o sentido da experiência do tempo acelerado

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” O SENTIDO DA EXPERIÊNCIA DO TEMPO ACELERADO Psicopatologias contemporâneas e subjetividade numa sociedade de alta velocidade Projeto de mestrado Linha de pesquisa: Cultura, Democracia e Pensamento Social Orientador: Prof. Dr. João Carlos Soares Zuin Candidato: João Lucas Faco Tziminadis Resumo: O presente projeto parte de uma hipótese: a sociedade capitalista contemporânea é acometida por uma inaudita aceleração social. Não apenas vemos máquinas cujas capacidades de aceleração aumentam progressivamente, ou softwares cotidianamente otimizados, mas também o encolhimento constante da duração de eventos elementares da vida humana, como a alimentação e o sono. Não obstante, diante dessa hipótese, colocamos o seguinte problema: estariam as doenças psíquicas, sobretudo as ligadas à depressão e ansiedade, cujos diagnósticos tornam-se cada vez mais comuns, e cuja publicidade vem aumentando nos últimos anos, ligadas à aceleração social? Palavras-chave: Aceleração social; Experiência; Psicopatologias; Teoria Crítica. Araraquara, 2015

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Acerca dos impactos psíquicos da aceleração social no capitalismo tardio. Ansiedade e depressão aparecem aqui como sintomas de uma realidade social orientada pelo "culto à performance" e pela posição "situacional" dos indivíduos.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

O SENTIDO DA EXPERIÊNCIA DO TEMPO ACELERADO

Psicopatologias contemporâneas e subjetividade numa sociedade de alta

velocidade

Projeto de mestrado

Linha de pesquisa: Cultura, Democracia e Pensamento Social

Orientador: Prof. Dr. João Carlos Soares Zuin

Candidato: João Lucas Faco Tziminadis

Resumo: O presente projeto parte de uma hipótese: a sociedade capitalista

contemporânea é acometida por uma inaudita aceleração social. Não apenas vemos

máquinas cujas capacidades de aceleração aumentam progressivamente, ou softwares

cotidianamente otimizados, mas também o encolhimento constante da duração de

eventos elementares da vida humana, como a alimentação e o sono. Não obstante, diante

dessa hipótese, colocamos o seguinte problema: estariam as doenças psíquicas,

sobretudo as ligadas à depressão e ansiedade, cujos diagnósticos tornam-se cada vez

mais comuns, e cuja publicidade vem aumentando nos últimos anos, ligadas à

aceleração social?

Palavras-chave: Aceleração social; Experiência; Psicopatologias; Teoria Crítica.

Araraquara, 2015

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Nós afirmamos que a magnificência do mundo

enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da

velocidade.

Filippo Tommaso Marinetti

Introdução e justificativa

O presente projeto parte de uma hipótese: a sociedade capitalista contemporânea

é acometida por uma inaudita aceleração social. A despeito de ser o tempo metrificado

dos relógios, da mesma forma como fora desde os primórdios da sociedade industrial, o

orientador das ações individuais e coletivas, a experiência temporal a qual estão

expostas as pessoas na atualidade parece indicar uma aceleração do próprio tempo. Não

apenas vemos máquinas cujas capacidades de aceleração aumentam progressivamente,

ou softwares cotidianamente otimizados, mas também o encolhimento constante da

duração de eventos elementares da vida humana, como a alimentação e o sono. Não

obstante, diante dessa hipótese, colocamos o seguinte problema: estariam as doenças

psíquicas, sobretudo as ligadas à depressão e ansiedade, ou a insônia, cujos diagnósticos

tornam-se cada vez mais comuns, e cuja publicidade vem aumentando nos últimos anos,

ligadas à aceleração social?

A rapidez das experiências parece tornar-se um lugar comum no processo

formativo dos indivíduos modernos, e desde há muito isso tem sido problematizado por

observadores. Já em fins do século XIX, o neurologista norte-americano George Beard

identificava o surgimento de uma nova patologia, segundo ele uma patologia própria à

“civilização moderna”, a que veio chamar de “nervosidade americana” (ou, mais

especificamente, neurastenia – etimologicamente fraqueza nervosa). Para Beard, as

causas mais convincentes desse fenômeno figurariam entre:

A invenção da imprensa, a expansão do uso da máquina a vapor,

na indústria e nos meios de transporte, o telégrafo, a imprensa

jornalística, a máquina política dos países livres, as agitações

religiosas que são sequelas do Protestantismo [...] além de, mais

do que tudo, talvez, o aumento e extensão da complexidade da

educação moderna, dentro e fora das escolas e universidades, o

efeito inevitável do desenvolvimento da ciência moderna e a

expansão da história em todos seus ramos [...] (BEARD, 2002,

p. 178).

3

A “nervosidade americana” era expressão patológica do capitalismo norte-

americano, de sua potencialidade em produzir novos inventos, técnicas, riquezas. No

início do século que seria posteriormente denominado século americano, a aceleração

do ritmo da produção e da vida produzia novos processos de socialização, bem como

novas formas de patologias sociais. Na literatura, a pujança da economia gerava efeitos

negativos no mundo da vida, conforme podemos ler na análise de John Dos Passos:

O jovem anda sozinho, depressa mas não o bastante, longe mas

não o bastante (perdem-se os rostos de vista, dispersam-se as

conversas em esfarrapados resíduos, esvai-se nos becos o eco

dos passos); tem de apanhar o último metro, o eléctrico, o

autocarro, galgar a prancha de embarque de todos os barcos, dar

o nome em todos os hotéis, trabalhar nas cidades, responder aos

anúncios, aprender os ofícios, aceitar os empregos, viver em

todas as casas de hóspedes, dormir em todas as camas. Uma

cama não basta, um emprego não basta, uma vida não basta. À

noite, com a cabeça num remoinho de anseios, anda sozinho

sem ninguém. Sem emprego, sem mulher, sem casa, sem cidade.

(DOS PASSOS, 1987, p.13)

O neurologista e o ensaísta perceberam, ao seu modo, o quão relevante foram as

mudanças na estrutura da vida moderna para a constituição de individualidades. A alta

pressão de afazeres, notícias, negócios etc., reincidiriam sobre os indivíduos de maneira

a sobrecarregar seus sistemas nervosos, gerando um tipo de fadiga física e mental

incapacitante. Nesse mesmo sentido podemos evocar a obra de Freud como outro

exemplo da preocupação com as consequências psíquicas das pressões civilizatórias.

O problema das mudanças no mundo da vida e das novas dinâmicas sociais que

estão inscritas no processo de modernização foram objeto de atenção e investigação

pelos clássicos da sociologia: os processos de racionalização analisados por Weber, os

processos de diferenciação investigados por Durkheim, o fenômeno da individualização

refletido por Simmel, a ruptura dos vínculos comunitários e o advento da sociedade

urbana e industrial investigada por Tönnies – e também as tensões sociais resultantes da

produção e reprodução do capitalismo, exploradas por Marx. A alteração do ritmo e dos

valores da vida social e a veloz transformação do sentido do mundo material e espiritual

provocaram profundas alterações nas formas de vida e nos processos de socialização,

bem como potencializaram o advento de novas formas de patologias sociais.

Mas, para lançarmos mão das psicopatologias como índice demonstrativo do

mal-estar do tempo acelerado, é necessário remontarmos alguns aspectos das

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transformações temporais que caracterizam a formação do mundo moderno, bem como

explicitar quais são as novas dinâmicas que, a partir das mudanças no capitalismo tardio

– após queda do Muro de Berlim e da difusão das políticas neoliberais –, implicaram

uma nova onda de aceleração social, como sustenta o sociólogo alemão Hartmut Rosa

(2010; 2011; 2013; 2015; 2015a), autor que nos fornecerá os principais pilares para

nossa hipótese.

Escrevendo sobre a crise da sociedade pré-industrial, e sobre a integração do

campesinato e dos trabalhadores urbanos na indústria capitalista, Edward P. Thompson

(1984) esboça um quadro geral da adaptação desses estratos sociais à disciplina

temporal das fábricas e do comércio avançado na Inglaterra. Esse trabalho nos auxilia

na compreensão do significado do tempo e de seus usos na transição do mundo

tradicional para a modernidade. O sentido do tempo, sobretudo para os homens e

mulheres ligados diretamente a terra, está necessariamente vinculado aos ciclos naturais,

de modo que toda a vida individual e coletiva é organizada em função de tais ciclos,

cuja repetição estabelece uma continuidade infinita, com pouca ou nenhuma alteração.

Outra questão que surpreende o leitor é a própria definição da ideia de tempo para

aqueles seres humanos: a dimensão temporal não se referenciava por si mesma, estava

antes ligada às próprias atividades e eventos, isto é, à duração das atividades e dos

eventos. O tempo, enquanto entidade autônoma e referenciada em si mesma só se dará

com a generalização dos relógios mecânicos – se desconsiderarmos, obviamente, o uso

residual dos relógios solares e outras formas elementares de mensuração do tempo,

como a ampulheta e o pêndulo. É por volta do século XVIII que o uso dos relógios

começa a estender-se das torres das igrejas e prédios públicos para o interior das

primeiras fábricas modernas. O tempo metrificado torna-se imprescindível para o

cálculo exigido na produção racionalizada de mais-valor e, progressivamente, tal

imprescindibilidade passa a penetrar o âmbito doméstico e a vida íntima dos indivíduos

envolvidos na produção.

Todavia, não foi sem resistências que o esquema de mensuração mecânica do

tempo incorporou as populações que abandonavam o campo e os ateliês em razão da

fábrica. Até mesmo ao longo do século XIX, nos aponta Thompson, a ampla integração

da sociedade industrial inglesa não impedia que, em momentos esparsos do ano, os

trabalhadores industriais irrompessem com suas festas e hábitos tradicionais, folgando

por dias em bebedeiras e confraternizações religiosas, contrariando a temporalidade

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impositiva das máquinas – o que, no entanto, não deixava de ser respondido pela

torrente de sermões e exortações publicadas por moralistas profissionais. Entrementes,

apesar das estratégias, conscientes e inconscientes, de resistência, o espraiamento da

temporalidade mecanizada da produção capitalista sobrepujou a maioria das barreiras a

ela contrapostas. – Vencidas as barreiras, vemos com a consolidação do capitalismo

industrial a mais significativa onda aceleratória da modernidade clássica: a

institucionalização das divisas temporais, cujo significado é o isolamento da esfera do

trabalho em relação ao mundo da vida.

O que nos interessa aqui, no entanto, é destacar que a constituição da estrutura

social moderna conduziu a uma demarcação de divisas entre o tempo de trabalho e o

tempo livre – isto é, o tempo supostamente isento das demandas produtivas. O

significado sociológico dessa divisão parece perpassar subterraneamente a teoria

weberiana da racionalização e autonomização das esferas de valor. Os valores que

orientam as relações sociais dentro da fábrica ou do büro não comportam mais os

valores vigentes na vida íntima e pessoal – a frieza do cálculo econômico não pode

compatibilizar-se com os afetos e inclinações irracionais de cada indivíduo. É nesse

sentido que chegamos a um ponto de inflexão do presente projeto: qual a medida de

autonomia, de uso autônomo do tempo, que os indivíduos modernos dispõem quando

fora das divisas do mundo laboral? Tal problema fora proposto em um pequeno ensaio

de Theodor Adorno. Em Tempo livre (1995), a ideia de que haveria uma clara distinção

entre trabalho e vida, em suas temporalidades respectivamente heterônoma e autônoma,

é posta sob suspeita. Reiterando a tese desenvolvida com Horkheimer na Dialética do

esclarecimento (1985), Adorno aponta, sob a insígnia ideológica do “tempo livre”, a

força integrativa da indústria cultural, que subverte a fruição do tempo em função de seu

uso esquemático-maquínico. Mais além, podemos identificar nesse ensaio as linhas

gerais do conceito de “mundo administrado”, o qual nos leva a conceber uma teoria

implícita da aceleração social, que se revela pela colonização progressiva de âmbitos da

vida humana até então alheios ao imperativo da acumulação.

Debrucemo-nos agora sobre uma nova onda de aceleração. Sua localização

estaria na transição da modernidade clássica a modernidade tardia. O ápice desta

transição, o fim da União Soviética e do “socialismo real”, é na verdade já o resultado

de um processo de restruturação tecnológica e institucional (e, sem dúvidas, ideológica)

do capitalismo, cujos primeiros sinais aparecem com a primeira crise do petróleo e com

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a projeção política de figuras como Reagan e Thatcher, atuando como paladinos

inabaláveis da redução dos direitos sociais e do individualismo econômico. Autores

como Robert Kurz (1993), por exemplo, apontam a causa do desmoronamento do

“socialismo real” justamente nesse salto qualitativo da capacidade produtiva do sistema

capitalista finissecular – diante do qual a perestroika parece ter sido a última braçada

malsucedida de um nadador em vias de paralisia. Do ponto de vista das orientações

meta-históricas, o fim do século foi marcado pelo estiolamento da ideia de progresso:

Fukuyama (1992) decretava o “fim da história” após a vitória fulminante do Ocidente

sobre o mundo das economias dirigidas – necessariamente mais lentas que as economias

concorrenciais.

Hartmut Rosa nos aponta que, no período clássico de constituição da

modernidade, a eficiência econômica dependia diretamente da padronização e da

diferenciação – isto é, a autonomização da esfera do trabalho. Contrariamente, na fase

atual da modernidade, a eficiência econômica depende cada vez mais de uma “des-

padronização” e de uma “des-diferenciação” (ROSA, 2015). De início, podemos

explicar: no lugar da separação estrita entre trabalho e vida, opera-se a mútua

penetração de ambas as esferas, o que significa que os procedimentos e práticas típicas

do mundo do trabalho começam a “liquefazer-se” e, com maior maleabilidade,

infiltram-se no mundo da vida – ao mesmo tempo em que o caráter impessoal das

relações de trabalho começa a dar lugar a traços de “personalidade” dos indivíduos

envolvidos. Vislumbramos aqui algumas passagens fundamentais da sociedade

disciplinar de trabalho ascético para uma hedonista de consumo conspícuo. Este novo

amálgama compõe o pano de fundo da regra de eficiência do capitalismo

contemporâneo: a mobilização total da vida humana. Constata-se aqui que não apenas o

“tempo livre” é colonizado pela indústria cultural, mas que a própria categoria “tempo

livre” é solapada pelo turvamento das divisas temporais. Um trabalho extremamente

interessante, e que vai ao encontro da teoria de Rosa, é o recentemente publicado 24/7:

Capitalismo tardio e os fins do sono, do ensaísta e professor de teoria da arte moderna

Jonathan Crary. Como o próprio título indica, o problema aí tratado é a extensão

inaudita de atividade geradora de valor, algo como a generalização de uma insônia

social crônica. “O planeta é repensado como um local de trabalho ininterrupto ou um

shopping center de escolhas, tarefas, seleções e digressões infinitas, aberto o tempo

todo” (CRARY, 2014., p. 27). O estado de sono, segundo a metáfora proposta,

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permanece como fortaleza sitiada em meio à torrente dinamizadora da temporalidade

24/7. “A verdade chocante, inconcebível, é que nenhum valor pode ser extraído do

sono” (Ibid., p. 20).

Remontemos aqui, brevemente, a estrutura fundamental da aceleração social

segundo Hartmut Rosa. Para ele, esta é composta por três dimensões de aceleração

(ROSA, 2010; 2011; 2013), que a despeito de serem intrínsecas à modernização,

cobram maior profundidade hodiernamente. A aceleração tecnológica (1) tem como sua

principal característica o fato de ser a única intencionalmente realizada. Orientada por

uma indústria pautada pela otimização constante, esta dimensão é a mais evidente de

todas, e sua maior consequência social é a progressiva compressão do espaço pelo

tempo (veja-se, por exemplo, os impactos das redes informacionais e dos dispositivos

móveis na organização espacial do trabalho). A aceleração da mudança social (2) está

profundamente ligada à primeira, embora também seja determinada por tendências

culturais mais abrangentes. Dois âmbitos são postos como pontos centrais dessa forma

de aceleração: o trabalho e a família. Os suportes que sustentam essas instituições caras

à civilização ocidental não apenas sofrem mudanças ao longo do tempo como as sofrem

em um ritmo cada vez mais acelerado, e com impactos mais profundos. Rosa propõe

três taxas temporais de mudança social para estas instituições: uma intergeracional

(pré-moderna), na qual as mudanças ocorrem ao largo das passagens geracionais; uma

geracional (moderna), na qual as mudanças ocorrem entre uma geração e outra; e, por

fim, uma intrageracional (moderna tardia), na qual as mudanças ocorrem dentro de uma

mesma geração. Vivemos, assim, em um tempo no qual as mudanças sociais ocorrem ao

longo de uma única vida humana, isto é, as experiências e habilidades adquiridas

tornam-se rapidamente obsoletas, de modo que nenhuma experiência ou habilidade

pode fornecer bases sólidas para projeções de longo prazo. A aceleração do ritmo de

vida (3), no entanto, não é uma consequência lógica das duas primeiras dimensões de

aceleração: em termos lógicos, pelo contrário, o desenvolvimento de tecnologias que

diminuam o tempo necessário para a realização de atividades deveria aumentar a

ociosidade dos indivíduos. O que vemos aqui é, segundo Rosa, o grande paradoxo da

aceleração social: por quê os indivíduos são submetidos a um desgastante regime de

velocidade e carregam uma constante sensação de que o “tempo voa”, ou de que “não

há tempo”, quando justamente dispõem de meios que poupam o esforço humano? A

explicação só pode vir da compreensão do “princípio de crescimento”, de acumulação

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ascética de capitais, que subjaz a sociedade capitalista como um todo – o telos universal

do estímulo à aceleração (ROSA, 2015).

O controle social outrora estruturado a partir de dispositivos rígidos, bastante

evidentes para aqueles que a eles eram submetidos, como os inspetores de fábrica, os

supervisores de repartição e os relógios marcadores de ponto, começam a ser

substituídos, segundo Rosa, pelo “poder dos prazos” (Ibid.). A desregulamentação das

divisas temporais e o entrelaçamento de vida e trabalho possibilitam o surgimento de

novas formas de controle muito mais sutis e imperceptíveis, que “libertam” os

indivíduos dos compromissos rigidamente estabelecidos e os lançam à própria sorte

para o cumprimento de tarefas, impondo-os “apenas” o fardo do prazo – o que impele os

indivíduos a um necessário e constante upgrade de sua competitividade. Esta situação

constitui um completo enredamento da vida social na dinâmica de aceleração sem

limites, diante da qual aqueles que não conseguem (ou simplesmente não podem) se

adaptar, desprovidos de quaisquer proteção que os atem à lógica de reprodução da

sociedade, transformam-se em refugo social (BAUMAN, 2005), e são paulatinamente

expulsos (SASSEN, 2014) do sistema como um todo. Numa definição expressiva, Crary

caracteriza a lógica do capitalismo 24/7 como um novo “dever-ser”, uma “palavra de

ordem” que passa a regulamentar, sub-repticiamente, a caótica desregulamentação do

capitalismo tardio. Nestas condições, a despeito da exaltação do individualismo e da

liberdade de nosso tempo, estaríamos a caminho de um regime de tempo totalitário,

marcado pela heteronomia e pelo medo.

If a totalitarian regime is characterised by the fact that its

subjects wake up in the middle of the night drenched in sweat,

their pulses racing, haunted by what feels like a ton of weighing

on them – indeed, what can only be described as existential fear

– then we in fact live under a totalitarian time regime: this

aforementioned feeling is probably more familiar to citizens of

late modern capitalist societies than to the subjects of most

dictatorships. Late modernist anxiety is not caused by the

intelligence service, or the henchmen of some tyrant. Subjects

wake up every morning in fear of not keeping up, of losing

touch, of not being able to cope with the workload, of being left

behind – in some cases, they wake up because of the crushing

certainty (e.g., in the case of an unemployed person or a

dropout) that they already have been left behind. However, if

heteronomy means having one‟s life determined by external

compulsions and contingencies, then the subjects of late modern

societies most certainly live under an historically unprecedented

9

form of „foreign rule‟, regardless of the liberal promise of

freedom and the minimal requirements of its ethical code

(ROSA, 2015, p. 91).

Um fenômeno que ilustra a escalada desta forma totalitária de regime temporal é

o crescente abuso de drogas estimulantes, sobretudo as anfetaminas. Num artigo

publicado no The New York Times, Alan Schwarz (2015) nos apresenta uma série de

casos de abuso de drogas para Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

(T.D.A.H.), nos quais a melhora da performance profissional aparece como grande

objetivo comum – pois, como consta nos relatos, as exigências do trabalho fazem do

sono uma barreira. Tais medicamentos agem no organismo aumentando a capacidade de

concentração e trabalho por horas. Segundo nos relata Schwarz, o abuso dessas drogas,

já há muito tempo comum entre estudantes universitários, começou a tornar-se uma

prática também comum entre profissionais dos mais variados setores. Não usar esses

auxiliadores externos pode significar uma profunda desvantagem do ponto de vista da

concorrência, de modo que, no trocadilho em inglês ali empregado, essas não são drogas

usadas “to get high” (para entorpecer-se), mas “to get hired” (para ser contratado). Num

período de quatro anos, conferimos no mesmo artigo, o número de adultos norte-

americanos que passou a consumir esse tipo de estimulante aumentou em 53%,

atingindo algo em torno de 2,6 milhões de adultos em 2012. Esse tipo de prática reflete

de maneira exemplar o modo pelo qual as novas formas de controle – impostas pelo

“poder dos prazos”, pela “palavra de ordem” do funcionamento 24/7, pela derrubada

completa dos limites à extração de mais-valor – podem afetar a vida individual. Não

desregulamentar a própria condição fisiológica pode significar estar fora do jogo.

Fato interessante é a maneira pela qual esse ethos de aceleração social penetra a

vida cotidiana dos indivíduos, o que revela o quanto as novas formas de controle

ultrapassam os limites espaciais dos ambientes de trabalho e de administração evidente.

Um olhar sobre as ruas e espaços públicos de grandes cidades basta para percebermos a

espiral de alta velocidade na qual grande parte das pessoas se insere em seu “tempo

vago”. Poucos se detêm em estados contemplativos. A atividade constante, o continuum

temporal entre trabalho e não trabalho é em grande parte corolário do desenvolvimento

e generalização dos telefones celulares, hoje otimizados na forma de smartphones: é

possível conversar, checar e-mails, atualizar-se das últimas notícias, ouvir música,

receber e enviar mensagens, munir-se de toda sorte de aplicativos e, ainda assim, estar

fisicamente presente no espaço e responder a seus estímulos imediatos. Esse dado

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cultural da modernidade tardia expressa as últimas consequências do ideal da

modernidade clássica de desenvolver forças que buscam incessantemente pela novidade,

pela moda, pela abertura do futuro, enfim, que buscam fazer desmanchar-se no ar tudo

aquilo que se lhe opõe como sólido. No entanto, o nível patológico a que chega essa

dinâmica pode ser verificado quando um crescente número de indivíduos torna-se adicto

da tecnologia.

“Empresas prometem curar vício de pessoas em celular”, lemos como título de

uma matéria do jornal Folha de São Paulo (2015). As mesmas companhias que deram

vida ao uso generalizado deste tipo de tecnologia, como a Google ou Apple, hoje

oferecem serviços que auxiliam os usuários de smartphones controlarem o tempo e a

frequência com que utilizam os dispositivos. A incapacidade de uma atitude autônoma

diante de tais aparelhos é reveladora da capacidade de penetração psíquica de um ideal

cultural como o do permanente update. Mas ainda mais assustador é o fato de que as

próprias patologias geradas pelo imperativo sistêmico de aceleração são elas mesmas

integradas a esse sistema como possibilidades de expansão de mercados. Não obstante,

a capacidade de “administração da vida”, na proposição de Adorno, atinge em nosso

tempo um patamar de proporções absurdas em sua aptidão para colonizar a conduta e o

imaginário social.

Diante do exposto, somos levados ao cerne problemático do presente projeto. A

constituição desse novo espírito do capitalismo e um novo processo civilizatório,

pautados menos pela ética protestante que pelo hedonismo do consumo conspícuo e da

cultura do excesso, constitui também a formação de novas subjetividades e, com elas,

novas formas de alienação – ou, ao menos, potencializações de alienações presentes no

processo de modernização desenvolvido no século XX. A alienação do espaço social, a

alienação das coisas, a alienação do modo de agir no mundo da vida e a alienação do

tempo representam novos campos de investigação para a teoria crítica. Estranhar-se

reiteradamente com o próprio eu, diante da torrente de transformações ocorridas na vida

cotidiana, a qual os indivíduos devem adaptar-se, como o próprio Rosa nos indica, é a

mais evidente das novas formas de alienação. Não obstante, novas patologias emergem

como a depressão, a ansiedade, a angústia, a insônia etc., que afetam não apenas os

indivíduos no espaço do trabalho, mas que se generalizam nas diversas etapas da vida –

crianças e idosos que desenvolvem doenças psíquicas e somáticas em escala sempre

crescente – e em todas as esferas da existência individual.

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Para nos inserirmos neste problema, o trabalho exemplar de Richard Sennett, A

corrosão do caráter (2010), é de notável utilidade. A ideia de um caráter corrompido

está diretamente ligada à ideia de que a temporalidade do capitalismo flexível – cuja

flexibilidade, segundo Sennett, consiste no “dobrar as pessoas” – opera subvertendo

rotineiramente as regras de conduta e as práticas sociais, de modo que nenhum caractere

individual pode permanecer intacto por muito tempo: não há tempo, podemos dizer, de

formar um caráter. As consequências emocionais dessa forma de relação dos indivíduos

com a estrutura social expressam-se na emergência de sensações como: medo (uma vez

que o mundo torna-se mais contingente e imprevisível), ansiedade (pois o tempo se

torna progressivamente acelerado e impele os indivíduos a uma atualização contínua de

suas identidades) e falta de sentido (o que se expressa como subjetivação de estruturas e

processos cada vez mais incompreensíveis e ensimesmados). Tais observações

corroboram a tese desenvolvida por Rosa segundo a qual as novas formas de alienação

estão diretamente ligadas a um aprofundamento do estranhamento dos indivíduos

consigo mesmos e com o mundo da vida. A incapacidade de assegurar-se diante do

mundo com princípios duradouros e habilidades adquiridas em longo prazo, parece nos

conduzir a um alheamento sem precedentes da existência individual: se num primeiro

momento o capitalismo retirou dos homens seu savoir-faire em razão da estrutura de

produção fabril, o capitalismo tardio retira-lhes também seu savoir-vivre em razão da

mobilização total da vida para o consumo e para a produção ininterrupta de mais-valor.

Muitos outros autores debruçaram-se sobre as questões relacionadas à

transformação da individualidade e dos novos dilemas existenciais que começaram a

sitiar as subjetividades com o advento da globalização e de suas consequências sobre as

estruturas do mundo moderno. Um olhar sobre o processo de modernização e de seu

impacto sobre a cultura ocidental pode nos fornecer uma série de formulações

intelectuais acerca das tensões que surgem entre indivíduo e sociedade e, sobremaneira,

entre o indivíduo e suas expectativas biográficas. Consideremos o conceito de Bildung,

por exemplo, que na filosofia clássica alemã buscava compreender e orientar o

“indivíduo problemático” – na expressão de Lukács (2009) –, e sua não-conciliação

com um mundo que se expandia em complexidade e extensão. Da mesma forma

poderíamos dizer que na virada do século XXI a condição dos indivíduos modernos

saltou para um grau mais problemático, o que justifica a preocupação de autores como

Zygmunt Bauman (2001), Richard Sennett (2010), Ray Pahl (1997), Anthony Giddens

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(1992), Ulrich Beck (2002), entre outros, com as novas formas de subjetividade que

começam então a emergir.

Utilizaremos aqui o trabalho de Alain Ehrenberg (2010), sociólogo francês cuja

atenção fora chamada pelo tema do mal-estar psíquico contemporâneo, o que o levou a

escrever La fatigue d’être soi: dépression et société1. Em sua obra, Ehrenberg nos ajuda

a compreender a depressão menos como um problema de ordem puramente psíquica e

mais como “patologia que engloba todas as tensões do indivíduo moderno”, cumprindo

na sociedade contemporânea o mesmo papel que a neurose cumprira na primeira metade

do século passado. A depressão surge aí como um estado de espírito, como uma atitude

subjetiva diante das demandas da realidade, sendo um foro privilegiado de análise dos

processos de socialização dos indivíduos numa sociedade de alta velocidade.

O objetivo deste projeto é investigar o sentido das psicopatologias, de modo que

este nos permita perscrutar a posição dos indivíduos no contexto da atual aceleração

social. Nosso interesse é contribuir com as investigações contemporâneas das patologias

do mundo da vida.

Objetivos

Podemos colocar como objetivo último de nossa investigação o estabelecimento

de nexos causais entre as psicopatologias contemporâneas e o processo de aceleração

social resultante das mudanças estruturais da sociedade moderna, acima elencadas.

Obviamente, não é intenção deste trabalho – e nem poderia ser – explicar as

psicopatologias como resultado exclusivo de tais processos, uma vez que os fenômenos

patológicos possuem sua complexidade intrínseca, cuja totalidade só poderia ser

abarcada por um trabalho interdisciplinar de dimensões muito maiores do que aquilo

que nos propomos. Portanto, os nexos causais que buscamos estabelecer dizem respeito

aos pontos nodais entre o fenômeno psíquico e as dinâmicas da aceleração social.

Não obstante, estabelecemos as psicopatologias como um índice de leitura da

individualidade numa sociedade de alta velocidade, isto é, uma abordagem particular

tanto do campo vasto que compõe a formação das individualidades, quanto dos muitos

problemas que encerram as entidades clínicas aqui trabalhadas. Desta feita, é de

1 Utilizamos aqui a tradução inglesa The weariness of the self: diagnosing the history of depression in the

contemporary age. Cf. bibliografia.

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profunda importância explicitar o caráter paradoxal da relação que buscamos

identificar entre as psicopatologias contemporâneas e a aceleração social: como já

mencionamos, essa relação é logicamente contraditória, uma vez que a aceleração dos

processos sociais deveria aumentar o tempo livre dos indivíduos, não encaminhá-los a

um estado de fadiga e de desgaste emocional, o que está na base determinante dos

fenômenos psicopatológicos. Tal contradição é impulsionada por forças sociais as quais

devemos perscrutar para atingir nossos objetivos satisfatoriamente.

Procedimentos metodológicos

A título de esclarecimento de nossos procedimentos, estabeleçamos o que segue.

Por psicopatologias contemporâneas entendemos aqui basicamente transtornos

depressivos e ansiosos. Entretanto, é preciso salientar que essas patologias não são

novas. Nem podemos afirmar peremptoriamente que hoje as pessoas sofrem mais de tais

males do que há 50 anos – seu diagnóstico em outro tempo poderia ter outros nomes. O

critério segundo o qual definimos psicopatologias contemporâneas diz respeito à sua

dimensão pública: isto é, a publicidade que doenças como depressão e ansiedade

receberam, seja através dos meios de comunicação, seja através do próprio aumento dos

diagnósticos, ou da ampliação do mercado de fármacos voltados a esses segmentos.

Consequentemente, este critério diz respeito à maneira pela qual tais doenças

penetraram o imaginário coletivo das sociedades modernas contemporâneas. O que é

novo, portanto, é sua dimensão social. Como Ehrenberg elabora, o que mais interessa a

um sociólogo que se debruça sobre um tema como a depressão, é o seu “sucesso social”,

bem como seu “sucesso clínico”.

A partir deste critério reiteramos o que foi colocado como nosso objetivo, e

estabelecemos um ponto metodológico fundamental: caminhamos em direção às

psicopatologias não como um fim em si mesmo, mas como meio através do qual

buscamos caracterizar a experiência do tempo acelerado na vida social contemporânea.

Em tempo, a investigação dos fenômenos psicopatológicos deve cumprir aqui, nos

marcos da Teoria Crítica, o papel de mediação entre o indivíduo e a sociedade,

contribuindo para um diagnóstico do tempo presente, de modo a empreender a

formulação de conceitos que possibilitem a expressão das contradições, bem como dos

sofrimentos, que permeiam a experiência deste tempo. Uma passagem de Rosa é

esclarecedora em relação ao propósito metodológico que orienta nossa investigação:

14

Quero aqui seguir a sugestão de Axel Honneth que a

identificação das patologias sociais seja o fim prioritário não

somente da teoria crítica, mas da filosofia social em geral. Ora,

segundo os teóricos críticos as chamadas patologias não devem

ser interpretadas como simples distorções funcionais ou

mecanismos disfuncionais da sociedade, que colocam em perigo

a reprodução (material e/ou simbólica), porque isto

comprometeria a possibilidade de qualquer ruptura

(revolucionária) e mudança na reprodução social [...] Ao

contrário, o ponto de partida dos teóricos críticos deve ser ao

meu ver o real sofrimento humano. Com isso, a base normativa

deve sempre estar solidamente ancorada na experiência concreta

dos atores sociais (ROSA, 2015a, p.56).

Diante da dificuldade de circunscrever fenômenos empíricos que nos forneçam

respaldo expressivo de nosso objeto, as psicopatologias contemporâneas, a pesquisa

será orientada por um recorte do problema a partir da constituição de um programa

composto por três frentes, quais sejam:

1. Questionário dirigido a pessoas diagnosticadas com um dos transtornos citados ou

que já os vivenciaram. Trata-se aqui de elaborar, a partir de questionários fechados,

alguns perfis e recorrências fenomênicas num dado grupo de pessoas que foram

acometidas por algum tipo de patologia que se enquadre, clinicamente, no hall das

desordens depressivas e ansiosas. Assinalamos que a entrega de questionários e o

contato com pessoas deverá ser realizado com a mediação de profissionais que atuam

em clínicas de saúde mental – psicólogos, psiquiatras e psicanalistas. De início, temos

como grupos-alvo basicamente dois segmentos sociais:

a) Jovens universitários. O que se justifica por algumas hipóteses em relação ao estilo

de vida, ao ethos que modela a vida universitária contemporaneamente, como:

inconstância de valores e frágil sentimento de pertença; uso abusivo de entorpecentes e

busca de maximização constante de prazeres; ansiedade em relação ao futuro

profissional e incertezas em relação ao próprio papel social; inserção de novas

tecnologias no cotidiano e seus impactos sobre as relações sociais etc.;

b) Trabalhadores dos setores público e privado. O que se justifica basicamente pelas

transformações, acima trabalhadas, na relação entre trabalho e vida, isto é, a

intensificação dos ritmos produtivos, acirramento da competitividade e aumento das

demandas pela aceleração dos processos comunicativos, e, sobretudo, pela

15

flexibilização do tempo de trabalho e seus impactos sobre a saúde mental dos

trabalhadores.

2. Entrevista com profissionais da saúde mental. Pretendemos aqui entrevistar, a partir

de guias semiestruturados, profissionais que atuam na área da saúde mental, como

psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, tendo em vista explorar suas experiências

profissionais com as psicopatologias contemporâneas, suas explicações específicas para

tais fenômenos e as mudanças na atividade clínica, de modo que possam revelar

mudanças nos próprios fenômenos. Naturalmente tais entrevistas terão como público-

alvo os profissionais que se dispuserem a cooperar com a primeira frente de nossa

investigação (item anterior).

3. Explorar a literatura de autoajuda e literatura de grande público em geral (best-

sellers) voltada às psicopatologias. Por fim, pretendemos abordar a literatura de

autoajuda, tendo em vista seu conteúdo grandemente voltado à cura das psicopatologias

contemporâneas, e seu sucesso editorial, o que exemplifica o próprio “sucesso social”

de tais psicopatologias. Essa frente tem por peculiaridade o fato de expressar uma

dimensão reflexiva de nosso objeto, uma vez que no tipo de conteúdo veiculado nesse

gênero literário podemos observar: tanto a tomada de posição dos profissionais da saúde

mental, que se voltam ao grande público para auxiliar pessoas que sofrem de uma das

patologias que nos interessam, quanto a tomada de posição dos próprios indivíduos, que

vivenciam tais patologias e, a partir de seus relatos, buscam auxiliar, aconselhar outros

indivíduos. Desta forma, buscaremos circunscrever obras que versem explicitamente

sobre depressão e ansiedade, tendo por base as subdivisões editoriais “desenvolvimento

profissional” e “desenvolvimento pessoal”.

Cronograma

Atividades 1º Sem. 2º Sem. 3º Sem. 4º Sem.

Aulas x x X x

Levantamento

bibliográfico; seleção,

leitura e fichamento do

material

x

x

X

Coleta de dados no

campo x

x

16

Redação final

x

Apresentação

x

Bibliografia

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