o romantismo em outras manifestações artísticas

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O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICAS

O Romantismo uma tendncia que se manifesta nas artes e na literatura do final do sculo XVIII at o fim do sculo XIX. Caracteriza-se por defender a liberdade de criao e privilegiar a emoo.

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICAS

Liberdade, paixo e emooO romantismo foi mais que um programa de ao de um grupo de poetas, romancistas, filsofos ou msicos. Tratou-se de um vasto movimento onde se abrigaram o conservadorismo e o desejo literrio, a inovao formal e a repetio de frmulas consagradas, o namoro como o poder e a revolta radical [...]. Liberdade, paixo e emoo constituem um trip sobre o qual se assenta boa parte do romantismo.CITELLI, Adilson. O Romantismo. So Paulo: tica, 1986, p. 9

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICAS

O Romantismo foi um movimento artstico e intelectual ocorrido na Europa, na literatura e filosofia, que se estendeu, aproximadamente, de 1800 a 1850, para alcanar depois as artes plsticas. A arquitetura e a escultura romnticas se caracterizaram por sua linguagem nostlgica e pela pouca originalidade.

O Romantismo surgiu na Europa numa poca em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia.

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O Romantismo em Portugal

O Romantismo em Portugal apresenta em sua evoluo dois momentos significativos. O primeiro deles representa o esforo de se firmar como movimento literrio apoiado na cultura popular, no nacionalismo, na busca das origens medievais do pas, enquanto o segundo constitui um momento de maturidade e de transio para o Realismo.

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICASOBRAS MAIS IMPORTANTES DE GARRETT:A PRIMEIRA GERAO do Romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais autores so Almeida Garrett (introdutor do Romantismo em Portugal) Alexandre Herculano, Antnio Feliciano de Castilho. Na poesia: Cames, publicada em Paris, em 1825.

Na prosa de fico: Arco de Santana (1845-1850) Viagens ma minha terra (1846)No teatro: Cato (1822) Mrope (1841) Um auto de Gil Vicente (1842) Frei Luis de Souza (1844), considerada obra-prima.

Ver filme: O nufrago, de Robert Zemeckis. O drama moral vivido por D.Joo e Madalena, em Frei Luis de Souza, ressurge no cinema do sculo XX. O protagonista, representado pelo ator Tom Hanks, sofre um acidente de avio no mar e se salva, vivendo solitariamente numa ilha durante quatro anos. A ser resgatado e voltar para casa, encontra sua esposa casada com outro homem, tendo com o novo marido uma filha. A sada, no caso do filme, a mulher continuar com a nova famlia que formara.

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Romantismo: encontro da vida e da artePara o artista romntico, a arte no deve ser imitao, mas expresso direta da emoo, da intuio, da inspirao e da espontaneidade vividas por ele na hora da criao. Por isso, sua obra, a seu ver, no pode ser retocada aps a concepo, sob risco de comprometer a autenticidade e a qualidade do trabalho.

A SEGUNDA GERAO Ultra-romntica, de 1840 a 1860, tem com principais autores, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.

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O Romantismo no Brasil

O Romantismo surge no Brasil poucos anos depois de nossa independncia poltica (1822). Por isso, as primeiras obras literrias e os primeiros artistas romnticos se mostram empenhados em definir um perfil da cultura brasileira, no qual o nacionalismo torna-se trao essencial.

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As geraes do Romantismo BrasileiroTradicionalmente so apontadas trs geraes de escritores romnticos. Essa diviso, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os romancistas no se enquadram muito bem nessa diviso, uma vez que suas obras podem apresentar traos de mais de uma gerao.

PRIMEIRA GERAO: Nacionalista, indianista e religiosa. Nela se destacam Gonalves Dias e Gonalves de Magalhes.SEGUNDA GERAO: Marcada pelo mal do sculo, apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atrao pela morte. Seus principais representantes so lvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire. TERCEIRA GERAO: Formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho poltico e social. A maior expresso desse grupo Castro Alves.

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICAS O chalaa: Na histria, na literatura e na tevChalaa o apelido do Conselheiro Francisco Gomes, secretrio particular de D. Pedro I e personagem principal de O Chalaa, de Jos Roberto Torero, obra que, unindo pesquisa historiogrfica e fico, retrata com perspiccia os bastidores do imprio. O seriado O quinto dos Infernos, levado ao ar em 2002 pela Rede Globo, com texto de Carlos Lombardi, aproveita parte das informaes reunidas na obra de Jos Roberto Torero para reconstruir a vida da corte no Brasil. Na poca, o seriado foi muito criticado, tanto no Brasil quanto em Portugal, em razo do modo como foram retratadas algumas figuras histricas, como D.Joo VI e Carlota Joaquina.

Ver vdeo com a abertura do seriado: O Quinto dos Infernos. Disponvel em:

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O Romantismo nas Belas Artes

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As primeiras manifestaes romnticas na pintura ocorreram quando Francisco Goya passou a pintar depois de comear a perder a audio.Um quadro de temtica neoclssica apresenta uma srie de emoes para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado.

Francisco de Goya, 1819-1823 leo sobre reboco transladado a tela 146 cm x 83 cm Museu do Prado (Madrid)

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICASO tema so os revolucionrios de 1830 guiados pelo esprito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da Frana).

O francs Eugne Delacroix considerado um pintor romntico por excelncia. Sua tela, A Liberdade guiando o povo, rene o vigor e o ideal romnticos em uma obra que estrutura-se em um turbilho de formas.A Liberdade guiando o povo, Eugne Delacroix.

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A busca pelo extico, pelo inspito e pelo selvagem formaria outra caracterstica fundamental do Romantismo. Exaltavam-se as sensaes extremas, os parasos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto.

Naufrgio de Willian Turner.

Ver vdeo-clip: Joseph Mallord William Turner. Disponvel em:

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O Romantismo na literaturaSurge na literatura quando os escritores trocam o mecenato aristocrtico pelo editor, precisando assim cativar um pblico leitor.

Esse pblico estar entre os pequenos burgueses, que no estavam ligados aos valores literrios clssicos e, por isso, apreciariam mais a emoo do que a sutileza.La Lectrice ("A leitora"), leo de Jean-Honor Fragonard, 17701772.

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Tendo o liberalismo como referncia ideolgica, o Romantismo renega as formas rgidas da literatura, como versos de mtrica exata. O romance se torna o gnero narrativo preferencial, em oposio a epopia. a superao da Potica, to valorizada pelos clssicos. Os aspectos fundamentais da temtica romntica so o historicismo e o individualismo. O historicismo est representado nas obras de Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo (Frana), Almeida Garrett (Portugal), Jos de Alencar (Brasil), entre tantos outros. So resgates histricos apaixonados e saudosos.

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A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo (Mal-do-Sculo). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de Ultra-Romnticos. Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e lvares de Azevedo beberam do Sturm und Drang alemo, perpetuando as fontes sentimentais.

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICASVersos Inscritos numa Taa Feita de um CrnioLord Byron Traduo de Castro Alves

No, no te assustes: no fugiu o meu esprito V em mim um crnio, o nico que existe Do qual, muito ao contrrio de uma fronte viva, Tudo aquilo que flui jamais triste. Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri; Que renuncie e terra aos ossos meus Enche! No podes injuriar-me; tem o verme Lbios mais repugnantes do que os teus olhos. Onde outrora brilhou, talvez, minha razo, Para ajudar os outros brilhe agora e; Substituto haver mais nobre que o vinho Se o nosso crebro j se perdeu? Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus J tiverdes partido, uma outra gente Possa te redimir da terra que abraar-te, E festeje com o morto e a prpria rima tente. E por que no? Se as fontes geram tal tristeza Atravs da existncia -curto dia-, Redimidas dos vermes e da argila Ao menos possam ter alguma serventia.

Lord Byron Poeta, revolucionrio, baro

EXERCCIOS: 1. O poema aborda o tema vida/morte. Que elemento representa a morte? 2. De acordo com a viso expressa no texto, por que o autor faz uma abordagem do tema com sarcasmo e humor negro? Justifique sua resposta.

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICASAlfred de Musset encarnou a figura do poeta bomio e romntico do sculo XIX. Sua obra, fortemente influenciada por Vitor Hugo, solidificou os conceitos do romantismo na Frana e ecoou no Brasil atravs de lvares de Azevedo.

A mulher como a tua sombra: se corres atrs dela, ela correr tua frente, se corres frente dela, ela vem atrs de ti. Nada to bom como o amor, nem to verdadeiro como o sofrimento. ...o homem um aprendiz, a dor a sua mestra, / E ningum se conhece enquanto no sofreu.

Alfred de Musset

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SONETO 3Os quinze anos de uma alma transparente, O cabelo castanho, a face pura, Uns olhos onde pinta-se a candura De um corao que dorme, inda inocente... Um seio que estremece de repente Do mimoso vestido na brancura... A linda mo na mgica cintura... E uma voz que inebria docemente... Um sorrir to anglico, to santo... E nos olhos azuis cheios de vida Lnguido vu de involuntrio pranto...

Manuel Antnio lvares de Azevedo

esse o talism, essa a Armida, O condo de meus ltimos encantos, A viso de minhalma distrada!

foi um escritor da segunda gerao romntica (Ultra-Romntica, Byroniana ou Mal-do-sculo),contista,dramaturgo, poeta e ensasta brasileiro. Morreu de tuberculose aos 21 anos.

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O Romantismo na msicaAs primeiras evidncias do Romantismo na msica aparecem com Beethoven. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma msica com temtica profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano tambm, entre as quais possvel citar a Sonata Pattica.

Ludwig van Beethoven

Ouvir msica: Sonata Pattica, de Beethoven. Disponvel em:

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Outros compositores comoFrdric Chopin

Franz Liszt

Piotr Tchaikovsky

Felix Mendelssohn

levaram ainda mais adiante o ideal romntico de Beethoven, deixando o rigor formal do Classicismo para escreverem msicas mais de acordo com suas emoes.

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Na pera, os compositores mais notveis:VERDI utilizou-se de contedo pico ou patritico: Nabucco I Vespri Sicilianni I Lombardi nella Prima Crociata. WAGNER enfocou histrias mitolgicas germnicas, caso da Tetralogia do Anel dos Nibelungos e outras peras como Tristo e Isolda e O Holands Voador, ou sagas medievais como Tannhuser, Lohengrin e Parsifal.Assista ao trailer: pera Tristo e Isolda, de Wagner Disponvel em:

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Se Eu Morresse Amanh!lvares de Azevedo

Mais exerccios!

Se eu morresse amanh, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irm; Minha me de saudades morreria

BA!O texto apresenta caractersticas da segunda gerao romntica, exceto a) o subjetivismo, a tristeza e o mal-do-sculo. b) a inadaptao realidade da vida, o desejo de fuga. c) a necessidade de expresso dos prprios sentimentos e emoes. d) a valorizao das glrias do presente, a crena no futuro e o otimismo exacerbado.

Se eu morresse amanh!Quanta glria pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manh! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanh! ..................... Mas essa dor da vida que devora A nsia de glria, o dolorido af... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanh!

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICAS

Se Eu Morresse Amanh!lvares de Azevedo

Mais exerccios!

Se eu morresse amanh, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irm; Minha me de saudades morreria

BA!O texto apresenta caractersticas da segunda gerao romntica, exceto a) o subjetivismo, a tristeza e o mal-do-sculo. b) a inadaptao realidade da vida, o desejo de fuga. c) a necessidade de expresso dos prprios sentimentos e emoes. d) a valorizao das glrias do presente, a crena no futuro e o otimismo exacerbado.

Se eu morresse amanh!Quanta glria pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manh! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanh! ..................... Mas essa dor da vida que devora A nsia de glria, o dolorido af... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanh!

O ROMANTISMO EM OUTRAS MANIFESTAES ARTSTICAS

Para dar uma pausa...O homem faz, reiteradamente, balanos de sua existncia. Seja num dia comum, seja por meio de ritos que marcam o limiar de um ano, de uma poca, de um perodo da vida. Fato que se questiona, consciente ou inconscientemente, acerca de suas experincias. As manifestaes artsticas traduzem tais momentos, representam tais situaes das mais diferentes formas. A literatura, nesse sentido, atravs dos textos selecionados para esta aula, ofereceu opes de reflexo significativas.(Fragmentos retirados da prova vestibular Pucrs/2005)