Maria não foi diferente, a serva do Senhor, que se tornou a bem-aventurada entre todas as criaturas.

Maria declara que sua alma glorifica ao Senhor e o seu Espírito exulta de alegria, que palavras poderiam referenciar melhor o gozo do Céu, que palavras mostram melhor aquilo que é a missão do cristo, senão trazer o gozo do céu para ser vivido aqui na terra. Esperamos a morada definitiva e eterna, que o próprio Cristo anuncia, mas devemos

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trabalhar para construir o Reino aqui na Terra, “Novos Céus Nova Terra”.

“ Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. (Jo. 19,25-27)

Muitas vezes ouvimos falar dos irmãos de Jesus, desta passagem podemos tirar uma conclusão que faz cair por terra esta afirmação. Em primeiro lugar devemos conhecer um pouco sobre a doutrina judaica e seus costumes, para os judeus o sentido de família é muito forte e tem como base o patriarcado, onde há um patriarca da família e seus filhos vivem sob este mesmo lar, os filhos dos filhos, os netos, também são membros desta mesma família, e são chamados filhos, e irmãos entre si. Jesus ao adotar seus apóstolos como filhos do mesmo Pai (Deus), os declara irmãos, assim nós pela encarnação do Filho de Deus somos chamados a sermos irmãos, por isto muitas vezes os discípulos

se referiam aos parentes de Jesus como seus irmãos.

A prova mais forte deste fato é a passagem acima, pois era costume entre os judeus que o filho mais velho era responsável pela mãe viúva, assim Jesus assumiu sua mãe na morte de José, mas ao morrer deveria entregar sua mãe aos cuidados de um irmão mais novo, mas entrega-a a João, prova de que Jesus não possuía irmãos, caso em que os mesmos deveria ser responsáveis pela mãe, mas Maria não possuía outros filhos, por este motivo Jesus, tomado de compaixão e amor por sua mãe a entrega ao apóstolo que mais amava, João.

Por outro lado ao entregar-la nas mãos de João, entrega-a como mãe de todos os cristãos, Maria é mãe da Igreja, mãe dos católicos, mãe dos protestantes, aceitem eles ou não, e mãe de todos que acreditam em Cristo Jesus.

Maria como discípula de seu filho Jesus também é modelo de apostolado, esteve presente em Pentecostes, dando testemunho da fé em Cristo e da ressurreição de seu Filho. Maria também tem uma missão a frente desta Igreja que se inicia é Ela quem tem a função de educar na fé os primeiros cristãos, segura estes na oração constante e assim a

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Igreja nascente, recebe a força daquela que acompanhou os passos do crescimento de Jesus.

Aos pés da cruz, Maria recebe a espada da qual falava o profeta e inicia uma nova missão, de educar na fé a nova Igreja e acompanhá-la em seus crescimento. Após acompanhar o menino Deus desde o nascimento até a cruz ensinando-lhe os primeiros passos, as primeiras palavras, educando o filho de Deus, Maria agora tem a missão, dada pelo próprio Jesus de educar a estes missionários que formam a nova Igreja de Cristo Jesus. “Filho eis aí a tua mãe”, a palavra de Jesus não é uma palavra vazia, mas implica numa ação, “Lazaro sai do tumulo”, Lazaro sai, “Talita levanta”, e a menina levanta, “faça-se a luz” e a luz se fez, “seja curado”..., assim ao dizer; “mulher, eis aí o teu filho” acontece que Maria torna-se mãe da Igreja, e ao dizer: Filho, eis aí tua mãe”, acontece que a Igreja se torna filha de Maria. Não podemos negar este fato, portanto onde está a Igreja de Cristo, Maria estará presente sempre.

Devemos ter claro em nossa mente que a Redenção está ligada impreterivelmente a Encarnação, sem a Encarnação não haveria Redenção. A Igreja pede o dogma da Co-Redenção por Maria, mas ainda não houve um Papa que a

definisse, mas mesmo sem ser definida como dogma, podemos considerar esta possibilidade, pois sem o seus “sim”, seriamos criaturas destinadas ao inferno, por nossos pecados e nossa falta de amor, Maria é portanto a serva do Senhor, que aceitou a missão de ser mãe do Redentor e ter em seu seio o filho de Deus, mesmo que lhe custasse um preço muito alto.

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A SAGRADA TRADIÇÃO

É muito fácil se confundir com este termo, mesmo porque muitos o colocam como um empecilho para a fé, os adeptos do “Sola Scriptura”, tentam menosprezar a Sagrada Tradição, afirmando ser esta, uma invenção da Igreja para manipular a fé e impor seus dogmas, que não são confirmados na Sagrada Escritura. Tirando estes exemplos podemos facilmente no deixar levar por vãos pensamentos e erro contumaz.

A Sagrada Escritura nasceu da Sagrada tradição, pois no inicio o Evangelho era pregado de viva voz e assim propagou-se por toda parte. Ao contrário do que se pensa os preceitos de Jesus não estão totalmente consignados nos Evangelhos, pois não seria possível escrever num livro três anos de pregação curas e milagres operados por Jesus.

“Há muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam”(Jo 21,25).

Qualquer uma pessoa que tenha realmente um bom senso pode perceber que foram escritos nos Evangelhos tão somente aquilo que se achou fundamental para a vivencia da fé e que com o passar dos tempos correria riscos de se perder.

“ não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós e que vos afirmassem estar iminente o dia do Senhor.” (IITs 2,2)

Um dos motivos mais importantes para que os discípulos consignassem por escrito alguns dos ensinamentos de Cristo foi o perigo das heresias, assim com o escrito denominado Evangelho seria mais difícil a confusão com as dezenas de heresias proferidas na época dos apóstolos, mas o interessante é que nenhum apóstolo, exceto Matheus, se preocupou em escrever, esta necessidade só foi percebida mais tarde quando a pregação oral foi ameaçada pelas heresias. A tradição apostólica nada mais é do que a própria pregação dos apóstolos, é composta de dois

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elementos básicos a pregação oral e a Sagrada Escritura como conhecemos hoje, assim da Tradição nasce a Escritura e não o contrário.

“transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo” (CIC, 76)

O apóstolo Paulo deu muito mais instruções orais, do que as cartas que escreveu, prova disto são as comunidades que fundou, pois há algumas que não receberam cartas, e ele próprio declara que dera instruções a suas comunidades oralmente. Também declara que o que de nós ouviste por palavras confiai a homens de bem para que seja transmitido sem erros, assim podemos com muita clareza determinar a que a tradição é anterior ao Evangelho escrito.

“Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles transmitindo o seu próprio encargo de Magistério” (DV, 7).

“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa.”(IITs 2,1

A própria Escritura Sagrada atesta que há outras formas de Revelação e que nem tudo foi escrito, mas somente o essencial, mas isto não quer dizer que tenha sido o necessário, muitas outras coisas necessárias à salvação não foram escritas mas anunciadas a viva voz e praticadas na vida dos cristãos das primeira comunidades, assim podemos perceber a controvérsia a cerca do anuncio do Evangelho e sobretudo o valor da Sagrada Tradição.

Outro ponto não menos importante são os escritos da patrística, os padres da Igreja, homens escolhidos pelos apóstolos para serem seus sucessores que escreveram muitas instruções e normas para a igreja nascente e que não são parte da Sagrada Escritura. Não podemos desprezar ensinamentos como os de Santo Agostinho, por exemplo, o que ele escreveu serve como norma de conduta moral e doutrinas relevantes para a nossa fé, obras como o cidade de Deus, por exemplo, dão conta de ensinamentos profundos sobre a vida e morte,e muitos destes ensinamentos fazem parte da

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doutrina pregada em muitas escolas dominicais pelo Brasil e pelo mundo, sem mesmo se darem conta de se tratar de uma doutrina puramente católica retirada da Sagrada tradição, daí conclui-se que negam a Sagrada Tradição, mas a utilizam para seus ensinamentos.

Da Sagrada Tradição dos apóstolos saiu a Didaqué, ou o conhecido catecismo dos 12 apóstolos, soa normas ditadas pelos apóstolos ou por seus mais diretos sucessores e discípulos quanto a diversas práticas da Igreja, como batismo, Eucaristia, entre outras normas aceitas e praticada por muitos inimigos da Tradição. Veja um exemplo:

“Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito”(Didaqué XII, 7)

Não há nos evangelhos esta passagem, somente no antigo testamento, mas é uma orientação dos apóstolos, seguida à risca por muitos sem saber. Assim há diversas orientações extra-bíblicas que são seguidas por muitos sem que percebam que fazem parte da Sagrada Tradição.

A Sagrada Tradição não é, e nem poderia ser objeto de contradição com a Escritura, pois dela deriva, primeiro nasceu a pregação de viva voz e depois é que foi surgindo a Sagrada Escritura, mas sobre a formação da bíblia falarei mais adiante, apenas nos deteremos na Sagrada tradição neste momento. Percebemos então que não podemos negar que haja uma tradição que nos traz através dos séculos todos que devemos praticar enquanto meios de salvação para nossa alma.

A Sagrada Escritura da conta de que devemos celebrar a Eucaristia, a Santa Ceia do Senhor, pois assim Ele nos ordenou “fazei isto em memória de mim”, mas de que forma especifica devemos prepara esta celebração, com que elementos e com que frequência, como devemos fazer para que este gesto possa ser repetido e como fazer a memória do Senhor? Os evangelhos não falam como, as cartas de São Paulo nos dão algumas dicas, os Atos do Apóstolos também, mas muita coisa ainda é obscura, por isto que seguir somente a bíblia pode nos dar uma interpretação incompleta de como devemos fazer, os apóstolos faziam este ato com tanta freqüência e de forma tão natural que era desnecessário escrever uma bula para isto, por isto as citações nos escritos do Novo Testamento são tão

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vagos quanto a forma de se celebrar este mistério sagrado, mas a tradição guarda este preceito, que fora praticado por Jesus na véspera de sua morte e que deve ser praticado ao longo dos tempo até sua volta gloriosa. A Igreja sabe como deve celebrar este mistério, pois nela subsiste o Espírito Santo, que instrui a Igreja para como fazer. Toa liturgia da celebração deste insondável mistério esta contida no Novo Testamento, nas Cartas, Evangelhos e Apocalipse, mas a interpretação de como deve ser feita somente a Igreja possui, pois que nela subsiste a tradição apostólica que retirou dos escritos os elementos para cumprir este mandato tão precioso de Deus por meio de seu filho Jesus. Deste modo para aqueles que não aceitam a Sagrada Tradição como fonte também da Revelação de Deus, jamais vai aceitar a forma celebrativa praticada segundo os preceito dos apóstolos, pois por ignorarem as práticas litúrgicas, desconhecem a manifestação total de Deus, ficando com apenas um parte desta manifestação, por isto perdem a grande oportunidade de viver Deus por inteiro e contentam-se com uma parte de Deus, perdendo uma parcela importantíssima de revelação como fonte de vivencia da fé no dia a dia.

Devemos nos dar conta de que a fé deve ser vivida dia a dia, para isto há meios. Um destes meios é a oração, da qual Jesus nos fala no Evangelho, apresenta-nos o “Pai Nosso” que é senão a oração mais completa, mas deve brotar do coração e segundo Jesus a boca fala daquilo que o coração está cheio, para que nossa oração saia do coração devemos rezar com o coração e este deve estar em sintonia com Deus, senão estaremos apenas orando (falando) daquilo que esta cheio o nosso coração, se vazio, estamos orando nada, se tem ressentimentos, estamos orando ressentimentos e assim por diante, mas como fazer para nosso coração reze em vez de orar, veja que rezar denota algo como “estar contido”, como por exemplo: “no contrato reza que...”, “ na Lei reza que...”. Para rezar é preciso estar contido no coração, o pai nosso deve estar contido em noz e isto só acontece com a prática da oração (falar), mas falar não a formula, mas falar com Deus. A Sagrada Tradição nos ensina esta pratica que não se encontra na bíblia, é a “Liturgia das Horas”, ou “Santo oficio”, uma pratica de oração que se desenvolve durante as horas do dia, praticada pelos ministros ordenados, Bispos, Padres e Diáconos, vivencia esta que eleva a alma do orante até Deus e o transforma num homem com um

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coração cheio do amor de Deus e comunica este amor pela pratica da oração, assim pode rezar o “Pai Nosso” com o coração e não somente com os lábios.

Veja quanta riqueza guarda a Sagrada Tradição e muito mais ainda, podemos extrair desta maravilhosa herança de Jesus e de seus apóstolos.

Embora haja muitos entre gregos e bárbaros que afirmem possuir a verdade, depois que acreditamos que Cristo é o Filho de Deus, deixamos de procurá-la entre aqueles que a sustentam por meio de falsas opiniões, por nos termos persuadido que é do próprio Cristo que a devemos aprender. Já que muitos, porém, são os que consideram serem de Cristo e que, apesar disto, entre eles mesmos há quem pense diversamente dos que os antecederam, devemos observar a pregação da Igreja que nos foi transmitida pela ordem de sucessão desde os Apóstolos e que nela permanece até hoje, somente crendo naquela verdade que em nada discorde da tradição eclesiástica e apostólica.(De Principiis – Livro IV- Orígines)

“ Abandonemos, assim, as opiniões vazias e tolas, voltando-nos para agloriosa e santa regra da tradição. Vejamos o que é belo, agradável e aceito aos olhos daquele que nos criou. Fixemos a vista no sangue de Cristo e compreendamos o quanto é precioso aos olhos do Pai pois, derramando-o por nossa salvação, ofereceu-o ao mundo inteiro pela conversão. Percorramos todas as gerações e aprendamos que de geração em geração o Senhor deu possibilidade de conversão àqueles que a Ele quiseram retornar.”

( Clemente de Roma – Carta aos Corintios Cp VII – 2-5)

Com estes dois testemunhos de dois grandes nomes da Patrística, podemos avaliar o quão era importante aos primeiros cristãos seguir aquilo que disseram os apóstolos ainda que não sejam parte da Sagrada Escritura, ademais eles próprios no legaram grandes ensinamentos para nosso crescimento espiritual e condução da Igreja no caminho reto do Senhor, sabemos serem estes homens inspirados pelo Espírito Santo de Deus e guiados por este conduzem a Igreja de cristo pelos séculos afora, se podemos confiar em tão sábias palavras pois cremos

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serem inspiradas, devemos com igual confiança crer nas palavras do s homens de Deus que guiados pelo mesmo Espírito professaram os dogmas e ensinamentos mais recentemente e contudo também devemos dar o mesmo credito a nossos Bispos e no Papa que fala sob o influxo do mesmo Espírito e com a mesma caridade apostólica, diante da mesma sucessão, pois mesmo que estes homens, quanto à carne, sejam pecadores como nós, e assim também foram os apóstolos, pois Jesus não os preservou do pecado, mas apenas os instruiu a dele fugir, devemos colocar neles nossa confiança como em Jesus, pois estes homens são sobretudo e acima de qualquer coisa apóstolos de cristo por Ele nomeados, por meio do Espírito de verdade que habita na Igreja de Jesus.

Sentir esta presença de cristo em sua Igreja é senti-la na presença do irmão, ora se devemos sentir Deus emanado do irmão muito mais devemos sentir este poder emanar de nossos bispos, pois que foram escolhidos e preparados por Deus, para serem portadores da promessa anunciada por Jesus, “eis que estarei convosco, até a consumação dos tempos”. São os bispos nossos pastores, assim como Jesus é o pastor por excelência, nomeou 12 pastores para cuidar de seus rebanho e a um deles

deu o poder de guiar os demais, e estes por sua vez tem o poder de nos guiar rumo a cidade santa a Jerusalém Celeste, a casa cujo Deus preparou para todos e preparou em especial um lugar parta cada um de nós, portanto é na Tradição apostólica que se encontra toda essência dói Evangelho, escrito ou não, mas o Evangelho completo só se encontra na Tradição, e parte dele na Escritura, pois Jesus deu o que de mais relevante poderia dar o Espírito Santo para nos guiar. Assim não devemos temer quando estamos seguindo o que determina a Igreja, pois é o Espírito Santo quem por ela fala e este não pode errar, os homens erram , mas Deus não. Viva o evangelho como um todo e não apenas parte dele, viva o que os apóstolos disseram e não apenas o que uns pseudo-teólogos falam, assim viveremos sem medo do erro.

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O SAGRADO MAGISTÉRIO

Assim como a Sagrada tradição o Magistério da Igreja tem papel fundamental na condução dos fies, é por ele que damos nossos passo em direção ao perfeito, ao incorruptível, ao que jamais passará, a Cristo Jesus.

“Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade. Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós”(Mt 10,1.7.19-20)

Nosso Senhor nomeou dentre todos os seus discípulos, que eram muitos, doze para formar os colégio apostólico, ou seja, destacou uma equipe de homens que conferiu especiais poderes para irem

aonde Ele mesmo deveria ir, portanto são legítimos representantes de Jesus.

Neste ato Jesus prepara o que seria a sua Igreja, como ela se comportaria diante dos homens, Jesus, mesmo podendo estar em dois ou mais lugares ao mesmo tempo, estabelece representantes, também prefigura a hierarquia da Igreja, constituída pelos Bispos, que dirigem e governam a Igreja na terra. Jesus sabia que deveria se retirar para junto do Pai, mas deveria deixar o governo de sua Igreja a cargo de alguém em quem confiasse, e escolheu os que poderiam ser estes homens, deu-lhes o poder para este oficio e os enviou com o múnus de santificar, educar, e conduzir os fieis da sua igreja, assim formava-se o que hoje se denomina Magistério da Igreja.

A primeira manifestação desta autoridade de agir na pessoa de Cristo foi no ano 49, aproximadamente, onde acontece o primeiro concilio da Igreja.

“ Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão. Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que

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da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem.”(At.15,6-7)

Esta decisão tomada por Pedro diante dos apóstolos e anciãos denota a autoridade de Pedro diante dos demais apóstolos, mas que também havia uma discussão acerca de um tema importante, a circuncisão, para u judeu algo de suma importância e necessário para ser reconhecido como membro de um povo, mas outros de origem pagã não possuíam este conceito e achavam desnecessário esta pratica para cristãos, sabemos que Jesus foi circuncidado ao oitavo dia, se fosse o caso seria unânime entre os judeus que os pagãos ao ingressarem na religião cristã devessem ser circuncidados seguindo o que cristo fez, assim como ele mesmo foi batizado e declarou como condição necessária para salvação. Assim Pedro fala, não por si, mas por força do Espírito e aí é o próprio Jesus quem fala e diz que não é necessária a circuncisão, decisão que muito provavelmente Pedro não tomaria se falasse por si. Fica claro que o Magistério entrou em cena nesta passagem, os apóstolos e anciãos formam este colégio, como um congresso, mas quando não há consenso a decisão fina fica a cargo do líder.

A Igreja Católica possui este magistério que é o colégio formado pelos Cardeais, que são Bispos (apóstolos) e os bispos (Anciãos), que se reúnem de tempos em tempos para decidir sobre questões polemicas como esta. A esta reunião dá-se o nome de concilio ou sínodo dependendo da dimensão ou gravidade do assunto. Segue a Igreja o mesmo modelo adotado por Jesus e seus apóstolos, existem milhares de fiéis, e milhões de discípulos, mas quando deve-se decidir algo sobre a fé devem estes bispos se reunirem para decidir sobre estas questões.

Desde a fundação da Igreja por Jesus até os nossos dias já foram realizados 21 concílios, sendo o ultimo o Concilio Vaticano II. Não é isto que nos interessa dizer neste momento, são apenas dados técnicos, o que realmente nos importa falar é sobre a importância deste magistério para vida da Igreja, pois se não fosse este colégio organizado muito teria sido feito de errado na Igreja.Aqui gostaria de fazer um adendo, que acho relevante, pois há de se diferenciar os erros dos bispos e até dos Papas, do erro da igreja, esta última não erra, pois quem fala por ela é o próprio Deus, assim os erros cometidos pelos seus filhos não são erros da Igreja, pois são erros cometidos quando os

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homens querem fazer as coisas segundo a sua vontade e segundo um entendimento próprio. Muitas vezes acusam a Igreja de erros cometidos no passado, e sempre batem na mesma tecla, a Inquisição e as Cruzadas.

O objetivo desta pequena obra não é falar sobre estes assuntos, mas é necessário esclarecer alguns pontos no tocante infalibilidade da Igreja e do Papa. Veja por exemplo que acusam a Igreja de ter colocado em risco e levado a morte muitas pessoas e até crianças à morte por conta das cruzadas, mas pouco se fala do que realmente foram as cruzadas.

Desde a morte e ressurreição de Jesus Cristo, muitas foram as mortes e martírios em nome deste Jesus, acontece que uma das coisas mais preciosas para os cristãos era justamente o martírio, todos queriam morrer por Jesus, pois acredita-se, por tradição que a morte por martírio apaga todos os pecados e é porta direta para o céu, para a glória de Deus, assim muitos morreram em estado de contentamento diante da perseguição dos romanos. Quando os bárbaros dominaram a Terra Santa muitos acorriam até lá para fazer sua peregrinação e foram impedidos pelos mulçumanos que dominaram aquela região. Tomaram as igrejas locais e espalharam o terror, quem se declarasse cristão era

morto, degolado, isto nos primeiro séculos seria motivo de orgulho para os cristãos, mas na idade média assustava um pouco. Diante deste fato a Igreja convoca seus fieis para a libertação dos locais de culto cristão, das igrejas e locais sagrados onde Jesus passou, como o local de seu nascimento, morte, o monte da oliveiras entre outros. Para muitos era a oportunidade de morrer por Jesus, defendendo a fé, ou seja era a oportunidade do martírio. Assim se fez e realmente muitos morreram e ao final a guerra foi perdida, mas alguns lugares sagrados libertados, no entanto hoje o que podemos ver é uma grande mesquita mulçumana construída onde ficava o templo de Jerusalém. Se podemos hoje em dia chegar a este locais para rezar, e muitos vão, é graças as cruzadas, que pela morte de muitos libertou a Terra Santa, pelo menos em parte, da mão dos mulçumanos.

Muitos são ferrenhos quanto a acusação sobre a Inquisição, colocam inclusive a Igreja católica num tribunal inquisitor condenando-a sem julgamento. Colocar o dedo na ferida é muito gostoso, principalmente se a ferida está em outra pessoa. N a idade média aconteceu um fenômeno em que os feudos foram sendo substituídos pelos burgueses e com isto os reis começaram a perder autoridade e

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autonomia, com isto muitos deste emergentes acabavam por aparecer como ameaça ao governo dos reis, por outro lado também surgiam as heresias mais fortes contra a sã doutrina, havia sido introduzida no seio das comunidades européias as práticas de ocultismo, quiromancia, espiritismo, e alquimia. Os magos e bruxas se apresentavam como uma ameaça a fé, pois utilizavam-se de práticas abominadas pela bíblia e pela igeja, isto num período muito conturbado politicamente. Assim muitos reis se utilizaram da chamada pena capital para se livrar de seus inimigos políticos e pra dissipar revoltas em seus reinados de forma arbitraria e sem um justo julgamento, assim surge a inquisição que tem como foco maior amenizar estas atrocidades e colocar justiça neste atos, e criando então o tribunal do Santo Oficio, em que muitas destas pessoas acusadas eram interrogadas e se consideradas culpadas recebiam a pena capital, ou seja a pena de morte, que era aplicada pelo rei. Documentos recentes revelam que em casos raríssimos a pessoa era queimada, muitas vezes após sua execução por outro método, inúmeras vezes um boneco era posto na fogueira representando o condenado que recebia sua pena por guilhotina, ou machado, de todos os processos inquisitórios temos noticia de apenas 42

mortes por carbonização. Ao pedir desculpas pelos erros da Igreja, o Papa João Paulo II, não estava pedindo desculpas pelas cruzadas ou pela inquisição, mas pelas mortes de pessoas inocentes que os homens da igreja condenaram. Vale lembrar que as mortes realizadas na época eram legitimas como são as praticadas hoje. Há diversos países que praticam a pena de morte e há muitos que a desejam no Brasil. Para a época o crime de bruxaria era equivalente ao estupro seguido de morte, ou ao estupro de uma criança, era revoltante um crime contra Jesus.

São acusações que são tão infundadas que hoje em dia não se vêem mais, pois há registro da mais violenta ação inquisitória por parte dos protestantes no século XVI e XVII. O mais violento rei a e que mais atrocidades praticou foi o rei Frederico da Alemanha, que revoltado com a Igreja por impedir-lhe de cometer tantas atrocidades resolve acolher e apoiar Lutero e em seguida incita a revolta dos lavradores contra a igreja católica, gerando muitas mortes e destruição.

A Igreja não cometeu nenhum erro ao se lançar nestas empreitadas, talvez se ela não tivesse intervindo a catástrofe teria sido muito pior.

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Fiz este adendo porque aos olhos de muitos a igreja errou, no entanto devemos reconhecer que houve erro sim, no que diz respeito a humanidade, pois quando os bispos em vez de estarem cuidando do povo se meteram em associar a Igreja ao governo erraram feio, pois decidiram sobre assuntos seculares e aí o erro foi fatal, mas não atingiu a Igreja, pois esta está acima de qualquer erro humano, pois é diletíssima esposa do cordeiro, incólume, sem m mácula, assim é a Igreja, que é sim formada por homens pecadores e sem fé, mas acima de tudo vive pelo Espírito Santo, por isto quem nela ingressar terá como garantia a Salvação, ainda que veja nela muitos erros humanos.

O magistério tem como principal função determinar que tipo de doutrina poderá leva-loa salvação ou condenação, é tão necessário a Igreja como é a Sagrada Escritura, assim sendo tem o mesmo peso da tradição e da Escritura, pois se a Escritura foi escrita por homens inspirados pelo Espírito Santo, somente outros homens inspirados tem o poder para interpretá-las. Uma das funções do magistério é justamente orientar o povo quanto a verdade do Evangelho, dando a interpretação com base na tradição apostólica. Podemos concluir que as três devem completar-se mutuamente e uma e

necessária a outra, isoladas quaisquer uma das três não tem força em si mesmo, portanto fica aqui um alerta, sem a Igreja a bíblia é só mais um livro de difícil compreensão, mas a luz da Igreja é fonte de salvação. Não se deixe levar por vãs filosofias, pois tudo que contém a Sagrada Escritura vem da tradição e foi definido pelo Magistério, que falarei mais adiante na composição da bíblia, mas uma coisa é certa: quem disse que o Evangelho é verdadeiramente a palavra de Cristo? O Magistério da Igreja!

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A SAGRADA ESCRITURA

Não resta dúvida que este assunto vai ser um dos mais interessantes, pois vamos falar da fonte de nossa fé. Deus, ao criar o homem quis manter contato com ele e este contato se deu diretamente, no entanto ao desobedecer o homem içou privado deste contato com Deus, mas Deus não lhe virou as costas traçou logo um plano de salvação e quis que o homem não só participasse mas também o conhecesse. Aos poucos Deus vai educando o homem para receber aquilo que seria o ápice de toda a criação a participação do homem na sua divindade.

Deus vai em primeiro lugar se deixar conhecer, se apresenta como um Deus único e poderoso que o criou e o formou como um povo consagrado para Ele, ma ainda fala diretamente ao homem, fala com Abrão e o transforma em Abraão, fala a Moisés e a Arão, mas chega um momento que Deus não consegue mais falara ao homem devido a seu pecado e a seu afastamento e assim passa a falar ao povo por meio dos profetas.

No inicio Deus se apresenta ao homem e este faz uma experiência profunda deste amor, nesta

troca Deus vai revelando ao homem quem Ele é e o que faz dEle tão especial, desta experiência brota um novo modo de viver e se abre uma nova perspecitiva de salvação para a humanidade, assim este homem que viveu esta experiência, passa a querer que outros possam ter o mesmo contato que ele teve e propaga esta vivencia, as vezes isoladamente, as vezes em grupos, daí passa a formar um costume a ser guardado pelo homem. Em dado momento este homem se vê impelido a registrar esta experiência vivida com Deus para que outro possam vive-la também, assim surgem os primeiro escritos da Sagrada Escritura. A bíblia não é um ditado de Deus para que alguém escreva algo que Deus quer, mas é antes de tudo um experimento do amor de Deus e assim sucede um desejo de registrar o que é feito sob o influxo do Espírito, mas sobretudo com a plena consciência do autor humano.

Provavelmente o primeiro escrito surge cerca de 1200 anos depois de Abraão, ou seja no tempo de Moisés, o Pentateuco, ou seja os cinco primeiros livros da bíblia só começaram a ser escritos nesta época e por quatro grupos diferentes espalhados por diversos locais, que depois foi compilado, ou seja juntado em um só.

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A estes se somaram os livros históricos, os profetas, os sapienciais e por fim o Novo testamento.

Em primeiro lugar devemos ter em mente, e isto é muito importante, que a bíblia foi gerada no ceio da Igreja e não o contrário, senão cairemos no erro de achar que da Sagrada Escritura nasce a Igreja e não foi assim que aconteceu.

Vamos falar da Sagrada Escritura em duas partes, Antigo e Novo Testamentos, no AT, podemos perceber que a Igreja se desenha a partir da Eleição do povo em Abraão, mas os registros destes fatos e atos só aconteceu após a libertação do Egito, ou seja em Moisés, até pouco tempo atrás se atribuía a Moisés a autoria do Pentateuco, ou seja os cinco primeiro livros da bíblia, mas uma teoria mais moderna revela que houveram quatro registros diferentes destes acontecimentos e que foram escritos em locais diferentes. Isto ocorreu com uma dispersão dos hebreus no primeiro exílio, preocupados em manter as tradições os grupos de escribas registraram todos os acontecimentos que conheciam pela tradição hebraica, foram quatro grupos diferenciados, os Javistas , os Eloistas, os Deuteronomistas e por fim os Sacerdotais, cada um destes grupos ou escolas foram influenciadas por costumes pessoais, assim surgem elementos

diferenciados em cada tradição, mas no contexto geral as obras se identificam uma com as outras, e que mais tarde foram fundidas num bloco único. É interessante destacar que existem elementos idênticos nas quatro obras, que na fusão fora preservado, assim podemos, nestes livros identificar repetições de narrativas, mas por outro lado podemos também identificar os elementos peculiares de cada uma destas escolas, por exemplo a Javista trata Deus pelo nome de Javé, ao passo que a Eloista O trata por Heloin, outro exemplo desta distinção é que o Deuteronimista propõe traços de que a recompensa virá pela prática de boas obras, e assim por diante.

Traçamos eles elementos para que tenhamos bem claro de que a Sagrada Escritura veio com a construção da Igreja. Abraão é escolhido e aí nasce a Igreja, pois se a Igreja é formada pelo povo de Deus, este povo se inicia neste homem, assim podemos destacar que muito antes dos relatos escritos já havia a formação da Igreja, neste caso a antiga aliança que dará origem a Jerusalém e o Templo Sagrado. Desta forma podemos entender porque a Tradição é tão importante e respeitada, porque é dela que nascem a Igreja, em primeiro lugar e depois a Bíblia.

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Moisés chega a terra prometida, este ato não significa apenas a tomada de uma terra, ou retomada da terra dada a Abraão, mas tem um significado místico, pois remete a localização geográfica do templo, assim podemos identificar tanto o local para a sobrevivência e felicidade do povo de forma material como também espiritual, nas CE a Igreja que tem seu lado espiritual muito fortemente traçado, mas que também tem um lado material também muito forte na vivencia das praticas religiosas.

A Sagrada Escritura, retoma este laço impenetrável criado entre Deus e se povo, a aliança do Sinai, sinal da presença de Deus em um local de adoração e oferta, mas também sinal de união material do povo com seus Deus e consigo mesmo, assim é a Igreja, portanto podemos concluir que a Sagrada Escritura na Antiga Aliança, não só registra esta união narrando os fatos acontecidos com o povo, mas também estabelece uma norma que era já praticada há muito pelos hebreus, apenas foi registrada. Não podemos deixar de destacar que não foi somente isto, mas a Sagrada Escritura também é uma Revelação de Deus, assim associada aos fatos ocorridos, Deus manifesta seu poder e sua vontade ao povo, que vai aceitando estas revelações e as vivendo no seu dia a dia, e assim estabelece com

Deus uma experiência de amor e vida, que após registrada torna-se Revelação para a experiência pessoal de homens que viverão no futuro esta mesma experiência de vida e santidade.

Não foi a Sagrada Escritura que levou o homem a uma experiência de Deus, mas foi a experiência de Deus que o levou a composição da Sagrada Escritura, todavia nós que viemos após experimentamos Deus através da Sagrada Escritura, que são experiências verdadeiras e atemporal, ou seja, não tem tempo, servem para qualquer pessoa e a qualquer momento.

Acontece que no decurso da história, muitos escritos foram feitos, e muitas vezes não eram inspirados, o povo hebreu teve que ter muita cautela na hora de classificar estes escritos e o fez por meio de critérios rigorosos e nestes critérios foram delimitados os escritos considerados canônicos, deutero-canônicos e os apócrifos. Durante todo período de formação do Antigo Testamento foram definidos os livros da seguinte forma: Lei ou Torá, Profetas e Sapienciais.

Mais tarde o Rei Ptolomeu II, querendo possuir um exemplar em grego das Escrituras Sagradas em sua biblioteca, convoca 72 escribas, sendo seis de cada uma das tribos de Israel para produzirem um

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exemplar fidelíssimo da Escritura, assim foi elaborada a conhecidíssima obra dos setenta, ou alexandrina. Esta obra tornou-se a Escritura mais utilizada, pois foi traduzida para o grego. Esta tradução foi utilizada por Jesus e seus discípulos e após sua morte utilizada pelos Apóstolos e delas originou o que conhecemos como Novo testamentos, ou seja, os escritos dos apóstolos e os Evangelhos. Já na era cristã, os Rabinos Judeus, estabeleceram uma nova regra, ainda mais rigorosa para estabelecer o Canon das Sagradas Escrituras, foi na cidade de Jamnia, onde se reuniram um grupo de rabinos para este fim, como os cristãos já utilizavam as Escrituras Sagradas na versão septuaginta, ou dos setenta, e já começavam a circular os primeiros escritos apostólicos e muitos judeus piedosos estavam aderindo a nova religião, ou seja o cristianismo, estes rabinos decidiram por em “cheque” a credibilidade da doutrina cristã, e assim definiram elementos que classificassem como canônicas as Escrituras, e utilizaram como parâmetro outra versão das escrituras, a versão hebraica, mais antiga que depunhas sete livros da lista canônica.

Os livros postos de lado foram chamados de apócrifos, mas para os apóstolos era necessário

utilizar a bíblia completa e passaram a adotar a septuaginta, entretanto muitos judeus, mesmo convertido, passaram a utilizar o texto hebraico, e assim na igreja foram usados ambas as traduções, entretanto em matéria de doutrina e liturgia o texto utilizado sempre foi a tradução dos setenta, e assim, com base neste texto é que foram elaborados e redigidos os evangelhos e as cartas de Paulo, e demais apóstolos, poiis tinham como canônicos todos os livros. Durante muito tempo na Igreja nunca houve discussão acerca da autenticidade destes escritos, mas com o advento da “reforma protestantes”, este aderiram o texto hebreu, o que causou dúvidas dentro da Igreja, no concilio de Nicéia esta questão foi definitivamente definida e foi declarado que a septuaginta era a versão adotada pela Igreja, no entanto não foi descartada a versão hebraica, mas oficialmente a Sagrada Escritura usada na Igreja é a Septuaginta.

A Igreja chegou a esta conclusão a partir dos textos usados pelos Apóstolos e sobretudo que das 350 citações feitas por Jesus do Antigo Testamento pelo menos 300 foram tiradas da Septuaginta, assim ficou definido o Canon das Escrituras. Outro ponto que cabe ressaltar é que na formação deste Canon

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foram suprimidos diversos livros apócrifos atribuídos a Moisés e outros profetas.

Com relação ao Novo Testamento aconteceu coisa semelhante, pois os escritos só começaram a surgir após certo tempo da morte e ressurreição de Jesus Cristo. No inicio a pregação era feita a viva voz, até que começaram a serem escritas algumas cartas, inicialmente por Paulo e depois surgiram os Evangelhos, daí é interessante destacar que o processo foi o mesmo, pois a Igreja definitiva de Cristo foi fundada na pessoa de Pedro, assim como a foi em Abraão, mas somente depois das experiências vividas pelos apóstolos é que começaram a surgir as primeiras pregações, sobretudo na experiência vivida em pentecostes, assim que o Espírito Santo foi derramado os apóstolos começaram a pregar e formar as primeiras comunidades cristãs. No inicio, as pregações eram transmitidas com fidelidade, mas com o passar do tempo novas doutrinas foram sendo introduzidas as pregações e muitas delas heréticas, era natural que a pregação produzisse efeitos naqueles que viviam tal experiência e o Espírito Santo instruíra aqueles homens a como celebrar com maior vigor os mistérios da redenção, no entanto até mesmo entre os membros da Igreja Nascente haviam enganos,

neste sentido Paulo inicia um processo de instrução por carta e pessoalmente, mas as carta serviram como documento, ou seja dava maior credibilidade para serem anunciados dentre os novos cristãos e na difusão de novas comunidades. As cartas de Paulo e as cartas Católicas foram muito úteis na difusão do Evangelho, mesmo porque os destinatários delas a utilizavam na formação de novas comunidades, era evidente que muito mais crédito teria uma carta autentica de Paulo, Pedro Tiago, do que um pregação baseada apenas na pregação oral, entretanto esta medida não foi de todo segura, pois mesmo assim foram introduzidos escritos não autênticos para serem lidos nas comunidade como se autênticos fossem.

Na construção daquilo que conhecemos como Novo Testamento, houve muito tormento, pois as disputas eram evidentes para que se infiltrassem doutrinas heréticas em meio a Sagrada Escritura. Foi no Concilio de Catargo que se definiu que escritos fariam parte desta obra canônica. A luz do Espírito Santo os bispos definiram o Canon que conhecemos hoje. Não obstante a todos estes acontecimentos podemos ter como certo que aquilo que nos legou a Igreja Católica Apostólica Romana é de fato a verdade revelada, veja que aqueles que negam a

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Igreja não podem negar que foi ela quem guardou o deposito da fé até hoje e que ela mesma determinou quais livros deviam fazer parte do Novo Testamento, pois por ocasião do Concilio haviam 32 Evangelhos, e até hoje ainda surgem novos escritos se dizendo canônicos, como é o caso recente do surgimento do Evangelho de Judas. Daí pergunto, se a Igreja não tivesse tomado as devidas precauções, o que teria acontecido? E se a Igreja não fosse asssitida pelo Espírito Santo, teria ela o poder de definir quais Evangelhos eram inspirados e verdadeiros e quais eram falsos. E o Evangelho de Tiago, porque foi considerado apócrifo e sua carta não? A Igreja tem a sabedoria do Espírito Santo para avaliar estas questões que não teria se não fosse a Igreja verdadeira de Jesus, pense nisto. Viver somente pelo que está escrito na Bíblia é muito bom, mas melhor é viver sob o norte daquela que gerou a Bíblia em seu seio, a Igreja Católica Apostólica Romana.

A doutrina “sola scriptura” atesta veemente que somente a Bíblia contem a revelação divina e deve ser exclusiva norma de conduta moral e religiosa. Concordo com esta afirmação, porém não considera a Sagrada Escritura como única e exclusiva fonte de conduta moral e religiosa, porque ela mesma atesta

que não possui toda verdade revelada, assim também manda o bom senso que avaliemos a trajetória de sua construção e poderemos perceber que ela emana de dentro para fora, se adotarmos esta doutrina como verdadeira estaremos dando aos mulçumanos um crédito inviolável ao Alcorão, que é uma espécie de bíblia, só que segundo a doutrina, Maomé recebeu estes escritos das mãos do anjo Gabriel, e é exclusiva fonte de doutrina para eles. Sabemos portanto que sua praticas não são assim tão louváveis, sobretudo quando se trata de exterminar cristãos e judeus. A Escritura Sagrada, da qual tiramos nossa norma de fé deve ser sempre acompanhada da tradição apostólica, pois assim poderemos avaliar sob que aspectos devemos aplicá-la e em que contexto se aplica esta ou aquela norma. Veja que os escritos surgiram não como uma receita de bolo, mas de experiências verdadeiras com Deus e no Novo Testamento de experiências verdadeiras com Jesus vivo e depois dele ressuscitado, é nesta experiência que devemos nos ater e ter como regra a vivencia e experimentação do que se encontra escrito. Ler a palavra sem experimentá-la no dia a dia e como chegar a beira de uma mesa farta e não comer apenas olhar, foi o que aconteceu com a Igreja, após cear com cristo Jesus

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escreveu o quão maravilhoso é esta experiência, há portanto os que ouvem esta palavra e vão cear com Cristo e o que ouvem a palavra e ficam à beira da mesa, estão vendo e ouvindo todo banquete mas não participam porque não reconhecem a mesa como a mesa de Cristo, vêem apenas a palavra mas não vêem quem lhes deu a palavra.

Somos felizes, porque somos convidados para ceia do Senhor e assentamos à mesa e com Ele comemos e nos fartamos, enquanto muitos apenas olham ou bem a beira da mesa, ou pela janela.

AS IMAGENS SACRAS

Uma das maiores perseguições que a Igreja católica sofre é com relação as imagens, pois muitos nos acusam de idolatria, este fato podemos observar por parte dos protestantes, pois outras religiões não vêem o uso de imagens como idolatria. As pessoas que possuem um bom senso sabem que qualquer imagem é mera representação de algo ou alguém, podemos observar este fato de muitas e variadas formas no nosso dia a dia, mesmo aqueles que nos acusam de idolatria, utilizam estas imagens, até mesmo em seus cultos, sem contudo perceber. Somos humanos, criados a imagem e semelhança de Deus, a imagem aparece desde muito cedo na Sagrada Escritura, para dizer que somos como Ele, Deus nos fala que somos Sua “imagem”, não somos uma estátua, nem um ídolo, “mas somos a imagem de Deus”, Jesus também responde a Felipe, “quem me viu, viu ao Pai”, portanto Jesus afirma ser a “imagem” do Pai. Fica claro que a imagem, é a reprodução de algo ou alguém, mais ainda, pode se a representação de um fato ou de algo que se quer lembrar, por isto, nossos ancestrais fizeram imagens de atividades cotidianas, como a caça, por exemplo, registradas nas cavernas e conhecidas como

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“pinturas rupestres”, esta pratica estava ligada ao registro de como estes homens sobreviviam, é através dela que podemos reconstituir um tempo passado. Os egípcios criaram os hieróglifos, imagens de animais, flores e outros símbolos, que representavam o meio de comunicação daquela civilização, assim também este povo, deixou pinturas de fatos cotidianos, em especial suas crenças e costumes ligados a religiosidade, tal acervo pôde levar o homem moderno a um conhecimento das praticas, cotidianas e religiosas daquela civilização.Deus não esperava que o ser humano pudesse entender todo mistério da salvação apenas pelas explicações literárias, Deus se comunica com o homem pela linguagem do homem, assim utiliza o homem todo, seus sentidos todos e um das maiores percepções do ser humano é justamente pela visão, isto pode muito bem ser percebido pela sobreposição fantástica que teve a televisão sobre o rádio, as propagandas espalhadas pelo mundo dão conta de nos tocar profundamente através das imagens, as mulheres sempre seduziram o homem através de sua imagem. Se dermos uma bela olhada a nossa volta veremos que estamos repletos de imagens, que nos seduzem dia a dia para as compras, para o consumo e para o prazer, seja licito ou ilícito. Que de

nós não aprecia um bom filme, que de nós não se encanta com uma imagem de um bosque ou de uma praia, que não se sente profundamente tomado de emoção ao contemplar a imagem de uma criança em uma fotografia com os olhos fixos em nós? A natureza todos os dias nos apresenta belíssimas imagens, são beija-flores, borboletas, flores magníficas, arvores estrondosas, o mar quando quebra na praia, o vôo da gaivota, o sol que nasce e se põe num maravilhoso espetáculo diante de nossos olhos, a chuva que cai sobre as plantas fazendo parecer um verdadeiro balé, e assim por diante temos diante de nossos olhos maravilhoso espetáculo de imagens criadas por Deus para expressar sua presença na criação. A comunicação de Deus com sua criatura se dá de forma tão absoluta e sublime, que não ousamos duvidar da obra de Deus a nossa volta, e assim Deus vai se comunicando conosco através das imagens, que são senão a representação do próprio Deus, de sua bondade caridade e amor eterno.A comunicação por imagens é feita de Deus para com o homem, mas também do homem para com Deus e para com ele mesmo. Quando homem que expressar sua pequenez diante daquilo que acredita ser o criador eleva um grandioso templo a este

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senhor, mesmo equivocado eleva de forma suntuosa o seu clamor a sua divindade, foi assim com os egípcios, persas, romanos, e todo povo pagão da antiguidade. O que este povo vez foi tentar uma comunicação com sua divindade, infelizmente esta divindade não existe por isto não pode responder, mas também os homens santos elevaram seu coração e demonstraram sua devoção ao Deus verdadeiro através de representações, de imagens. Micas teve em sua casa um ídolo feito de prata, que era adorado, este ídolo foi levado pela tribo de Dã pra Betel, isto para representar a divindade do Senhor dos Exércitos. o homem tenta se comunicar com Deus mostrando uma devoção a Ele através da representação deste, imitando os povos pagãos, mas Deus aceita tal devoção a Bíblia nos relata isto. O homem também se comunica entre si, e uma das mais importantes formas de comunicação entre os homens são os desenhos de imagens que representam alguma atividade, assim podem se fazer entender uns pelos outros, estas figuras foram ao longo do tempo sendo substituídas pela escrita, uma imagem bem mais simples e com muito mais significado.Deus comunica sua obra, seu poder e sua ação pelas imagens, os querubins sobre a Arca da

Aliança, a serpente de bronze, as imagens de animais nas cortinas do templo, etc.A imagem pode ou não ser representada em material palpável, madeira, gesso, telas, pedras, tábuas entre outras, ela pode também ser estampada apenas em nossa mente, como é o caso da leitura do Apocalipse, são tantas imagens que Deus nos apresenta que acabam até levando muitos ao devaneio. Os cavalos, o fogo etc, nos remete a uma enxurrada de idéias, as parábolas de Jesus são outro exemplo claro de imagens intangíveis, mas reais para ilustrar uma verdade.Desde o inicio os cristãos dos primeiros momentos se utilizavam das imagens, há muitos registros fotográficos destas imagens em catacumbas que representam a devoção dos primeiros cristãos, inclusive imagem de santos, de Jesus, de Maria, enfim estes seguidores de Jesus sabiam bem o valor das imagens, pois como se diz no dito popular “uma imagem vale mais que mil palavras”.Outra forma de imagem muito utilizada na Igreja é o testemunho, certa vez São Francisco de Assis, convidou seus confrades para evangelizar a cidade, após horas de caminhada retornaram para casa e um de seus confrades o questiona, - Francisco, quando sairemos para evangelizar, e este respondeu

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já o fizemos, com a nossa presença e nosso testemunho.É com esta tradição, que a Igreja ornamenta seus templos com as imagens dos Santos, de Jesus, da Virgem Maria, Anjos, não com o objetivo de adora-los, mas sobretudo para lembramos de que estes foram homens e mulheres de fé que devemos nos espelhar neles.Há um relato no livro de Eusébio de Cesaréia, historiador da Igreja, que revela que fora construída uma estátua da mulher que Jesus curara de uma hemorragia de 12 anos. A Imagem desta mulher era tida como um símbolo do poder de Jesus, para que todos lembrassem deste milagre.Certa vez uma senhora, vendo que seu visinho, um jovem adolescente tinha as paredes de seu quarto coberta por fotos de mulheres nuas em atitudes de depravação e muito sexo retratado naquelas paredes, teve uma inspiração e deu ao rapaz um pôster de Jesus Cristo jovem, um postes deste bem grandes. O jovem ficou muito contente em receber aquele pôster e foi logo colocá-lo em seu quarto, mas a pornografia era tanta que não achava um local para colar o pôster, Jesus não ficaria bem naquele ambiente, daí resolveu retirar todas as outras fotos para colocar o pôster do Cristo jovem. Assim

podemos concluir que as imagens não fazem nenhum mal quando tem um verdadeiro sentido pedagógico e devocional.Deus proibiu o uso de imagens, devido a idolatria do povo e não pelo que a imagem representa, pois ela é apenas uma forma de comunicar algo maior e verdadeiro. Não acredito que nenhum católico, por mais humilde e desinformado que seja, possa confundir uma fotografia de um familiar com a pessoa deste, é impossível ver uma pessoa beijar e abraçar uma fotografia pensando ser a própria pessoa. Assim também é impossível ver um católico adorando uma imagem pensando ser ela o próprio Cristo.

Quem não se encanta com um quadro de Van Gog, pintor expressionista que retrata com fidelidade de detalhes as mais belas paisagens. Quem não se coloca naquele local retratado, ao contemplar uma paisagem? As imagens retratados pelo artista são tão impressionantes que estas valem milhões.

Outro artista que podemos citar é o polemico Da Vince, que belas obras fez este pintor? Que belíssimas pinturas sacras, duas das mais famosas é a Santa Ceia e a Monaliza, seriam objeto de Idolatria?

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Esta questão de imagens, não coloca muita dificuldade, pois apenas uma parcela de pessoas insistem neste absurdo, já a grande maioria nem sequer toca no assunto, mas inda assim há muitos de nossos irmãos católicos que se vêem ameaçados por este argumento.

Voltando ao ponto acima podemos perceber uma falta de esclarecimento acerca da diferença entre imagem e ídolo, a primeira parece muito clara, são representações de algo ou alguém, já a segunda podemos aprofundar um pouco mais, pelo fato de causar muita confusão.

Gostaria de abrir um parêntese para fazer um questionamento, será que uma pessoa em sã consciência, seja ela católica ou não poderia imaginar que uma fotografia é uma pessoa de verdade? Há relatos de que os índios africanos temiam que uma fotografia pudesse aprisionar sua alma, porque aprisionavam a sua imagem, isto quando foi criada a maquina fotográfica. Já as pessoas civilizadas usam os retratos mesmo antes da máquina ser inventada, é assim que podemos saber como era o rosto de alguns vultos da nossa história. Por exemplo, sabemos como era o rosto de D. Pedro I, Duque de Caxias e outros, graças ao retrato pintado e bustos esculpidos, imagens destes

homens valorosos que devem ser lembrados e homenageados por seus feitos, mas nunca se cogitou a adoração ao Imperador do Brasil através de sua imagem.

A Igreja adotou as imagens, que tem um termo chamado iconografia, que significa a grafia de ícones. Que são ícones? Quem lida com computadores sabe muito bem o que é um ícone, é uma representação na tela do computador que ao ser “clicado” leva a abertura de uma janela ou programa, geralmente representado por uma figura que revele o programa que irá abrir.

A iconografia na Igreja tem um sentido, e uma justificativa, as imagens ou ícones são na verdade representações de pessoas, ou situações que revelam para nós o Evangelho de Cristo. Um destes ícones mais famosos é a “Santa Ceia” de Da Vince, que revela uma ação praticada por Jesus, junto com seus apóstolos, descrita no Evangelho. Assim seguindo a tradição dos apóstolos a Igreja revela o Evangelho de Jesus Cristo, através das imagens. Também foi adotada pela Igreja a veneração a imagens dos santos e de Nossa Senhora, como tradição dos primeiros cristãos que retratavam estas figuras nas catacumbas onde era celebrada a Eucaristia. As imagens de Jesus, Maria, dos Santos,

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sempre foram objeto de veneração nas catacumbas, e com a liberdade de culto e a construção dos templos esta pratica foi sendo transferida para lá, é comum a imagem do Santo padroeiro ser colocado no templo a ele dedicado.

Esta pratica está ligada intimamente a construção do templo narrado no êxodo.

A EUCARISTIA

“Ele respondeu: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando uma bilha de água; segui-o até a casa em que ele entrar, e direis ao dono da casa: O Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos? Ele vos mostrará no andar superior uma grande sala mobiliada, e ali fazei os preparativos. Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa. Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos. Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer. Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus. Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu

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sangue, que é derramado por vós...”(Lc 22, 10-20)

Jesus ordena a seus discípulos que preparem o local para a celebração da Páscoa, que para os judeus era a festa mais importante de todo calendário judeu, Jesus como bom judeu, obediente aos preceitos “deseja ardentemente comer esta páscoa”, é um desejo que ardia seu coração porque sabia que este ato seria o mais importante de toda sua missão, ou seja, Jesus estava prestes a encerrar sua missão terrena e estava próxima a sua ida definitiva para junto do Pai, sabia que deveria cumprir aquilo que Deus havia prescrito como instituição perpétua, Jesus jamais ignoraria um preceito tão importante. A páscoa judaica era marcada pela memória da libertação do Egito e ao mesmo tempo era também marcada pela imolação do cordeiro em expiação dos pecados, assim Jesus de um modo especial, sabendo ser Ele mesmo o cordeiro pascal, deveria estar com seus discípulos para que se cumprisse definitivamente o sacrifício pascal, e também deveria introduzir seus discípulos como ministros de sua própria páscoa. Quero dizer com isto que de duas formas Jesus marca este momento que será o ápice

de toda sua missão, ou seja Ele consumará toda sua ação evangelizadora com sua própria páscoa, de um lado temos os pães ázimos, que representa a principal fonte de alimento do povo hebreu, mas que também representa o maná que foi dado do céu e que alimentou todo povo durante 40 anos, por outro lado existe o cordeiro imolado que representa o sacrifício do povo. Sendo Jesus o pão da vida e o cordeiro de Deus, une em si estes dois símbolos e os transforma em um novo efeito a Eucaristia. Veja no texto acima o que fala Jesus “Não tornareis a come-la até que ela se cumpra no Reino de Deus”, Jesus revela que esta páscoa se cumprirá no Reino, ou seja Ele mesmo é a páscoa, pois ela se cumpriu no Reino com sua morte e ressurreição, quando o cordeiro chegou ao céu imolado. “Não tornarei a beber do fruto da videira até que venha o Reino”, neste trecho Jesus refere-se a sua ressurreição, onde o reino de Deus estará presente entre nós, é também podemos fazer alusão ao evento de pentecostes, onde os apóstolos recebem o poder do alto. Jesus continua “Isto é o meu corpo... isto é o meu sangue”. Quando Jesus fala aos apóstolos reunidos, estas palavras, fica tudo muito claro, porque Ele já havia falado sobre o que significava ser o pão, o seu corpo, que deveriam comer da sua

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carne e beber do seu sangue, neste momento a palavra de Jesus e eficaz e realmente os apóstolos entendem o pão partido é o corpo de Jesus e o vinho partilhado é seu sangue, não há dúvidas. É válido perceber que sempre que Jesus propunha uma situação de difícil entendimento os apóstolos o questionavam e Ele com paciência que explicava tudo a eles, mas neste caso não há duvida, todos entendem muito bem o sentido do pão e do vinho, do corpo e sangue de Jesus, pois já haviam participado do discurso do pão da vida. Mais adiante Jesus lava os pés dos apóstolos, Pedro logo se acha indigno, e replica, mas Jesus explica o significado daquele gesto, assim podemos concluir que não havia realmente necessidade de explicação sobre a Eucaristia, era de fato o corpo e o sangue de Jesus que estava sendo partilhado por ele próprio naquela mesa, e instituía-os como ministros para executar aquele ato recomendando-lhes que somente voltassem a comer a Eucaristia após sua ressurreição.

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. A essas palavras, os

judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.”(Jo 6,51-58)

Não há duvida, por isto os apóstolos não questionaram Jesus quanto ao comer sua carne, pois sabiam que iriam come-la por meio do pão Eucarístico transformado em seu corpo, Jesus não deixa dúvidas repete várias vezes “comer a minha

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carne e beber o meu sangue”. A Eucaristia não é um simples partir do pão, é a páscoa de Jesus, veja que a páscoa para os judeu tem uma importância muito grande, veja também que o milagre do maná era também muito importante para a cultura judia, o pão que alimentou o povo no deserto, tinha o gosto de torta de mel, já o pão que vai nos alimentar tem para Jesus o gosto da morte e para nós o gosto de sua vitória, de sua ressurreição, é algo muito forte, Jesus escolhe a festa mais importante e mais significativa para realizar a sua mais importante e significativa obra. Jesus fez muitos milagres, transformou a água em vinho, fez lázaro ressuscitar, andou sobre as águas, acalmou a tempestade, poderia se quisesse transformar as pedras em pão, como propôs o demônio, porque não poderia dar seu corpo a comer em forma de pão? Como não acreditar em tais palavras? As palavras de Jesus são eficazes, quando falou ao cego “sede curado”, ele foi, quando disse a Lazaro, sai do tumulo, ele saiu, Jesus é o logos, o verbo encarnado, prova da eficiência de sua palavra é que ele mesmo é a palavra.

Quando Jesus diz sou a luz do mundo, ele realmente é, pois mostrou ser luz quando se transfigurou no monte, quando diz ser o caminho realmente o é, pois um caminho não é só uma

estrada uma rua, mas é sobretudo algo que leva a algum lugar e Jesus nos leva a eternidade, quando diz ser a porta realmente o é, pois o sentido de porta é passagem e não uma caixa de madeira é por meio dEle que entramos no Céu, portanto quando diz eu sou o pão realmente o é, pois que pão é alimento e seu corpo é alimento de vida e santidade, cura liberta, porque é Ele mesmo ressuscitado que se encontra no pão. Muitos não conseguem compreender este tão grandioso mistério, porque não conseguem supor, por meio da razão tal fenômeno, mas acreditam estar diante de Jesus em Espírito, há então uma grande confusão, porque Jesus não é espírito, é corpo sangue alma e divindade e está com Deus Pai na eternidade em corpo e alma, ressuscitado, não em Espírito, quem está entre nós em espírito é o Espírito Santo. Deus é Espírito, o Espírito Santo é Espírito, mas Jesus encarnou e vive e reina com seu corpo, o mesmo que desce do céu para que possamos come-lo, fica mais fácil entender porque como pode o corpo de Jesus está no céu onde só há Espírito? Da mesma forma que está na Eucaristia onde só existe matéria. Jesus como nós possui uma alma espiritual, mas tem um corpo que não é material nem espiritual, mas glorioso e pode tomar a forma que quiser.

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Jesus é o logos de Deus que se fez carne e habitou entre nós, possuindo duas naturezas distintas, a natureza divina e a natureza humana, ao ser pregado na cruz, Jesus inteiro, divino e humano morreu, isto é uma verdade, mesmo sendo Deus passou pela morte, muitos tem dificuldade para entender este mistério, como pode Deus ser morto? Mas isto aconteceu, daí podemos concluir que para Deus tudo é possível, até morrer, mas não pára por aí, após sua morte Jesus ressuscita e vence a morte, deixo-se morrer justamente para vencer a morte e nos livrar dela nos introduzindo no reino dos céus, e assim também poderemos ressuscitar com Ele. Como vamos ressuscitar? Com que corpo iremos ressuscitar, se voltamos ao pó? Devemos então pensar que este corpo é corruptível, mas o corpo em que iremos ressuscitar é um corpo incorruptível, semelhante ao corpo de Jesus, quando Jesus fala: “Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus”, quer dizer que a carne que irão comer é a carne transformada, ou seja, um corpo glorioso, transformado pela Ressurreição, e não o mesmo corpo que seus discípulos viram, por outro lado ele demonstra sua ressurreição em corpo aos apóstolos em especial a Tomé, e diz para tocá-lo é carne de verdade, mas já não é a mesma carne

que temos, é uma carne ressuscitada gloriosa e que será nosso alimento eterno.

“O rapaz pôs em um líquido (a porção da Eucaristia), e no momento em que a vertia na boca do ancião, este tomou um pouquinho e imediatamente entregou seu espírito.”(Hist. Ecles.- Eusébio de Cezaréia)

Este trecho do livro de Eusébio de Cezaréia relata a entrega da Eucaristia a um ancião no seu leito de morte, se fosse apenas um pedaço de pão para que tanto trabalho, se fosse um alimento comum, porque trazer de tão longe e porque o trabalho de diluir para que o ancião pudesse dele receber, isto é prova de que se trata do corpo de Nosso Senhor.

Na adolescência converteu-se ao Cristianismo. Como acólito nas missas realizadas nas catacumbas foi incumbido de levar hóstias aos prisioneiros condenados a morte. As levava nas mãos, apoiando no peito a Eucaristia, no caminho foi agredido por curiosos interessados no que carregava, mas preferiu morrer que entregar à multidão os

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sacramentos que carregava. Tinha então 12 anos. Como na epígrafe que lhe dedicou em seu túmulo o Papa Damaso I o compara a Santo Estevão, que foi apedrejado até a morte, se supõe que Tarcísio também tenha morrido desta maneira. (Wikpédia)

Se a Eucaristia fosse de fato apenas uma representação simbólica, porque um garoto de doze anos daria a vida por elas? Porque morreria apedrajado como Estevão, temos neste texto uma prova irrefutável sobre ser a Eucaristia verdadeiramente o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Existem muitos ouros relatos e milagres sobrea a Eucaristia que reforçam e dão provas sobre este excelso sacramento.

Jesus não perderia seu tempo apresentando a seus apóstolos, sobretudo num momento de tamanha emoção, um “faz de conta”. Jesus nunca foi de fazer de conta, suas atitudes são reais e eficazes, nunca fez algo que remetesse ao fato de um mera representação ou que figurasse algo não verdadeiro, como então faria um representação do seu corpo? São Paulo é enfático quanto a receber a comunhão indignamente, isto pode causar a morte e a condenação, ora se fosse apenas um rito vazio,

porque condenaria alguem por comer um pedaço de pão sem importância?

Santo Inácio de Antioquia (+110, Séc. II) expressava a fé comum ao dizer que a Eucaristia é " a Carne de nosso Salvador Jesus Cristo, a qual padeceu por nossos pecados e a qual o Pai ressuscitou por sua benignidade ".

São Justino (Séc. II) , na Apologia, após descrever a missa do século II tal qual a conhecemos hoje, diz sobre a comunhão: "Designamos este alimento eucaristia. A ninguém é permitido dele participar, sem que creia na verdade de nossa doutrina, que já tenha recebido o batismo de remissão dos pecados e do novo nascimento, e viva conforme os ensinamentos de Cristo. Pois não tomamos estas coisas como pão ou bebida comuns ; senão, que assim como Jesus Cristo, feito carne pela palavra de Deus, teve carne e sangue para salvar-nos, assim também o alimento feito eucaristia (...) é a carne e o sangue de Jesus encarnado . Assim nos

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ensinaram." (Primeiro livro das Apologias de S. Justino, pag. 65-67.)

Santo Irineu (Séc. II) , discípulo de São Policarpo, e depois de São Justino, em seu monumental "Contra as heresias" , diz estas palavras interessantíssimas: "(Nosso Senhor) nos ensinou também que há um novo sacrifício da nova aliança, sacrifício que a Igreja recebeu dos Apóstolos, e que se oferece em todos os lugares da terra ao Deus que se nos dá em alimento como primícia dos favores que Ele nos concede no Novo Testamento. Já o havia prefigurado Malaquias ao dizer: Porque desde o nascer do sol, (...) (Malaquias, I, 11). O que equivale dizer com toda clareza que o povo primeiramente eleito (os judeus) não havia mais de oferecer sacrifícios, senão que em todo lugar se ofereceria um sacrifício puro e que seu nome seria glorificado entre as nações."

São Cipriano (Séc. III) , comparando a eucaristia ao pão nosso de cada dia do "Pai Nosso" , nos relegou este testemunho: "Posto que Cristo disse que aquele que comer deste

pão viveria eternamente, é evidente que possuem a vida quem toca o corpo de Cristo e recebem a eucaristia . Temamos, pois, comprometer nossa saúde se nos separarmos do corpo de Cristo. Assim, pois, pedimos o pão de cada dia, quer dizer, a eucaristia diária, como prenda cotidiana de nossa perseverança na vida de Cristo." (S. Cipriano, Da oração dominical, 18)

São Cirilo de Jerusalém (Séc. IV) , parecia falar para os protestantes do século XX, se exprimia desta forma: "Havendo Cristo declarado e dito, referindo-se ao pão: Isto é o meu corpo, quem ousará jamais duvidar? Havendo Cristo declarado e dito: Este é o meu sangue, quem ousará jamais dizer que não é esse seu sangue? " (Cirilo de Jerusalém, Catech. mystag., LXXXVI, 2401)

São João Crisóstomo (Séc. IV) , ainda mais claramente, "Aqui está Cristo presente. O mesmo Cristo que em outros tempos dispôs a mesa do Cenáculo, tem disposto esta para vós; pois não é um homem , certamente, aquele que faz as ofertas se converterem em corpo

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e sangue de Nosso Senhor, senão Cristo mesmo , para nós crucificado. Aqui está o bispo que O representa, e que pronunciou as palavras que bem sabeis; mas o poder e a graça de Deus são o que produzem a transformação . Isto é o meu corpo, diz o bispo, e esta palavra transforma as ofertas ." (S. João Crisóstomo, In proditionem Judae hom. I, 6)

São Cirilo de Alexandria (Séc. IV) , contrariando a tese Davidiana dos demonstrativos que não demonstram: "(...) Porque o Senhor disse mostrando os elementos: Isto é meu corpo, e Este é o meu sangue, para que não imagineis que o que ali aparece é uma figura, senão para que saibas com toda segurança que, pelo inefável poder de Deus onipotente, as oblações são transformadas real e verdadeiramente no corpo e sangue de Cristo ; e que ao comungar delas recebemos a virtude vivificante e santificadora de Cristo." (Cirilo de Alexandria, Comment. In Math. XXVI, 27)

Santo Ambrósio (Séc. IV) , mostrando a realidade e a transcendência desta verdade: "O que fazemos nós, é o corpo nascido da Virgem: porquê buscar aqui na ordem da natureza o corpo de Cristo, quando Jesus nosso Senhor nasceu da Virgem fora da ordem natural? (O que fazemos) é, portanto, a verdadeira carne de Cristo, a mesma que foi crucificada e fechada no sepulcro . Este é em verdade o sacramento desta carne." (Ambrósio, De mysteriis, 52)

Santo Agostinho (Séc. IV) , a quem freqüentemente os hereges modernos recorrem na tentativa de desvirtuar suas palavras, explicava assim a eucaristia aos recém batizados: "Tal é a eficácia das orações que vais escutar. À palavra do sacerdote, eis aqui o corpo e sangue de Cristo ; tireis a palavra e não haverá mais que pão e vinho." (Agostinho, Sermo VI, De sacramento altaris ad infantes.)

(Todas as citações acima são conforme Maurice Brillant, "Eucaristia" , Dedebec, Ed. Desclée de Brouwer, Buenos Aires, 1949)

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A explicação é dada pelo próprio Lutero, nessa confissão aos cristãos de Estrasburgo: "Confesso que o dr. Karlstadt ou qualquer outro me teria prestado um grande serviço, se, há cinco anos, tivesse provado que no Sacramento só havia pão e vinho . Naquela ocasião tive grandes vexames e lutei e torci por encontrar uma saída, pois vi que com isso podia dar o maior golpe contra o Papado . Também havia dois que eram mais hábeis que o dr. Karlstadt e que não martirizavam tanto as palavras segundo seu próprio parecer. Mas estou preso, não encontro saída. O texto é tão majestoso que com palavras não se deixa tirar da mente ." (De Wette, II-576 e segs.; citado em Lúcio Navarro, A legítima interpretação da Bíblia , Campanha de instrução religiosa Brasil-Portugal, 1958, pág. 448)

Estes são alguns testemunhos sobre a verdade Eucarística, que já era adorada como Jesus desde os primórdios da Igreja e assim permanece até hoje.

CONCLUSÃO

Nasce a Igreja no Coração de Deus

O objetivo da criação é que todos adorássemos perpetuamente o Criador, e Deus fez-nos para sermos atraídos a Ele e que participássemos de sua divindade. Caímos por Adão , mas não fomos abandonados, Ele nos ofereceu sempre auxílios para nossa salvação. “Os que Ele distinguiu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu filho, a fim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos”(Rom 8,29), estabelecendo portanto congregar em si e na sua igreja os que crêem em Cristo Jesus.

Deus começa a formar sua igreja desde Abraão “Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade”(Gen 17,7). Chama o povo a congregar em torno de si, ama este povo e lhe prepara uma salvação e esta salvação seria por seu filho. Para que Abraão saiba o que Deus irá fazer e como Ele se sentirá, chama Abraão e pede que entregue seu filho Isaac a ser sacrificado no altar do Senhor (Gen. 22,2), já prefigurando a morte de Seu Filho Jesus.

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Deus neste momento prova a fé de Abraão, mas também faz com que ele sinta o que é entregar à morte um filho muito amado, para que possa avaliar o tamanho de seu amor por nós e a tamanha disponibilidade de seu filho a se entregar nas mão dos homens para salva-los. Não há Deus maior que este!

Deus, no entanto prepara o povo para ser a sua Igreja na terra, liberta-o das mão dos Egípcios e os faz caminhar pelo deserto. A travessia deveria durar cerca de um mês a um mês e meio, mas durou quarenta anos, isto porque o povo(Igreja) devia ser preparado.“Foi fundada nos últimos tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito santo. E no fim dos tempos será gloriosamente consumada.” (LG2).

Foi através de Jesus que o Pai nos predestinou a sermos seus filhos adotivos, inaugurando na terra o Reino dos Céus, nos revelou o seu mistério e pela obediência nos deu a redenção. A Igreja, isto é o Reino de Cristo, cresce visivelmente no Mundo, manifestada pelas palavras de Jesus “ e Eu quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim.” (Jô 12, 32). Estas palavras revelam que Jesus ao ser elevado aos céus nos levará com ele, porem cada um a seu tempo, é condição necessária para isto

estarmos ligados a Ele pelo mistério da redenção, ou seja, a celebração da Sagrada Eucaristia, onde nós unidos a Cristo constituímos um só corpo(1Cor 10,17).

Esta igreja que agora deixa de ser exclusiva do povo Hebreu, tornar-se, em Jesus Cristo, Católica, ou seja, para todos. Deus inclui no seu plano de salvação todos, Hebreus e Pagãos, todos que aceitem viver sob o auxilio da igreja, unidos à Cristo Cabeça, formando um só corpo. Está é a principal missão de Jesus, congregar toda Humanidade em si, através da Igreja.

Em qualquer época e em qualquer Nação, Deus aceita todo aquele que o teme e que faz o que é justo (At. 10, 35), no entanto Lhe é necessário que haja uma conexão de uns com os outros, onde se constitua um povo que, O conheça na verdade e O sirva santamente. Por isto escolheu Israel o seu povo, estabelecendo com ele uma aliança e o instruindo n santidade, tudo isto em preparação da eterna e perfeita aliança em Jesus Cristo, nosso Senhor, somos hoje portanto os escolhidos de Deus, participando do seu sacerdócio régio, nação Santa, povo adquirido e que agora são o Povo de Deus. (Pd 2, 9-10). Como Israel já era chamada Igreja de Deus (2Esdr 13,1;Num 20,4; Dt 23,1), assim nós, que

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buscamos a cidade permanente, somos chamados Igreja de Cristo (Mt 16,18).

No inicio Deus formou uma só natureza humana e por fim estabeleceu congregar todos os filhos dispersos, em Jesus, cabeça do novo e universal povo, Mestre, Rei e Sacerdote, principio e unidade na doutrina dos apóstolos na fração do pão e nas orações (At 2,42).

A Igreja Inicio do reino de Deus

Terminada a obra que tinha que fazer (Jô 17,4), foi enviado a terra o Espírito Santo de Deus, a fim de santificar perenemente a Igreja para que todos pudessem aproximar-se do Pai, por Cristo num mesmo Espírito (Ef 2,18). Pela força do Evangelho Ele renova a Igreja e a une ao Esposo Adorado, “Pois o Espírito e a Esposa dizem: a Jesus nosso Senhor vem.”(Ap. 22,17).

Tantos foram os momentos em que a Igreja de Jesus é confirmada pelo Espírito Santo, ao longo de sua História, em Pentecostes, o derramamento do Espírito deu novo ânimo a igreja, confirmando sua missão de anunciar o Evangelho, ou seja, a Boa Nova do Reino.

O mistério da igreja atual inicia-se com a pregação da Boa Nova, o advento do Reino prometido por Deus a seus filhos em Abraão, “completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo”(Mc.1,15). Jesus apresenta este tempo em sua pregação nas obras e em sua presença, reunindo-se e congregando com os apóstolos, sob a guia do Espírito Santo, presente em Jesus.

Derramando seu Espírito como havia prometido (At. 2,33), Jesus enriquece a Igreja com seus dons, que observando seus preceitos de caridade, humildade e despojamento, recebe a missão de anunciar o Reino de Deus e de Cristo e estabelece-lo em todos os cantos da terra. Chamada Jerusalém Celeste e nossa mãe a Igreja é ainda a esposa imaculada do cordeiro imaculado. Cristo a amou a tal ponto de entregar-se por ela para santificá-la (IOF.5,26), não cessa de nutri-la e cuidar dela permanentemente até a sua volta.

A Igreja prefigura a salvação em Jesus Nosso Senhor, tal ação se faz na sua união intima e continua com sua esposa, já neste mundo antegozamos das maravilhas celestes e da proteção e do amparo divino nas nossas vidas por meio palavra e da Eucaristia.

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Assim sendo a Igreja, único Povo de Deus, estende-se a todos os povos da terra, recebendo todos os seus cidadãos para fazê-los cidadãos de um reino novo, o Reino dos Céus, ou Reino de Jesus Cristo. Não sendo portanto este reino deste mundo, todos os fieis da terra estão unidos pelo Espírito Santo e sabe bem o Santo Padre que deve reunir todos os povos de todas as raças e estes estão sob sua responsabilidade, pois é o nomeado por cristo para apascentar as ovelhas do Reino. Esta universalidade ou catolicidade é um dom do próprio Senhor, na qual a Igreja é encarregada de congregar toda humanidade, com todos os seus bens, sob Cristo Cabeça, na unidade do Espírito Santo.

A Igreja é um corpo indivisível

Cristo Jesus é cabeça de um corpo chamado Igreja, que anda na terra sob os cuidados do Espírito Santo. Pela sua paixão, morte e ressurreição, Jesus, reuniu e transformou o homem numa nova criatura (Gal.6,15). Por este mistério, fez seus irmão todos os homens, transformando-os misticamente em membros de um único corpo, cuja Cabeça é o próprio Cristo. Por ser um e único o Espírito que move a Igreja, pelo batismo neste mesmo Espírito

formamos um só corpo (1Cor.12,13). Participando do corpo do Senhor na Eucaristia, comungamos todos um só pão, que é o corpo de Cristo portanto todos que participam deste pão formam um só corpo (Cor 10,17) assim tornamo-nos todos membros deste corpo (1Cor 12,27)cada um membros uns dos outros (Rom 12,5). A Cabeça deste corpo é Cristo imagem visível do Deus invisível, na qual toda Igreja deve submeter-se, pois é na cabeça onde reside todo comando do corpo. Sendo membros deste corpo somos inseridos nos mistérios e nos méritos de sua vida e divindade, com Ele configurados, com Ele mortos e com Ele ressuscitados, até que com Ele Reinaremos. Peregrinos ainda e sofrendo as tribulações e perseguições associamo-nos a suas dores para que padecendo com Ele, sejamos também glorificados(Rom 8,17).

Para que nEle, incessantemente nos renovemos(Ef 4,3), deu-nos de seu próprio Espírito, que sendo um só e mesmo na cabeça e no corpo de tal forma vivifica, une, move e nutre todo os membros, portanto se há algum membro que sofre todos sofrem e a cabeça também sofre, se um membro se desliga do corpo deixa de receber estes nutrientes e definha.

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O único mediador, Jesus Cristo, constituiu e sustenta aqui na terra sua Santa Igreja, comunidade de fé, esperança e caridade como organismo vivo e visível pelo qual difunde a verdade e a Graça a todos. A Igreja terrestre e a Igreja Celeste são antes que duas, uma única Igreja unidas entre si, como está a alma para o corpo. Esta é a única Igreja de Cristo que professamos Uma, Santa, Católica e Apostólica, que após sua ressurreição, Jesus confia a Pedro(Jô 21,17) e confiou a ele e aos demais apóstolos para propagar e reger(Mt 28,18), levantando-a para sempre como coluna e fundamento da verdade(1Tim 3,15).

A Igreja Meio e Fonte de Salvação

Apoiado na sagrada Escritura e na Tradição dos Apóstolos, aprendemos que a Igreja peregrina é instituição necessária a salvação. O único mediador e o caminho da salvação é Cristo Jesus que nos torna presentes no seu corpo, que é a Igreja, expressa que são necessários a salvação a fé e o Batismo (Mc. 16,16), confirmando assim a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo batismo como que por uma porta. Não receberá a Salvação aqueles que mesmo sabendo que a

Igreja é necessária não quiserem nela entrar ou perseverar, por outro lado também não receberá o penhor da salvação aqueles que mesmo na Igreja não estiverem em plena comunhão com ela permanecendo nela com o corpo e não com o coração.

Por muito títulos, a Igreja encontra-se ligada aos batizados que não professam na íntegra a fé ou não guardam a unidade da comunhão com o sucessor de Pedro (Papa). Honram portanto a Sagrada Escritura como norma de fé e de vida, mostram zelo religioso, crêem com amor em Deus Pai e em Jesus Cristo Nosso Salvador e Senhor, são assinalados pelo batismo no qual se unem a Cristo, reconhecem e aceitam alguns sacramentos nas próprias comunidades eclesiásticas, alguns celebram a Eucaristia e cultivam piedade para com a Virgem Mãe de Deus. Tem a Igreja com eles uma certa união pelo Espírito Santo, que também neles opera com seu poder santificante por meio de nos e graça. No entanto encontram-se rompidos com a Mãe Igreja, corpo Místico de Cristo, que pela sua misericórdia infinita os acolhe e os conduz sob a guia do Espírito, mas esta separação ofusca o sinal de Cristo sobre a terra. A Igreja não deixa de rezar por estes irmãos separados, no entanto aqueles que

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sem culpa ignoram os preceitos da Igreja e os ensinamentos de Cristo, mas buscam a Deus com um coração sincero, cumprem as obras seguindo sua consciência, podem obter a Salvação eterna e a Divina providencia não nega os auxílios necessários aos que assim procedem. Por outro lado os homens que enganados pelo maligno, se desvaneceram em seus pensamentos e mudaram a verdade de Deus segundo seus próprios interesses, servindo a criatura mais que o Criador (Rom 1,21; 25).

A caminhada da Igreja no Mundo

O senhor Jesus, após ter rezado ao Pai, chama Ele mesmo dose dos seus inúmeros discípulos e os denomina apóstolos, na qual os incumbiu de anunciar o Evangelho (Mt 10,1-42), esta missão foi plenamente confirmada em Pentecostes (At. 2, 1-26), aceitos pelos ouvintes, por obra do Espírito Santo congregam a Igreja Universal, que o Senhor Fundou nos Apóstolos e edificou sobre o bem aventurado Pedro, sendo a pedra angular o próprio Cristo Jesus (Apo 21,14), esta missão deverá durar até o fim dos tempos(Mt 28,20), constituíram pois varões e deram a ordenação para que quando eles morressem outros homens íntegros tomassem o seu ministério,

que desde os primeiros tempos são exercidos na Igreja, que vem ininterruptamente até os dias de hoje (At 20,25-27; 2Tim 4,6; 1Tim 5,22; 2Tim 2,2). Portanto os Bispos da Igreja, por instituição divina sucedera aos Apóstolos como pastores da Igreja, e quem os ouve, ouve a Cristo, mas quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que a Cristo enviou (Lc 10,16). Assim persiste até os dias de hoje a Igreja de Jesus Cristo, ante as dificuldades impostas e as perseguições, permanece pois é assistida pelo Espírito Santo e tem como cabeça o Próprio Jesus, Senhor e Mestre.