o terramoto de lisboa - ciência e reconstrução

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OTERRAMOTO DE LISBOA DE 1755: ACIÊNCIA E A RECONSTRUÇÃO Terramoto que atingiu Lisboa em 1 de Novembro de 1755, cerca das nove e três quartos da manhã, provocou uma destruição imensa, derrubando paredes, telhados, edifícios inteiros, criando o pânico e provocando milhares de mortos e de feridos. Aos primeiros abalos, antecedidos de um ruído tumultuoso vindo do interior da terra, e à poeira levantada pelos desmoronamentos, que cobriu toda a cidade, sucedeu um tsunami e, cerca do meio dia, deflagraram incêndios um pouco por toda a parte. As réplicas que se seguiram agravaram a situação. Duas delas tiveram também grande magnitude e foram igualmente seguidas de tsunamis. Lisboa era na época uma das maiores cidades europeias, e o número de mortos foi, seguramente, muito elevado. Não é possível, no entanto, quantificar devidamente os habitantes de Lisboa e aqueles que morreram. As estimativas iniciais eram exageradas, muito afectadas pelos horrores do sucedido e também porque muitos dos que tinham desaparecido dos seus locais habituais não tinham na realidade morrido mas apenas procurado refúgio noutro local. Fig. 1 – Lisboa antes do terramoto

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Page 1: O Terramoto de Lisboa - Ciência e Reconstrução

O TERRAMOTO DE LISBOA DE 1755:A CIÊNCIA E A RECONSTRUÇÃO

Terramoto que atingiu Lisboa em 1 de Novembro de 1755, cerca das nove e três

quartos da manhã, provocou uma destruição imensa, derrubando paredes, telhados,

edifícios inteiros, criando o pânico e provocando milhares de mortos e de feridos. Aos

primeiros abalos, antecedidos de um ruído tumultuoso vindo do interior da terra, e à poeira levantada

pelos desmoronamentos, que cobriu toda a cidade, sucedeu um tsunami e, cerca do meio dia,

deflagraram incêndios um pouco por toda a parte. As réplicas que se seguiram agravaram a situação.

Duas delas tiveram também grande magnitude e foram igualmente seguidas de tsunamis.

Lisboa era na época uma das maiores cidades europeias, e o número de mortos foi, seguramente,

muito elevado. Não é possível, no entanto, quantificar devidamente os habitantes de Lisboa e aqueles

que morreram. As estimativas iniciais eram exageradas, muito afectadas pelos horrores do sucedido e

também porque muitos dos que tinham desaparecido dos seus locais habituais não tinham na realidade

morrido mas apenas procurado refúgio noutro local.

Fig. 1 – Lisboa antes do terramoto

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O Padre João Baptista de Castro, por exemplo, no Mappa de Portugal

Antigo, e Moderno, publicado em 1763, quantificava o número de

habitantes de Lisboa, em 1754, em seiscentos mil e, sobre o número de

mortos, referia o seguinte:

Huns dizem (1) que foraõ quinze mil os mortos: outros (2) vinte quatro

mil: outros (3) setenta mil. Perda foy esta, que naõ se poderá calcular

taõ facilmente.

Pedegache4, citado pelo P.e João Baptista de Castro, quantifica o

número de mortos em 24 000. Moreira de Mendonça, na Historia

Universal dos Terremotos, quantifica os habitantes de Lisboa em perto

de 275 000 e em 5 000 o número de mortos no dia 1 de Novembro,

número que teria duplicado ou triplicado até ao fim desse mês.

O todo poderoso Secretário dos Negócios Estrangeiros de D. José,

Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Conde de Oeiras e depois

Marquês de Pombal, ordenou a realização de um inquérito por todas as

paróquias do Reino para quantificar os estragos e o número de mortos.

Em 2009, Álvaro Pereira, com base na análise dos dados relativos a 37

das 39 paróquias de Lisboa de que se conhecem os registos e partindo

das Memórias Paroquiais, de 1758, e dos estudos de Alfredo de Matos

e Fernando Portugal5, e de Pereira de Sousa6, concluiu que o número de

fogos antes de 1755 era superior a 33 000 e que, após o terramoto,

ficou reduzido a cerca de 20 000.

De acordo com as estimativas deste autor, o número de habitantes seria,

antes do terramoto, de 148 339, a que acresceriam as crianças com

menos de sete anos, não baptizadas e por isso excluídas do cômputo das

paróquias, o que atiraria o número total para entre 160 000 e 200 000

habitantes. Os 148 339 ficaram reduzidos a um número estimado entre

1 P. Anton Pereir, no Comment. de Terræmot, & incend. Olisipon. pag. 9. [anotação do original].2 Pedegache Nova, e fiel Relaç. do Terremoto pag. 20. [anotação do original].3 Jofeph de Oliv. Trovaõ na sua Cart. Relator. deste successo p. 11. [anotação do original].4 Miguel Tiberio Pedegache Brandaõ Ivo, Nova e Fiel Relaçaõ do Terremoto que experimentou Lisboa e todo Portugal No 1. de Novembro de 1755, com algumas observaçoens Curiosas e a explicaçaõ das suas causas, Lisboa, 1756.5 Matos, Alfredo e Fernando Portugal, Lisboa em 1758: Memórias Paroquiais de Lisboa, Coimbra Editora, 1974.6 Sousa, F. Pereira de, O Terremoto de 1º de Novembro de 1755, Lisboa, 1931.

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104 747 e 114 391, considerando os que se fixaram nas freguesias próximas, ou a 89 782,

considerando apenas as freguesias7 de Lisboa. Deste modo, para este autor, mesmo assumindo que

15 000 a 20 000 pessoas tivessem abandonado Lisboa, e sem considerar as crianças, teria havido um

número de mortos superior a 15 000. Sabendo-se que as crianças eram cerca de um quinto da

população, o número total de mortos em Lisboa ter-se-á situado entre 20 000 e 30 000. Este estudo, no

entanto, nada diz quanto aos estrangeiros, presentes em Lisboa em grande número, ficando por

esclarecer em que grau se encontram incluídos naqueles números.

Após o terramoto, a baixa da cidade não foi abandonada, embora poucas pessoas arriscassem viver nas

casas que ainda restavam de pé. Aqueles que não tinham outro local para onde ir ou posses para

construir habitações provisórias, permaneceram nas vizinhanças das suas casas e lugares de negócio

destruídos. Os religiosos, presos à crença de que o sucedido era castigo divino e à sua fé,

permaneceram junto às ruínas das suas igrejas e conventos. Mas a população tinha-se deslocado para

os arrabaldes, em grande medida, e havia agora assentamentos em espaços abertos, a leste e oeste da

área destruída e nos terrenos elevados que rodeavam a cidade.

Fig. 2 – Igreja de S. Roque Fig. 3 – Igreja de S. Paulo

As primeiras prioridades foram para o socorro aos feridos e às pessoas presas nos escombros. Foram

mobilizados os militares para manter a ordem, ajudar a combater os incêndios e enterrar os mortos.

Um pouco por todo o lado, os homens válidos que poderiam ajudar na construção foram coagidos a

regressar à parte destruída da cidade, especialmente técnicos e artesãos que poderiam ajudar no

trabalho de reconstrução, e também mestres de obras e funcionários do governo.

O aqueduto das Águas Livres, iniciado em 1728 e concluído em 1748, não sofreu muito com o

terramoto, não afectando o abastecimento de água. Este facto contribuiu para minorar o sofrimento dos

sobreviventes e a degradação das condições sanitárias.

7 Apenas de 36 paróquias.

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O Marquês de Pombal logo ordenou, por aviso de 2 de Novembro, o alargamento das áreas dos

enterramentos, a fim de evitar a peste que o grande número de cadáveres poderia produzir. As

descrições da época, salvo relativamente a umas poucas pessoas, não identificam os locais de

sepultura, à época tradicionalmente os adros e claustros das igrejas, datando de 1835 o primeiro

cemitério de Lisboa. Muitos cadáveres foram sepultados em fossas fundas perto dos lugares onde se

encontravam, ou apenas cobertos com terra e entulhos, ou queimados. Quando possível foram

sepultados próximo das igrejas. Outros foram lançados ao mar fora da barra do Tejo. Os locais de

enterramento permaneceram ignorados desde então e só em 2004 foram localizados, sob os claustros

do antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus8, os restos mortais de alguns milhares de pessoas,

identificados com este período.

Fig. 4 – Lisboa, 1755: Deslocados

esde os primeiros dias houve a preocupação de proceder à recolha e queima dos

detritos, para o que foram destinados locais por forma a não obstruir os caminhos de

circulação. Foram também organizados locais para recolher os entulhos e elementos de

construção recuperáveis que pudessem vir a ser empregues nas obras de reconstrução.

A alimentação foi outra questão de urgente resolução. Foram encomendados mantimentos de outros

locais onde os havia, e foram apreendidas as cargas dos navios que se encontravam no porto, mesmo

aquelas que se destinavam a exportação ou simplesmente estavam em trânsito para outros países.

Foram organizados centros de alimentação, com cozinhas e fornos. Foram montadas tendas para a

venda de alimentos e outros artigos de primeira necessidade, e a vida continuou. O Rossio, Terreiro do

Paço e Praça da Ribeira encheram-se de negócios e lojas provisórias.

Os aspectos médicos não foram negligenciados, apesar de o número de médicos existente em Lisboa

ser certamente muito reduzido e de não haver experiência em lidar com situações de emergência. A

preocupação imediata foi impedir o surgimento de epidemias. Para além de serem recolhidos e

8 Onde se encontra actualmente a Academia de Ciências de Lisboa.

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sepultados todos os cadáveres, humanos e de animais, era necessário proceder rapidamente à

eliminação das poças de água estagnada, que se sabiam fonte de doenças.

A maioria das pessoas atribuiu ao terramoto causas sobrenaturais, castigo de Deus, o que era assunto

da pregação nas igrejas, de que foi expoente exacerbado o Padre Gabriel Malagrida, cujos sermões

reproduziu no seu panfleto Juizo da verdadeira causa do Terremoto, que padeceu a Corte de Lisboa

no primeiro de Novembro de 1755:

“(…) Sabe pois, oh Lisboa, que os unicos destruidores de tantas casas e palacios, os assoladores de

tantos templos e conventos, homicidas de tantos de seus habitantes, os incêndios devoradores de

tantos tesouros, os que a trazem ainda tão inquieta e fora da sua natural firmeza, naõ saõ cometas,

naõ saõ estrelas, naõ saõ vapores ou exalaçoens, naõ saõ phenomenos, naõ saõ contingencias ou

causas naturais, mas saõ, unicamente, os nossos intoleraveis pecados”.

As pessoas eruditas procuravam outras explicações, e a origem dos terramotos foi amplamente

discutida. À época do terramoto, os conceitos que as pessoas mais instruídas possuíam sobre a

composição do Universo era a concepção clássica dos quatro elementos constituintes de tudo quanto

existia — terra, água, ar e fogo — correspondentes a cada um dos estados físicos que observamos —

sólido, líquido e gasoso — mais o fogo, distinto de tudo o mais, nem sólido, nem líquido, nem gasoso,

matéria ardente geradora de calor e luz. Tudo quanto existe seria constituído por esses quatro

elementos, isoladamente ou misturados em proporções diversas, formando «mistos».

Como seria de esperar, a violência do terramoto de 1755 deu lugar a que muitos autores, em geral

pessoas com espírito científico, se pronunciassem sobre a origem dos terramotos, procurando explicá-

lo à luz desses conceitos e da sua própria observação, em discussões onde expressavam discordância

entre si, menosprezando certos aspectos e evidenciando outros, mas onde as explicações do fenómeno

apresentavam grandes semelhanças.

Sugeriam que os terramotos eram fenómenos naturais, como o eram os eclipses, trovões, chuva ou

quaisquer outros fenómenos que provocavam o medo e desastres naquilo que rodeava o homem, no

que hoje designaríamos por natureza ou meio ambiente. Assim, a questão que se colocava era procurar

identificar qual ou quais desses elementos, se não todos, e em que tempo e circunstâncias o fenómeno

se desencadeava. Para análise do sucedido e das suas causas, partiam das interpretações sobre a

origem dos terramotos dos filósofos da antiguidade clássica, cujas opiniões citavam em abono ou

desabono da sua própria interpretação.

A questão das causas dos terramotos era em geral analisada em conjunto com outra questão que com

aquela se considerava estar directamente relacionada: A origem de doenças e epidemias, que eram

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identificadas como provenientes dos terramotos. As duas questões

eram, por esse motivo, abordadas pelos médicos, que há época tinham

uma formação generalista.

As teorias sobre a causa dos terramotos assentavam na ideia de que

existiam nas profundidades da terra enormes cavernas onde se

acumulam diferentes materiais tais como enxofre, salitre, betumes,

minerais metálicos, etc., onde o elemento «terra» se encontrava ligado

com os outros elementos em diferentes proporções, sendo essas

proporções que conferiam a esses «mistos» as propriedades que se lhes

conheciam. Seria a predominância de um dado elemento nessas

cavernas que lhe determinava o comportamento e era da interacção

entre os conteúdos dessas cavernas, comunicantes entre si, que resultavam fenómenos como os

terramotos.

Em geral consideravam o fogo como o elemento indispensável para desencadear os abalos de terra,

quer por acção directa quer por inflamarem os «mistos» combustíveis, vaporizarem a água ou

expandirem o ar.

uando se deu o terramoto9, o médico Ribeiro Sanches10 publicou em Paris, o livro

Tratado da Conservaçaõ da Saude dos Povos: Obra util, e igualmente necessaria a os

Magistrados, Capitaens Generais, Capitaens de Mar, e Guerra, Prelados, Abadessas,

Medicos, e Pays de Familias11, sobre saúde pública.

Há referências a que o livro obteve a aprovação do Marquês de Pombal, o que é natural, já que o

tratado constituía um manual com aplicação prática imediata por parte das autoridades que tinham de

dar resposta à situação de emergência e simultaneamente contribuía para combater a superstição

quanto à causa do terramoto e a histeria religiosa.

9 Em carta dirigida a Sachetti Barbosa, datada de 28 de Dezembro de 1755, Ribeiro Sanches comunicava “Eu fico acabando de compôr e já principiando a imprimir, por serviço da amada patria, o livro que já insinuei a v. m. sobre a conservação da saude dos povos”.10 António Nunes Ribeiro Sanches (1699-1783) – Médico e filósofo, estudou direito em Coimbra e doutorou-se em medicina em Salamanca, exerceu em Benavente, Guarda e Amarante, depois estudou em Genebra, Monpellier, Bordéus, Londres, e Leiden, aqui com Boerhaave (médico dos Países Baixos, considerado o fundador do ensino clínico e do hospital académico moderno, considerado o maior professor de medicina desse tempo) e, mais tarde foi médico da czarina Ana Ivanovna na corte imperial russa, tendo depois passado a exercer em Paris.11 Embora publicado em Paris, o livro tinha em vista o mercado português, referindo no frontispício “E se vende em Lisboa, em casa de Bonardel e Du Beux, Mercadores de Livros”. Foi primeiro publicado sem indicação de autor e depois reeditado em Lisboa em 1757, sob o nome falso de Pedro Gendron. Esta última edição foi dedicada ao Duque de Lafões, Camareiro-mor e Regedor das Justiças.

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livro, publicado em 1756, incluía um apêndice, Consideraçoens sobre os Terremotos12,

onde Ribeiro Sanches, que era Judeu e tinha saído do país para fugir à Inquisição,

analisou as principais teorias científicas, antigas e modernas para a época. Para ele bem

claro que todos os que tinham reflectido sobre a questão com cuidado concluíam que os

terramotos eram fenómenos naturais, pelo que as pessoas ignorantes ou supersticiosas deviam ser

convencidas a não os considerar como acontecimentos sobrenaturais

ou como castigo pelos pecados cometidos.

Com efeito, ainda que coloque como possível a origem divina

afirmando que “Ninguém será taõ ousado sem impiedade que affirme,

que os Terremotos naõ foram já instrumentos de que se serviu a

Omnipotencia para castigar os homens; mas taõbem ninguem seria

taõ temerário que affirmasse, que todos elles succederaõ a este fim”,

logo em seguida põe essa origem em causa: “Hoje, hum eclipse da Lua

ou do Sol naõ nos atemoriza, por que sabemos a cauza; (…) Se

soubéssemos taõbem a cauza dos Terremotos, como a sabemos dos

ventos, das trovoadas, e dos trovoins, naõ teriamos, pode ser, estes

notaveis movimentos da Natureza por castigo do ceo, nem tirariamos delles prognosticos para a

nossa total ruina”.

Ribeiro Sanches explicava assim a origem dos terramotos: “Ou que no interior da terra, ou na nossa

atmosfera, as materias sulfureas, bituminosas e ferruginosas se misturem com os sais acidos e

vapores, juntamente com o calor central, ou com o da atmosfera, agitado pelos ventos, nesta agitaçaõ

produzem imensidade de Ar e de exhalações, o que faz maior ou menor abalo na terra e na atmosfera,

conforme for a resistencia que acharem (…) Se estes vapores e exhalações acharem canais

subterraneos que comuniquem com a caverna, ou cavernas, onde se geraram, mas que naõ tem saida

pela superficie da terra, entaõ correm por debaixo dela muitos espaços como vimos acima, e

principalmente neste ultimo que sentiram já três partes do mundo conhecido: nesta agitada corrente

levantam terras, montes, arruinando edificios, agitando os rios e os mares até acharem porta para se

dissiparem na atmosfera”.

utro médico, Duarte Rebello de Saldanha13, p. ex., na Illustraçaõ Medica, a que mais

adiante faremos novamente referência, pronunciava-se a esse propósito em termos

semelhantes: “Desta diversidade de massa mais ou menos sulfurea, nitroza, vitriolica,

12 Apêndice ao Consideraçoens Medicas (…): “Consideraçoens sobre os Terremotos, com a noticia dos mais consideraveis, de que faz mençaõ a Historia, e dos ultimos que se sentiraõ na Europa desde o 1 de Novembro 1755.”.13 Duarte Rebello de Saldanha era um reconhecido médico na Corte.

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bituminoza, ou metallica, que verosimilmente occupa as cavidades subterraneas, e dá o pábulo a o

fogo, rezulta tambem a diversidade dos impulsos mais, ou menos fortes, vibratorios, ou duraveis;

porque, sendo o material incluzo nas concavidades da terra, em que accende o fogo, excessivo no

enxofre, seraõ grandes as conflagrações, ainda que pouco duraveis os incendios: se tiver maior

porçaõ metallica, ha de ser mais duravel, e diuturno, ainda que menos estrondozo”.

Também Rebello de Saldanha, que nos seus argumentos invoca Newton, Boyle, Mariotte, Torricelli e

outros cientistas da mesma época, mesmo procurando explicar o terramoto como um fenómeno

natural, não excluía a hipótese de castigo divino, dedicando mesmo ao tema uma «Dialexe»: “Muitos

terremotos são cauzados por pozitiva determinaçaõ Divina”.

Esta rejeição dos conceitos teológicos, ainda que titubeante, e a procura de uma interpretação dos

factos baseada no conhecimento científico, alimentaram as discussões nos círculos intelectuais

portugueses.

Tanto Ribeiro Sanches como Rebello de Saldanha consideravam que os terramotos podiam ser

desencadeados pelo elemento ar comprimido nas profundezas, mas acreditavam que o processo se

desencadeava mais facilmente quando ao ar se juntava o fogo. Dos quatro elementos que compõem o

Universo, seriam estes os elementos a quem caberia o papel de maior relevo. A terra, devido às

«fermentações» a que está sujeita, e o ar, por si só, pela sua elasticidade, embora pudessem provocar

os abalos actuavam com maior força quando excitados pelo fogo. A água, pela natureza suave das suas

partículas, não os poderia originar.

Para além do reconhecido papel e mérito da obra de Ribeiro Sanches, releva a obra de outros médicos,

que influenciaram a prática médica e a discussão científica daquela época. João Mendes Sachetti

Barbosa, médico do Hospital Real de Elvas que se correspondia com aquele e que viveu o terramoto14,

no seu livro Consideraçoens Medicas15 ocupa-se do tratamento e profilaxia das epidemias e febres

contagiosas, que no seu entender o terramoto de 1755 potenciava. Pretendia demonstrar que as

epidemias e febres contagiosas são precedidas de fenómenos naturais, como as estações do ano,

14 “(…) E tendo eu a fortuna de escapar do numero de tantos mil infelizes, que pereceraõ debaixo das ruinas, ou entre as chammas do incendio geral, lembrou-me logo deixar as precedentes meditações, e applicar-me a escrever, e a apontar diariamente todos os terremotos” Prefacio de Consideraçoens Medicas (…).15 Barbosa, João Mendes Sachetti, Considerações Medicas Sobre o Methodo de Conhecer, Curar, e Prezervar as Epidemias, ou Febres Malignas, Podres, Pestilenciaes, Contagiozas, e Todas as Mais, Que se Compreendem no Titulo de Agudas, a Cujos Respeitos Se Trata do Uso e Abuso de Todos os Remedios Notaveis da Nossa Presente Pratica, principalmente Leites, Soros e Caldos de Frangos por ordem ao Clima de Portugal, e a Vulgar Opinião que Muitos Tem sobre o de Lisboa e os das Provincias. Aplicadas particularmente às que se Seguem nos Grandes Terremotos, como o do Primeiro de Novembro de 1755, e aos Meteoros e Fenomenos Terraqueos, Que o Precederão, Acompanharão e Se Lhe Seguirão, Parte I, Lisboa, José da Costa Coimbra, 1758. Segundo o Diccionario Bibliographico Portuguez, de Innocencio Francisco da Silva, pg. 421, esta Parte I contém as cartas primeira e segunda, faltando a terceira e o apêndice.

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terramotos, inundações, meteoros celestes, cadáveres em putrefacção ao ar livre, mudanças de hábitos

de vida e paixões deprimentes, como o susto e o terror.

médico dos Marqueses de Távora, José Álvares da Silva, no texto Precauçoes Medicas

contra algumas remotas consequencias que se podem excitar do Terremoto de

1.11.1755, considerava que o risco de infecção resultante da putrefacção dos corpos

não foi tão grave como se poderia ser pensado e que, apesar das condições em Lisboa

serem obviamente preocupantes, devia ser lembrado que o terrível fogo, consumindo, tinha

compensadoras propriedades purgativas, que tinham sido realizadas cremações sanitárias

generalizadas e, também, que um vento norte misericordiosamente persistente tinha limpo a cidade de

todos os odores nocivos. Além disso, como era inverno, os corpos haviam sido protegidos de causar

danos por refrigeração parcial, e outros tinham sido de certa maneira como que mumificados pelo

alcatrão e cinzas que se depositaram sobre eles.

Álvares da Silva, afastando os corpos em putrefacção como origem das epidemias, considerava que

podiam, no entanto, dar origem a algumas enfermidades, pelo que era extremamente importante

observar algumas regras fundamentais de higiene, particularmente aquelas que contribuíam para

manter o sangue puro. Explicava, por isso, o que é que as pessoas

sensatas deveriam fazer em matéria de regime alimentar e exercício

físico, e preconizava o uso de desinfectantes e mudanças frequentes de

roupa por outra limpa. Salientou ainda a necessidade de manter o

espírito são, sem entrar em pânico, apontando vários medicamentos

para curar sintomas que poderiam ser o início de doenças muito mais

graves.

A obra Illustraçaõ Medica, de Rebello de Saldanha, que já referimos,

está construída em torno da refutação de muitas das opiniões

expressas por Sachetti Barbosa. Esta discussão centra-se na origem

das epidemias, em especial se estas eram causadas pelos terramotos,

onde Rebello de Saldanha defende que nalguns casos isso tinha sucedido, mas não era o caso do

terramoto de 1755, em que não tinham surgido epidemias em Lisboa e aquela que Barbosa invocava,

teria surgido muitos meses depois.

As condições sanitárias da Lisboa anterior ao terramoto eram deficientes, e o terramoto veio agravá-

-las bastante. Os conhecimentos médicos quanto à origem das doenças e às formas de contágio eram, à

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época, pouco mais do que inexistentes. Apesar de o microscópio16 ser utilizado há muito tempo como

instrumento de observação aplicado à biologia — Rebello de Saldanha refere as “(…) observações

Microscopicas17 de Hook18 e Levenhock19 (…)” a propósito das “febres lentas, nervozas” e do “succo

nerveo” —, a discussão centra-se em torno de serem os fenómenos naturais como os terramotos ou as

inundações os causadores das epidemias, longe de identificar as bactérias como vectores de doenças

ou certas condições ambientais como potenciadoras de vectores de transmissão.

tema principal da obra de Ribeiro Sanches era o controlo sanitário da comunidade, que

para ele dependia da observação de algumas regras e regulamentos simples que

preservassem a saúde das pessoas, regras essas que todos os responsáveis deviam

conhecer, bem como os princípios em que se baseavam, em especial quem dirigia instituições

religiosas, hospitais e prisões, os comandantes militares e navais e os pais de família, como o título do

livro bem expressa.

Ribeiro Sanches entendia também que os arquitectos deviam estudar estas matérias, para que os novos

edifícios tivessem boas condições de salubridade. Ar fresco e limpeza eram os principais requisitos.

Considerava ainda importante estudar a saúde dos marinheiros porque, através deles, Lisboa estava

exposta às doenças trazidas pelos navios das suas possessões marítimas espalhadas pelo mundo.

Ribeiro Sanches era adepto de uma cidade planeada, regulamentada e limpa para manutenção de um

ambiente saudável:“(…) Depois que nas cidades e villas mais cultas começaram os Magistrados a

reformar aqueles defeitos20, ordenando fabricar as ruas largas, e direitas que terminam em grandes

praças, depois que as mandaram cobrir de calçadas consistentes, como tambem as casas de pedra e

cal com telhados taõ firmes que resistem á chuva, e com algerozes, e aquedutos para dar saida ás

aguas, juntamente com a limpeza das ruas, corrigiu-se em muita parte a corrupçaõ do Ar das cidades,

de tal modo que depois de cento e sincoenta anos raras vezes se observou o estrago da peste na

Europa”, considerando que devia “(…) o Magistrado a ordenar um certo termo de fabricar nas

cidades ou vilas; como tambem de serem os edifícios e as ruas conformes ao plano que deve estar

depositado em cada casa do Senado, ou da Camara”. 16 Desde 1731 que a Universidade de Coimbra dispunha de um microscópio composto, construído em Inglaterra e doado por Jacob de Castro Sarmento, médico português radicado em Londres (actualmente no Museu Pombalino de Física da Faculdade de Ciências da U.C.).17 Rebello de Saldanha utiliza aqui o adjectivo “microscópico” 75 anos mais cedo do que o ano de 1836 a que o Dicionário Huaiss atribui o primeiro registo conhecido da palavra.18 Robert Hook (1635-1703) – Cientista inglês, autor da lei da elasticidade que é designada com o seu nome. Em 1665 publicou o livro Micrographia, com descrições de observações microscópicas e telescópicas e observações sobre biologia original. É atribuído a Hooke o termo "célula".19 Antonie van Leeuwenhoek – Cientista dos países baixos conhecido pelo aperfeiçoamento do microscópio e pelas suas observações no domínio da biologia celular. Foi quem primeiro observou e descreveu as fibras musculares, bactérias e o fluxo do sangue nos capilares sanguíneos dos peixes.20 Refere-se aos defeitos das cidades mais antigas, como eram as ruas estreitas, a falta de limpeza, a ausência de escoamento para águas servidas, etc.

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As preocupações com a salubridade são manifestas nas suas recomendações: “Ninguém duvidará da

necessidade que tem ainda a menor villa de cloacas e de canos que dêem êxito a toda a sorte de aguas

(…) de tal modo que a sua abertura fique sempre mais alta, do que os rios, mar, ou vales onde se

esvaziarem: porque de outro modo, refluiraõ as immundicies, e causaraõ nos condutos a maior

corrupçaõ (…) Seria proibido lançar pelas janelas de dia ou de noite agua mesmo limpa ou imunda,

cisco, ou qualquer outra materia: (…) Mas demos que pela agitação das marés aquelas matérias

excrementicias naõ entupam o fundo do porto: demos que naõ corrompam a atmosphera, o que é

positivamente falso: não é força que tanta materia saia nas prayas, e que ou alague campos

cultivados ou que converta os incultos em paules, e em charcos venenozos? Não seria mais util que as

immundicies de uma cidade servissem a aplanar o terreno á roda e fertilizar os campos com ellas?

utra preocupação era o abastecimento de água sugerindo a preferência por “(…) aguas

das fontes, as aguas dos rios, dos poços, e das cisternas, contanto que naçaõ junto dos

sitios levantados, em terreno aspero, ou de areia; que sejam aguas vivas, correntes,

claras, que cozidas naõ fique nos lados dos vasos onde ferveram por muitos tempos,

nem sarro branco, nem de qualquer outra cor: que fervidas nao fique pé no fundo; que naõ tenham

gosto, nem sabor, nem cheiro; sem cor, sem tez na superficie: que nela naõ nasçam insectos,

sanguessugas, nem raizes, nem ervas: (…).

Os padrões urbanísticos de Ribeiro Sanches evidenciavam preocupações higienistas que visavam

proporcionar aos habitantes da cidade maior segurança e saúde e melhores condições de vida, e

antecipam a identificação de problemas e soluções ambientais como os conhecemos hoje. São

abordadas, com efeito, questões tais como a qualidade do ar e da água, salubridade e resíduos urbanos,

problemas causados pelos efluentes dos esgotos, etc. etc.

Marquês de Pombal encarregou da reconstrução da cidade o engenheiro-mor do Reino,

Manuel da Maia. Este, nos estudos que desenvolveu, considerou várias hipóteses de

desenvolvimento futuro que iam desde a reconstrução da cidade no mesmo local, tal

qual como existente antes do terramoto, até à construção de uma nova cidade, que localizava na zona

de Belém, onde os efeitos dos abalos tinham sido sentidos com menos intensidade.

A opção prosseguida foi a de reedificar a zona central da cidade, no mesmo local, a partir de um plano

inteiramente novo, com ruas largas e limitação da altura dos edifícios. Ao optar por manter a cidade

numa zona que se tinha constatado vulnerável, seria perigoso permitir a reconstrução livre da cidade

sem restringir a altura, pois entendia-se que cedo todos esqueceriam os horrores dos desmoronamentos

e iriam construir tão alto quanto conseguissem.

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Fig. 5 – Planta de Lisboa antes do terramoto (1650)

Construir em novas ruas, mais largas e segundo um plano novo impunha uma alteração radical da

divisão da propriedade. Para isso foi feito um levantamento rigoroso dos limites das propriedades e

dos proprietários, que permitiu o posterior acerto das parcelas, só possível com permutas, cedências e

compras. Esta solução foi imposta por uma sucessão de medidas, estabelecidas por decreto, que

começaram com a imposição da demolição das casas destruídas, logo em 29 de Novembro de 1755, a

delimitação da cidade, em 3 de Dezembro, a proibição de construir fora da cidade ou em desacordo

com o estipulado, em 31 de Dezembro. Por Alvará Régio de 12 de Maio de 1758 foi aprovado e

imposto o novo plano da cidade.

plano aprovado foi da autoria de Eugénio dos Santos, e foi depois prosseguido, após a

sua morte em 1760, por Carlos Mardel. O plano de Eugénio dos Santos impunha uma

uniformização dos edifícios, com idêntico tratamento das fachadas, em acordo com a

hierarquia definida para as ruas, e a limitação do número de pisos. As lojas e oficinas dos pisos térreos

foram distribuídas em função dos diferentes ofícios. A arquitectura ficou, assim, subordinada ao novo

urbanismo.

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Fig. 6 – Planta de Lisboa reconstruída (1785)

Desde os estudos iniciais de Manuel da Maia que foi prevista a construção de colectores de esgoto,

“cloacas”, no meio das ruas principais, onde vão ligar tubagens com origem nos edifícios, melhorando

as condições sanitárias da cidade. Para melhor escoamento das águas foram utilizados escombros para

executar aterros, subindo a cota da baixa e deixando uma ligeira pendente na direcção do Tejo. Pela

primeira vez, as ruas são largas e dispõem de passeios laterais para separar o trânsito de peões dos

animais e carruagens. Previa-se que as empenas fossem prolongadas acima dos telhados, constituindo

guarda-fogos.

Para além das condições sanitárias e urbanísticas, foram as próprias condições da estabilidade dos

edifícios em caso de sismo que reuniram as maiores preocupações na reconstrução. Foi estudada a

maneira de prevenir o colapso dos edifícios, com a realização de experiências em modelos em escala

real, utilizando soldados em marcha para simular a acção das forças sísmicas. Estes ensaios podem ser

considerados os primeiros ensaios dinâmicos de estruturas. Foi destas experiências que resultou a

estrutura de madeira em “gaiola”, técnica construtiva nova, que a memória da catástrofe fez aceitar e

então se generalizou na cidade.

O conhecimento sobre os sismos melhorou: O inquérito realizado às paróquias foi a primeira iniciativa

de recolha alargada de dados objectivos sobre a acção de um grande sismo, e o seu tratamento ainda

hoje é objecto de estudos científicos.

O dia 1 de Novembro de 1755 ficou marcado para sempre na nossa memória. Não só pela horrenda

tragédia que nesse dia se abateu sobre Lisboa, mas também pelo profundo impacto que o

acontecimento teve em muitos aspectos da vida colectiva. O esforço realizado para a reconstrução não

teve precedentes entre nós e constituiu uma oportunidade para o desenvolvimento de novas soluções

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urbanísticas e arquitectónicas para a cidade. O terramoto tudo atingiu e muitas mudanças sucederam

na cidade, na política, na economia, nas ciências, nas relações sociais, nas crenças, na própria atitude

face à morte e à religião.

Em conclusão, as repercussões não se circunscreveram a Portugal, o terramoto foi um acontecimento

europeu, e mesmo além dos Pirinéus intelectuais como Voltaire, Kant, Rousseau, Goethe, e muitos

outros, fizeram dessa tragédia tema das suas reflexões. O impacto do terramoto não foi limitado e

local, foi extenso, internacional, e prolongou-se no tempo.

Page 15: O Terramoto de Lisboa - Ciência e Reconstrução

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e Prezervar as Epidemias, ou Febres Malignas, Podres, Pestilenciaes, Contagiozas, e Todas as

Mais, Que se Compreendem no Titulo de Agudas, a Cujos Respeitos Se Trata do Uso e Abuso

de Todos os Remedios Notaveis da Nossa Presente Pratica, principalmente Leites, Soros e

Caldos de Frangos por ordem ao Clima de Portugal, e a Vulgar Opiniaõ que Muitos Tem sobre

o de Lisboa e os das Provincias. Aplicadas particularmente às que se Seguem nos Grandes

Terremotos, como o do Primeiro de Novembro de 1755, e aos Meteoros e Fenomenos

Terraqueos, Que o Precederaõ, Acompanharaõ e Se Lhe Seguiraõ, Lisboa, 1758.

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12. Saldanha, Duarte Rebello de, Illustraçaõ Medica, ethico-politica, historico-systematica,

sceptico-eclectica, physico-analytica, e theorico-practica, ou reflexaõ critica A’s

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Febres malignas, podres, pestilenciaes, contagiozas, et cet. Tomo I. Lisboa, Reg. Offic. Silviana,

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util, e igualmente necessaria a os Magistrados, Capitaens Generais, Capitaens de Mar, e

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14. Silva, Joseph Alvarez da, “Precauções Medicas contra algumas remotas consequencias, que se

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15. Sousa, Francisco Luís Pereira de, O Terremoto de 1º de Novembro de 1755 e um Estudo

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16. Kendrick, T.D., The Lisbon Earthquake, London, Methuen & Co., 1955

17. The 1755 Lisbon Earthquake: Revisited, (vários), Springer Science+Business Media BV, 2009.