o sistema proporcional eleitoral e suas falhas …...neste nenhum político terá acesso ao voto do...

41
0 ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA Raphael Adler Fonseca Sette Pinheiro O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS CONTEMPORÂNEAS Belo Horizonte 2012

Upload: others

Post on 21-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

0

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

Raphael Adler Fonseca Sette Pinheiro

O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS

CONTEMPORÂNEAS

Belo Horizonte

2012

Page 2: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

1

Raphael Adler Fonseca Sette Pinheiro

O Sistema Proporcional Eleitoral e suas falhas contemporâneas

Monografia apresentada à Escola Superior Dom

Helder Câmara como requisito parcial para obtenção

do título de bacharel em Direito.

Orientador:Prof. Tarcísio Humberto Parreiras

Henrique Filho

Belo Horizonte

2012

Page 3: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

2

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

Faculdade de Direito

Raphael Adler Fonseca Sette Pinheiro

O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS

CONTEMPORÂNEAS

Monografia apresentada à Escola Superior

Dom Helder Câmara como requisito parcial

para obtenção do título de bacharel em

Direito.

Aprovado em: __/__/__

________________________________________________________________

Orientador: Prof. Tarcísio Humberto Parreiras Henrique Filho

Nota: ____

Belo Horizonte

2012

Page 4: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

3

Agradeço a minha família, em especial minha mãe,

pai, esposa, irmãos e minha querida filha, que nos

momentos de minha ausência dedicados ao estudo

superior, sempre fizeram entender que o futuro é

feito a partir da constante dedicação no presente; aos

meus amigos que são minha segunda família, que

não me deixam esquecer o quanto posso melhorar;

aos meus professores, que nunca poderei quantificar

o tamanho de sua ajuda e auxilio durante o curso em

minha formação cultural, pessoal e acadêmica; à

Deus, que fez tudo isso possível.

Page 5: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Professor Tarcísio Humberto que acreditou no meu tema e me ajudou a construí-

lo de forma didática, cuja sua sabedoria e inteligência fizeram com que este trabalho ficasse

cada dia mais aperfeiçoado, pela a orientação e carinho, cujo os quais, sem eles, impossível

seria terminar este trabalho.

Agradeço a minha mãe e ao meu pai, por toda a educação que foi me dada, base de todo o

meu trabalho, não só na faculdade ou na vida profissional, mas base de toda a minha vida.

Agradeço aos meus irmãos, em especial ao Guttemberg Augusto, pelo o apoio e pelas as

idéias acerca do tema que me fizeram traçar caminhos na qual eu não conseguiria sem ele.

Agradeço a Deus por me conceder um anjo de luz em minha vida, minha filha Sophia, para

que iluminasse o meu caminho e ao mesmo tempo tornando ele muito mais divertido.

Por Fim, agradeço a todos da Escola Superior Dom Helder Câmara, professores e

funcionários, amigos e colegas, pela a paciência, compreensão e carinho.

Page 6: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

5

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam

de política, simplesmente serão governados por

aqueles que gostam.”

(PLATÃO)

Page 7: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

6

RESUMO

O presente trabalho refere-se ao debate sobre o eleitoral praticado pelos partidos e coligações

para arrecadar votos de parte da população para que a coligação ou partido ganhe um numero

maior de cadeiras nas casas legislativas. Primeiramente estudamos o sistema proporcional,

após estudamos um caso em específico, do Deputado Tiririca, e após faremos conclusões ao

tema apresentando formas possíveis de se resolver o conflito existente.

Palavras-chave: Monografia. Direito Eleitoral. Direito Constitucional. Sistema Proporcional.

Irregularidades contemporâneas. Cotas.

Page 8: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8

2. O SISTEMA PROPORCIONAL DO INSTITUTO ELEITORAL BRASILEIRO ....... 9

3. CONSIDERAÇÕES DOUTRINÁRIAS, JURISPRUDENCIAIS E MIDIÁTICAS

SOBRE O TEMA. .................................................................................................................. 17

4. A CONSTRUÇÃO DO ELEITORADO BRASILEIRO ................................................. 22

4.1. Das Minorias Populacionais ........................................................................................... 22

4.1.1 Dos Índios ....................................................................................................................... 22

4.1.2 Por cor ou raça ............................................................................................................... 25

4.1.3 População Homoafetiva ................................................................................................ 27

4.1.4 População de Baixa Renda ........................................................................................... 29

5. SISTEMA POR COTAS PARA AS CASAS LEGISLATIVAS ..................................... 31

5.1. O direito de voto .............................................................................................................. 31

5.2. O direito de filiação partidária ....................................................................................... 32

5.3. Do sistema proporcional para o majoritário com cotas ............................................... 32

5.4. As cotas legislativas de acordo com as minorias ........................................................... 32

5.4.1. Cotas para Indígenas .................................................................................................... 33

5.4.2. As cotas para pessoas de cor preta e amarela ............................................................ 35

5.4.3. As cotas para pessoas de baixa renda e homoafetivos ............................................... 36

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS BÁSICAS ................................................................................................... 38

Page 9: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

8

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por fim precípuo analisar a “inelegibilidade dos eleitos

através das sobras partidárias”. As sobras partidárias é o voto excedente que um candidato

recebe além do quociente eleitoral.

Portanto, o estudo questiona se a o candidato eleito pelas sobras eleitorais, com

abuso, é ou não elegível perante as normas constitucionais. Uma prática recorrente no sistema

eleitoral brasileiro que tem levado pessoas sem representatividade e com uma atitude suspeita

as cadeiras da Câmara.

Desta forma, o objetivo geral é identificar o prejuízo para sociedade do eleito por

conta das sobras eleitorais e que o fez de má fé, observando que por mais que preencha o rol

taxativo do art. 14, §3º da CF-88, exerce um mandado sem credulidade.

Assim, os objetivos específicos visam analisar os efeitos práticos da do uso de

“cabeças-de-chave”, título dado aos candidatos que são procurados por sua fama para ganhar

um numero excessivo de votos e levar consigo ao poder pessoas sem representatividade.

A relevância do tema acerca do sistema de sobras partidárias é perceptível ao

observar a grande revolta que se deu ao ver políticos sendo levados ao poder por conta dos

votos recebidos por outros.

O trabalho foi realizado de agosto de 2012 a dezembro de 2012, envolvendo as

seguintes atividades: elaboração do projeto de pesquisa, revisão do projeto de monografia,

elaboração do referencial teórico, e elaboração do relatório final (monografia).

O trabalho foi estruturado com base em pesquisa bibliográfica e documental e

compilação de materiais doutrinários e jurisprudências, que definem a técnica de pesquisa

bibliográfica e documental.

O método aplicado foi o dialético ou comparativo pelos quais foi feito uma análise

sobre a abordagem do tema em artigos científicos, doutrinas, decisões judiciais e

jurisprudência.

O trabalho foi dividido em três capítulos: o primeiro capítulo estuda o sistema

proporcional adotado no Brasil; o segundo capítulo trata das posições doutrinárias e

jurisprudenciais sobre o tema; o terceiro capítulo é uma análise dos casos em que há um

excesso do uso das sobras partidárias.

Page 10: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

9

2. O SISTEMA PROPORCIONAL DO INSTITUTO ELEITORAL BRASILEIRO

O Estado Democrático de Direito é regido por leis que normatizam de forma

democrática o convívio social, sendo que o princípio da legalidade ganha um papel relevante

ao observar que ele estará sujeito às leis por ele mesmo criadas, seja no âmbito das relações

públicas ou privadas.

Este princípio vem proteger o Estado Democrático impondo limites ao poder estatal,

não aceitando nenhuma forma de autoritarismo. Desta forma há a necessidade de se ter um

sistema de leis em que todos deste Estado Democrático o utilizem para se ter a primazia de

princípios da pessoa humana.

Desta forma, podemos observar o surgimento do princípio do sufrágio universal, na

qual rege sobre toda a eleição designando o direito público subjetivo democrático, onde um

grupo determinados de indivíduos de uma sociedade ganha o direito de escolher seus

governantes e ser escolhido para governar.

O sufrágio apresenta dois tipos de capacidade eleitoral, a capacidade ativa e a

capacidade passiva. A capacidade ativa significa o direito de voto, do eleitor. A capacidade

passiva significa o direito de ser votado, o jus honorum1, o direito de ser escolhido em um

processo eleitoral.

O jus honorum é legalmente reconhecido pela a Carta Magna, no art. 14 §§ 2º, 3º e

4º, como podemos ver a seguir:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto

e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

(...)

§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do

serviço militar obrigatório, os conscritos.

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária; Regulamento

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,

Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador. § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Com a realização do injusto penal culpável, o direito de punir estatal abstrato torna-

se concreto, surgindo assim a categoria da punibilidade. Dessa forma, a punibilidade

1 Jus Honoroum significa “Além do Direito de Votar”, ou seja, aquele que pode ser candidato.

Page 11: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

10

é mera condicionante ou pressuposto da conseqüência jurídica do delito. (BRASIL,

1988)

Desta forma o rol taxativo para que seja estabelecida a capacidade eleitoral passiva, e

da mesma forma o referido artigo trata no § 1º a capacidade eleitora ativa, se não, vejamos:

Art14 – (...)

§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.(BRASIL, 1988)

Sendo assim, oportuno lembrar que os nacionais admitidos pelo o art. 14 da Carta

Magna são os cidadãos brasileiros, pois eles detêm o direito político para participar da vida

política do País, seja elegendo representantes, seja sendo eleitos representantes.

Neste diapasão, não se pode confundir o sufrágio e o voto. Enquanto o sufrágio é o

direito, o voto é o seu exercício. O voto, um dos mais importantes instrumentos da

democracia, é o ato pelo o qual o cidadão, já definido anteriormente, escolhem seus

representantes para os cargos políticos.

O voto é um dever cívico obrigatório aos maiores de 18 anos e menores de 70 anos,

de acordo com o art. 14, § 1º (BRASIL, 1988) elencado anteriormente. A obrigatoriedade do

voto é que faz com que o cidadão participe da vida política e demonstra que o legislador

constituinte entendeu que a grande massa populacional brasileira não é capaz de entender e

votar no sistema de voto facultativo, obrigando todos a irem às urnas votarem.

A obrigatoriedade é um meio usado pelo o sistema para deturpar o direito eleitoral e

o sistema político brasileiro, nela, o candidato sabendo da obrigatoriedade do voto e da

imaturidade política do povo brasileiro abusa da ignorância política do eleitor e estes votam

em qualquer um, aquele que primeiro apresenta, no bem aparentado, negociando os seus votos

ou votando em figuras midiáticas, dando ao partido deste as sobras de votos para levarem ao

poder políticos que não conseguiriam alcançar o mínimo de votos necessários.

No sistema político brasileiro, o voto apresenta as seguintes características:

Personalidade; Liberdade; Obrigatoriedade; Secreto; Direto; Periódico; Igual.

A personalidade se refere a pessoa do cidadão, onde apenas ele poderá exercer seu

direito-dever de voto, sendo impossível este direito-dever ser exercido por procuração,

representante ou correspondência. De lado a lado o voto igual demonstra a importância da

Page 12: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

11

personalidade, onde o voto de todos serão considerados um na contagem de votos, não

havendo nas eleições cidadãos com poder de voto maior que de outros.

A liberdade é a característica principal, onde o eleitor se vê desvinculado de qualquer

obrigação, podendo votar no partido ou no candidato que lhe interessar politicamente, ou

ainda, exercer o direito de voto em branco ou nulo.

A característica da liberdade é garantida pela característica do voto secreto, onde

neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema

eleitoral.

A obrigatoriedade, já estudada anteriormente, é o dever do cidadão de votar,

instituído pelo o legislador constituinte ao encarar uma sociedade sem maturidade o suficiente

para participar do sistema facultativo.

O principio do voto direto, demonstra a falta de intermediários no ato de escolha dos

cidadãos que irão governar o estado. O voto indireto pode ser observado em alguns aspectos,

como a eleição indireta no caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da

República nos últimos 2 anos do período presidencial, de acordo com o art. 81, § 1º da

Constituição Federal Brasileira de 1988, onde a eleição será feita pelo o congresso nacional.

Cumpre ressaltar que este caso, poderá apenas decorrer de causas não-eleitorais.

E por fim, a periodicidade, onde demonstra a rotatividade do poder político, em que

de intervalos certos é feita nova votação, devendo os cidadãos comparecerem na urna e

votarem novamente, exercendo seu direito-dever de voto.

Neste diapasão, analisemos o sistema de votos, ou melhor, os sistemas eleitorais

existentes no planeta. Primeiramente, devemos entender que o sistema eleitoral é o sistema

completo, do início ao fim, onde no fim um candidato é eleito para representar seus eleitores e

o bem nacional em um cargo político, assim, podemos observar que tem por função a

organização das eleições.

O sistema eleitoral conhece três vertentes tradicionais: O majoritário, o proporcional

e o misto. Na Constituição Federal de 1988 foram consagrados o sistema majoritário e o

sistema proporcional. Neste sentido é importante a observação de Fábio Konder Comparato,

se não, vejamos:

Não há sistemas idealmente perfeitos, para todos os tempos e todos os países, mas

apenas sistemas mais ou menos úteis à consecução das finalidades políticas que se

têm em vista, em determinado país e determinado momento histórico.

(COMPARATO, 2008, p. 87)

Page 13: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

12

Extremamente inteligente Comparato demonstra que o sistema eleitoral brasileiro

também há falhas e que estas falhas têm que ser encontradas e sanadas. Neste breve estudo

monográfico, iremos observar apenas o sistema proporcional, onde há em seu princípio uma

falha relativamente nova ao estado democrático de direito e que vem sendo utilizada por

figuras políticas brasileiras de caráter duvidoso.

Iremos analisar ao fundo o caso da eleição de 2010, onde o Francisco Everardo

Oliveira da Silva, conhecido pelo nome artístico de Tiririca, afiliado ao Partido da República,

obteve 1.353.8202 votos, elegendo consigo outros deputados por conta do sistema

proporcional.

O sistema proporcional visa distribuir entre as múltiplas entidades políticas as vagas

existentes nas Casas Legislativas, tornando equânime a disputa pelo o poder. Não

considerando apenas os votos ao candidato, como no sistema partidário, o sistema

proporcional prestigia a presença do maior numero de grupos concorrentes, desta forma,

prestigiando a minoria.

O sistema proporcional é adotado nas eleições da Câmara dos Deputados,

Assembléias Legislativas e Câmara dos Vereadores, conforme dispões a Constituição Federal

Brasileira de 1988 nos arts. 27, §1º, 29, IV, 32, §3º e 45, desta forma sendo impossível se

pedir a inconstitucionalidade do sistema por conta de desvios feitos em seu arredor, mas se

torna possível mudar o sistema, para uma melhor adequação à realidade, como veremos ao

final deste trabalho.

A distribuição dos eleitos nas cadeiras será feito nos partidos, levando em

consideração uma série de fatores. Para um candidato seja eleito, é necessário primeiramente

que seu partido seja contemplado com uma cadeira, ou seja, um número mínimo de votos.

Esse número é chamado de Quociente Eleitoral, que será tratado nas fórmulas como QE.

O Código Eleitoral (BRASIL, 1965) encontra o numero que contempla o Quociente

Eleitoral nos termos do art. 106. Divide-se o numero de votos válidos apurados pelo de

lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou inferior a

meio, equivalente a um, se superior.

Desta forma já é descartado os votos brancos e nulos, não sendo contabilizados pois

não são considerados válidos. Se chamarmos de QE o quociente eleitoral e de QP o quociente

partidário, onde “Vv” é o número de votos válidos e “C” o número de cadeiras a serem

preenchidas e onde “Vp” é o numero de votos por partido teremos:

2 Todos os dados de votos que estão sendo apresentados no corpo deste trabalho foram retirados do Tribunal

Regional Eleitoral-SP.

Page 14: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

13

3

O quociente partidário se dá de acordo com o art. 107 do Código Eleitoral (BRASIL,

1965), onde demonstrado pela a fórmula é o numero de votos válidos dados a mesma legenda

ou coligação dividido pelo o quociente eleitoral obtido anteriormente.

Usaremos de exemplo o caso das Eleições de 2010, e do chamado Caso Tiririca.

Assim temos os seguintes dados4: Votos Válidos = 21.317.327 ; Número de Cadeiras = 70;

Votos no Tiririca = 1.353.820 (6,35% dos votos válidos); Votos na Coligação Juntos por São

Paulo = 6.789.330 (31,85% dos votos válidos).

Sendo assim, dividindo os Votos Válidos pelos números de cadeira teremos 304.533

votos necessários para se eleger. Este é o Quociente Eleitoral. Após ter o Quociente Eleitoral,

precisamos encontrar o Quociente Partidário. A coligação Juntos por São Paulo recebeu

6.789.330 votos, e dividindo pelo o Quociente Eleitoral, chegamos ao resultado de 22,29.

Com isso a coligação garante 22 cadeiras imediatamente, e as sobras de cadeira serão

divididas.

Para essa divisão devemos ter o numero de todas as coligações, e entregar uma

cadeira para cada coligação que tenha obtido ao menos uma cadeira e que tenha de sobras

mais que todas as outras. Vejamos as coligações e seus números finais:

Partido/Coligação Total de

Votos Quociente Partidário

Juntos Por São Paulo 6.789.330 22,294234

Preste Atenção São Paulo 2.156.758 7,0821816

PPS5 / DEM 6/ PSDB7 6.407.574 21,040656

Partido Democrático Trabalhista 883.108 2,8998762

Humanista Cristão 668.691 2,1957916

Partido Trabalhista Brasileiro 676.326 2,2208628

Partido Socialismo e Liberdade 317.668 1,0431316

Partido Progressista 832.725 2,7344327

Partido do Movimento

Democrático Brasileiro 460.653 1,5126538

Partido Verde 1.716.592 5,6368013

3 Ambas as fórmulas confeccionados pelo o autor.

4 Dados retirados do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.

5 PPS – Partido Popular Socialista

6 DEM - Democratas

7 PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira

Page 15: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

14

Até esta etapa foram divididas 65 cadeiras, das 70 cadeiras totais. Para dividir as

outras cadeiras será observado o método de distribuição das sobras, ou método de Médias. O

Código Eleitoral Brasileiro define:

Art. 109 - Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários

serão distribuídos mediante observância das seguintes regras:

I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou coligação de

Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou

coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher;

II - repetir-se-á a operação para a distribuição de cada um dos lugares.

(BRASIL,1965)

Assim sendo, cada partido deverá encontrar sua Média na seguinte equação:

M = Qp / (Cadeiras conquistadas + 1) 8

Esta equação tem que ser feita para cada cadeira, modificando novamente o numero

de cadeiras do partido que recebeu uma nova cadeira. Deste modo, para o caso usado,

devemos observar as 6 próximas tabelas:9

Partido/Coligação Total de

Votos Quociente Partidário Cadeiras conquistadas Sistema de

Média

Juntos Por São Paulo 6.789.330 22,29423412 22 0,969314527

Preste Atenção São Paulo 2.156.758 7,08218157 7 0,885272696

PPS / DEM / PSDB 6.407.574 21,04065569 21 0,956393441

Partido Democrático Trabalhista 883.108 2,899876204 2 0,966625401

Humanista Cristão 668.691 2,195791589 2 0,73193053

Partido Trabalhista Brasileiro 676.326 2,220862764 2 0,740287588

Partido Socialismo e Liberdade 317.668 1,043131615 1 0,521565807

Partido Progressista 832.725 2,734432722 2 0,911477574

Partido do Movimento

Democrático Brasileiro 460.653 1,512653801 1 0,756326901

Partido Verde 1.716.592 5,636801266 5 0,939466878

Juntos por São Paulo obteve a Maior Média, e deve ser consagrado com uma nova

cadeira, restando quatro cadeiras. É dessa forma que as cadeiras que sobram após a primeira

divisão são novamente divididas. Assim sendo, repete-se a operação matemática até que as

quatro cadeiras que sobraram sejam entregues a todas as devidas coligações que obtiverem a

maior média, após ser somado no numero de cadeiras da anterior a cadeira que recebeu.

8 M = Média ; Qp = Quociente Partidário.

9 Tabelas confeccionadas pelo o autor, com dados do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo acerca da eleição

de 2010 para Deputado Federal.

Page 16: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

15

Partido/Coligação Total de

Votos Quociente Partidário Cadeiras conquistadas Sistema de

Média

Juntos Por São Paulo 6.789.330 22,29423412 23 0,928926422

Preste Atenção São Paulo 2.156.758 7,08218157 7 0,885272696

PPS / DEM / PSDB 6.407.574 21,04065569 21 0,956393441

Partido Democrático Trabalhista 883.108 2,899876204 2 0,966625401

Humanista Cristão 668.691 2,195791589 2 0,73193053

Partido Trabalhista Brasileiro 676.326 2,220862764 2 0,740287588

Partido Socialismo e Liberdade 317.668 1,043131615 1 0,521565807

Partido Progressista 832.725 2,734432722 2 0,911477574

Partido do Movimento Democrático Brasileiro 460.653 1,512653801 1 0,756326901

Partido Verde 1.716.592 5,636801266 5 0,939466878

Neste novo quadro, com a nova cadeira da Coligação Juntos Por São Paulo, sua

Média caiu e o Partido Democrático Trabalhista recebeu a sua terceira cadeira.

Partido/Coligação Total de

Votos Quociente Partidário Cadeiras conquistadas Sistema de

Média

Juntos Por São Paulo 6.789.330 22,29423412 23 0,928926422

Preste Atenção São Paulo 2.156.758 7,08218157 7 0,885272696

PPS / DEM / PSDB 6.407.574 21,04065569 21 0,956393441

Partido Democrático Trabalhista 883.108 2,899876204 3 0,724969051

Humanista Cristão 668.691 2,195791589 2 0,73193053

Partido Trabalhista Brasileiro 676.326 2,220862764 2 0,740287588

Partido Socialismo e Liberdade 317.668 1,043131615 1 0,521565807

Partido Progressista 832.725 2,734432722 2 0,911477574

Partido do Movimento

Democrático Brasileiro 460.653 1,512653801 1 0,756326901

Partido Verde 1.716.592 5,636801266 5 0,939466878

Na mesma fórmula, a coligação Partido Popular Socialista, Democratas e Partido da

Social Democracia Brasileira conquistou sua vigésima segunda cadeira. Ao analisar o quadro

podemos observar que sempre ao ganhar uma nova cadeira o partido ou coligação tem sua

média drasticamente diminuída, mas o valor que é diminuído não é o mesmo para todos os

partidos, tendo uma diferença primordial dentre os partidos que mais conseguiram votos em

sua legenda. Desta forma, o partido que se utiliza de uma figura midiática para sugar votos,

sai também na frente da disputa das médias. Ao final do trabalho faremos uma demonstração

com o mesmo sistema, analisando como seria se o peso da mídia e do marketing sobre os

ignorantes políticos.

Page 17: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

16

Partido/Coligação Total de

Votos Quociente Partidário Cadeiras conquistadas Sistema de

Média

Juntos Por São Paulo 6.789.330 22,29423412 23 0,928926422

Preste Atenção São Paulo 2.156.758 7,08218157 7 0,885272696

PPS / DEM / PSDB 6.407.574 21,04065569 22 0,914811117

Partido Democrático Trabalhista 883.108 2,899876204 3 0,724969051

Humanista Cristão 668.691 2,195791589 2 0,73193053

Partido Trabalhista Brasileiro 676.326 2,220862764 2 0,740287588

Partido Socialismo e Liberdade 317.668 1,043131615 1 0,521565807

Partido Progressista 832.725 2,734432722 2 0,911477574

Partido do Movimento

Democrático Brasileiro 460.653 1,512653801 1 0,756326901

Partido Verde 1.716.592 5,636801266 5 0,939466878

Desta vez foi o Partido Verde a ser condecorado com a sua sexta cadeira. Neste caso

em específico, o Partido Verde perdeu sua sexta cadeira por conta da Lei da Ficha Limpa ser

considerada Inválida para a Eleição e ao final Elegendo Paulo Maluf. Mas continuaremos com

o exemplo sem este detalhe, fazendo como se fosse invalidada a candidatura do Maluf, para

melhor exemplificar o estudo.

Partido/Coligação Total de

Votos Quociente Partidário Cadeiras conquistadas Sistema de

Média

Juntos Por São Paulo 6.789.330 22,29423412 23 0,928926422

Preste Atenção São Paulo 2.156.758 7,08218157 7 0,885272696

PPS / DEM / PSDB 6.407.574 21,04065569 22 0,914811117

Partido Democrático Trabalhista 883.108 2,899876204 3 0,724969051

Humanista Cristão 668.691 2,195791589 2 0,73193053

Partido Trabalhista Brasileiro 676.326 2,220862764 2 0,740287588

Partido Socialismo e Liberdade 317.668 1,043131615 1 0,521565807

Partido Progressista 832.725 2,734432722 2 0,911477574

Partido do Movimento

Democrático Brasileiro 460.653 1,512653801 1 0,756326901

Partido Verde 1.716.592 5,636801266 6 0,805257324

Nesta última cadeira, a coligação Juntos por São Paulo obteve sua vigésima quarta

cadeira na Câmara dos Deputados em Brasília. Finalizando, resta demonstrado o sistema

proporcional, objeto deste primeiro capítulo.

Page 18: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

17

3. CONSIDERAÇÕES DOUTRINÁRIAS, JURISPRUDENCIAIS E MIDIÁTICAS

SOBRE O TEMA.

Com intuito de abordar melhor questão da das sobras partidárias, devemos observar e

anotar uma série de entendimentos sobre o tema.

O Tribunal Superior Eleitoral no âmbito de suas responsabilidades jurídicas

regulamentou varias facetas do sistema proporcional, já que durante o uso do sistema lacunas

foram observadas. No caso de empates nas médias de dois ou mais partidos ou coligações, a

vaga será atribuída àquele com maior votação conforme ensinado pelo Tribunal Superior

Eleitoral – Resolução Normativa 16.844/90 (BRASIL, 1990) e Acórdãos 11.778/94

(BRASIL, 1994) e 2.895/2001 (BRASIL, 2001) e havendo empate nas médias e o numero de

votos, o desempate se dá pelo numero de votos nominais de acordo com a Consulta feita ao

Tribunal Superior Eleitoral de número 2.845/2001 (BRASIL, 2001), afastando o critério do

art. 110 do Código Eleitoral (BRASIL, 1965) de que seja a idade o critério para desempate.

Deste modo podemos observar o poder fiscalizador do Tribunal Superior Eleitoral

no sistema eleitora. O Tribunal Eleitoral foi mantido pela a Constituição Federal de 1988

como parte do Poder Judiciário, como ensina o art. 92, V, da Constituição Federal Brasileira

de 1988, e complementado pelo o art. 118, da Constituição Federal Brasileira de 1988. O

Tribunal Superior Eleitoral é o órgão máximo dentro do Tribunal Eleitoral, e sua jurisdição se

estende a todo o território brasileiro.

Devemos observar também a participação do Supremo Tribunal Federal nos

mandados de segurança n.26.602, 26.603 e 26.604, julgados em 04/10/2007, onde na ocasião

eleitos pelas sobras eleitorais mudavam de partido, onde o Supremo Tribunal Federal

reconheceu que o voto é da legenda e não da pessoa.

Neste diapasão, podemos observar que o Supremo Tribunal Federal reconheceu que

aqueles que são eleitos pelo o voto partidário, ou sobras partidárias, são reconhecidos por

representarem o partido, ou as sobras, e não seus eleitores em si apenas. Com isso o Superior

Tribunal Federal deu um importante passo, observado durante este estudo, que o candidato em

que utiliza do sistema para se eleger e depois resolve mudar de partido, voltando muitas

vezes, para o seu partido antecessor, não detém condição mínima de elegibilidade, por não

auferir por si só o Quociente Eleitoral.

Page 19: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

18

No caso abrangido pelo o estudo, do Deputado “Tiririca”10

, devemos observar que a

pessoa do Deputado de nada fez errado, e as críticas deste trabalho são voltados apenas para o

sistema usado por outros políticos para a escalada ao poder.

Neste mesmo diapasão, podemos observar uma série de reportagens que

demonstram que o Deputado “Tiririca” é um dos poucos Deputados que comparecem todos os

dias à casa legislativa, que está representando sua classe e defendendo os seus interesses e os

interesses de seus representados. Devemos ressaltar que este trabalho se volta mais contra o

sistema político utilizado para levar ao poder candidatos com menos votos que outros, ou seja,

uma representatividade deturpada.

O legislador originário foi muito inteligente ao usar do sistema proporcional em

alguns casos de eleição neste país, pois com isso ele fez com que uma minoria tivesse

representatividade nas casas legislativas. Pensando que uma certa minoria sempre iria ser

vencida pelo o numero de votos, o sistema faz com que o candidato com menos votos se afilie

a um partido, ou que um partido com poucos candidatos, se filia a uma coligação, e que os

votos desta coligação ou do partido, que fossem excedentes viessem recair sobre o

representante da minoria. Com isso, a minoria teria seus direitos resguardados nas casas

legislativas.

A teoria é muito bem feita, e com certeza a prática também o foi. Mas o legislador

originário não esperava que em algumas décadas o poder da mídia tivesse tamanho peso para

influenciar a população, que como observamos no capítulo anterior, é uma população imatura

politicamente e conjuntamente, com o uso de marketing e o poder midiático leva ao povo uma

falsa idéia de candidatos, onde uma única figura consegue sugar vários Quociente Eleitoral e

com isso presenteie seu partido ou coligação com votos para eleger políticos suspeitos.

Um acontecimento paralelo a este estudo é o caso do Mensalão, que está sendo

julgado pelo o Supremo Tribunal Federal durante este estudo. Dentro do processo do

Mensalão, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal um Deputado Valdemar da Costa

Neto que aliciou o Deputado Tiririca e o convidou para se eleger, na esperança de puxar votos

para o seu partido. Este Deputado conhece do sistema e de suas falhas e também conhece

muito bem a força da mídia e os benefícios que a figura do Tiririca iria trazer frente a uma

cidade de mais de 20 milhões de pessoas. Alguns podem chamar de “jogada política”, mas o

que todos os eleitores conscientes viram foi um abuso das normas vigentes levando ao poder

pessoas que se utilizaram das sobras dos votos do Deputado Tiririca.

10

Nome artístico do Deputado Francisco Everardo Oliveira Silva.

Page 20: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

19

Como o Deputado Tiririca, muitos outros fazem este papel. São conhecidos como

“cabeça-de-chave” ou “puxadores de voto”, o que demonstra cabalmente a intenção do

partido e a deturpação da lei e da vontade do Legislador Originário.

Este estudo observou que a doutrina não fala nada sobre o tema, até mesmo por ser

um tema relativamente novo. A doutrina fala sobre o sistema, sobre a vontade do legislador

originário e de todo o arcabouço eleitoral, mas deste assunto em específico, talvez por ser

contemporânea, não o aborda e assim não demonstra seu posicionamento quanto ao tema.

Também não teve uma ação que questionasse esta falha do sistema proporcional,

para que gerasse uma discussão no âmbito jurisprudencial. O que podemos observar é que o

Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral estão militando para trazer a justiça

e a aplicação dos princípios democráticos do direito, e que com a decisão dos Mandados de

Segurança feitos pelo o Supremo Tribunal Federal, apresentados no inicio deste capítulo, é

que o Supremo Tribunal Federal se posicionou para demonstrar que estes votos, as sobras, são

do partido e não daquele que a aproveita. Isso nos faz remeter os estudos para o lado de que,

se é do partido as sobras, o candidato eleito com mais votos que o necessário representa parte

de seus eleitores, e que o partido se responsabiliza pelo o restante.

Levando em conta o princípio em que o eleito democraticamente representa seus

eleitores, mas que o poder do voto de seus eleitores ultrapassa o necessário para se adquirir

uma cadeira, aqueles que o excedem devem cobrar do partido, e não do eleito em seu nome. É

como se obrigasse aos eleitores de um determinado candidato se obrigassem a entregar o seu

poder de voto ao partido do candidato, o que não pode ser imposto ao eleitor, como observado

no capítulo anterior.

A jurisprudência e a doutrina são fontes subsidiarias do sistema eleitoral e este

estudo tem como primazia o inicio do debate do tema na fonte doutrinária, para começarmos

um grande debate e gerar uma fonte subsidiaria ao sistema eleitoral e futuramente, com

esperanças, ver uma lei ser promulgada para inibir a brecha jurídica encontrada pelos políticos

para a deturpação do sistema proporcional.

A mídia, por outro lado, debateu muito este uso deturpado do sistema durante e após

as eleições de 2010, e continuam debatendo, pois não se contentam em receber como resposta

de que a forma utilizada é legal, por estar prevista em lei, e nada mais. Se não, vejamos.

Reportagem da VEJA, do dia 04/10/2010, às 11:40h:

“O resultado rendeu ao PR, partido do humorista, outras três cadeiras na Câmara dos

Deputados – uma delas ficará com o mensaleiro Valdemar da Costa Neto, que

conseguiu se reeleger com 174.826 votos. (...) A votação gigantesca obtida por

Tiririca pode ter ajudado a puxar Costa Neto, mas não foi suficiente para ajudar

Page 21: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

20

Genoino a se reeleger. Já Cunha e Mentor garantiram uma vaga na Câmara.”

(Revista VEJA, 2010)

Outras reportagens de veículos de informação menores, demonstram a mesma

insatisfação com o sistema, como a seguir:

Com o quociente eleitoral para deputado federal em São Paulo de 304.533 votos,

Tiririca (PR-SP) levou muita gente com ele. O candidato obteve 1.353.820 votos, o

suficiente para eleger mais três deputados. Dentre eles, o delegado Protógenes (PC

do B-SP).

(...)

O delegado foi afastado do cargo na Polícia Federal depois que participou de um

comício eleitoral em Poços de Caldas (MG). Na disputa pela vaga de deputado

federal pelo PCdoB, ele declarou à Justiça Eleitoral guardar, em dinheiro vivo, R$

289 mil em sua casa. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a pequena fortuna

representa um terço do patrimônio do delegado, que ganha R$ 14 mil por mês, e tem

duas casas em Niterói e São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e apartamentos no Rio, em

Brasília (DF), Guarujá (SP) e Foz do Iguaçu (PR), que totalizam R$ 834,5 mil em

bens.

Protógenes ainda responde a processo criminal por sua atuação à frente da

Satiagraha. Ele é acusado de vazamento de informações sigilosas da operação à TV

Globo, fraude processual pela edição de um vídeo usado como prova de tentativa de

suborno a delegado federal, e violação da Lei de Sigilo Telefônico (Lei 9.296/1996).

A acusação de suborno levou o banqueiro Daniel Dantas a ser condenado por

corrupção pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

(Revista Consultor Jurídico, 2010)

Podemos observar com esta última reportagem, da Folha de São Paulo, as

impressões que a comunidade internacional teve com a eleição para Deputados do Estado de

São Paulo.

A eleição do palhaço Tiririca (PR) para deputado federal com1,35 milhão de votos

válidos foi destaque na imprensa internacional. O blog "Americas", da revista

britânica "The Economist", afirmou ser "deprimente" e "estranho" um país que tem a

"tecnologia maravilhosa" das urnas eletrônicas eleger Tiririca com um milhão de

votos.

Afirma ainda que a lei eleitoral brasileira induz à corrupção já que os candidatos

com grande votação ajudam a eleger outros candidatos do mesmo partido ou

coligação. Esse sistema, diz o blog, cria "olheiros" em busca de candidatos

"puxadores" de votos.

(...)

A BBC diz que analistas explicam a popularidade de Tiririca como reflexo da

desilusão com escândalos políticos. (Jornal Folha de São Paulo, 2010)

E não para neste ponto, jornais de grande circulação em grandes países

ridicularizaram o acontecido, chamando de “manobra-marqueteira” pelos argentinos. Mas a

BBC11

foi a mais incisiva, pois durante toda esta pesquisa, ficou observado também que

muitos votaram no Deputado Tiririca para protestar contra os escândalos políticos.

11

BBC - (British Broadcasting Corporation), é uma emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido

fundada em 1927

Page 22: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

21

Neste momento é perceptível a ignorância política do eleitor, como tratado no

primeiro capítulo, onde se vê obrigado a votar e vota em protesto, sem perceber que este ato

elegeu novamente candidatos sem lisura e probidade, que ainda não eram abrangidos pelos

efeitos da Lei da Ficha Limpa.

Desta forma, podemos concluir que ainda há muito a se debater no meio acadêmico e

doutrinário para que essa discussão possa chegar até o órgão julgador para que se tenha um

posicionamento da matéria efetiva.

Page 23: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

22

4. A CONSTRUÇÃO DO ELEITORADO BRASILEIRO

Iniciaremos estudando rapidamente o conceito de paradigma, palavra esta que é

usada para representar um modelo, a forma de um padrão imposto e aceito que deve ser

seguido como um critério, enquanto aceito o paradigma, para resolução de conflitos.

Desta feita, observando a falta de possibilidade de se utilizar o paradigma para

resolver o problema, ambos demonstrados no início deste trabalho, onde a forma de

distribuição do sistema proporcional eleitoral não consegue solucionar os problemas

contemporâneos do sistema, devemos começar a desconstrução deste paradigma, do seu

início, da vontade do legislador originário.

Para iniciarmos a questão de como deve ser quebrado o paradigma criado com o

sistema proporcional, devemos primeiramente avaliar o eleitorado brasileiro. Com isso,

usaremos os dados do IBGE12

, coletados no CENSO 2010, onde compreende um minucioso

levantamento de todos os domicílios do país.

Devemos também destacar a vontade do legislador originário, de que o voto do

partido viesse a auxiliar membros, através da divisão pelo o sistema proporcional, de se eleger

e defender uma minoria nas casas legislativas. Não temos como propor uma quebra de

paradigma ignorando a vontade do legislador originário, que foi deturpada por figuras

questionáveis do sistema político contemporâneo.

Desta forma, a melhor maneira de se quebrar este paradigma seria trazendo o

conceito de uma representação das minorias existentes no Brasil, e com isso atingir

novamente a vontade do legislador originário ao se aproximar de um sistema mais justo e

mais democrático.

Caso fosse desnecessário levar em consideração a vontade deste legislador, não

teríamos problemas em legislar para que toda as casas legislativas que utilizam do sistema

proporcional viesse a ser pelo o sistema majoritário.

4.1. Das Minorias Populacionais

4.1.1 Dos Índios

Analisando a tabela 1.4, com nome de “População nos Censos Demográficos,

segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação - 1872/2010”, junto da tabela 2.1

12

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Page 24: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

23

com nome de “Pessoas indígenas, por sexo e localização do domicílio, segundo as Grandes

Regiões e as Unidades da Federação – 2010”, temos nosso primeiro gráfico comparativo.13

13

Infográficos confeccionados pelo o autor, com base nos números das tabelas indicadas no início de cada

tópico, observando os números divulgados pelo o IBGE no CENSO 2010.

Page 25: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

24

Este último infográfico deve ser amplamente trabalhado, pois na região do norte do

Brasil é onde encontra a maior parte da população indígena do país. Sendo assim, há de se

anotar que o estado do Amazonas é o estado onde concentra o maior número de Índios,

totalizando 183.514, e o estado de Roraima é o que detém o maior índice percentual de Índios,

chegando a 12,414% da população do Estado.

Page 26: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

25

Desta feita não há que se questionar da minoria populacional dos índios no país,

onde os 896.917 são apenas 0,470% da população total do país, que só estariam representados

nas casas legislativas através do sistema proporcional.

Não devemos faltar de demonstrar também nestes estudos o que se denomina um

Indígena. Os Índios são todos aqueles que viviam em uma área geográfica anterior a sua

colonização por outros povos e que após a colonização não se identificam com os seus

colonizadores. A ONU14

, em 1986, definiu em nota técnica que:

"As comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que, contando com

uma continuidade histórica das sociedades anteriores à invasão e à colonização que

foi desenvolvida em seus territórios, consideram a si mesmos distintos de outros

setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às

gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de

sua existência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões

culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos.” (LUCIANO, 2006, p. 27)

4.1.2 Por cor ou raça

Analisando a tabela 1.3.1, com nome de “População residente, por cor ou raça,

segundo o sexo e os grupos de idade”, dos resultados do universo do CENSO 2010,

partiremos a analisar as minorias por cor ou raça.

14

Organização das Nações Unidas

Page 27: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

26

Antes de adentrarmos no mérito da questão, há que se falar que a nomenclatura

utilizada para este tópico é a mesma adotada pelo o IBGE, não havendo de qualquer forma

alguma denominação preconceituosa.

Ultrapassada a questão que envolve preconceito, analisaremos a população brasileira

por cor ou raça, que são elas, branca, preta, amarela, parda e indígena. Ainda devemos que

aprofundar brevemente sobre os relatos históricos de cada um destes grupos, para melhor

entendermos sua distribuição no universo estudado.

De acordo com o próprio IBGE, o grupo dos pardos são aqueles que advêm de

origem multirracial. Existem etimologias distintas dentro deste grupo, para cada tipo de

miscigenação. São elas: Caboclos ou Mamelucos, para descendentes de brancos e indígenas;

cafuzos, para descendentes de negros com indígenas; Mulatos, para descendentes de brancos

com negros.

Os brancos, ou caucasianos, são um grupo de pessoas que são caracterizados pelo

fenótipo de pele clara. Os negros são um grupo de pessoas que são caracterizados pelo o

fenótipo de pele escura.

Os amarelos são os descendentes orientais, que divide-se basicamente em duas

raças, os asiáticos do extremo oriente ou os asiáticos do sudeste asiático. No Brasil, os que se

consideram da raça amarela são aqueles que detêm a origem de países asiáticos.

Analisados os tipos de raça ou cor, passamos a analisar os levantamentos do IBGE.

Page 28: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

27

Analisando os infográficos acima, chegamos a conclusão que a cor branca e a raça

parda são a maioria esmagadora no Brasil, sobrando como uma grande minoria a cor preta,

amarela e os Índios.

Ainda há um outro aspecto, que são aqueles que se consideram nenhuma das etnias

anteriores, sendo uma grande minoria sem declaração de raça ou cor.

4.1.3 População Homoafetiva

Analisando a tabela 1.1.17 com nome de “Pessoas de 10 anos ou mais de idade,

residentes em domicílios particulares, que viviam em união conjugal, por natureza da união

conjugal, segundo a condição no domicílio e os grupos de idade - Brasil – 2010” partiremos a

analisar a população homoafetiva que detêm união estável.

A população homoafetiva no país ainda não foi calculada, havendo no CENSO 2010

apenas indicações quanto as uniões homoafetivas declaradas no país. Desta feita, iremos

analisar o universo de uniões entre duas pessoas como um todo e a parcela homoafetiva da

mesma.

Há que se lembrar, da dificuldade ainda de se obter as informações deste CENSO

2010, que ainda é analisado diariamente pelo o IBGE, pois tendo em vista o universo de

pessoas e o universo de questões levantadas em cada domicílio, o instituto ainda analisa e

formaliza o estudo, publicando os resultados definitivos, que estão sendo usados neste estudo.

Page 29: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

28

Em um universo de 81.080.710 de uniões, existem apenas 67.445 uniões estáveis

entre pessoas do mesmo sexo. Não há estudos especificos divulgados sobre o numero exato de

homoafetivos no CENSO 2010, sendo este publicado no mês de outrubro de 2012.

Uma outra informação que pode ser levada em conta e que é de bom resultado é a

divisão, por percentagem, da população homoafetiva que detêm união estável por sexo,

demonstrando que a maioria desta amostra é de mulheres, mas carece de informações sobre a

quantidade total dos homoafetivos no país, ficando assim sem números oficiais para que este

estudo pudesse ao final estudar uma forma para a representação democrática através do

sistema de cotas para o homoafetivo.

Page 30: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

29

4.1.4 População de Baixa Renda

Analisando a tabela 1.8.2 nominada de “Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por

classes de rendimento nominal mensal, segundo o sexo e os grupos de idade” partiremos a

analisar a população total do país de acordo com o seu ganho mensal, com base no salário

mínimo15

e aqueles que recebem benefícios estão inclusas nas pessoas sem rendimentos.

Analisando o infográfico é fácil perceber que a maioria esmagadora brasileira está

nas classes mais pobres do país, ou sem rendimento ou com rendimento inferior a 10 salários

mínimos. O IBGE criou uma indicação de classes sociais, para melhor dividir as pessoas em

relação aos seus rendimentos, criando a Classe A, B, C, D, E.

A “Classe A” são todos os indivíduos que ganham mais de 15 (quinze) salários

mínimos. A “Classe B” são todos os indivíduos que ganham entre 05 (cinco) e 15 (quinze)

salários mínimos. A “Classe C” são todos os indivíduos que ganham entre 03 (três) e 05

(cinco) salários mínimos. A “Classe D” são todos os indivíduos que ganham entre 01 (um) e

15

Salário mínimo utilizado pelo o IBGE é de R$ 510,00

Page 31: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

30

03 (três) salários mínimos. A “Classe E” são todos os indivíduos que ganham menos que 01

(um) salário mínimo.

Neste diapasão temos o seguinte gráfico:

No que tange ao rendimento, não podemos considerar o estudo das minorias da

mesma forma, devendo mudar o foco. Neste caso, a minoria é exatamente aquela que detém o

poder, que é representado e que estão nas casas legislativas, ou seja, a Classe A. A Classe B

tem também grande participação nas questões políticas e é bem representada nas casas

legislativas, mas em consideração as demais classes é inegável que seja observado a falta de

apoio dos representantes.

Neste ponto, abre-se outros quesitos, que não serão estudados neste trabalho, e que

serão aprofundados em outra oportunidade por este autor, como a falta de capacidade de

eleger representantes de suas classes sociais, por conta de uma fraca formação educacional, e

de que são historicamente furtados de seu direito de sufrágio, em ambos as espécies, para

manter no poder a vontade de uma minoria, através de instrumentos de formação de

consciência coletiva.

Desta feita, por estes e outros motivos, não há como trabalhar sobre os dados de

renda familiar, e este deixará de ser incluído no próximo capítulo deste trabalho.

Page 32: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

31

5. SISTEMA POR COTAS PARA AS CASAS LEGISLATIVAS

Inicialmente, temos que tratar sobre o sistema de cotas, hoje muito conhecido por ser

utilizado para determinar a ocupação em uma faculdade, de acordo com a Lei 12.711 de 29 de

agosto de 2011 (BRASIL, 1988). Nesta lei é de forma objetiva, reservado uma percentagem

das vagas em faculdades federais e dá outras providências.

Este assunto, sobre as cotas na faculdade, é hoje, sem dúvida, um dos temas mais

polêmicos que envolvem o âmbito jurídico do país, mas, desde já, fica claro que este trabalho

não irá trabalhar em cima deste foco, e sim, de forma analógica, usará um sistema de cotas

para trabalhar melhor a representação do povo nas casas legislativas.

Frente aos problemas contemporâneos que o sistema proporcional enfrenta, uma

forma para respeitar a vontade do legislador originário e de resolver o problema apontado

neste trabalho seria o de cotas de cadeiras nas casas legislativas, para garantir a

representatividade da minoria e excluir a má-fé de figuras políticas que deturparam o sistema.

Para melhor analisar a proposta, iremos dividir em alguns tópicos, para de forma

mais didática alcançarmos o ponto chave deste trabalho que é identificar as cotas do sistema

proposto.

5.1. O direito de voto

Muitos poderiam pensar que com um sistema de cotas, o cidadão que faz parte de

uma classe que detêm cotas seria obrigado a votar entre seus iguais. Não é este o ponto deste

trabalho, pois inicialmente defendemos o estado democrático e o princípio do sufrágio

universal, o que garante um voto ao cidadão naquele que ele entende merecê-lo.

Quando o legislador originário pensou no sistema proporcional ele previu que

muitos iriam votar em figuras conhecidas e experientes, e pensando nas figuras desconhecidas

que pretendiam defender interesses de uma minorias, este criou um sistema para beneficiá-lo.

O mesmo acontece agora, neste trabalho. Frente a um problema contemporâneo, e

frente a uma idéia também contemporânea, de forma analógica e extensiva, criar um sistema

de cotas para as casas legislativas, mas sem vincular o direito de voto.

Desta forma, o direito de voto fica imaculado pelo o sistema de cotas, podendo o

cidadão votar em qualquer candidato, confiando a ele o seu voto e não tendo que votar em

candidatos que concorrem a uma cota populacional correspondente ao eleitor.

Page 33: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

32

5.2. O direito de filiação partidária

Garantindo o direito de sufrágio, há explicitamente a garantia de filiação partidária

livre, não vinculando aquele que concorre a uma determinada cota na casa legislativa que se

filie a determinado partido.

Desta forma, caso tenha um partido que defende os interesses dos Índios, não seria

obrigado um índio a se filiar a ele para concorrer a cota determinada para sua classe, podendo

este se filiar a qualquer partido, garantindo a ele o seu direito básico de livre filiação

partidária.

5.3. Do sistema proporcional para o majoritário com cotas

Retirado o sistema proporcional, que hoje foi destorcido para uma vontade política

de se ganhar votos para o partido, tentando obter o máximo de cadeiras, haveria um simples

sistema majoritário, onde os mais votados seriam escolhidos para representar seus eleitores.

Caso fosse feito apenas o sistema majoritário veríamos a minoria sendo esmagada

pela a vontade da grande maioria e perdendo toda a representação nas casas legislativas, mas

sendo colocado junto com um sistema de cotas, que além de garantir a representação da

minoria, vem trazer a representação da minoria e a realização da vontade do legislador

originário.

O grande problema de toda essa questão seria as cotas, como calculá-las, ordená-las

e garanti-las, o que passaremos a ver a seguir.

5.4. As cotas legislativas de acordo com as minorias

No capítulo anterior analisamos as minorias deste país, que devem ser contempladas

por este sistema de cotas para garantir a sua representatividade no governo democrático.

Para Deputados Federais e Estaduais tem que ser usados os mesmos números para

demonstrar a necessidade de cotas daquele estado, já que nos dois casos a população daquele

estado membro é quem vai ser representada.

Para os Vereadores, deverá ser usado os números do município para levar em

consideração as cotas, aproximando a realidade da região ao máximo e criando assim a

Page 34: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

33

certeza de representação das minorias, e em falta de uma certa minoria não teria necessidade

de preenchimento da(s) cota(s), já que não há quem ser representado ou eleito.

Em alguns aspectos não há que se falar em falta de minoria, sendo que esta minoria

seria em todo o país, como no caso dos de cor preta, amarela e homoafetivos, onde, salvo

melhor juízo, não teria um único município que não teria um destes grupos.

Sendo assim, varias formas podem ser usadas para se definir as cotas, de varias

maneiras, o que gera o grande debate deste trabalho. No que tange aos Deputados Federais e

Deputados Estaduais, as cotas são melhores identificadas e distribuídas, tendo um grande

problema quanto à questão dos municípios, devendo cada um ser analisado e definido suas

cotas.

5.4.1. Cotas para Indígenas

O povo indígena, demonstrado no curso deste trabalho, detém baixa

representatividade no montante geral de população do país, sendo mais expressivo na região

norte. Para melhor atender as vontades dos índios, que hoje são 0,47% da população

brasileira, não adiantaria entregar uma cota exatamente proporcional a sua população,

restando demonstrada novamente a fragilidade da minoria.

Desta feita, não há que se falar em reservar apenas 0,47% das cadeiras para este

determinado grupo, o que seria, no Senado Federal, 2 cadeiras em 513 disponíveis, o que

tornaria toda a idéia impossível de ser aplicada.

Com isso, a criação de nova margem para mínimo de máximo de cadeiras para

representantes indígenas seria a forma mais simples e de fácil solução. Hoje, é determinado

que haja o mínimo de 8 representantes e o máximo de 70 representantes por estado na Câmara

dos Deputados o que reflete imediatamente nas Assembléias Legislativas Estuduais/Distrital,

já que o número de Deputados Federais é a base do cálculo.

Este estudo acrescentou uma nova cadeira para Deputado Federal de determinado

estado observando a totalidade de índios do mesmo estado, sendo uma para até 50.000

pessoas indígenas do estado e outra nova cadeira a cada 50.000 índios.

As cadeiras para Deputados Estaduais automaticamente eram adicionadas, por conta

do número de cadeiras de Deputados Federais e seu sistema de contagem, e com isso gerou a

representatividade por cota para índios na casa legislativa estadual.

Page 35: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

34

Portanto, vejamos a tabela a seguir que demonstra com facilidade de compreensão a

inclusão das cadeiras de cota para índios nas casas legislativas na esfera federal e

automaticamente na esfera estadual.

Deputado Federal Deputado Estadual

Estado

População

Indígena

Quantidade

Atual16

Acrescido

pela Cota Total

Quantidade

Atual17

Quantidade

Acrescida Total

Rondônia 13.076 8 1 9 24 3 27

Acre 17.578 8 1 9 24 3 27

Amazonas 183.514 8 3 11 24 9 33

Roraima 55.922 8 2 10 24 6 30

Pará 51.217 17 2 19 41 2 43

Amapá 7.411 8 1 9 24 3 27

Tocantins 14.118 8 1 9 24 3 27

Maranhão 38.831 18 1 19 42 1 43

Piauí 2.944 10 1 11 30 3 33

Ceará 20.697 22 1 23 46 1 47

Rio Grande

do Norte 2.597 8 1 9 24 3 27

Paraíba 25.043 12 1 13 36 1 37

Pernambuco 60.995 25 2 27 49 2 51

Alagoas 16.291 9 1 10 27 3 30

Sergipe 5.221 8 1 9 24 3 27

Bahia 60.120 39 2 41 63 2 65

Minas Gerais 31.677 53 1 54 77 1 78

Espírito

Santo 9.585 10 1 11 30 3 33

Rio de

Janeiro 15.894 46 1 47 70 1 71

São Paulo 41.981 70 1 71 94 1 95

Paraná 26.559 30 1 31 54 1 55

Santa

Catarina 18.213 16 1 17 40 1 41

Rio Grande

do Sul 34.001 8 1 9 24 3 27

Mato Grosso

do Sul 77.025 31 2 33 55 2 57

Mato Grosso 51.696 8 2 10 24 6 30

Goiás 8.583 17 1 18 41 1 42

Distrito

Federal 6.128 8 1 9 24 3 27

Total

Criado 35

Total

Criado 71

16

A quantidade atual de Deputados Federais foi encontrada no WebSite do Congresso Federal. 17

A quantidade atual de Deputados Estaduais foi auferida através de cálculo feito pelo o Autor com base no

número de Deputados Federais.

Page 36: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

35

Desta forma não haveria que se falar da falta de representação do Índio nas casas

legislativas estaduais/distrital e federal, garantindo a vontade do legislador originário e

combatendo o problema contemporâneo, apresentando neste trabalho, à norma.

Quanto a representação na Câmara dos Vereadores, este deverá ser analisado de

município a município, onde muitos municípios podem não conter população indígena, mas

nos que contêm há a necessidade de uma cota na casa legislativa de, no mínimo, uma cadeira.

5.4.2. As cotas para pessoas de cor preta e amarela

Outra minoria identificada neste trabalho foram as pessoas que são de cor preta ou

amarela, onde devem também ser contemplados com um sistema de cotas para sua

representação nas casas legislativas, onde, com certa certeza, ficariam extremamente

prejudicadas com a retirada do sistema proporcional e a aplicação do sistema majoritário.

Neste diapasão, devemos também ressaltar que mesmo sendo uma minoria, não são

infinitamente menores como o caso dos indígenas, sendo assim não se faz necessário a criação

de novas vagas nas casas legislativas e sim a reserva das vagas para serem preenchidas por

este grupo de pessoas.

As pessoas de cor preta são 7,61% da população brasileira, devendo receber, onde

couberem, cadeiras de forma proporcional a sua representação, e onde não couber, o mínimo

de duas cadeiras na casa legislativa federal, e na casa legislativa estadual o proporcional a sua

representação, no mínimo de quatro cadeiras.

As pessoas de cor amarela são 1,09% da população brasileira, devendo receber uma

cadeira na casa legislativa federal e na casa legislativa estadual receber duas cadeiras para

representar seus iguais.

No âmbito das Câmaras dos Vereadores, assim como os índios, deverá ser observado

de cidade a cidade, devendo ser também contemplado o sistema de cotas resguardando o

mínimo de uma cadeira para pessoa de cor negra e uma para pessoa de cor amarela, podendo

ser aumentado de acordo com o número de cadeiras, observando o percentual de cada cor no

município.

Em municípios onde se inverte a questão deste tópico, em que os de cor preta ou

amarela venham a ser as maiorias, haverá de ter cotas para os de cor branca ou parda, pois,

acreditando no sistema de cotas para minorias, devemos acreditar que este estudo não é uma

forma de privilegiar um tipo de raça ou cor e sim de entregar o governo de forma estratégica e

Page 37: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

36

democrática aos representantes de todas as classes do povo, e no caso dos municípios deverá

ser observado caso a caso.

Uma forma de se fazer cumprir a regra é, no momento da criação do sistema,

discutir a forma de certificar nos tribunais eleitorais da região a minoria identificada, as regras

utilizadas e após serem ratificadas pelo o tribunal eleitoral do estado. No caso do Distrito

Federal, seria colocado à disposição do tribunal eleitoral da federação.

5.4.3. As cotas para pessoas de baixa renda e homoafetivos

Como dito anteriormente, não há que se falar de minoria para pessoas de baixa

renda, não havendo possibilidade de um sistema de cotas para este grupo, já que ele

compreende a maior parte da população brasileira.

Um problema identificado neste trabalho é a falta de qualidade e vontade no

momento de exercer o direito de voto, de grande parte da população, que só poderá ser

recuperado com políticas de governos bem definidas em relação à educação, um projeto que

vise melhorar a educação em toda a extensão do território brasileiro com uma previsão de

melhora para algumas décadas, mas este ponto é apenas um meandro, devendo este trabalho

ter foco no sistema de cotas para minoria.

Em contrapartida, o grupo de pessoas homoafetivas, ou, estendendo o conceito,

LGBTTTs18

, são uma minoria importante que deverá também ser resguardado com cotas nas

casas legislativas para defenderem seus direitos e de seus iguais, garantindo de forma bastante

significativa a vontade do legislador originário.

Destarte, não tem como auferir um número de cotas para o grupo, uma vez que

carece de informação oficial. Para que haja representatividade deve haver a certeza de

representados, e para isso estudos voltados a aferimento da parcela populacional do grupo e

após sua análise a sua colocação dentro do sistema de cotas para casas legislativas.

Sedo assim, terminamos com estes dois a especificação das minorias populacionais

do país, demonstrando o sistema de cotas para cada caso.

18

LGBTTTs é um acrônimo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e

simpatizantes.

Page 38: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

37

6. CONCLUSÃO

Levando em consideração o descaso do político que utilizasse de formas deturpadas

para se alcançar o poder legislativo nas três esferas do governo e a impossibilidade jurídica de

resolução do conflito com uso do paradigma existente, se faz necessário a desconstrução do

antigo e uma construção de novo paradigma para dirimir os conflitos atuais.

Noticiado em todo o mundo, como demonstrado pelo o trabalho, não se pode o

brasileiro ignorar o fato de que os eleitores estão perdendo sua capacidade de voto, frente a

um sistema de aplicação proporcional, e uma dança de cadeiras nas casas legislativas.

Enquanto o eleitor escolhe um representante e seu voto é direcionado a outro com

intenções discrepantes e com óbvia má-fé, não há que se falar de sistema justo. Enquanto uma

figura midiática com promessas ridicularizadas levar consigo outras figuras que usam do

Estado para causas próprias não haverá um país justo.

Este trabalho envolveu um tema atual dando uma forma inovadora de resolução,

garantindo como primazia o desejo do legislador originário, para que a minoria de uma

população tenha voz ativa nos poderes legislativos e não tenham que se fazer calar

obrigatoriamente frente a vontade da maioria esmagadora.

Entretanto não se esqueceu de se firmar um números, trazidos pelo o IBGE no

CENSO 2010 para tentar pautar a idéia de cotas de uma forma mais justa e garantindo a

democracia de uma forma ampla e cordial.

Deste modo, resta aqui a conclusão de que o sistema político brasileiro apresentou

uma falha no seu sistema de distribuição de cadeiras em suas casas legislativas e que o mesmo

não tem capacidade de sanar o vício, devendo ser desconstruído e construído novamente para

que então seja alcançado a democracia em todas as esferas do sistema.

Page 39: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

38

REFERÊNCIAS BÁSICAS

BRASIL, CENSO 2010. Brasília: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010.

Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm>

BRASIL, CENSO 2010: Nupcialidade, Fecundidade e Migração. Brasília: Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012. Disponível em: <

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/nupcialidade_fecundidade_mi

gracao/default_nupcialidade_fecundidade_migracao.shtm>

BRASIL, Constituição da República Federativa, de 5 de outubro de 1988. Brasília:

Senado Federal, 2012. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>

BRASIL. Lei nº 4.737, de 15/07/1965 (Código Eleitoral). Dispõe sobre o Sistema Eleitoral e

institui normas gerais de direito eleitoral. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4737.htm >. Acesso em: 26 set. 2012.

BRASIL. Lei nº 12.711, de 29/08/2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e

nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Disponível

em: < http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12711.htm >

CASTRO, Edson de Resende. Teoria e Prática do Direito Eleitoral. 5. ed. Belo Horizonte:

Del Rey, 2010. 576p.

COMPARATO, Fábio Konder. A necessária reformulação do sistema eleitoral brasileiro.

In: GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Belo Horizonte, Del Rey, 2008. p. 87

COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. 8.ed. Belo Horizonte: Del

Rey, 2009. 649p

ELEIÇÃO de Tiririca é considerada 'deprimente' pela imprensa internacional. Jornal Folha

de São Paulo, São Paulo, 04 de out. 2010. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/

poder/809773-eleicao-de-tiririca-e-considerada-deprimente-pela-imprensa-

internacional.shtml>. Acesso em: 27/10/2012.

ELEITO, Tiririca carrega mais três deputados. Revista Consultor Jurídico, 04 de out. 2010.

Disponível em: < http://www.conjur.com.br/2010-out-04/quociente-eleitoral-permite-tiririca-

leve-tres-deputados>. Acesso em: 27/10/2012.

Page 40: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

39

GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Belo Horizonte, Del Rey, 2008. 494p.

LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os

povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2006, 232p.

SÁ, Fernando Marques. Lei das Eleições: (Lei n. 9504/1997) anotada e comentada: Belo

Horizonte: Del Rey, 2010. 304p.

SEREJO, Lourival. Programa de Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. 346p.

TIRIRICA puxa Costa Neto. Mas Genoino fica para trás. Revista VEJA, São Paulo, 04 de

out. 2010. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/eleicoes/veja-acompanha-eleicoes-

2010/tiririca-puxa-costa-neto-mas-genoino-fica-para-tras/>. Acesso em: 27/10/2012.

Page 41: O SISTEMA PROPORCIONAL ELEITORAL E SUAS FALHAS …...neste nenhum político terá acesso ao voto do eleitor, garantindo lisura e probidade do sistema eleitoral. A obrigatoriedade,

40

FICHA CATALOGRÁFICA

PINHEIRO, Raphael Adler Fonseca Sette. O sistema Proporcional Eleitoral e suas falhas

contemporâneas. Local: Belo Horizonte. Minas Gerais – Brasil.

2012.

Número de Páginas: 40.

Monografia apresentada à Escola Superior Dom Helder Câmara como requisito parcial para

obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Tarcísio Humberto Parreiras Henrique Filho

Palavras-chave: Justiça Eleitora, Cotas, Sistema Proporcional, Sistema Majoritário