o som do vento - capítulo 5

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  • 7/30/2019 O Som do Vento - Captulo 5

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    H muito tempo no sentia minhas mos trmulas, mas era exatamente isso queacontecia agora. Mesmo me esforando para no demonstrar, no sentia a armamuito firme em minha mo. Por sorte, o homem do outro lado do cano no estavaolhando para a arma com silenciador que estava apontada para ele. Seu olhar estavafixo em meu rosto, o espanto quase deformando suas feies bonitas.

    O que voc est fazendo, Bella? Jasper perguntou pela quinta ou sexta vez desdeque tinha sacado a arma da minha bolsa.

    Cala a boca e escreve o que eu estou mandando! ordenei de volta, erguendo um

    pouco a voz para disfarar minha insegurana.

    Se Carlisle me visse naquele instante, provavelmente riria de mim e me mandariatreinar mais um pouco antes de voltar ativa.

    O fato que ele estava certo o tempo todo. Me envolver com Jasper para conseguirmat-lo tinha sido umas das minhas mais estpidas ideias. E isso levando em contaque j fizera muita besteira na adolescncia. At o momento em que tinha tocado acampainha da sua casa, tudo tinha corrido muito bem. J passava de uma da manhe ele nem mesmo se incomodara com o horrio ao abrir a porta para mim. Eu

    apenas tinha sorrido e dito que queria mais do que fizemos na outra noite e Jasperme deixara entrar. Enquanto ele virava de costas e andava para a cozinha para nosservir vinho, eu tirava a mochila das costas para colocar as luvas. Enquanto fazia isso,tudo que passava pela minha cabea era que homens pensavam demais em sexo.Jasper nem mesmo tinha estranhado minha roupa completamente preta, meu capuzdo casaco cobrindo meus cabelos ou minha bota militar. Constatar isso me fizerasorrir na ocasio.

    Gritei para ele levar o vinho at o quarto e subi as escadas correndo at l. QuandoJasper chegou, eu estava no seu banheiro prendendo o silenciador minha Glock. E

    quando eu sa de l apontando a arma para ele, Jasper j estava quasecompletamente nu em cima da cama.

    Seu sorriso minguara completamente e foi ento que minha mo tremeu pelaprimeira vez em anos.

    Quem voc?

    Ser que eu preciso mesmo desenhar? O cenrio j no autoexplicativo? devolvicom ironia, mais uma vez usando qualquer recurso ao meu alcance para soar firme.

    isso que acontece quando voc faz dvidas demais, Whitlock. Algum ia acabarencomendando seu assassinato mais cedo ou mais tarde.

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    Quem te contratou? ele perguntou ainda espantado, mas no esperou porresposta. Do nada, sua expresso mudou e ele agora exibia apenas dio. Suavagabunda! Voc me enganou esse tempo todo. Me levou para a cama para ganharminha confiana e entrar na minha casa!

    Ah, nossa! Coitado de voc. Foi um grande esforo transar comigo, no foi? Jasperme encarou com ainda mais dio depois das minhas palavras irnicas, mas ele nadafalou. Agora escreve essa droga de bilhete!

    Eu no vou escrever nada!

    Prefere que eu atire em voc?!

    Antes de responder, Jasper sentou na cama onde antes estava quase deitado e me

    encarou com o olhar firme.

    Voc vai atirar de um jeito ou de outro. Se para morrer, ento vai ser do meujeito.

    Voc tem certeza mesmo que no quer colaborar, Jasper? perguntei, arqueandouma sobrancelha. Porque voc s tem duas opes aqui. E a segunda, que a quevoc parece estar preferindo, muito mais lenta e dolorosa. Tudo que eu quero fazer um trabalho limpo e pegar logo meu dinheiro. Mas posso fazer do seu jeitotambm. Demora, mas bem mais divertido.

    Mesmo tentando disfarar, vi bem quando Jasper engoliu em seco ali na minhafrente, seus olhos arregalando de leve. Para reforar minhas palavras, destravei aarma e tornei a apont-la para ele, mas dessa vez para um ponto exato entre as suaspernas.

    Ento, querido, como vai ser?

    Como resposta, ele apenas pegou a caneta e o papel que tinha jogado em cima deleum pouco antes. Acho que j deveria estar acostumado com as pessoas me traindo.

    No como se voc fosse a primeira, sabe.

    Tanto faz, Whitlock. Agora cala essa boca e escreve o que vou ditar.

    Estava quase acabando. Mas enquanto ditava as palavras para Jasper escrever nasua carta de suicdio, s conseguia pensar em tentar dar um final diferente quelanoite. No queria mat-lo e isso no era novidade. Mas sabia que precisava faz-lo.Se no fizesse, seja l quem tenha contratado a mim e a Carlisle, viria atrs de ns. Ea ltima coisa que eu queria era algum na minha cola por ter um surto decompaixo por algum que nem sequer merecia. Tudo bem que ele era um

    cavalheiro e tanto, e incrvel na cama tambm, mas isso no fazia de Jasper Whitlockuma boa pessoa. Pessoas decentes no apostavam at acabar com quase toda sua

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    fortuna. Pessoas decentes no transavam com clientes em cima da mesa doescritrio da prpria galeria. Homens de verdade seriam atenciosos com as clientes eapenas as ajudado em caso de necessidade como a escolha do quadro certo e nodo mais caro. Teriam sido realmente cavalheiros apenas por educao e no porquerer transar com algum. Teriam visto que havia muito mais em mim do que eu

    deixava transparecer, me conhecendo tanto que chegava a me assustar.

    Talvez pensar em Edward no fosse exatamente a coisa mais certa naquelemomento, mas era mais forte que eu. Ultimamente, quase sempre estava pensandono meu detetive favorito. No nico homem que eu conhecia que no parecia mequerer para apenas uma coisa. E saber que era para ele quem eu mais mentia, nome fazia sentir muito bem. Eu acusava Jasper de ser uma pessoa horrvel, mas entoo que isso fazia de mim?

    Por favor, no faz isso, Isabella, Jasper implorou novamente, me fazendo voltar

    realidade. Eu tenho dinheiro. Posso te pagar o dobro do que te ofereceram peloservio. Se voc me deixar ir, eu...

    A oferta tentadora, Jasper, o interrompi num tom seco que era apenas mais umafachada para meu nervosismo, se no fosse pelo fato de voc no ter um tosto, claro. Seu olhar ainda mais alarmado quase me fez rir. , eu sei que voc estarfalido assim que pagar suas dvidas de aposta. Isso , se voc fosse mesmo pagar. Dequalquer forma, no quero seu dinheiro.

    Ele ainda tentou argumentar, ganhar tempo e implorar, mas quanto mais ele gritava,

    mas determinada a acabar logo com aquilo eu me sentia. Ainda no queria mat-lo,mas agora estava desesperada para sair logo dali e dar aquele servio por encerrado.Talvez, se tivesse sorte, logo esqueceria isso tudo.

    Segure o papel com a mo esquerda, ordenei, lembrando que ele era destro.Dando a volta na cama pelo seu lado direito, tirei a arma que estava escondida nomeu casaco e apontei para ele, abaixando a minha Glock. Jasper logo reconheceusua prpria arma que ele mantinha escondida no mvel ao lado da cama, mas nofalou nada a respeito. Se fosse em outra ocasio, eu provavelmente teria brincadomais um pouco e perguntado pelas suas ltimas palavras, como um carrasco na hora

    da morte de um criminoso. Mas assim que Jasper fechou os olhos, tentando seafastar do cano gelado da arma que agora estava em sua tmpora direita, puxei ogatilho sem titubear. Como se aquele fosse apenas mais um trabalho da Assassina doVento. Como se ele fosse apenas mais uma vtima aleatria. Mas ao invs de abriralguma janela para deixar o vento frio da noite de Chicago entrar minha marcaregistrada , eu apenas limpei qualquer trao da minha presena naquele quarto enaquela casa. Deixando para trs um corpo sem vida, atravessei o pequeno jardimpelos fundos da casa e pulei o muro, correndo pelo beco escuro at o ponto ondeminha moto estava escondida.

    Quando cheguei em casa, apenas avisei a Carlisle que o servio estava feito e que iriapara o meu quarto. No queria conversar. No queria nem mesmo participar dos

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    seus jogos sexuais. Por mais contrastante que pudesse ser, naquele instante eu squeria estar com uma pessoa. Com a nica pessoa que provavelmente me matariase descobrisse o que eu tinha acabado de fazer. Ainda assim, foi para Edward queliguei quando me tranquei no meu quarto.

    Est tudo bem?ele perguntou assim que nos cumprimentamos.

    No.

    Quer conversar?

    No.

    Vem para c. Podemos ver um filme juntos.

    No d. Tenho um trabalho da faculdade para fazer, menti. A verdade que nome sentia bem em estar cara a cara com ele depois de fazer um servio. No comeo,at conseguia fazer isso, mas s at quando ainda era engraado engan-lo. A cadadia que passava, me sentia mais culpada por mentir para ele, enquanto Edward eraapenas bom demais para mim. O final de semana ainda est de p?

    Se voc quiser, sim. Sem dvida.

    Eu quero. Vai ser divertido.

    Alguns segundos se passaram sem que nenhum de ns falasse qualquer coisa.Edward foi o primeiro a quebrar o silncio.

    Fala comigo, Bella. O que aconteceu?

    Como falar para ele? Como falar que tinha feito besteira ao me envolver com umapessoa que eu sabia que precisava matar? Como explicar que os olhos verdes deJasper fechando pouco antes de eu tirar sua vida, como se ali tivesse aceitado o fatode que iria morrer, estava me atormentando at agora?

    No nada. Acho que estou chegando naqueles dias. s.

    Edward sabia que era mentira. Ele era aquele l que me conhecia mais do que eugostaria. Mas ele tambm me conhecia a ponto de saber que se eu no falava algode uma vez, eu no iria falar em momento algum. Ento no foi surpresa quando eleno insistiu.

    Voc sabe que se quiser conversar, eu vou estar aqui, no sabe?

    , eu sabia disso.

    Boa noite, Edward, respondi apenas num tom baixo. E obrigada.

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    Mais uma misso cumprida e mais um pouco de dinheiro na minha conta. Talvezmais que um pouco, mas o que importava era que Gregory Stanford estava fora da

    jogada. Seu corpo agora estava cado ao lado da lareira com uma bala na suatmpora. O carpete abaixo do seu corpo estava molhado com sua prpria urina, oque era um tanto pattico. Achava ridculo como homens que se vangloriavam porcomandar uma organizao fraudulenta como a dele, molhavam as calas quandotinham uma arma apontada na sua direo. Se eu quisesse que eles ficassem commedo, iniciaria com uma tortura e terminaria da mesma forma, quando j nosuportassem mais. Mas uma bala na cabea era rpida e indolor. Como algumpoderia ter medo de morrer assim?

    Aquela misso de ltima hora sem dvida tinha ajudado a restaurar meu nimo

    depois da morte de Jasper. Era o que eu estava precisando. Rpida, fcil, com umcompleto desconhecido e at divertida, se for levar em considerao toda a cena dohomem grande molhando as calas.

    Pulei a poa de sangue e comecei a guardar minha arma e silenciador na mochila.Era timo quando um cliente no pedia nada limpo e discreto. Matar apenas pormatar, sem me preocupar em limpar a cena do crime e esconder o corpo depois erauma das tarefas que mais gostava.

    A porta do escritrio mal iluminado se abriu no mesmo instante em que eu joguei

    minha mochila num ombro, j pronta para sair. Mas todos os meus planos de entrare sair incgnita daquela manso foram por guam abaixo quando vi quem era apessoa que entrava no cmodo.

    Parada! Edward gritou, apontando uma Glock 22 na minha direo. No semova!

    Por um instante eu realmente congelei, no por sua ordem, mas por ficar frente afrente com ele pela primeira vez. Como policial e assassina, eu digo. E a primeiracoisa que pensei foi: Acabou. Ele vai me odiar para sempre agora. Mas ento

    lembrei que estava usando mscara que cobria completamente o meu rosto. Edwardno sabia que era eu ali, ao lado do homem que tinha acabado de matar.

    Mos para cima! ele gritou novamente, dando um novo passo na minha direo.

    Obedeci a sua ordem, apenas porque ainda estava levemente chocada com a suachegada sbita. No fazia ideia de como ele sabia que eu estava ali, mas porenquanto s tinha a agradecer o fato de que, aparentemente, Edward estavasozinho. No tinha ouvido sirenes, passos ou visto as luzes das viaturas. O problema que com os policiais normais eu saberia lidar. Mas com Edward... Bem, isso era

    novidade para mim. Ainda assim, eu sabia que precisava escapar de um jeito ou deoutro.

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    Mas eu no deveria estar realmente surpresa por ele estar sozinho. Afinal, lembravabem da ligao que tinha ouvido da ltima vez que fora sua casa, onde ele falaraque seu capito no iria mais disponibilizar equipes para seguir pistas da fontemisteriosa do seu parceiro. Talvez ele tivesse recebido a pista de que eu estava ali da

    mesma pessoa e resolvera no arriscar envolver toda uma fora-tarefa para maisuma misso que poderia falhar.

    O que ainda me deixava com o problema de descobrir quem era essa tal fonte.

    Ao ver que eu estava desarmada, Edward ganhou mais confiana, se aproximandomais. Queria recuar, mas tinha medo que ele atirasse. Porque, pela sua expresso,ele ia mesmo atirar. Sabia exatamente o quanto Edward odiava a Assassina do Ventoe que ele no perderia uma oportunidade como aquela. Sua prioridade era meprender, obviamente, mas ele jamais me deixaria sair dali em liberdade.

    Para minha sorte, um segundo da sua distrao foi o suficiente para me dar aomenos um pouco de vantagem.

    Sua ateno foi atrada para o corpo sem vida de Gregory Stanford, e no mesmoinstante eu peguei o abajur que estava ao meu lado, ainda ligado, puxando-o comtanta fora que arrancou a tomada da parede. Antes que Edward pudesse reagir, eu

    j jogava a pea de cermica na sua direo, conseguindo desarm-lo ao mesmotempo em que o obrigava a recuar. No lhe dei chance de se recuperar e tentarpegar sua arma e j partia para cima dele.

    No, eu no queria machuc-lo, mas naquele momento era ele ou eu.

    O problema que Edward era realmente bom em confrontos fsicos. Ele j tinha ditoque lutava muito bem e quase sempre ganhava os desafios que os detetivesparticipavam em alguns momentos, mas no fazia ideia que ele era assim to bom.Isso apenas porque eu sempre considerara os policiais e detetives da polciaamericana como uns idiotas lentos e estpidos. Mas Edward no era nada daquilo.Afinal, ele tinha conseguido me localizar e agora lutava comigo de igual para igual.

    Tudo bem. Talvez no de igual a igual, porque eu tinha comeado leve por pensarque apenas alguns chutes e socos seriam suficientes para derrub-lo sem causar umdano muito srio em seu rosto lindo. Mas a medida em que eu aumentava aintensidade dos socos e chutes, Edward fazia o mesmo, literalmente me fazendosuar. Por duas vezes ele me levou ao cho e quase me nocauteou. Em uma delas, elequase conseguira tirar minha mscara. Quando consegui derrub-lo, depois de soc-lo no rosto e chutar suas costelas e estmago, ainda assim Edward levantou, quandoestava prestes a bat-lo mais uma vez para deix-lo inconsciente.

    Em resposta, fui jogada longe, batendo na parede com tanta fora que me fez ver

    estrelas. O tempo que levei para me recuperar foi o suficiente para Edwardconseguir achar sua arma. Corri apressada na sua direo, pulando sobre seu corpo,

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