o saquá 173 - meio ambiente

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10 anos sem o líder Brizola PÁGINA 2 Ano XIV • nº 173 • 1 a 30 de junho de 2014 • Saquarema • Rio de Janeiro www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy EDIÇÃO ESPECIAL DE MEIO AMBIENTE Fortalecendo o Meio Ambiente U m município precisa de uma política de meio ambiente para atender à legislação vigente, através de um órgão de planejamento que também formule, coordene, execute, ava- lie e fiscalize ações ambientais desenvolvidas no município. O secretário municipal de Meio Ambiente, Gilmar Magalhães, é o responsável por essa gestão ambiental e, em entrevista ao jornal O Saquá, falou sobre os desafios de conduzir uma secre- taria que, além do licenciamento ambiental, promove medidas de preservação e pela defesa da qualidade de vida no município. Páginas 4 e 5 A produção do petróleo e gás na área do Pré-sal continua acelerada, devido a no- vos poços que vão sendo descobertos e a novas tecnologias. Assim, a Bacia de Santos está ampliando suas atividades no litoral paulista e fluminense, através de pesquisas, testes e novos empreendimentos. Uma audiência pública em Maricá reuniu representantes dos municípios da Região dos Lagos, para a apresentação do re- sultado do Estudo do Impacto Ambiental e do Relatório do Impacto Ambiental (EIA-RIMA) da Etapa 2 das Atividades de Produção e Escoamen- to de Petróleo e Gás Natural do Pólo Pré-sal da Bacia de Santos. Saquarema esteve presente com uma delegação de cerca de 18 pessoas, entre elas o ex-vereador Zequinha de Jaconé. Página 6 AVENTURA Atleta de SUP navega pelo litoral do país Página 8 A sustentabilidade pesqueira faz parte da conservação dos recursos naturais e é possível encontrar esse equilíbrio pro- movendo o apoio social à pesca artesanal. Em Saquarema, o vereador Matheus, presidente da Colônia de Pescadores Z-24, deu entrevista ao jornal O Saquá contando um pouco da história e da realidade da pesca da região. Afinal, a pesca artesanal é aliada à proteção ambiental e às po- líticas públicas que favorecem essa relação, esti- mulando a manutenção das condições de traba- lho dos pescadores, promovendo a preservação ambiental e as tradições locais. Página 3 A sustentabilidade dos campeonatos de surfe O Quiksilver Saquarema Prime foi um espetáculo so- bre as ondas que resultou na vitória do paulista Wi- ggolly Dantas, um brasileiro no pódio sempre muito disputado pelos estrangeiros. Esporte aliado ao meio ambiente e à sustentabilidade, os campeonatos de surfe que es- tão sendo realizados em Itaúna fortalecem as ações de educação ambiental em zonas costeiras, praias e oceanos. Página 7 O paulista Wiggolly Dantas foi o primeiro colocado e garantiu a boa performance dos surfistas brasileiros O resgate da Colônia de Pescadores Pré-sal avança em nossa direção EDIMILSON SOARES EDIMILSON SOARES DULCE TUPY DANIEL SMORIGO - ASP O secretário de Meio Ambiente de Saquarema, Gilmar Magalhães Matheus da Colônia de Pescadores

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Edição Especial sobre Meio Ambiente, publicada em junho de 2014, do jornal O SAQUÁ, de Saquarema, Rio de Janeiro.

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Page 1: O Saquá 173 - Meio Ambiente

10 anos sem o líder BrizolaPÁGINA 2

Ano XIV • nº 173 • 1 a 30 de junho de 2014 • Saquarema • Rio de Janeiro www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy

EDIÇÃO ESPECIAL DE MEIO AMBIENTE

Fortalecendo o Meio AmbienteUm município precisa

de uma política de meio ambiente para atender à legislação

vigente, através de um órgão de planejamento que também formule, coordene, execute, ava-lie e fiscalize ações ambientais desenvolvidas no município. O secretário municipal de Meio Ambiente, Gilmar Magalhães, é o responsável por essa gestão ambiental e, em entrevista ao jornal O Saquá, falou sobre os desafios de conduzir uma secre-taria que, além do licenciamento ambiental, promove medidas de preservação e pela defesa da qualidade de vida no município.

Páginas 4 e 5

A produção do petróleo e gás na área do Pré-sal continua acelerada, devido a no-vos poços que vão sendo descobertos e a

novas tecnologias. Assim, a Bacia de Santos está ampliando suas atividades no litoral paulista e fluminense, através de pesquisas, testes e novos empreendimentos. Uma audiência pública em Maricá reuniu representantes dos municípios da Região dos Lagos, para a apresentação do re-sultado do Estudo do Impacto Ambiental e do Relatório do Impacto Ambiental (EIA-RIMA) da Etapa 2 das Atividades de Produção e Escoamen-to de Petróleo e Gás Natural do Pólo Pré-sal da Bacia de Santos. Saquarema esteve presente com uma delegação de cerca de 18 pessoas, entre elas o ex-vereador Zequinha de Jaconé. Página 6

AVENTURA

Atleta de SUP navega pelo litoral do paísPágina 8

A sustentabilidade pesqueira faz parte da conservação dos recursos naturais e é possível encontrar esse equilíbrio pro-

movendo o apoio social à pesca artesanal. Em Saquarema, o vereador Matheus, presidente da Colônia de Pescadores Z-24, deu entrevista ao jornal O Saquá contando um pouco da história e da realidade da pesca da região. Afinal, a pesca artesanal é aliada à proteção ambiental e às po-líticas públicas que favorecem essa relação, esti-mulando a manutenção das condições de traba-lho dos pescadores, promovendo a preservação ambiental e as tradições locais. Página 3

A sustentabilidade dos campeonatos de surfe

O Quiksilver Saquarema Prime foi um espetáculo so-bre as ondas que resultou na vitória do paulista Wi-ggolly Dantas, um brasileiro no pódio sempre muito disputado pelos estrangeiros. Esporte aliado ao meio

ambiente e à sustentabilidade, os campeonatos de surfe que es-tão sendo realizados em Itaúna fortalecem as ações de educação ambiental em zonas costeiras, praias e oceanos. Página 7

O paulista Wiggolly Dantas foi o primeiro colocado e garantiu a boa performance dos surfistas brasileiros

O resgate da Colônia de Pescadores

Pré-sal avança em nossa direção

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O secretário de Meio Ambiente de Saquarema,

Gilmar Magalhães

Matheus da Colônia de

Pescadores

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A naturezaé a casa

que abriga onosso existir

Há 10 anos, o Brasil perdia uma liderança

histórica

Junho/20142 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ

Desalento com Brasil de hoje remete ao “Brizola na cabeça”Silênio Vignoli

Dia Mundial do Meio Ambiente celebrando a defesa da vidaDulce Tupy

O jornal de Saquarema

Av. Ministro Salgado Filho, 6661Barra Nova – Saquarema – RJ

Tel.: (22) 2651-7441(22) 9 9913 7441 (Vivo)

Fax.: (22) 2651-8337

Editora: Dulce Tupy – [email protected] adjunto: Silênio Vignoli Diretor comercial: Edimilson SoaresDiretora de arte: Lia Caldas / Subito Creative - www.subito.cr

Colaboradores autônomos: Alessandra Calazans (redação e revisão), Michele Maria (redação e revisão), Agnelo Quintela, Paulo Lulo e Pedro Stabile (fotografia)

Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro:18940/87/62)

O SAQUÁ

CNPJ: 04.272.558/0001-87 Insc. Munic.: 0883

[email protected]

twitter.com/osaquafacebook.com/osaqua

Gráfica: Editora Esquema Tiragem: 3.000 exemplaresCirculação: Saquarema e Região dos Lagos

As matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião do jornal.

www.tupycomunica.com

C O M U N I C A Ç Õ E S

O Dia Mundial do Meio Am-biente foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em dezembro de

1972, na abertura da Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano. A Conferência reuniu 113 países e 250 organizações não governamen-tais, em torno do tema da degra-dação do planeta. Nesta ocasião, criaram-se instrumentos de defesa da humanidade e do meio ambiente, documentos e um plano de ação. Foram discutidos a poluição do ar, do solo e da água, o desmatamento, a diminuição da biodiversidade e da água potável, a destruição da cama-da de ozônio e das espécies vegetais e florestas, a extinção de animais, en-tre outras temáticas.

C o m e m o r a d o anualmente no dia 5 de Junho, o Dia Mun-dial do Meio Ambiente celebra a preservação ambiental, destacan-do o lado humano das questões ambientais, capacitando pesso-as para se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável, promovendo mudanças de atitudes em relação ao uso dos recursos ambientais que são finitos, buscando parcerias para que a humanidade des-frute um futuro próspero e seguro para todos e todas. A partir de 1974, o Brasil iniciou um trabalho de preservação am-biental, através da Secretaria Especial do Meio Ambiente, e também passou a comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Em 2014, o foco do Dia Mundial do Meio Ambiente foi a mudança climática e o tema foi “Aumente sua voz, não o nível do mar”. Segundo especialistas da ONU, o nível dos mares aumentou de 10 a 25 cm nos últimos 100 anos,

devido ao aquecimento global que degela as camadas polares feitas de gelo. O aquecimento ocorre como con-sequência da emissão de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa, responsável por 85% do aumento da temperatura do planeta nos últimos 10 anos. No momento em que o Meio Ambiente se apresenta vulnerável diante de fenômenos como o aqueci-mento global, o aumento do nível do mar, as enchentes, os deslizamentos, a seca e furacões, é preciso refletir sobre a necessidade de ações que levem efetivamente à defesa da vida.

Neste sentido, o jornal O Saquá publi-ca pela primeira vez uma edição especial, voltada para o meio ambiente, com entre-vistas e reportagens que demonstram o

que vem sendo feito na área ambiental em Saquarema, na pesca, secretaria municipal de meio ambiente, na Mata Atlântica, no surfe, como busca de uma vida saudável, e ou-tras variações so-bre o mesmo tema.

Também publicamos o artigo do editor adjunto do jornal O Saquá, Silênio Vignoli, sobre o ex-governador Leonel Brizola, que criou o PDT (Partido Democrático Trabalhista), primeiro partido político no Brasil a contemplar em seu estatuto a defesa do meio ambiente como uma de suas prioridades, ao lado da defesa das mulheres, dos negros e portadores de deficiência. E mais: uma reportagem sobre a Audiência Pública promovida pela Petrobrás, em Maricá, sobre a Etapa 2 do Pré-sal. Assim, esperamos estar contribuindo com o debate sobre a questão ambiental, tão importante mas ainda encoberta pela carência de informação, cumprindo desta forma uma função social relevante para o município.

Ao registrarmos os 10 anos do Brasil sem Brizola, res-saltando seu legado polí-tico, não estamos apenas

tratando de memória, de história, mas destacando as ideias que este coerente líder defendia para impedir as manobras e casuísmos num país onde a classe dominante, defensora do neoliberalismo, bloqueia o direito da nação tornar-se soberana e so-cialmente justa. Nunca se saberá se a reação ao golpe civil-militar de 1964 proposta por Brizola, mas abortada com a desistência de João Goulart para lutar, poderia ou não ter dado outro rumo ao Brasil. Mas a lide-rança de Brizola cresceu e ganhou expressão suficiente para extrava-sar os limites do Rio Grande do Sul. Iniciada em 1962, quando se elegeu deputado federal pelo então Esta-do da Guanabara, essa trajetória ga-nhou dimensão, em 1982, com uma retumbante vitória para governador do Estado do Rio de Janeiro, quando adotou na cam-panha o contundente slogan “Brizola na cabeça”, com o duplo sentido de “na mente” e “no total de votos recebidos”.

No governo do Estado do Rio de Janeiro, mais uma vez Brizola adotou como prioridade a Educação, daí surgindo o consagrado projeto dos CIEPs, reconhecido mundialmente, elaborado pedagogicamente por Darcy Ribeiro e arquitetonicamente por Oscar Niemeyer, incluindo uma fábrica de pré-moldados que per-mitia a instalação de uma escola a cada 120 dias. Foi o primeiro passo para a consolidação do chamado

“Socialismo Moreno”, mostrando ao país que um outro Brasil é possível, mesmo lamentando que os governos posteriores tenham destruído esta maravilhosa obra porque prejudicava os cofres dos poderosos proprietá-rios da rede particular de ensino.

Um outro fato marcante, na pas-sagem de Brizola pelo poder no Es-tado do Rio de Janeiro, foi a criação de pagamento do 13º salário para o funcionalismo público estadual, pela primeira vez em todo o país. Nenhum funcionário público no Brasil, nem os federais, recebia o 13º salário. Foi uma pancada forte que, imediata-mente, a União, os demais Estados e os Municípios tiveram que adotar também, rebocados por Brizola que

passou a não ser mais deste ou da-quele Estado...

O golpe de 64 in-terrompeu a carreira pol í t ica de Brizo-la, mas não conse-guiu apagar a sua liderança reconhe-cida como a de um grande estadista,

inclusive fora do Brasil. Brizola re-presentava a esperança para o povo pobre e despossuído, que ainda tinha na lembrança o nome de Getúlio Var-gas e tudo mais que ele representou para os trabalhadores. Brizola era um político que não temia assumir suas ideias e enfrentar as forças que fos-sem, como fez até depois da abertura política, quando se tornou um pedra no sapato dos ex-ditadores e da eli-te golpista, cujo porta-voz era a TV Globo, na pessoa de seu proprietário Roberto Marinho, com quem manteve uma emblemática batalha, fazendo-o engolir um memorável direito de res-posta no telejornal de maior Ibope, o Jornal Nacional.

Page 3: O Saquá 173 - Meio Ambiente

Junho/2014 EDIÇÃO ESPECIAL • 3O SAQUÁ

Matheus, de presidente da Colônia de Pescadores a vereador de Saquarema

Ele nasceu e sempre viveu em Saquarema. Filho e neto de pesca-dores, tem filho e neto que pescam também.

Presidente da Colônia de Pesca Z-24, cumprindo seu primeiro mandato como vereador, Ma-theus é um líder nato, que mudou os rumos da Colônia, quando ela estava prestes a sucumbir, depois de ter perdido a sede, situada numa rua às margens da Lagoa de Saquarema, devido a uma causa trabalhista, que envolvia um dentista e outros funcioná-rios. Nesta ocasião, a imagem de São Pedro, cultuado como santo padroeiro dos pescadores, ficou um período na casa de Matheus, outro período em Itaúna, peram-bulando pra lá e cá.

Sem sede, a Colônia fun-cionou precariamente numa salinha nos fundos do Posto de Saúde, ao lado da Defesa Civil, vizinha à Capela Velório. Fun-cionou também em curto tempo num pequeno entreposto cons-truído na margem da Lagoa de Saquarema, mandado destruir pelo Ministério Público, por estar em lugar impróprio para construções. Junto com um grupo de pescadores, Matheus

então conseguiu com o gover-no do prefeito Antônio Peres, aliado do deputado Paulo Melo, a devolução da sede da Colô-nia onde estava funcionando uma boate, no prédio arrendado pelo proprietário do imóvel. Em 29 de junho de 2003, dia de São Pedro, Matheus e os pescadores receberam de volta as chaves da sede da Co-lônia. Foi mais uma luta que os pescadores de Saquarema tive-ram que vencer.

Fundada em 1936, a Colônia já tinha sofrido um grande embate, quando as Colô-nias de Saquarema e de Itaipu foram unificadas à Colônia de Pescadores de Maricá, ficando sem autonomia. Matheus, que quando menino estudou o pri-mário com a professora Quiqui, esposa do pescador e poeta José Bandeira, na sede da Colônia de Pescadores, não se conformou e acompanhou de perto esta situa-ção em que sua família e outros

pescadores locais lutaram para reconquistar a condição de Co-lônia de volta para Saquarema, um patrimônio do município.

“Mesmo pequeno, eu acom-panhei tudo, quando o Inácio pegou a Colônia e fez das 3 colô-

nias - Itaipú, Ma-ricá e Saquarema – uma colônia só! Ele destruiu nos-sa Colônia; nós viramos capata-zia; um escritório de Maricá. Mas eu tenho um li-vro que compro-va que Saquare-ma tinha Colônia desde 1936. Lá tem escrito os nomes do meu avô Matheus, meu pai Anolfo e

meu tio Ito. Nós somos uma fa-mília de pescadores, de tradição. Aí vieram o Adalto, o Claudir e o Biunga, para resgatar a Co-lônia de volta. Naquela época, tinha o Expresso Saquarema, de Totinha, que cedia o ônibus para a gente ir lá brigar pela nossa Colônia...” recorda Matheus.

Eleito presidente da Colônia de Pesca em 2001, Matheus se

dedicou aos pescadores, parti-cipando das audiências no Rio e em Brasília, aprendendo aos poucos sua função e consoli-dando sua liderança. Apesar de ter “pouco estudo”, como ele mesmo diz, considera que o mais importante é trabalhar “em cima do certo”. Com Matheus, os pescadores abraçaram a cau-sa da pesca. De 2001 a 2002, foi feita a Barra Franca, que não se tornou um canal navegável, mas garantiu que não tivesse mais mortandade de peixes na lagoa. Nesse mesmo período, os pes-cadores ganharam do governo municipal uma capelinha de São Pedro, instalada na Praça dos Pescadores, em frente à Padaria da Ponte e resgataram a Festa de São Pedro, fazendo bingos e com a bandeira do santo percorrendo as casas dos pescadores...

“Registrei a Colônia no Mi-nistério do Trabalho porque ela não era registrada e, em 2006, a gente conseguiu o defeso do camarão e da sardinha. Depois perdemos o defeso do camarão e da sardinha porque, no enten-dimento do Ministério da Pesca, o defeso é apenas para quem tem embarcação grande e em Saquarema a pesca é artesanal.

Mas continuamos trabalhando, com apoio do Paulo Drude, da EMATER-RJ. Fizemos um pro-jeto com a Petrobras, o PEISPA – Projeto de Integração Social da Pesca Artesanal de Saquare-ma. Foi uma parceria de 3 anos. Levantamos a Colônia, que esta-va toda destruída, com mais de 15 mil reais de luz cortada pela antiga CERJ, não tinha poste, estava quebrada, vazando água. E resgatamos também a festa de São Pedro, com a procissão de barcos pela lagoa”, continua Matheus, em sua sala na Colônia de Pescadores.

Atuando em parceria com os governos municipal, estadu-al e federal, Matheus é parte de um processo de ascensão dos pescadores no Estado do Rio de Janeiro, como em Iguaba Grande onde também o ex-presidente da Associação de Pescadores, o Leandro, foi eleito vereador. Em Paraty, o Vidal, que chegou à Superintendência da pesca do Estado do Rio de Janeiro, hoje sonha em ser prefeito. É a pesca se organizando, lutando agora também por uma melhor distri-buição dos royalties do petróleo, o ouro negro que brota no mar. Mas aí já são outros quinhentos...

Filho e neto, pai e avô de pescadores, Matheus da Colônia retomou a sede, trouxe o defeso e resgatou a tradicional

Festa de São Pedro

A sede da Colônia de Pescadores Z-24 hoje restaurada e preservada para os pescadores e suas famílias, onde se realizam as reuniões e assembleias, as festas de Natal e os preparativos

que antecedem a procissão dos barcos, nos festejos em homenagem a São Pedro

Os pescadoresabraçaram

a causa da pesca

FOTOS: EDIMILSON SOARES

Page 4: O Saquá 173 - Meio Ambiente

4 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ Junho/2014

Dr. Gilmar Magalhães, um ambiente inteiro para o secretário do meio ambienteEle é natural de Saqua-

rema, assim como seu pai e sua avó. Nasci-do em Rio de Areia, o engenheiro Gilmar

Magalhães é filho de um peque-no sitiante, Menaldo Carlos de Magalhães, hoje nome de uma escola no Asfalto Velho, que tra-balhou num posto de gasolina, o antigo Texaco, na rodovia, hoje Ipiranga, e depois num restau-rante como balconista, até mon-tar seu próprio negócio, venden-do tecidos, viajando o estado todo. Mas foi como motorista de caminhão, carregando pedra de São Pedro da Aldeia para Sa-quarema que ele se consolidou até entrar na política e ser eleito vice-prefeito junto com o prefei-to Valquides de Souza Lima.

Gilmar Magalhães, o popu-lar Gima, estudou no Colégio Oliveira Viana, em Bacaxá, no Alfredo Coutinho, em Saqua-rema, e no Colégio Araruama. Como queria fazer engenharia, foi estudar em Niterói, onde dividia apartamento com Joed-son, filho do ex-prefeito Jurandir Melo, então prefeito de Saquare-ma. Assim como o colega Joed-son, Gima passou para o curso de Engenharia da Veiga de Al-meida, completado em 5 anos, com muita luta. Quando se for-mou, voltou para Saquarema.

“Meu pai tinha uma fábri-

ca de laje e comecei a trabalhar com ele. A Padaria Bela Bel foi o meu primeiro projeto como engenheiro. Trabalhava como autônomo e depois com o pre-feito Carlos Campos da Silvei-ra, como secretário de obras, de 1989 a 92. Depois, perdemos a eleição e, da forma que eu entrei, saí, inclusive com o mesmo car-ro velho. Mas Paulo Melo já era deputado estadual. Havia uma vaga na Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável em Ararua-ma e o deputado me convidou para assumir um cargo de con-fiança na SERLA, Superinten-dência de Rios e Lagoas, que era o órgão ambiental do estado na gestão de recursos hídricos. Lá eu fiquei no governo de Marcelo Alencar e no governo Garotinho. Fui o único gerente de meio am-biente do estado que permaneci no cargo. Foram 6 anos de SER-LA e saí porque Peres ganhou a eleição e me convidou para ser secretário de Obras de Saquare-ma e eu voltei”, conta Gima em sua sala na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, nos anexo nos fundos da Prefeitura.

Formado no Curso de Enge-nharia Ambiental da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), um curso intensivo com 420 horas, Gima se qualificou também no curso de mestrado em meio am-

Planos de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica com perspectiva regionalOs planos irão beneficiar os 12 municípios da Bacia

Hidrográfica Lagos São João

No dia 27 de maio, Dia Nacional da Mata Atlântica, foram as-sinados 12 Termos

de Adesão para o lançamen-to e divulgação dos Planos de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, nos municípios integrantes do Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João. O secretário estadual de Meio Am-biente, Carlos Portinho, a supe-rintendente de Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Estado do Ambiente, Denise Rambal-di e o presidente da Associação

Estadual de Municípios do Rio de Janeiro (AEMERJ), Anderson Zanon, entre outras autorida-des, participaram do evento que aconteceu no Teatro Átila Soares da Costa, em São Pedro da Al-deia, reunindo prefeitos, secretá-rios de meio ambiente, vereado-res e ambientalistas.

Os planos são instrumentos de planejamento e gestão que promovem, junto aos municí-pios, diagnósticos e ações para a conservação e a recuperação da Mata Atlântica, da qual estima--se que restam apenas 5% da

Gima mostrando o recorte das microbacias hidrográficas de Saquarema

DULCE TUPY

A exuberância da Mata Atlântica na Serra do Roncador, em

Sampaio Corrêa

FLÁVIA LANARI

Page 5: O Saquá 173 - Meio Ambiente

Junho/2014 EDIÇÃO ESPECIAL • 5O SAQUÁ

Dr. Gilmar Magalhães, um ambiente inteiro para o secretário do meio ambiente

Planos de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica com perspectiva regional

biente. No governo Peres, ficou os 3 primeiros anos na secreta-ria de Obras, acumulando Meio Ambiente, até ser deslocado para a secretaria de Transportes e Serviços Públicos, onde ficou mais de 1 ano. Em 2004, foi para a Secretaria de Meio Ambiente, onde permanece até hoje.

Criada no governo do Dr. João, a secretaria de Meio Am-biente foi Diretoria de Meio Ambiente e não tinha estrutura nenhuma. Estrutura mesmo a secretaria do Meio Ambiente só conquistou com a autonomia municipal para licenciamen-to ambiental que só aconteceu depois da descentralização do licenciamento instituído pela Se-cretaria Estadual de Meio Am-biente, em 2008. Segundo Gima, com a descentralização, houve a obrigatoriedade das secretarias se capacitarem para poderem fa-zer o licenciamento, porque não é admissível licenciar uma ativi-dade sem corpo técnico capaz.

Hoje, a secretaria tem 3 bió-logos, um cedido ao município, o analista ambiental da antiga FEEMA Alexandre de Brito, 2 engenheiros e 2 guardas am-bientais; mas não tem químico, o que limita o licenciamento no município. Outro problema da secretaria é a falta de recursos.

“Meio Ambiente, como cos-tumo dizer, é uma das secreta-

rias de segundo escalão. O meio ambiente não desperta interesse como outras secretarias. As pes-soas são imediatistas; tem gente que diz que quer respirar o ar de hoje e não está preocupada com o que vai acontecer daqui a 500 anos. Quem trabalha com meio ambiente é visto como intransi-gente, radical, xiita. Mas as pes-soas que vêm para Saquarema só vêm para cá pela qualidade de vida, pelo que a natureza oferece. Neste ponto eu sou um radical, minhoca da terra”, desa-bafa Gima.

O Rio Bacaxá“O rio Bacaxá hoje é taxado

como o maior poluidor da nossa lagoa, ao ponto de se estabelecer uma Estação de Tratamento de Esgoto na sua foz. Mas eu nadei e pesquei ali. O rio Bacaxá co-meça em Rio de Areia, próximo aonde hoje é o lixão. Quando ele chega na Parada 70, recebe uma contribuição de um outro rio que vem do Retiro, passa por baixo da ponte, no bairro São Geraldo, ao lado da escola Pa-dre Manuel e vai para o Verde Vale. Na rodovia Amaral Pei-xoto, atrás do posto Psiu, tinha uma nascente onde é hoje um lava jato, no Posto Ipiranga. Mas hoje está tudo canalizado! Aque-le riacho vinha até o bairro São Geraldo, onde era o HBM, atual

posto Vértice. Por isso que alaga tudo ali, por conta da canaliza-ção do rio. A natureza tá aí; no que ela se excede, alaga”, explica o engenheiro.

“O rio Bacaxá passa pela Faetec, mas antes recebe outra contribuição, na Rua 9 Irmãos, na entrada da Barreira. Da Fae-tec recebe uma contribuição que vem do Centro de Bacaxá. Tam-bém tinha uma nascente que passa por baixo do mercado Ba-caxá, cruza a Francisco Fonseca, por baixo da antiga Utilidades Bacaxá, passa por trás do Posto da Polícia Militar, passa embai-xo da antiga Lojas Costa, passa na subida da rua Regociano de Oliveira, passa de novo próximo à casa de Dalton Borges, no Cal-çadão, cruza por onde a guar-da municipal tá instalada hoje, por baixo do restaurante Mac Bel e recebe uma contribuição da Vila Pereira, onde passa por baixo da casa de Zequinha, em seguida embaixo do posto Mu-bravi, onde tem uma galeria que eu obriguei a construir quando fui secretário de Obras e conti-nua, passando embaixo da Loja Maçônica, embaixo da loja de tintas, embaixo da marmoraria, atrás da Padaria Maroca’s, e vai para a Lagoa de Saquarema. On-tem à noite eu sonhei que esta-va no rio Bacaxá mergulhando; eu ia fugido de casa com meus

irmãos e meus amigos. Levava uma muda de roupa. Mergulha-va naquela ponte da Parada 70”, sonha acordado o secretário.

Sem verba para recuperar todo esse ecossistema, apesar do município receber ICMS Ver-de, o ICMS Ecológico, que hoje está na faixa de 1 milhão por ano, Gima se ressente. Mesmo com a criação da faixa de con-servação marginal obrigatória em todos os rios, mesmo com a criação de uma nova Unidade de Conservação, um Refúgio de Vida Silvestre, que incorpora uma área de 9 mil e 900 hectares, desde a Serra do Mato Grosso, em Sampaio Corrêa, até a Serra Castelhana, em Bacaxá, incluin-do as cordilheiras, planícies, la-goas e brejos – e que deve ren-der um aporte de verba de 1.200 milhão de reais, com o imposto verde - com tudo isso Gima fica inquieto quando pensa no que poderia fazer se houvesse mais empenho. O decreto de criação da nova Unidade de Conserva-ção, com uma área de cerca de 212 Maracanãs, foi assinado pela prefeita Franciane no ano pas-sado, mas os limites ainda estão sendo readequados, para não haver conflito no uso da terra.

“A natureza é a coisa mais perfeita que existe. É sábia! O que acontece é que o ser humano sem-pre busca ocupar as áreas que não

são próprias para ocupação, por serem mais fáceis de viver, por omissão do poder público, que são áreas de preservação perma-nente e as pessoas acham que não tem dono. Uma bacia hidrográfica é limitada por pontos altos, que são ladeadas de morros. Toda a água que cai na superfície da terra tem um escoamento natural, que não obrigatoriamente precisa ser um rio, e que tem características perenes, tem uma nascente, um fluxo de água e tem uma foz, que deságua em uma lagoa ou no mar. Então tudo o que cai em uma ba-cia, escoa. A calha funciona como um bolsão; armazena água, para no decorrer do fluxo escoar natu-ralmente, se infiltrando e depois voltando novamente. Porém, as pessoas ocupam esses territórios. Não estou criticando as pessoas porque tudo isto é resultado de um processo de crescimento de-mográfico. As pessoas não têm lugar para morar e ocupam os ter-renos, mas quando tem enchente põem a culpa no governo. Não que o governante não tenha culpa, mas a área não deveria ser habi-tada. Ou então para ser habitada teria que fazer primeiro o dimen-sionamento da calha do rio, para evitar enchentes. Estes impactos se dão por falta de organização, por culpa dos dois lados, quem ocupa e quem deixa ocupar”, diz o Dr. Gima.

vegetação original na região. Dados divulgados no Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado atra-vés de uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a ONG SOS Mata Atlântica, mostram que a Mata Atlântica perdeu 235 km² de vegetação entre 2012 e 2013, aumento de 9% em relação ao último período avaliado (2011-2012). A área equivale a quase 24 mil campos de futebol...

Os Planos de Conservação e Recuperação são previstos na Lei da Mata Atlântica e servirão como norteadores da política de conservação, integrando ações e projetos. Os planos visam iden-tificar, planejar e ordenar medi-das que buscam a conservação e recuperação da Mata Atlântica, promovendo a conectividade

das áreas já conservadas e em re-cuperação e propondo a criação de outras unidades de conserva-ção como forma de proteção de espécies endêmicas.

Hoje, os remanescentes de florestas, mangues e restingas na região ocupam apenas 18% dos territórios. Os planos trarão ainda outros benefícios, como a ampliação da arrecadação de ICMS Verde, o ICMS Ecológico, para os municípios e melhorias para o turismo e a economia lo-cal. Segundo a coordenadora de Meio Ambiente da AEMERJ, Ja-nete Abrahão, a primeira região do Estado do Rio de Janeiro con-templada com Planos Munici-pais foi o Noroeste Fluminense, onde foram elaborados 14 pla-nos municipais.

Na Bacia Hidrográfica Lagos São João serão beneficiados os

municípios de Maricá, Saquare-ma, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Rio Bonito, Silva Jardim e Casimiro de Abreu. Os planos serão feitos pela AEMERJ em parceria com a ONG ISER, que irá executar o plano, o Consórcio Intermunicipal Lagos São João, entidade delegatária do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João, e a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). Articula-dos com outros instrumentos de planejamento municipais, como os Planos Diretores e os Planos Municipais de Saneamento, eles privilegiam processos partici-pativos, de responsabilidades compartilhadas entre o poder público, usuários da bacia, em-presários e sociedade civil orga-nizada.

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Portinho, com representantes dos municípios e autoridades da região, na apresentação dos Planos Municipais da Mata Atlântica

ASCOM IGUABA GRANDE

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6 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ Junho/2014

Realizada Audiência Pública em Maricá sobre a Etapa 2 no Polo Pré-sal da Bacia de Santos

A produção e o esco-amento de petró-leo e gás natural da Etapa 2 no Polo Pré-sal da Bacia de

Santos foi o tema da Audiência Pública promovida pela Petro-bras no Esporte Clube Maricá, para um público de vários mu-nicípios da Região dos Lagos, entre eles Saquarema, que par-ticipou com uma delegação de cerca de 18 pessoas, entre elas o ex-vereador Zequinha de Ja-coné. A Audiência Pública para discussão do Licenciamento Ambiental da Etapa 2 foi para expor para a comunidade infor-mações sobre o projeto. A mesa foi composta por representantes do Ministério do Meio Ambien-te (MMA-IBAMA), por técnicos da consultoria ambiental Mi-neral Engenharia e Meio Am-biente responsável pelo Estudo do Impacto Ambiental e pelo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), além de diretores da Petrobras.

A Etapa 2 é um conjunto de projetos que possibilitará a produção e o escoamento de petróleo e gás natural na região conhecida como pré-sal, situada a partir de 200 quilômetros da costa e em profundidade de cer-ca de 2 mil metros. Nesta etapa estão incluídos 6 Testes de Lon-ga Duração (TLD) e um Sistema de Produção Antecipada (SPA), 13 sistemas de Desenvolvimento da Produção (DP) e 15 trechos de gasodutos marítimos.

Localizada numa extensa área do litoral brasileiro, com 800 quilômetros de extensão

e 200 quilômetros de largura, a região do pré-sal vai desde o Espírito Santo até Santa Catari-na, passando pelo Rio de Janei-ro, São Paulo e Paraná. A maior parte dos seus reservatórios no entanto estão na Bacia de Santos, a maior bacia sedimentar maríti-ma brasileira, bem nas costas do Rio de Janeiro e São Paulo.

Todos os Testes de Longa Duração (TLD) e o Sistema de Produção Antecipada (SPA) serão realizados por 2 navios--plataforma. O óleo será pe-riodicamente transferido para navios-aliviadores e transporta-dos para os terminais marítimos. O gás natural será separado do petróleo e usado na geração de energia para as plataformas.

Já os 13 sistemas de Desen-volvimento da Produção (DP) objetivam produzir petróleo e gás natural, com base nos da-dos obtidos pelos testes (TLD) e pelo sistema antecipado (SPA). Os DPs estão previstos para du-rar 25 anos, possibilitando um acréscimo à produção nacional de aproximadamente 742 mil barris de petróleo por dia e 36 milhões de metros cúbicos diá-rios de gás, cerca de 40% e 50% da produção atual de petróleo e gás, respectivamente.

Vários terminais terrestres estão previstos para receber o óleo da Etapa 2: um no Rio Grande do Sul, um em Santa Catarina, um em São Paulo, um na Bahia e dois no Rio de Janeiro (em Macaé e em Itaboraí). Para escoar o gás, serão instalados 15 gasodutos marítimos, com extensões que variam entre 4

Na mesa da Audiência Pública representantes da Petrobras, do IBAMA e da Mineral Engenharia respondem perguntas e esclarecem dúvidas do público.

Abaixo, o mapa das rotas 1, 2 e 3 dos gasodutos de gás

e 40 quilômetros e um maior com 120 quilômetros. A Rota 1 já transporta o gás produzido nas plataformas até a UTGCA, em Caraguatatuba-SP. A Rota 2 levará o gás até o Tecab, em Macaé-RJ, e a Rota 3 levará o gás até o Comperj, em Itaboraí--RJ. Os gasodutos Rota 2 e Rota 3 ainda serão licenciados e farão parte de outro processo.

Os municípios e baías con-siderados área de influência no Rio de Janeiro são: Cabo Frio, Araruama, Saquarema, Maricá, Niterói, Rio de Janeiro, Manga-ratiba, Angra dos Reis e Paraty, além das Baías da Guanabara, de Sepetiba e de Ilha Grande. Na Audiência Pública foram apre-

sentados os impactos nos meios físico, biótico e socioeconômico. Foram identificados 129 impac-tos, sendo 85 impactos efetivos (esperados) e 44 potenciais (in-certos).

No meio físico, os impactos se referem às alterações no fun-do marinho, na qualidade do ar e na contribuição para o efeito estufa. No meio biótico, have-rão modificações nas comuni-dades e espécies que vivem no fundo do mar, perturbação das tartarugas e dos mamíferos ma-rinhos (baleias e golfinhos). No meio socioeconômico, vai gerar expectativas, aumento na procu-ra de imóveis e na demanda de uso da infraestrutura aérea, ro-

doviária e portuária, interferên-cia na pesca e nas atividades de turismo e lazer, dinamização da economia local e fortalecimento da indústria naval e petrolífera.

Durante a Audiência Públi-ca, várias pessoas se manifesta-ram, fizeram perguntas, deram sugestões e aguardam agora o resultado que deverá ser divul-gado em breve pelos órgãos ofi-ciais. A Etapa 2, mesmo antes de entrar em operação efetivamen-te, já demonstra o caminho de enormes mudanças na região, para o bem e para o mal, onde grandes oportunidades irão con-viver com problemas que sem-pre acompanham a onda de de-senvolvimento fomentada pelo petróleo, o chamado ouro negro.

A área de influência da Etapa 2 em São Paulo e no Rio de Janeiro

abrange vários municípios

EDIMILSON SOARES

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Junho/2014 EDIÇÃO ESPECIAL • 7O SAQUÁ

Quiksilver Saquarema PrimeCampeonato com final brasileiraO paulista de Uba-

tuba Wiggolly Dantas, 24 anos, garantiu o lugar mais alto do pódio

no campeonato de surfe Quiksil-ver Saquarema Prime, deixando o havaiano Keanu Asing, em 2º lugar. Guigui, como Dantas é co-nhecido, levou 40 mil dólares de premiação e somou mais 6.500 pontos, que o deixaram na vice--liderança do ranking unificado da Associação Profissional de Surfe (ASP). O último brasileiro a vencer em Saquarema foi o ca-tarinense William Cardoso, em 2010. O evento aconteceu nas ondas do Maracanã do Surfe, como é carinhosamente chama-da a Praia de Itaúna.

“Condição difícil de mar” foi como alguns competidores classificaram as ondas, inclusive o vencedor, que no dia anterior disse estar feliz por ter chega-do até ali. A mudança climática assustou um pouco os atletas, mas vitorioso, Guigui, uma das três esperanças do Brasil para conquistar o título ASP World Prime, disse gentilmente que Saquarema é demais e propicia a tirar boas notas.

Campanha de saúde Durante o Quiksilver Sa-

quarema Prime a secretaria de Saúde desenvolveu diversas atividades, como a distribuição de 1.300 preservativos, além de material informativo sobre

Wiggolly Dantas substitui Raoni Monteiro no WCT de FijiRaoni se contundiu e Wiggolly já está

na illha de Tavarua

O grupo do LACES participando do campeonato Ao lado, o estudante de psicologia Marcelo Mourão

sensibilizando no mar criança especial

O campeão Wiggolly Dantas recebe a premiação e os aplausos da galera, tendo ao lado a vibração do secretário municipal de

Esportes, Lazer e Turismo, Amarildo Orelha

Depois de faturar o título do Quiksilver Saquarema Prime, o paulista Wiggolly

Dantas ganhou a chance de competir com os melhores sur-fistas do mundo em uma das melhores ondas do mundo, na paradisíaca ilha de Tavarua. Ele substituiu o contundido Raoni Monteiro na seleção brasileira no Fiji Pro, encarando os tubos de Cloudbreak e Restaurants.

Com a vitória no Quiksilver Saquarema Prime, na Praia de Itaúna, Wiggolly assumiu o 2º lugar no ASP Qualifying Series, liderado por Adriano de Sou-za. Nas Ilhas Fiji, o tricampeão mundial, o australiano, Mitch Crews, tirou do campeonato o brasileiro Wiggolly e também o catarinense Alejo Muniz. Esta é a 5ª das 11 etapas do Samsung Galaxy ASP World Cham-pionship Tour 2014.

doenças sexualmente transmis-síveis e hepatites virais. Mas o ponto alto deste trabalho foi a recepção feita por profissionais da saúde a crianças e jovens es-peciais da Associação Pestalozzi e do Laces (Lar das Crianças

Especiais de Saquarema). A ini-ciativa foi elogiada pelo cantor Gabriel Pensador, que comen-tou o trabalho realizado pelos técnicos da saúde, no show que realizou na areia da praia, agi-tando o campeonato.

DANIEL SMORIGO - ASP

DIV

ULG

ÃO

PM

SPA

ULO

LULOO envolvimento da co-

munidade escolar nas questões ambientais

é um grande projeto de cons-cientização e recentemente foi abraçado pelo Colégio Cene-cista Professor Alfredo Cou-tinho, em Saquarema, com a realização da 1ª Feira do Meio Ambiente, aberta ao público. Foram vários trabalhos intera-tivos desenvolvidos pelos alu-nos, desde a educação infantil até os que já estão no ensino médio, incluindo apresenta-ções artísticas. Assuntos como reciclagem, poluição, formas de vida, geração de energia e

até as transformações históri-cas e a cartografia de Saquare-ma fizeram parte da feira, que teve como tema “A linguagem do Meio Ambiente através da Alfabetização Cartográfica”. A diretora Claudia Ruas e sua

equipe mostraram total ali-nhamento à proposta da Rede CNEC de Ensino, que é “pro-mover a formação integral das pessoas, oferecendo educação de excelência com o compro-misso social”.

1ª Feira do Meio Ambiente CNEC

A interação dos alunos do Colégio Cenecista com o desenvolvimento

da exposição

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8 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ Junho/2014

Paulo Stueber: Quando navegar é preciso

O catarinense Paulo Stueber, 33 anos, tinha um sonho: navegar, percor-rendo e exploran-

do o litoral brasileiro. Porém, sem um veleiro, resolveu ir de Blumenau a Belém do Pará, um percurso de 5.423 km, em cima de um Stand Up Paddle, um pranchão em que a pessoa fica em pé e usa apenas um remo para se locomover. Partiu do rio Itajaí-Açu, em Blumenau, sua terra natal, no dia 19 de janeiro, até alcançar o mar em Itajaí, ain-da em Santa Catarina e depois as praias do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, onde chegou em 26 de abril, fim da primei-ra etapa de sua longa viagem. Deixando o Rio no dia 18 de maio, saiu da Barra da Tijuca e pernoitou em Ponta Negra, em seguida veio parar em Saqua-rema, onde ficou hospedado na Pousada Catavento, em Itaúna, depois de passar por grandes dificuldades no mar em ressaca que o impediu de entrar pelo ca-nal da Barra Franca.

Em Saquarema, o navegan-te Paulo aproveitou sua esta-dia para curtir o Campeonato de Surfe que estava rolando no “Maracanã do Surfe” e assistiu o show do Gabriel o Pensador. Re-mando 46 km em 7 horas, saiu de Saquarema num ritmo aluci-nante rumo a Arraial do Cabo, onde chegou no final da tarde, no dia 30 de maio, e de onde pretende continuar a segunda etapa da viagem que vai do Rio a Salvador. A previsão é chegar a Belém, o destino final de sua aventura, entre janeiro e março do ano que vem.

Mas nosso herói – que repete a saga do poeta Camões, quan-do dizia: navegar é preciso – não rema todos os dias; depende do tempo, do vento e da condição do mar. Desde que resolveu largar o trabalho num estaleiro de Itajaí como construtor naval, vender o carro para comprar o equipa-mento da viagem e revelar seu plano para a família, pais, esposa, filho e amigos, Paulo nunca pen-sou em desistir. Com noções de navegação, condições do clima e

do mar, arrisca tudo para viver esse momento, quando muitas vezes é obrigado a dormir em uma casinha de guarda-vidas, pernoitar ao relento ou em uma casa abandonada numa ilha, em

cima da prancha de Stand Up, na terra ou no mar... Contando ape-nas com um patrocinador, leva uma bagagem mínima, um só casaco, um saco de dormir e uma esperança. Quem sabe no futuro

escrever um livro. Sempre com a certeza de que fez a escolha certa. É possível acompanhar as fotos e comentários desse aventureiro pelo facebook através da página SUP Verde Mar.

A viagem de Paulo começou em Blumenau e vai até Belém do Pará

Paulo saindo da Praia de Itaúna para mais um trecho de sua aventura, de Saquarema até Arraial do Cabo, no Stand Up Paddle, em alto mar

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