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O SOLO NA ESTRATÉGIA NACIONAL PARA AS FLORESTAS Ciclo de Colóquios comemorativos do Ano Internacional dos Solos, 2015 Healthy soils for a healthy lifeAlberto Macedo de Azevedo Gomes (Investigador Auxiliar do INIAV)

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Page 1: O SOLO NA ESTRATÉGIA NACIONAL PARA AS FLORESTAS · pressão humana exercida sobre os solos e as florestas. A floresta no Portugal de hoje , e com ela o estado dos solos que herdámos,

O SOLO

NA ESTRATÉGIA NACIONAL PARA AS

FLORESTAS

Ciclo de Colóquios comemorativos do Ano Internacional dos Solos, 2015 “Healthy soils for a healthy life”

Alberto Macedo de Azevedo Gomes (Investigador Auxiliar do INIAV)

Page 2: O SOLO NA ESTRATÉGIA NACIONAL PARA AS FLORESTAS · pressão humana exercida sobre os solos e as florestas. A floresta no Portugal de hoje , e com ela o estado dos solos que herdámos,

DA FLORESTA PRIMITIVA À FLORESTA NO SÉCULO XXI:

UMA SÍNTESE DA SUA EVOLUÇÃO E DA LEGISLAÇÃO FLORESTAL EM PORTUGAL

O coberto florestal em Portugal, desde a floresta primitiva da época megalítica que cobria a quase totalidade do território à floresta atual, caracteriza-se por uma evolução conturbada com períodos longos de desarborização, principalmente a partir do século XIV, devido à forte pressão humana exercida sobre os solos e as florestas.

A floresta no Portugal de hoje , e com ela o estado dos solos que herdámos, é o que a nossa história dela fez desde a fundação do país, caracterizando-se a traços largos por ações sistemáticas de desarborização, e por medidas pontuais de proteção e fomento florestal.

Foi a tomada de consciência das carências em madeira e a necessidade da sua produção, bem como dos graves problemas de erosão e degradação dos solos e a necessidade da sua proteção, que levou às primeiras e seculares tentativas de arborização nas dunas do litoral

Mais recentemente, a partir do final século XIX, num quadro de grande desarborização e descaracterização florestal do país, por uma política de reflorestação intensa com recurso preferencial ao pinheiro bravo, ao sobreiro e ao eucalipto nas últimas décadas e, mais recentemente, a emergência do pinheiro manso e da alfarrobeira em algumas regiões, ações estas que modelaram a floresta portuguesa atual 2

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Vidoeiro (Betula pubescens)

Teixo (Taxus bacata)

(Pinus sylvestris)

Roble (Quercus pyrenaica)

Alvarinho (Quercus robur)

A NORTE DO RIO TEJO O DOMÍNIO DAS FLORESTAS DE CARVALHOS CADUCIFÓLIOS

Cerquinho (Quercus faginea)

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A SUL DO RIO TEJO DOMINAM OS CARVALHOS PERINÓFILOS DE FOLHA ESCLERÓFILA

Sobreiro (Quercus suber)

Azinheira (Quercus ilex)

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ALGUMAS DATAS QUE SÃO MARCOS DA EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO FLORESTAL EM PORTUGAL

1471. Carta de 13 de Novembro (D. Afonso V)

1547. Lei de 7 de Agosto (D. João III)

1521. 1557. As primeiras arborizações nas e areias e dunas de São Pedro de Moel

1565. Lei das árvores (Cardeal D. Henrique)

1605. A floresta ocuparia somente uma área aproximada de 15 % do território in “Memória sobre a população e a agricultura em Portugal” de Rebelo da Silva, referido no Regimento de 20 de Março de 1605 do Monteiro-Mor do Reino (Filipe II)

1633. Carta régia de 1 de Junho (Filipe III)

1805. Início da arborização das dunas do litoral, José Bonifácio de Andrade e Silva

1820. Revolução liberal

1832. Leis de Mouzinho da Silveira

1824. Criação das matas do Reino

1868. A superfície coberta pelo domínio florestal à data ocupava a extensão quase dobrada da que toma hoje

1874. Rebelo da Silva - cobertura florestal estimada em somente 7,91 % do território. “Memória sobre a população e a agricultura em Portugal”

1886. Decreto de 25 de Novembro, que lançou as bases dos “Serviços florestaes”

1888. As Primeiras Administrações Florestais nas serras da Estrela (Manteiga) e Gerês (Gerês)

1889. Estudo detalhado sobre arborização das dunas do norte e centro, Engº Carlos mAugusto de Sousa Pimentel

1897. Projeto geral da arborização dos areais móveis de Portugal

1901. Decreto de 24 de Dezembro de 1901, artigo 25º define o conceito de REGIME FLORESTAL

1902. Publicada a 1ª Carta Agrícola e Florestal de Portugal. A ocupação florestal era já de 22 %

1934. Lima Basto, Inquérito Económico Agrícola. A ocupação florestal era já de 28,29 %

1938. Lei nº 1971 de 5 de Junho. Constitui o Plano de Povoamento Florestal

1945. É criado o Fundo de Fomento Florestal

1981/1989. Projeto Florestal Português/ Banco Mundial

1986/1996. Programa de Ação Florestal (PAF)

1989. Regulamento (CEE) nº 797/85

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Decreto 1886 de 25 de Novembro, que lançou as bases dos serviços florestaes, já estatuia que: “…seriam sucessiva e parcialmente submetidas ao regimen florestal … e por meio de expropriação os terrenos incultos das cumiadas e encostas dos montes, as areias soltas e dunas do litoral, e quasquer outros terrenos cujo povoamento se tornasse necessario aos interesses do país, e especialmente ao regímen das aguas”

O Decreto de 24 de Dezembro de 1901, artigo 25º define o conceito de REGIME FLORESTAL: “… comprehende o conjunto de disposições destinadas a assegurar não só a creação, exploração e conservação da riqueza silvícola, sob o ponto de vista da economia nacional, mas também o revestimento florestal de terrenos cuja arborização seja de utilidade pública e conveniente e necessária para o bom regímen das aguas e defesa das varzeas, para valorização das planícies áridas e beneficio do clima, ou para a fixação e conservação do solo, nas montanhas, e das areias do litoral marítimo”.

As questões que envolvem a floresta e o solo vêm desde a segunda metade do século XIX e estão relacionadas com os grandes problemas da fixação dos areais e dunas do litoral, a erosão e conservação do solo, a proteção das zonas marginais dos cursos de água e a prevenção do assoreamento dos rios, para além da necessidade premente de obter matéria prima para vários fins. Foi neste período que nasceram os primórdios da política florestal com a execução das primeiras grandes arborizações. Com a instituição do REGIME FLORESTAL em princípios do século XX foram dados os primeiros passos para uma política florestal para Portugal, com a elaboração de legislação de apoio às estratégias para a floresta.

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A NOVA FLORESTA SOB O DOMÍNIO DO PINHEIRO BRAVO, EUCALIPTO E SOBREIRO

Eucalipto (Eucalytus globulus)

Pinheiro barvo (Pinus pinaster)

Sobreiro(Quercus suber

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0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

1605 1874 1902 1934 1954 1990 Área Potencial

15,8% 7,9%

22,0% 28,3%

31,9% 34,9%

59,3%

Evolução de ocupação florestal do território entre 1605 e 1990

% de ocupação florestal do território

No determinante período de intensa atividade florestal durante o século XX distinguem-se três fases de evolução da história florestal mais recente:

1ª Fase – expansão da área florestal e criação do recurso floresta

2ª Fase – expansão industrial com um aumento da taxa de utilização do recurso floresta

3ª Fase – para a qual se caminha desde a última década do século XX, de melhoria da qualidade, da eficiência e do valor agregado do setor em áreas específicas (produtos lenhosos, e não lenhosos e serviços dos ecossistemas, em que se inclui a proteção e a conservação do solo) tendo em conta minimizar os fatores indutores da perceção de alto risco do investimento e gestão associados ao mesmo, nomeadamente os impactes das alterações climáticas, da desertificação, dos incêndios florestais, das pragas e doenças e das espécies lenhosas invasoras. 8

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Evolução da área florestal, de matos e de agricultura no Continente durante o século XX Uso do solo em Portugal continental

Distribuição das áreas por espécie (%) Evolução da área ocupada pelas principais espécies da floresta portuguesa

Fonte: ICNF 2010, dados provisórios Fonte: IFN, 2013/02, ICNF.

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Variação da área total por espécie (%)

Áreas arborizadas por espécie dominante (ha) Áreas totais por espécie dominante (ha)

Evolução das áreas totais por espécie (ha)

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Proporção de floresta pública por país da UE (%)

Fonte: State of Europe’s Forests 2011 (dados reportados a 2005).

Número de organizações de proprietários florestais

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Mudança de contexto ou o novo paradigma da floresta portuguesa: os Novos desafios

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Suscetibilidade à desertificação Variação temporal do índice aridez semiárido e

sub-húmido seco

1980 a 2010 2000 a 2010

Incêndios florestais

Erosão do solo

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LOCALIZAÇÃO DAS MATAS PÚBLICAS

VALORIZAÇÃO DOS SEVIÇOS AMBIENTAIS DA FLORESTA

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CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS ESPAÇOS FLORESTAIS SEGUNDO OS BENS E SERVIÇOS PRESTADOS PELOS SEUS ECOSSISTEMAS

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São objetivos estratégicos da ENF: A. Minimização dos riscos de incêndios e agentes bióticos B. Especialização do território C. Melhoria da gestão florestal e da produtividade dos povoamentos D. Internacionalização e aumento do valor dos produtos E. Melhoria da eficiência e eficácia do setor F. Racionalização e simplificação dos instrumentos de política

A Estratégia Nacional para as Florestas (ENF) tem como grande objetivo a gestão sustentável das florestas, em linha com a nova Estratégia da União Europeia para as Florestas e o Sector Florestal e a Visão para as Florestas Europeias 2020, acordada na Conferência Ministerial de Oslo (2011)

Visão para as Florestas Europeias em 2020

Um futuro onde todas as florestas europeias sejam vitais, produtivas e multifuncionais. Onde as florestas contribuam efetivamente para o desenvolvimento sustentável, assegurando

bem-estar humano, um ambiente saudável e o desenvolvimento económico na Europa e em todo o mundo.

Onde o potencial único das florestas para apoiar uma economia verde, providenciar meios de subsistência, mitigação das alterações climáticas, conservação da biodiversidade, melhorando a qualidade da água e combate à desertificação, é realizado em benefício da sociedade”.

(in Oslo Ministerial Decision: European Forests 2020)

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OBJETIVOS ESTRATÉGICOS ESPECÍFICOS PARA AS FLORESTAS

B.1 Planear a abordagem regional B.2 Conservar o solo e a água em áreas suscetíveis a processos de desertificação B.3 Garantir a proteção de áreas florestais prioritárias para a conservação da biodiversidade B.4 Promover a proteção das áreas costeiras B.5 Conservar o regime hídrico B.6 Adequar as espécies às características da estação B.7 Aumentar o contributo das florestas para a mitigação das alterações climáticas B.8 Promover a resiliência da floresta

C. MELHORIA DA GESTÃO FLORESTAL E DA PRODUTIVIDADE DOS POVOAMENTOS C.1 Assegurar a melhor produção económica dos povoamentos C.2 Diversificar as atividades e os produtos das explorações florestais e agroflorestais

B. ESPECIALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

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Macrozonagem das funções dominantes do espaço florestal estabelecidas em função das produtividades potenciais lenhosas e distribuição no território continental das três espécies florestais – Pinheiro Bravo, Eucalipto e Sobreiro – que estão integradas em fileiras florestais.

(Simulação feita com base no Índice de Paterson)

Fonte: IESE 2012/07

ESPECIALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

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Área de especialização do território Valores de uso Funções principais Área de produção lenhosa

Produção lenhosa

Sub-funções principais Produção Produção de madeira

Área de gestão multifuncional

Outros produtos não lenhosos

Produção de biomassa para energia

Pastagem, caça e pesca nas águas interiores

Silvo-pastorícia, Caça e pesca nas águas interiores

Conservação do solo, Proteção do regime hídrico

Proteção

Áreas transversais

Áreas costeiras

Recreio e valorização da paisagem

Recreio, enquadramento e valorização da paisagem

Áreas classificadas

<manutenção da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas

Conservação de habitats e de espécies da fauna e da flora

Equivalência entre as áreas de especialização do território preconizadas na estratégia, os valores de uso direto e indireto e as funções principais da floresta

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Deilão/Albagueiras Serra da Lousâ

Marão/Aboadela Marão Serra Marão/Covelo do Monte

Monção/St. André

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A NECESSIDADE DO CONHECIMENTO DO SOLO PARA A FLORESTAÇÃO, A GESTÃO DOS ECOSSISTEMAS FLORESTAIS E A DEFINIÇÃO DAS SUAS FUNÇÕES

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O SOLO COMO FATOR DE QUALIDADE DAS ESTAÇÕES (SITE QUALITY), ORDENAMENTO DO ESPAÇO FLORESTAL, CRESCIMENTO DAS ÁRVORES E PRODUÇÃO

Na ENF, o solo é encarado essencialmente na ótica da erosão e na defesa do regime hídrico e, como tal, tratar-se de um a fator a proteger e conservar. É assim, e sempre o foi ao longo da história da floresta portuguesa. Daí a razão de ser das arborizações então efetuadas.

Contudo, o solo é também, e principalmente, um importante fator para o crescimento na vegetação, nomeadamente da floresta. São parâmetros principais do solo para a avaliação da qualidade das estações florestais: o material originário, a profundidade, a profundidade efetiva das raízes, a drenagem, o arejamento. Igualmente necessários são os parâmetros relativos à espessura do solo superficial, teor em matéria orgânica e disponibilidade de nutrientes.

Sobre este tema há vasta bibliografia que o demonstra. A caracterização, classificação e cartografia dos solos para uso florestal é praticada em muitos países:

- Soil quality standards and guidelines for forest sustainability in northwestern North America: by Deborah Page-Dumroese, Martin Jurgensen, William Elliot, Thomas Rice, John Nesser, Thomas Collins, Robert Meurisse”. USDA, Forest Service. 1996

- Site Selection for Farm Forestry in Australia: by RJ Harper, TH Booth, PJ Ryan, RJ Gilkes, NJ MKenzie and MF Lewis, 2008

- Evaluation of the Quality and Changes in UK Forest soils: by Elena Vanguelova Centre for Forestry and Climate Change Forest Research, UK. Projeto Biosoil, 2009

O Índice de Paterson é um Índice da produtividade potencial da terra para o crescimento e a produção de primária, baseado em fatores climatológicos (calor, humidade traduzida pela pluviosidade, radiação solar). O trabalho de investigação desenvolvido em 41 produções florestais na Europa, tornou possível a delimitação de zonas potencialmente mais favoráveis à instalação de floresta “zonas de aptidão florestal”

O Índice de Paterson tem vindo a ser melhorado com a introdução das caraterísticas do solo mais peretíveis tais como o material originário, o tipo e características morfológica e físicas do solo, a localização fisiográfica das estações

A Norte do Rio Tejo, é a zona montanhosa onde o Índice de Paterson pode ter melhor aplicação uma vez que existem contrastes climáticos e topográficos bem acentuados que contribuem para uma melhor resolução cartográfica

Já a sul do Tejo, na zona plana dos montados, a avaliação das unidades de terra está muito ligada ao próprio tipo de solo 22

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Modelos para avaliar o Índice de Paterson: (a) duração em meses do período vegetativo ativo; (b) temperatura média do mês mais quente; (c) Pluviosidade anual; (d) coeficiente de flutuação térmica; (e) coeficiente de insolação.

Raquel BENAVIDES, Sonia ROIG, Koldo OSORO, Ann. For. Sci. 66 (2009)

ÍNDICE DA PRODUTIVIDADE POTENCIAL DA TERRA DE PATERSON

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(a) mapa do modelo do Índice de Paterson usando os inputs previamente modelados; (b) mapa dos coeficientes de correção devido à introdução da litologia no modelo

(a) Mapa da produtividade florestal potencial usando métodos de geoestatística; (b) validação do modelo da produtividade florestal pelo método usado para o mapa de produtividade potencial de Espanha

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