o saquá 171

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Desfile cívico começou com o Cenecista PÁGINA 2 Ano XIV • nº 171 • 1 a 31 de maio de 2014 • Saquarema • Rio de Janeiro www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy O Barão de Saqua- rema é um dos personagens mais ilustres do mu- nicípio, mas continua sendo desconhecido. Sabe-se que do seu passado de glória, res- ta a lembrança de que foi o doador do prédio onde hoje está situada a Casa de Cultu- ra Walmir Ayala, onde fun- cionou a primeira Câmara Municipal e a primeira Pre- feitura. Barão de Saquarema é também nome de uma das principais ruas da cidade, no que restou do chamado cen- tro histórico da antiga Vila. Páginas 6 e 7 Barão de Saquarema, esse desconhecido O Barão de Saquarema, desenho publicado no livro Minha Terra Saquarema, do pesquisador e ex-vereador de Saquarema Darcy Bravo Na antiga sede, a Câmara ficava numa sala ao lado da Prefeitura O prédio histórico ficou pequeno para abrigar a Câmara e a Prefeitura Ozo e Juarez, pai e filho PAULO LULO SERGIO LEANDRO SOC PAULO LULO ACERVO DE HERIVELTO BRAVO PINHEIRO RUGENDAS ••• EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DA CIDADE ••• Criado em 8 de maio, município de Saquarema elegeu vereadores somente em outubro de 1841 A Lei que criou o município foi assinada em 8 de maio de 1841, po- rém a eleição dos vereado- res se deu em 3 de outubro e a posse em 3 de novembro, quando foi eleito o presi- dente Dr. Joaquim Mariano de Azevedo Soares, o verea- dor mais votado que passou a acumular as funções de prefeito. A festa da posse foi de gala, com bandeirinhas nas ruas. No mesmo prédio histórico, doado pelo Barão de Saquarema, a Câmara funcionou durante muitos anos junto com a Prefeitura, que se mudou para um novo prédio construído em frente. Hoje, a antiga Câmara é ocu- pada pela Casa da Cultura e Biblioteca Municipal. Página 3 Antenor de Oliveira, o primeiro animador cultural do município A rtista plástico, poeta, ator, cenógrafo, car- navalesco e vereador, Antenor de Oliveira foi um autêntico animador cul- tural de Saquarema. Em todas as atividades que exerceu de- monstrou o seu talento e o com- promisso com o povo, retratado em seus quadros e poemas. En- tre suas telas, as mais valiosas são suas marinhas com cenas de canoas, da praia e do mar, além dos pescadores que são um dos seus temas preferidos. Página 5 Oscar de Macedo Soares E le nasceu na fazenda Bon- sucesso, em Saquarema, que depois foi integrada a Araruama. Disputado pelos dois municípios, Oscar de Macedo Soares foi o político que trouxe para Saquarema a Casa de Ca- ridade, com maternidade e hos- pital, dirigida pela Madre Maria das Neves. Trouxe ainda a água encanada e a iluminação pública, através de lampiões. Página 9 Meio século do surfe em Saquarema será o foco do próximo filme de Rossini Maraca. Página 11 Futebol através do tempo e dos seus eternos craques Página 10 SURFE FUTEBOL ACERVO DE JOÃO EDUARDO, FILHO DE ANTENOR OLIVEIRA

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Edição especial de maio de 2014 do jornal O SAQUÁ, de Saquarema, Rio de Janeiro. O Jornal O Saquá é produzido mensalmente em Saquarema pela Tupy Comunicações, distribuído na Região dos Lagos e enviado para assinantes no Brasil inteiro.

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Page 1: O Saquá 171

Desfile cívicocomeçou como CenecistaPÁGINA 2

Ano XIV • nº 171 • 1 a 31 de maio de 2014 • Saquarema • Rio de Janeiro www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy

O Barão de Saqua-rema é um dos personagens mais ilustres do mu-

nicípio, mas continua sendo desconhecido. Sabe-se que do seu passado de glória, res-ta a lembrança de que foi o doador do prédio onde hoje está situada a Casa de Cultu-ra Walmir Ayala, onde fun-cionou a primeira Câmara Municipal e a primeira Pre-feitura. Barão de Saquarema é também nome de uma das principais ruas da cidade, no que restou do chamado cen-tro histórico da antiga Vila.

Páginas 6 e 7

Barão de Saquarema, esse desconhecido

O Barão de Saquarema, desenho publicado no livro Minha Terra Saquarema, do pesquisador e ex-vereador de Saquarema Darcy Bravo

Na antiga sede, a Câmara ficava numa sala ao lado da Prefeitura

O prédio histórico ficou pequeno para abrigar a Câmara e a Prefeitura

Ozo e Juarez, pai e filho

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PAULO LULO ACERVO DE HERIVELTO BRAVO PINHEIRO

RUGENDAS

••• EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DA CIDADE •••

Criado em 8 de maio, município de Saquarema elegeu vereadores somente em outubro de 1841

A Lei que criou o município foi assinada em 8 de maio de 1841, po-

rém a eleição dos vereado-res se deu em 3 de outubro e a posse em 3 de novembro, quando foi eleito o presi-dente Dr. Joaquim Mariano de Azevedo Soares, o verea-dor mais votado que passou a acumular as funções de

prefeito. A festa da posse foi de gala, com bandeirinhas nas ruas. No mesmo prédio histórico, doado pelo Barão de Saquarema, a Câmara funcionou durante muitos anos junto com a Prefeitura, que se mudou para um novo prédio construído em frente. Hoje, a antiga Câmara é ocu-pada pela Casa da Cultura e Biblioteca Municipal.

Página 3

Antenor de Oliveira, o primeiro animador cultural do município

Artista plástico, poeta, ator, cenógrafo, car-navalesco e vereador, Antenor de Oliveira

foi um autêntico animador cul-tural de Saquarema. Em todas as atividades que exerceu de-monstrou o seu talento e o com-

promisso com o povo, retratado em seus quadros e poemas. En-tre suas telas, as mais valiosas são suas marinhas com cenas de canoas, da praia e do mar, além dos pescadores que são um dos seus temas preferidos.

Página 5

Oscar de Macedo Soares

Ele nasceu na fazenda Bon-sucesso, em Saquarema, que depois foi integrada a

Araruama. Disputado pelos dois municípios, Oscar de Macedo Soares foi o político que trouxe

para Saquarema a Casa de Ca-ridade, com maternidade e hos-pital, dirigida pela Madre Maria das Neves. Trouxe ainda a água encanada e a iluminação pública, através de lampiões. Página 9

Meio século do surfe em Saquarema será o foco do próximo filme de Rossini

Maraca. Página 11

Futebol através do tempo e dos seus eternos craques

Página 10

SURFE

FUTEBOL

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“Outdoor”é tipo de

propagandapara “inglês ver”

Cenecista volta ao desfile que

criou, com novo uniforme

Maio/20142 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ

Comemoração do 8 de maio começou com o CenecistaSilênio Vignoli

Jornal impresso continua sendo a mídia com maior credibilidadeDulce Tupy

O jornal de Saquarema

Av. Ministro Salgado Filho, 6661Barra Nova – Saquarema – RJ

Tel.: (22) 2651-7441(22) 9 9913 7441 (Vivo)

Fax.: (22) 2651-8337

Editora: Dulce Tupy – [email protected] adjunto: Silênio Vignoli Diretor comercial: Edimilson SoaresDiretora de arte: Lia Caldas / Subito Creative - www.subito.cr

Colaboradores autônomos: Alessandra Calazans (redação e revisão), Michele Maria (redação e revisão), Agnelo Quintela, Paulo Lulo e Pedro Stabile (fotografia)

Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro:18940/87/62)

O SAQUÁ

CNPJ: 04.272.558/0001-87 Insc. Munic.: 0883

[email protected]

twitter.com/osaquafacebook.com/osaqua

Gráfica: Editora Esquema Tiragem: 3.000 exemplaresCirculação: Saquarema e Região dos Lagos

As matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião do jornal.

www.tupycomunica.com

C O M U N I C A Ç Õ E S

Desde que Gutenberg inven-tou a impressão, no século 15, houve uma revolução no mundo, a partir da multipli-

cação da informação. Gráfico alemão, inventou a prensa móvel por volta de 1439, o que permitiu a produção em massa de livros e jornais, abrindo um novo horizonte para o período moderno, a Renascença, a Reforma e a Revolução Científica e Industrial, lançando as bases para a disseminação da aprendizagem. Depois de Gutenberg, nunca mais o mundo foi o mesmo. Como também nunca mais o mundo foi o mesmo depois da informática, dos computa-dores, da internet, abrindo ainda mais a era do conhecimento. Porém, entre a descoberta de um e outro marco da civilização, há séculos de evolução, passan-do conhecimento de geração em geração, até os dias de hoje.

Desde a edição da primeira Bíblia de Gutenberg até os mo-dernos processos de comunicação atra-vés da interntet tudo mudou. Neste largo período histórico, surgiram novas mídias. O mundo viveu o surgimento do telégrafo, do telefone, da fotografia, do cinema, do rádio, do telex, da televisão, do fax, dos celulares, dos computadores. Mas todas as mídias continuam complementares e evoluti-vas! Assim, apesar das previsões em contrário, a pintura não acabou depois do advento da fotografia, como preco-nizavam alguns, o cinema não extinguiu o teatro, nem desapareceram os livros e jornais. Ao contrário, a cada nova mídia que surge, as mídias anteriores conti-nuam suas trajetórias específicas, cada uma a seu sabor, com seu destino...

O papel dos jornais é determinante na civilização moderna, desde o século

15. No final do século 20, alguns teóri-cos apressadamente imaginaram que, com o surgimento da internet os jornais impressos iriam acabar, o que não acon-teceu. Ao contrário, pesquisas recentes demonstram que os jornais impressos nunca foram tão lidos como atualmente, no século 21. Até as empresas jornalísti-cas que pararam de produzir jornais im-pressos – e passaram a publicar jornais apenas na internet – hoje estão revendo suas estratégias e muitas já anunciam o retorno às publicações impressas, aos jornais e revistas vendidos nas bancas de jornais, pontos tradicionais de difu-são de conhecimento.

Uma pesquisa feita pela Secretaria de Comunicação da Presidência da Re-pública, publicada há cerca de um mês

nos jornais O Globo e O Dia, revelou que os jornais impressos continuam sendo a mídia de maior cre-dibilidade no Brasil e no mundo, sendo assim insubstituíveis. De nada adianta ter um programa de TV ou uma propaganda

num “outdoor” (propaganda de rua), se o mesmo conteúdo não for impresso nos jornais, porque são os jornais que gozam de credibilidade junto ao público, informando, formando e transformando opiniões. Não é à toa que o slogan do Sistema S, da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) é justamente este: formar, informar e transformar! A opinião pública não se forma, nem informa, nem transforma, com placas de rua, que não foram feitos para formar, informar e transformar ninguém! São apenas lembretes – rápidos, instan-tâneos e passageiros – que não fixam conteúdos. É mídia de muita visibilidade e pouca eficácia. Coisa, como diziam antigamente, para “inglês ver”...

Na segunda metade da déca-da de 50, Darcy Bravo, pio-neiro no resgate da memória do município, recebeu meu

pai, na saudosa Padaria Natal, com uma pilha de papel sobre o balcão e a cobrança desafiadora: “Casimi-ro, Saquarema não comemora sua emancipação político-administrativa, ocorrida em 8 de maio de 1841, com festa, foguetório, solenidade, missa e desfile cívico-escolar. Eu estou falando com você, Casimiro, porque você e Dona Nair, sua esposa, são as pessoas talhadas para articular esses tipos de coisas.” Dito e feito! Casimiro empolgou-se, topou a ideia, arregaçou as mangas e foi logo viabilizando tudo rápida e simultaneamente.

E, assim, em 10 de julho de 1957, o salão do então Hotel Invicto, no Centro da cidade, ficou pequeno para a grande quantida-de de pessoas da comunidade que foi recepcionar a cara-vana comandada pelo inesquecível Felipe Thiago Gomes, fundador da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos, posteriormen-te, Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), e participar da as-sembleia de criação do Setor Municipal da referida entidade educacional, tendo à frente o casal Casimiro e Nair Vignoli responsável pelo encaminhamento da fundação do Ginásio Professor Alfredo Coutinho, mais tarde transformado em Colégio Cenecista Professor Alfredo Coutinho. Sobre a escolha do patrono que deu o nome do colégio, Casimiro Vignoli justificou: Trata-se de um sa-quaremense, nascido na localidade de Palmital, professor de português e autor de uma conceituada gramática que, por

30 anos, desde o início do século XX, foi adotada, praticamente, em todas as es-colas públicas e particulares do Brasil.

Ao mesmo tempo em agilizavam a construção da sede própria do colégio em terreno de 3 mil metros quadrados, doado pelo Dr. José Cláudio Bocaiuva Bulcão, Casimiro Vignoli e sua incan-sável esposa, Nair Vignoli, consegui-ram também viabilizar o projeto para a comemoração do 8 de maio, data da emancipação político-administrativa de Saquarema, com a realização em 1960, do primeiro desfile cívico-escolar pelas ruas do Centro da sede do mu-nicípio, puxado pelo então Ginásio Professor Alfredo Coutinho. A partir daí, Saquarema passou a ter o seu brasão, a sua bandeira e o seu hino.

Casimiro acionou um desenhista conhe-cedor dos princípios básicos que regem a heráldica que foram aprovados por re-solução da Câmara. Conhecedor de teo-ria musical, filho do maestro Francisco Vignoli, Casimiro es-

creveu as partituras para a execução do Hino do Município, com letra e música de José Bandeira.

Além do desfile, as comemorações foram só crescendo com o hastea-mento de bandeiras e canto de hinos, missa, sessão solene da Câmara de Vereadores, shows e queima de fogos. Interrompida nos últimos anos, a pre-sença do Colégio Cenecista Professor Alfredo Coutinho, no desfile cívico--escolar do 8 de maio, será retomada este ano pela gestão recém-iniciada da diretora Cláudia Ruas, quando os alunos vão estrear um novo uniforme, desfilando acompanhados pela banda de música do Colégio Cenecista Felipe Thiago Gomes.

Page 3: O Saquá 171

Maio/2014 EDIÇÃO ESPECIAL • 3O SAQUÁ

A instalação da Câmara Municipal em 1841foi comemorada com festa pela população

e marcou uma nova era em Saquarema

Todo mundo sabe e está até na letra do Hino de Saquarema que a emancipação polít ico-adminis-

trativa do município ocorreu em 8 de maio de 194l, a partir de um decreto do então pre-sidente da Província do Rio de Janeiro, Visconde de Bae-pendy. A Lei 238 criava uma vila no arraial denominado de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema, pertencendo então à Comarca de Cabo Frio. Porém a instalação efetiva da Câmara Municipal só ocorreu no dia 3 de outubro de 1841, no prédio construído e doa-do pelo Barão de Saquarema, quando se realizou a primeira eleição de vereadores, sob a presidência do juiz de paz. A posse festiva porém só se re-alizou no dia 3 de novembro, com a cidade em festa, ruas enfeitadas e bandeiras.

No Paço Municipal, os fa-zendeiros com suas comendas e condecorações, as irmanda-des com seus estandartes, a banda de música Sociedade Musical de Saquarema, sob a regência do maestro Francis-co Antonio da Silva Pimentel, o vigário Padre Joaquim da Costa e populares aclamaram os nomes do Imperador Pedro II e do Visconde de Baependy, do Barão de Saquarema e do Dr. Joaquim Mariano de Aze-vedo Soares, o vereador mais votado, que se tornou o pri-meiro presidente da Câmara e empossou os demais eleitos: Antonio Joaquim Torres Bra-

Ministério doMeio Ambiente

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) informa que tornou público no dia 21 de março de 2014, no Diário Oficial da União, Seção 3, Edição 55, que promoverá Audiência Pública para discussão do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, da Atividade de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no Polo Pré-sal da Bacia de Santos – Etapa 2, a ser desenvolvida pela empresa Petrobras, na seguinte data e local:Dia: 13/05/2014, às 18h, no Esporte Clube Maricá, Rua Álvares de Castro, nº 172, Centro, Maricá (RJ).O transporte é gratuito e mais informações poderão ser obtidas pelo telefone 0800 77 00 112, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

ga, Liando Antonio Ferreira, Joaquim José Marques Ma-dureira, Antonio Gonçalves Lima, Manoel José da Costa e Joaquim José de Souza. O Dr. Joaquim Soares, primei-ro presidente da Câmara, era médico, cavaleiro da Ordem de Cristo e oficial da Impe-rial Ordem da Rosa, da qual também fazia parte o Barão de Saquarema, o mais influente político local.

Porém, o jovem município – que incluía Araruama - só durou 18 anos, pois em 1859 a sede da Vila de Saquarema foi transferida para Mataruna, mexendo com os brios dos sa-quaremenses. O motivo eram as desordens havidas desde as eleições de 1844, protagoniza-das pelo Padre Ceia que, como subdelegado de policia, expe-dia portarias aos inspetores de quarteirão, autorizando-os a fazerem violentas buscas e prisões. Segundo os Anais do Senado da época, o temido padre mandava até matar, se julgasse necessário, em caso de resistência. Mas a anexa-ção a Araruama durou menos de um ano, até 1860, quando Saquarema retomou sua cate-goria, independente de Araru-ama que se uniu a São Vicente de Paulo, formando um novo município. Em 29 de janeiro de 1861, Saquarema comemo-rou então com uma grande festa o seu retorno à condição de Vila que duraria até 1890, já no período republicano, quando finalmente ganha o título de cidade.

Na antiga Câmara Municipal, havia falta de espaço até para as sessões solenes, quando o plenário ficava lotado de convidados, políticos e eleitores

Na tribuna, o então vereador Paulo Melo, ladeado pelo juiz

Leomil Pinheiro, pelo ex-vereador Victor da Farmácia,

prefeito Carlos Campos e vereador Derval Pinheiro

Relatório assinado pelo

então vereador Antenor

de Oliveira

ACERVO DE HERIVELTO BRAVO PINHEIRO

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Maio/20144 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ

Ao celebrar seu aniversário de

173 anos, a família Herr

Alemão saúda a família

saquaremense com um brinde

especial por sua trajetória e

por um futuro promissor. DISTRIBUIDOR DE BEBIDAS

A Lulemar presta homenagem ao município pelos seu 173° aniversário e

celebra a esperança que nasce no coração de cada um

de nós.

O dia 8 de Maio é o mais feliz porque se faz especial. Viver esse momento com Saquarema e participar de seu desenvolvimento é uma grande alegria para a Padaria da Ponte

G R U P O

BELA BEL

Felicitamos a cidade querida neste dia de alegria, quando um sonho se concretizou. Que 8 de Maio traga novos sonhos e que todos possam ser realizados. São os votos da Bodega do Catatau

Page 5: O Saquá 171

Maio/2014 EDIÇÃO ESPECIAL • 5O SAQUÁ

Antenor de Oliveira, um artista natoAntenor de Oliveira

acreditava que o artista já nasce fei-to. No caso dele, parece que sim.

Foi artista plástico, ator, dire-tor de teatro, dramaturgo, con-feccionava presépios de Natal, fazia a decoração de clubes no carnaval, fazia máscaras e carros alegóricos para os blocos – um autêntico carnavalesco – e escre-via muito bem, deixando inédito um livro de poesias. Quando foi vereador, Antenor fez a revisão do Regimento Interno da Câma-ra Municipal de Saquarema, que então se baseava num regimento comum a todas as Câmaras do antigo Estado do Rio. Assinado em 3 de julho de 1951, é um do-cumento raro que revela o gran-de conhecimento jurídico de Antenor de Oliveira, um artista nato e um autodidata.

Filho de Frutuoso Alcan-forado de Oliveira e Othyldes Ignácia Gomes de Oliveira, An-tenor de Oliveira nasceu em 11 de novembro de 1918 e faleceu em 6 de junho de 1990. Em seus 71 anos de existência, Antenor fez de tudo um pouco. Foi ven-dedor de doces, quando crian-ça, brincava vestido de palhaço nas ruas da cidade, no carnaval, quando também fazia máscaras de “papier marché”, com papel e cola de farinha; criou um teatro no salão de uma casa colonial no centro de Saquarema, pintou os murais da Igreja Matriz de Nos-sa Senhora de Nazareth, foi car-navalesco do rancho Tenentes e depois do bloco Reco-Reco, ver-melho e branco; foi ainda secre-tário do Saquarema Futebol Clu-be, fundador do Centro Espírita Apóstolos de São Francisco de Assis, hoje Casa Espírita de Sa-quarema Francisco de Assis, lei-loeiro das grandes festas de Na-zareth, secretário da Venerável Irmandade N. Sra. de Nazareth, decorador da Festa do Divino, orador na inauguração do busto de Macedo Soares, em 1963, na praça em frente ao antigo Con-vento das Irmãs, hoje Instituto Madre Maria das Neves, entre outras atividades.

Consagrado como pintor, embora também fosse escultor, ganhou inúmeros prêmios, en-tre eles a Moção Honrosa com o quadro “Obras do Padre An-chieta”, no 1º Salão Niteroiense de Pintura e Medalha de Ouro com “Igreja de Itaipu”, na gin-

cana promovida pelo Centro Ni-teroiense de Turismo e Medalha de Ouro com “O solitário”, da Prefeitura de Valença. Participou desde 1945 do Salão Nacional de Belas Artes, onde concorreu com o quadro “Recanto de Saquare-ma”. Foi aluno do pintor e pro-fessor José Maria de Almeida, tendo também se tornado mais tarde professor de desenho do Ginásio Professor Alfredo Couti-nho. Participou ainda de muitas Exposições Coletivas, inclusive na Associação Cristã de Moços, no Rio, em Rio Bonito e na pro-movida pela Prefeitura de Sa-quarema. Com mais de 800 qua-dros e várias esculturas, Antenor

de Oliveira – que se assinava A. Oliveira – tem obras espalhadas por vários estados do Brasil, dois quadros na Alemanha e um nos Estados Unidos.

Inúmeros talentos Presidente da Colônia de

Pesca, criou a primeira escola primária voltada para os pesca-dores e fez o “Regulamento dos Ganchos e Estacadas”, situados na embocadura do canal que liga a lagoa ao oceano, manti-do pelo então Departamento de Reservas Naturais da Secretaria de Agricultura, beneficiando famílias que vivem da pesca. E colaborou decisivamente com

o extinto Departamento de Tu-rismo de Saquarema, quando da disputa da “Copa das Cida-des”, na TV Tupi, no programa de Mauro Montalvão, quando o município sagrou-se campeão, numa disputa acirrada contra outras cidades do Rio de Janeiro.

Pai de 6 filhos – Maria José, Aluísio, Luiz Fernando, João Eduardo, Hélio e Ana – todos artistas, Antenor foi amigo do padre Manoel, de juízes que vi-nham trabalhar na cidade e re-cebeu visitantes ilustres, como o ator Grande Otelo e o pintor Pancetti, que dormiram no sofá de sua casa. Foi também um vi-sionário, quando montou a peça

“Deus lhe pague”, de Joracy Ca-margo, moderníssima na ocasião, hoje um clássico. Fã de Procópio Ferreira, que imitava num pro-grama de rádio que ele fazia em Rio Bonito, Antenor deixou um livro inédito de poesias chama-do “Pinceladas Poéticas”, além de uma série de peças infantis e um boneco fantoche, o “Bringue-la Cotó”, que a filha Maria José, herdeira de sua vocação teatral, mantém até hoje, confeccionado pelo irmão, também pintor e es-cultor, João Eduardo, para uma peça especialmente montada pela família no Teatro Municipal, para a comemoração dos 85 anos de Antenor de Oliveira.

Maria José, filha e herdeira da arte teatral de Antenor, com o fantoche “Bringuela Cotó”, criado por ele e confeccionado por seu irmão João Eduardo, também pintor e escultor como o pai

Capa do Regimento Interno da Câmara Municipal de Saquarema revisado pelo então vereador Antenor de Oliveira

O premiado artista plástico Antenor de Oliveira

O Pescador, uma das telas premiada de Antenor de Oliveira

Uma das célebres marinhas de

Antenor de Oliveira, do acervo da família

Casa de Antenor de Oliveira

Page 6: O Saquá 171

Maio/20146 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ

173 anos de emancipação político-administrativa em 8 de Maio, eis nosso compromisso com o município, honrar esta data histórica e comemorar sua trajetória sempre rumo ao progresso, destacando a bravura de nossos antecessores por tantas conquistas.

Presidente da Câmara de Saquarema, vereador Paulo Renato

Tenente-coronel da Guarda Nacional, o Barão de Saquarema foi o inventor do municípioDulce Tupy

José Pereira dos Santos, o Barão de Saquarema, nasceu em Rio Bonito, na Provincia do Rio de Janeiro, em data desconhecida e faleceu em Niteroi, em 1874. Fazendeiro abastado, era tenen-te-coronel da Guarda Nacional

e comendador da Imperial Ordem da Rosa. Naquela época, os membros da Guarda Nacional eram recrutados en-tre os cidadãos “eleitores” e seus filhos, o que significava ter uma renda anual superior a 100 mil réis. Os membros da Guarda Nacional, constituída por repre-sentantes das elites políticas locais, não exerciam atividade militar, mas faziam parte da reserva.

Já a nobreza era formada pelos mem-bros da família imperial e pelos detento-res dos títulos nobiliárquicos, concedidos durante o Reino Unido de Portugal, Bra-sil e Algarves (1815-1822) ou durante o Império do Brasil (1822-1889). Somente os nobres podiam exercer altos cargos no Brasil Império, serem oficiais do exérci-to e da marinha. Com o advento do ciclo do café, os grandes fazendeiros passa-ram a obter títulos, na maioria de barão, tornando-se conhecidos como “barões do café”. O Barão de Saquarema, próspero fazendeiro, era muito influente na corte e foi determinante no processo de emanci-pação do município de Saquarema.

Em 8 de maio de 1841, a freguesia de Saquarema - título conquistado em 1755 - foi elevada à categoria de Vila, graças à intervenção dos fazendeiros “barões do

café”, liderado pelo Barão de Saquarer-ma e pelo Barão de Itaboraí. Mas devido à fraca situação econômica do município e à briga política dos chamados “saqua-remas”, do Partido Conservador, contra os “luzias”, do Partido Liberal, a sede do município foi transferida para Mataruna, atual Araruama, durante um curto perío-do, a partir de 1859. Porém, a grita geral dos “barões do café” e o agito da popu-lação local fizeram com que Saquarema recuperasse sua autonomia em 1860, re-tornando à condição de Vila em 1861.

A Imperial Ordem da RosaEm 1869, Saquarema possuía 4 en-

genhos de açúcar, sendo 3 deles mo-vidos a vapor, pertencentes ao Barão de Saquarema. A cultura do café que chegou ao Brasil em 1727, trazido da Guiana Francesa pelo sargento Palhe-ta, se espalhou rapidamente pelo Pará, passando pelo Maranhão e Bahia, até chegar ao Rio de Janeiro. A rique-za gerada pelo café – e pelo açúcar – aguçava o contraste entre a opulência das fazendas e as tristes condições de

vida nas senzalas cheias de escravos. As plantações de café cobriam vales e montanhas e não raro havia relatos de maus tratos contra os negros. Em Sa-quarema, também houve rebeliões de escravos, como na Fazenda Ipitangas. Porém, segundo o pesquisador saqua-remense Darcy Bravo, autor do livro “Minha Terra, Saquarema”, o Barão de Saquarema foi um “humanista”, um pré-abolicionista, pois ao morrer legou a seus escravos todos os seus bens, as plantações, a criação, tudo!

Na litografia de Rugendas, o desmatamento da mata atlântica abre espaço para atividades agrícolas, especialmente café

J

Page 7: O Saquá 171

EDIÇÃO ESPECIAL • 7O SAQUÁMaio/2014

Que a alegria que esta data representa seja a força capaz de mover o ideal de prosperidade e novas conquistas, sempre sob as bênçãos de Deus e de Nossa Senhora de Nazareth.Parabéns a Saquarema!

Vereador Matheus da Colônia

Em 8 de Maio de 1841, Saquarema

conquistou sua emancipação político-

administrativa. São 173 anos de

celebração à nossa amada cidade e de

inúmeras vitórias e conquistas.

Viva Saquarema, viva sua gente, viva 8

de Maio. Vereadora Adriana de Vander

Tenente-coronel da Guarda Nacional, o Barão de Saquarema foi o inventor do municípioOs “saquaremas”

e os “luzias”

Em 1842, uma revolta apoiada pelos membros do Partido Li-

beral teve apoio das Guardas Na-cionais em várias vilas, mas perdeu a célebre batalha de Santa Luzia, em Minas Gerais, no confronto com o Exército, comandado pelo então Barão de Caxias, futuro Duque de Caxias, do Partido Consevador, fiel ao imperador D. Pedro II. Na ori-gem, os apelidos “luzias” (liberais) e “saquaremas” (conservadores) tinham caráter pejorativo.

Os adeptos do Partido Con-servador apelidaram os liberais de “santa-luzias” ou simplesmen-te “luzias”, para acentuar a derro-ta em Minas Gerais, e os “luzias” por sua vez passaram a chamar os conservadores de “saquaremas”, em alusão a um grupo de fazen-deiros que reagiram aos desman-dos de um padre e subdelegado de polícia de Saquarema, o Padre Céa (José de Cêa e Almeida), um liberal. O termo “saquarema”, que surgiu para achincalhar o grupo político que apoiava o Imperador, acabou sendo adotado pelos próprios con-servadores que alcançaram fama nacional, chegando a lançar jornais em Pernambuco e São Paulo com o nome “O Saquarema”.

O Barão de Saquarema atuou tam-bém na Guerra do Paraguai. No dia 2 de abril de 1867, o então tenente-coronel José Pereira dos Santos, Barão de Sa-quarema, constituiu junto com outros cidadãos – um fazendeiro, um lavra-dor, um padre e o presidente da Câma-ra Municipal, Dr. José Ferreira da Silva – uma comissão para promover o alis-tamento dos chamados “Voluntários da Pátria” e recolher donativos. Mais de 50 voluntários se apresentaram, nesta campanha em Saquarema, onde alguns cidadãos se destacaram pela ajuda fi-nanceira, entre eles o comerciante José Mariano de Oliveira, pai do poeta Al-berto de Oliveira, e o médico Dr. Luiz Januário, hoje nome de uma das prin-cipais ruas da cidade. Nesta época, o Barão de Saquarema também exercia o cargo de 1º substituto do juiz municipal e delegado de polícia.

Principal benfeitor do município, para o qual doou o prédio da Câmara Municipal que até hoje existe e onde funciona atualmente a Casa de Cultura Walmir Ayala e a biblioteca José Ban-deira, o Barão de Saquarema é um per-sonagem histórico ímpar na vida da cidade e mereceria uma pesquisa pro-funda sobre sua vida e obra. Uma vida coroada pela Imperial Ordem da Rosa, uma medalha criada por D. Pedro I, inspirada nas rosas que ornavam um vestido da Imperatriz Dona Amélia, desenhada pelo famoso viajante fran-cês Jean Baptista Debret e destinada a militares e civis, nacionais e estrangei-ros, fiéis ao Império.

Acima, o brasão do Barão de Saquarema

Ao lado, engenho de açúcar “portátil” em gravura de Debret, retratando cena do trabalho escravo típico da época

Primeira Câmara Municipal e Prefeitura, onde hoje se localiza a Casa de Cultura Walmir Ayala e a Biblioteca Municipal José Bandeira

PAULO LULO

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Maio/20148 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ

Colégio CenecistaProfessor Alfredo Coutinho,

HÁ 57 ANOS,CONSTRUINDO O FUTURO!

Parabéns, Saquarema!

Homenagem a Alberto de OliveiraA Prefeitura Municipal de Sa-

quarema, através da Secretaria Municipal de Educação e Cul-tura, promoveu no dia 29 de

abril um evento em homenagem ao poeta Alberto de Oliveira. Realizada na Casa de Cultura Walmir Ayala, a cerimônia reu-niu poetas, artistas, estudantes e diretores de escolas do município, além de políticos como o presidente da Câmara Municipal, Paulo Renato, os vereadores Matheus da Colônia, Rodrigo Borges e o vereador, ad-vogado e poeta Chico Peres, coautor do livro “Alberto de Oliveira, poeta de Sa-quarema”, lançado em 2008, em coautoria com a professora Lina Barcellos. Presen-tes também o poeta, trovador e jornalista João Costa, o artista plástico Nelsinho, a animadora cultural e artista plástica Tel-ma Cavalcanti, presidenta do Círculo Ar-tístico e Cultural de Saquarema (CACS) e o ex-vereador Vitor de Oliveira.

Também participaram do evento, a pre-sidenta da Academia de Letras Rio-Cidade Maravilhosa, a advogada e poeta Beatriz Dutra, autora de vários livros de poesia e colunista do jornal O Saquá e a jornalista Dulce Tupy, diretora da Tupy Comunica-ções, editora que lançou a Coleção Memó-ria da Cidade, cujo primeiro volume foi o livro sobre Alberto de Oliveria e o segundo

O sarau em homenagem ao poeta Alberto de Oliveira reuniu intelectuais e artistas, gestores culturais, professores e alunos

foi “Raízes de Minha Terra”, do pesquisa-dor Herivelto Bravo Pinheiro. Na abertura do evento, a diretora da Casa da Cultura Neusa Oliveira e a subsecretária de cultura Sandra Santana falaram da importância de homenagear o poeta de Saquarema.

Foi uma homenagem festiva, com de-clamação de poemas e algum discurso. Em sua fala, Chico Peres informou que acabara de aprovar na sessão da Câmara Municipal um projeto de lei que institui o Mês Alberto de Oliveira, em abril, anual-

mente. Alunos, professores e diretores de várias escolas municipais se apresentaram interpretando poemas do grande autor parnasiano, que pela perfeição de suas métricas e rimas chegou a ser eleito como “Príncipe dos Poetas”. Sendo um dos fun-dadores da Academia Brasileira de Letras, junto com Machado de Assis, Alberto de Oliveira nasceu no Palmital onde viveu sua infância e fez os primeiros estudos em Saquarema; passou a juventude em Rio Bonito e morou em Niterói.

O vereador Chico Peres aprovou na Câmara o “Mês Alberto de Oliveira”

O aluno se inspirou no poeta para se vestir e ganhou muitos aplausos

FOTOS: EDIMILSON SOARES

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Maio/2014 EDIÇÃO ESPECIAL • 9O SAQUÁ

A família Macedo Soares

Oscar de Macedo Soares, o benemérito

B enemérito é todo aquele que produz um benefício ou vários benéficos para alguém ou

um lugar. É o caso do ilustre advogado, jornalista, parla-mentar e secretário de Estado nascido na fazenda de Bonsu-cesso, em Saquarema, a 15 de setembro de 1863 e falecido no Rio de Janeiro a 3 de agosto de 1911. Filho do conselheiro Antônio Joaquim de Macedo Soares, ministro do Supremo Tribunal Federal, formou-se em 1866 pela Faculdade de Direito de São Paulo, tendo dirigido a Revista Acadêmica e sido redator do Correio Pau-listano, como corresponden-te de São Paulo para jornais cariocas e niteroienses, entre eles O Fluminense.

Filho do juiz de direito Antonio Joaquim de Macedo Soares, Oscar de Macedo So-ares, cujo busto em bronze se encontra na praça que leva seu nome, conhecida como “Pra-ça do Artesanato”, no centro de Saquarema, foi promotor e curador de órfãos na cidade de Itu, em São Paulo, secretário de Governo, em Alagoas e no Cea-rá, antes de se estabelecer como advogado no Rio de Janeiro. Aderindo à República, elegeu--se deputado pelo Estado do Rio à Assembleia Nacional Constituinte de 1891, período em que dirige o diário O Rio de Janeiro. Em 1897, renunciou ao terceiro mandato para assu-mir a Chefia de Polícia. Após a cisão do Partido Republicano Fluminense, fica desgostoso e abandona a política.

Surge aí a grande figura do provedor. Em 1902, Oscar de Macedo Soares funda a Casa de Caridade de Saquarema, com hospital e maternidade, trazen-do para cá Madre Maria das Neves. No Rio de Janeiro, tam-bém tornou--se provedor do Hospício (nome que se dava na épo-ca ao Hospi-tal) de Nos-sa Senhora da Saúde, no bairro da Gamboa, re-formado e ampliado em 1909. Dedicou seus últimos anos a essas obras de benemerência e ao Clube Brasileiro Comercial do Rio de Janeiro, que presidiu a partir de 1897. Através dessa entidade promoveu em 1907 uma série de conferências, vi-sando à expansão do parque industrial do Estado do Rio, com grande sucesso.

Foi Oscar de Macedo So-ares quem trouxe para Sa-

São muitos os membros da família Ma-cedo Soares e em Saquarema temos o sobrinho bisneto de Dr. Oscar Macedo Soares, Elmar de Macedo Soares, um

dos filhos do segundo casamento de Argemiro Ribeiro de Macedo Soares. Conhecido como Catatau, o dono da Budega du Catatau é tam-bém um benfeitor, ajudando vários artistas e grupos de teatro e cinema, como a Casa do Nós. Meio irmão do pesquisador e jornalista Emma-noel de Macedo Soares, que mora em Niterói, filho caçula do primeiro casamento de Argemiro Ribeiro de Macedo Soares, Catatau deu para o fotógrafo Edimilson Soares uma cópia do livro “Meu Canhenho (Notas Autobiográficas)”, uma espécie de caderno de anotações de seu pai

com a história da família e seus descendentes. Publicado em 1965, o livreto foi o fio da meada para tecermos a árvore genealogia dos Macedo Soares, uma família que dominou desde mea-dos do século 19 e até o início do século 20, a aristocracia fluminense, com suas enormes fazendas, a maioria oriunda da sesmaria de Cabo Frio, em Maricá, Saquarema e Araruama. Segundo Emmanoel de Macedo Soares, autor de vários livros e membro de diversas Acade-mias de Letras, naquela época as divisas entre Maricá, Saquarema e Araruama, e até mesmo Rio Bonito, se confundiam e os nascidos num município anos depois constavam como tendo nascido em outro, a maioria integrante da anti-ga sesmaria de Cabo Frio. É o caso de Oscar de Macedo Soares que embora nascido em Bonsucesso, em Saquarema, às vezes aparece como tendo nascido em Araruama. Mas na ver-dade sempre foi um autêntico saquaremense.

Elmar, o Catatau, empresário em Saquarema

Emmanoel de Macedo Soares, o pesquisador

Casimiro Vignoli, que idealizou e pagou a escultura em bronze, discursa na solenidade de inauguração do busto de Oscar de Macedo Soares, na praça no centro da cidade, em 22 de setembro de 1963, na cerimônia que reuniu o ex-prefeito Gentil Mendonça, de óculos, o representante da família do homenageado, de terno branco, o presidente da Assembleia Legislativa do antigo Estado do Rio de Janeiro, Raul de Oliveira Rodrigues e os alunos do GEOMS (Grupo Escolar Oscar de Macedo Soares)

quarema iluminação pública, colocando em postes de ferro artísticos lampiões e sanea-mento básico, trazendo água encanada para o centro da ci-

dade. Foi o e m i n e n t e jurista quem doou ainda o terreno para edi-ficação do T e l é g r a f o em Saquare-ma, um dos m e l h o r e s prédios do centro, num dos pontos mais apra-zíveis da

Vila, à beira da lagoa. Durante anos, a Colônia de Pescadores manteve uma escola, chamada Oscar de Macedo Soares, hoje nome de um Colégio Estadual, na Avenida Saquarema. Casa-do com sua prima Ambrozina de Azevedo de Macedo Soa-res, Oscar de Macedo Soares é patrono de uma cadeira na Academia de Comércio do Rio de Janeiro e também na Aca-demia Niteroiense de Letras.

FOTO

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Tela de Martinha Vignoli retratando a Praça Oscar

de Macedo Soares

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Maio/201410 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ

Saudades do futebol do passadoGilson Gomes

O futebol saquaremense – de tantas glórias – vem se arrastando com poucas competições, deixando os torcedores mais antigos

com saudades do Campeonato Estadual de Seleções, Campeonato Municipal, dis-putado por clubes afiliados a FERJ (Fe-deração de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), Copa Região dos Lagos e Cam-peonato Campeões dos Campeões. Den-tre os grandes times da antiga, destacam--se o Santa Luzia, de Sampaio Correa, que por várias vezes foi campeão municipal e contava com grande número de torcedo-res em sua maioria funcionários da Usina de Açúcar, uma das potências econômi-cas do município na época.

A equipe do Sampaio Correa tinha uma bela diretoria – Lucio Couto, Ari Fonseca, Chiquinho Batista – tendo como patrono Durval Cruz, cujo estádio leva seu nome, além de craques locais e ou-tros vindos de São Gonçalo e Niterói: Jorginho, Roló, Elias, Jorge Luiz, Ddode, Delmir, Dico, Arthur, João Carlos, Ga-briel, Carrete, Pelezinho, Didi, Chicão, Canidé e Cleber, que deram muitos títu-los ao tricolor de Saquarema. Lembrando também de 2 torcedores folclóricos: Mati-nada e Dona Ana.

Já o Saquarema, várias vezes campeão municipal e campeão estadual de profis-sionais, teve 3 diretorias que marcaram o clube pelo trabalho realizado nas gestões de Dozinho, Itener de Oliveira e Segis-fredo Bravo. Entre os atletas destacamos: Washington (um mito), Gica, Humberto Glória, Ivan, Méco, Romeu, Nildinho, Sabará, Orlando Capecci e os mais recen-tes Helinho, Dil, João Eduardo, Ludemar e Zé Carlinho, além dos técnicos Zé de Nini, Hélio Bravo, o zelador Nônito (um

baluarte do clube) e Delarolle, que veio de Maricá e foi o primeiro atleta de fora do município a vestir a camisa auriverde.

Outros clubes também brilharam no município, como o América. Situado no bairro de Bonsucesso, jogava no estádio Izaías Amorim e teve grandes momentos, dirigido por Seu Zaínho, Julio Amorim, Godinho, Narcísio Amorim, Guilherme e Rogélio, sob a direção técnica de Carlos Roberto Ferreira e depois Gilcílio Macha-do. O alvirrubro brilhou com um elenco destacado por Pedro Gago, Ademir Amo-rim, Renato, Banha, Coronel, Sérgio Fubá, Guimalir e Ademir.

Também deixou saudades o Bacaxá que teve Carlí, Hamilton, Cindinho, Colo-retti, Tição, Wilson Bravo, Jorge Cutruco, Joacir, Josué e o eterno presidente Tancre-do Moreira. No Barreira, a situação não era diferente, com dirigentes badalados como Ademário e Elcy Mendonça, e cra-ques com Ide, Pingo, Cabral, Adelmo, Ro-bertinho, Adélio, Anselmo e outros. Em destaque, os 3 atletas que rodaram vários

clubes: Espirro, Vavá e Boquinha; e os clubes menos conhecidos, mas que dei-xaram lembranças, como o Santa Cruz, do Rio Seco, com seu polêmico presiden-te, Sebastião Reis, além do diretor Luiz Mello e os atletas Manoel Português e Lucio Walter; o Corinthians, do Palmital,

com os craques históricos: Ari, Caubi e Darli, além do torcedor fanático Lazinho e o grande diretor Docha.

Santa Cruz, Corinthians e os 3 melho-res presidentes da liga saquaremense de desportos, Edilson Costa, Áureo Vignoli e Carlos Roberto Ferreira.

A fachado do Saquarema Futebol Clube, potência do município, criado em 1920

Noel Adelmo

João Eduardo de Oliveira

Aluísio de Antenor

Luis Bagunça

Seu Helio BravoVavá de Totô

FOTOS: PAULO LULO

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EDIÇÃO ESPECIAL • 11O SAQUÁMaio/2014

Nas ondas do MaracaÍcone do surfe filma a história dos 50 anos do esporte em Saquarema

Dulce Tupy e Alessandra Calazans

O apelido Maraca veio do amigo Tito Rosemberg, que do nome Rossini Ma-ranhão, pegou Maranhão e começou a chama-lo de

“Maraca”, antes mesmo do estádio Má-rio Filho ser chamado de Maracanã e depois simplesmente “Maraca”. Mas o fato é que, por causa dos dois “Maracas”, a Praia de Itaúna também passou a se chamar “Maracanã do surfe”. O surfista Maraca, um dos pioneiros do esporte, foi um dos primeiros brasileiros a surfar as ondas gigantes do Havaí. Foi também um pioneiro na produção do surfe pro-fissional, promovendo campeonatos his-tóricos em Saquarema. Agora, fazendo 50 anos de surfe, está na hora de contar sua história, ou seja a história do surfe desde que pisou pela primeira vez nas areias de Itaúna, rumo às ondas que têm fama de serem as mais perfeitas do mundo.

Maraca conta que era final de verão, água do mar azul, e o Armando Serra chegou ao Rio contando que tinha vindo pescar em Saquarema e visto boas ondas. Maraca, Tito Rosemberg e outras feras que já surfavam no Arpoador tomaram a iniciativa de conhecer o lugar. A casa de Patrícia Sampaio abrigou a galera em Saquarema, onde começaram a pegar onda na Barrinha. Desde então não dei-xaram mais de vir para Saquá. “Hoje me considero saquaremense e carioca, apesar de ter nascido em Belém do Pará”, con-fessa Maraca. “Meu coração é 50 % sa-quaremense, porque quando eu cheguei aqui e vi a onda maravilhosa eu gostei e não consigo morar em outro lugar, por-que aqui tem onda boa, eu trabalho no dia em que não tem onda boa e, pego onda no dia que tem onda boa, em água quente de preferên-cia, que água ge-lada nem pensar”, explica ele, uma verdadeira lenda do surfe nacional.

Vivenciando o ponto alto de sua carreira, Ma-raca fala sobre o filme “Nas ondas do surfe”, que estreou em 1978, com excelente re-percussão, lançado em rede nacional, com produção do Bru-ni e do próprio Maraca. Na mesma épo-

ca, Maraca torna-se apresentador de um programa na TV Bandeirantes, chamado “Surfe no Set”, o primeiro na televisão sobre surfe, transmitido aos sábados, com audiência estimada em 400 mil te-lespectadores, o que era então extraor-

dinário... Logo depois, veio o programa “Realce”, na Rede Record, seguido pelo “Vibração”, e mais tarde o pro-grama “Mapa da Saúde”. Na Rede Globo, Maraca tra-balhou também na área comercial, lan-çando jingles e cam-panhas, e na novela Top Model, em 1980, onde representava a si mesmo, atuando ao lado de Nuno Leal Maia, Zezé Polessa, Adriana Esteves e Evandro Mesquita, entre outros globais.

Entre os grandes eventos, fez a Copa CCE, com 80 mil pessoas, e o evento da

Rádio Fluminense, com 30 mil pesso-as, em Saquarema. Fez também o lan-çamento do Red Bull no Brasil. Trouxe o campeonato longboard internacional para Saquarema e fez o resgate do surfe, quando os grandes campeonatos estavam impedidos de se realizar por aqui, devido a irregularidades junto à FESERJ (Federa-ção de Surf do Estado do Rio de Janeiro). Maraca trabalhou ainda para a vinda do mundial, o WCT, para Itaúna e promo-veu, em 2011, a exposição da história do surfe em Saquarema na Pousada Espuma da Praia, durante o mundial WQS.

Cenas inéditasAtualmente, o nosso surfista está en-

volvido com o lançamento de seu novo filme, que conta os 50 anos da história do surfe, com cenas inéditas das ondas de Itaúna, das ondas gigantes da Manitiba e de campeonatos memoráveis. Com parti-cipação da cantora saquaremense Érica, na trilha sonora, e produção de Luiz Ignácio, o filme resgata cenas totalmente inéditas.

“É uma memória fantástica! Foram feitas imagens de 2 anos de ondas im-pecáveis em Saquarema, com toda sua majestade: Itaúna gigante, a Barrinha

perfeita, a Vila melhor que o Havaí, com filmagens aéreas, filmagens aquáticas, a Laje de Manitiba, com 8 pés com 18, de dentro do tubo, puxada pelo “tow in”, incluindo depoimentos de Evandro Mes-quita, André de Biase, Mark Occhilupo, todos os pioneiros do surfe e os locais”, fala Maraca. “São grandes histórias; é a expressão máxima do surfe”, garante ele, afirmando que nenhum programa de sur-fe chegou tão perto desta realidade. Na fase final da edição do filme, Maraca ain-da deseja pôr em prática outros projetos como o Campeonato Mundial de Surfe de Surdos e Mudos e o Museu do Surfe.

E como atleta master, aos 64 anos, em recente entrevista para o programa Zona de Impacto, do canal Sport TV, junto ao campeão Lucas Silveira, de 17 anos, Ma-raca mostrou que ainda manda bem nas ondas. O programa promoveu o encontro de duas gerações de grandes surfistas, nas ondas perfeitas de Itaúna. Maraca resume: “foi um momento grato no Maracanã do Surfe”. Ao contar a história dos 50 anos do surfe, Maraca revela como o esporte tornou-se marca registrada do município, nacional e internacionalmente. “É a gran-de referência esportiva da cidade”.

Toca Seabra e Maraca, o primeiro filme sobre surfe feito no Brasil

Pioneiro do surfe, Rossini Maraca resgata a trajetória do surfe

DULCE TUPY

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Maio/201412 • EDIÇÃO ESPECIAL O SAQUÁ

ÁGUAS DE JUTURNAÍBA TEM O ORGULHO

DE FAZER PARTE DA CONSTRUÇÃO

DE UMA NOVA HISTÓRIA PARA A CIDADE,

LEVANDO ÁGUA DE QUALIDADE E OFERECENDO

MAIS SAÚDE PARA A POPULAÇÃO.

Uma homenagem da Águas de Juturnaíba

aos 173 anos de Saquarema.

www.grupoaguasdobrasil.com.br