o super homem _ pe teofanes de barros

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AORDEM AB R lt f;{,"^ï33'X""*?3"?H*,% ïB "*?€ïN- DE BENEDITINO / PE. TEOFANES DE BARROS - O SUPER HOMEM / EDUARDO BORGERTH - LEWIS MUMFORD E AS CIDADES ( A cidade medieval - Conclusã^o) / F. A. RI- BEIRO - RUTVIOS DA REFORMA SOCIAL / D. MARCOS BARBOSA - DESCIÌ\4ENTO DA CRUZ / DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS - EXORTAÇÃO DO SANTO PADRE À ASSO- CIAÇÃO ARTÍSTICO-OPERÁRIA DE ROMA / D. MARCOS BARBOSA - SERMÃO DO MANDATO / CRÔNICAS RADIO- FÔNICAS (A roupa suja - O hóspede - í'Jsfs et semper") / REGISTRO (Os bispos e a imigração - O 7 de Março em Pira- cicaba - "pspsngus de Natal" - Crescimento das cidades brasi- leiras) - LIVROS ("Do Sacramento da Ordem e seu ritual", Miles Christi - "Código Sociale", Unión Internacional de Estudios Socia- les - "El pensamiento de Pio XII sobre los problemas sociales", Pablo A. Ramella -- "Padre Antônio Vieira", Mons. Arias Cruz - "A capacidade civil da mulher casada", Prof. Dr. João da Gama Cerqueira - "Ni marxismo ni liberalismo: social-cristianistno", Marcelo Martinez Candia). 1953 VOL. XLü N.o 4 Av. Marechal Floriano, 205 - Caixa Postal - Z4g - RIO :i /\- i,/ L/ ll *1.

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Page 1: O Super Homem _ Pe Teofanes de Barros

AORDEMA B R lt f;{,"^ï33'X""*?3"?H*,% ïB "*?€ïN-DE BENEDITINO / PE. TEOFANES DE BARROS - O SUPERHOMEM / EDUARDO BORGERTH - LEWIS MUMFORDE AS CIDADES ( A cidade medieval - Conclusã^o) / F. A. RI-BEIRO - RUTVIOS DA REFORMA SOCIAL / D. MARCOSBARBOSA - DESCIÌ\4ENTO DA CRUZ / DOCUMENTOSPONTIFÍCIOS - EXORTAÇÃO DO SANTO PADRE À ASSO-CIAÇÃO ARTÍSTICO-OPERÁRIA DE ROMA / D. MARCOSBARBOSA - SERMÃO DO MANDATO / CRÔNICAS RADIO-FÔNICAS (A roupa suja - O hóspede - í 'Jsfs et semper")/ REGISTRO (Os bispos e a imigração - O 7 de Março em Pira-cicaba - "pspsngus de Natal" - Crescimento das cidades brasi-leiras) - LIVROS ("Do Sacramento da Ordem e seu ritual", MilesChristi - "Código Sociale", Unión Internacional de Estudios Socia-les - "El pensamiento de Pio XII sobre los problemas sociales",Pablo A. Ramella -- "Padre Antônio Vieira", Mons. Arias Cruz -

"A capacidade civil da mulher casada", Prof. Dr. João da GamaCerqueira - "Ni marxismo ni liberalismo: social-cristianistno",Marcelo Martinez Candia).

1953

VOL. XLü N.o 4

Av. Marechal Floriano, 205 - Caixa Postal - Z4g - RIO

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Pe. TEOFANES BARROS

Durante os dias do Carnaval, tive ocasiáo de reler o mâgnr-fico trabalho de Maritain, no seu livro "Théonas", sôbre cSuper lIomem. Náo vá ninguém pensar que se trata do mitoNietzscheano da nova espécie, para a qual evolve a humani-dade atual. Pobre humanidade! Será que evolve, realmente?Ou, pelo contrário, há involuçáo, em vez de evoluçáo?! - euesignifica Carnaval? Maritain refere-se a outro tipo de Super[Iomem, ao qual alude Aristóteles, bem diferente de Nietzsche.O filósofo alemão se deixou fascinar pela fôrça, não quis verno homem o que nêle existe de especìficamente humano: suainteligência, que vale infinitamente mais que a sua "vontadede potência".

O filósofo grego já estudara, na aurora da civilização aquiioque, especiÍicando o ser humano, o eleva acima de todo o mun-do. O super humanismo de Nietzsehe pretendeu rnudar a espé-cie humana. O de Aristóteles se verifica dentro d.a nossa pró-pria natureza específica.

Para Nietzsche, o Super Homem é algo a que o homem teríde chegar em vista do determinismo cego das leis naturais.

Para Aristóteles, é um programa traçad.o a cada ser hu-mano que quiser viver sua vida em tôda plenitude. E' pela con-templação da verdilde, pela integração na verdade, que o ho-mem se eleva e engrandece. For isto, diz Maritain: .,O SuperHomem, segundo Aristóteles, é o sábio, que especula sôbre ascoisas eternas".

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À ORDBI

E explica a doutrina do Filósofo. O que há de especifica-mente humano no homem, o que o diferencia do bruto, é ainteligência. "Aquilo pelo qual o homem é mais verdadeira-mente homem, é a inteligência, que é nêle coisa dlvina, pelaqual êle participa da natureza dos espÍritos. E, entretanto,viver da vida contemplativa é viver segundo o modo dos espÍ-ritos puros, enquanto que viver de vida voluptuosa, é vlversegundo o modo bestlaÌ, e vlver de vida ativa e social é viversegundo o modo humano, secundum ttominem".

"Sendo assim, o programa de vida mais perÍeito para ohomem, será a vida segundo o espírito. E' a própria naturezahumana que solicita o homem para èste super Irumanismo.Assim, o esfôrço para o heroÍsmo, a esperança de exceder ascondições de vida humana, têm sua valz na própria naturezado homem,.e é trair a natureza humana, persuadir aos homensde sòmente. saber as coisas humanas, aos mortais de sÒmentesaber as colsas mortals; é ao imortal e ao divino que é precisotender. Assim, o sábio, permanecendo verdadelramente huma-no, vive de uma vlda meihor que a humana".

Aristóteles, sem as luzes da Revelação Cristá, náo soubeaprofundar o verdadeiro conceito do sábio. Ficou simplesmen-te extasiado ante a sabedoria da inteligênsia. Só o cristianismomostrou que há outra espécie de sabedoria, escondida aos olhosdos homens, ou mesmo considerada loucurâ pelos homens, masque brilha aos oÌhos de Deus. E' a sabedoria dos Santos. Sãoos verdadeiros super homens. Sáo os que se elevaram ante ahumanidade inteira.

Rendamos, entretanto, homenagens ao grande ÍllósoÍogrego, que, nos primórdios da civilizaçã"o, já, havia estabelecidoa verdadeirâ hierarquia de valores. Já mostrara qual o progra-ma mais digno de ser seguldo por um animal racional.

E' pena que, num século que se diz civillzado, tão poucossejam os que compreendem esta doutrina do Estargirita. O quevamos é o mais triste dos infra-humanismos, principalmente

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nestes dias de yolúpia carnavalesca. Será de desejar que oprogresso das ciências da matérÍa, que constitui o titulo denobreza

'do nosso século, seja acompanhado de igual avanço

nas ciências do espÍrlto, a Íim de que possa o gênero humanocompreender melhor a taz.fu de ser da sua passagem pelaTerra.

(Maceió, 15 de feverelro de 19ã3).

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